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CURSO ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO P/ POLÍCIA FEDERAL

PROFESSOR: LEANDRO CADENAS


AULA 7

REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DA UNIÃO

Ao conjunto de regras que disciplinam determinado instituto dá-se o nome de


regime jurídico. Assim, são estabelecidas normas para a nomeação,
aposentadoria, estabilidade, acumulação de cargos, enfim, seus deveres,
direitos e demais aspectos da vida funcional do servidor público.
Nesse contexto, essas normas podem ser estabelecidas por lei ou por contrato.
No primeiro caso, o regime será legal, e estabelecido por meio do Estatuto dos
Servidores Públicos. No último, será contratual, com as regras dadas pela
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT, Decreto-lei nº 5.452/1943 e Lei nº
9.962/20001).
É justamente aí que se insere o referido Estatuto: trata-se da lei que
estabelece a inter-relação dos servidores públicos com a Administração,
especificando todos os detalhes dessa convivência profissional.
A Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, é que dispõe sobre o regime
jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações
públicas federais.
E é essa lei que vai nos interessar neste estudo, voltado fundamentalmente
para concursos federais.
Assim, se você pretende fazer concursos estaduais ou municipais, fique atento
às regras locais.

1 AGENTES PÚBLICOS

O gênero agentes públicos abrange todas as pessoas que, de uma forma ou


de outra, mesmo que transitoriamente e sem remuneração, prestam algum
tipo de serviço ao Estado.
Entre os agentes, encontram-se três espécies principais, quais sejam, os
agentes políticos, os agentes em delegação e os servidores públicos.
Assim, agentes políticos são os que compõem os altos escalões do Governo,
como Presidente da República, Governador, Prefeito, Senador, Deputado,
Vereador e Magistrado, com características, prerrogativas e privilégios
próprios, em geral estabelecidos pela Constituição Federal.
Já os agentes em delegação são aqueles particulares que recebem do Estado
a competência para executar determinada atividade pública, ou prestação de

1
Na ADI 2.135 (julgamento em 02/08/2007, DJ 14/08/2007) o STF suspendeu, cautelarmente e
com efeito ex nunc, a alteração do caput do art. 39, CF/88, retornando sua redação original,
onde se exige a existência de um Regime Jurídico Único (RJU) dos Servidores Públicos. Assim, a
partir dessa decisão, tornou-se inaplicável a Lei nº 9.962/2000.

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serviço público ou, ainda, construção de obra pública. Citem-se os leiloeiros,
peritos, tradutores, concessionários, permissionários e autorizatários.
Servidores públicos, em sentido amplo, são todos os que prestam serviços
ao Estado, incluindo a Administração Pública Indireta, tendo vínculo
empregatício e pagos pelos cofres públicos. São também chamados de agentes
administrativos. Nessa classificação estão tanto os servidores estatutários,
sujeitos ao regime legal, quanto os empregados públicos, do regime
contratual, além dos temporários, nos termos do art. 37, IX, da CF/88.
Os servidores estatutários, também chamados de funcionários públicos
(como na CF/67), são os titulares de cargos públicos e estão sujeitos ao
regime legal, ou estatutário, pois é lei de cada ente da federação (União,
Estados-membros, Distrito Federal e Municípios) que estabelece as regras de
relacionamento entre os servidores e a Administração Pública.
Tais regras podem ser alteradas unilateralmente, mas com respeito aos
direitos já adquiridos. Esse regime é destinado, preferencialmente, às funções
públicas que exigem do agente poderes próprios de Estado (art. 247, CF/88),
conferindo-lhe prerrogativas especiais, como a estabilidade. No plano federal,
o estatuto dos Servidores Civis da União, Autarquias e Fundações Públicas é
esta Lei nº 8.112/90, com alterações posteriores determinadas especialmente
pela Lei nº 9.527/972.
Empregados públicos são aqueles contratados, seguindo o regime
trabalhista, próprio da iniciativa privada.
Assim, devem obedecer a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT e Lei nº
9.962/20003), bem como as regras impostas pela CF/88, como acesso
mediante concurso público (art. 37, II, CF/88), limitações de remuneração
(art. 37, XI, CF/88) e acumulação remunerada de cargos e empregos
públicos (art. 37, XVI e XVII, CF/88).
Por sua vez, os empregados das empresas públicas ou sociedades de economia
mista, ainda que exploradoras de atividade econômica (art. 173, CF/88),
equiparam-se a servidores públicos em diversos aspectos, como limites à
acumulação (art. 37, XVII, CF/88), teto remuneratório (art. 37, § 9º, CF/88) e
à regra do concurso público, conforme revela antiga decisão do STF4:
CARGOS E EMPREGOS PUBLICOS. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
DIRETA, INDIRETA E FUNDACIONAL. ACESSIBILIDADE. CONCURSO
PÚBLICO. A acessibilidade aos cargos públicos a todos os brasileiros,
nos termos da Lei e mediante concurso público é princípio
constitucional explícito, desde 1934, art. 168. Embora cronicamente
sofismado, mercê de expedientes destinados a iludir a regra, não só
foi reafirmado pela Constituição, como ampliado, para alcançar os
empregos públicos, art. 37, I e II. Pela vigente ordem constitucional,

2
O Regime Jurídico dos Servidores do Serviço Exterior Brasileiro está regrado na Lei nº
11.440/2006.
3
Na ADI 2.135 (julgamento em 02/08/2007, DJ 14/08/2007) o STF suspendeu, cautelarmente e
com efeito ex nunc, a alteração do caput do art. 39, CF/88, retornando sua redação original,
onde se exige a existência de um Regime Jurídico Único (RJU) dos Servidores Públicos. Assim, a
partir dessa decisão, tornou-se inaplicável a Lei nº 9.962/2000.
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STF, MS 21.322/DF, relator Ministro Paulo Brossard, publicação DJ 23/04/1993.

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em regra, o acesso aos empregos públicos opera-se mediante
concurso público, que pode não ser de igual conteúdo, mas há de ser
público. As autarquias, empresas publicas ou sociedades de
economia mista estão sujeitas à regra, que envolve a administração
direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Sociedade de
economia mista destinada a explorar atividade econômica está
igualmente sujeita a esse princípio, que não colide com o expresso
no art. 173, § 1º. Exceções ao princípio, se existem, estão na
própria Constituição.
Já os temporários são aqueles contratados para atividades transitórias,
emergenciais, submetidos a um regime jurídico especial, como, na esfera
federal, disciplinado pela Lei no 8.745/935, com alterações posteriores, em
especial pela Lei no 10.667/2003 e pelo Decreto no 4.748/2003, que a
regulamenta. A lei que trate desse tipo de situação não pode estabelecer
hipóteses abrangentes e genéricas de contratação temporária, sem a
especificação da contingência fática que evidencie tal situação excepcional, sob
pena de inconstitucionalidade6. Essa classe está prevista, como mencionado,
no art. 37, IX, da CF/88, e também tem seus litígios submetidos à Justiça
Federal, quando contratados por entidade dessa esfera:
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO.
SERVIDOR FEDERAL. FUNASA. CONTRATO TEMPORÁRIO. GUARDA
DE ENDEMIAS. EXCEPCIONAL INTERESSE PÚBLICO. RESCISÃO. LEI

5
Lei no 8.745/93, art. 2º Considera-se necessidade temporária de excepcional interesse público: I
- assistência a situações de calamidade pública;
II - combate a surtos endêmicos;
III - realização de recenseamentos e outras pesquisas de natureza estatística efetuadas pela
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE;
IV - admissão de professor substituto e professor visitante;
V - admissão de professor e pesquisador visitante estrangeiro;
VI - atividades:
a) especiais nas organizações das Forças Armadas para atender à área industrial ou a encargos
temporários de obras e serviços de engenharia;
b) de identificação e demarcação desenvolvidas pela FUNAI;
c) (Revogado)
d) finalísticas do Hospital das Forças Armadas;
e) de pesquisa e desenvolvimento de produtos destinados à segurança de sistemas de
informações, sob responsabilidade do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para a Segurança
das Comunicações - CEPESC;
f) de vigilância e inspeção, relacionadas à defesa agropecuária, no âmbito do Ministério da
Agricultura e do Abastecimento, para atendimento de situações emergenciais ligadas ao
comércio internacional de produtos de origem animal ou vegetal ou de iminente risco à saúde
animal, vegetal ou humana;
g) desenvolvidas no âmbito dos projetos do Sistema de Vigilância da Amazônia - SIVAM e do
Sistema de Proteção da Amazônia - SIPAM.
h) técnicas especializadas, no âmbito de projetos de cooperação com prazo determinado,
implementados mediante acordos internacionais, desde que haja, em seu desempenho,
subordinação do contratado ao órgão ou entidade pública.
6
STF, ADI 3.210/PR, relator Ministro Carlos Velloso, publicação DJ 03/12/2004. Veja também:
STF, ADI 890/DF, relator Ministro Maurício Corrêa, publicação DJ 06/02/2004.

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8745/93. Compete à Justiça Comum Federal processar e julgar
pedido indenizatório relativo à contratação efetuada pela Fundação
Nacional da Saúde para atendimento de necessidade temporária de
excepcional interesse público. Conflito conhecido para declarar a
competência da Justiça Comum Federal.7
CONFLITO DE COMPETÊNCIA. CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO.
SERVIDOR FEDERAL. CONTRATO TEMPORÁRIO. EXCEPCIONAL
INTERESSE PÚBLICO. RESCISÃO. Compete à Justiça Comum Federal
processar e julgar pedido de verbas indenizatórias relativas a
contratação efetuada pela União ou suas entidades para atendimento
de necessidade temporária de excepcional interesse público. Conflito
conhecido. Competência da Justiça Comum Federal.8
Assim sendo, os comentários aqui serão fixados nos servidores públicos
estatutários, que são o objeto do Estatuto Federal.

2 A LEI Nº 8.112/90 E A REFORMA ADMINISTRATIVA DA EC Nº 19/98

Nossa Constituição Federal de 1988 dedicou um capítulo próprio à


Administração Pública, traçando seus contornos principais e tratando
especificamente dos servidores públicos, com normas gerais a serem
observadas por todos os entes da federação (artigos 37 a 41, CF/88).
Aí estabeleceu formas de acesso, aquisição de estabilidade, perda do cargo,
acumulação legal de cargos, aposentadoria, princípios de observância
obrigatória e outras normas, que devem ser esmiuçadas pela legislação
ordinária.
O conteúdo original do caput do art. 39 determinava que a União, os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios deveriam instituir, no âmbito de sua
competência, regime jurídico único (RJU) e planos de carreira para os
servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações
públicas.
Ressalte-se que não se exigia, obrigatoriamente, o regime estatutário. Havia,
isso sim, que ser o mesmo regime para todos, independente de ser estatutário
(ou legal), celetista (ou contratual), ou outro qualquer que fosse criado. Tal
previsão tinha base no princípio da isonomia, segundo o qual todos deveriam
ter o mesmo tratamento.
A União saiu à frente editando a Lei nº 8.112, em 11 de dezembro de 1990,
optando pelo regime estatutário, ou seja, os servidores estariam submetidos à
lei, que regularia sua relação com a Administração Pública. Poderia também ter
optado pelo regime contratual, seguindo as regras da Consolidação das Leis do
Trabalho.

7
STJ, CC 40.114/RJ, relator Ministro José Delgado, publicação DJ 09/08/2004.
8
STJ, CC 33.491/RJ, relator Ministro Vicente Leal, publicação DJ 17/06/2002.

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Importante repetir: uma vez optado por um ou outro regime, todos os
servidores daquele ente federativo deveriam estar vinculados a ele. Assim, o
Estatuto atendeu ao comando constitucional, instituindo esse regime jurídico, à
época único, para seus servidores.
Em 04 de junho de 1998 fez-se promulgar a Emenda Constitucional nº 19,
apelidada de Reforma Administrativa, que inaugurou uma nova fase para os
servidores públicos, com importantes alterações no texto constitucional.
Em especial, alterou-se o texto do artigo 39, deixando de ser necessária a
fixação de um único regime jurídico para todos os servidores, passando a ser
possível a convivência, numa mesma esfera de governo, de múltiplos regimes
jurídicos, cada qual estabelecendo regras de determinada carreira, com
peculiaridades próprias de cada caso.
Com isso, buscou-se a flexibilização da Administração Pública, deixando de
lado muitas regras rigorosas do Estatuto, em especial facilitando a dispensa de
trabalhadores, que passariam a ser contratados pelas regras da CLT, sem
direito à estabilidade, como prevista no art. 41 da CF/88, após a alteração
promovida por essa Emenda9. Embora não seja pacífica tal interpretação10,

9
Redação original: art. 41. São estáveis, após dois anos de efetivo exercício, os servidores
nomeados em virtude de concurso público.
Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19/98: art. 41. São estáveis após três anos de
efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
concurso público.
10
Súmula 390, TST: I – O servidor público celetista da administração direta, autárquica ou
fundacional é beneficiário da estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. II – Ao empregado de
empresa pública ou de sociedade de economia mista, ainda que admitido mediante aprovação
em concurso público, não é garantida a estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. TST, RR
3.572/2001-201-02-00.1, relator Ministro João Batista Brito Pereira, publicação DJ 29/06/2007: O
servidor público celetista da administração direta, autárquica ou fundacional é beneficiário da
estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. Noutro sentido: TST, RR 616.054, relator Ministro
Guedes de Amorim, publicação DJ 24/08/2001: Empregado público, ainda que admitido nos
serviços do Município, mediante concurso público de ingresso, nos termos do artigo 37, inciso II,
da Constituição Federal, e sob o regime da legislação trabalhista, adotada pelo Reclamado em
observância do artigo 39 da Carta Magna, não se beneficia da estabilidade assegurada em seu
artigo 41, pois destinado apenas aos servidores públicos civis. TST, RR 459.515, relator Ministro
Wagner Pimenta, DJ 02/02/2001: A estabilidade prevista no artigo 41 da Constituição Federal
não alcança o empregado público celetista da administração direta, admitido por concurso
público, que, à data da demissão, contava com mais de dois anos de efetivo exercício. A
conclusão desse entendimento se encontra no artigo 37 da Constituição Federal, que distinguiu
cargo de emprego público, embora para ambos a aprovação dependa de concurso público para a
investidura na Administração Pública, Direta ou Indireta. O cargo público é criado por lei,
enquanto que, no emprego público, a natureza do vínculo é contratual, regida pela CLT. STF, RE
159.005/PR, relator Ministro Sydney Sanches, publicação DJ 10/02/1995, e AI-AgR 88.486/PR,
relator Ministro Aldir Passarinho, publicação DJ 29/06/1984: Não se cumulam os dois regimes: o
do FGTS e o da estabilidade. STF, AI-AgR 561.230/RS, relator Ministro Gilmar Mendes,
publicação DJ 22/06/2007: Funcionários de empresa pública. Regime Celetista. Readmissão com
fundamento no art. 37, da Constituição Federal. Impossibilidade. Estabilidade que se aplica
somente a servidores públicos. STF, AI-AgR 630.749/PR, relator Ministro Eros Grau, publicação
DJ 18/05/2007: A estabilidade dos servidores públicos não se aplica aos funcionários de
sociedade de economia mista. Estes são regidos por legislação específica [Consolidação das Leis
Trabalhistas], que contém normas próprias de proteção ao trabalhador no caso de dispensa
imotivada. STF, RE-AgR 242.069/PE, relator Ministro Carlos Velloso, publicação DJ 22/11/2002: A
norma do art. 41, C.F., conferidora de estabilidade, tem como destinatário o servidor público
estatutário exercente de cargo público.

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parece clara a intenção do constituinte derivado ao alterar a redação do caput
do art. 41. Originalmente, a estabilidade era dirigida a todo aquele “nomeado
em virtude de concurso público”, tanto titular de cargo quanto de emprego
público11. Com a nova regra, limita-se a estabilidade aos “nomeados para
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público”.
Assim, deixou de fazer sentido referir-se a Regime Jurídico Único dos
Servidores Públicos, visto que tal sistema deixou de existir com essa EC nº
19/98. Correto tecnicamente seria chamá-lo de Estatuto dos Servidores
Públicos ou Regime Jurídico Estatutário.
Com efeito, com essa alteração constitucional, passou a caber a cada ente da
Federação a eleição da forma como seriam disciplinadas as regras entre ele e
determinada carreira pública. Essa liberdade, contudo, não é ilimitada, tendo a
própria Constituição Federal deixado implícito que determinados cargos devem
ser organizados em carreira, o que lhes exige a vinculação estatutária, não
necessariamente à Lei nº 8.112/90. Citem-se a Polícia, a Defensoria, a
Advocacia Públicas e as carreiras das administrações tributárias. Além destas,
há ainda a previsão de que determinadas atividades serão consideradas típicas
de Estado, e também deverão estar vinculadas ao Estatuto, como se denota da
redação do novo art. 247, acrescentado pelo art. 32 da EC no 19/98.
Ademais, é da União a competência para legislar sobre Direito do Trabalho
(art. 22, I, CF/88), o que retira a liberdade dos demais entes de legislar sobre
regimes contratuais, sujeitos a esse ramo do direito.
Então, ao criar novo cargo ou abrir vagas para concurso público, a
Administração Pública, pela via adequada, deveria estabelecer se esses novos
integrantes seriam regidos pelo Estatuto, com regras rígidas, inalteráveis por
acordo entre as partes, ou pelo regime contratual, com cláusulas discutidas
entre empregado e empregador.
Mas esse cenário alterou-se profundamente com o julgamento pelo
STF, ainda em sede cautelar, da ADI 2.13512, onde se discute a
constitucionalidade da EC nº 19/98, em especial no que concerne à
alteração do art. 39, caput, CF/88.
Ocorre que, quando das votações na Câmara dos Deputados, em primeiro
turno, a proposta de alteração do caput do art. 39, CF/88, não foi aprovada
pela maioria qualificada constitucionalmente exigida (art. 60, § 2º, CF/88).
Ao elaborar o texto enviado para votação, em segundo turno, a comissão
especial de redação da Câmara dos Deputados teria deslocado o § 2º do art.
39 – que havia sido aprovado, para o lugar do caput do artigo 39, cuja

11
STF, AI-AgR 510.994/SP, relator Ministro Cezar Peluso, publicação DJ 24/03/2006: Faz jus à
estabilidade prevista no art. 41 da Constituição Federal, em sua redação original, o empregado
público que foi aprovado em concurso público e cumpriu o período de estágio probatório antes
do advento da EC nº 19/98. Veja também a seguinte decisão, anterior à EC nº 19/98: STF, MS
21.236/DF, relator Ministro Sydney Sanches, publicação DJ 25/08/95 - A garantia constitucional
da disponibilidade remunerada decorre da estabilidade no serviço publico, que é assegurada,
não apenas aos ocupantes de cargos, mas também aos de empregos públicos, já que o art. 41
da C.F. se refere genericamente a servidores.
12
STF, ADI 2.135/MC, relator Ministro Néri da Silveira, publicação DJ 14/08/2007.

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proposta de alteração havia sido rejeitada no primeiro turno. Com essa
substituição, a redação original do caput do artigo 39 simplesmente
desapareceu. Naturalmente que essa transposição não pode ser tida por mera
emenda redacional13, exigindo-se, então, nova votação, para cumprimento da
exigência de aprovação por dois turnos em cada uma das Casas legislativas do
Congresso Nacional (art. 60, § 2º, CF/88).
Com isso, haveria inconstitucionalidade formal. Nesse julgamento afastou-se,
em sede cautelar, a nova redação do caput desse art. 39, retomando-se a
redação original do texto constitucional.
Para que fique claro, compare-se a redação original e a alterada pela EC nº
19/98:
Texto original da CF/88:
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e
planos de carreira para os servidores da administração pública
direta, das autarquias e das fundações públicas.
Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998:
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
instituirão conselho de política de administração e remuneração de
pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos
Poderes.
À decisão foi dado efeito ex nunc, é dizer, irretroativo, não atingindo as
situações jurídicas havidas entre a promulgação da EC nº 19/98 e a decisão do
STF.
A partir de então, repise-se, retorna a regra da exigência de um
Regime Jurídico Único, sendo incabível, hoje, contratação pelo regime
da CLT, no âmbito federal.
Como efeito imediato, tem-se a inaplicabilidade da Lei nº 9.962/2000, que
disciplinou o regime de emprego público do pessoal da Administração federal
direta, autárquica e fundacional. Como agora só cabe um regime, único, o
estatutário, não será mais possível a existência de novos empregos públicos no
âmbito da Administração federal direta, autárquica e fundacional. Aqueles
contratados sob esse regime antes da decisão do STF seguem em seus
empregos, já que, como se disse, a decisão cautelar teve efeito ex nunc.
Aguarde-se a decisão final de mérito.
O Estatuto não é imutável. Ao contrário, não cabe argüir violação ao
direito adquirido contra mudanças no regime jurídico.
Como já visto, regime jurídico é o conjunto de normas que regem determinado
instituto. Ao tomar posse em um cargo público, sob as determinações do
Estatuto, tem-se um determinado conjunto de regras sobre os mais variados
temas: férias, licenças, horário de trabalho etc.

13
De acordo com o art. 118 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados.

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Segundo entende o Supremo Tribunal Federal, não há direito adquirido que
garanta imutabilidade do regime jurídico14. Esse tribunal, que está no
ápice do nosso Poder Judiciário, reiteradamente tem entendido que não se
pode exigir a permanência dessas regras por todo o tempo em que houver
vínculo com a Administração Pública, sendo possível a alteração desses
institutos sem que seja ferido o direito adquirido.
Assim, a não existência de direito adquirido a regime jurídico “implica dizer
que pode a lei nova, ao criar direito novo para o servidor público, estabelecer
exigência que não observe o regime jurídico anterior”15.
Como se percebe nesse julgado, esse entendimento é antigo e, acrescente-se,
pacífico e consolidado.
Dessa forma pode a Administração alterar unilateralmente as regras. E assim
foi alterado o Estatuto em diversas ocasiões, em especial com a profunda
reforma promovida pela Lei nº 9.527, de 10 de dezembro de 1997, que retirou
inúmeros direitos dos servidores públicos federais, como, e a título de
exemplo, a possibilidade de incorporação de anuênios e os chamados quintos
das gratificações, licença prêmio, venda de 1/3 das férias etc.
Percebe-se que as regras do jogo foram alteradas: o que antes era possível
fazer, agora não é mais; de outro lado, novas opções foram deferidas aos
servidores. Como o regime é legal, à lei cabe estabelecer as regras, e aos
servidores cabe cumpri-las. Se o regime é contratual, não pode o empregador
alterar cláusulas como bem entender, devendo haver concordância entre os
contratantes. Destaque-se que, ainda que haja concordância do empregado,
pelo princípio da proteção, algumas alterações prejudiciais a ele não são
admitidas.
Quando da mudança unilateral da lei, as situações já consolidadas devem ser
respeitadas.
Para que fique bem claro, citem-se exemplos ilustrativos. Aquele que tivesse
optado pela conversão em pecúnia de 1/3 das férias (popularmente chamada
de venda de 1/3 das férias) antes de dezembro de 1997, ainda que o gozo das
mesmas fosse em 1998, tinha o direito adquirido à essa conversão, pois tinha
cumprido todos os requisitos antes da extinção dessa possibilidade. Porém,
aquele que ainda não tinha feito essa opção não pôde mais fazê-la, assim
como não pode exigir que continue tendo esse direito. Outro exemplo é do
servidor que já havia cumprido cinco anos de exercício sem nenhuma falta,
exigência para ter direito à licença prêmio de três meses. Todo aquele que já
tinha cumprido o requisito temporal à época da edição da lei que extinguiu
essa vantagem tem o direito adquirido ao gozo desses três meses de licença
prêmio. Porém, aquele que tinha quatro anos, tinha mera expectativa de
direito, não podendo gozar dessa licença, pois não cumpria os requisitos de
então e, quando completou os cinco anos, já não havia essa previsão legal.

14
STF, RMS 24.273 AgR-ED/DF, relatora Ministra Ellen Gracie, publicação DJ 10/12/2004 e ADI
2.555/DF, relatora Ministra Ellen Gracie, publicação DJ 02/05/2003.
15
STF, RE 99.522/PR, relator Ministro Moreira Alves, publicação DJ 20/05/1983.

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3 CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES

A Constituição Federal distribui competência entre as pessoas jurídicas (União,


Estados-membros, Distrito Federal e Municípios), órgãos e servidores públicos.
Por sua vez, estes ocupam cargos, empregos ou exercem funções.
Assim, cargo é, seguindo o art. 3º do Estatuto, o conjunto de atribuições e
responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser
cometidas a um servidor.
É criado por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres
públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão (art. 3º, §
único).
O cargo público pode ser de provimento efetivo ou em comissão, e essa
característica quanto à possibilidade de permanência no cargo deve ser
prevista na lei que o cria. Assim, se o preenchimento pressupõe continuidade e
permanência no cargo, será este efetivo; de outro modo, temporário é o
provimento do cargo em comissão, também chamado de cargo em confiança,
pois está atrelado à confiança que determinada autoridade tem em seu
auxiliar, como no caso dos Diretores de Secretaria na Justiça Federal. Este
cargo não comporta maiores regalias ao seu titular momentâneo, não gerando
direito de permanência nele, tampouco à aposentadoria pelo regime dos
servidores públicos (artigos 37, II, V e 40, § 13, CF/88).
O cargo público é exclusividade do servidor estatutário. De outro lado, ao
celetista cabe o emprego público, que também é um conjunto de atribuições,
mas que se diferencia exclusivamente pelo vínculo que une seus titulares ao
Estado. Assim, funcionário (estatutário) será titular de um cargo,
empregado (celetista) será titular de um emprego.
Já a função se refere a uma atribuição específica, pelo Poder Público, a um
agente. Ou seja, é o acréscimo de algumas atribuições àquelas já destinadas
ao agente, no que concerne à chefia, direção ou assessoramento. Assim,
exige-se que, para exercê-la, já seja concursado. O agente tem suas
atividades normais dentro do cargo que ocupa e adquire mais algumas, como,
por exemplo, para ser chefe de uma seção. Em contrapartida, há acréscimo na
remuneração (art. 61, I). Essa possibilidade está prevista no art. 37, V, da
CF/88, e é chamada de função de confiança.
Maria Sylvia Zanella di Pietro16 ainda lembra outra situação quando fala em
função, que é aquela “exercida por servidores contratados temporariamente
com base no art. 37, IX, para as quais não se exige, necessariamente concurso
público, porque, às vezes, a própria urgência da contratação é incompatível
com a demora do procedimento; a Lei nº 8.112/90 definia, no artigo 233, §
3º, as hipóteses em que o concurso era dispensado; esse dispositivo foi
revogado pela Lei nº 8.745, de 9-12-93, que agora disciplina a matéria, com
as alterações introduzidas pela Lei nº 9.849, de 26-10-99”.

16
Direito Administrativo. Cit., p. 439.

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Assim, quer seja em um caso, quer seja noutro, não há necessidade de prévio
concurso público, pois, naquele, exige-se que já seja servidor, neste, exige-se
urgência na contratação. Bem por isso, o inciso II do art. 37 da CF/88 o exige
somente para investidura em cargo ou emprego, silenciando quanto à função.
Por fim, reproduzo o art. 37, V, da CF/88:
As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores
ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às
atribuições de direção, chefia e assessoramento.
Atenção para não confundir: funções de confiança → servidores
ocupantes de cargo efetivo; cargos em comissão (=cargo em
confiança) → servidores de carreira ou não.

4 CONCURSO PÚBLICO

Determinou nossa Carta Magna que “a investidura em cargo público depende


de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos,
ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração” (art. 37, II, CF/88).
Por esse dispositivo, ficou vetado, como regra, o acesso a cargos ou empregos
públicos sem concurso, para que todos concorram em igualdade de condições.
A ordem constitucional anterior exigia o concurso somente para acesso a
cargos, já a atual estendeu também para os empregos. Segundo o TST, em
havendo contratação sem observância desse requisito, cabe o pagamento
apenas do dias efetivamente trabalhados, segundo o pactuado17.
Veja o que diz o STF sobre o assunto:
O critério do mérito aferível por concurso público de provas ou de
provas e títulos é, no atual sistema constitucional, indispensável
para o cargo ou emprego isolado ou de carreira. Para o isolado, em
qualquer hipótese; para o de carreira, só se fará na classe inicial e
pelo concurso público de provas ou de provas e títulos, não o sendo,
porém, para os cargos subseqüentes que nela se escalonam até seu
final, pois, para estes, a investidura se dará pela forma de
provimento que é a ‘promoção’.18
CONCURSO PÚBLICO. ATIVIDADES PERMANENTES.
OBRIGATORIEDADE. (...) A Administração Pública direta e indireta.

17
TST, Enunciado nº 363: “A contratação de servidor público, após a Constituição de 1988, sem
prévia aprovação em concurso público, encontra óbice no seu artigo 37, II, e § 2º, somente
conferindo-lhe direito ao pagamento dos dias efetivamente trabalhados segundo a
contraprestação pactuada”.
18
STF, RE 163.715/PA, relator Ministro Maurício Corrêa, publicação DJ 19/12/1996. Veja
também esse julgado: STF, ADI 2.689/RN, relatora Ministra Ellen Gracie, publicação DJ
20/10/2003.

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Admissão de pessoal. Obediência cogente à regra geral de concurso
público para admissão de pessoal, excetuadas as hipóteses de
investidura em cargos em comissão e contratação destinada a
atender necessidade temporária e excepcional. Interpretação
restritiva do artigo 37, IX, da Carta Federal.19
Segundo o TST, em havendo contratação sem observância ao princípio do
concurso público, cabe o pagamento apenas dos dias efetivamente
trabalhados, segundo o pactuado20. A linha adotada pelo STF é a mesma,
afirmando que “após a Carta Magna de 1988, é nula a contratação para a
investidura em cargo ou emprego público sem prévia aprovação em concurso
público. Tal contrato gera, tão-somente, o direito ao pagamento dos salários
pelos dias efetivamente trabalhados, sob pena de enriquecimento sem causa
do Poder Público”21.
O prazo de validade do concurso público será de até dois anos e a
prorrogação, se houver interesse da Administração Pública, será feita apenas
uma vez, e por igual período (art. 37, III, CF/88). Assim, se o prazo inicial for
de seis meses, a prorrogação, se houver, também será de seis meses, não de
até dois anos, como poderia parecer.
O concurso será de provas ou de provas e títulos, quer dizer que não é mais
possível concurso só de títulos, mas que sempre será necessária a aplicação de
prova. Quanto a títulos entenda-se como qualificação especial, tal como ter
nível superior em determinada área, mestrado, doutorado etc.
Poderá ainda se desenvolver em variadas fases, incluindo provas teóricas de
múltipla escolha, dissertativas, orais, e também avaliações práticas, como
digitação, direção de veículos, produção de peças jurídicas, exames físicos, e
ainda participação em curso de formação. Todas as fases são obrigatórias
para, ao final, o candidato lograr a aprovação, quando então será homologado
o concurso, iniciando a contagem do seu prazo de validade.
Essas determinações são repetidas nos artigos 10 a 12 do Estatuto, com a
redação dada pela Lei nº 9.527/97:
Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de
provimento efetivo depende de prévia habilitação em concurso
público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de
classificação e o prazo de sua validade.
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o
desenvolvimento do servidor na carreira, mediante promoção, serão
estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema de carreira
na Administração Pública Federal e seus regulamentos.

19
STF, ADI 890/DF, relator Ministro Maurício Corrêa, publicação DJ 06/02/2004.
20
TST, Enunciado no 363: “A contratação de servidor público, após a Constituição de 1988, sem
prévia aprovação em concurso público, encontra óbice no seu art. 37, II, e § 2o, somente
conferindo-lhe direito ao pagamento dos dias efetivamente trabalhados segundo a
contraprestação pactuada”.
21
STF, AI-AgR 497.984/RS, relator Ministro Carlos Britto, publicação DJ 30/09/2005. Veja
também: STJ, REsp 575.551/SP, relator para acórdão Ministro José Delgado, publicação DJ
12/04/2007.

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Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e títulos, podendo
ser realizado em duas etapas, conforme dispuserem a lei e o
regulamento do respectivo plano de carreira, condicionada a
inscrição do candidato ao pagamento do valor fixado no edital,
quando indispensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de
isenção nele expressamente previstas.
Art. 12. O concurso público terá validade de até 2 (dois) anos,
podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período.
§ 1º O prazo de validade do concurso e as condições de sua
realização serão fixados em edital, que será publicado no Diário
Oficial da União e em jornal diário de grande circulação.
§ 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato
aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expirado. Aprovado
em concurso público, dentro do número de vagas, o candidato ainda não
tem direito ao cargo. Porém, tem dois direitos assegurados, quais
sejam, o de ver respeitada a ordem de classificação e o de ser chamado com
prioridade sobre os demais aprovados em concurso subseqüente, dentro
do prazo de validade do primeiro22.
A Administração Pública não pode nomear o quinto colocado sem nomear os
primeiros quatro. Se o fizer, os primeiros terão direito à nomeação23, ou seja,
a mera expectativa de direito nascida com a aprovação no concurso se
transforma em direito líquido e certo à nomeação, em face da quebra da
ordem classificatória24.
Além disso, surge o direito a indenização a ser paga “aos candidatos que foram
preteridos na ordem classificatória do concurso, por erro da Administração.
Não há qualquer óbice jurídico para que o valor da indenização corresponda
aos vencimentos e demais vantagens inerentes ao cargo, porquanto seria o
valor que teriam percebido à época, caso observada a ordem classificatória do
certame”25.
Contudo, “a convocação de candidatos em cumprimento a decisões judiciais
não constitui violação de direito individual de outros candidatos que não
tenham sido beneficiados pelas medidas judiciais”26.

22
STF, ADI 2.931/RJ, relator Ministro Carlos Britto, publicação DJ 29/09/2006: “o direito do
candidato aprovado em concurso público de provas, ou de provas e títulos, ostenta duas
dimensões: 1) o implícito direito de ser recrutado segundo a ordem descendente de classificação
de todos os aprovados (concurso é sistema de mérito pessoal) e durante o prazo de validade do
respectivo edital de convocação (que é de 2 anos, prorrogável, apenas uma vez, por igual
período); 2) o explícito direito de precedência que os candidatos aprovados em concurso anterior
têm sobre os candidatos aprovados em concurso imediatamente posterior, contanto que não-
escoado o prazo daquele primeiro certame; ou seja, desde que ainda vigente o prazo inicial ou o
prazo de prorrogação da primeira competição pública de provas, ou de provas e títulos”.
23
STF, Súmula nº 15: “Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem o
direito à nomeação, quando o cargo for preenchido sem observância da classificação”.
24
STJ, MS 5.563/DF, relator Ministro Gilson Dipp, publicação DJ 12/09/2005.
25
STJ, REsp 825.037/DF, relator Ministro Luiz Fux, julgamento em 23/10/2007.
26
STJ, MS 5.563/DF, relator Ministro Gilson Dipp, publicação DJ 12/09/2005.

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Também dentro do prazo de validade de um concurso, cabe à Administração
nomear todos os aprovados, até o número de vagas previsto no edital, antes
de nomear o primeiro aprovado no concurso seguinte. Essa é a previsão do
art. 37, IV, da CF/88, que determina que, “durante o prazo improrrogável
previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de
provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos
concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira”. Tal regra tornou-se
inócua na esfera federal em face do § 2º do art. 12 supramencionado, que
proíbe a realização de novo certame dentro do prazo de validade de outro,
onde ainda restem aprovados.
Mas atenção: nada impede que isso ocorra na esfera estadual ou
municipal. Leia com cuidado a questão, pois, se o concurso não é federal,
vale a regra geral do art. 37, IV, da CF/88, e o novo concurso realizado, dentro
do prazo de validade do primeiro, é válido, se a lei local não contiver previsão
em contrário.
Segundo o STF, “a aprovação em concurso público gera mera expectativa de
direito à investidura no cargo pleiteado”27.
Contudo, há decisões do STJ no sentido de que “a partir da veiculação, pelo
instrumento convocatório, da necessidade de a Administração prover
determinado número de vagas, a nomeação e a posse, que seriam, a princípio,
atos discricionários, de acordo com a necessidade do serviço público, tornam-
se vinculados, gerando, em contrapartida, direito subjetivo para o candidato
aprovado dentro do número de vagas previstas em edital”28. Vejam-se
exemplos de decisões nesse rumo:
CONCURSO PÚBLICO. NOMEAÇÃO. ATO VINCULADO.
É dever da Administração Pública nomear os candidatos aprovados
para as vagas oferecidas no edital do concurso. Com a veiculação
em edital de que a Administração necessita prover determinado
número de vagas, a nomeação e posse, que seriam, a princípio, atos
discricionários, tornam-se vinculados, gerando, em conseqüência,
direito subjetivo para o candidato aprovado dentro do número de
vagas previsto no edital. Precedentes citados: RMS 15.420-PR; RMS
15.345-GO, DJ 24/4/2007, e RMS 15.034-RS, DJ 29/3/2004.29
MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. OMISSÃO
QUANTO À NOMEAÇÃO DO SERVIDOR CLASSIFICADO DENTRO DO
NÚMERO DE VAGAS PREVISTAS EM EDITAL. DECADÊNCIA DO WRIT
NÃO OPERADA ENQUANTO VIGENTE O PRAZO DE VALIDADE DO
CONCURSO. Enquanto vigente o prazo de validade do concurso
público, não se opera a decadência para impetrar mandado de
segurança, contra ato omissivo de autoridade pública que não
nomeia servidor classificado dentro das vagas previstas em edital.
Desde que aprovado dentro do número de vagas veiculadas em

27
STF, AI 373.054/SP, relatora Ministra Ellen Gracie, publicação DJ 27/09/2002.
28
STJ, RMS 19.922/AL, relator Ministro Paulo Medina, publicação DJ 11/12/2006.
29
STJ, RMS 19.478/SP, relator Ministro Nilson Naves, publicação DJ 16/05/2008, Informativo
354.

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edital, o candidato em concurso público possui direito subjetivo à
investidura no cargo30.
ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. NOMEAÇÃO. DIREITO
SUBJETIVO. CANDIDATO CLASSIFICADO DENTRO DAS VAGAS
PREVISTAS NO EDITAL. ATO VINCULADO. Não obstante seja cediço,
como regra geral, que a aprovação em concurso público gera mera
expectativa de direito, tem-se entendido que, no caso do candidato
classificado dentro das vagas previstas no Edital, há direito subjetivo
à nomeação durante o período de validade do concurso. Isso porque,
nessa hipótese, estaria a Administração adstrita ao que fora
estabelecido no edital do certame, razão pela qual a nomeação
fugiria ao campo da discricionariedade, passando a ser ato
vinculado31.
Tal tese não encontra unanimidade no STJ, conforme se pode verificar em
outras decisões32. Em resumo, segundo julgados mais recentes, a 6ª turma do
STJ tem se posicionado no sentido de ter o candidato direito à nomeação,
enquanto que a 5ª turma vem decidindo tratar-se de mera expectativa de
direito.
De qualquer forma, repita-se, não é essa a visão tradicional do STF33 sobre o
assunto. No entanto, recentemente a 1ª Turma do STF34, ao enfrentar a
questão, por 3 votos a 2 concluiu que há direito subjetivo à nomeação
dentro do número de vagas. Entendeu-se que, se o Estado anuncia em
edital de concurso público a existência de vagas, ele se obriga ao seu
provimento, se houver candidato aprovado. Segundo divulgado no Informativo
510 do STF, o Min. Menezes Direito, relator, deu provimento ao recurso, no
que foi acompanhado pelo Min. Ricardo Lewandowski. Asseverou que a
Suprema Corte possui orientação no sentido de não haver direito adquirido à
nomeação, mas mera expectativa de direito. Em divergência, os Ministros
Marco Aurélio e Cármen Lúcia, por vislumbrarem direito subjetivo à nomeação
dentro do número de vagas, desproveram o recurso. Aduziram que, se o
Estado anuncia em edital de concurso público a existência de vagas, ele se
obriga ao seu provimento, se houver candidato aprovado. Em voto de
desempate, divulgado no Informativo 520 do STF, o Min. Carlos Britto
observou que, no caso concreto, o Presidente do TRF da 2ª Região deixara
escoar o prazo de validade do certame, embora patente a necessidade de

30
STJ, RMS 15.945/MG, relator Ministro Paulo Medina, publicação DJ 20/02/2006.
31
STJ, RMS 15.034/RS, relator Ministro Felix Fischer, publicação DJ 29/03/2004.
32
STJ, todas da Quinta turma e decisões unânimes: RMS 21.123/SC, relator Ministro Arnaldo
Esteves Lima, publicação DJ 06/08/2007; RESP 631.674/DF, relator Ministro Arnaldo Esteves
Lima, publicação DJ 28/05/2007; RMS 20.960/SP, relator Ministro Felix Fischer, publicação DJ
04/06/2007.
33
STF, AI-AgR 501.573/DF, relator ministro Sepúlveda Pertence, publicação DJ 26/08/2005:
Concurso público: direito à nomeação: Súmula 15-STF. Firmou-se o entendimento do STF no
sentido de que o candidato aprovado em concurso público torna-se detentor de mera
expectativa de direito, não de direito à nomeação.
34
STF, RE 227.480/RJ, relatora para o acórdão Ministra Cármen Lúcia, 16.9.2008, Informativos
510 e 520.

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nomeação de aprovados, haja vista que, passados 15 dias de tal prazo, fora
aberto concurso interno destinado à ocupação dessas vagas, por ascensão
funcional.
Em todo caso, não há dúvida de que existe direito à nomeação na hipótese
mencionada de inobservância da ordem de classificação (STF, Súmula 15),
bem assim quando a Administração contrata terceiros precariamente,
concursados ou não, para exercício dos cargos. No caso em comento, a atitude
administrativa demonstra a necessidade de servidores, sendo devida a
nomeação dos aprovados no concurso:
É entendimento doutrinário e jurisprudencial de que a aprovação em
concurso público gera mera expectativa de direito à nomeação,
competindo à Administração, dentro de seu poder discricionário,
nomear os candidatos aprovados de acordo com a sua conveniência
e oportunidade. Entretanto, a mera expectativa se convola em
direito líquido e certo a partir do momento em que, dentro do prazo
de validade do concurso, há nomeação de candidato em desrespeito
à ordem de classificação ou contratação de pessoal, de forma
precária, para o preenchimento de vagas existentes.35
Embora aprovado em concurso público, tem o candidato mera
expectativa de direito à nomeação. Porém, tal expectativa se
transforma em direito subjetivo para os candidatos aprovados dentro
das vagas previstas no edital se, dentro do prazo de validade do
certame, há contratação precária ou temporária para exercício dos
cargos.36
A anterior nomeação de candidatos aprovados em ordem de classificação
posterior a da impetrante evidencia a ofensa ao seu direito líquido e certo de
ser nomeada. Preenchidas as vagas das comarcas que optara a recorrente,
deveria a Administração tê-la convocado para que, em respeito à ordem de
classificação, optasse por uma das comarcas restantes. Pagamento dos
vencimentos retroativos à data em que deveria ter sido realizada a nomeação,
tendo em vista que a violação do direito da impetrante ao exercício do cargo
deu-se por força de ilegalidade da Administração.37
Na prática administrativa, consta-se a criação de “cadastro de reserva”, onde
são registrados candidatos aprovados mas não classificados dentro do número
de vagas inicialmente previsto, ficando no aguardo do surgimento de novas
vagas, situação sempre freqüente na Administração Pública.

35
STJ, RMS 20.960/SP, relator Ministro Felix Fischer, publicação DJ 04/06/2007.
36
STJ, RMS 21.123/SC, relator Ministro Arnaldo Esteves Lima, publicação DJ 06/08/2007.
37
STJ, RMS 11.422/MG, relatora Ministra Maria Thereza de Assis Moura, publicação DJ
28/05/2007.

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O entendimento do STF38, in casu, é de que o candidato nessas condições “não
tem direito adquirido a ser nomeado. Ele detém, na verdade, mera expectativa
de direito, consistente na possibilidade de poder vir a ser aproveitado, caso se
verifiquem as condições legais veiculadas para o ato – existência de vagas,
concurso tempestivo e disponibilidade orçamentária –, bem como os requisitos
de ordem discricionária – efetiva necessidade de preenchimento das vagas e
avaliação quanto à eficiência do concurso, consideradas as exigências
contemporâneas do cargo respectivo”. Nesse último item, a Administração
pode concluir que é mais interessante a não prorrogação do primeiro, ainda
que com candidatos em seu “cadastro de reserva”, realizando um novo
certame.
Ainda sobre essa situação, o mesmo voto segue dizendo que, “no prazo de
validade de concurso já realizado, a abertura de outro com igual finalidade não
viola o direito subjetivo dos candidatos aprovados anteriormente, que, durante
o prazo improrrogável previsto no edital de convocação têm apenas prioridade
sobre os novos concursados”.
Exige-se a realização de concurso em atendimento ao princípio da isonomia, ou
igualdade, de forma que todos aqueles que atendam aos requisitos
estabelecidos tenham as mesmas condições para concorrer ao cargo público.
O princípio da isonomia, porém, não deve ser visto de maneira absoluta.
Características peculiares do cargo podem justificar níveis de exigência ou
particularidades específicas em cada caso, como limitações de idade39, altura,
nível de escolaridade, tempo de graduação40, classificação por regiões ou por
áreas de especialização, sem que isso necessariamente afronte a igualdade
entre os candidatos. Ademais, ressalte-se que, segundo entendimento
tradicional do STF41, a comprovação do preenchimento do conjunto de
exigências impostas para o exercício de cargo objeto de certame dar-se-á no
ato da posse e não no da inscrição para o concurso42. Mais recentemente,
especificamente quanto aos três anos de atividade jurídica para ingresso na
magistratura e no Ministério Público, decidiu o STF que o momento da

38
STF, RMS 24.119/DF, relator Ministro Maurício Corrêa, publicação DJ 14/06/2002: CONCURSO
PÚBLICO: CADASTRO DE RESERVA. CANDIDATO APROVADO: DIREITO À NOMEAÇÃO. ATO
OMISSIVO. VALIDADE DO CONCURSO. PRAZO DECADENCIAL. TERMO INICIAL. 1. Candidatos
aprovados em concurso público e classificados além do número de vagas originalmente previsto
no edital de convocação. Inclusão no cadastro de reserva destinado ao preenchimento de cargos
que viessem a ficar vagos no prazo de sua validade. Conseqüência: direito subjetivo à
nomeação, durante o lapso assinalado no respectivo edital, caso se verifiquem as condições
legais veiculadas para o ato.
39
STF, RE 141.357/RS, relator Ministro Sepúlveda Pertence, publicação DJ 08/10/2004: se o
limite de idade imposto não se justifica pelas atribuições do cargo, fica configurada
discriminação inconstitucional.
40
STF, ADI 1.040/DF, relatora Ministra Ellen Gracie, publicação DJ 01/04/2005.
41
STF, RE 392.976/MG, relator Ministro Sepúlveda Pertence, publicação DJ 08/10/2004.
42
No caso específico do ingresso na magistratura, nos termos do art. 93, I, da CF/88, com a
redação dada pela EC nº 45/2004, exige-se a comprovação do período de 3 (três) anos de
atividade jurídica, a ser realizada por ocasião da inscrição definitiva no concurso (Resolução CNJ
nº 11, de 31/01/2006, art. 5º). Idêntica regra é vista no âmbito do Ministério Público (CF/88,
art. 129, § 3º e Resolução CNMP nº 04, de 20/02/2006, art. 2º). Veja também: STF, ADI
3.460/DF, relator Ministro Carlos Britto, publicação DJ 12/09/2006.

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comprovação desse requisito deve ocorrer na data da inscrição no concurso43.
Maiores detalhes são traçados no item 9.5 da aula seguinte.
Todas as regras do certame deverão ser estabelecidas no edital, que é “lei
entre as partes”. Tais regras, naturalmente, devem estar previamente
fixadas, sendo verdadeira afronta aos princípios da moralidade e da
impessoalidade sua alteração após a divulgação do resultado44.
O prazo para impugnação editalícia deve ser contado da publicação respectiva,
incluindo as eventuais alterações que venham a ser nele promovidas45. Perante
o Judiciário, a impugnação só poderá versar sobre aspectos de legalidade, em
especial quanto à verificação de questões que exorbitem o programa constante
do edital, bem assim quanto ao respeito às suas normas. A seguir, julgados
sobre o assunto:
CONCURSO PÚBLICO. PROVA DISCURSIVA. CRITÉRIOS DE
CORREÇÃO. APRECIAÇÃO PELO PODER JUDICIÁRIO. LIMITES. Nos
termos da remansosa jurisprudência desta Corte Superior de Justiça,
não pode o Poder Judiciário imiscuir-se na valoração dos critérios
adotados pela Administração para a realização de concursos
públicos, salvo quanto ao exame da legalidade das normas
instituídas no edital e o seu cumprimento durante a realização de
certame.46
CONCURSO PÚBLICO: controle jurisdicional admissível, quando não
se cuida de aferir da correção dos critérios da banca examinadora,
na formulação das questões ou na avaliação das respostas, mas
apenas de verificar que as questões formuladas não se continham no
programa do certame, dado que o edital - nele incluído o programa -
é a lei do concurso.47
ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. IMPUGNAÇÃO DE NORMAS
EDITALÍCIAS. TERMO “A QUO”. DECADÊNCIA. A Eg. Terceira Seção
desta Corte possui entendimento no sentido de que o prazo
decadencial para impugnação dos critérios estabelecidos no edital de
concurso público inicia-se a partir da edição do instrumento
convocatório. Precedentes. Resta configurada a decadência da
impetração quanto à alegada discriminação ao exercício da
advocacia por não constar como título em concurso público, já que o
"writ" foi impetrado quando já havia transcorrido mais de cento e
vinte dias da publicação do edital. Segundo estatui o brocardo
jurídico: "o edital é a lei do concurso". Desta forma, estabelece-se
um vínculo entre a Administração e os candidatos, igualmente ao
descrito na Lei de Licitações Públicas, já que o escopo principal do
certame é propiciar a toda coletividade igualdade de condições no

43
STF, ADI 3.460/DF, relator Ministro Carlos Britto, publicação DJ 15/06/2007.
44
STJ, RMS 22.209/MG, relator Ministro Luiz Fux, DJ 19/09/2007.
45
STF, REsp 784.086/DF, relator Ministro Arnaldo Esteves Lima, publicação DJ 20/08/2007: Na
hipótese de o edital de concurso público passar por alterações, o prazo decadencial para
impugnar seus critérios tem início com a data de publicação da última modificação.
46
STJ, REsp 772726/DF, relator Ministra Laurita Vaz, publicação DJ 06/08/2007.
47
STF, RE 434.708/RS, relator Ministro Sepúlveda Pertence, publicação DJ 09/09/2005.

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ingresso ao serviço público. Pactuam-se, assim, normas
preexistentes entre os dois sujeitos da relação editalícia. De um
lado, a Administração. De outro, os candidatos. Com isso, é defeso a
qualquer candidato vindicar direito alusivo à quebra das condutas
lineares, universais e imparciais adotadas no certame. (...)
Consoante já manifestou esta Corte, em se tratando de
interpretação das normas editalícias de concurso público, a
competência do Poder Judiciário se limita ao exame da legalidade do
edital. Em sendo assim, o Administrador tem todo o direito de se
valer do seu poder discricionário, desde que o mesmo não afronte
comandos legais.48
ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO
ISONÔMICO E APLICADO AOS DEMAIS CANDIDATOS.
IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO DA PONTUAÇÃO SOB PENA DE
FAVORECER A RECORRENTE EM FAVOR DOS DEMAIS. (...) mister
observar reiterada orientação deste Tribunal, no sentido de que não
compete ao Poder Judiciário apreciar os critérios utilizados pela
Administração, na formulação, correção e atribuição de notas nas
provas de concurso público, quando fixados de forma objetiva e
imparcial.49
Embora a regra seja o concurso, tanto para cargo quanto para emprego,
obedecendo ao princípio da igualdade, há diversas exceções, a saber:
I – cargos em comissão;
II – cargos eletivos;
III – aqueles sujeitos a contrato temporário;
IV – hipóteses constitucionais, como Ministros do STF (CF/88, art. 101),
advogados nomeados para os Tribunais, com base no chamado quinto
constitucional (CF/88, art. 94) e membros dos Tribunais ou Conselhos de
Contas (CF/88, art. 73);
V – agentes comunitários de saúde e agentes de combate a endemias,
admitidos por meio de processo seletivo público, nos termos do art. 198,
§ 4º da CF/88, com a redação dada pela EC nº 51/2006, regulamentada
pela Lei nº 11.350, de 05/10/200650;

48
STJ, RMS 18.798/SE, relator Ministro Gilson Dipp, publicação DJ 13/12/2004.
49
STJ, RMS 18.877/RS, relator Ministro Paulo Medina, publicação DJ 23/10/2006.
50
Art. 8º: Os Agentes Comunitários de Saúde e os Agentes de Combate às Endemias admitidos
pelos gestores locais do SUS e pela Fundação Nacional de Saúde - FUNASA, na forma do
disposto no § 4o do art. 198 da Constituição, submetem-se ao regime jurídico estabelecido pela
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, salvo se, no caso dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, lei local dispuser de forma diversa.
Art. 9º: A contratação de Agentes Comunitários de Saúde e de Agentes de Combate às
Endemias deverá ser precedida de processo seletivo público de provas ou de provas e títulos, de
acordo com a natureza e a complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para o
exercício das atividades, que atenda aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência.
Parágrafo único. Caberá aos órgãos ou entes da administração direta dos Estados, do Distrito
Federal ou dos Municípios certificar, em cada caso, a existência de anterior processo de seleção

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VI – empregados da Ordem dos Advogados do Brasil, para os quais,
segundo o STF, não se exige concurso público, como pode ser observado
nos trechos a seguir destacados da decisão proferida na ADI 3.026/DF:
A OAB não é uma entidade da Administração Indireta da União. A
Ordem é um serviço público independente, categoria ímpar no
elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. A
OAB não está incluída na categoria na qual se inserem essas que se
tem referido como "autarquias especiais" para pretender-se afirmar
equivocada independência das hoje chamadas "agências". Por não
consubstanciar uma entidade da Administração Indireta, a OAB não
está sujeita a controle da Administração, nem a qualquer das suas
partes está vinculada. Essa não-vinculação é formal e materialmente
necessária. A OAB ocupa-se de atividades atinentes aos advogados,
que exercem função constitucionalmente privilegiada, na medida em
que são indispensáveis à administração da Justiça [artigo 133 da
CB/88]. É entidade cuja finalidade é afeita a atribuições, interesses e
seleção de advogados. Não há ordem de relação ou dependência
entre a OAB e qualquer órgão público. A Ordem dos Advogados do
Brasil, cujas características são autonomia e independência, não
pode ser tida como congênere dos demais órgãos de fiscalização
profissional. A OAB não está voltada exclusivamente a finalidades
corporativas. Possui finalidade institucional. Embora decorra de
determinação legal, o regime estatutário imposto aos empregados
da OAB não é compatível com a entidade, que é autônoma e
independente. Incabível a exigência de concurso público para
admissão dos contratados sob o regime trabalhista pela OAB51.
Dessa forma, com essa interpretação dada pelo STF, a OAB não seria
propriamente uma exceção, já que seria entidade totalmente desvinculada da
Administração. Tradicionalmente era considerada como uma autarquia, como
são os demais Conselhos52 profissionais:
RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. CONSELHO FEDERAL DE
CONTABILIDADE. NATUREZA JURÍDICA. AUTARQUIA FEDERAL.
COMPETÊNCIA. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. REGIME
JURÍDICO.

pública, para efeito da dispensa referida no parágrafo único do art. 2o da Emenda Constitucional no
51, de 14 de fevereiro de 2006, considerando-se como tal aquele que tenha sido realizado com
observância dos princípios referidos no caput.
51
STF, ADI 3.026/DF, relator Ministro Eros Grau, publicação DJ 29/09/2006.
52
STF, MS 21.797/RJ, relator Ministro Carlos Velloso, publicação DJ 18/05/2001: ENTIDADES
FISCALIZADORAS DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL. CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIA:
NATUREZA AUTÁRQUICA. Lei 4.234, de 1964, art. 2º. FISCALIZAÇÃO POR PARTE DO TRIBUNAL
DE CONTAS DA UNIÃO. I. Natureza autárquica do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais
de Odontologia. Obrigatoriedade de prestar contas ao Tribunal de Contas da União. Lei
4.234/64, art. 2º. C.F., art. 70, parágrafo único, art. 71, II. II. Não conhecimento da ação de
mandado de segurança no que toca à recomendação do Tribunal de Contas da União para
aplicação da Lei 8.112/90, vencido o Relator e os Ministros Francisco Rezek e Maurício Corrêa.
III. Os servidores do Conselho Federal de Odontologia deverão se submeter ao regime único da
Lei 8.112, de 1990: votos vencidos do Relator e dos Ministros Francisco Rezek e Maurício
Corrêa. (...).

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1. Após o julgamento da ADIn n.º 1.717/DF, ficou reafirmada pela
Suprema Corte a natureza jurídica de direito público dos serviços de
fiscalização de profissões regulamentadas, restando imaculada,
ainda, sua inserção dentre as autarquias. Por essa razão, compete à
Justiça Federal apreciar o presente feito, ex vi do art. 109, inciso I,
da Constituição Federal.
2. O regime jurídico aplicável aos funcionários dos conselhos de
fiscalização profissional, no âmbito federal, por força do art. 1.º do
Decreto-lei n.º 968, de 13 de outubro de 1969, era, como regra, o
celetista, até o advento da Lei n.º 8.112, de 11 de novembro de
1990 que, pelo seu art. 243, regulamentando o art. 39 da
Constituição Federal (redação originária), instituiu o Regime Jurídico
Único, no caso, sendo escolhido o estatutário. Essa situação
perdurou até o advento da Emenda Constitucional n.º 19, de 04 de
junho de 1998, que deu nova redação ao art. 39 da Carta Magna,
extinguindo a obrigatoriedade de um regime único, passando a
prevalecer a regra especial insculpida no § 3.º do art. 58 da Lei n.º
Lei n.º 9.649/98 – mantido incólume pelo Supremo Tribunal Federal
por ocasião do julgamento da ADIn n.º 1.717/DF –, que prevê o
regime celetista.53

Malgrado todas as exceções referidas, não se deve perder de vista que, seja
cargo, seja emprego, como regra geral, será exigível o concurso público.

PARA GUARDAR

9 Regime jurídico é o conjunto de regras que disciplina determinado


instituto.
9 Essas normas podem ser estabelecidas por lei (regime legal ou
estatutário) ou por contrato (regime contratual).
9 O gênero agentes públicos abrange todas as pessoas que, de uma
forma ou de outra, mesmo que transitoriamente e sem remuneração, prestam
algum tipo de serviço ao Estado.
9 Entre os agentes, encontram-se três espécies principais, quais sejam, os
agentes políticos, os agentes em delegação e os servidores públicos.

53
STJ, REsp 658.240/RJ, relatora Ministra Laurita Vaz, publicação DJ 06/11/2006. Acompanhe
também, o julgamento, no STF, do MS 26.149/DF, proposto pelo Conselho Regional de
Odontologia, onde pede suspensão da decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que
determinou a realização de concurso público para admissão de pessoal pelos conselhos federal e
regionais de odontologia. O pedido de liminar foi indeferido em janeiro de 2007, da mesma
forma o pedido de reconsideração, indeferido em março do mesmo ano, pois os servidores do
CFO “deverão se submeter ao regime da Lei 8112/1990”, sendo exigido concurso público, não
cabendo sua comparação aos da OAB, pois esta possui natureza distinta dos demais Conselhos.

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9 Agentes políticos são os que compõem os altos escalões do Governo
(Presidente da República, Governador, Prefeito, Senador, Deputado, Vereador
e Magistrado).
9 Agentes em delegação são aqueles particulares que recebem do
Estado a competência para executar determinada atividade pública, ou
prestação de serviço público ou, ainda, construção de obra pública (leiloeiros,
peritos, tradutores, concessionários, permissionários e autorizatários).
9 Servidores públicos (ou agentes administrativos), em sentido amplo,
são todos os que prestam serviços ao Estado, incluindo a Administração
Pública Indireta, tendo vínculo empregatício e pagos pelos cofres públicos.
Nessa classificação estão: servidores estatutários, sujeitos ao regime legal,
empregados públicos, do regime contratual, e os temporários, nos termos
do art. 37, IX, da CF/88.
9 Os servidores estatutários (ou funcionários públicos), são os titulares
de cargos públicos e estão sujeitos ao regime legal.
9 Empregados públicos são aqueles contratados, seguindo o regime
trabalhista, próprio da iniciativa privada.
9 Os temporários são aqueles contratados para atividades, obviamente,
temporárias, submetidos a um regime jurídico especial.
9 O conteúdo original do caput do art. 39 determinava que a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios deveriam instituir, no âmbito de sua
competência, regime jurídico único (RJU) e planos de carreira para os
servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações
públicas.
9 Não se exigia, obrigatoriamente, o regime estatutário, mas sim um
mesmo regime para todos.
9 Com a EC nº 19/98, alterou-se o texto do artigo 39, deixando de ser
necessária a fixação de um único regime jurídico para todos os servidores,
passando a ser possível a convivência, numa mesma esfera de governo, de
múltiplos regimes jurídicos, cada qual estabelecendo regras de determinada
carreira, com peculiaridades próprias de cada caso. Contudo, na ADI 2.135
(julgamento em 02/08/2007) o STF suspendeu, cautelarmente e com efeito ex
nunc, a alteração do caput do art. 39, CF/88, retornando sua redação original,
onde se exige a existência de um Regime Jurídico Único (RJU) dos Servidores
Públicos. Assim, a partir dessa decisão, tornou-se inaplicável a Lei nº
9.962/2000.
9 O Estatuto não é imutável. Ao contrário, não cabe argüir violação ao
direito adquirido contra mudanças no regime jurídico. Para o STF, não
há direito adquirido que garanta imutabilidade do regime jurídico.
9 Pode a Administração alterar unilateralmente as regras.
9 Quando da mudança unilateral da lei, as situações já consolidadas
devem ser respeitadas.
9 Cargo é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas
na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor. É

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criado por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres
públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão.
9 Efetivo: se o preenchimento pressupõe continuidade e permanência no
cargo. Em comissão: também chamado de confiança, está atrelado à
confiança que determinada autoridade tem em seu auxiliar, e é temporário.
9 Ao celetista cabe o emprego público, que também é um conjunto de
atribuições, mas que se diferencia exclusivamente pelo vínculo que une seus
titulares ao Estado.
9 Funcionário (estatutário) será titular de um cargo; empregado
(celetista), titular de um emprego.
9 Função: refere-se a uma atribuição específica, pelo Poder Público, a um
agente. Ou seja, é o acréscimo de algumas atribuições àquelas já destinadas
ao agente, em especial relativas à chefia, direção ou assessoramento. É dita
função de confiança.
9 Funções de confiança → servidores ocupantes de cargo efetivo.
9 Cargos em comissão (= cargo em confiança) → servidores de carreira ou
não.
9 A investidura em cargo público depende de aprovação prévia em
concurso público de provas ou de provas e títulos, ressalvadas as
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração.
9 Aprovado em concurso público, dentro do número de vagas, o candidato
ainda não tem direito ao cargo. Porém, tem dois direitos assegurados: o de
ver respeitada a ordem de classificação e o de ser chamado com prioridade
sobre os demais aprovados em concurso subseqüente, dentro do prazo de
validade do primeiro.
9 Segundo a jurisprudência tradicional do STF, a aprovação em concurso
público gera mera expectativa de direito à investidura no cargo pleiteado (STF,
AI 373.054/SP, DJ 27/09/2002). A 5ª turma do STJ segue idêntico
entendimento (STJ, RMS 21.123/SC, DJ 06/08/2007).
9 Contudo, aos poucos isso vem mudando, sendo que a orientação
majoritária na 6ª turma do STJ é no sentido de que o candidato tem direito à
nomeação dentro das vagas previstas no edital (STJ, RMS 19.478/SP, DJ
16/05/2008). Recentemente a 1ª Turma do STF, ao enfrentar a questão, por 3
votos a 2 concluiu que há direito subjetivo à nomeação dentro do número
de vagas (STF, RE 227.480/RJ, julgamento 16.9.2008).
9 É possível a criação de “cadastro de reserva” com candidatos aprovados
em concurso público e classificados além do número de vagas originalmente
previsto no edital de convocação. Terão mera expectativa de direito,
consistente na possibilidade de poder vir a ser aproveitado, caso se verifiquem
as condições legais veiculadas para o ato (existência de vagas, concurso
tempestivo e disponibilidade orçamentária), bem como os requisitos de ordem
discricionária (efetiva necessidade de preenchimento das vagas e avaliação

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quanto à eficiência do concurso, consideradas as exigências contemporâneas
do cargo respectivo) (STF, RMS 24.119/DF, DJ 14/06/2002).
9 Exige-se a realização de concurso em atendimento ao princípio da
isonomia, ou igualdade, de forma que todos aqueles que atendam aos
requisitos estabelecidos tenham as mesmas condições para concorrer ao cargo
público. Não é um princípio absoluto. Características peculiares do cargo
podem justificar níveis de exigência ou particularidades específicas em cada
caso.

EXERCÍCIOS

1 - (CESPE/ASSISTENTE JUDICIÁRIO/TJPE/2001) O lugar que o servidor ocupa


na organização do serviço público, com denominação própria, responsabilidade
e obrigações específicas, assim como pela respectiva remuneração,
corresponde ao conceito de
a) função pública.
b) lotação.
c) cargo em comissão.
d) carreira.
e) cargo público.

2 - (CESPE/ASSISTENTE JUDICIÁRIO/TJPE/2001) Mara foi convidada e


designada para exercer função de confiança na administração do TJPE. Acerca
dessa hipótese e do tratamento que a Constituição da República dispensa às
funções de confiança, assinale a opção correta.
a) A designação de Mara para exercer a função dependerá de prévia aprovação
em processo de seleção simplificada.
b) Mara somente poderá ser designada para exercer a função de confiança se
ocupar cargo efetivo na administração pública.
c) O afastamento de Mara da função dependerá de processo em que lhe seja
assegurada ampla defesa.
d) Mara somente poderá ser destituída da função mediante processo judicial
específico.
e) Mara somente poderá ser afastada da função de confiança a pedido.

3 - (CESPE/AUXILIAR JUDICIÁRIO/TJPE/2001) Com relação aos cargos em


comissão, assinale a opção correta.
a) Pressupõem prévia aprovação em concurso público, mas permitem livre
exoneração de seus ocupantes.

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b) A nomeação de seus ocupantes independe de prévia aprovação em concurso
público, mas sua exoneração depende de processo administrativo próprio.
c) A investidura depende da realização de processo simplificado de seleção.
d) Poderão ser exercidos somente por ocupantes de cargos efetivos.
e) Somente poderão ser criados para o exercício de atividades de chefia,
direção e assessoramento.

4 - (CESPE/ASSISTENTE JUDICIÁRIO/TJPE/2001) João, na condição de


ocupante de cargo efetivo, e José, comissionado sem vínculo efetivo com a
administração, cometeram, no exercício de suas atribuições, ato de
improbidade administrativa. Nessa situação hipotética, deve-se aplicar a pena
de
a) demissão a ambos.
b) destituição a ambos.
c) exoneração a ambos.
d) demissão a João e de destituição a José.
e) demissão a João e de exoneração a José.

5 - (CONTROLADOR DE ARRECADAÇÃO/RIO DE JANEIRO/2002) Com relação à


garantia do direito adquirido, em relação à aposentadoria do servidor
público, é correto afirmar que:
a) obriga que o servidor seja inativado de ofício
b) exclui do alcance de qualquer modificação o servidor que ingressou no
serviço público quando vigiam regras diferentes
c) não impede a modificação de regime jurídico do servidor que ainda não
preencheu os requisitos para inativar-se segundo as regras do regime anterior
d) assegura que o servidor se aposente de acordo com as regras do regime
anterior, mesmo que somente venha a preenchê-las depois do regime haver
sido modificado

6 - (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT-5/2003) A Lei no 8.112/90 prevê a


incidência de seu regime jurídico para, entre outros,
a) servidor público que venha a ingressar em cargo efetivo em fundação
pública de um Estado.
b) servidor público que venha a ingressar em cargo efetivo na Administração
Direta do Distrito Federal.
c) empregado público que venha a ingressar em emprego na Administração
Direta da União.
d) empregado público que venha a ingressar em emprego em sociedade de
economia mista federal.

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e) servidor público que venha a ingressar em cargo em comissão em autarquia
federal.

7 - (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRF5/2003) A Constituição Federal, ao


disciplinar a investidura em cargo e emprego públicos, determina que
a) depende sempre de concurso público de provas ou de provas e títulos, de
acordo com a complexidade do cargo ou emprego.
b) é vedada a contratação de servidor por tempo determinado, mesmo para
atender a necessidade temporária de excepcional interesse público.
c) os cargos em comissão serão sempre exercidos por servidores de carreira,
previamente aprovados em concurso público.
d) os estrangeiros não terão acesso aos cargos públicos, mas somente aos
empregos públicos, sem direito à estabilidade.
e) a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas
portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão.

8 - (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT19/2003) Determinada Prefeitura


promoveu a realização de concurso público, com prazo de validade de 2 anos,
para preenchimento de dez vagas de médico, para contratação pelo regime
celetista. Na ocasião, foram preenchidas apenas oito vagas, apesar de haver
mais cinco candidatos aprovados que não foram convocados. Passado um ano
e meio, a mesma Prefeitura promoveu novo concurso para preenchimento das
duas vagas restantes de médico. Diante dessa situação, é correto dizer que
a) o segundo concurso é válido, mas os aprovados no primeiro concurso
deverão ser convocados com prioridade sobre os novos concursados.
b) os concursos foram realizados sem base constitucional, vez que não se
tratava de preencher cargos efetivos.
c) o segundo concurso é nulo, vez que os aprovados no primeiro deveriam ter
sido convocados para preencher as duas vagas restantes antes que se
realizasse um novo concurso.
d) o segundo concurso é ineficaz, vez que os aprovados no primeiro deveriam
ter sido convocados para preencher as duas vagas restantes antes que se
realizasse um novo concurso.
e) o segundo concurso é válido, podendo ser convocados, de imediato, a
critério da administração, os aprovados neste concurso.

9 - (ESAF/TRF/2002-2) Assinale entre os seguintes cargos públicos, aquele que


não pode ser provido em comissão:
a) Secretário da Receita Federal
b) Assistente do Diretor da Imprensa Nacional
c) Gerente do Departamento Municipal de Saúde Pública

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d) Motorista do veículo oficial do Prefeito Municipal
e) Diretor de escola pública estadual

10 - (ESAF/AFRF/2002-2) A imposição constitucional de prévia aprovação em


concurso público para investidura em cargo ou emprego público veda a adoção
do seguinte instrumento de movimentação de pessoal:
a) acesso
b) permuta
c) promoção
d) reintegração
e) progressão horizontal

11 - (CESPE/FISCAL INSS/98) A Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990,


que dispõe sobre o Regime Jurídico Único (RJU) dos servidores públicos civis
federais, sofreu diversas e profundas alterações com a conversão da Medida
Provisória nº 1.573, e suas diversas reedições, na Lei nº 9.527, de 10 de
dezembro de 1997. Acerca dessas alterações, julgue os itens abaixo.
(1) Apenas os servidores da União e das autarquias federais passam a ser
regidos pelo RJU; os empregados de empresas públicas, sociedades de
economia mista e fundações públicas serão regidos pelo regime celetista.
(2) A ascensão e o acesso, que já haviam sido declarados inconstitucionais
pelo STF, foram excluídos do RJU.
(3) Da data da posse, o servidor deverá entrar em exercício no prazo de
quinze dias, improrrogáveis.
(4) O estágio probatório para servidor nomeado para cargo de provimento
efetivo passa a ser de trinta meses.
(5) Passa a ser admitida a demissão de servidor estável em decorrência de
número excessivo de servidores.

12 - (CESPE/OAB/2007.1) A respeito dos agentes públicos, assinale a opção


correta.
A) Os particulares em colaboração com o poder público são considerados
servidores públicos.
B) Considere que um cidadão ocupe cargo efetivo de professor em
determinado município e tenha sido aprovado em concurso público de técnico
judiciário, cargo acessível aos que detenham nível médio de escolaridade, em
qualquer área do conhecimento. Nessa situação, os dois cargos referidos são
acumuláveis.
C) A demissão de servidor público tem natureza punitiva, enquanto a
exoneração não tem esse caráter.

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D) Ao servidor público que tomou posse após a Emenda Constitucional n.º
41/2003 serão exigidos para aposentadoria por invalidez os seguintes
requisitos: 10 anos de tempo de serviço público, 5 anos no cargo efetivo em
que se dará a aposentadoria, idade mínima de 60 anos para os homens e 55
para as mulheres e tempo de contribuição de 35 anos para o homem e de 30
anos para as mulheres.

13 – (ESAF/PGDF/2007-2) No que tange à administração pública, JULGUE.


I - De acordo com entendimento dos Tribunais Superiores, o princípio da
exigibilidade do concurso público aplica-se também, em todos os
recrutamentos de pessoal, às sociedades de economia mista e às empresas
públicas, independentemente de serem prestadoras de serviço público ou
exploradoras de atividade econômica.

14 – (ESAF/AFC-CGU/2008) A respeito das necessidades temporárias de


excepcional interesse público é correto afirmar, exceto:
a) considera-se necessidade temporária de excepcional interesse público as
atividades especiais nas organizações das Forças Armadas para atender à área
industrial ou encargos temporários de obras e serviços de engenharia.
b) considera-se necessidade temporária de excepcional interesse público as
atividades finalísticas do Hospital das Forças Armadas.
c) considera-se necessidade temporária de excepcional interesse público a
admissão de professor substituto e professor visitante.
d) as contratações para substituir professor afastado para capacitação ficam
limitadas a 10% (dez por cento) do total de cargos de docentes da carreira
constante do quadro de lotação da instituição.
e) não será admitida a contratação de professor e pesquisador visitante
estrangeiro.

15 – (CESPE/STF/ANALISTA JUD/2008) Astrogildo foi aprovado no concurso


público para provimento de cargo de analista judiciário de determinado
tribunal, que foi homologado em 24 de novembro de 1997. Astrogildo, que
estava doente, tomou posse por meio de procuração, mas só iniciou o seu
trabalho efetivamente dez dias depois da posse, o que ocorreu em janeiro de
1998.
Com base na situação hipotética apresentada acima e de acordo com o regime
jurídico dos servidores públicos, julgue os itens a seguir.
I Para que Astrogildo obtivesse a estabilidade, conforme o texto constitucional,
bastariam o transcurso do prazo de 2 anos, a contar da data em que entrou
em exercício, e, ainda, a aprovação em avaliação especial de desempenho por
comissão instituída para essa finalidade.

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II Astrogildo poderia tomar posse e entrar em exercício por meio da
procuração dada a sua esposa, desde que esse instrumento legal contivesse
poderes especiais também para a entrada em exercício.

16 – (CESPE/TST/ANALISTA ADM/2008) Relativamente ao direito


administrativo, julgue o item a seguir.
I Como a lei determina que os órgãos do Poder Judiciário da União devem
destinar ao menos 80% do total das funções comissionadas a servidores
integrantes das carreiras dos seus quadros de pessoal, ao menos 80% dos
cargos comissionados devem ser ocupados por servidores que ocupam cargos
de provimento efetivo.

GABARITO COMENTADO

1. E – nos termos do art. 3º da Lei nº 8.112/90, cargo público é o conjunto


de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que
devem ser cometidas a um servidor.
2. B – a função de confiança é exclusividade dos ocupantes de cargo
efetivo, nos termos do art. 37, V, CF/88: “as funções de confiança, exercidas
exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições
e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de
direção, chefia e assessoramento”. A designação para exercer função
independe de prévia aprovação em processo de seleção simplificada. O
afastamento de função é discricionário, e independe de processo ou
motivação, podendo ser destituída a qualquer tempo, pela autoridade
competente, ou a pedido.
3. E – os cargos em comissão só podem ser criados para o exercício de
atividades de chefia, direção e assessoramento: art. 37, V, CF/88. Seu
provimento independe de prévia aprovação em concurso público ou em
processo simplificado de seleção, e sua exoneração é discricionária, e
independe de processo ou motivação, podendo o nomeado ser destituído a
qualquer tempo, pela autoridade competente, ou a pedido. Não precisa ser
ocupante de cargo efetivo.
4. D – João = ocupante de cargo efetivo = demissão. José = ocupante de
cargo comissionado sem vínculo efetivo com a administração = destituição.
5. C – não existe direito adquirido à imutabilidade do regime
jurídico. Assim, o direito adquirido não impede a modificação de regime
jurídico do servidor que ainda não preencheu os requisitos para inativar-se
segundo as regras do regime anterior. Somente teria direito adquirido se
houvesse preenchido todos os requisitos para aposentar-se, segundo as regras
da época.
6. E – a Lei nº 8112/90 dispõe sobre o regime jurídico dos servidores
públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais,

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incluindo os titulares de cargo efetivo e em comissão. Exclui os estaduais,
distritais ou municipais, bem assim os titulares de empregos, vinculados estes
à CLT.
7. E – nos termos do art. 37, VIII, CF/88, a lei reservará percentual dos
cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e
definirá os critérios de sua admissão. A investidura em cargo em comissão
independe de concurso. A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo
determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse
público (art. 37, IX, CF/88). As funções de confiança, exercidas exclusivamente
por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais
mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia
e assessoramento (art. 37, V, CF/88). Os cargos, empregos e funções públicas
são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em
lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei (art. 37, I, CF/88).
8. A – nos termos do art. 37, IV, CF/88, durante o prazo improrrogável
previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de
provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos
concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira. Assim,
perfeitamente possível a existência de um concurso quando o anterior ainda
estiver válido, desde que se respeite o direito previsto nesse inciso. Essa regra
vale para todos os entes da federação, e note que a questão faz menção a
“determinada Prefeitura”. No entanto, na esfera federal, de acordo com a Lei
nº 8.112/90, não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato
aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expirado (art. 12, §
2º), previsão esta perfeitamente compatível com a regra constitucional.
9. D – o cargo de motorista deve ser efetivo, não havendo motivo para ser
em comissão. Por outro lado, Secretário da Receita Federal, Assistente do
Diretor da Imprensa Nacional, Gerente do Departamento Municipal de Saúde
Pública e Diretor de escola pública estadual, por suas características de
direção, chefia e assessoramento, que envolvem confiança entre seu ocupante
e a autoridade que o nomeia.
10. A – o acesso já foi considerado inconstitucional pelo STF, pois previa
hipótese de provimento de cargo sem concurso, violando a regra
constitucional.
11. ECCEE – com a promulgação da EC nº 19/98, deixou de ser exigida a
existência de um Regime Jurídico Único – RJU, sendo possível o Regime
Estatutário ou o Celetista na Administração Direta, autárquica ou fundacional.
A ascensão e o acesso, que já haviam sido declarados inconstitucionais pelo
STF, foram excluídos da Lei nº 8.112/90. Da data da posse, o servidor deverá
entrar em exercício no prazo de quinze dias, improrrogáveis. O estágio
probatório para servidor nomeado para cargo de provimento efetivo passa a
ser de 3 anos, nos termos do entendimento vinculante da Administração
Pública Federal. Passa a ser admitida a perda do cargo de servidor estável
em decorrência do excesso de gastos com servidores (art. 169, § 4º, CF/88).

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PROFESSOR: LEANDRO CADENAS
12. C – os particulares em colaboração com o poder público não são
considerados servidores públicos. O cargo efetivo de professor não é
acumulável com o cargo técnico judiciário, acessível aos que detenham nível
médio de escolaridade. A demissão de servidor público tem natureza punitiva,
enquanto a exoneração ocorre nos demais casos (onde não há sanção). Para
aposentadoria por invalidez, não são exigidos requisitos além da própria
invalidez. No entanto, o valor será proporcional ao tempo de contribuição,
exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença
grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei.
13. E – Nem sempre se exige concurso, como, por exemplo, no caso dos
temporários, aqueles contratados para atividades transitórias, emergenciais,
nos termos do art. 37, IX, da CF/88.
14. E – Lei nº 8.745/93, art. 2º.
15. CE – Embora a EC nº 19/98 tenha alterado para 3 anos o prazo para
estabilidade, garantiu o mesmo prazo anterior, de 2 anos, para quem já o
havia iniciado. Lei nº 8.112/90, art. 13, § 3º A posse poderá dar-se mediante
procuração específica.
16. E – CF/88, art. 37, V: 100% das funções de confiança devem ser
exercidas por servidores ocupantes de cargo efetivo.

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