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SERVIDORES PÚBLICOS

1 – AGENTES PÚBLICOS

- SERVIDOR PÚBLICO É ESPÉCIE DO GÊNERO AGENTES PÚBLICOS,


compreendidos como todos os sujeitos que servem ao Poder Público como instrumento
de sua vontade ou ação, ainda que ocasional ou episodicamente. O art. 2ºda Lei nº
8429/92 (Lei de Improbidade) traz uma definição.

- A noção de agente público abarca: Chefe do Poder executivo, ocupantes de cargos ou


empregos públicos, servidores de autarquias, empresas públicas, sociedades de
economia mista, concessionários e permissionários de serviço público, delegado de
função pública, requisitados, contratados sob locação civil de serviços e gestores de
negócios públicos.

- Não é apenas acadêmica a identificação dos agentes públicos. Para impetração de


mandado de segurança, responsabilidade civil do Estado, Lei 8429, por exemplo, tem
grande importância.

2 – CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES PÚBLICOS

2.1 – Agentes Políticos: titulares dos cargos estruturais à organização política do País,
ou seja, aqueles que integram o arcabouço constitucional do Estado, o esquema
fundamental de Poder. Por isso diz-se que são os formadores da vontade superior do
Estado. Guardam vínculo com o Estado de natureza política, não de natureza
profissional. Para Celso Antonio Bandeira de Mello, o que os liga ao Estado não é a
atividade profissional, mas a qualidade de cidadãos. Ex: deputados, senadores,
vereadores, Presidente da República.
Embora com vozes dissonantes, há uma tendência doutrinária em incluir os membros do
Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Tribunais de Contas da União como
agentes políticos.

2.2 – Servidores Públicos: designação genérica para englobar, de modo abrangente,


todos aqueles que mantêm vínculos de trabalho profissional com as entidades
governamentais, integrados em cargos ou empregos da União, Estado, Distrito Federal
e Municípios, respectivas autarquias e fundações de Direito Público. Ou seja, mantém
relação de trabalho de natureza profissional e caráter não eventual sob vínculo de
dependência.

Podem ser: (a) titulares de cargo público – antes denominados funcionários públicos; ou
(b) empregados sob vínculo celetista (funções materiais subalternas, contratação
temporária, remanescentes do regime anterior).

O Professor Celso Antonio Bandeira de Mello inclui como categoria a parte os


servidores das pessoas governamentais de Direito Privado: empregados de empresas
públicas, sociedades de economia mista e fundações de Direito Privado instituídos pelo
Poder Público, regidos pelo regime trabalhista.
2.3 – Particulares em colaboração com a Administração: requisitados para prestação
de atividades públicas (jurados, membros de mesa receptora de votos, recrutados para
serviço militar); os que assumem gestão da coisa pública perante situação anômala;
contratação por locação civil; concessionário e permissionário de serviço público, bem
como delegado de função ou ofício público.

OBS1: FUNCIONÁRIO DE FATO: aquele cuja investidura foi irregular, mas cuja
situação tem a aparência de legalidade. Em nome do princípio da aparência, da boa-fé,
da segurança jurídica e da presunção de legalidade dos atos administrativos, seus atos
são reputados válidos, se por outra razão não forem viciados.

OBS2: MILITARES: Considerados servidores públicos antes da EC 18/98. Na


realidade não há distinção entre os servidores civis ou militares, a não ser pelo regime
jurídico parcialmente diverso (art. 142, par. 3º, VIII, CF, determina os dispositivos
aplicáveis aos servidores civis que se aplicam aos militares).

3 – CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES

3.1 – CARGOS - São as mais simples unidades de competência a serem expressadas por
um agente, previstas em número certo, com denominação própria, retribuídas por
pessoas jurídicas de Direito Público e criadas por lei. Submetem-se ao regime
estatutário ou institucional, ou seja, não contratual.

3.2 – FUNÇÕES – plexos unitários de atribuições, criados por lei, correspondentes a


encargos de direção, chefia ou assessoramento, a serem exercidas por titular de cargo
efetivo, da confiança da autoridade que as preenche. Difere dos cargos em comissão.
Há também as funções exercidas por servidores contratados temporariamente com base
no art. 37, IX, CF, para necessidade excepcional de interesse público.

3.3 – EMPREGADOS PÚBLICOS – núcleo de encargos de trabalho permanentes a


serem preenchidos por agentes contratados sob relação trabalhista. Na Administração
direta, autarquias e fundações públicas, ou seja, pessoas jurídicas de direito
público, tem que ser criado por lei. Aplica-se o regime da CLT.

OBS:

ADMINISTRAÇÃO DIRETA E PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO


(AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS) – Admitem cargos e empregos, mas deve-
se atentar à necessidade do regime jurídico único do art. 39 da Constituição Federal de 1988.

PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO (EMPRESAS PÚBLICAS E


SOCIEDADES DE ECONOMIA PÚBLICA) – Admitem somente empregos.

4 – REGIME JURÍDICO, ADMISSÃO E DISPENSA NAS ESTATAIS (empresas


públicas e sociedades de economia mista)
O regime jurídico das empresas de economia mista e empresas públicas é
exclusivamente celetista.

As normas de acessibilidade e concurso público, contudo, aplicam-se para todo universo


da Administração, ou seja, sociedades de economia mista e empresas públicas também
se sujeitam a elas.

No entanto, pessoas estatais constituídas para exploração de atividade econômica


disporão de liberdade para contratar diretamente empregados em duas hipóteses:

a) A adoção de concurso público tolhe a possibilidade de captar profissional


especializado que o mercado absorve com presteza e interesse;

b) Nos casos em que o recurso a tal procedimento impede o normal prosseguimento de


suas atividades.

Os empregados de estatais não possuem estabilidade, conforme art. 41 da CF com


a modificação da EC 19/98. Todavia, não é livre o desligamento de seus empregados,
pois deve haver fundamentação adequada dos motivos que ensejaram a demissão, pois
se exige transparência, isonomia e fundamentação satisfatória, necessários para a prática
de qualquer ato praticado pela Administração Pública.

5 – ADMISSÃO DE EMPREGADO (REGIME DA CLT) NA ADMINISTRAÇÃO


DIRETA

A CF tem inúmeros dispositivos que o admitem: 51, IV; 52, XIII; 61, par. 1º, II, a;

A Lei nº 9.962/2000 autoriza a contratação de empregados públicos no âmbito da


Administração direta, autarquias e fundações no âmbito federal.

O art. 3º da Lei nº 9.962/2000 regulamenta as hipóteses de dispensa de empregados na


(falta grave, acumulação ilegal de cargos, necessidade de redução dos quadros,
insuficiência de desempenho). Na contratação decorrente da autonomia de gestão, do
art. 37, par. 8º, CF, há uma liberdade maior de dispensa.

Para Celso Antonio Bandeira de Mello, o regime celetista na Administração direta,


autárquica e fundacional deve ser utilizado apenas para serviços subalternos (limpeza,
auxiliar de serviços gerais, etc.), ou seja, para aqueles que podem exercer as funções
sem necessidade da garantia do cargo.

6 - CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA SEM CONCURSO

Permitida para atender necessidade temporária de excepcional interesse público. A


atividade é temporária, eventual ou há necessidade temporária (art. 37, IX, CF).

A Lei 8745/93 regulamenta. Embora não exija concurso, a lei exige processo seletivo
simplificado com ampla divulgação.
REGIME JURÍDICO ÚNICO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA,
AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS

O STF, por ocasião do julgamento da medida cautelar na ADIN 2135/DF, com efeito ex
nunc, reestabeleceu a exigência de adoção do regime jurídico único para os entes
federados, suas autarquias e fundações públicas, prevista no caput do art. 39, CF. A decisão
tem efeitos ex nunc, ou seja, ficam convalidadas as contratações sob vínculo empregatício
efetivadas pela Administração anteriores à decisão da ADI.

Na esfera federal, o regime é o estatutário, por força do art. 2º da Lei nº 8112/90, que
acolheu para a Administração Direta, autárquica e fundacional exclusivamente o regime de
cargo, vale dizer, não há possibilidade de contratação por vínculo de emprego.

Nos Estados e Municípios, o regime jurídico único adotado dependerá do que determinar a
lei ou a Constituição de cada ente, mas como o regime jurídico é único, deve-se optar entre
o celetista ou estatutário. No entanto, embora o STF tenha reestabelecido a exigência de
regime jurídico único, na prática verifica-se que muitos Estados e Municípios ainda
contratam servidores com vínculo estatutário e celetista, a depender da natureza da função a
ser exercida.

No Estado de São Paulo, o art. 124 da Constituição do Estado de São Paulo determina que
“os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações instituídas ou
mantidas pelo Poder Público terão regime jurídico único e planos de carreira”. A Lei
estadual nº 10.261, de 28 de outubro de 1968, instituiu o regime jurídico dos servidores
públicos do Estado de São Paulo, excluindo de seu âmbito de incidência (art. 2º), contudo,
os empregados das autarquias (como Universidades estaduais, por exemplo), o que parece
violar o art. 39 da CF e o art. 124 da Constituição Estadual, que exigem, repise-se, regime
jurídico único.

No caso específico da contratação de celetistas, como professores em Universidades


públicas, diversos elementos devem ser analisados para analisar eventual injuridicidade da
medida ou incompatibilidade da contratação com o regime jurídico próprio dos servidores
autárquicos: se a contratação ocorreu por prazo determinado (Lei nº 8745/93); a espécie de
contratação de acordo com o Estatuto e Regulamentos da Universidade; se a contratação
visa o preenchimento do quadro efetivo da universidade; o regime de dedicação da
contratação (regime de dedicação integral, de turno parcial, etc.), dentre outras questões.

OBS: A Lei nº 8745/93 permite a contratação por tempo determinado nos casos ali
especificados.

7 – REGIME JURÍDICO ESTATUTÁRIO

Ao contrário do regime contratual, no regime jurídico estatutário NÃO há direito


adquirido ao regime jurídico, benefícios e vantagens podem ser suprimidos por meio de
lei.

RAZÕES PARA ADOÇÃO DO REGIME ESTATUTÁRIO: arcabouço


constitucional; interesse público na atuação dos servidores, pois instrumentos de
atuação do Estado, que almeja uma ação impessoal e técnica, desvinculada dos
interesses dos governantes de momento.

8 – CARGOS PÚBLICOS

- CRIAÇÃO: Criados por lei, salvo quando concernentes aos serviços auxiliares do
Legislativo, caso em que se criam por resolução, da Câmara ou do Senado, conforme se
trate de serviços de uma ou de outra destas Casas.

- EXTINÇÃO: A extinção ocorre por atos da mesma natureza (lei). EXCEÇÃO:


quando cargo ou função estiverem vagos, a extinção pode se operar mediante decreto
autônomo, de competência privativa do Presidente da República (art. 84, VI, b, CF),
podendo ser delegado aos Ministros de Estado, Procurador-Geral da República ou
Advogado-Geral da União (art. 84, parágrafo único, CF).

A iniciativa da lei ocorre por ato do Presidente da República (art. 61, par. 1º, CF). No
âmbito do Judiciário, pelo Presidente do Tribunal interessado e, no Ministério Público,
através de seu Procurador-Geral.

Para Hely Lopes Meirelles, a exigência de lei decorre do princípio da organização legal
do serviço público.

9 - CLASSIFICAÇÃO DOS CARGOS

A Lei nº 8112/90 classifica o cargo público em:

I – de carreira, quando encartados em uma série de “classes” escalonada em função do


grau de responsabilidade e nível de complexidade das atribuições. Classe é o conjunto
de cargos da mesma natureza de trabalho.

II – isolado, quando previstos sem inserção em carreiras.

Os cargos também podem ser classificados em:

A – cargos em comissão: ocupados em caráter transitório por pessoa de confiança da


autoridade competente para preenchê-los, a qual também pode exonerar ad nutum, ou
seja, livremente. São de livre escolha, nomeação e exoneração, de caráter provisório,
destinando-se às atribuições de direção, chefia e assessoramento, podendo recair ou não
em servidor efetivo do Estado (ex: Ministros de Estado, Secretários Estaduais, cargos de
direção e assessoramento superior (DAS),etc.)

OBS: “Súmula Vinculante nº 13, STF: A nomeação de cônjuge, companheiro ou


parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da
autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de
direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de
confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta
em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição
Federal.”
A Súmula proíbe o nepotismo em qualquer dos poderes dos entes federativos. Há
precedentes do STF no sentido de que a Súmula Vinculante nº 13 não se aplicaria para
os cargos políticos (Ministros de Estado, Secretários Estaduais, Secretários Municipais,
por exemplo), entendimento severamente criticado pela doutrina, tendo em vista que
a vedação ao nepotismo é aplicação lógica do art. 37, caput, da Constituição, em
decorrência da necessidade de observância aos princípios da moralidade e da
impessoalidade, não havendo justificativa razoável para um tratamento diferenciado.
Recentemente há alguns precedentes do Supremo Tribunal Federal (Rcl 17102, por
exemplo) admitindo o controle das nomeações de parentes para o exercício de tais
cargos políticos, para averiguar, além da observância dos princípios estatuídos no art.
37, caput, da Constituição Federal, a existência de capacidade técnica do nomeado para
o exercício da função, eventual “nepotismo cruzado” ou outra modalidade de fraude à
lei.

B – cargo de provimento efetivo: ocupantes em caráter definitivo. Providos por


concurso público. Adquirem estabilidade em três anos, após estágio probatório.
Verificada a estabilidade, há a efetivação.

C – cargo vitalício: designação utilizada para abarcar os servidores que somente podem
ser desligado mediante processo judicial. Para magistrados, Ministros do TCU e
Membro do MP.

10 – ACESSIBILIDADE AOS CARGOS E EMPREGOS PÚBLICOS

A Constituição estabelece o princípio da ampla acessibilidade aos cargos, empregos


e funções públicas, mediante concurso público. Também se admite a contratação de
estrangeiros, na forma da lei, após inclusão da EC 19/1998 (antes já havia previsão no
art. 207 da CF para contratação de professor estrangeiro. A Lei 8.745/93 também
permite contratação temporária de professor estrangeiro).

Exceção à regra do concurso público: cargos de provimento em comissão, de livre


nomeação e exoneração. Também não se aplica à contratação por tempo determinado
para atender necessidade temporária de excepcional interesse público (37, IX).

OBS: art. 198, par. 4º, CF – Estabeleceu processo seletivo público para agentes
comunitários de saúde e agentes de combate às endemias (lei 11.350/06 regulamentou).

Não há distinção de acesso entre brasileiros natos e naturalizados, salvo em relação aos
cargos arrolados no art. 12, par. 3º, CF, privativos de brasileiro nato.

OBS2: art. 39, par. 3º, CF - Admite requisitos diferenciados para admissão no cargo
quando a natureza o exigir, desde que por meio de lei.

OBS3: SÚMULAS E DECISÕES DO STF SOBRE O TEMA:

Súmula 684, STF

“É INCONSTITUCIONAL O VETO NÃO MOTIVADO À PARTICIPAÇÃO DE


CANDIDATO A CONCURSO PÚBLICO”.
Súmula nº 683, STF

“O LIMITE DE IDADE PARA A INSCRIÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO SÓ SE


LEGITIMA EM FACE DO ART. 7º, XXX, DA CONSTITUIÇÃO, QUANDO POSSA
SER JUSTIFICADO PELA NATUREZA DAS ATRIBUIÇÕES DO CARGO A SER
PREENCHIDO.”

Sobre o tema, o recente julgamento RE nº 600.885/RS, que exige a edição de lei para
estabelecimento de requisitos diferenciados no concurso público.

Súmula 686. STF

“SÓ POR LEI SE PODE SUJEITAR A EXAME PSICOTÉCNICO A HABILITAÇÃO


DE CANDIDATO A CARGO PÚBLICO”.

STF: após publicado edital de concurso, somente se admite a modificação se por meio
da superveniência de lei.

OBS4: demais observações

- Na esfera federal, concurso regulamentado pelo Decreto 6944/2009.

- Art. 37, III – Concurso público tem validade de 2 (dois) anos, prorrogável por mais
dois. Contagem a partir da homologação. Inciso IV: dentro do prazo de validade não
pode chamar aprovados de novo concurso.

- Art. 12, par. 2º, Lei 8112: não abrirá novo concurso enquanto houver candidato
aprovado em concurso anterior com prazo de validade não expirado.

APROVAÇÃO NO CONCURSO GERA DIREITO SUBJETIVO À


NOMEAÇÃO?

Em primeiro lugar, a Súmula 15 do STF determina que dentro do prazo de validade do


concurso, o candidato aprovado tem o direito à nomeação, quando o cargo for
preenchido sem observância da classificação.

Atualmente, o STF tem o seguinte posicionamento: os candidatos aprovados em


concurso público dentro do número de vagas previstas no edital possuem direito
subjetivo à nomeação para posse, ressalvada a possibilidade da recusa, pela
Administração Pública, da nomeação de aprovados que passaram dentro do número de
vagas previstas no edital, desde que devidamente motivada, sendo que tal motivação é
suscetível de apreciação pelo Poder Judiciário.

- DESVIO DE FUNÇÃO

Se concurso é realizado para determinado cargo, mas o candidato aprovado passa a


executar tarefas diversas daquelas previstas na lei ou respectivo edital, correspondentes
ao exercício de outro cargo público?
Súmula 378, STJ: Reconhecido o desvio de função, o servidor faz jus às diferenças
salariais decorrentes.

11 – DEMISSÃO, EXONERAÇÃO E DISPENSA

Demissão é o desligamento do cargo com caráter sancionatório, punição por falta grave.

Sempre tem caráter punitivo, razão pela qual a perda do cargo por insuficiência de
desempenho é considerada hipótese de exoneração, nada obstante se revestir, de certa
forma, do caráter de punição.

Exoneração é o desligamento sem caráter sancionador, e ocorre a pedido ou ex officio.

A perda do cargo efetivo pode ocorrer em quatro hipóteses (art. 41, par. 1º, CF): (a)
sentença judicial transitada em julgado; (b) processo administrativo com ampla defesa;
(c) insuficiência de desempenho, verificada mediante avaliação periódica, na forma de
lei complementar, assegurada ampla defesa; (d) excesso de despesa com pessoal, nos
termos do art. 169, par. 4º, CF.

OBS: cargo vitalício apenas por sentença judicial transitada em julgado.

Dispensa é termo utilizado para denominar o rompimento do vínculo em relação ao


empregado admitido pela CLT quando não há justa causa por esta prevista.

- O servidor titular de cargo efetivo na Administração tem direito à


ESTABILIDADE

Estabilidade: o direito de não ser demitido do serviço público, salvo se incidir em falta
funcional grave, apurada em processo judicial ou administrativo em que lhe seja
assegurada ampla defesa ou em consequência de avaliação periódica de desempenho,
igualmente assegurada ampla defesa. Adquirida após o período de estágio probatório, de
3 anos.

Como já referido, há apenas 04 (quatro) modos do servidor estável perder o cargo: (a)
sentença transitada em julgado; (b) processo administrativo em que seja assegurada
ampla defesa ou (c) mediante processo de avaliação periódica de desempenho, na forma
de lei complementar; (d) para ajustar corte necessário ao limite orçamentário, conforme
art. 169, par. 4º, CF.

A Emenda 19/98 flexibilizou o instituto da estabilidade, na medida em que permitiu a


exoneração do servidor estável por insuficiência de desempenho, na forma do que
dispuser lei complementar.

12 – NORMAS CONSTITUCIONAIS SOBRE O REGIME JURÍDICO DO


SERVIDOR PÚBLICO

A CF traz previsão tanto de contenção e controle de despesa, quando disciplinou


aspectos do regime jurídico de cargos e empregos.
A) NORMAS DE CONTENÇÃO DE DESPESAS:

Art. 169, CF determina que a despesa com pessoal ativo e inativo em cada um dos
níveis de governo não poderá exceder o limite estabelecido em Lei Complementar.
Enquanto não editada, vigorou o limite do art. 38 do ADCT, de 65% das receitas
correntes.

A LC 101/2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal, fixou para a União o limite de 50%


da receita corrente líquida (art. 2º, IV, da Lei) e 60% para os demais entes federativos.

Art. 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal traz limites de gasto de pessoal para cada
Poder.

- PARA CONCESSÃO DE VANTAGENS, AUMENTO DE REMUNERAÇÃO,


CRIAÇÃO DE CARGOS, EMPREGOS OU FUNÇÕES (art. 169, par. 1º, CF), HÁ
NECESSIDADE DE:

1 – PRÉVIA DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA;

2 – AUTORIZAÇÃO ESPECÍFICA NA LDO (LEI DE DIRETRIZES


ORÇAMENTÁRIAS).

B) NORMAS RELATIVAS À REMUNERAÇÃO DOS AGENTES PÚBLICOS

- Diferença entre vencimento e remuneração:

Vencimento é a retribuição pecuniária pelo exercício do cargo público. Remuneração


é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes
estabelecidas em lei (arts. 40 e 41 da Lei nº 8.112/90).

SÚMULA VINCULANTE Nº 16

“OS ARTIGOS 7º, IV, E 39, § 3º [que estabelece a obrigatoriedade do salário-


mínimo], DA CONSTITUIÇÃO, REFEREM-SE AO TOTAL DA REMUNERAÇÃO
PERCEBIDA PELO SERVIDOR PÚBLICO.”

Assim, nada impede que o vencimento seja inferior ao salário-mínimo. Se o total da


remuneração não atingir o salário-mínimo, deve haver complementação até atingi-lo
(abono).

IMPORTANTE: SÚMULA VINCULANTE Nº 15 - STF

“O CÁLCULO DE GRATIFICAÇÕES E OUTRAS VANTAGENS DO SERVIDOR


PÚBLICO NÃO INCIDE SOBRE O ABONO UTILIZADO PARA SE ATINGIR O
SALÁRIO MÍNIMO.”

- SUBSÍDIO

Forma remuneratória criada para impedir o acúmulo de gratificações e outras vantagens


que majoravam, muitas vezes de modo desproporcional, a remuneração de servidores. O
objetivo da implementação da remuneração de servidores públicos por subsídio visou,
além de evitar o pagamento de remunerações aviltantes e viabilizar um controle de
gastos com a folha de pagamento dos servidores, tornar transparente o valor pago pela
Administração a seus agentes públicos.

- Subsídio (definição): denominação atribuída à forma remuneratória de certos cargos,


por força da qual a retribuição que lhes concerne se efetua por meio dos pagamentos
mensais de parcelas únicas, ou seja, indivisas e insuscetíveis de aditamentos ou
acréscimos de qualquer espécie.

PREVISÃO: Art. 39, par. 4º, CF

Recebem por subsídio os agentes políticos, membros de Poder, advocacia pública,


defensoria, MP e servidores policiais.

Art. 39, § 8º, CF A remuneração dos servidores públicos organizados em carreira


poderá (faculdade) ser fixada por subsídio.

- Limite de remuneração na Administração Pública:

Art. 37, XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos


públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores
de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra
espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens
pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em
espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos
Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio
mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados
Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores
do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento
do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito
do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos
Procuradores e aos Defensores Públicos;

O limite remuneratório aplica-se também às empresas públicas e sociedade de economia


mista que recebem recursos do ente que as criou para pagamento de pessoal ou custeio
em geral (art. 37, par. 9)

- Vencimentos do Legislativo e Judiciário não podem ser superiores ao de seus


correspondentes no Poder Executivo. No entanto, é vedada vinculação ou equiparação
de quaisquer espécies remuneratórias no serviço público (XII e XIII).

- Revisão Geral Anual – Há previsão constitucional de revisão geral anual na mesma


data, sem distinção de índices (art. 37, X, CF). STF já se manifestou no sentido de que a
ausência da lei não pode ser suprida pelo Poder Judiciário, pois a ele é vedado aumentar
remuneração de servidores públicos, sob pena, inclusive, de violação à iniciativa
privativa para encaminhamento de lei. Em alguns casos, no entanto, vem reconhecendo
a mora do Chefe do Poder Executivo no encaminhamento da lei, muito embora
reconheça que a simples mora na edição da lei não enseja direito à indenização de
servidores. No julgamento do Recurso Extraordinário 565.089 RG / SP, o STF fixou
a seguinte tese: “o não encaminhamento de projeto de lei de revisão anual dos
vencimentos dos servidores públicos, previsto no inciso X do art. 37 da CF/1988, não
gera direito subjetivo a indenização. Deve o Poder Executivo, no entanto, pronunciar-se
de forma fundamentada acerca das razões pelas quais não propôs a revisão”.

- Importante relembrar: Há exigência de lei para fixação ou alteração da remuneração


(art. 37, X), observada a iniciativa privativa em cada caso1.

- PROIBIÇÃO DE ACUMULAÇÃO REMUNERADA DE CARGOS PÚBLICOS

Vedada tanto na Administração direta quanto indireta, ressalvadas certas hipóteses


(ART 37, XVI e XVII, CF) e respeitado o teto remuneratório. Exceções: a) a de dois
cargos de professor; b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas.

- Irredutibilidade de vencimentos e subsídio (37, XV, CF)

C - DIREITO DE GREVE

Reconhecido pela CF, na forma da lei (37, VI e VII, CF). EXCEÇÃO: Militares (art.
142, IV) não têm direito à sindicalização e greve.
Discute-se se a norma do art. 37, VII, CF, seria de eficácia contida ou limitada, na
classificação propugnada por José Afonso da Silva, já que o dispositivo constitucional
assegura o direito de greve “nos termos e no limite definidos em lei específica”.
STF, no julgamento de três mandados de injunção (MI 670), determinou a aplicação da
lei geral de greve aos servidores (Lei 7783/89), até que o legislador edite norma
específica.
IMPORTANTE: Jurisprudência recente do STF e do STJ tem considerado legal o
desconto pela Administração na remuneração do servidor público referente aos dias
parados durante o movimento grevista, sob o fundamento de que haveria suspensão do
vínculo de trabalho.

13 - APOSENTADORIA E PROVENTOS

Há dois regimes de previdência pública no Brasil: RGPS (regime geral de previdência


social, regulamentado pelo art. 201 da CRFB e gerido pelo INSS) e RPSP (regime
próprio do servidor público, regulamentado no art. 40 da CRFB).

O RPSP aplica-se ao servidor de cargo efetivo. Demais servidores, como ocupantes de


cargo em comissão, cargo temporário, emprego público e titular de mandato eletivo, são
regidos pelo RGPS (art. 40, § 13, CRFB). Lei não pode dispor em outro sentido.

1
Art. 61 – Iniciativa do Chefe do Poder Executivo para aumento. No Judiciário, incumbe ao STF ou
Tribunais Superiores (96, II, b), propor projeto para remuneração de servidores e juízes. O Ministério
Público também tem a iniciativa para propor projeto remuneratório de servidores e membros (art. 127 e
§§ da CF). EXCEÇÃO: Não são criadas por lei, mas por decreto-legislativo, remuneração do Presidente
da República, Ministros, senadores e deputados. Deputados estaduais e vereadores também.
- Hipóteses de aposentadoria no Regime Próprio do Servidor Público (após EC
103/2019):

(a) por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em que estiver


investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese em que será obrigatória a
realização de avaliações periódicas para verificação da continuidade das condições que
ensejaram a concessão da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo.
O valor do benefício, enquanto não editada a lei, observará os critérios do art. 26 da EC
103/2019;

(b) compulsoriamente, aos 70 anos, com proventos proporcionais ao tempo de


contribuição, ou aos 75 anos, na forma da Lei Complementar.2 A LC 152/2015
regulamenta. A forma de cálculo está estabelecida no art. 26, par. 4º, da EC 103/2019;

(c) voluntariamente, no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se


mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e, no âmbito dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, na idade mínima estabelecida mediante emenda
às respectivas Constituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os
demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo ente federativo.

Na voluntária o servidor deverá comprovar dez anos no serviço público e cinco no


cargo efetivo em que será concedida a aposentadoria, conforme art. 10 da EC103/2019.

Além da idade e dos requisitos necessário, deverá demonstrar 25 anos de contribuição.

Enquanto não existir lei específica que defina forma de cálculo dos proventos, deverão
ser observadas as regras do art. 26 da EC 103/2019.

Alterações significativas na Constituição foram implementadas ao longo do tempo,


visando suprir o déficit existente no sistema previdenciário do servidor, pelas EC 20/98,
41/03, 47/05 e 103/2019.

O regime tem caráter contributivo (EC 20) e solidário (EC 41). Não basta apenas o
tempo de serviço, tem que haver contribuição. Está vedada a contagem de tempo de
contribuição ficto.

Contribuem para o sistema servidores ativos, inativos e pensionistas (EC 41 que


incluiu). STF julgou constitucional o dispositivo que incluir inativos e pensionistas
como contribuintes do sistema (ADI 3105/DF e ADI 3128/DF).

2
A alteração no texto constitucional foi promovida pela Emenda Constitucional nº 88/2015. Referida
emenda ainda acrescentou o art. 100 ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias: “"Art. 100. Até
que entre em vigor a lei complementar de que trata o inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição Federal,
os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União
aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, nas condições do art. 52 da
Constituição Federal.”
Servidor contribuirá com alíquota de 14%, podendo ser reduzida em até 6,5 por cento
(hipótese que será de 7,5%) ou aumentar em 8º (quando será de 22%).

Desde a EC 41/2003 que foi estabelecido o fim da aposentadoria integral.

Também foi suprimida a paridade dos proventos de aposentadoria com a remuneração


recebida pelos servidores ativos no mesmo cargo.

O art. 40, par. 14, CF, previu que os entes políticos deverão fixar, para o valor das
aposentadorias e pensões, o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime
geral de previdência social, instituindo regime de previdência complementar, por meio
de lei ordinária de iniciativa do Poder Executivo.

O regime de previdência complementar, nesse caso, fica a cargo de entidade fechada


de previdência complementar ou de entidade aberta de previdência complementar,
nos termos do par. 15 do art. 40.

IMPORTANTE: A Lei nº 12.618/12 instituiu a previdência complementar do servidor


público federal. Para os servidores que ingressaram antes da edição da lei, há a
faculdade de aderir ao novo regime.
Agora, aposentadoria do servidor fica limitada ao teto do Regime Geral de Previdência
Social, podendo optar, se assim desejar, pela complementação de sua aposentadoria
mediante contribuição ao regime de previdência complementar.

CUMULAÇÃO SIMULTÂNEA DE PROVENTOS DE APOSENTADORIA e


REMUNERAÇÃO:

art. 37, par. 10, CRFB: É vedada a percepção simultânea de proventos de


aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de
cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta
Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre
nomeação e exoneração.

art. 40, par. 6º, CRFB: “Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos
acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de mais de uma
aposentadoria à conta de regime próprio de previdência social, aplicando-se outras
vedações, regras e condições para a acumulação de benefícios previdenciários
estabelecidas no Regime Geral de Previdência Social.”

14 - A LEI 8112/90

- PROVIMENTO EM CARGO PÚBLICO (art. 8º, Lei 8112/90)

PROVIMENTO: o ato de designação de alguém para exercer cargo público.

A) Provimento originário (autônomo): alguém é designado para exercer cargo público


independente de qualquer vínculo anterior. A única forma é através da NOMEAÇÃO.
Súmula 685, STF: É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao
servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu
provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.

Posse: não basta a nomeação, deve haver posse, ou seja, o ato do candidato aprovado de
aceitação e compromisso de bem-servir. Com a posse ocorre a INVESTIDURA no
cargo, que é o travamento da relação funcional.

B) Provimentos derivados: decorre de algum vínculo anterior com o cargo público.

- Vertical (promoção): ascensão na carreira

- Horizontal (readaptação): espécie de transferência efetuada a fim de prover o servidor


com superveniente restrição física ou mental, apurada em inspeção médica.

- Por reingresso (reversão, aproveitamento, reintegração, recondução)

Reversão: reingresso do aposentado no serviço ativo, ex officio ou a pedido, por não


subsistirem as razões que lhe determinaram a aposentação.

Aproveitamento: reingresso do servidor estável, que se encontrava em disponibilidade,


no mesmo cargo antes ocupado ou em cargo de equivalentes atribuições e vencimentos
compatíveis.

Reintegração: retorno da atividade do servidor ilegalmente desligado de seu cargo, com


integral reparação dos prejuízos que advieram do ato injurídico que o atingira.

Recondução: retorno do servidor estável ao cargo que dantes ocupava, por ter sido
inabilitado no estágio probatório relativo a outro cargo para o qual fora nomeado, ou por
ter sido desalojado dele em decorrência de reintegração do precedente ocupante.

OBS: Disponibilidade: é a colocação do servidor estável em inatividade remunerada,


até seu adequado aproveitamento em outro cargo, com proventos proporcionais ao seu
tempo de serviço. Ocorre quando extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade, ou
quando desalojado de seu cargo em virtude da reintegração de outrem.

- VACÂNCIA DO CARGO PÚBLICO:

Ato administrativo pelo qual o servidor é destituído do cargo, emprego ou função


pública.

Art. 33 da Lei nº 8112/90. A vacância do cargo público decorre de

- exoneração (não é penalidade, ocorre a pedido ou ex officio);

- demissão (penalidade decorrente da prática de ilícito administrativo);

- promoção;

- readaptação;
- aposentadoria;

- posse em outro cargo inacumulável;

- falecimento.

- DIREITOS E VANTAGENS DOS SERVIDORES PÚBLICOS

- Subsídio, vencimento e vantagens (indenizações, gratificações e adicionais)

- Direitos de afastamento do serviço: férias, licenças e afastamentos.

- Revisão geral anual (art. 37, X). ADI 2061/DF. Reconheceu a mora legislativa, de
responsabilidade do Presidente da República.

15 – RESPONSABILIDADE DOS SERVIDORES PÚBLICOS

1 – Civil

Há dever do servidor público de indenizar a Administração caso gere algum dano de


natureza cível.
- Art. 37, par. 6º, CF – Assegura direito de regresso do Poder Público contra o servidor
que, mediante dolo ou culpa, gerou o dano.

Entendimento jurisprudencial: Desconto na folha de pagamento do servidor pela


Administração somente mediante prévia aceitação do servidor ou após processo
administrativo em que seja assegurado o contraditório e a ampla defesa (STJ, AgRg no
REsp 899557/MG).

2 - Administrativa

PENALIDADES ADMINISTRATIVAS APLICÁVEIS: (a) advertência; (b)


suspensão, conversível em multa; (c) demissão; (d) cassação de aposentadoria ou
disponibilidade; (e) destituição de cargo em comissão; (e) destituição de função
comissionada.

PRESCRIÇÃO PARA APLICAÇÃO DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS: 5


(cinco) anos a medida disciplinar para as faltas sancionáveis com demissão, cassação de
aposentadoria ou disponibilidade de cargo ou função; 2 (dois) anos se a punição for de
suspensão; 180 (cento e oitenta) dias se for advertência. OBS: se a infração for
capitulada como crime, aplica-se o mesmo prazo prescricional previsto na lei penal.

SINDICÂNCIA E PROCESSO ADMINISTRATIVO

Penalidades são aplicadas apenas após procedimento apurador, assegurada a ampla


defesa.

Processo administrativo tem início apenas se a sanção aplicável for suspensão superior a
30 dias. Se não, basta a instauração de sindicância.
Ambos interrompem a prescrição.

Fase do processo administrativo disciplinar: Instauração, Inquérito (instrução, defesa e


relatório) e Julgamento.

Sindicância tem prazo de duração de 30 dias.

Súmula Vinculante nº 05 do STF: “A FALTA DE DEFESA TÉCNICA POR


ADVOGADO NO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR NÃO
OFENDE A CONSTITUIÇÃO.”

3 – Penal

Processo penal repercute na esfera cível e administrativa.


Na cível, em razão da sentença penal se constituir em título executivo judicial. Há
também interrupção do prazo prescricional (art. 200, Código Civil).
Na administrativa também há efeitos, pois um dos efeitos da condenação penal é a
perda do cargo ou função pública, no caso de crime funcional (praticado em
decorrência das atribuições da função pública). Para crimes comuns, há perda do cargo
ou função apenas se condenação por pena privativa de liberdade superior a 4 anos).

IMPORTANTE: se servidor público absolvido por negativa de autoria (prova de que


o crime existiu, mas o servidor não foi seu autor) ou inexistência comprovada do fato,
há repercussão na esfera administrativa. Se absolvido por insuficiência de prova para
condenação, não surte efeitos no processo administrativo.

OBS1: Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8429/92). Dispõe sobre


responsabilidade dos agentes públicos, com sanção de suspensão dos direitos políticos,
perda da função pública, indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário (art. 37,
par. 4º e 5º, CF).

OBS2: Art. 37, par. 5, in fine, CF. As ações de ressarcimento ao erário em decorrência
da prática de ilícitos administrativo são imprescritíveis.

OBS3: Vigora o princípio de independência entre instâncias. Assim, salvo naqueles


determinados casos em que a lei atribua eventual efeito de uma esfera na outra (como
nos exemplos mencionados da responsabilidade penal repercutindo na administrativa),
nada impede que o mesmo fato seja apurado concomitantemente por meio de processo
penal, administrativo e civil, cada qual com seu objetivo.

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