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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Disciplina: DIREITO ADMINISTRATIVO II

Professor: Renato Kim Barbosa

Espécies de agentes públicos e relevância prática dessa classificação:


Análise de caso concreto

Giovanna Gabriela RA00307453

Matheus Linhares RA00299483

Mayara Barreto RA00303876

Thalles A. Pinheiro RA00307457


Agentes públicos
Os agentes públicos não equivalem a uma categoria única, muito em contrário,
trata-se de uma designação ampla que abarca toda uma multiplicidade de subtipos,
cada um com suas respectivas distinções. Discutir os agentes públicos e suas
ramificações é quase que exercitar a taxonomia no direito administrativo, sob essa
perspectiva, cabe definir o gênero antes de nos aprofundarmos nas espécies.

Como mencionado acima, os agentes públicos são uma denominação genérica para
servidores do poder público, em suma, é agente público todo aquele que exerce
função pública (sendo irrelevante se o exercício é de caráter temporário ou sem
remuneração).

Agentes políticos
No que tange aos Agentes Políticos, A doutrina de Celso Antônio Bandeira de
Mello aponta:

“(...) são os titulares dos cargos estruturais à organização política do país,


ou seja, ocupantes dos que integram o arcabouço constitucional do Estado,
o esquema fundamental do Poder. Daí que se constituem nos formadores da
vontade superior do Estado. São agentes políticos apenas o Presidente da
República, os Governadores, Prefeitos e os respectivos vices, os auxiliares
imediatos dos Chefes do Executivo, isto é, Ministros e Secretários das
diversas Pastas, bem como os Senadores, Deputados federais e estaduais e
Vereadores”.

No ordenamento brasileiro, o conceito de agente Político abarca exemplos como


aqueles dados pelo professor (i.e Governadores, Prefeitos, Ministros, etc); a ideia
de agente político está ligada à de governo e à de função política, fator que unifica
as funções mencionadas em um mesmo conceito.
Quanto aos sujeitos enquadrados na supracitada categoria, sua qualidade de serem
cidadãos, possíveis candidatos à condução dos rumos da sociedade, é justamente o
atributo que os torna aptos para exercício do cargo.
Cabe ressaltar também a natureza do vínculo dos agentes políticos com o Estado,
isto é, não técnica ou profissional, mas sim a natureza política.

Ocupantes de cargo em comissão


Os cargos comissionados encontram a sua principal fundamentação no texto
constitucional, mais especificamente no Art. 37, caput, incisos II e V:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes


da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação


prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com
a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei,
ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de
livre nomeação e exoneração;

V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores


ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos
por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e
assessoramento;

Os cargos comissionados também são responsáveis por cumprir funções do poder


público, mais especificamente deveres de direção, chefia e assessoramento;
todavia, se distinguem na medida em que são cargos acessíveis sem concurso
público; mas providos por nomeação política de autoridade competente. Um
exemplo comum de cargo comissionado é o da nomeação de um ministro de
confiança.
Importante ressaltar que a nomeação para estes cargos, conforme dita a
Constituição, não é totalmente isenta de critérios, devendo levar em consideração
os princípios da Administração Pública.
Vale também destacar as particularidades quanto à exoneração dos ocupantes de
cargo em comissão, que é ad nutum, ou seja, os comissionados podem ser
desligados do cargo imotivadamente, sem necessidade de garantir contraditório,
ampla defesa ou direito ao devido processo legal;

Contratados Temporários
A Carta Magna de 1988, em seu artigo 37, inciso II, instituiu a norma referente à
necessidade de ser aprovado em processo seletivo público de provas ou de provas e
avaliação de títulos, exceto para os postos de confiança, estabelecidos por lei para
nomeação e dispensa flexíveis, como meio de acesso às funções ou posições no
serviço público. Entretanto, tal preceito de aprovação tem algumas exceções: os
cargos de comissão, algumas nomeações para os Tribunais e, por último, as
contratações temporárias para atender excepcional interesse público, previsão
contida no art. 37, IX, da CF/88. O servidor temporário no setor público é aquele
sem vínculo direto com cargos públicos, sendo sua ocupação delimitada por um
período limitado. Ele é admitido por intermédio de um processo de seleção
simplificado, de acordo com o interesse e a demanda das entidades públicas.
Haja vista que se trata uma de norma jurídica de eficácia limitada, ou seja, norma
constitucional que depende de regulamentação para adquirir capacidade de
produzir efeitos, ficou a cargo de Lei ordinária estabelecer os casos de contratação
por tempo determinado. Ainda que aUnião, Estados e Munícipios sejam regidos
por leis distintas de contratação temporária, todas devem observar os princípios
básicos fixados pela Lei 8.745 de 1993, quese encarregou de disciplinar as
contratações temporáriasde maneira geral.
Regra geral, as admissões temporárias acontecem quando há vagas em aberto que
precisam ser preenchidas de maneira iminente, mas não há tempo suficiente para
realizar um processo seletivo público. Afinal, esse procedimento é naturalmente
intrincado e envolve diversas etapas. Portanto, cabe ao órgão administrativo
fornecer um suporte legal específico para dar início ao processo de admissão
temporária, além de formular uma justificação que apresente esse tipo de
contratação como a única alternativa viável para a situação em questão.
De acordo com a Lei 8.745/1993, as contratações temporárias podem ocorrer para
suprir carências em funções como profissionais de saúde, educadores,
pesquisadores, especialistas envolvidos em projetos e trabalhos de engenharia, bem
como em situações de vigilância relacionadas a emergências ambientais. Uma vez
que a necessidade mais premente geralmente se manifesta nos campos da educação
e da saúde, essas áreas são as mais comumente associadas às admissões
temporárias. Um exemplo recente desse tipo de seleção foi o concurso da
Secretaria de Educação do Distrito Federal para professores temporários, realizado
em 2021. São proibidas as contratações temporárias para funções de natureza
meramente burocrática. A proibição também abrange cargos diretamente
relacionados à aplicação da lei (atividades policiais) e funções de fiscalização do
Estado.
Quanto aos direitos, uma vez que o servidor temporário não se enquadra nem no
regime estatutário nem no regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), os
direitos e vantagens assegurados serão determinados exclusivamente pelo contrato.
O Informativo 984 do Supremo Tribunal Federal aborda o tema da seguinte
maneira:
"Servidores temporários não têm direito a décimo terceiro salário e férias
remuneradas acrescidas de um terço constitucional, exceto (I) quando houver
disposição legal ou contratual expressa em sentido contrário, ou (II) se for
demonstrado que a contratação temporária foi desvirtuada pela Administração
Pública, devido a renovações ou prorrogações repetidas."
A única exceção em relação a esse assunto se refere a servidoras temporárias
grávidas, que têm direito à estabilidade temporária e licença-maternidade
independentemente do contrato firmado.

Agentes Militares
De acordo com os artigos 42 e 142 da Constituição de 1988, são considerados
militares os membros das Forças Armadas, incluindo Exército, Marinha e
Aeronáutica; as polícias militares estaduais; e os corpos de bombeiros. Os militares
possuem vínculo estatutário sujeito a um regime jurídico próprio, e sua principal
responsabilidade é manter a ordem pública, a segurança e a soberania nacional, ou
seja, defender a nação e as instituições governamentais, com remuneração
financiada pelo Estado.
Até 1998, os militares eram tratados como uma categoria de servidores públicos,
ao lado dos servidores civis. No entanto, a Emenda Constitucional 18/98 concedeu
autonomia aos militares, definindo normas comuns para eles e os servidores
públicos, como a aderência ao teto salarial, a garantia de salários e subsídios
intocáveis, a proibição de equiparação salarial dos militares com outras categorias
remuneratórias, e a vedação de considerar vantagens pecuniárias para cálculos
posteriores.
Em termos de direitos sociais, a Constituição garantiu aos militares o décimo
terceiro salário, subsídio familiar para dependentes, férias remuneradas anuais,
licença à militar gestante, licença paternidade e ensino gratuito para filhos menores
de 5 anos em creche ou pré-escola. No entanto, o artigo 142, inciso IV, da própria
Constituição excluiu os militares de certos direitos sociais, como a sindicalização e
a greve. Em relação aos direitos políticos, os militares têm a proibição
constitucional de filiar-se a partidos políticos, e, ao assumirem cargos públicos
temporários, são obrigados a se licenciar de suas posições militares, sendo
transferidos para a reserva quando nomeados para cargos efetivos.

Servidores públicos estatutários


Celso Antônio Bandeira de Mello explica que os servidores públicos são
considerados, pela Constituição Federal de 1988, como os indivíduos que possuem
um vínculo de natureza profissional com as entidades governamentais, deste modo,
integrando cargos ou empregos da União, Estados, Distrito Federal, Municípios,
autarquias e fundações de Direito Público.
Dentro dessa designação encontramos as espécies: (i) dos servidores titulares de
cargos públicos na Administração Direta, autarquias, fundações de Direito Público
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, integrantes do Poder
Judiciário e Legislativos e (ii) os servidores empregados dessas pessoas, nesta
categoria figuram o indivíduo contratado para funções materiais subalternas, como
jardineiro, servente, motorista etc; o oriundo de emprego remanescente de um
regime anterior e o contratado, nos termos da Lei 8.745/1993, para atender uma
demanda temporária de excepcional interesse público (Artigo 37, IX da
Constituição Federal).
Na prática, o servidor público estatutário é o modelo mais comum de agente
público que se possui conhecimento, é o sujeito que é aprovado em concurso
público e, estando em dia com suas obrigações eleitorais, políticas e militares,
inicia os trabalhos.
Este servidor possui esse nome, pois é contratado sob o regime estatutário que, por
sua vez, segue os ditames estabelecidos pelo Estatuto do Servidor Público.
Normalmente, é seguido o disposto na Lei 8.112 de 11 de dezembro de 1990 para
determinar as regras acerca do concurso público, os deveres, os direitos e as
obrigações do aprovado, bem como a sua relação a Administração.
Cabe ressaltar, que a lei supracitada se aplica aos servidores públicos federais, isto
é, que possuem uma relação de natureza profissional com a União. No tocante aos
Estados e aos Municípios, cada ente tratará de seu estatuto com suas próprias leis.
Temos, por exemplo, no Estado de São Paulo a Lei 10.261 de 28 de outubro de
1968 que dispõe do regime jurídico aplicado aos funcionários públicos civis do
Estado de São Paulo, ressaltando que funcionários de autarquias, entidades
paraestatais e serviços públicos de natureza industrial não são contemplados por
essa norma. Ainda, em âmbito municipal, a Lei 8.989 de 29 de outubro de 1979
dispõe do Estatuto dos funcionários públicos do Município de São Paulo.

Empregados Públicos

Nesta categoria figuram os ocupantes que também são contratados por concurso
público, contudo estarão sujeitos ao regime celetista, ou seja, a relação de trabalho
será regida pelas normas presentes na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
No Brasil, os funcionários da Caixa Econômica Federal, Petrobrás, etc. são
empregados públicos e atuam na Administração indireta, pois incorporam as
empresas públicas e sociedades de economia mista.

Diferenças entre o regime estatutário e o regime celetista


Apesar de ambos possuírem o concurso público como forma de captação de
funcionários, existem diferenças pontuais em cada regime.
O primeiro é a estabilidade, como previsto no artigo 41 da Lei Maior, após três
anos no exercício de suas atribuições, o servidor público estatutário receberá a
estabilidade e só perderá o seu cargo nas hipóteses previstas no §1º, I, II e III do
artigo supracitado.
A segunda diferença é referente a promoções e mudanças de cargos são mais
frequentes no âmbito celetista, por isso funcionários públicos tendem a permanecer
por muitos anos realizando as mesmas tarefas e arcando com as mesmas
responsabilidades.
Já a terceira disparidade é em relação a aposentadoria desses funcionários uma vez
que o servidor público estatutário possui o Regime Próprio de Previdência Social
(RPPS), enquanto o empregado público se sujeita ao Regime Geral de Previdência
Social (INSS).
Em relação a certas vantagens, os servidores possuem licença prêmio e reajustes
salariais, enquanto o empregado público possui o saque mensal (FGTS) que poderá
ser utilizado em caso de demissão.
Particulares em colaboração com o poder público

Os particulares em colaboração podem ser pessoas naturais ou jurídicas privadas e


são prestadores de serviços voluntários ou compulsórios à administração pública.
Os primeiros agentes particulares colaboradores são os por compulsão –
requisitados pela administração pública mediante ato unilateral, fundado em lei
para desempenhar determinada função ou serviço.
Exemplos: colaboradores por compulsão: jurados, mesários eleitorais, os
escrutinadores (componentes das juntas apuradoras de votos) e os convocados para
a prestação do serviço militar obrigatório.

- Agentes de colaboração – os concessionários e os permissionários de obras e


serviços públicos.
Realizam as responsabilidades que lhe foram atribuídas por sua conta e risco, mas
seguem normas impostas pelo Poder Público e diante da devida supervisão e
fiscalização do órgão responsável pela atribuição.

É importante ressaltar que esses agentes não são vinculados à administração


pública, mas possuem a prerrogativa de, em casos de enchentes, incêndios,
epidemias, ou no caso de prisão de um criminoso, assumem a gestão de atividades
públicas.

Não incidem sobre esses agentes, as proibições constitucionais de acumulação de


cargos, empregos e funções (art. 37, incs. XVI e XVII, da CF/88), porque sua
vinculação com o Estado é sempre de caráter transitório. Porém, serão equiparados
a funcionários públicos, de acordo com o que determina o art. 327 do CP.

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