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O nome “agente público” é a designação mais genérica possível para fazer referência a todas as
pessoas que se relacionam com o Estado, exercendo alguma de suas funções, independente da
forma que a ele se vincula, ou até mesmo sem vínculo.
A utilidade prática em identificar o grande gênero dos agentes públicos reside em saber quem
pode figurar como autoridade coatora em eventual mandado de segurança (art. 1º da Lei n.
12.016/2009).
O mesmo conceito amplo é empregado pelo art. 2º da Lei n. 8.429/92 para definir quem são os
agentes públicos para fins da prática de improbidade administrativa. Assim, podemos conceituar
agentes públicos como “todos aqueles que têm uma vinculação profissional com o Estado,
mesmo que em caráter temporário ou sem remuneração”.
A Constituição Federal de 1988 tem duas seções especificamente dedicadas ao tema dos
agentes públicos: Seções I e II do Capítulo VII do Título III, tratando respectivamente dos
“servidores públicos civis” (arts. 37 e 38) e dos “militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios” (art. 42).
O gênero agentes públicos comporta diversas espécies: a) agentes políticos; b) ocupantes de
cargos em comissão; c) contratados temporários; d) agentes militares; e) servidores públicos
estatutários; f) empregados públicos; g) particulares em colaboração com a Administração
(agentes honoríficos).
2. Agentes públicos
Para a execução dos serviços da administração pública é mais dos que necessário os recursos
humanos, constituem a massa de pessoas naturais que sob variados vínculos, seja estatutário
ou celetista, de forma definitiva ou transitória e algumas vezes sem qualquer liame, prestam
serviços à Administração Pública ou realizam atividades de sua responsabilidade.
Os agentes exercem funções do órgão, distribuídas entre cargos aos seus titulares, mas de
formar excepcional poderá existir funções sem cargo.
Desta forma o agente público se caracteriza por estar investido em uma função pública e pela
natureza pública dessa função, sendo assim, para caracterizar o agente público, são necessários
a investidura (de ordem objetiva) em função pública e natureza pública da função (de ordem
subjetiva).
A expressão agentes públicos é utilizada em sentido amplo e genérico, por tanto funcional, a
partir dela podemos identificar suas espécies, e para entendermos melhor as categorias (ou
espécies) de agentes públicos, faça-se necessário citar Hely Lopes Meirelles, que em sua obra
clássica definiu quatro espécies, os agentes políticos, os agentes administrativos, os agentes
honoríficos e os agentes delegados.
Em uma posição mais moderna podemos citar Maria Sylvia Zanela di Pietro e Celso Antônio
Bandeira de Mello que classificam as espécies da seguinte forma: os agentes políticos, servidores
públicos, e particulares em colaboração com o poder público.
1
Aqueles que integram os mais elevados escalões na organização Administrativa Pública,
possuindo acento na Constituição Federal, possuem independência funcional e regime jurídico
próprio (é o agente que esta topo da pirâmide da organização da administração publica ), no
sentido mais próprio são os representantes do povo, o que conduz à investidura por eleição.
O agente político tem regime jurídico próprio, não se submete ao regime geral do art.102 da
constituição, aplica apenas em caráter subsidiário. E o agente político atua com independência
funcional no que pertine aos exercícios de suas atribuições, e não está hierarquizada.
A doutrina diverge na questão de quem pode ser agentes políticos e assim há duas correntes:
1ª) Nesta primeira corrente podemos citar o professor Celso Antônio de Mello entende que
agente político é apenas aquele que pode estabelecer normas diretrizes, normas de condutas
de comportamento estatal e de seus administrados que pode definir metas e padrões
administrativos. São apenas os chefes dos executivos e membros do legislativo (é o detentor de
demanda do eletivo), logo são agentes públicos titulares dos cargos estruturais a organização
política do País, sendo agentes políticos apenas o presidente da república, os governadores,
prefeitos e respectivos vices, os auxiliares imediatos dos chefes do executivo.
2) Já na segunda corrente podemos citar professor Hely Lopes Meirelles, agente político além
dos agentes que foram citados na primeira posição, são também agentes políticos, os juízes,
promotores, defensores, ministros, e conselheiros dos tribunais de contas. Estendem para estes
agentes porque estão previstos na constituição federal de onde recebem suas atribuições ainda
que de forma geral (genérica), também atuam com independência funcional e possuem regime
jurídico próprio.
Espécie de agentes públicos onde se encontra o maior número de pessoas naturais exercendo a
funções públicas, cargos públicos e empregos públicos nas administrações direta e indireta. São
agentes administrativos que exercem uma atividade pública com vínculo e remuneração paga
pelo erário público. Podem ser classificados como estatutários, celetistas ou temporários.
O servidor público é uma espécie dentro do gênero servidores estatais, são os que possuem com
a administração relação de trabalho de natureza profissional e não eventual.
Para ser nomeado o servidor precisa antes ser submetido ao procedimento do concurso público
de provas ou de provas e títulos, art. 37 inciso II da CF. É o cargo público de provimento efetivo,
ou seja, é o cargo que possibilita a aquisição de estabilidade no serviço público que é diferente
do cargo em comissão que é desprovido de efetividade não gerando estabilidade, porque a
nomeação para este cargo depende de confiança da autoridade que tem competência para esta
nomeação.
2
Os servidores públicos (em sentido estrito) são aqueles agentes que mantém relação com o regime
estatutário, ocupantes de cargos públicos efetivos ou sem comissão, sujeito a regime jurídico de direito
público. No conceito de Hely Lopes Meirelles, servidores públicos constituem subespécies dos agentes
administrativos, e a ela vinculados por relações profissionais, em razão da investidura em cargos e
funções, a título de emprego e com retribuição pecuniária.
Quando contratados para emprego público no regime da CLT, mas aplicam-se os princípios do
direito público, por exemplo: investidura subordinada à aprovação prévia em concurso público.
Trata-se de regime obrigatório nas empresas públicas e sociedade de economia mista1.
Quando contratados tão somente para exercer a função pública, em virtude da necessidade
temporária excepcional e de relevante interesse público. Por tanto exercem uma função pública
remunerada temporária, apresentando cunho de excepcionalidade, o que autoriza o tratamento
secundário. Lei nº 8.745, de 21-5-93
1
Os empregados públicos não têm a estabilidade típica do regime estatutário. Entretanto, isso não quer
dizer que o empregado público possa ser demitido livremente, como um empregado comum. A totalidade
da doutrina administrativista entende que os empregados públicos somente podem sofrer demissão
motivada e após regular processo administrativo, observadas as garantias do contraditório e da ampla
defesa. Constitui absurdo impensável admitir que o empregado público ingressa na função mediante
concurso público e pode ser demitido sem justa causa. A demissão imotivada, comum na iniciativa
privada, é incompatível com os princípios administrativos da obrigatória motivação, impessoalidade,
finalidade, legalidade, moralidade, entre outros. Isso porque o regime aplicado ao emprego público é
predominantemente privado, mas não exclusivamente privado, sofrendo marcante influência de
princípios e normas do Direito Administrativo derrogatórios do regime empregatício privado. Os principais
aspectos do regime de emprego, influenciados pelas regras públicas, relacionam-se com a entrada e a
saída na função, ou seja, quanto às exigências, respectivamente, de concurso público para ingresso e de
processo administrativo para demissão. Essas duas características especiais não se aplicam às vinculações
empregatícias comuns da iniciativa privada. Entretanto, o Tribunal Superior do Trabalho tradicionalmente
tem se posicionado pela possibilidade de dispensa imotivada de empregados públicos, aplicando sem
qualquer alteração os dispositivos comuns da Consolidação das Leis do Trabalho sobre demissão de
empregados privados. Assim, editou a esdrúxula Súmula n. 390 com o seguinte teor: “Ao empregado de
empresa pública ou de sociedade de economia mista, ainda que admitido mediante aprovação em
concurso público, não é garantida a estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988”. Porém, em 13 de
novembro de 2007, baixou, com base em precedentes do Supremo Tribunal Federal, a Resolução n. 143,
alterando a redação da Orientação Jurisprudencial n. 247, que passou a vigorar com o seguinte conteúdo:
“SERVIDOR PÚBLICO. CELETISTA CONCURSADO. DESPEDIDA IMOTIVADA. EMPRESA PÚBLICA OU
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. POSSIBILIDADE. 1. A despedida de empregados de empresa pública e
de sociedade de economia mista, mesmo admitidos por concurso público, independe de ato motivado
para sua validade. 2. A validade do ato de despedida do empregado da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos (ECT) está condicionada à motivação, por gozar a empresa do mesmo tratamento destinado à
Fazenda Pública em relação à imunidade tributária e à execução por precatório, além das prerrogativas
de foro, prazos e custas processuais”. Assim, no caso específico dos empregados da ECT, por ser empresa
pública prestadora de serviço público, o Tribunal Superior do Trabalho passou a considerar obrigatória a
motivação do ato de despedida de seus empregados. A tendência, portanto, é que o Tribunal estenda tal
orientação a todos os empregados das prestadoras de serviços públicos. Esse constitui importante passo
para reforma do absurdo entendimento do TST sobre a forma de dispensa dos empregados públicos.
3
Pessoa física que sem perderem a qualidade de particulares e sem existir vínculo de trabalho
entre a administração pública de forma remunerada ou não, mas existindo sim, uma execução
de um trabalho em benefício do interesse público e do particular, ou seja, não existe entre o
particular e a administração um vínculo jurídico, mas existe sim uma prestação de a atividade
pelo particular em benefício do interesse público. Importante destacar que os particulares
atuam em nome próprio, limitando-se a administração a fiscalizar o desempenho dessas
atividades. Existem três tipos de particulares que podem colaborar com a administração:
particulares por delegação; particulares que atuam por convocação, nomeação ou designação;
e Agentes necessários ou gestores de negócios públicos.
Os chamados agentes delegados, agentes que atuam mediante delegação, ocorrem nos casos
de concessão e permissão de serviços públicos. Exemplo: tradutores, leiloeiros, os bancários,
titulares de cartórios que atualmente a atividade notarial e de registro que é exercida em regime
jurídico de direito privado por delegação pelo poder público, artigo 236 Constituição Federal (Lei
nº 8.935, de 18-11-1994, dispõe sobre os serviços notariais e de registro), a remuneração que
recebem não é paga pelos cofres públicos, mas pelos terceiros usuários do serviço, nestes casos
exercem função pública em nome próprio com a fiscalização da administração pública.
Nesta segunda espécie pode ter agentes que exercendo atividade sem remuneração, por
exemplo, jurados do tribunal do júri e mesários que exercem um serviço público honroso,
atividade honrosa, e por isso esses particulares são denominados por alguns autores
como agentes honoríficos, tais serviços constituem o chamado múnus público, ou serviços
públicos relevantes, esses agentes o máximo que podem receber é uma ajuda de custo ou pro
labore, isso não descaracteriza como agente honorifico. Exemplo: peritos, tradutores,
conciliadores, jurados do tribunal do júri e mesários.
Uma grande característica desta espécie é o fato que este agente atua voluntariamente, de
forma espontânea, diante de uma situação anômala de caráter emergencial, sempre diante de
uma situação excepcional·. Exemplo: uma situação calamidade, enchente, particulares que
ajudam resgatar pessoas de um desmoronamento.
Diferente de agentes putativos (agentes de fato) que tem aparência de agentes públicos
legalmente investidos da função publica, aplica-se neste caso a teoria da aparência, mas não
existe legal investidura, por duas situações, não existe nenhuma investidura ou existe uma
ilegalidade na sua investidura. Exemplo: oficial de justiça que apresentou diploma falso, ou seja,
apresentou um documento necessário para sua investidura falso, existindo uma investidura
viciada, o jurisdicionado que se depara com este oficial não tem como saber que o oficial de
justiça apresentou documento falso a administração, aplicando-se para este sujeito a teoria da
aparência, a medida for necessária para a proteção dos seus direitos em razão do ato praticado
por este agente, têm que ser reconhecido os direitos do administrado. Mas pode acontecer
outra situação, o agente não tem investidura na função que ele exerce, porque ele nem é
servidor ou é, mas extrapolar em exercício da sua função agir fora de sua competência ou nem
ter competência nenhuma. Porém em razão da teoria da aparência, visando à segurança e a boa
fé do administrado, os atos praticado por agentes putativos serão considerados válidos.
Agente necessário é um particular e aparece como tal, não engana, não é um agente putativo,
não se mostra como agente público o gestor de negócios públicos se mostra como uma pessoa
4
estranha à administração, é um particular que apenas colabora, auxiliando com algum tipo de
função a administração.
2.5 Militares
Abrangem as pessoas físicas que prestam serviços às forças armadas, marinha, exército e
aeronáutica, art. 142, caput e § 3º da CF e também as policias militares e corpo de bombeiros
militares dos Estados, Distrito federal e Territórios, art.42 da CF, com vínculo estatutário sujeito
a regime jurídico próprio, com a EC nº 18/98 são denominados servidores públicos militares.
Cargo públicos são as mais simples unidade e indivisíveis unidades de competência a serem
expressas por um agente, prevista em número certo, com denominação própria, retribuídas por
pessoas jurídicas de direito público e criadas por lei, salvo os serviços auxiliares do legislativo,
ou seja, cargo público é a unidade de atribuições é a menor célula que existe dentro da
administração pública para o exercício das atribuições pelo agente investido do cargo.
2
José dos Santos Carvalho Filho. Manual de Direito Administrativo, 21ª, ed. Lúmen Júris, Rio de Janeiro,
2009, pág. 581.
5
ad nutum, não exige qualquer formalidade especial e é feita a critério da autoridade
nomeante.
Vale dizer que esses cargos “somente podem destinar-se a funções de chefia, direção
e assessoramento, todas elas de caráter específico dentro das funções
administrativas”3
**Previsto na CF, artigo 37, inciso V4, como exceção a exigência de concurso público
e no mesmo artigo em seu inciso V, como cargo a ser preenchido por servidores de
carreira, em quantidade mínima e condições previstas em lei.
33
José dos Santos Carvalho Filho. Manual de Direito Administrativo, 28ª ed. Editora Atlas, São Paulo,
2015, pág. 636.
4
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em
lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento;
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No que tange ao conceito de função, corresponde ao conjunto de atribuições as quais não
corresponde nem a cargo nem a emprego, ou seja, trata-se de um conceito residual. De acordo
com a constituição, quando se trata de função, tem-se que ter em vista dois tipos de situações:
Função exercida por servidores contratados temporariamente, com base no art. 37, IX da
CF, quando a administração precisa atender situação de relevante e excepcional interesse
público, pode a administração contratar sem concurso público, aquele que for contratado sem
concurso não vai ser investido nem a cargo nem emprego público, porque para isso há a
necessidade do concurso público, sendo assim será contratado para exercer uma função pública
sem que a ela se corresponda cargo ou emprego essa é uma das hipóteses da chamada função
sem cargo, mencionado no art. 37 IX da CF
Outra espécie de função sem cargo que a constituição prever é a função de confiança, art. 37
inciso v: critério de confiança do agente que vai nomear. Não há o cargo. Só quem pode exercer
função de confiança é o servidor que ocupe cargo de provimento efetivo para exercer
atribuições de direção, chefia e assessoramento, porem ser for exercida chefia, direção e
assessoramento por quem ocupe cargo em comissão a constituição dispõe um percentual
mínimo de servidores de carreira exercendo esses tipos de cargo, além deste mínimo qualquer
pessoa pode ser nomeada.
O que não pode deixar de ser esclarecido é que os cargos distribuem-se em classes e carreiras,
e excepcionalmente criam-se cargos isolados que são de classe única.
O número total dos cargos de cada quadro é o que denomina lotação, a modificação da lotação
de um quadro, pela passagem de cargo nele incluso para outro quadro, chama-se de
redistribuição conforme a lei 8.112/90. (art.37)
Aqui cabe ressalvar ao quanto à competência organizacional, como disposto no artigo 18 caput
da constituição federal cabe a cada ente federado (a União, os Estados Membros e o Distrito
Federal), regular por lei sobre a organização de seus servidores com a devida autonomia
delegada pela constituição.
Para as pessoas portadoras de deficiência, o inciso VIII do art. 37 da CF/88 determina que a lei
lhes reserve percentual dos cargos e empregos públicos e defina os critérios de sua admissão.
7
condições com os demais candidatos, para provimento de cargo cujas atribuições
sejam compatíveis com a deficiência de que é portador". O § 1 º do mesmo
dispositivo determina que "o candidato portador de deficiência, em razão de
necessária igualdade de condições, concorrerá a todas as vagas, sendo reservado
no mínimo o percentual de cinco por cento em face da classificação obtida".
Estados e Municípios que não tenham norma sobre a matéria estão sujeitos à
observância do mínimo fixado pelo Decreto nº 3 .398/99, que constitui norma de
âmbito nacional. No âmbito federal, a Lei nº 8.112, de 11-12-90, assegura, no § 2º
do artigo 5º, aos portadores de deficiência até 20% das vagas oferecidas no
concurso
DO LIMITE DE IDADE
A Súmula nº 683, do STF, estabelece que "o limite de idade para a inscrição em concurso público
só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela
natureza das atribuições do cargo a ser preenchido".
Quanto ao momento para exigir diploma ou habilitação profissional, determina a Súmula n. 266
do Superior Tribunal de Justiça: “O diploma ou habilitação legal para o exercício do cargo deve
ser exigido na posse e não na inscrição para o concurso público”.
Porém, a Administração tem todo o prazo de validade do concurso, mais a prorrogação, para
realizar a nomeação. Diferentemente do que ocorre nas hipóteses anteriores, neste caso os
candidatos não adquirem de imediato direito subjetivo à posse. A exigibilidade, pelo contrário,
surge somente com a proximidade do encerramento do prazo previsto no edital para validade
do concurso. Nota-se que a indicação, no edital, do número de vagas abertas vincula a
Administração à necessidade de seu preenchimento, exceto se houver fato posterior que
elimine essa necessidade.
8
concurso público de provas ou provas e títulos, com ressalva a nomeação para cargos de
provimento em comissão nos quais são livres a nomeação e a exoneração como disposto no art.
37, II.
Com relação aos estrangeiros, sempre houve o entendimento que era possível a contratação
na hipótese do art.37, IX da CF, para atender a necessidade temporária de excepcional interesse
público, no entanto a lei 8.745/93, que dispõem sobre a contratação de servidor temporário foi
alterada pela lei 9.849/99, incluindo, entre outros casos admitindo a contratação com base no
referido dispositivo, o de professor estrangeiro e pesquisador visitante estrangeiro (art. 2º, V).
LINHA DO TEMPO
A Lei n. 8.112, de 11-12-1990, institui o “regime jurídico dos servidores públicos civis da União,
das autarquias, inclusive as em regime especial, e das fundações públicas federais”, sendo
conhecida como Estatuto do Servidor Público Federal.
Quanto aos ocupantes de cargos públicos estaduais, distritais e municipais, suas regras de
atuação devem ser estabelecidas em leis próprias promulgadas em cada uma das esferas
federativas.
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5 Criação, transformação e extinção de cargos, funções ou empregos públicos
Já na transformação temos uma alteração de molde a atingir a natureza do cargo, neste caso
ocorrendo à extinção ou criação de um ou de alguns cargos, e se dá de forma automática e
simultânea quando um cargo é transformado em outro. Esclarecendo que tanto a criação como
já fora mencionado, mas também a transformação de cargos exige lei.
Com a extinção o cargo desaparece deixa de existir (arts. 48 inciso X, 51, inciso IV e 52 inciso
XIII, tratam da extinção do cargo no âmbito do Executivo e dos serviços auxiliares do legislativo,
já o art. 96 inciso II, aliena b, corresponde à extinção nos serviços auxiliares do judiciário), Cada
um dos Poderes, se concretizando por lei quando for extinção de cargos do Executivo ou como
dispõe o art. 84 inciso XXV da CF/ 88 mediante ato administrativo do Presidente da República
vinculando- se mediante decreto. A extinção de cargos em suas autarquias e fundações públicas
e extinção de cargo dos serviços auxiliares do judiciário igualmente se formalizarão através de
lei. Mas quando se tratar de cargos auxiliares do legislativo, suas autarquias e empresas
publicam realiza-se a extinção por resolução.
5
São cargos únicos em determinada categoria de servidores públicos, o que não permite a progressão funcional. A criação de cargos isolados
deve ser considerada excepcional, pois é da natureza da organização administrativa o escalonamento hierarquico dos agentes oucpantes de
cargos. OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo. Ed. Método. São Paulo: 2013, pág. 633
6 Hely Lopes Meirelles apud José dos Santos Carvalho Filho. Manual de Direito Administrativo, 21ª, ed. Lúmen Júris, Rio de Janeiro, 2009,
pág. 580
7 José dos Santos Carvalho Filho. Manual de Direito Administrativo, 21ª, ed. Lúmen Júris, Rio de Janeiro, 2009, pág. 580
10
aumentam-se as responsabilidades e a remuneração, conforme a progressão
funciona8l.
- para que realmente exista uma carreira há de existir há possibilidade do servidor
ascender, gradativamente, na escala hierárquica. Caso isso não ocorra, estaremos
diante dos casos de classes singulares, que são integradas por cargos isolados, e, nas
quais, evidentemente, não existe possibilidade de ascensão.
- São exemplos de carreira: Promotores de Justiça, Juízes, Procuradores do Estado e
Fiscais de Renda.
- CLASSE – as classes são compostas de conjunto de cargos que tenham a mesma
denominação, atribuições e remuneração e constituem degraus de acesso na carreira.
- instrumento importante para a concessão de benefícios e promoções funcionais,
pois uniformiza funções e vencimentos.
Na lição da doutrina majoritária – “é o agrupamento de cargos da mesma profissão, e
com idênticas atribuições, responsabilidades e vencimentos9”.
6. Provimento
É o ato pelo qual o se efetua o preenchimento do cargo público, com a designação de seu
titular. Poder ser originário ou autônomo ou derivado:
O concurso público não pode ser só de provas títulos, vedado pela constituição federal, tem que
necessariamente de provas e pode ter provas de títulos também, ou seja, pode ter só provas,
pode haver prova mais provas de títulos. A administração pode estabelecer critérios
diferenciados objetivos, que deverão está de acordo com a lei e considerando com a função do
cargo. Exemplo exame psicotécnico de acordo com a previsão legal com critérios objetivos
identificados no edital.
8 Edmir Netto de Araújo. Curso de Direito Administrativo, 4ª ed., Editora Saraiva, São Paulo, 2009, pág. 274.
9 Hely Lopes Meirelles. Direito Administrativo Brasileiro, 29ª ed., Editora Malheiros, São Paulo, 2004, pág. 397.
10 ●LEI 8.112/90
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E o provimento derivado11 é o que se faz por transferência, promoção, remoção, acesso,
reintegração, readmissão, enquadramento, aproveitamento ou reversão, é sempre uma
alteração na situação de serviço do provido. E Celso Antônio Bandeira de Mello dá a seguinte
classificação, provimento derivado pode ser vertical, horizontal ou por reingresso.
Provimento derivado vertical o que significa que através da promoção (por merecimento ou
antiguidade) , o servidor alcança cargo mais elevado, dentro da própria carreira. No provimento
derivado horizontal é quando o servidor é readaptado para um cargo mais compatível com sua
limitação seja de capacidade física ou mental, logo o servidor não é rebaixado, mas também não
ascende em sua posição funcional. O Provimento derivado por reingresso restabelece a situação
do servidor anterior, a qual estava desligada.
É necessário que seja esclarecido as modalidades de provimento por reingresso, onde podemos
encontrar por exemplo a situação de o agente que conseguir anular demissão tem o direito de
volta para seu cargo anterior, denominando-se reintegração e o servidor que estava ocupando
o cargo desse servidor reintegrado tem que voltar para seu cargo anterior, denominando-
se recondução, e se o cargo não existir ou for declarado desnecessário, ele pode ser
apresentado a outro cargo com atribuições e remuneração compatíveis ou deposto
em disponibilidade o servidor reconduzido (art. 41§ 2º da CF), e quando o servidor
disponível for chamado a voltar ao serviço, haverá o aproveitamento ( art.41 § 3º da CF).
E assim, não podemos deixar de destacar a última modalidade de provimento derivado por
reintegração, trata-se do funcionário aposentado que reingressa ao serviço público, a pedido
(voluntária) que depende do pleito do interessado e de outros requisitos estabelecido em lei ou
ex oficio (compulsória) quando cessada a incapacidade que gerou a aposentadoria por invalidez
( art. 25 da lei 8112/90).
O provimento ainda pode ser classificado quanto á sua durabilidade em efetivo, vitalício e em
comissão, essa classificação somente aplicável aos cargos:
a) decisão judicial com sentença com o transito em julgado (demissão, ato punitivo),
b) processo administrativo disciplinar, neste caso o servidor perde o cargo por infração
disciplinar, seria aqui o caso de demissão com observância da garantia de ampla defesa,
c) processo de avaliação por insuficiente desempenho, (é preciso que esse dispositivo seja
regulamentado o inc. III do § 1, do art.41 para que possa ser aplicado, na forma da lei
complementar – norma constitucional de eficácia limitada, não pode ser aplicada enquanto não
criar a lei complementar, possibilidade teórica, porque ainda não existe a lei regulamentando,
mas o inciso III foi inserido na constituição pela emenda constitucional número 19),
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O art. 8º da Lei n. 8.112/90 faz referência a sete formas de provimento: a) nomeação; b) promoção; c)
readaptação; d) reversão; e) aproveitamento; f) reintegração; g) recondução
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d) exoneração do estável, em virtude de gastos com pessoal, não é hipótese punitiva é uma
contingência administrativa, mas sim redução do quadro de pessoal com excesso de despesa,
de acordo com art. 169§ 4º da CF.
Cabe ressaltar que demissão constitui o desligamento do cargo com caráter de sanção, aplicável
nas hipóteses previstas em lei, diferente de exoneração que é o desligamento sem caráter
sancionador e pode ser a pedido ou a ex-ofício nos seguintes casos: desinvestir de cargo em
comissão, quando no caso de provimento efetivo o servidor demonstrar ser inadequado ao
cargo antes de completar o triênio para estabilidade e a administração o desliga, na avaliação
periódica de desempenho tenha sido considerado insatisfatório, quando o servidor empossado
não entrar em exercício em prazo legal, quando o servidor, em acumulação proibida, desde que
de boa fé, permitindo optar cargo que desejar efetivado.
Presidente República cabe prover cargos que integram a estrutura do Judiciário, como ocorre
com os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores, os governadores de
territórios, o procurador geral da república, o presidente do banco central, todos se aprovados
pelo senado (art. 84. XIV. da CF). O mesmo se pode dizer da nomeação dos Ministros do Tribunal
de Contas da União (art. 73, § 2. da CF).
7. Estágio Probatório
No exato momento em que entra em exercício, o servidor ocupante de cargo efetivo ou vitalício
inicia o estágio probatório, um período de avaliação durante o qual deverá demonstrar aptidão
e capacidade para o exercício do cargo, observados os fatores: a) assiduidade; b) disciplina; c)
capacidade de iniciativa; d) produtividade; e) responsabilidade.
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Durante o estágio probatório, o servidor somente terá direito a licenças e afastamentos nas
seguintes hipóteses (art. 20, § 4º, da Lei n. 8.112/90): 1) licença por motivo de doença em pessoa
da família; 2) licença por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; 3) licença para o
serviço militar; 4) licença para atividade política; 5) afastamento para Exercício de Mandato
Eletivo; 6) afastamento para Estudo ou Missão no Exterior; 7) afastamento para servir em
organismo internacional de que o Brasil participe ou com o qual coopere; 8) afastamento para
participar de curso de formação decorrente de aprovação em concurso para outro cargo na
Administração Pública Federal. É nula a dispensa de servidor em estágio probatório sem o
devido processo administrativo com garantia de contraditório e ampla defesa.
A CONFIRMAÇÃO. Cada órgão ou entidade pública deverá formar uma comissão instituída
especificamente com a finalidade de realizar a avaliação especial de desempenho dos servidores
em estágio probatório, nos termos do que dispuser a lei ou o regulamento da respectiva carreira
ou cargo (art. 41, § 4º, da CF). Quatro meses antes de encerrado o período de estágio probatório,
a avaliação será remetida à autoridade competente para homologação. Sendo a decisão
favorável ao servidor, este é confirmado na carreira. O servidor não aprovado em estágio
probatório será exonerado. Entretanto, se o servidor já tiver estabilidade garantida em outro
cargo, o art. 20, § 2º, da Lei n. 8.112/90 afirma que o servidor será reconduzido ao cargo
anteriormente ocupado. Por força dessa regra, evita-se que o servidor estável deixe de tomar
posse em cargo melhor por receio de não ser confirmado no estágio probatório. Por isso, se não
for aprovado no estágio probatório do cargo novo, pode regressar ao seu cargo estável anterior.
8. Da Estabilidade
O servidor estável só perderá o cargo em virtude de: a) sentença judicial transitada em julgado;
b) processo administrativo disciplinar com garantia de ampla defesa; c) procedimento de
avaliação periódica de desempenho, assegurada ampla defesa (art. 41, § 1º, III, da CF); d)
redução de despesas (art. 169, § 4º, da CF).
A possibilidade de perda do cargo para redução de receitas está prevista no art. 169, § 4º, da
Constituição Federal, com redação dada pela Emenda Constitucional n.19/98, medida
posteriormente regulamentada pela Lei Complementar n. 101/2000 – a Lei de Responsabilidade
Fiscal.
Nos termos do art. 19 da Lei Complementar n. 101/2000, a despesa total com pessoal, em cada
período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da
receita corrente líquida, a seguir discriminados: I – União: 50% (cinquenta por cento); II –
Estados: 60% (sessenta por cento); III – Municípios: 60% (sessenta por cento). Ultrapassados
esses limites, torna-se obrigatória a adoção de uma série de providências, sendo que a última
delas é a exoneração de servidores estáveis.
Assim, para ser possível, nos termos da disciplina introduzida pela Emenda n. 19/98 e pela Lei
Complementar n. 101/2000, a exoneração de servidores estáveis, com o objetivo de reduzir
despesas, devem ser adotadas algumas medidas prévias: 1) suspensão de todos os repasses
federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; 2) redução em pelo
menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança; 3)
exoneração dos servidores não estáveis. Se as medidas adotadas não forem suficientes para
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assegurar a recondução dos gastos aos patamares acima indicados, o servidor estável poderá
perder o cargo, desde que o ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a
atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal. O servidor
exonerado para redução de despesas fará jus à indenização correspondente a um mês de
remuneração por ano de serviço, sendo o cargo objeto da redução considerado extinto (art. 169,
§§ 5º e 6º, da CF).
9. Da Disponibilidade
b) reintegração do servidor que anteriormente ocupava o cargo (art. 28, § 2º, da Lei n. 8.112/90).
Importante: A disponibilidade nunca pode ser utilizada como medida sancionatória, ou seja,
como um meio de desligar temporariamente o servidor de suas funções visando aplicar uma
punição. A disponibilidade com fins punitivos, ou empregada fora das duas hipóteses legais
acima mencionadas, caracteriza desvio de finalidade ensejador de nulidade do ato e da
caracterização de improbidade administrativa (art. 11, I, da Lei n. 8.429/92).
DIREITO DE GREVE
O art. 37, VII, da Constituição Federal, assegura aos servidores públicos o direito de
greve a ser exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica. Como
ainda não foi promulgada tal lei, considera-se que a referida norma é de eficácia
limitada, podendo ser futuramente restringido o alcance do dispositivo pelo
legislador infraconstitucional. Enquanto não houver a referida lei, aplicam-se as
disposições concernentes ao direito de greve na iniciativa privada, nos termos da
Lei n. 7.783/89.
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O agente que praticar um ato ilícito que gerar um prejuízo ao erário poderá vir a responder por três
esferas distintas: responsabilidade penal, civil e administrativa. Deste modo, os servidores públicos que
ao desempenhar suas atividades de sua competência ou alegando estar cumprindo sua função ao
efetuando infrações (atividades exercidas de forma ilegal, gerando dano), poderá ser responsabilizado
nas esferas administrativa, civil ou penal diante da Administração Pública. (TRÍPLICE RESPONSABILIDADE-
ART. 121 A 126 DA LEI 8.112/90)
Tradicionalmente a doutrina afirma que uma única conduta do servidor público pode
desencadear três processos distintos e independentes:
A independência das três instâncias vem declarada no art. 125 da Lei n. 8.112/90: “As sanções
civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes entre si”.
A Lei n. 8.112/90 prevê dois procedimentos diferentes para aplicação de sanções disciplinares:
a sindicância e o processo administrativo disciplinar (PAD).
A autoridade que tiver ciência da infração é obrigada a promover sua apuração imediata,
utilizando um dos dois instrumentos mencionados (art. 143 da Lei n. 8.112/90).
O prazo máximo do afastamento é de 60 dias, sendo cabível uma prorrogação por igual período,
findo o qual cessarão seus efeitos, ainda que não concluído o processo (art. 147 da Lei n.
8.112/90).
Já o processo administrativo disciplinar (PAD) deve ser utilizado para apuração de ilícitos que
ensejarem penalidades mais severas do que a suspensão por trinta dias, incluindo demissão,
cassação de aposentadoria ou disponibilidade, e destituição de cargo em comissão. O processo
disciplinar se desenvolve em três fases: a) instauração, com a publicação do ato que constituir a
comissão; b) inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa e relatório; c)
julgamento. Importante destacar que a manifestação final da comissão processante é um
relatório conclusivo quanto à inocência ou responsabilidade do servidor (art. 165 da Lei n.
8.112/90).
A decisão final sobre a aplicação, ou não, de sanção ao servidor nunca é tomada pela comissão
processante, cabendo a esta encaminhar o relatório para a autoridade competente, nos termos
da lei, para realizar o julgamento relativo à aplicação da penalidade cabível.
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As atividades da comissão devem observar os critérios de independência e imparcialidade,
garantindo-se o sigilo necessário à elucidação do fato e ao interesse da Administração. As
reuniões e audiências das comissões terão caráter reservado (art. 150 da Lei n. 8.112/90).
Quanto à representação e defesa técnica, o Supremo Tribunal Federal, por força da Súmula
Vinculante n. 5, estabeleceu: “a falta de defesa técnica por advogado no processo
administrativo disciplinar não ofende a Constituição”.
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