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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

ATIVIDADE REFERENTE A SEGUNDA AVALIAÇÃO

ALUNO: JOSÉ VIRGÍLIO DA SILVA NETO (20200003681)

ALUNO: JOSÉ GABRIEL MARTINS DE SOUSA (20200009845)

13 - O que é um Agente Público e quais espécies compõem esse gênero? Explique


cada uma delas.

Primordialmente, é necessário entender que agentes públicos são todas as


pessoas que agem externando a vontade da Administração Pública. A
Administração
atinge a finalidade pública através da atuação dos agentes investidos em
cargos,
empregos e funções públicas. A depender do vínculo existente entre as referidas
pessoas e a Administração Pública, pode-se classificar aquelas entre as
diversas
espécies de agentes públicos da maneira como a doutrina leciona. A expressão
agentes públicos corresponde ao antigo conceito de “funcionários públicos”, que
como
apontam Alexandrino e Paulo (2017), não é o mais adequado. Ressaltam os
autores,
porém, que no Código Penal não houve mudança que atendesse à necessidade de
abandonar a antiga denominação. Assim, se encontrar alguma referência no CP
a
funcionários públicos, entenda como agentes públicos, no sentido mais amplo
possível. As funções exercidas pelos agentes públicos podem ou não estar
vinculadas
a cargos ou empregos específicos. As funções não atreladas a cargos
públicos são conhecidas como funções autônomas. A doutrina divide os
agentes públicos em agentes políticos, honoríficos, administrativos,
delegados e credenciados.

Sobre os agentes políticos, é um grupo formado por pessoas dotadas de


autonomia funcional que têm vínculo com a Administração disciplinado na própria
Constituição Federal. A eles são garantidas prerrogativas funcionais
que visam a proteger a liberdade de sua atuação. Agentes políticos são
os detentores de cargos eletivos, como os membros do Poder Legislativo
e Executivo, assim como os magistrados e membros do Ministério
Público. Há controvérsias quanto a serem agentes políticos os membros
dos Tribunais de Contas. O Supremo Tribunal Federal já demonstrou entender
que não cabe enquadrá-los como agentes políticos, conforme a decisão do
Agravo Regimental na Medida Cautelar na Reclamação 6.702/PR. Vale
conferir a ementa que denota a posição do Supremo. Para citar exemplos das
prerrogativas em questão, temos a imunidade material no que diz respeito aos
membros do Poder Legislativo, assim como a vitaliciedade e
inamovibilidade a que têm direito os magistrados e membros do
Ministério Público. A autora reserva tal classificação apenas àqueles
agentes investidos em seus cargos públicos pelo voto, à exceção somente
dos Ministros e Secretários de Estado, que são investidos por meio de
nomeação. É bom saber que essa divergência existe na doutrina, mas
considere que o entendimento majoritário não reflete a posição da autora.

Por outro lado, os agentes honoríficos são cidadãos chamados


para, transitoriamente, colaborarem com o Estado na prestação de
serviços públicos específicos, em razão de suas condições cívicas, de
suas honorabilidades ou de suas notórias capacidades profissionais. Não
possuem qualquer vínculo profissional com o Poder Público, sendo apenas
considerado funcionário público para fins penais, atuando sem
remuneração, em regra. São exemplos de agentes honoríficos, os jurados,
os mesários eleitorais, os comissários de menores, dentre outros.

Já os agentes administrativos, são aqueles que detêm vínculo com a


Administração de natureza temporária ou permanente. Tal classificação
engloba
distintas situações jurídicas, motivo pelo qual é necessário tratar cada uma
das
subdivisões separadamente. É importante ressaltar que os agentes
administrativos
estão inseridos em uma estrutura hierarquizada e desempenham suas funções como
profissão. Podem ser servidores públicos, empregados públicos ou servidores
temporários. O primeiro tipo de agente administrativo a ser considerado são os
chamados servidores públicos. Eles detêm cargo de provimento efetivo ou em
comissão, mantendo com a Administração um vínculo que se baseia na lei. No
âmbito
da União, tal lei é o famoso Estatuto dos Servidores Públicos, a Lei 8.112/90,
mas é
importante frisar que cabe a cada ente federativo editar suas próprias leis
disciplinando as garantias e limitações próprias dessa espécie de agentes
administrativos.

Os servidores públicos de cargo efetivo necessariamente são aqueles que


obtiveram aprovação em concurso público, conforme explicita a Constituição
Federal
em seu artigo 37, Il:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer


dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,

também, ao seguinte: [.]

Il- a investidura em cargo ou emprego público depende de


aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas
e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo

ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as


nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração.

Os cargos em comissão são de livre provimento e exoneração, motivo pelo


qual
não é necessário prévia aprovação em concurso público para titularizá-los. Não
confunda cargo em comissão com funções de confiança! Essas são funções
especiais
que pressupõem a aprovação em concurso público, já que só podem ser exercidas
por servidores efetivos. Fazem jus, dentre outras garantias, à estabilidade
no serviço
público, que é adquirida após três anos de efetivo exercício aliado à aprovação
por
comissão designada para avaliação do servidor neste período, o que caracteriza
o
estágio probatório. Atenção: ainda que a Lei 8.112/90 indique que seriam
necessários
apenas dois anos de estágio probatório, o STF já decidiu que a aquisição da
estabilidade se vincula a tal etapa, motivo pelo qual o período de três anos
deve ser
considerado também para o estágio probatório. Nesse intervalo de tempo, o
servidor
não estável deve demonstrar-se apto ao exercício do cargo, de acordo com os
critérios
objetivos escolhidos pela comissão constituída para o fim específico de avaliá-
lo.

A estabilidade se dá diante de cada ente da federação e diz respeito


apenas
ao cargo, sendo plenamente possível haver servidor efetivo que passe por mais de
um estágio probatório, caso tenha sido aprovado novamente em concurso público e
pretenda exercer outro cargo efetivo. A Constituição de 1988 permitiu ainda que
se
pudesse falar em estabilidade de servidores que não passaram a integrar a
Administração Pública após aprovação em concurso público. O ADCT, em seu
artigo
19, dispõe que os servidores que à época da promulgação da Constituição já
estivessem exercendo cargo público há pelo menos cinco anos seriam considerados
servidores estáveis, ainda que não efetivos.

Sobre os agentes delegados, tal figura importa ao Direito


Administrativo não por terem tais agentes vínculo funcional com a
Administração Pública, mas por
encontrarem-se vinculados à Administração devido à prestação de
serviços públicos mediante remuneração. Agentes delegados são as
pessoas jurídicas concessionárias e permissionárias, assim como
auxiliares da Justiça, tendo como exemplo tradutores, leiloeiros, entre
outros.

Os agentes credenciados representam nada mais do que pessoas naturais


incumbidas de representar o Estado em evento solene específico. Por
representarem
a Administração na ocasião designada percebem remuneração. O vínculo
com a Administração na qualidade de agente credenciado desfaz-se após a
cerimônia em questão. Cabe, por fim, conceituar o que a doutrina chama de
agentes de fato, a despeito de não integrarem a Administração Pública
como os demais agentes que estudamos. Podem ser agentes necessários, que
são pessoas naturais que não foram investidas de cargo ou função
pública, mas em decorrência de calamidades, desastres e demais
situações insustentáveis, passam a agir como agentes da Administração,
auxiliando quem se encontrar em situação de risco. Agentes putativos
também são agentes de fato, mas diferem dos agentes necessários por
atuarem como se agentes públicos fossem, sem terem sido investidos da
maneira como manda a lei e a Constituição. Os atos dos agentes de fato
podem ser discutidos internamente, sendo possível que o Estado ajuíze
ação regressiva em razão de prejuízos que esses tenham causado a
terceiros de boa-fé. Porém, perante esses últimos, os agentes de fato
devem ser tidos como agentes públicos, sendo possível que suas condutas
ensejem a responsabilidade civil do Estado, adotando-se a teoria da
aparência, afinal não seria razoável fazer com que as pessoas do povo
arcassem com as perdas decorrentes da atuação de quem se apresentou como
representante do Estado.

Ainda que a doutrina não seja unânime quanto à classificação dos agentes
públicos, mais importa entender que todos os referidos presentam a
Administração
em determinado momento, agindo em seu nome. É por esse motivo que todos eles se
submetem aos princípios administrativos expressos e implícitos, bem como
respondem nas esferas administrativa, criminal e civil na qualidade de agentes
públicos, atraindo inclusive o disposto no artigo 37, 86º da Constituição a
respeito
da responsabilidade civil do Estado. Vale ressaltar ainda que o caráter
transitório ou
permanente da atuação em nome da Administração e a percepção ou não de
remuneração não é suficiente para verificar se o agente em questão pode ser
considerado agente público.
22 - Provimento e investidura: explique-os.

De início, vamos começar abordando sobre o provimento, ele é


caracterizado
por ser o ato administrativo de preenchimento de cargo público feito pela
autoridade
competente de cada setor. Para a investidura em cargo público, alguns
requisitos
básicos são exigidos, como: nacionalidade brasileira, gozo dos
direitos políticos, quitação com as obrigações militares e eleitorais,
nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo, idade mínima de
dezoito anos e aptidão física e mental. Apesar de a nacionalidade
brasileira ser um dos critérios definidos em lei, a Constituição
Federal permite o ingresso de estrangeiros na forma da lei. Há também a
possibilidade de outros requisitos serem estabelecidos em lei, conforme
as atribuições do cargo. Assim sendo, não se admitem outras formas de
restringir o ingresso no cargo público que não sejam por lei. Por isso,
edital de concurso não pode estabelecer exigências que não estejam
contidas na legislação, como por exemplo: idade mínima ou máxima para
ingresso na carreira pública. Além disso, a constituição federal
determina a reserva de vagas para portadores de deficiência por meio de
lei e, a legislação federal traz o percentual de reserva de no máximo
vinte por cento.

Por outro lado, as formas de provimento em cargo público podem ser


classificadas como: provimento originário e provimento derivado. O primeiro é o
preenchimento do cargo por servidor sem vínculo anterior com a
administração
pública. Por isso, a única forma atual para esse primeiro vínculo é a nomeação.
Já o
provimento derivado, refere-se à ocupação de cargo público por servidor com
vínculo
anterior. Neste caso, excetuando-se a nomeação, as outras formas de
provimento são
classificadas como provimento derivado. Havia previsão de duas outras formas de
provimento derivado na lei: a ascensão e a transferência. As duas foram
consideradas
inconstitucionais pelo STF por permitir o preenchimento de vagas de cargos
diferentes
em complexidade e em remuneração sem a exigência de concurso público.
A nomeação é a única “porta de entrada” para cargo público existente no
ordenamento jurídico atual. E esta pode ser em caráter efetivo ou em comissão.
Em
caráter efetivo, a nomeação se dará após aprovação prévia em concurso público
de
provas ou de provase títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do
cargo
ou emprego. Já o cargo em comissão, não é precedido de concurso público, sendo
um ato discricionário da autoridade competente. São declaradas em lei de livre
nomeação e exoneração, não necessitando de motivação para sua
efetivação. A nomeação é um ato unilateral da administração pública e
o candidato não tem obrigação de assumir o cargo. Por isso, o nomeado
apenas terá vínculo com a administração pública com a posse, que deve
ocorrer no prazo de trinta dias da nomeação.

Já a promoção, ela é uma forma de provimento derivado vertical nos


cargos da
administração pública. É quando ocorre o provimento na carreira de cargos
sucessivos e ascendentes. Por exemplo, o auditor fiscal evolui do nível | para
se tornar
auditor fiscal do nível Il. É visto então, que a promoção ocorre quando há uma
evolução na própria carreira. Já a ascensão, que foi declarada inconstitucional
pelo
STF, existia a mudança de carreira pelo servidor, sem a prestação de
concurso
público. E então, como é feito para obter a promoção? A Constituição Federal
traz a
necessidade de manter escolas de governo para aperfeiçoamento dos
servidores
públicos. Sendo assim, a participação em cursos constitui requisito para
promoção na
carreira.

Na readaptação, ela é caracterizada por ser a forma de provimento em


cargo
público no caso de limitação física ou mental sofrida e que o servidor se torna
inapto
para exercer funções do cargo que ocupa. Porém, seria possível exercer função
em
outro cargo, já que não foi considerada uma invalidez permanente. Por isso, é
oportunizado ao servidor exercer atividades condizentes com a
limitação sofrida. O cargo provido por readaptação deve ter
atribuições, nível de escolaridade e vencimento equivalentes ao cargo
ocupado anteriormente e independe da estabilidade do servidor.

Na reversão, que também é uma forma de provimento em cargo público, é o


retorno à atividade do servidor aposentado. Existem duas possibilidades de
ocorrer: a
reversão de ofício e a reversão a pedido. Ocorre de ofício, quando a junta
médica
oficial declarar que os motivos da aposentadoria por invalidez deixaram de
existir.
Neste caso, é um ato vinculado, ou seja, obrigatório para administração e para
o
servidor, independente da estabilidade dele. Se o cargo estiver ocupado, deverá
exercer suas atribuições como excedente até ocorrência de vaga. E a
reversão a
pedido, é quando o aposentado voluntariamente solicita a reversão de
aposentadoria.
Esta é uma decisão discricionária por parte da administração, exercendo-a
conforme
interesse da administração. Neste caso, o servidor deve ser estável e
o tempo entre a aposentadoria e a solicitação da reversão não deve
exceder cinco anos. Além disso, deve existir cargo vago, não sendo
possível exercer as atribuições como excedente. Para os dois casos de
reversão, a lei traz a impossibilidade de reversão do aposentado com
idade superior a setenta anos. Esse artigo não foi revogado mesmo com
a alteração da idade da aposentadoria compulsória para setenta e cinco
anos. Por isso, considera-se ainda em vigor essa regra da reversão.

No aproveitamento, é entendido a forma de provimento derivado que trata


do
retorno do servidor que havia sido posto em disponibilidade. Logo, esse
aproveitamento deve ser a um cargo com atribuições e vencimentos
compatíveis com
o anteriormente ocupado. Observa-se que, quando o cargo é extinto, o servidor
estável não poderá ser demitido, então é colocado à disposição da
administração
pública para ocupar e realizar atividades compatíveis com o cargo anterior. Ao
servidor que estiver em disponibilidade, será assegurado o recebimento da
remuneração proporcional ao tempo de serviço.

Na reintegração ocorre quando sentença judicial ou administrativa


invalida
demissão do servidor público. Em caso de cargo extinto, o servidor ficará
em
disponibilidade até o aproveitamento. E se o cargo estiver ocupado por outro
servidor,
a preferência é do servidor reintegrado, sendo o atual ocupante reconduzido
ao cargo
de origem ou aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade. Por fim, o
texto
da constituição e da Lei 8.112/90 afirmam que a reintegração se aplica
apenas aos
servidores estáveis. Mas, há divergências na doutrina quanto a possibilidade de
reintegração de servidor não estável.

A última forma de provimento em cargo público é a recondução. Ela é o


retorno
de servidor estável ao cargo anteriormente ocupado. Esse retorno pode ocorrer
por
inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo ou em caso de
reintegração
do anterior ocupante do cargo. Ressalta-se que o servidor estável que saiu do
serviço
público atual para outro cargo do serviço público pode, durante estágio
probatório, retornar ao cargo anteriormente ocupado.

Por outro lado, na investidura, ela é caracterizada como sendo uma


operação
complexa, constituída de atos do Estado e do interessado, que completa o
provimento
no cargo público. A investidura do cargo ocorre com a posse daquele que foi
nomeado.
São requisitos para a investidura de servidores em âmbito federal: a
nacionalidade brasileira, o gozo dos direitos políticos, a quitação
com obrigações militares e eleitorais, o nível de escolaridade exigido
para o cargo, a idade mínima de 18 anos e a aptidão física e mental.
Cada cargo pode ainda exigir requisitos específicos às atribuições
previstas.

O servidor tem 30 dias da nomeação para tomar posse, sendo então


investido
no cargo. Daí, para o âmbito federal, surge o prazo de 15 dias para que entre
em
exercício. A posse ocorre com a assinatura do respectivo termo, ocasião em que
se
estabelece a relação estatutária com o servidor, sendo que ele toma ciência
formal
das responsabilidades e direitos do cargo que será ocupado, apresenta
declaração
de bens e valores que constituem seu patrimônio e declara se exerce ou não
outro
cargo. É possível a posse por procuração específica, registrada em cartório.

32 - Fale sobre a vacância de cargo público, levando em conta as hipóteses


previstas
pela Lei nº 8.112/1990.

De início, vamos entender de onde vem essa palavra, O


termo vacância significa vago, quando falamos de vacância de cargo ou
emprego público está relacionadaa liberação, ou desocupação, de algum
cargo. É bastante comum que o cargo fique vago ou desocupado por motivos
como exoneração, demissão, promoção, readaptação, aposentadoria ou
falecimento. No entanto, a própria administração pública, às vezes, tem
interpretações erradas e confusas sobre os efeitos e consequências da
vacância. O efeito dessa confusão é que isso pode atrapalhar novos
concursos ou promoções internas, porque talvez o cargo não conste como
vago.

Os motivos para a vacância em cargo público são muito comuns e, ainda,


podem acontecer em toda a administração pública federal, estadual ou municipal.
São
diversos motivos que podem causar a desocupação de cargos públicos, seja a
pedido
do servidor ou por decisão do Poder Público.

A exoneração e a quebra do vínculo entre a administração pública


e o servidor, mas sem caracterizar uma punição. Na exoneração, ocorre o
desligamento do servidor pela administração pública ou a pedido do
próprio funcionário. É por isso que
a exoneração não acontece para punir o servidor público. Uma questão rotineira
é a
exoneração de servidor em cargo comissionado, em que a administração pode o
exonerar pelo simples fato de não ter interesse em manter aquele funcionário.
Pode
acontecer a exoneração quando o servidor toma posse do cargo, mas não inicia o
exercício das suas funções no prazo estabelecido. Nesse caso, se o servidor
empossado não iniciar o cumprimento das suas obrigações em até 15 dias (prazo
dado pela lei), ele pode ser exonerado. Essa exoneração vai causar a vacância
do
cargo público, autorizando a administração a chamar o próximo da lista de
aprovados
ou da lista de espera. A exoneração também pode acontecer após o estágio
probatório, nos casos em que o servidor é considerado inapto para o cargo. No
estágio
probatório, a administração pública vai avaliar se você tem aptidão e
capacidade para
o desempenho do cargo efetivo. Nesse período, será feita a avaliação de
assiduidade,
disciplina, capacidade de iniciativa, produtividade e responsabilidade. Se o
seu
desempenho no estágio probatório não for considerado satisfatório, você pode
ser exonerado do serviço público.

Já na parte de demissão do serviço público, ela é uma penalidade em razão


da
prática de uma falta grave pelo servidor público. As faltas graves passíveis de
punição
com demissão estão previstas na Lei nº 8.112/90, conhecida como Estatuto dos
Servidores Públicos Federais: praticar corrupção passiva, ativa, contrabando,
tráfico
de influências, prevaricação e outros crimes contra a administração
pública; faltar ao
trabalho intencionalmente por mais de 30 dias sem justificativas legais;
ausentar do
trabalho por mais de 60 dias de modo injustificado em um período de 12 meses;
cometer ato de improbidade administrativa, como enriquecimento ilícito e
defasagem
dos cofres públicos; cometer atos que vão de encontro aos princípios da
administração pública; aplicar irregularmente o dinheiro público — ainda que
seja um
ato de boa-fé; acumular ilegalmente cargos ou funções públicas; prestar
conduta
escandalosa à administração de modo a denegrir a imagem da repartição na
qual está
lotado, entre outros.

Na área de promoção, quando um servidor público é promovido, também


acontece a vacância do cargo público, porque o servidor deixa de exercer aquela
função. A promoção pode acontecer quando você deixa sua função de origem
para
ocupar um cargo de maior nível, mas dentro da própria classe. Nesse caso, o cargo
mais baixo deve ficar vago após acontecer o seu provimento à função superior.
Na readaptação, uma doença incapacitante ou acidente, pode fazer com que
o
servidor público tenha limitação física ou mental. Assim, após apresentar o
laudo da
junta médica, você pode ser removido para outro cargo público adequado à sua
nova
condição. Quando o servidor readaptado for removido (que é o nome da
transferência
de servidores), o cargo anterior ficará vago.

A aposentadoria do servidor público é um dos principais motivos para a vacância


de
cargo público. Atualmente, existem 4 aposentadorias no serviço público:
voluntária,
compulsória, especial ou por invalidez. Na aposentadoria voluntária, se você
entrou
no serviço público após a reforma da Previdência de 2019 ou se falta muito
tempo
para se aposentar, as novas regras são: homem: 65 anos de idade + 25 anos de
tempo de contribuição; mulher: 62 anos de idade + 25 anos de tempo de
contribuição;

Nesse tempo de contribuição, devem estar incluídos na contagem:


10 anos de carreira no mesmo órgão; 5 anos de efetivo exercício no
cargo anterior a aposentadoria.

Já a aposentadoria compulsória acontece de forma automática, sem


autorização do servidor ou do órgão público em que você trabalha. Até
3/12/2015, a
idade mínima para a aposentadoria compulsória era de 70 anos. A partir de
4/12/2015,
a idade máxima passou para 75 anos. A aposentadoria especial tem o objetivo de
equilibrar a liberação do benefício a alguns servidores públicos que trabalham
nas
seguintes condições: pessoas com deficiência; atividades de risco à
vida e à saúde; atividades em alta exposição a agentes nocivos,
insalubres e periculosos ao funcionário.

Agora, a aposentadoria por invalidez acontece quando o funcionário


público
está incapaz de forma permanente para o trabalho, em razão de doença ou
acidente.
Em geral, essa aposentadoria é liberada após algum tempo recebendo a licença
por
doença. Assim, se for verificada a incapacidade permanente, é liberada a
aposentadoria. Todas essas aposentadorias são motivos para ocorrer a vacância
de
cargo público.

O falecimento do servidor público também é um motivo para a vacância do


cargo, porque ocorre o seu desligamento em razão da morte. A chefia
imediata deve
comunicar às autoridades superiores sobre o falecimento do subordinado, fazendo
com que aconteça as formalidades burocráticas para o desligamento.
4º - Cite e explique os elementos e requisitos dos Atos Administrativos.

Os elementos ou requisitos dos atos administrativos são cinco, sendo


eles:
competência, finalidade, forma, motivo e objeto. Importante salientar que nem
sempre
os cinco requisitos estarão presentes, dando ensejo à classificação dos atos
administrativos em vinculados e discricionários. Os atos vinculados são aqueles
em
que todos os requisitos já aparecem previamente definidos em lei, não havendo
margem para a liberdade de atuação do agente público. Os atos
discricionários, por
sua vez, são aqueles em que apenas os requisitos competência, finalidade e
forma
estão previamente definidos em alguma norma, de forma que o agente estatal
pode,
quando da prática do ato, escolher o motivo e o objeto que melhor atendam à
necessidade do caso concreto.

A competência pode ser conceituada como o poder, definido em lei, para


que
um agente público possa realizar determinados atos administrativos. Como
estamos
em um Estado Democrático de Direito, todas as atuações do administrador
público
devem estar pautadas no princípio da legalidade. Dessa forma, aos agentes
públicos
apenas é permitido fazer aquilo que a lei determine ou autorize.

A doutrina identifica uma série de características para o requisito


competência,
sendo elas: Improrrogabilidade: se o agente público não utiliza sua
competência, isso
não faz com que esta seja transferida a outro agente; Irrenunciabilidade:
os agentes
não podem renunciar às competências que lhes tenham sido conferidas, uma vez
que,
em decorrência do princípio da indisponibilidade do interesse público a
administração
pública atua como mera gestora dos interesses de terceiros, que, no caso, são os
interesses da coletividade; Imprescritibilidade: o não exercício da competência
não a
extingue, ou seja, se determinado agente não exerce sua competência por um lapso
de tempo, isso não significa que sua competência prescreveu. Como a competência
é definida por lei, apenas outra lei de mesma hierarquia pode extinguir a
competência
anteriormente outorgada. Obrigatoriedade: o agente público, quando a
situação exigir,
deve obrigatoriamente utilizar sua competência, sob pena de ser
responsabilizado
pela sua omissão.

Com relação à competência, é sobre a possibilidade desta ser avocada ou


delegada. Com a delegação, temos a transferência de parte da competência
inicialmente atribuída a uma autoridade superior. Desta forma, os atos
praticados
quando do exercício da delegação serão considerados editados pelo
delegado, que assume a responsabilidade pelas eventuais
irregularidades. Trata-se a delegação de um ato que pode ser revogado, a
qualquer tempo, pela autoridade superior. A avocação, em sentido oposto,
caracteriza-se pelo exercício, por parte da autoridade hierarquicamente
superior, de competências inicialmente previstas para um subordinado. Ao
contrário da delegação, a avocação apenas pode ser realizada em
caráter de exceção, sendo a regra, por isso mesmo, a impossibilidade
de sua realização.

A finalidade é uma das características que norteia toda a administração


pública,
sendo, inclusive, uma das hipóteses de utilização do princípio da
impessoalidade. No
que se refere aos atos administrativos, podemos identificar duas finalidades:
Finalidade geral (mediata), que é aquela que norteia toda a administração
pública em
todas as suas atividades. Tal finalidade pode ser definida como a obrigação
que os
entes públicos possuem de garantir o bem-estar da população, não estando
restrita a
uma determinada manifestação ou ato, mas sim a todas as atividades do Poder
Público; Finalidade específica (imediata), que é aquela que o ato
administrativo deseja
alcançar. Tal finalidade está diretamente relacionada com um ato específico
editado
pela administração pública.

A forma está relacionada com o modo de exteriorização do ato


administrativo.
Ainda que a imensa maioria dos atos administrativos sejam editados por meio da
forma escrita, é plenamente possível a existência de atos com outros tipos de
forma,
tal como ocorre, por exemplo, com as ordens verbais de um superior hierárquico,
os gestos e apitos de um guarda rodoviário e até mesmo os sinais de uma
placa de trânsito. Importante distinção deve ser feita entre o motivo e
a motivação do ato administrativo. O motivo, conforme verificado, é a
causa do ato administrativo, o fundamento para a sua prática, consistindo
em requisitos que pode ou não estar presente, a depender de estarmos,
respectivamente, diante de atos administrativos vinculados ou
discricionários. A motivação, no entanto, é a exteriorização da forma.
Se um determinado ato administrativo, para ser válido, necessita do
requisito motivo, a motivação é a exteriorização deste motivo.

O objeto pode ser entendido como o conteúdo do ato administrativo, sendo


considerado o efeito imediato que a administração deseja alcançar. Além
deste efeito,
a doutrina identifica que a finalidade é o efeito mediato de todo e qualquer
ato
administrativo. Seria inadmissível, em um ordenamento jurídico pautado na
legalidade, que o objeto de um ato administrativo contrariasse a lei, principal
fonte do
Direito Administrativo. Por isso mesmo é que o objeto do ato, para ser válido,
deve ser
lícito, possível e praticado por agente capaz.

5a - Discorra sobre a classificação dos Atos Administrativos.

Os atos administrativos, de acordo com Maria Sylvia Zanella Di Pietro,


são as
declarações do Estado e de seus representantes, que produzem consequências
jurídicas imediatas, com observância da lei, sob o regime jurídico de direito
público e
submetida ao controle pelo Poder Público. Ademais, não basta que a
Administração
manifeste sua vontade para que seus atos sejam denominados de atos
administrativos, afinal, para que isso ocorra, tais atos só receberão essa
classificação
caso eles sejam submetidos ao regime jurídico de direito público.

Outrossim, é importante salientar que os atos administrativos não podem


ser
confundidos com os fatos administrativos. Os fatos administrativos não tem
finalidade
de produzir efeitos jurídicos, sendo apenas fatos concretos que podem ou não
produzir efeitos no Direito Administrativo. De acordo com o jurista Pontes de
Miranda
“atos administrativos são aqueles que possuem um conteúdo humano e o fato
administrativo em sentido estrito é aquele que não tem esse conteúdo
propriamente
humano, não tem propriamente vontade”. Sendo assim, considera-se que o fato da
administração não envolve propriamente uma vontade, sendo uma concretização
ou
apenas uma exteriorização de uma decisão anterior. Ou seja, em outras palavras,
os
fatos administrativos são queles que produzem efeitos no direito administrativo
- o
falecimento de um servidor público pode ser considerado um fato administrativo,
por
exemplo. Por outro lado, os atos administrativos irão decorrer de uma
manifestação
de vontade da Administração, podendo ser anuladas ou revogadas.
Ademais, com exceção dos silêncios qualificados, o silêncio da
Administração não pode ser considerado um ato administrativo, sendo
necessário que haja uma norma legal prevendo que o silêncio da
administração signifique algo.

Outrossim, deve-se destacar a diferença entre os atos da


administração e os
atos administrativos. Os atos da administração são todos os atos jurídico
praticados
pelo Poder Público, estando estes ou não sujeitos ao regime jurídico público.
Sendo
assim, os atos da administração derivam duas espécies: os atos privados da
administração e os atos administrativos propriamente ditos. Por outro lado, os
atos
administrativos estão sujeitos ao regime jurídico de Direito Público, estando a
Administração em posição superior à do particular, inexistindo igualdade.
Além disso,
nos atos administrativos o Estado pratica um ato unilateral, tomando decisões
que,
com certa frequência, geram obrigações para os particulares.

Quanto às fases de constituição de um ato administrativo, têm-se


três: a perfeição, a qual, em direito administrativo, significa a
existência do ato, seu aperfeiçoamento e materialização,
independentemente de ser ele válido ou não; a validade, a qual deve ser
aferida de acordo com a lei; e a eficácia, a qual diz respeito à
materialização do ato na ordem jurídica, na realidade fática. Ademais,
quanto à formação dos atos administrativos, a divisão se dá em: simples, a
qual é aquele que se aperfeiçoa com apenas uma manifestação de vontade;
compostos, a qual são os atos praticados por um órgão, mas depois devem
passar por algum tipo de homologação por outro; complexos, os quais são os
atos administrativos em que existem dois juízos independentes, ambos de
mérito, e de igual importância e com a mesma profundidade cognitiva.

No quesito das classificações os atos administrativos, os atos


administrativos
podem ser gerais, quanto os atos são voltados a indivíduos incertos e
indeterminados,
havendo pluralidade indefinida; individuais, quando o ato administrativo
interfere na
órbita jurídica de uma pessoa física ou jurídica determinada; constitutivos,
quando
cria, modifica ou extingue relações dali em diante; declaratório, quando
reconhece
uma relação jurídica pré-existente; e enunciativos em que a Administração não
emite
propriamente um juízo, uma manifestação de vontade, apenas atestando ou
certificando uma situação de fato.

Ademais, as classificações dos atos administrativos continuam. Quanto


aos
destinatários, os atos podem ser classificados em: atos gerais, os quais são
aqueles
que não tem destinatário específico, tendo caráter de norma; e atos
individuais, as
quais são os que tem um destinatário específico. O ato geral irá prevalecer
sobre o
ato individual, tendo este último uma subdivisão em ato individual singular
- nomeação
de um sujeito para um cargo comissionado-, e ato individual plural — nomeação
de
diversos sujeitos para um cargo efetivo. Agora se tratando das
prerrogativas, os atos
administrativos podem ser classificados em: atos de impérios, os quais são os
atos
administrativos propriamente ditos, revestidos de imperatividade; atos de
gestão, os
quais são os atos praticados com a finalidade de gerir os bens e serviços
do Poder
Público; e os atos de expediente, os quais são os atos destinados a unicamente
dar
andamento às atividades da Administração. Quanto ao grau de liberdade, os
atos
podem ser: vinculados, quando estes não detêm nenhum juízo de valor por todos
seus
elementos estarem previstos em lei; discricionários, quando a lei confere ao
administrador o juízo de conveniência e oportunidade. Já quanto à formação, os
atos
podem ser classificados em: simples, os quais são aqueles que dependem da
manifestação de vontade de um único órgão; complexos, os quais dependem de duas
ou mais manifestações de vontade, que ocorrem em patamar de igualdade, em
órgãos
diferentes; e compostos, os quais dependem, também, de duas ou mais
manifestações de vontade, que ocorrem em patamar de desigualdade, sendo a
primeira a principal e a segunda a secundária, ambas ocorrendo dentro de um
mesmo
órgão. Quanto à formação e eficácia, os atos administrativos podem ser
classificados
em: atos perfeitos, que é quando este cumpre o ciclo de formação; ato válido,
quando
o ato administrativo cumpre os requisitos previstos em lei, sem vícios; o ato
eficaz,
que é quando o ato cumpre seus requisitos e está pronto para produzir efeitos;
e o ato
exequível, que é aquele apto para produzir efeitos imediatamente. Ademais, em
relação aos atos, estes podem ser subdivididos em típicos e atípicos, sendo o
primeiro
os efeitos próprios do ato —- uma consequência lógica dele —- e o segundo pode,
também, ser subdivido: efeitos atípicos preliminares, os quais é o efeito
existente
enquanto o ato administrativo ainda está pendente de uma homologação ou
verificação; e os efeitos atípicos reflexos, os quais são efeitos que atingem
indiretamente uma terceira pessoa. Continuando na classificação dos atos
administrativos, se tratando dos efeitos, eles podem ser classificados em: atos
constitutivos, os quais constituem direitos; atos declaratórios, os quais
declaram
situação preexistente; atos ablatórios, os quais restringem o direito do
administrado;
e os atos enunciativos, os quais, em sentindo estrito, indicam juízos de valor,
dependendo, assim, de outros atos de caráter decisório. Para finalizar, os atos
administrativos também podem ser: nulos, quando estes são contaminados por um
vício insanável ou nulidade absoluta; anuláveis, quando são contaminados pelo
vício
sanável, admitindo a convalidação, a qual gera efeitos ex tunc; e os atos
inexistentes,
os quais guardariam apenas uma aparência de um ato. Em relação aos vícios
supracitados, os vícios relacionados à competência admitem a convalidação,
sendo
denominado ratificação. Já em relação aos vícios quanto à forma, também
será
possível a ratificação, desde que esta forma não seja essencial à validade do
fato. Já
em relação à finalidade e ao motivo, se o ato estiver contaminado, jamais
poderá ser
convalidado, E, por mim, se tratando do objeto, quando este for legal, não
poderá ser
convalidado, porém, poderá ser convertido em outro ato de outra categoria.

62 - Fale a respeito das espécies de Atos Administrativos, explicando cada uma


delas.

R: Como dito anteriormente, o conceito de ato administrativo para Maria


Sylvia Di
Pietro se dá na declaração do Estado ou de quem o represente, que produz
efeitos
jurídicos imediatos, com observância da lei, sob o regime jurídico de direito
público e
sujeita ao controle pelo Poder Público. Dentro do conceito de atos
administrativos,
têm-se as espécies de atos administrativos, que vão se diferenciar pelo
conteúdo do
ato emanado. Sendo assim, as espécies de atos administrativos são: os atos
normativos; os atos ordinatórios; os atos negociais; os atos enunciativos; e os
atos
punitivos.

Os atos normativos são manifestações de vontade, de caráter abstrato, do


Poder
Público. Elas são para destinatários indeterminados, ainda que estes sejam
determináveis. Eles devem ser expedidos sempre que a lei demandar uma
regulamentação. Estes atos normativos são caracterizados pela abstração
e generalidade. Sendo assim, tais atos não atingem situações concretas
específicas, porém se destinam a normatizar situações futuras. São atos
discricionários e se submetem às mesmas regras de controle judicial das
leis. Ademais, eles são divididos em 5 tipos: as resoluções, as quais
são atos administrativos normativos que são expedidos pelas altas
autoridades do Executivo (exceto o chefe do executivo), por órgãos
legislativos, por colegiados administrativos ou pelos presidentes dos
tribunais. A finalidade das resoluções é disciplinar matéria de
competência específica desses órgãos ou autoridades, podendo ter efeitos
internos e/ou externos. Os regulamentos são atos administrativos
destinados a especificar os mandamentos da lei, dependendo de outro ato
para aprova-lo, ou seja, não tendo eficácia por si só. Os regimentos tem
efeitos internos, que tratam do funcionamento de órgãos colegiados ou
de corporações legislativas. Já os decretos executivos ou regulamentares
são atos privativos dos chefes de Poder Executivo, eles se destinam a
dar fiel execução às leis. Devido a isso, eles constituem a expressão
clássica do poder regulamentar, já que
detalham a aplicação de uma lei. Por último, as deliberações são atos
normativos ou decisórios adotados por órgãos colegiados, podendo ser
atos gerais ou individuais.

Os atos ordinatórios possuem a finalidade de disciplinar o funcionamento da


Administração e a conduta funcional dos agentes públicos, tendo, assim,
alcance
interno. São exemplos de atos ordinatórios. As portarias são atos
administrativos
formais praticados por autoridades em nível inferior ao Chefe do Executivo,
quaisquer
que sejam os escalões, que se destinam a uma variedade de situações. As ordens
de
serviços são atos formais que determinam a maneira que uma atividade deve ser
conduzida, confundindo-se com a circular. As circulares são atos
administrativos
formais pelo qual autoridades superiores expedem ordens uniformes aos
servidores
subordinados. Elas são orientações em caráter concreto, distinguindo-
se das instruções. Por último, os memorandos e ofícios são atos de
comunicação, sendo o memorando de comunicação interna, entre os
agentes do mesmo órgão. Já o ofício é um ato de comunicação entre uma
autoridade e um particular ou entre autoridades.

Os atos negociais são manifestações de vontade da Administração que vão


coincidir
com a pretensão de um particular. Sendo assim, são atos de consentimentos e não
se deve confundir atos negociais com contratos administrativos, afinal,
no contrato há manifestação bilateral de vontades, enquanto nos atos
negociais há uma manifestação unilateral de vontade do Poder Público.
Quanto aos atos negociais, têm-se alguns exemplos: a autorização, a
qual é se trata de um ato unilateral, discricionário e precário, pelo
qual a Administração: faculta o uso de bem público pelo particular para
atender interesse do particular; faculta a prestação do serviço público
pelo particular, em caráter extremamente precário; autoriza o exercício de
certa atividade material; a permissão de uso de bem público, o qual se
trata de um ato unilateral, discricionário e precário (em menor grau),
através do qual a Administração faculta ao particular interessado a
utilização de bem público, sendo sua diferença para com a autorização pois
a permissão atende ao interesse do particular e da coletividade; a licença
é um ato negocial vinculado, sempre sendo um ato de polícia; por fim, a
admissão, a qual é o ato pelo qual se permite que o particular usufrua de
um serviço prestado pelo Estado.

Os atos enunciativos são aqueles em que a Administração se limita a expor algo.


Dessa forma, o Poder Público irá certificar ou atestar um fato, que consta de
seu
registro, processo, arquivo público; ou, ainda, irá emitir uma opinião sobre
determinado assunto. Estes podem ser representados pelos seguintes exemplos: as
certidões, as quais são cópias fiéis de registros de atos ou fatos que constam
nos
registro públicos, em processo, livro ou documento que se encontre na repartição
responsável, sendo espelhado para o requerente; os atestados, os quais são atos
utilizados pelos órgãos públicos ou agentes para declarar um fato ou situação
que
tiveram conhecimento, diferenciando da certidão por aquela constar em um
registro
público; os pareceres são os atos pelos quais os órgãos consultivos da
Administração
emitem opinião acerca de assuntos técnicos ou jurídicos de sua competência,
sendo
subdivididos em facultativos e obrigatórios vinculantes e não vinculantes;
para
finalizar, as apostilas são atos utilizados para atualizar, corrigir,
complementar ou
emendar um documento, acrescendo informações ao registro público.

Por último, os atos punitivos tem a finalidade de punir ou reprimir a prática


de infrações
administrativas, sendo dividido em duas grandes categorias: as sanções
internas, as quais são aplicáveis em virtude do regime funcional dos
servidores; e as sanções externas, que tratam da relação entre a
Administração e o administrado, ocorrendo quando o destinatário
infringe alguma norma administrativa. Os exemplos de atos punitivos
são: as multas, que são imposições pecuniárias a que sujeita o
administrado ao pagamento; a autuação interna, a qual é um ato punitivo
decorrente do poder disciplinar da administração pública; a interdição de
atividade, a qual é o ato em que a Administração veda a alguém a prática
de atos sujeitos ao seu controle ou que incidam sobre seus bens; e a
destruição de coisa que é ato punitivo decorrente poder de polícia da
administração pública que advém de um ato de fiscalização.

72 - Poder de Polícia: explique-o.

R: Os poderes administrativos são o conjunto de medidas e instrumentos, e


eventuais prerrogativas, de que se vale a Administração Pública para a
consecução
de seu objetivo. Eles são considerados irrenunciáveis, afinal, visam o
interesse
público. Ou seja, para que o Estado exerça suas atribuições, ele necessita de
alguns
poderes, os quais são considerados instrumentais. Sendo assim, de acordo com
Bandeira de Mello, o ordenamento atribui aos entes públicos obrigações de
atendimento às necessidades da coletividade, e só por isso a dota de poderes.
Ademais, os poderes administrativos podem ser classificados em 4 tipos: o poder
regulamentar; o poder hierárquico; o poder disciplinar; e, por fim, o poder de
polícia.
O poder de polícia tem o objetivo de assegurar o bem estar
geral,
impedindo, através de ordens, proibições e apreensões, o uso abusivo da
propriedade, a prática de atividades prejudiciais à coletividade, ou o
exercício
antissocial dos direitos individuais. Este poder foi necessário para que a
Administração
pública pudesse exercer suas funções. Este poder tem como compromisso zelar
pela
boa conduta em face das leis e regulamentos administrativos em relação ao
exercício
do direito de propriedade e de liberdade. A função do Estado é
restringir o direito dos particulares, devendo organizar a convivência
social a partir da restrição a direitos e liberdades absolutas em
favor do interesse geral. Todas essas funções são exercidas pelos seus
órgãos que tem a tarefa de estabelecer as restriçõese limites ao
particular a partir da realização de atividades concretas que observem
o interesse geral.

Em sentido amplo, o poder de polícia é qualquer atividade desempenhada pelo


Estado, que, de alguma forma, restringe direitos individuais, exercido
inclusive pelos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em suas
funções típicas. Por outro lado, em um conceito mais estrito, o poder de
polícia é o exercido pelo Poder Executivo, por meio de atos
administrativos, na tentativa de conciliar interesses antagônicos.
Dessa forma, o Estado intermedia as relações e estabelece regrase limites,
como por exemplo sonoros, regras de higiene que devem ser observadas em
restaurantes e estabelecimentos comerciais etc. Logo, o objeto do poder de
polícia é regrar o direito,
sem que esse seja completamente abolido - ou seja, o que se tem é a
prerrogativa de que dispõe o Estado de delimitar comportamentos, ainda
que lícitos, mas não de suprimir direitos fundamentais, observando
sempre a máxima da proporcionalidade.

Aquilo que irá justificar o poder de polícia é a supremacia do interesse


público sobre
o privado. Ademais, ele irá se manifestar por atos gerais (limitação
administrativa) ou
individuais (concessão de Carteira Nacional de Habilitação), podendo ser
preventivos
(concessão de alvará) ou repressivos (dissolução de passeata). Vale salientar
que, no
geral, o poder de polícia será negativa na maior parte dos casos. Entretanto,
em
outros, ele será positivo, impondo obrigações de fazer. Ele também é, em
regra, um
poder discricionário, se caracterizando por sua discricionariedade. Além
destes, o
poder de polícia também é imperativo, envolvendo a possibilidade de a
Administração
criar obrigações de forma unilateral. E, pra finalizar, o poder de polícia é
coercitivo,
permitindo que o Estado se valha de meios indiretos de cumprimento, fixando
multas,
por exemplo.
Quando se desdobra a atuação administrativa no âmbito do poder de polícia,
haverá
o denominado ciclo do poder de polícia. De acordo com a teoria do ciclo de
polícia, o
poder de polícia se desenvolve em quatro fases, cada uma correspondendo a um
modo de atuação estatal:

1. A ordem de polícia

2. O consentimento de polícia

3. A fiscalização de polícia

4. A sanção de polícia

A ordem de polícia é um comando estatal, podendo ser um comando negativo


absoluto (ordem de não fazer); um comando negativo com reserva de consentimento
(ordem de não fazer enquanto a Administração não autorizar a fazer); e comando
positivo (ordem de fazer). O consentimento de polícia é quando há um ato
administrativo pelo qual a Administração verifica se a atividade ou o uso da
propriedade estão adequados à ordem de polícia. Este consentimento se
exterioriza
por um alvará, licença ou autorização. A fiscalização é quando a
Administração
verifica se o particular está observando a ordem e o consentimento de polícia.
A
sanção de polícia é quando um ato administrativo puno o particular pelo
desrespeito
à ordem de polícia ou ao consentimento de polícia.

Quanto à delegação do poder de polícia, em regra, entende-se que a


delegação
é possível, mas não para particulares stricto sensu. Sendo assim, a delegação
seria
possível para a Administração Indireta, especialmente para as entidades regidas
predominantemente pelo regime de direito público. Ademais, o poder de polícia
não
pode ser delegado às entidades da administração indireta regidas
predominantemente
pelo de direito privado, e que atuam em concorrência com a iniciativa privada.

Outrossim, quanto aos atributos do poder de polícia, têm-se estes: a


discricionariedade, a qual cabe à Administração avaliar qual é o momento mais
oportuno para aplicar o poder de polícia, bem como avaliar qual a sanção mais
conveniente ao caso; a autoexecutoriedade, que á a possibilidade da
Administração
decidir e executar diretamente o que ela decidiu, sem a necessidade do Poder
Judiciário, entretanto, tal atributo não está presente em todas as medidas de
polícia
da Administração; a imperatividade/exigibilidade,a qual é trata do poder que a
administração pública tem de impor uma obrigação ao particular, ainda que ele
não
concorde

As condições de validade tratam dos limitadores do exercício do poder


de
polícia. Elas limitam o poder de polícia a competência, a validade, a forma,
pois estão
ligados à validade do ato administrativo. Um outro limite é a exigência de
o ato
respeitar o princípio da razoabilidade e da proporcionalidade. Além deste, a
prescrição
também poderá ser considerada limitadora ao poder de polícia (art. 1º da lei nº
9.873/1999).

Ademais, quando a Administração exerce o poder de polícia, esta pode


cobrar
taxas de polícia, espécie tributária. Esta taxa é um tributo vinculado a uma
contraprestação estatal. No caso da taxa de polícia, este tributo vincula-se ao
custo
da diligência.

Por fim, a competência para exercer o poder de polícia é, em princípio,


da
pessoa federativa à qual a Constituição Federal conferiu o poder de regular a
matéria,
sendo possível o poder concorrente. Desse modo, será inválido o ato de polícia
praticado por agente de pessoa federativa que não tenha competência
constitucional
para regular a matéria e, portanto, para impor a restrição.

8º - Disserte sobre a Responsabilidade Civil da Administração Pública.

R: Entende-se por responsabilidade civil do Estado a obrigação legal da


Fazenda
Pública de ressarcir terceiros pelos danos patrimoniais que lhe foram causados
por
atos omissivos ou comissivos, materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos
dos agentes
públicos, no desempenho de suas funções ou a pretexto de exercê-las.

A responsabilidade civil no direito brasileiro está fundada na busca da


isonomia,
visando que todos se beneficem com a ação estatal. Por outro lado, a
responsabilidade objetiva Estatal reconhece a desigualdade jurídica que existe
entre
um particular e o Estado. Sendo assim, não seria justo que um administrado, ao
sofrer
danos patrimoniais ou morais decorrentes das atividades da Administração,
ainda
precisasse comprovar a existência de culpa desta, para que lhe fosse assegurado
o
seu direto à reparação.
Desse modo, considerando sua natureza jurídica, que é de sujeito de
direito
público, o Estado deve observar a responsabilidade civil, de acordo com o que
aduz
a Constituição Federal em seu artigo 37, parágrafo 6º.

Os requisitos para a demonstração da responsabilidade estatal são: a ação


ou
omissão do Estado; o dano material ou moral; e o nexo casual entre a conduta do
Estado e o prejuízo experimentado. Ademais, há algumas causas que são
excludentes e atenuantes da responsabilidade civil. Dentre os excludentes, têm-
se: a
força maior; o caso fortuito; o ato de terceiro; e a culpa exclusiva da
vítima. Ademais,
tais excludentes são para a teoria do risco administrativo. Caso fique
demonstrada a
culpa concorrente da administração e do particular, na hipótese de culpa
exclusiva da
vítima, a indenização será proporcionalmente reduzida, sendo o ônus da prova da
administração pública. Nas hipóteses de caso fortuito e força maior, não
existindo
nenhuma ação comissiva do Estado, este somente poderá ser responsabilizado se
tiver concorrido diretamente com sua omissão para a ocorrência dano: por
exemplo
por ter deixado de prestar adequadamente um serviço de sua obrigação, como
retirada de população de áreas de risco ou contenção de encostas. Nesse
caso, a
responsabilidade, se houver, será subjetiva. Esse raciocínio vale também no
caso de
danos ocasionados por atos de terceiros, caso se comprove que o serviço não
prestado pelo Estado teria impedido efetivamente o ato danoso de terceiro.

Quanto à responsabilidade do Estado por sua omissão, a teoria adotada é a


da
culpa administrativa., devendo demonstrar que o Estado tinha o dever de agir,
mas foi
negligente, imprudente ou imperito, e, portanto, deve ser responsabilizado em
razão
de: não ter prestado o serviço que deveria ter prestado; não prestou de forma
adequada; não prestou de forma tempestiva.

Outrossim, tanto o STF quanto o STJ entendem que há responsabilidade objetiva


do
Estado nos casos de ação e não há responsabilidade objetiva nos casos de
omissão,
visto que a responsabilidade é subjetiva.

Já quanto às responsabilidades por atos legislativos, a regra que


prevalece é a
da irresponsabilidadedo Estado. Porém, em caso da lei ser declarada
inconstitucional,
em sede de controle concentrado de constitucionalidade, é possível que tenha
responsabilidade civil do Estado por conta de o dano ser causado por um ato
permitido
pelo Estado fora do exercício de suas competências constitucionais.
A regra que prevalece em relação aos atos legislativos é a da
irresponsabilidade do Estado. Por outro lado, se a lei for declarada
inconstitucional,
em sede de controle concentrado de constitucionalidade, é possível que tenha
responsabilidade civil do Estado por conta de o dano ser causado por um ato
permitido
pelo Estado fora do exercício de suas competências constitucionais. Em relação
às
leis de efeito concreto, que atingem pessoas determinadas, aqui incide sim a
responsabilidade civil do Estado, visto que tais leis fogem das características
de
generalidade e abstração, comuns como as leis gerais. Isso porque acarreta um
ônus
que não é suportado por todos os membros da coletividade, e sim apenas por
aquelas
pessoas atingidas. Entretanto, existem divergência doutrinária de
possibilidade ou não
de responsabilização do Estado por atos legislativos constitucionais. O
entendimento
prevalente é de que não é possível responsabilizar o Estado se o ato
legislativo foi
constitucional.

No caso de responsabilidade do Estado por danos decorrentes de sua


omissão
legislativa, o Estado não legislou quando deveria, como geralmente ocorre
nas
hipóteses de inconstitucionalidadepor omissão, geradas por normas
constitucionais
de aplicabilidade limitada.

Já nos casos de responsabilidade do Estado por atos judiciais, o art. 133


do
CPC diz que o juiz responde por perdas e danos, quando no exercício de suas
funções
procede dolosamente, inclusive com fraude, bem como quando recusa, omite ou
retarda, sem motivo justo, uma providência que deveria ter ordenado de ofício
ou a
requerimento de uma parte. Neste caso, estar-se-á tratando de uma
responsabilidade
do juiz. Se o dano deriva de ato culposo, há responsabilização do Estado quando
o
erro se dá na seara processual penal, e não na seara processual civil.

Quanto a responsabilidade civil por danos decorrentes de obras públicas,


é
exigido a análise de dois aspectos: se ocorreu o fato da obra, ou se foi
causado por
má execução; se a obra está sendo executada diretamente pela Administração
Pública ou se está a cargo de um particular que tenha celebrado com o Poder
Público
um contrato administrativo com esse objeto. Entende-se que o dano foi causado
pelo
só fato da obra quando ele decorre da própria natureza da obra, ou se foi
causado por
um fato imprevisível ou inevitável ocorrido na execução da obra sem que tenha
havido
irregularidade na sua execução. Nesse caso a responsabilidade da
administração
será objetiva, independente se a administração estiver executando a obra ou um
particular contratado por ela. Já os casos de má execução são os danos causados
por culpa do executor, as irregularidades imputadas a quem está realizando a
obra.
Logo é necessário apurar quem está executando a obra. Caso seja a própria
Administração, diretamente, será caso de responsabilidade objetiva,
cabendo ação de regresso contra o agente. Entretanto, caso a obra
estiver sendo executada por um particular contratado pela Administração
pública, ele responderá civilmente pelo dano, sendo a responsabilidade
subjetiva, ou seja, se o executor tiver dolo ou culpa.

Nos casos de prescrição, o prazo para impetrar uma ação de reparação de


danos contra o Estado é de 5 anos, contados da lesão ao patrimônio, pois
continua
em vigor o Decreto nº 20.910/1932, que disciplina o direito à reparação
econômica.
Ademais, segundo o STF, é prescritível a ação de reparação de danos à
Fazenda
Pública decorrente de ilícito civil. Ou seja, em outras palavras, se o Poder
Público
sofreu um dano ao erário decorrente de um ilícito civil e deseja ser
ressarcido, ele
deverá ajuizar a ação no prazo prescricional previsto em lei.

Quanto nas situações de danos causados por atos terroristas, em regra,


adota-
se a teoria da culpa administrativa, de modo que só irá ressarcir quando ficar
demonstrado que houve um nexo causal entre o atentado terrorista, o
dano causado pelo atentado terrorista e a falha do Estado no dever de
prestar o serviço de segurança pública. O Estado atuou culposamente,
razão pela qual houve o dano. É a aplicação da teoria da falta do serviço.

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