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1 CONCEITO
Agente público é a pessoa física que desenvolve, a qualquer título, de forma remunerada ou
gratuita, definitiva ou temporariamente, função, cargo, emprego, atividade ou serviço público, de
natureza política ou jurídica.
Conceito legal – art. 2º, da Lei nº 8429/1992 (sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos
de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração
pública direta, indireta ou fundacional).
Ao agente público se imputa a vontade estatal, que é a vontade objetiva da lei (Teoria do Órgão).
A Teoria do funcionário de fato protege a sociedade, por ser responsabilidade do Estado a prática
de ato por alguém com irregularidade da investidura (boa-fé, segurança e Teoria da aparência).
Os agentes públicos que exercem funções estatais com poder de decisão são denominados de
autoridade, conforme art. 1º, §2º, III, da Lei nº 9784/99 (processo administrativo no âmbito da
Administração Pública Federal).
Alguns dados:
1 Idade Antiga – Atenas (sorteio entre os cidadãos; remuneração);
2 Idades Média e Moderna – vendas e/ou transmissão hereditária de encargos importantes
(burocracia prebendaria/compadrio/patrimonialismo);
3 Idade Contemporânea – Modelos de Estado (liberal, welfarista, neoliberal, regulador, pós-social,
mínimo, subsidiário, etc):
3.1 Igualdade na distribuição dos encargos, observadas a capacidade, virtudes e talentos
(Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, art. 6º);
3.2 Modelo napoleônico de desempenho de funções públicas, com a implantação do concurso
público (estruturação da Administração de forma piramidal e hierarquizada, com subordinação de
todas as atividades públicas ao comando do superior no topo da estrutura);
3.3 Modelo weberiano de burocracia, no pós-Revolução Industrial (racionalidade e combate ao
nepotismo, personalismo, clientelismo e subjetivismo nas práticas administrativas);
3.4 Modelo gerencial – new public management (eficiência, qualidade, transparência e
accountability).
Cargo público:
1 Conceito legal – é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura
organizacional a ser vinculada a um servidor (art. 3º, da Lei nº 8112/1990 – regime jurídico dos
servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais);
2 Criado (transformado e extinto) por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres
públicos (art. 48, X, CF/88);
3 Provimento em cargo efetivo (mediante concurso público; estabilidade após estágio probatório de
3 anos de efetivo exercício – art. 41, caput, CF/88) OU em comissão/confiança (livre provimento e
exoneração; sem estabilidade; exoneração ad nutum, por ato discricionário da autoridade
nomeante; Decreto nº 8821/2016 e regras para nomeação de cargos em comissão ou função de
confiança em âmbito federal);
4 Regime jurídico próprio – Estatuto ou regime estatutário;
5 Ocupam cargos efetivos sem prévio concurso – ministros do STF e STJ, ministros e conselheiros
dos Tribunais de Conta e ingressantes (MP e advogados) em Tribunais (TRF’s, TJ’s e TJDF)
oriundos do Quinto Constitucional;
6 Classificação:
6.1 Cargos de carreira X cargos isolados;
6.2 Cargos vitalícios (vitaliciedade; magistrados, MP e TC’s) X cargos efetivos (estabilidade) X
cargos em comissão/confiança (exoneração ad nutum);
7 Os cargos são distribuídos em classes (agrupamento de cargos da mesma profissão e com
idênticas atribuições, responsabilidades e vencimentos) e carreiras (agrupamento de classes da
mesma profissão ou atividade, escalonadas hierarquicamente no serviço, para acesso privilegiado
dos titulares dos cargos que a integram, mediante provimento originário) e ambos integram quadros
(conjunto de carreiras e cargos isolados dentro do serviço público). Súmula Vinculante nº 43.
Emprego público:
1 Conceito – relação funcional trabalhista ou contratual da pessoa com o Poder Público;
2 Adoção de regras da CLT (vínculo contratual – regime celetista – regime jurídico híbrido) –
competência da Justiça do Trabalho;
3 Na Administração Direta ou Indireta (de natureza de Direito Público) é criado (transformado e
extinto) por lei (art. 61, §1º, II, a, CF/88). E na Administração Indireta (de natureza de Direito
Privado) é criado (transformado e extinto) por atos de organização das entidades respectivas;
4 Regime celetista é obrigatório para sociedades estatais e suas subsidiárias, quando explorem
atividade econômica (art. 173, §1º, II, CF/88);
5 A peculiaridade do regime celetista para Administração direta, autárquica e fundacional entre a
EC 19/1990 e a ADIMC 2135-4/DF – Súmula nº 390, TST.
Função pública:
1 Conceito – unidade de atribuição da Administração Pública sem ser cargo ou emprego (conceito
residual). É a atividade propriamente dita;
2 Aplica-se para função em comissão/confiança (atribuição de chefia, direção e assessoramento,
exclusivo para servidores ocupantes de cargos efetivos – art. 37, V, CF/88) e para contratados, por
processo seletivo simplificado ou até sem ele, por tempo determinado para atender necessidade
temporária e excepcional de interesse público (art. 37, IX, CF/88 – regime jurídico especial
disciplinado por lei própria, Lei nº 8745/1993);
3 A chamada função gratificada é, na verdade, função de confiança (exclusivo para ocupante de
cargo prévio). A chamada função comissionada é, na verdade, cargo em comissão/confiança;
4 Todo cargo tem função, mas nem toda função se origina de um cargo, porque pode decorrer de
um emprego público ou de mera função.
OBS.: todo servidor público deve ter um prontuário (ou apostila), para fins de registro dos dados de
sua vida funcional. O lançamento de tais dados no prontuário (o apostilamento) deve ser realizado
pela autoridade hierarquicamente responsável pelo servidor e os fatos funcionais anotados gozam
de presunção de legitimidade (mas passível de anulação ou revogação).
5 TERCEIRIZAÇÃO
É possível terceirização de serviços temporários pelo Estado, desde que não abranja carreiras de
Estado, atividades de regime estatutário ou de flagrante incompatibilidade com a terceirização.
Disponibilidade – atividade remunerada que o servidor estável (razão pela qual não pode ser
exonerado) tem direito, na hipótese de extinção do seu cargo ou de declaração de dispensabilidade.
São requisitos para investidura (art. 37, I, CF/88 e art. 5º, Lei nº 8112/1990 e que pode sofrer
alteração, de acordo com as peculiaridades do cargo):
1 Nacionalidade brasileira (natos e naturalizados), possibilitando o acesso a estrangeiros, na forma
da lei (p.e., art. 207, §1º, CF/88 – universidades);
2 Gozo dos direitos políticos;
3 Quitação das obrigações militares e eleitorais;
4 Escolaridade exigida para o exercício do cargo;
5 Idade mínima de 18 anos;
6 Aptidão física e mental (Súmula Vinculante nº 44).
No âmbito federal, após a nomeação, o nomeado tem até 30 dias para tomar posse (sob pena de
a nomeação ficar sem efeito). E, após a posse, o empossado tem até 15 dias para entrar em
exercício, sob pena de exoneração.
A CF/88 (art. 37, II) e a obrigatoriedade do concurso público, de provas ou de provas e títulos (antes:
servidores extranumerários, interinos ou temporários).
A necessidade de aperfeiçoamento e melhoria de desempenho dos servidores (lógica da eficiência)
– participação em cursos, avaliação periódica de desempenho (que pode ocasionar a perda do
cargo – art. 41, §1º, II, CF/88, ainda aguardando lei complementar) e promoção na carreira.
Validade/caducidade do concurso público – até 2 anos, prorrogável uma única vez e por igual
período – ato discricionário (art. 37, III, CF/88). E no prazo do concurso, o aprovado tem prioridade
na convocação sobre novos concursados em assumir o cargo ou emprego (art. 37, IV, CF/88).
Concurso público e as discriminações razoáveis (em razão da função) e positivas (por ações
afirmativas, tais como PCD – art. 37, VIII, CF/88 – e reserva étnica – Lei nº 12990/2014 –, até 20%,
cada, desde que o concurso ofereça 3 ou mais vagas).
Em concurso que se desdobra por fases é constitucional a cláusula de barreira existente em edital
(limitação de número de candidatos por etapa).
A ESTABILIDADE se aplica aos servidores nomeados para cargos efetivos em virtude de concurso
público, após estágio probatório e avaliação especial de desempenho do servidor realizada por
comissão funcional (art. 41, caput e §4º, CF/88).
Hipóteses de perda de vitaliciedade – art. 95, I, CF/88, extensivo aos demais vitalícios.
As regras para o exercício de MANDATO ELETIVO por servidor estão no art. 38, CF/88.
Juízes e membros do MP são proibidos de filiação político-partidária (arts. 95, parágrafo único, III,
e 128, §5º, II, e, CF/88).
O teto remuneratório geral de todos os agentes da Administração direta e indireta está previsto no
art.37, XI, CF/88, incluindo as vantagens pessoais por ventura existentes – subsídio em espécie
dos Ministros do STF.
Nos tetos não se incluem verbas indenizatórias (à título de compensação de gastos qualquer
natureza). Auxílio-moradia, por exemplo, mesmo com residência própria no local de exercício
funcional (SIC!).
Há 2 modalidades de previdência:
* Básica – obrigatória;
* Complementar – facultativa (art. 40, §14, CF/88). Exemplo: Funpresp (Fundação de Previdência
Complementar do Servidor Público Federal), exclusivo para os servidores do RGPS dos poderes
Executivo e Legislativo (ExecPrev e LegisPrev).
O regime previdenciário é de natureza contributiva e solidária. Daí, há alíquotas a serem pagas por
ativos, inativos e pensionistas.
Conforme art. 40, §1º, CF/88, há a aposentadoria voluntária, por invalidez e a compulsória (75 anos,
salvo os empregados públicos e dos comissionados, já que inexiste compulsória para eles).
O valor dos proventos varia em razão do regime e dos requisitos da efetiva aposentação.
Os proventos devem ser revisados para preservação do valor real (art. 40, §8º, CF/88).
Há aposentadorias especiais (com seus requisitos e critérios especiais), p.e., agente penitenciário
e professor no efetivo exercício da função de magistério na educação infantil e ensinos fundamental
e médio).
Fundos previdenciários públicos, constituídos pela Administração e criados por lei, visam garantir
recursos para pagamentos dos benefícios previdenciários, compostos por valores e bens
patrimoniais e não patrimoniais oriundos das contribuições e de recursos públicos (art. 249, CF/88).
O servidor público tem direito à livre ASSOCIAÇÃO SINDICAL (art. 37, VI, CF/88).
As limitações da atividade sindical no serviço público, já que as regras da relação de trabalho são
de fixação legal, inclusive constitucionalmente postas. A crítica de Carlos Ary Sundfeld (um RH
constitucionalizado). A (minha) crítica à crítica.
O DIREITO DE GREVE do servidor público é reconhecido, mas inexiste a lei prevista na CF/88,
razão pela qual o STF determina a aplicação da Lei nº 7783/1989, com fulcro nos serviços
essenciais previstos na legislação destinada ao setor privado.