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AGENTES PÚBLICOS

1 CONCEITO

AGENTE PÚBLICO (gênero) X SERVIDOR PÚBLICO (espécie) X FUNCIONÁRIO PÚBLICO

Agente público é a pessoa física que desenvolve, a qualquer título, de forma remunerada ou
gratuita, definitiva ou temporariamente, função, cargo, emprego, atividade ou serviço público, de
natureza política ou jurídica.

Conceito legal – art. 2º, da Lei nº 8429/1992 (sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos
de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração
pública direta, indireta ou fundacional).

Ao agente público se imputa a vontade estatal, que é a vontade objetiva da lei (Teoria do Órgão).

A Teoria do funcionário de fato protege a sociedade, por ser responsabilidade do Estado a prática
de ato por alguém com irregularidade da investidura (boa-fé, segurança e Teoria da aparência).

Os agentes públicos que exercem funções estatais com poder de decisão são denominados de
autoridade, conforme art. 1º, §2º, III, da Lei nº 9784/99 (processo administrativo no âmbito da
Administração Pública Federal).

2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS SERVIDORES PÚBLICOS (E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA)

Alguns dados:
1 Idade Antiga – Atenas (sorteio entre os cidadãos; remuneração);
2 Idades Média e Moderna – vendas e/ou transmissão hereditária de encargos importantes
(burocracia prebendaria/compadrio/patrimonialismo);
3 Idade Contemporânea – Modelos de Estado (liberal, welfarista, neoliberal, regulador, pós-social,
mínimo, subsidiário, etc):
3.1 Igualdade na distribuição dos encargos, observadas a capacidade, virtudes e talentos
(Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, art. 6º);
3.2 Modelo napoleônico de desempenho de funções públicas, com a implantação do concurso
público (estruturação da Administração de forma piramidal e hierarquizada, com subordinação de
todas as atividades públicas ao comando do superior no topo da estrutura);
3.3 Modelo weberiano de burocracia, no pós-Revolução Industrial (racionalidade e combate ao
nepotismo, personalismo, clientelismo e subjetivismo nas práticas administrativas);
3.4 Modelo gerencial – new public management (eficiência, qualidade, transparência e
accountability).

Desenvolvimento histórico no Brasil:


1 Até 1938 – Colônia (subordinação a Portugal), Império (sujeição ao Imperador) e República
(República Velha – relações oligárquicas no Poder Público e coronelismo);
2 Criação do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), em 1938, Governo Vargas,
com a atuação de Roberto Campos e Celso Furtado – profissionalização da carreira do servidor,
utilizando o critério técnico e não político para a escolha (críticas: corporativismo, visão
estadocêntrica, unidade de comando, separação entre planejamento e execução);
3 Decreto-lei nº 200/1967 (Reforma Administrativa de 1967), no Regime militar, pelo então Ministro
do Planejamento Hélio Beltrão – foco na descentralização da Administração indireta (críticas:
redução do controle social, por força da utilização de entidades com regime jurídico privado);
4 Reforma Gerencial do Estado, com o Plano Diretor da Reforma do Estado (1995), no Governo
FHC, pelo então Ministro da Administração Pública e Reforma do Estado (MARE) Bresser-Pereira;
5 EC nº 19/1998;
6 PEC da Reforma Administrativa (PEC nº 32/2020) – conferir maior eficiência, eficácia e
efetividade à atuação do Estado (críticas: tentativa de ajuste fiscal através da precarização do
serviço público e seletividade da reforma por excluir setores e autoridades).

3 CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES

Agentes públicos podem ocupar cargo, emprego ou função pública.

Cargo público:
1 Conceito legal – é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura
organizacional a ser vinculada a um servidor (art. 3º, da Lei nº 8112/1990 – regime jurídico dos
servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais);
2 Criado (transformado e extinto) por lei, com denominação própria e vencimento pago pelos cofres
públicos (art. 48, X, CF/88);
3 Provimento em cargo efetivo (mediante concurso público; estabilidade após estágio probatório de
3 anos de efetivo exercício – art. 41, caput, CF/88) OU em comissão/confiança (livre provimento e
exoneração; sem estabilidade; exoneração ad nutum, por ato discricionário da autoridade
nomeante; Decreto nº 8821/2016 e regras para nomeação de cargos em comissão ou função de
confiança em âmbito federal);
4 Regime jurídico próprio – Estatuto ou regime estatutário;
5 Ocupam cargos efetivos sem prévio concurso – ministros do STF e STJ, ministros e conselheiros
dos Tribunais de Conta e ingressantes (MP e advogados) em Tribunais (TRF’s, TJ’s e TJDF)
oriundos do Quinto Constitucional;
6 Classificação:
6.1 Cargos de carreira X cargos isolados;
6.2 Cargos vitalícios (vitaliciedade; magistrados, MP e TC’s) X cargos efetivos (estabilidade) X
cargos em comissão/confiança (exoneração ad nutum);
7 Os cargos são distribuídos em classes (agrupamento de cargos da mesma profissão e com
idênticas atribuições, responsabilidades e vencimentos) e carreiras (agrupamento de classes da
mesma profissão ou atividade, escalonadas hierarquicamente no serviço, para acesso privilegiado
dos titulares dos cargos que a integram, mediante provimento originário) e ambos integram quadros
(conjunto de carreiras e cargos isolados dentro do serviço público). Súmula Vinculante nº 43.

Emprego público:
1 Conceito – relação funcional trabalhista ou contratual da pessoa com o Poder Público;
2 Adoção de regras da CLT (vínculo contratual – regime celetista – regime jurídico híbrido) –
competência da Justiça do Trabalho;
3 Na Administração Direta ou Indireta (de natureza de Direito Público) é criado (transformado e
extinto) por lei (art. 61, §1º, II, a, CF/88). E na Administração Indireta (de natureza de Direito
Privado) é criado (transformado e extinto) por atos de organização das entidades respectivas;
4 Regime celetista é obrigatório para sociedades estatais e suas subsidiárias, quando explorem
atividade econômica (art. 173, §1º, II, CF/88);
5 A peculiaridade do regime celetista para Administração direta, autárquica e fundacional entre a
EC 19/1990 e a ADIMC 2135-4/DF – Súmula nº 390, TST.

Função pública:
1 Conceito – unidade de atribuição da Administração Pública sem ser cargo ou emprego (conceito
residual). É a atividade propriamente dita;
2 Aplica-se para função em comissão/confiança (atribuição de chefia, direção e assessoramento,
exclusivo para servidores ocupantes de cargos efetivos – art. 37, V, CF/88) e para contratados, por
processo seletivo simplificado ou até sem ele, por tempo determinado para atender necessidade
temporária e excepcional de interesse público (art. 37, IX, CF/88 – regime jurídico especial
disciplinado por lei própria, Lei nº 8745/1993);
3 A chamada função gratificada é, na verdade, função de confiança (exclusivo para ocupante de
cargo prévio). A chamada função comissionada é, na verdade, cargo em comissão/confiança;
4 Todo cargo tem função, mas nem toda função se origina de um cargo, porque pode decorrer de
um emprego público ou de mera função.

4 ESPÉCIES DE AGENTES PÚBLICOS

Profunda divergência doutrinária.

Rol de agentes públicos (segundo Doutrina majoritária):


1 Agentes políticos – desempenhante de função política ou de governo (chefes dos Executivos e
seus ministros/secretários de Estado + Legisladores); a forma de investidura é a eleição para
exercer temporariamente um mandato (vínculo de natureza política); não se submete às regras
comuns aplicáveis aos servidores públicos, em razão das prerrogativas e responsabilidades
políticas; magistrados, defensores públicos e integrantes do MP, da Advocacia Pública e dos TC’s
não se inserem nesta categoria, pois seus vínculos são de natureza profissional e permanente;
2 Servidores públicos – desempenhante de função ou cargo público de caráter permanente e com
vínculo profissional, cuja forma de investidura é o concurso, via de regra – a divergência sobre a
inclusão dos empregados das entidades da Administração Indireta de natureza de direito privado:
2.1 Servidores estatutários (antigos funcionários públicos):
* Desempenhantes de atividades exclusivas de Estado ou de atividades normais de apoio
técnico e administrativo em geral (“quem pode o mais, pode o menos”);
* Podem integrar a Administração Direta ou Indireta, desde que seja de natureza jurídica de
Direito Público (divergência doutrinária);
* Há os servidores comuns (que podem ser do regime geral – estatuto funcional básico – ou
do regime especial – estatuto funcional constante de lei disciplinadora de carreiras específicas) e
os servidores especiais (função de especial relevância em relação às funções do Estado –
magistrados, defensores públicos e integrantes do MP, da Advocacia Pública e dos TC’s);
* Regime estatutário geral da União – Lei nº 8112/1990. Cada ente federativo pode editar seu
regime estatutário geral, mediante lei ordinária (não há a necessidade de lei complementar – o STF
entendeu ser inconstitucional a existência de LC);
* Competência para dirimir conflitos entre o servidor estatutário e o ente é da Justiça Comum,
Federal ou Estadual, a depender do ente (nunca Justiça do Trabalho);
2.2 Empregados públicos (ou servidores públicos trabalhistas ou celetistas):
* Desempenhantes de atividades normais de apoio técnico e administrativo em geral;
* Regime jurídico da CLT, derrogado por normas de Direito Público;
* Vínculo contratual, mas precedido por concurso público;
* Regime de emprego público da União – Lei nº 9962/2000 (aplicável à Administração Direta
ou Indireta, desde que seja de natureza jurídica de Direito Público (divergência doutrinária). O
impasse sobre a possibilidade de adoção desse regime pelos demais entes da Federação;
* Competência para dirimir conflitos entre o empregado público e o ente é da Justiça do
Trabalho (art. 114, I, CF/88), inclusive em acidentes de trabalho (Súmula Vinculante nº 22);
* Rescisão do contrato por falta grave (art. 482, CLT), por acumulação ilegal de cargo,
emprego ou função pública (como o estatutário), por necessidade de redução do quadro, por
excesso de despesa (art. 169, CF/88), por desempenho insuficiente, após processo administrativo,
ou por resilição unilateral do Poder Público (para os casos do art. 37, §8º, CF/88 – autonomia
gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da Administração Direta e Indireta);
2.3 Servidores temporários:
* Contratação por prazo determinado, para atendimento de necessidade de interesse público
de jaez temporário (não pode para exercício de função permanente, salvo situação emergencial e
transitória) e excepcional – art. 37, IX, CF/88;
* Vínculo contratual (contrato administrativo de caráter funcional);
* Regime jurídico aplicável para a União – Lei nº 8745/1993. Cada ente federativo pode editar
seu regime específico;
* Competência para dirimir conflitos entre o servidor estatutário e o ente é da Justiça Comum,
Federal ou Estadual, a depender do ente (nunca Justiça do Trabalho. A divergência se o ente não
editou a lei própria do regime e contratou mesmo assim: é Justiça do Trabalho?);
* Longevidade do “caráter temporário” – converte em regime celetista?
* É permitida nova contratação temporária pelo mesmo órgão de mesma pessoa após 2 anos,
mediante novo processo seletivo (art. 9º, III, Lei nº 8745/1993);
3 Militares – carreira típica de Estado (EC nº 18/1998), mas há divergência doutrinária:
3.1 Integrantes das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica), com Estatuto próprio;
âmbito federal; a forma de investidura pode ser alistamento militar obrigatório ou concurso (curso
de formação de oficiais);
3.2 Membros das Polícias Militares e do Corpo de Bombeiros Militares, com Estatutos
específicos; âmbito estadual; a forma de investidura é concurso;
3.3 Há equivalência de vantagens entre os integrantes das Forças Armadas e os do âmbito
estadual (art. 42, §1º, CF/88);
4 Particulares em colaboração com o Poder Público – prestam serviços ao Estado, sem vínculo,
com ou sem remuneração, desempenhando atividade, função ou serviço público:
4.1 Por requisição estatal – cumprimento de múnus (=encargo) público (jurado e serviço eleitoral,
por exemplo);
4.2 Por conta própria (ou agentes de fato, segundo Carvalho Filho) – gestores de negócios
públicos, que voluntariamente, atuam em situações de emergência (agentes necessários, conforme
Carvalho Filho) ou os que atuam sem investidura legítima (agentes putativos, segundo Carvalho
Filho);
4.3 Por delegação do Poder Público – funcionários de concessionárias e permissionárias de
serviço público, notários, leiloeiros, tradutores, intérpretes.

OBS.: todo servidor público deve ter um prontuário (ou apostila), para fins de registro dos dados de
sua vida funcional. O lançamento de tais dados no prontuário (o apostilamento) deve ser realizado
pela autoridade hierarquicamente responsável pelo servidor e os fatos funcionais anotados gozam
de presunção de legitimidade (mas passível de anulação ou revogação).

Rol de agentes públicos (segundo Hely Lopes Meirelles, ultrapassada):


1 Agentes políticos – autoridades de todos os Poderes, do MP, dos TC’s e representantes
diplomáticos;
2 Agentes administrativos – não são membros dos Poderes;
3 Agentes honoríficos – cidadãos convocados, designados ou nomeados para prestar,
transitoriamente, funções públicas/determinados serviços relevantes ao Estado;
4 Agentes delegados – particulares incumbidos da execução de determinada atividade, obra ou
serviço público, em nome próprio, e por sua conta e risco, mas sob normas e controle do Estado);
5 Agentes credenciados – pessoa incumbida de representar a Administração em ato especifico ou
para prática de atividade determinada, mediante remuneração paga pelo Poder Público.

5 TERCEIRIZAÇÃO

É possível terceirização de serviços temporários pelo Estado, desde que não abranja carreiras de
Estado, atividades de regime estatutário ou de flagrante incompatibilidade com a terceirização.

É possível a contratação de empresa prestadora de serviço, já que, em tese, terceiriza-se a


execução material de atividade, e não a mão-de-obra.

No âmbito da União, aplica-se o Decreto nº 9507/2018, com as limitações do art. 3º (Administração


Direta e Indireta de natureza de Direito Público) e do art. 4º (Administração Indireta de natureza de
Direito Privado).
6 SERVIDORES PÚBLICOS – REGRAS GERAIS

PROVIMENTO – ato de preenchimento de cargo público, editado por autoridade competente de


cada Poder. O provimento designa o titular do cargo.

Provimento pode ser:


1 Originário – ato que dá origem a uma carreira, cuja forma é a nomeação (decorrente de concurso
ou livre nomeação e exoneração, a depender do tipo de servidor público);
2 Derivado – ato de preenchimento de cargo por alguém que já tinha ou tem vínculo anterior, cujas
formas podem ser:
2.1 Promoção – progressão na carreira, por merecimento ou antiguidade;
2.2 Aproveitamento – utilização de servidor posto em disponibilidade remunerada em cargo vago
de natureza e vencimento compatíveis com o anterior;
2.3 Reintegração – reingresso de servidor estável, cuja demissão foi judicialmente invalidada ou
anulada administrativamente;
2.4 Recondução – retorno do servidor estável ao cargo anteriormente ocupado/cargo de origem
(cargo A), ante a declaração de inabilidade no estágio probatório de outro cargo (cargo B) ou a
reintegração do servidor que anteriormente ocupava o novo cargo (cargo B);
2.5 Reversão – retorno à atividade do servidor aposentado por invalidez (ato precário), quando a
junta médica oficial não mais ratificar os motivos da aposentadoria OU retorno por solicitação em
aposentaria voluntária de servidor que era estável, dentro de 5 anos da concessão da
aposentadoria e desde que o cargo esteja vago (art. 25, II, Lei nº 8112/1990);
2.6 Readaptação – investidura de servidor em cargo compatível (atribuições e responsabilidade)
com as limitações físicas e/ou mentais existentes, conforme junta médica oficial.

Disponibilidade – atividade remunerada que o servidor estável (razão pela qual não pode ser
exonerado) tem direito, na hipótese de extinção do seu cargo ou de declaração de dispensabilidade.

INVESTIDURA – conjunto de atos do Poder Público e do interessado para provimento de cargo


público (por exemplo: nomeação + requisitos para investidura, respectivamente).

São requisitos para investidura (art. 37, I, CF/88 e art. 5º, Lei nº 8112/1990 e que pode sofrer
alteração, de acordo com as peculiaridades do cargo):
1 Nacionalidade brasileira (natos e naturalizados), possibilitando o acesso a estrangeiros, na forma
da lei (p.e., art. 207, §1º, CF/88 – universidades);
2 Gozo dos direitos políticos;
3 Quitação das obrigações militares e eleitorais;
4 Escolaridade exigida para o exercício do cargo;
5 Idade mínima de 18 anos;
6 Aptidão física e mental (Súmula Vinculante nº 44).

No provimento originário, a investidura se materializa com a nomeação e ocorre com a posse


(atribuição das prerrogativas, direitos e deveres do cargo, com a assinatura do termo respectivo).
A posse completa a investidura, desde que cumpridos os requisitos – Súmula nº 16, STF.

No âmbito federal, após a nomeação, o nomeado tem até 30 dias para tomar posse (sob pena de
a nomeação ficar sem efeito). E, após a posse, o empossado tem até 15 dias para entrar em
exercício, sob pena de exoneração.

O CONCURSO PÚBLICO é pautado na meritocracia (merit system), em detrimento da burocracia


prebendaria (spoil system).

A CF/88 (art. 37, II) e a obrigatoriedade do concurso público, de provas ou de provas e títulos (antes:
servidores extranumerários, interinos ou temporários).
A necessidade de aperfeiçoamento e melhoria de desempenho dos servidores (lógica da eficiência)
– participação em cursos, avaliação periódica de desempenho (que pode ocasionar a perda do
cargo – art. 41, §1º, II, CF/88, ainda aguardando lei complementar) e promoção na carreira.

Validade/caducidade do concurso público – até 2 anos, prorrogável uma única vez e por igual
período – ato discricionário (art. 37, III, CF/88). E no prazo do concurso, o aprovado tem prioridade
na convocação sobre novos concursados em assumir o cargo ou emprego (art. 37, IV, CF/88).

A relevância do edital e a submissão dele aos princípios da Administração Pública e controle


judicial.

Concurso público e as discriminações razoáveis (em razão da função) e positivas (por ações
afirmativas, tais como PCD – art. 37, VIII, CF/88 – e reserva étnica – Lei nº 12990/2014 –, até 20%,
cada, desde que o concurso ofereça 3 ou mais vagas).

Em concurso que se desdobra por fases é constitucional a cláusula de barreira existente em edital
(limitação de número de candidatos por etapa).

O candidato aprovado em concurso público tem direito (construção pretoriana):


* a não ser preterido na nomeação, em relação a outro candidato de classificação inferior à sua;
* à prioridade de convocação, em relação a outros aprovados em concurso posterior ao seu;
* à nomeação, em relação à requisição, terceirização, contratação temporária, etc;
* à nomeação, se aprovado dentro do número de vagas previstas no edital.

A ESTABILIDADE se aplica aos servidores nomeados para cargos efetivos em virtude de concurso
público, após estágio probatório e avaliação especial de desempenho do servidor realizada por
comissão funcional (art. 41, caput e §4º, CF/88).

Há entendimento predominante (doutrinário e pretoriano) de que a estabilidade só se aplica a


servidor estatutário.

Hipóteses de perda de estabilidade – art. 41, §1º, CF/88.

A estabilização constitucional promovida em favor de servidor público, admitido sem concurso


público, de todas as esferas, em toda Administração, que estavam em exercício, com caráter
permanente, há pelo menos 5 anos na promulgação da CF/88 (Art. 19, §2º, ADCT).

A VITALICIEDADE é prerrogativa especial conferida a agentes públicos integrantes de específicas


categorias funcionais (magistrados, membros do MP e dos TC’s).

Há diversidade de regra temporal para a vitaliciedade:


* Vitaliciedade mediata – 2 anos após o exercício, lapso em que pode haver a perda do
cargo/exoneração (exemplos: juiz substituto de 1º grau ou promotor vitaliciando);
* Vitaliciedade imediata – concomitante à investidura (exemplos: magistrado de tribunal oriundo do
Quinto Constitucional ou membro de TC).

Hipóteses de perda de vitaliciedade – art. 95, I, CF/88, extensivo aos demais vitalícios.

Há PROIBIÇÃO DE ACUMULAÇÃO REMUNERADA de cargos, empregos e funções públicas em


toda a Administração (art. 37, XVI e XVII, CF/88), salvo:
* 2 cargos de professor, OU 1 cargo de professor + outro técnico ou científico OU 2 cargos ou
empregos privativos de profissionais de saúde com profissões regulamentadas (art. 37, XI, CF/88);
* Juiz + 1 função de magistério (art. 95, I, CF/88). Magistério público ou privado? Pode 1 magistério
público + 1 magistério privado?;
* Membro do Ministério Público + 1 função pública de magistério (art. 128, §5º, II, d, CF/88). Pode
magistério público + privado ou 1 magistério público + vários privados?

As regras para o exercício de MANDATO ELETIVO por servidor estão no art. 38, CF/88.

Juízes e membros do MP são proibidos de filiação político-partidária (arts. 95, parágrafo único, III,
e 128, §5º, II, e, CF/88).

Há 2 SISTEMAS REMUNERATÓRIOS para os servidores públicos, respeitando-se a


irredutibilidade salarial (art. 37, XV, CF/88):
* remuneração ou vencimento – remuneração fixa + variável (diversas vantagens pecuniárias);
* subsídio – parcela única sem percepção de outras vantagens (art. 39, §4º, CF/88), o que não
impede a percepção de direitos do art. 39, §3º, CF/88.

Remuneram-se por subsídio:


* Agentes políticos;
* Membros dos 3 Poderes;
* Membros do MP;
* Ministros e Conselheiros do TC’s;
* Integrantes da AGU;
* Defensores públicos;
* Servidores policiais;
* Policiais militares e os Corpos de bombeiros militares;
* Outros servidores públicos organizados em carreira, cuja lei preveja tal forma remuneratória (art.
39, §8º, CF/88).

Vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria de servidores ou militares (arts. 40


ou 42 e 142, CF/88) com remuneração de cargos, emprego ou função, exceto:
* nas hipóteses de cumulação;
* cargos eletivos;
* cargos em comissão de livre nomeação e exoneração.

O teto remuneratório geral de todos os agentes da Administração direta e indireta está previsto no
art.37, XI, CF/88, incluindo as vantagens pessoais por ventura existentes – subsídio em espécie
dos Ministros do STF.

Há teto remuneratório específico, incluindo as vantagens pessoais por ventura existentes:


* Municípios – subsídio do prefeito;
* Estados e DF – subsídio do governador (Executivo), subsídio do Deputado (Legislativo) e subsídio
do desembargador do TJ (Judiciário, MP, procuradores e defensores públicos).

Vantagens pessoais são valores recebidos em função da característica da atividade


desempenhada (via de regra, adicionais).

Nos tetos não se incluem verbas indenizatórias (à título de compensação de gastos qualquer
natureza). Auxílio-moradia, por exemplo, mesmo com residência própria no local de exercício
funcional (SIC!).

É possível a CESSÃO DE SERVIDORES entre esferas governamentais (cedente e cessionário),


podendo ser com ou sem ônus para o cedente.

Com a APOSENTADORIA, o servidor passa a receber proventos (como o servidor em


disponibilidade remunerada). E os pensionistas do servidor recebem pensão (art. 40, §7º, CF/88).
Os proventos podem ser integrais (com ou sem paridade com o valor da ativa), limitados ou
proporcionais.

Há 2 modalidades de previdência:
* Básica – obrigatória;
* Complementar – facultativa (art. 40, §14, CF/88). Exemplo: Funpresp (Fundação de Previdência
Complementar do Servidor Público Federal), exclusivo para os servidores do RGPS dos poderes
Executivo e Legislativo (ExecPrev e LegisPrev).

Há 2 modalidades de regime previdenciário básico:


* Regime geral da Previdência Social (RGPS) – para os cargos em comissão, temporário e emprego
público (arts. 40, §13, 201 e 202, CF/88 e Lei nº 8212/1991);
* Regime próprio da Previdência Social – para cargos efetivos ou vitalícios da Administração Direta
e Indireta (art. 40, caput, CF/88).

O regime previdenciário é de natureza contributiva e solidária. Daí, há alíquotas a serem pagas por
ativos, inativos e pensionistas.

Conforme art. 40, §1º, CF/88, há a aposentadoria voluntária, por invalidez e a compulsória (75 anos,
salvo os empregados públicos e dos comissionados, já que inexiste compulsória para eles).

O valor dos proventos varia em razão do regime e dos requisitos da efetiva aposentação.

Os proventos devem ser revisados para preservação do valor real (art. 40, §8º, CF/88).

Há aposentadorias especiais (com seus requisitos e critérios especiais), p.e., agente penitenciário
e professor no efetivo exercício da função de magistério na educação infantil e ensinos fundamental
e médio).

Fundos previdenciários públicos, constituídos pela Administração e criados por lei, visam garantir
recursos para pagamentos dos benefícios previdenciários, compostos por valores e bens
patrimoniais e não patrimoniais oriundos das contribuições e de recursos públicos (art. 249, CF/88).

Há a possibilidade de desaposentação (renuncia à aposentadoria) no regime próprio, invalidação


da aposentadoria (descumprimento das regras), cassação da aposentadoria (penalidade, art. 134,
Lei nº 8112/1990).

A EXTINÇÃO DO VINCULO ESTATUTÁRIO DO SERVIDOR pode acontecer por demissão


(punição, pelo cometimento de falta grave) ou por exoneração (dispensa sem ser penalidade, que
pode ser pedida ou ex officio).

O servidor público tem direito à livre ASSOCIAÇÃO SINDICAL (art. 37, VI, CF/88).

As limitações da atividade sindical no serviço público, já que as regras da relação de trabalho são
de fixação legal, inclusive constitucionalmente postas. A crítica de Carlos Ary Sundfeld (um RH
constitucionalizado). A (minha) crítica à crítica.

Preservada a estabilidade provisória trabalhista do representante sindical (como as demais


hipóteses de estabilidade provisória, no geral).

O DIREITO DE GREVE do servidor público é reconhecido, mas inexiste a lei prevista na CF/88,
razão pela qual o STF determina a aplicação da Lei nº 7783/1989, com fulcro nos serviços
essenciais previstos na legislação destinada ao setor privado.

O impasse sobre descontos remuneratórios decorrente da greve.


Há RESPONSABILIDADE DO SERVIDOR PÚBLICO, perante a Administração, na esfera civil,
penal e administrativa (são esferas independentes, podendo ser concomitantes no caso concreto)
pelo exercício irregular das atribuições (art. 121, Lei nº 8112/1990).

A responsabilidade é subjetiva (com culpa):


* A responsabilidade civil decorre de dano causado à Administração ou a terceiro, que redunda na
obrigação de reparar o dano, devendo sempre ser precedido de processo administrativo;
* A responsabilidade penal decorre do tipo penal pré-existente, previsto no CP e em legislação
especial, arcando com as punições legalmente previstas, devendo sempre ser reconhecida tal
responsabilidade na esfera judicial;
* A responsabilidade administrativa decorre da prática de ilícito funcional (práticas previstas na
legislação estatutária), arcando com as punições legalmente previstas, devendo sempre ser
precedido de processo administrativo disciplinar.

Repercussão da decisão penal:


* A condenação penal terá reflexo na esfera civil se o ilícito penal se caracterizar também como
fato ilícito e causar dano. Na esfera administrativa, dependerá do tipo de crime: se for crime
funcional, refletirá obrigatoriamente na esfera administrativa; se não for crime funcional, só refletirá
se a pena for privativa de liberdade;
* A absolvição penal não implica no obrigatório afastamento de responsabilidade civil e/ou
administrativa (é preciso analisar a conduta no caso concreto).

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