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A ideia da função pública pode sugerir vários sentidos, podendo ser utilizado sem o devido rigor jurídico,

em outras situações pode ser tida como um conjunto de indivíduos que prestam os serviços ao Estado-
Administração. Pode também se referir a pessoas que realizam ou contribuem para a realização do
poder (governamental).

Para nós, fixamos esta noção em dois sentidos, desde o sentido amplo, que seria o conjunto de pessoas
vinculadas ao Estado-Administração e demais Pessoas Colectivas Públicas por uma relação jurídica de
emprego público ou privado. O elemento chave é a existência de uma relação de emprego. Excluem-se
assim os agentes políticos. Este não interessa para nós.

Em sentido restrito, que se extrai do artigo 250 da CRM, sendo Função Pública o conjunto de indivíduos
que acham vinculados à Adm. Pub. Por uma relação de emprego público de natureza estatutária sujeita
ao DA de forma permanente, profissional, de forma hierarquizada e subordinada visando a realização
dos seus fins.

A chamada função pública não cobre toda a Administração Pública, pois nem todos que exercem as suas
funções na Administração Pública são vinculados ao emprego público, como também não estão todos
submetidos a um regime estatutário.

O conceito de servidor público constante no Código Penal surge no contexto próprio do Direito Penal,
como forma de cobrir ou abranger todos os possíveis servidores da administração pública.

Na função pública existem duas categorias: funcionários do Estado e Agentes do Estado.

O conceito que nos interessa consta do artigo 3 do EGAFE, abrangendo os agentes e funcionários do
Estado, prestando as suas actividades no Estado-Administração Pública. Estando excluídos da função
pública os agentes políticos, os que cumprem obrigações de natureza legal (prestam serviços militares),
os que estão vinculados a Adm. Pub. Em prestação de serviços e os estagiários.

Modelos universais de Emprego Público

Existem dois modelos:

Aberto: este modelo é dominante nos países do common law, como é o caso dos EUA. Para eles a AP
actua como simples empregador, não precisando de um pessoal permanente, estes estão submetidos a
contratos de Direito Privado, sendo que a escolha dos funcionários assenta em assuntos partidários.
Sendo que como argumento a rotatividade, quebra rotina.
Fechado, estatutário ou merit system, este modelo assenta na ideia de carreira, o funcionário é um
profissional, adoptando-se critérios de imparcialidade, igualdade, o modelo dominante, aplicando-se um
Direito Especial (DA, DFP) uma disputa igualitária das vagas.

Escolhe-se este modelo: a ideia Estadista (em primeiro lugar está o Estado que luta pela igualdade e pelo
desenvolvimento Economico e social, por isso estará interessada em criar uma Adm. Púb. unitária.)

Por outro lado, historicamente, o monarca teve sempre o seu próprio staff. Tendo portanto o Estado o
seu próprio pessoal. Havendo na especialização das actividades, aparecendo o Estado nos variados
sectores da Economia.

Características do regime estatutário/ regime de carreira

- os funcionário estão sujeitos a uma situação jurídica específica, definida no EGFAE, sentido a lei no
sentido formal.

- todo o regime disciplinar é essencialmente imperativo

- admite o regime da carreira;

- garantias judiciárias, quando os direitos não são efectiviados podem ser garantidos por via de tribunal;

- proibição de acumulação de cargos públicos;

Natureza das relações funcionais

A teoria publicista que defende que o que liga ambas é a vontade unilateral do Estado. Sendo que esta
vontade justifica-se no vínculo legal, sendo considerado o funcionário como propriedade do Estado, por
isso não se admite greve. Sendo propriedade do domínio público do Estado. Pois sujeita-se a
prossecução do interesse público, havendo por isso direito restringido. Sendo que para pedir
exoneração, tem de continuar a trabalhar até a resposta da AP.

Por outro lado, trata-se de um vínculo de natureza pessoal, não direitos sobre a relação pública.

Teoria privatista, relação como qualquer outra actividade pública ou privada.

Critérios para estabelecer a relação entre dois regimes

- Qualificar os regimes, sendo um geral e outro especial;

- Omissão, sendo que a norma da lei geral não seja contraria as disposições da lei especial (196 da LT)

A existência de uma omissão numa determinada matéria, desde que essa omissão esteja regulada na LT;
Que o regime do Direito de Trabalho não seja incompatível com as necessidades do Serviço Público

Que seja evidente ou previsível que a regra do DFP não seria diferente da do DT em termos de
conteúdo.

Sujeitos da Relação Jurídica do Emprego Público

Sujeito Activo – Administração Pública, titular da relação laboral. Os órgãos de soberania, a PGR, as
Instituições centrais e de representação do Estado. Administração indirecta (as entidades que constam
do artigo 2 do EGFAE)

Sujeito passivo – funcionários e agentes do Estado. A opção legislativa foi de submeter todos os
trabalhadores da função pública ao Estatuto Geral.

Noção de Funcionário Público

Na doutrina ou na teoria, se diz que existem três critérios para definir o funcionário.

- Permanência no lugar do quadro, será funcionário aquele que ocupa os lugares de quadro de pessoal
nas instituições públicas;

- Profissionalidade, sendo funcionário aquele que abraça o serviço da administração como modo de vida
ao qual dedica toda a sua atenção e procura fazer carreira, de onde aufere recursos financeiros para
sustentar o seu lar.

- Caractér pública da relação do serviço, sendo considerado funcionário do Estado que exerce funções
de soberania, que exigem um regime especial, o resto seriam vinculados por contracto de trabalho.

A definição legal é encontrada no nº 1 do artigo 3 do EGFAE

A definição de agentes encontra-se no nº 2 do artigo 3 do EGFAE

Contratos na carreira profissional, que realizam actividades permanentes das instituições (contratos
antecâmera). Contratos pode ser celebrados na educação e saúde.

Agentes de Estado que realizam tarefas que não exigem habilitações profissionais ou técnica, que são
contratos por tempo determinado.

Tipos de agentes administrativos


Agentes de direito e agentes de facto

- Agente de direito é aquele indivíduo que é empregado da Administração Pública mediante


investidura regular;

- Agente de facto é aquele indivíduo que é aceite pacífica e publicamente como agente
administrativo e que exerça funções no interesse geral.

Usurpador – é aquele que se apossa das funções púbicas pela fraude ou pela violência e se dispõe a
exercê-las para satisfazer interesses privados. Os actos praticados pelo usurpador são nulos e
inexistentes, e implicam responsabilidade criminal e o dever de indemnizar os particulares prejudicados.

Agentes de facto necessários e putativos

- São agentes de facto necessários os indivíduos que, em estado de necessidade, e por imperativo do
bem comum, se encarregam do exercício de funções públicas sem nelas terem sido investidos pelo
processo regular;

- São agentes de facto putativos os indivíduos que em circunstâncias normais exercem funções
administrativas de maneira s erem reputados em geral como agentes regulares, apesar de não
estarem validamente providos nos respectivos cargos. Por exemplo, funcionário nomeado
ilegalmente; prolongamento de funções públicas para além da demissão ou da rescisão do contrato.

Modos de provimento dos agentes administrativos

São quatro os modos de provimento dos agentes administrativos:

a) Nomeação, que é a via normal, sendo precedida de concurso;

b) Contrato de provimento;

c) Assalariamento;

d) Eleição.

Nomeação

Trata-se do acto administrativo que provê um indivíduo na qualidade de agente, mas ficando a
investidura nas funções dependente de aceitação do nomeado.

Diferente da nomeação é a requisição, que é o acto administrativo que impõe a um indivíduo o


desempenho das funções de agente indepedentemente da vontade dele.

Importa a este propósito distinguir entre requisição de serviços pela qual um indivíduo adquire
temporariamente a qualidade de agente, da requisição de funcionário, pela qual um indivíduo já
investido é chamado a prestar serviços eventuais em quadro diferente daquele a que pertence.
Quando a requisição de serviços é feita por classe ou categorias de pessoas determinadas, em termos
genéricos, chama-se mobilização.

Contrato de provimento

A este propósito já foi dito o suficiente em sede de contrato administrativo. Para aí remetemos.

Assalariamento administrativo – que consiste no ajuste feito com um indivíduo para que preste serviço
a uma pessoa colectiva de direito público mediante remuneração estipulada por cada dia útil de
trabalho, embora pago à semana, à quinzena ou ao mês.

Eleição – consiste na designação de um agente feita à pluralidade dos votos de um colégio para esse
efeito competente, que não funciona como órgão de gestão permanente de uma pessoa colectiva.

Agentes não funcionários

Agentes políticos – que ocupam lugares de confiança política e, por isso, livremente amovíveis, ou seja,
podendo ser transferidos ou demitidos sempre e quando ao Governo aprouver;

Agentes em comissão - quando se trata de nomear pessoas estranhas à função pública


temporariamente. Carácter amovível da comissão, isto é o órgão que superintende no cargo pode a
todo o tempo, por conveniência do serviço, dar por finda a comissão do indivíduo nele provido;

Agentes interinos, que são os indivíduos para prestar temporariamente serviço a uma pessoa colectiva
de direito público desempenhando a título precário as funções de um cargo vago ou cujo serventuário
se ache impedido de as exercer. É, por natureza, dispensável a todo o tempo.

Agentes provisórios e estagiários

- São agentes provisórios aqueles indivíduos que aspiram à nomeação definitiva ou vitalícia;

- São estagiários os indivíduos admitidos nos serviços administrativos em regime de estágio, isto é, de
aprendizagem profissional.

Agentes requisitados

Agentes pagos por verbas globais ou por gratificação (agentes além dos quadros).

Agentes em regime de direito privado – que são aqueles que prestam serviço uma pessoal colectiva de
direito público mas no regime comum de contrato de trabalho ou de contrato de prestação de serviços.

A responsabilidade pessoal dos agentes administrativos e as suas relações com a responsabilidade das
pessoas colectivas de direito público.

 Direito de regresso
 Responsabilidade dos funcionários:

- Criminal;

- Civil

- Disciplinar

Referências bibliográficas

Caetano, Marcello (2003) Princípios Fundamentais do Direito Administrativo. Almedina. PP. 282-320.

Caetano, Marcello () Manual de Direito Administrativo. Vol. II. Almedina. PP. 641-833.

Caupers, João (2009) Introdução ao Direito Administrativo. 10ª Edição. Ancora. PP. 176-188

Mazza, Alexandre (2012) Manual de Direito Administrativo. 2ª Edição. Saraiva. São Paulo.

Legislação

CRM 2004

EGFAE – Lei nº 10/2017 de 1 de Agosto

LEI DO TRABALHO – Lei 23/2007 de 1 de Agosto

CÓDIGO PENAL – Lei 24/2019 de 24 de Dezembro, revisão do CP

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