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DIREITO ADMINISTRATIVO I

Ponto I – Direito Administrativo.

a) Conceito: conjunto de normas que regem a Administração Pública (estrutura, organização, funcionamento, relações com particulares
e servidores, controle).

b) Histórico: Autonomia como ramo do direito público. Século XIX e consagração do Estado Liberal de Direito (superação do
absolutismo). Separação de Poderes.

Ideia de hierarquia e centralização da Administração Pública. Legislação francesa e atuação do Conselho de Estado (período
jurisprudencial). Contencioso administrativo europeu e dualidade de jurisdição. Sistema de jurisdição una vigorante no Brasil.

c) Características: ausência de codificação e mutabilidade (codificação parcial); bipolaridade entre garantia dos direitos individuais
(legalidade e liberdade) e realização dos interesses coletivos (prerrogativas e privilégios - autoridade); autonomia federativa;
constitucionalização (inclusão de normas na CF e filtragem constitucional).

d) Objeto: conteúdo. Mutabilidade de acordo com a história e as funções do Estado. Crise do Estado de Bem-Estar Social e o novo
Estado “Regulador”. Realização, concreta, direta e imediata dos fins pretendidos pelo Estado. Atividade concreta x legislação; Atividade
direta x Jurisdição.

Critério por soma: presença, direta ou indireta, da Administração Pública, submissão da relação ao regime jurídico público ou
administrativo, realização de atividade administrativa, qualificada pela busca do interesse público.

- Regime público ou privado? Definição pela CF (art.175, parágrafo único e 173, §1º, II) ou pelas leis, quando não houver especificação
constitucional. Mínimo de prerrogativas e restrições públicas. Sistema híbrido no direito brasileiro.

e) Princípios: normas fundamentais que conferem sentido e direção para interpretação e aplicação de outras normas; caráter normativo
dos princípios. Função positiva e negativa. Ausência de uniformidade doutrinária (princípios implícitos).

Princípios fundamentais (Título I da CF e aqueles que se retiram do art.5º, como a igualdade), gerais (art.37 da CF), setoriais.

Princípios gerais da Administração Pública:

E.1 – Legalidade: supremacia da lei e Estado de Direito. Garantia do indivíduo, limitação do poder, certeza jurídica. Legalidade X
juridicidade. Legalidade: autorização legal e seus limites; vinculação. Art. 5º, II, da CF.

E. 2 – Impessoalidade (finalidade): observância do interesse público. Afasta a adoção de critérios pessoais (vingança, favorecimento).
Atos dos agentes administrativos são imputados à Administração Pública.

E. 3 – Moralidade administrativa: Ideia de boa administração. Do desvio de finalidade (art.2º, parágrafo único, “e” da Lei 4717/65) a
princípio autônomo – lealdade, boa fé, ausência de malícia, padrões éticos vigentes em dada época e determinado local (art.5º, LXXIII,
da CF).

Probidade: imoralidade que causa prejuízos ao erário, qualificada pela má fé do agente público. Art.37, §§4º e 5º da CF. Lei 8429/92.

E. 4 – Publicidade: Ampla divulgação dos atos praticados pela Administração Pública, sendo o sigilo excepcional. Ideia de transparência
(controle do poder). Reflexos: direito de informações e certidão (art.5º, XXXIII [Lei 11.111/2005] e XXXIV, alínea “b”, da CF/88).
Publicidade oficial e os critérios do art.37, §1º, da CF.

E. 5 – Eficiência (EC 19/98): sentido na Teoria da Administração e no Direito (v. art.74, II da CF).

a) ótica da organização, estrutura e disciplina da Administração Pública: presteza e precisão, economia de custos (afastando o
desperdício), eficácia (metas), qualidade;

b) ótica da atuação do agente público: bom desempenho das funções e cobrança de resultados (art.41, §4º CF).

Conflito com a legalidade. Conjugação e unidade constitucional.

PRINCÍPIOS NÃO ESCRITOS:

I – supremacia do interesse público sobre o particular: sacrifício do interesse particular diante do interesse coletivo, representado pela
ação do Estado. Relativização moderna e direitos fundamentais.

II – Indisponibilidade do interesse público: satisfação apenas do interesse público pelo agente estatal. Omissão, retardamento ou
disposição implicariam fraude ao dever do agente público. Relativização: acordos e transações, mediação e arbitragem.

III – Proporcionalidade e Razoabilidade: (art.2º, parágrafo único, VI da Lei 9784/99). Diferença de influência/origem.

a) Proporcionalidade e subprincípios: adequação, necessidade ou exigibilidade e proporcionalidade em sentido estrito.


b) Razoabilidade relaciona-se à ideia de racionalidade, moderação, equilíbrio, tudo o que é contrário à arbitrariedade. Razoabilidade
interna (relação racional entre meios e fins) e externa (adequação dos meios aos fins estabelecidos pela Constituição Federal ou pela
legislação). Na esfera de autonomia da autoridade (discricionariedade), servem esses princípios para o controle da exorbitância do poder
público.

Art.5º, inciso LXXVIII CF – duração razoável do processo (judicial ou administrativo) e razoabilidade.

IV – continuidade da atividade administrativa: veda a paralisação da Administração Pública, especialmente a prestação de serviços
públicos. Atividade permanente ou regular. Direito de greve no serviço público. Substituição de servidores públicos em férias ou
licenças.

V – Presunção de veracidade e legitimidade dos atos administrativos: presunção relativa (art.19, II da CF). Inversão do ônus probatório
x dever de motivação no Estado democrático.

VI – Autoexecutoriedade: impor suas decisões e praticar seus atos diretamente, sem intermediação do Judiciário. Limitações:
desapropriação, execução fiscal, extinção de associações ilícitas, etc.

VII – Autotutela: anulação de atos administrativos eivados de vício de nulidade ou revogação de atos administrativos por razões de
conveniência e oportunidade (direito adquirido). Súmula 473 do STF. Observância do contraditório e ampla defesa; prescrição e
decadência. Proteção patrimonial.

VIII – Motivação: exposição dos fundamentos fáticos e jurídicos dos seus atos. Decisões administrativas dos tribunais (93, IX da CF) e
no Ministério Público (art.128, §5º, I, “b” – EC 45/2004). Decisões administrativas referem-se à resolução de litígios, controvérsias,
dúvidas, apreciação de pretensões. Art.2º, parágrafo único, VII c/c 50 da Lei 9784/99. [Motivação deve ser clara, consistente e
pertinente – art.50, §1º]

- A Teoria dos Motivos Determinantes.

IX – Segurança Jurídica: art.2º, parágrafo único, XIII, da Lei 9784/99. Impede a retroatividade de nova interpretação jurídica da
Administração Pública para prejudicar o cidadão/servidor (mudanças de governo).

X – Contraditório e ampla defesa: art.5º, inciso LV da CF. Processo administrativo.

f) Interpretação e Fontes. Atos administrativos normativos. Praxe administrativa não vinculativa.

Ponto II: Administração Pública: estrutura e poderes jurídicos

1 – Sentidos: planejar, comandar, dirigir (superior); executar (subordinação).

Atividade que depende de uma vontade externa, vinculada a uma finalidade (lei ou Direito). Administra algo que não lhe pertence.

a) Sentido subjetivo (visão organizacional): Administração Pública composta por entes que exercem função administrativa: pessoas
jurídicas, órgãos e agentes (v. art.6º, XI e XII, Lei 8666/93).

b) Sentido objetivo (visão funcional): exercício da função administrativa, ou seja, gestão dos interesses públicos pelo Estado ou por quem
aja em seu nome.

Conjugação de visões e definição ampla. Todos os 3 Poderes exercem função administrativa: funções típicas determinam a
nomenclatura. Função instrumental ou de apoio.

Administração Pública federalizada: critério constitucional da predominância de interesses.

2 – Função administrativa: exercida pelo Estado ou seus delegados, em conformidade com a ordem jurídica, sob regime de direito
público (total ou parcial), objetivando atingir finalidades públicas previamente delineadas.

Administração e jurisdição aplicam a lei (o Direito) ao caso concreto, enquanto a legislação cria a lei (o Direito). Jurisdição soluciona
conflitos de interesses com imparcialidade (o julgador não participa do conflito), com caráter de definitividade. Inércia como
característica básica do julgador. Administrar não é simplesmente executar.

Função de governo ou política: direção superior da administração pública, realizando os comandos normativos. Delineamento no plano
constitucional. ex: nomeação de ministros e designação de embaixadores; relações internacionais; declaração de estado de guerra.
Violação de direitos e controle jurisdicional.

3 – Órgãos Públicos. O Estado e as entidades por ele criadas (Administração Indireta) são pessoas jurídicas, que agem através de seus
agentes (agem em nome do Estado).

Manifestação da vontade estatal: 1) teoria do mandato; 2) agentes como representantes legais; 3) teoria do órgão: a vontade do Estado é
atribuída aos órgãos que o compõem (repartições), sendo estes compostos por agentes. Imputação da manifestação de vontade do agente
estatal ao próprio Estado, se ele está no exercício (real ou aparente) das funções. Inspiração na anatomia: os órgãos constituem o todo,
cabendo a cada um deles uma tarefa específica (competência ou atribuição).
Órgão como círculo do poder, feixe delimitado de funções. Unidade ou compartimento da estrutura administrativa a que são cometidas
funções estatais (competências), integrado por agentes públicos que agem em nome do Estado. Compõem a pessoa jurídica, logo, não
possuem personalidade jurídica própria (despersonalizados).[art.1º, §2º, I e II da Lei 9784/99.]

Obs. Capacidade postulatória excepcional em juízo: Procon (CDC), Poder Legislativo ou Judiciário na defesa de prerrogativas.

- Criação e extinção por lei (art.48, XI CF), por iniciativa do Chefe do Executivo (art.61, §1º, II, “e” da CF). Desde a EC 32/01, a
estruturação e definição de atribuições pode ser feita por decreto: art.84, VI, “a” da CF (reengenharia).

Divisão do trabalho e especialização de matérias: desconcentração administrativa.

Divisão federativa. Órgãos diretivos e subordinados. Órgãos singulares ou coletivos (representação unitária ou plúrima). Órgãos
decisórios, executórios, burocráticos e técnicos.

4 – Poderes jurídicos da Administração Pública.

Poderes como prerrogativas dos agentes públicos rumo ao atendimento das finalidades públicas. Sentido de poder-dever (vinculação a
uma finalidade).

a) Poder regulamentar: edição de atos normativos (gerais e abstratos) necessários para a aplicação concreta da legislação. Imposição de
obrigações subsidiárias (completar a lei, segundo seu espírito e conteúdo). Papel criativo de todo intérprete da lei.

Regulamento autônomo X regulamento executivo. Art.25 do ADCT. EC 32/01 e o novo art.84, VI, alínea “a” da CF. Poder
regulamentar e poder normativo. EC 45/04, o CNJ (art.103-B, §4º, I) e o CNMP (art.130-A, §2º, I da CF). Controle por ADI (art.102, I,
"a” da CF).

Regulamento de 2º grau e exercício do poder regulamentar por toda a Administração Pública. Art. 84, inc. IV da CF. Excesso e controle
(sustação) pelo Legislativo (art.49, V da CF).

Art.1º Lei 9882/99 – controle de ato administrativo normativo por argüição de descumprimento de preceito fundamental causador de
lesão.

Omissão em regulamentar: mandado de injunção e ação direta de inconstitucionalidade por omissão.

Tecnicidade e delegação parcial do legislador ao administrador, que fixa parâmetros de normatização.

b) Poder disciplinar: apuração de infrações e aplicação de sanções àqueles sujeitos à disciplina administrativa (quando o particular não se
sujeita à disciplina administrativa, a sanção irá constituir exercício do poder de polícia administrativo!). Pressuposto: existência de
hierarquia administrativa.

Competência, faltas e sanções fixadas em lei. Dever de apuração. Tipos abertos e certa autonomia na aplicação das penas administrativas
(“justiça da decisão”). Contraditório e ampla defesa, motivação da decisão. Independência das instâncias.

c) Poder hierárquico: vínculo estabelecido entre os órgãos e agentes da Administração Pública, integrantes de uma mesma pessoa
jurídica. Escalonamento vertical da estrutura da organização. Relações de coordenação X hierarquia.

Implica em: poder de editar atos normativos internos; poder de ditar ordens, correlato ao dever de obediência; poder de controle e revisão
dos atos e decisões inferiores (legalidade e conveniência); poder punitivo ou sancionatório; poder de avocação quando não haja previsão
de competência exclusiva (art.15, Lei 9784/99), e o poder de delegar funções (fixando objetivo, matéria, duração, limites); poder de
decidir conflitos de atribuição.

Obs. Na delegação, o delegatário passa a ser o responsável pelo ato, mas o delegante não perde a competência. O delegatário não pode
recusar a delegação nem sub-delegá-la sem autorização.

Obs.2: não há hierarquia em relação aos órgãos consultivos, no que tange à função típica desses órgãos.

d) Poder de supervisão ou tutela administrativa: forma de controle dos atos da Administração Indireta pela Direta (ente federativo).
Relação de vinculação e não de subordinação. Controle se dará na forma da legislação que rege a entidade da Administração Indireta.

e) Poder de polícia administrativa – prerrogativa estatal de restringir e condicionar direitos e liberdades em favor do interesse público.
Poder de polícia e polícia administrativa (lei e ato administrativo) x definição do art.78 do CTN. Lei e limitação administrativa.
Restrições à propriedade privada, regulação das atividades econômicas e das profissões.

Polícia administrativa e polícia judiciária (fragilidade do critério repressivo-preventivo). Polícia administrativa e exclusão nas relações
jurídicas com poder disciplinar (contratos, serviços públicos, relações especiais de sujeição). Sanção externa e interna: multas, embargos,
interdições, inutilização de bens e produtos, cassação de direitos.

Atuação concreta (obrigação de fazer, não fazer ou consentimento) ou regulamentar. Atos discricionários ou vinculados. Limitação pela
proporcionalidade. Devido processo legal, contraditório e ampla defesa. Sanções reais, pessoais, impeditivas, formais, pecuniárias.

Lei Federal nº 9873/99 – prescrição em 5 anos, salvo se constituir também crime (art.1º, §2º).
Federação e critério da predominância de interesses (CF). Competências concorrentes e comuns. UF – art.21, VI, VIII, XXIV e XXV.
Municípios – art.30, VIII e IX. Estados (residual) – art.23, III, IV, VI, VII e XI.

Originário e derivado (Administração Indireta, por delegação legal). Participação de particulares (“pardais”, serviços de demolição, etc.)

Art.145, II da CF e a cobrança de taxa pelo efetivo exercício do poder de polícia.

“Direito da crise” – art. 136, §1º, I no Estado de Defesa, e art.139, III, IV e V, da CF, no Estado de Sítio. Controle concomitante e
responsabilidade posterior (arts.140 e 141 da CF).

5 - Discricionariedade administrativa: modo de exercício dos demais poderes. Limites da lei fixadora da competência e autonomia do
administrador quanto à conveniência e oportunidade dos atos (inclusive sua revogação). Complexidade da realidade. Vinculação à
finalidade legal e a “liberdade regrada” do agente: exige a possibilidade de mais de uma conduta legítima possível.

Requisitos: norma de previsão aberta, a exigir complementação; margem “livre” de opção ao agente, sob critérios de conveniência e
oportunidade; balanceamento de valores para atingir da melhor maneira possível o fim previsto na norma de competência. (Germana de
Moraes).

Vinculação aos princípios da administração pública: congruência entre a conduta e o fim visado, evitando os abusos. Importância da
motivação.

Limites do controle judicial: impossibilidade de substituição da vontade; controle da legalidade, mais o controle de proporcionalidade,
motivação, razoabilidade (e eficiência). Vício de discricionariedade configura arbítrio.

Ato vinculado X ato discricionário. Critério predominante.

- conceitos jurídicos indeterminados. Conceitos vagos, que são mutáveis no tempo. (ex. ordem pública, bons costumes, justo preço –
também denominados de cláusulas gerais). Em regra, situa-se no plano de previsão da norma (descrição do fato), com predeterminação
dos efeitos, enquanto a discricionariedade situa-se justamente no plano das consequências. Nos CJI, ao identificar o fato com a previsão
normativa, termina a “liberdade” do intérprete. Logo, o conceito só é indeterminado em tese, pois não há como se definir, a priori, todas
as situações capazes de se enquadrar na fórmula legislativa. Na discricionariedade, fatos semelhantes podem conduzir a efeitos distintos,
de acordo com a avaliação do administrador.

6 – Deveres administrativos: eficiência, prestação de contas, probidade administrativa.

7 – Uso e Abuso de Poder:

Uso como desempenho das tarefas públicas. Poder-dever ou função.

Omissão genérica e omissão específica. Políticas públicas e Judiciário. Prazos legais ou regulamentares e inércia do administrador.
Responsabilidade civil, penal e administrativa do agente público.

Abuso de poder: atuação do agente fora das finalidades públicas (desvio de poder ou finalidade, art.2º, parágrafo único, letra “e” da Lei
4717/65) ou além de suas competências (excesso de poder). Autotutela e controle judicial. Abuso de autoridade (Lei nº 13.869/2019).
Forma específica de ilegalidade.

Ponto III – Ato administrativo.

1 - Pressupostos: existência de regime jurídico administrativo (prerrogativas e supremacia); separação de poderes e Estado de Direito.

2 – Conceito:

a) estrito (Maria Sylvia Zanella di Pietro): declaração do Estado ou de quem o represente que produz efeitos jurídicos imediatos, com
observância da lei, sob regime jurídico de direito público, sujeito a controle pelo Poder Judiciário.

b) amplo (Celso Antônio Bandeira de Mello): declaração do Estado ou quem lhe faça às vezes, no exercício de prerrogativas públicas,
manifestada mediante providências jurídicas complementares à lei, a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de legitimidade
pelo Judiciário.

- consequências: admite como ato administrativo certidões e pareceres jurídicos, além de regulamentos.

3 – Definições paralelas

Atos da Administração Pública: qualquer ato praticado pela Administração Pública.

Fato Administrativo: evento da natureza que traz repercussões na esfera jurídica administrativa. (ex. inundações que causam estragos a
bens públicos)

Ato administrativo não caracterizado como Ato da Administração: ato praticado por delegatários de serviços públicos.
Ato jurídico: manifestação de vontade que determina a produção de efeitos jurídicos. Elementos: sujeito, objeto e forma. Todo ato
administrativo é um ato jurídico.

Negócio jurídico X ato administrativo: definição do conteúdo dos direitos e deveres previamente fixada na norma de competência (no
direito) e não derivado da vontade das partes (como no contrato).

4 – Elementos ou requisitos

Sujeito (competência), forma e objeto, motivo e finalidade [regime público]. Art. 2º da Lei nº 4.717/65 (ação popular, com definição por
violação).

a) sujeito. Definição de quem detém poderes para praticar o ato. Capacidade civil e competência (conjunto de atribuições). Organização e
distribuição de tarefas administrativas.

Competência distribuída entre entes políticos (CF), órgãos públicos e agentes públicos. Obs. Art.84, VI, “a” da CF e a fixação de
competências por decreto.

Delegação de competência prevista em lei. Vedações (art. 13 Lei 9784/99).

Parágrafo único do art.84 da CF: matérias delegáveis e, a contrario sensu, indelegáveis. Art. 93, XIV (EC 45/04): juiz delega a
serventuários a prática de atos administrativos e de mero expediente.

Impossibilidade de prorrogação: necessidade de mudança normativa. Ausência de presunção: chefe da administração ou autoridade de
menor hierarquia (art.17 da Lei nº 9784/99).

Impedimento e suspeição do servidor competente.

Vício de sujeito: ausência de respaldo normativo. Aparência de competência e válida atribuição do ato ao Estado. Possibilidade de
convalidação (ratificação), salvo em caso de competência exclusiva. Usurpação de função pública (art.328 do CP) e ato inexistente x
função de fato (investidura inidônea) e boa-fé.

b) forma: revestimento externo do ato; meio de sua exteriorização. Liberdade das formas (art.107 do Código Civil) X solenidade das
formas – publicidade, sindicabilidade e segurança jurídica. Mitigação quando não trouxer prejuízos a terceiros, v. art.22 da Lei 9784/99.

Por escrito, com registro e publicação. Meios alternativos: gestos, palavras ou sinais.

Requisitos procedimentais de um ato: licitação, concurso público, publicação etc. Vício de procedimento e vício de forma.

Vício de forma: descumprimento do meio de exteriorização exigido por lei, ou vício de procedimentos prévios ou ulteriores. Em regra,
admite convalidação [(re)-ratificação].

Silêncio da Administração como fato administrativo. Sem forma não há ato jurídico/administrativo. Consequências do silêncio: previsão
em lei (deferimento ou indeferimento), acesso ao Judiciário (ato vinculado e ato discricionário).

c) objeto: conteúdo (o que é estabelecido), efeito jurídico imediato. O que o ato prescreve, dispõe, enuncia etc; qual sua serventia.
Essência do ato administrativo: aquisição, proteção, transferência, modificação, extinção ou declaração de direitos.

Lícito, possível (capaz de ser realizado), determinado ou determinável (definição sobre destinatário, efeitos, tempo e lugar), moral
(moralidade administrativa).

Vício de objeto: conteúdo ilícito, imoral, impossível ou indeterminado.

Obs. Art.103-A, §3º da CF e a anulação de ato administrativo que contrarie súmula vinculante.

d) motivo: situação objetiva que determina (autoriza ou exige) a prática de um ato; fundamentos de fato e de direito. Causa: pré-existente
e capaz de justificar o ato. Motivo difere de motivação (justificativa, forma do ato).

Congruência ou pertinência lógica entre o motivo, o objeto e a finalidade do ato (art.2º, parágrafo único, “d”, Lei 4717/65).

Motivo (realidade externa e objetiva) X móvel (intenção do agente, aspecto subjetivo).

Vício de motivo: ausência de fundamento, fundamento falso ou fundamento desconexo com a pretensão estatal.

e) finalidade: bem jurídico a ser atendido com a edição/aplicação/elaboração do ato, resultado a ser alcançado. Afastamento do arbítrio.

Interesse público e bem comum – resultado que se busca com a regra de competência. Pré-determinação do interesse específico. Objeto
varia, finalidade não. Motivo antecedente e finalidade pré-determinada para o momento posterior ao ato.

Vício: finalidade alheia ao interesse público ou então alheia à categoria do ato empregado. Finalidade prevista na regra de competência.
Atos previstos para cada finalidade da Administração Pública. Indícios do desvio de finalidade por sintomas (José Cretella Júnior):
motivação insuficiente, excessiva ou contraditória, irracionalidade do procedimento, camuflagem dos fatos, inadequação entre os
motivos e os efeitos.
5 – Atributos: presunção de legitimidade e veracidade (nulidade só pode ser reconhecida pelo juiz se for alegada pela parte);
imperatividade (obrigações impostas independem da concordância do particular), exigibilidade ou executoriedade (cobrar as obrigações
impostas pelo Estado, imposição direta). Limites da executoriedade e os direitos fundamentais.

6 – Validade: produção em conformidade com o Direito. Existência: presença de todos os elementos ou requisitos do ato administrativo.
Eficácia: capacidade de produzir efeitos jurídicos. Vigência: período de duração no mundo jurídico.

7 – Mérito administrativo: possibilidade de valoração pelo agente dos fatores constitutivos do motivo e do objeto do ato, segundo
critérios de conveniência e oportunidade. Caracteriza o ato discricionário.

8 – Classificação dos atos administrativos:

a) atos imperativos e atos negociais;

b) atos simples (um órgão) e atos complexos (dois ou mais órgãos); o ato composto (dois atos, sendo um deles condição de eficácia ou
exeqüibilidade – principal e secundário) e o processo (vários atos acessórios); definição de acordo com o processo de formação do ato;

c) atos gerais ou normativos e atos individuais;

d) ato perfeito, imperfeito (validade), pendente e consumado (eficácia);

e) atos vinculados e atos discricionários;

f) atos internos e atos externos;

g) atos ampliativos e atos restritivos;

9 – Espécies de Atos Administrativos

9.1 - quanto à forma:

a) Decreto: Chefe do Poder Executivo. Art.84, IV e VI da CF. Normativos ou individuais. Decreto e regulamento.

b) Resoluções: atos normativos ou individuais expedidos por órgãos da cúpula da administração. Obs. Resolução no processo legislativo
(art.59, VII da CF e art.5º, §2º da EC 45/04).

c) Deliberações: órgãos colegiados. Caráter decisório ou normativo.

d) Instruções, Portarias, Avisos e Provimentos (CGJ), Circulares, Ordens de Serviço e Provimentos: atos ordinariamente voltados para a
organização interna da Administração. Exceção: normativos.

Instrução fixa diretrizes para os subordinados cumprirem seus deveres. Instrução normativa (RF) e Circulares do Banco Central.
Comunicado divulga informações ou decisões.

e) Alvará: consentimento com atividade do particular. Precário ou definitivo.

f) Ofício: meio de comunicação.

g) Pareceres: expressam opiniões, podendo ser facultativos ou obrigatórios (pressuposto). Não vinculativo. Acolhimento como motivo do
ato. Parecer médico vinculativo. “Parecer normativo”.

h) atos enunciativos: expressam uma situação jurídica, como certidões (reproduz o que está documentado), atestados e declarações (dão
fé de algo de que se teve ciência).

i) despachos: atos praticados no curso de um processo para lhe dar seguimento. Possibilidade de conteúdo decisório. “Despacho
normativo”.

k) regimentos: atos normativos que regulam o funcionamento de órgãos colegiados.

l) edital: anuncia o início de um processo (concurso, licitações) ou forma de convocação para ciência de decisão ou situação jurídica.

m) homologação e visto (formal).

9.2 Quanto ao conteúdo:

a) Licença: ato unilateral vinculado que confere o consentimento da Administração ao particular para desempenhar certa atividade, uma
vez preenchidos os requisitos legais. Exige provocação. Conteúdo declaratório. Efeitos definitivos, salvo se tiver prazo.

b) permissão: ato discricionário e precário, consentindo que o particular utilize bem público ou realize determinada atividade.

obs. O caso da permissão de serviço público, que possui natureza contratual: art.175 da CF e art.2º, IV da Lei nº 8987/95.
c) autorização: ato precário e discricionário, consentindo com atividade de utilidade pública ou especial (art.21, VI e art.176, §1º da CF)
e a utilização de bem público. Ato constitutivo.

Obs.1: Serviços previstos no art.21, XI e XII.

Obs.2: autorizações conferidas pelo Legislativo, através de decreto-legislativo pela CF: arts.49, II (declaração de guerra ou trânsito de
tropas estrangeiras pelo país), ausência do Presidente ou do Vice do país (49, III), contratação de operação financeira externa (52, V, pelo
Senado).

d) admissão: confere ao particular o direito de receber serviço público específico, como educação ou tratamento hospitalar. Unilateral e
vinculado.

e) atos sancionatórios: punição à infração disciplinar.

10 – Extinção dos atos administrativos.

a) Extinção natural pela produção de seus efeitos; extinção subjetiva pelo desaparecimento do beneficiário de um ato, ou por renúncia a
uma situação jurídica; extinção objetiva, com o perecimento do objeto do ato.

b) caducidade: revogação da lei que dava amparo à prática do ato; perda do prazo de validade do ato.

c) extinção volitiva, por ato posterior da Administração Pública (retirada – Florivaldo Dutra de Araújo): revogação, invalidação ou
anulação e cassação. Garantia do contraditório e ampla defesa.

C.1 - Cassação: ato sancionatório, geralmente vinculado, por descumprimento pelo particular das condições para a manutenção do ato e
de seus efeitos. Exs. Art.10, §2º, Lei 10.826/03 (porte de arma) e art.134 da Lei 8112/90.

C.2 – Revogação: razões de conveniência e oportunidade (mutabilidade do interesse público). Retirada do ato ou de seus efeitos,
respeitando os efeitos já produzidos (ex nunc). Explícita ou implícita. Total ou parcial. Atividade da própria Administração Pública
(mérito). Vedação de repristinação. Competência: própria autoridade ou autoridade superior.

C.3 – Invalidação: extinção retroativa (ex tunc) do ato ou de seus efeitos jurídicos porque um de seus elementos contraria a norma legal.
Teoria dos atos nulos e atos anuláveis (arts.166 e 171 do Código Civil): declaração ex officio e possibilidade de convalidação (v. arts.168,
169, 172 e 177 do CC). Art.55 da Lei nº 9784/99: sem prejuízo do interesse público e de terceiros. Declaração de ofício pelo juiz e pela
Administração Pública (Súmula 473 do STF).

Dever de invalidade e dever de manter os atos administrativos (prescrição ou decadência e teoria do fato consumado). Confirmação do
ato nulo. Dever de convalidação? Ato vinculado ou ato discricionário.

Prazo quinquenal de invalidação (decadência de ato potestativo) – Lei 9784/99 e Lei Estadual nº 3870/02 (legalidade X segurança
jurídica). Obs. Lei paulista nº 10177/98 e Lei Federal nº 8213/91 prevêem prazo decadencial de 10 anos.

Competência: mesma autoridade ou autoridade superior.

Convalidação ou sanatória ou aproveitamento> Odete Medauar: confronto do princípio da legalidade com outros princípios;
circunstâncias do caso concreto; finalidade da norma lesada; natureza do vício.

Ponto IV – Agentes Públicos.

1 – Denominação: todo aquele que desempenha função pública, com ou sem remuneração, tenha ou não vínculo profissional com a
Administração Pública, Direta ou Indireta. Age em nome do Estado, vinculando-o às suas conseqüências. (art.37, §6º CF). v. Art.2º da
Lei Federal nº 8429/92.

Elemento objetivo: função pública desempenhada; elemento subjetivo: investidura do agente.

“Funcionário público de fato” ou “agente putativo” – irregularidade na investidura e princípios que tutelam os particulares: boa-fé,
segurança jurídica, aparência, presunção de legalidade dos atos administrativos.

Chama-se Autoridade o agente que tem poder decisório (art.1º, §2º, III da Lei 9784/99).

2 – Categorias e seus regimes jurídicos

2.1 - Agentes políticos - conceito amplo: chefes do Executivo e seus auxiliares diretos (ministros e secretários), parlamentares,
magistrados e membros do MP, conselheiros dos Tribunais de Contas, embaixadores, autoridades que agem com independência
funcional (presidente do Bacen). STF e o exercício do poder soberano do Estado (julgar, punir, controlar). V. art.39, §4º c/c 37, XI da CF
(EC 19/98). Regime de prerrogativas e atribuições definido na CF, com modalidade diferenciada de responsabilização.

Ocupam cargo público, como magistrados e membros dos MPs, por concurso ou quinto constitucional (efetivo), ou por eleição
(mandatos), ou por designação para cargos em comissão (ministros, secretários estaduais e municipais), ou por simples designação
(ministros e conselheiros dos tribunais de contas).
2.2 – Servidores Públicos (agentes administrativos). Nova denominação dos funcionários públicos (art.327 do CP). Vínculo
profissional com a Administração Pública, Direta ou Indireta, remunerados pelos cofres públicos (tesouro). Lei Federal 8112/90. 3
categorias:

a) estatutários – vínculo legal (pluralidade normativa – federação). Ocupam cargos públicos. Estatuto define os direitos e deveres.
Estatutos gerais e estatutos especiais (funções especializadas: policiais, professores, fiscais). Estatuto constitucional, legal e
regulamentar.

Iniciativa de lei do Chefe do Executivo para criação de cargos e para alteração do regime jurídico estatutário –art.61, §1º, II, “a” e “c” da
CF. Não existe direito adquirido a regime jurídico - Mutabilidade do regime.

Conflitos são analisados pela Justiça Comum (Estadual ou Federal). Inviabilidade de modificação do regime por acordo ou convenção
coletiva.

Cargo público obrigatório: servidores da justiça – art.96, I, “e” da CF, ocupantes da Defensoria Pública e das Advocacias Públicas (leis
orgânicas) e aqueles que desenvolvem “atividades exclusivas de Estado” - art.247 da CF: polícia, regulação, fiscalização, controle
(ausência de lei regulamentadora). Ex. Lei Federal nº 11440/06 (serviço público exterior).

b) empregados públicos (vínculo contratual com prazo indeterminado) – emprego público. Regime da CLT parcialmente derrogado
(concurso público, teto remuneratório). Competência normativa da União Federal (art.22, I da CF –unicidade normativa).

Lei Federal nº 9962/2000 - emprego público na Administração Pública regida pelo direito público, durante o fim do prazo de regime
único: rescisão do contrato por falta grave (art.482 da CLT), acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, necessidade de
redução do quadro de servidores (art.169 da CF, por extensão), insuficiência de desempenho (por extensão), apurada em processo
administrativo (dispensado em caso de contrato de gestão!), de acordo com padrões mínimos previamente fixados. Resilição vinculada
(sem discricionariedade) do contrato de trabalho pela Administração Pública. Não equivale à estabilidade do art.41 da CF). A
Jurisprudência do STF tem exigido a motivação para fundamentar a demissão de empregados públicos em geral.

Criação de emprego público por lei de iniciativa do Chefe do Executivo – art.61, §1º, II, “a” da CF.

Dissídios e Justiça do Trabalho, na forma do art.114, I, da CF.

Administração Indireta de direito privado: sociedades de economia mista, empresas públicas e consórcios de direito privado: regime
celetista. Art.173, §1º, II (atividade econômica) e similaridade com o direito privado.

REGIME JURÍDICO ÚNICO. Previsão original do art.39 da CF, para Administração Direta, autarquias e fundações de direito público
(obs. associações públicas – consórcios públicos de direito público). Qual o regime, estatutário ou contratual? Ausência de sanção e
descumprimento generalizado. EC 19/98 extingue o regime jurídico único, admitindo a convivência de diferentes regimes. Servidores
públicos comuns, não os especiais. STF e ADI 2135-DF: suspensão (ex nunc) dos efeitos dessa alteração (vício de procedimento da
votação do tema). Restabelecimento desde 14/8/2007 (ausência de decisão sobre o mérito e o problema da modulação dos efeitos). Até
decisão definitiva, servidores ficam em quadro suplementar.

Obs. EC 51/06 – art.198, §§4º a 6º da CF: agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias (caso dos “mata-
mosquitos”). Processo seletivo simplificado [comunidade = região determinada]. Provas ou provas e títulos. Lei Federal nº
11350/06 (CLT ou regime previsto em lei local). Contratação pelo gestor local do SUS (lei amplia possibilidade pela Funasa).
“Estabilidade” do emprego público prevista na Lei 9962/00 (declaração falsa de residência). A lei pode prever outras hipóteses de
perda da função. EC 63/2010: §5º: lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial nacional, as diretrizes do plano de
carreira e a regulamentação da atividade. Dever da UF em complementar a remuneração a Estados e Municípios.

- A situação dos conselheiros tutelares após a Lei 12.696/2012 (modificações no ECA): mandato de 4 anos, com uma possível
recondução. Lei local irá disciplinar remuneração, horário, local e dias de trabalho. Direito de cobertura previdenciária (INSS),
férias anuais remuneradas, com adicional de 1/3, licença-maternidade e paternidade, gratificação natalina. Considerado serviço
público relevante e confere presunção de idoneidade moral.

c) servidores temporários – prazo determinado. Atendimento de necessidade temporária de excepcional interesse público. art.37, IX da
CF. Função pública. Ainda que a função a ser exercida seja de caráter permanente, a contratação poderá ocorrer para suprir necessidade
temporária (ADI 3068-DF, Rel. p/ acórdão Min. Eros Grau), salvo para carreiras típicas de Estado.

Regime jurídico especial, disciplinado por lei de cada ente federativo – eficácia limitada. Lei Federal nº 8745/93, sucessivamente
alterada. Aplicação parcial do estatuto federal. Natureza contratual. Vínculo submetido à Justiça Comum. Ausência de direito de
permanência após o prazo. Sendo possível, devem passar por processo seletivo simplificado.

Casos: calamidades, epidemias, recenseamento, vacinação em massa, admissão de professor estrangeiro, identificação e demarcação de
terras indígenas, vigilância e inspeção da defesa agropecuária ou situação emergencial relacionada ao comércio internacional de produtos
de origem animal ou vegetal (febre aftosa). A lei não pode estabelecer hipóteses genéricas e muito abrangentes, nem atribuir ao
Executivo a definição concreta de tais necessidades (v. ADI 3430).

2.3 Militares: Forças Armadas ou corporações militares estaduais (PM e Bombeiros). Vínculo estatutário especial. EC 18/98 extinguiu a
denominação “servidores militares”. Art.142, §3º, VIII da CF – art.7º e 37 da CF. Subsídios.
Ingresso nas Forças Armadas: via compulsória por recrutamento oficial ou voluntária, por concurso para curso de formação de oficiais.
Nos Estados, só por concurso, mesmo para praças.

2.4 – Particulares em colaboração com o Estado. Não há vínculo profissional, podendo ser ou não remunerada a função pública.

a) delegação: empregados das empresas privadas prestadoras de serviço público; profissionais que exercem serviços notariais e de
registro (art.236 da CF, Lei 8935/94), leiloeiros, tradutores e intérpretes públicos. Serviço fiscalizado pelo Estado, com remuneração
custeada pelos usuários do serviço.

b) gestão de negócio público: assunção espontânea de função pública durante situações de emergência. Agentes de fato necessários.
Convalidação posterior dos atos por razões de interesse público.

c) requisitados, nomeados ou designados para o exercício de função pública relevante, como os jurados, os mesários e apuradores nas
eleições e os comissários de menores. Benefícios colaterais (título em concurso, dispensa do trabalho). Agentes honoríficos.

3 – Organização funcional: cargo, emprego e função.

3.1 – cargo público é o lugar dentro da Administração Pública de direito público ocupado por um servidor, com prévia definição de
atribuições e responsabilidades, fixada antecipadamente a sua remuneração básica em lei ou ato normativo. V. art.3º da Lei 8112/90.

Cargo isolado ou em carreira (art.39, §1º, I da CF). Carreira como agrupamento de classes funcionais percorridas em progressão vertical
(melhoria na remuneração, com aumento de responsabilidades). Mesmas atribuições (profissão). Classe como agrupamento de cargos de
mesma denominação e idêntica referência de vencimentos.

3.2 – Emprego público - vínculo entre o servidor celetista e a Administração Pública.

3.3 – Função pública: exercício de atividades de competência da Administração Pública, em nome dela e de acordo com as finalidades
públicas. Nesse sentido, quem ocupa cargo ou emprego público desempenha função pública. Sentido diverso e restrito: unidade
administrativa não vinculada a cargo ou emprego público.

Função de confiança: desempenho de funções especiais pelo servidor ocupante de cargo efetivo (art.37, V da CF). Afastamento da
função antiga (em regra), com recebimento de gratificação de desempenho (função gratificada).

Quadro funcional de pessoa jurídica envolve o conjunto dos cargos, empregos (quando cabível) e funções de uma entidade pública.
Planejamento da estrutura humana: suprir carências, cortar excessos, remanejar e remover servidores.

4 – Classificação dos cargos públicos.

a) vitalícios – rompimento do vínculo com aposentadoria, a pedido ou através de processo judicial. Garantia institucional (independência
funcional, membros do Judiciário, dos MPs e TCs) que afasta a demissão por processo disciplinar, salvo durante o estágio probatório.
Previsão constitucional (art.95, I; 128, §5º, I, “a”; 73, §3º). Aposentadoria compulsória por idade (súmula 36 do STF). Possibilidade de
punição do CNJ e CNMP com aposentadoria proporcional.

b) comissionados ou cargos em comissão: ocupação transitória, por confiança de quem o nomeia (“cargo de confiança”). Ausência de
estabilidade. Nomeação “livre” e demissibilidade ad nutum – desnecessidade de concurso público e de afastamento através de processo
judicial ou administrativo (art.37, II da CF). Vínculo precário afasta a teoria dos motivos determinantes. Direitos dos servidores
estatutários, na medida da compatibilidade. [no RJ, emenda constitucional nº 50/2011 determina a proibição de nomeação de pessoas
condenadas pela Justiça].

Função e cargo de confiança (art.37, V na EC 19/98) – Função de confiança só pode ser exercida por servidor estatutário. Funções de
chefia, assessoramento e direção. Atividade superior e intermediária. Lei (ainda não editada) deve fixar percentual mínimo de servidores
de cargo efetivo para ocupação dos cargos em comissão.

c) cargo efetivo (ou de provimento efetivo): preenchido por servidor aprovado em concurso público, que vai garantir a estabilidade após
três anos de efetivo exercício das funções (art.41 da CF). Caráter de permanência.

5 – Criação, modificação e extinção dos cargos públicos: regra geral do art.48, X da CF (por lei, inclusive para funções e empregos
públicos). EC 32/01: Chefe do Executivo pode extinguir cargos e funções vagos (art.84, VI, alínea “b” da CF). Tal função pode ser
objeto de delegação aos Ministros ou Secretários Estaduais e Municipais (84, parágrafo único). Obs. Cargos, empregos e funções do
Legislativo: art.51, IV e 52, XIII da CF (resolução), salvo quanto à remuneração (lei). Iniciativa do Chefe do Executivo, do Presidente
do TJ, do Procurador-Geral da República ou de Justiça (cargos de atividade fim e de apoio – arts.96, II, “b” e 127, §2º da CF).

6 – Provimento de cargo público: fato administrativo resultante do preenchimento do cargo por um agente público. Materializa-se
através de um ato administrativo (ex. promoção, remoção, nomeação).

a) originário: ingresso de servidor que não mantinha, necessariamente, vínculo com a Administração Pública. Caso já seja servidor,
passará a reger-se por um novo regime jurídico. O indivíduo é nomeado para o cargo público. Para cargo efetivo exige-se aprovação em
concurso público; exceções do cargo vitalício: quinto constitucional, nomeação para os tribunais de contas. Art.84, XXV CF – atribuição
do chefe do executivo, admitindo delegação (parágrafo único).

b) derivado: o servidor já mantinha vínculo profissional com a Administração Pública. Vínculo presente ou passado. Espécies:
b.1 – promoção: avanço na classe do cargo em carreira (avanço funcional). Mesma natureza de serviços, com maior remuneração e
maior complexidade de atribuições. Necessidade de freqüência a cursos de formação e aperfeiçoamento em escolas de governo (art.39,
§2º).

b.2 – readaptação: mudança de cargo em razão de perda parcial de capacidade laborativa, física ou psíquica. Proximidade de funções.

b. 3 – reingresso ou reintegração: retorno do servidor cujo vínculo havia sido extinto. Ex. anulação de demissão por decisão judicial
(art.41, §2º) ou administrativa (v. art. 28 da Lei 8112/90). O servidor nomeado para o cargo poderá ser exonerado, se não for estável.
Sendo estável, ficará em disponibilidade até ser reaproveitado.

b.4 – Aproveitamento: O cargo do servidor é declarado extinto ou desnecessário, situação prevista no art.41, §3º, importando em
disponibilidade do servidor, até o seu aproveitamento em outro cargo com características similares.

b.5 – reversão se dá quando é afastada a causa de invalidez, apontada em laudo médico, ou quando a inatividade (aposentadoria) é
anulada.

7 – Investidura: processo complexo que conta com atos estatais e do particular. Configura-se com a nomeação do servidor, seguida da
posse no cargo público, quando se atribui ao servidor as prerrogativas e os deveres inerentes ao cargo. Termo de posse indica assunção
de deveres. Servidor nomeado tem direito à posse (súmula 16 do STF).

Exercício é o momento em que o servidor passa efetivamente a desempenhar suas funções no cargo público. Com o exercício surge o
direito de contraprestação pelas atividades, ou seja, a remuneração. Exige lotação em órgão público.

Vacância é o fato administrativo indicador de que um cargo público não está provido, ou seja, está sem agente público titular. Causas:
morte, demissão, promoção, readaptação, exoneração, aposentadoria.

8 – DISCIPLINA CONSTITUCIONAL

8.1 – Acessibilidade: normas que regulam o ingresso no serviço público (cargo, emprego ou função). Restrição aos brasileiros natos
(art.12, §3º da CF). Estrangeiro: A) Art.37, IX da CF c/c art.2º, V da Lei Federal nº 8745/93 (professores e pesquisadores). B) EC
11/1996 - §§1º e 2º ao art.207 da CF: professores, técnicos e cientistas para universidades e centros de pesquisa. C) EC 19/98, modificou
o art.37, I da CF. Lei de cada ente federativo. Admissão de estrangeiro não pode ser a regra

Impedimento de candidato em concurso público exige devida motivação (súmula 684 do STF).

Requisitos objetivos (natureza das funções a serem desempenhadas) e subjetivos (pessoa do candidato, como escolaridade, boa conduta,
exame psíquico). Requisitos de inscrição (taxa e identificação) e requisitos do cargo (condições para a investidura). Comprovação de
diploma e idade até a data da nomeação (súmula 266 do STJ).

Critérios discriminatórios e proporcionalidade: súmula 683 do STF (idade). V. art.27 da Lei 10741/03 (Estatuto do Idoso). Art. 39, §3º
da CF (EC 19/98) – instituição por lei específica. Art.37, §7º - requisitos mais restritivos para funções que lidem com sigilo (ex. Abin).

Aspecto psíquico – exame psicotécnico previsto em lei. Súmula 686 do STF: possibilidade de revisão do teste (vedação do arbítrio).

8.2 – Concurso público – processo administrativo destinado a selecionar pessoal para a Administração Pública: cargos e empregos
públicos. Aptidão intelectual, física e psíquica – ordem decrescente. Princípios da igualdade, moralidade, impessoalidade e
competitividade (mérito) X processo seletivo simplificado (temporários e agentes de combate a endemias ou comunitários de saúde).

Art.37, II CF – provas ou provas e títulos. Variação conforme a complexidade das funções a serem exercidas. Para professores da rede
pública, o concurso é de provas e títulos (art.206, V da CF, com redação da EC 53/2006).

Súmula 685 do STF e a limitação da carreira. Fim da ascensão funcional. Seleção interna apenas como forma de promoção.

Exceções: quinto constitucional (art.94 da CF), preenchimento de cargo de Ministro (e conselheiro) dos tribunais de contas (art.73, §§1º
e 2º da CF) e do STF e STJ (art.101, parágrafo único e 104, parágrafo único). Cargo em comissão e a súmula vinculante nº 13 (vedação
do nepotismo). Mandato eleitoral. Contrato temporário (37, IX). [Obs. Art.53, I do ADCT e o aproveitamento de ex-combatentes da 2ª
Guerra Mundial no serviço público]. Conselheiros tutelares.

Art.19, §1º do ADCT – celetistas “estáveis” (5 anos antes da CF).

Aprovação e direito à posse. Mudança na jurisprudência – presunção de necessidade de preenchimento do cargo público e número de
vagas (cargos vagos e que vierem a vagar). Recusa motivada (STF). Preterição da lista de classificação. Candidato aprovado fora do
número de vagas: expectativa de direito e a conduta inequívoca da Administração Pública para contratação, como contratação
temporária, remanejamento de servidores, etc..

Art.37, III – validade de ATÉ dois anos, prorrogável por IGUAL período. Prorrogação é ato discricionário. 37, IV – enquanto válido,
confere prioridade sobre os novos concursados. Vícios determinam a nulidade do concurso ou até mesmo da nomeação e posse do
servidor (37, §2º).

Publicidade e revisão de provas limitada.


Reserva de vagas para pessoas com deficiência – art.37, VIII e o art.5º, §2º da Lei 8112/90 (até 20%). Estados e Municípios obedecem
mínimo de 5% (Decreto 3298/99 c/c Lei 7853/89 – política nacional para a integração da pessoa portadora de deficiência). 5% -
Resolução 75/09 do CNJ. Cotas no serviço público admitidas pelo STF.

8.3 – Acumulação de cargos, empregos e funções – art.37, XVI e XVII.

Vedação de acumulação remunerada, na Administração Pública Direta e Indireta, subsidiárias ou sociedades controladas, direta ou
indiretamente pelo poder público. Ideias de moralidade e eficiência.

Acumulação permitida pela CF, desde que haja compatibilidade de horários, e obedecido o teto remuneratório previsto no art. 37, XI (EC
19/98): a) professor; b) professor e pesquisador ou técnico; c) cargo ou emprego de profissionais da saúde (EC 34/2001 e o art.17, §2º do
ADCT). Vedação de acumulação tripla, salvo se a última for não remunerada. [TST admitiu como limite de acumulação a jornada de 60
horas semanais].

Magistrados e membros do Ministério Público – art.95, parágrafo único e art.128, §5º, II, “d” da CF.

Acumulação de cargo, emprego ou função com proventos no setor público – EC 20/98 – art.37, §10 da CF. Exceções: direito adquirido;
cargos acumuláveis; cargo em comissão; cargos eletivos. Acumulação lícita permite dupla aposentadoria, respeitado o teto
remuneratório (art.40, §6º). Constatação da acumulação ilícita e opção, com possibilidade de demissão.

Servidor eleito: a) vereador - compatibilidade de horário e dupla remuneração, ou opção por uma das duas remunerações – 38, III; b)
Prefeito – opção por uma das remunerações; c) demais cargos eletivos recebe pelo mandato (38, I e II). 38, IV e V – durante o
afastamento, há contagem de tempo de serviço, salvo para promoção por merecimento; no caso de dupla jornada, conta-se integralmente.

Regras de acumulação para militares: art.142, §3º, II e III. Acumulação temporária, com o pagamento da função civil, por até dois anos,
sob pena de ir para a reserva. Se for cargo não temporário, impõe a ida para a reserva.

8.4 – Estabilidade – art.41 – três anos de efetivo exercício nas funções do servidor ocupante de cargo efetivo. §4º impõe avaliação de
desempenho por comissão especial (depende de lei complementar). Aumento do prazo pela EC 19/98 só valia para novos servidores
(art.28 da emenda). Estabilidade imediata – avaliação prévia. Estágio probatório, carreira e novo cargo por concurso.

Garantia contra pressões políticas e impessoalidade. Demissão (punição) por falta grave, apurada em processo administrativo ou
judicial, assegurada a ampla defesa. Demissão por reprovação em avaliação periódica (art.41, §1º, III), com ampla defesa (247,
parágrafo único da CF).

Exoneração do servidor: não aprovação em estágio probatório; demora entre a posse e o efetivo exercício das funções; cargo em
comissão (v. arts.34 e 35 da Lei 8112/90). Exoneração do servidor estável: cumprimento dos limites de despesa com servidores ativos e
inativos, fixada na LC 101/00 (lei de responsabilidade fiscal – 50% para UF, 60% para Estados e Municípios) – art.169, §4º (v. Lei
9801/99). Providências preliminares para a exoneração (169, §3º): redução em 20% com cargos em comissão e função de confiança;
exoneração de servidores não estáveis (ingressaram após 05/10/1983 v. art.33 da EC 19/98). Servidor estável receberá indenização (169,
§5º). Cargo é extinto, e nova unidade não pode ser criada por 4 anos (169, §6º). Normas gerais previstas no §7º - Lei 9801/99: menor
tempo de serviço público, maior remuneração, menor idade ou número de dependentes etc.. Escolha do critério pelo Chefe do
Executivo, de forma discricionária, antes das exonerações, através de ato normativo.

Estabilidade ordinária e extraordinária – art. 19 do ADCT (entidades de direito público). Não houve a transformação em cargos públicos.
Excluídos da estabilidade extraordinária: cargos em comissão e professores universitários (§§2º e 3º).

Avaliação no estágio: disciplina, interesse, assiduidade, desempenho. Súmula 21 do STF: exige processo administrativo com ampla
defesa para exonerar servidor em estágio.

Estabilidade como condição da reintegração judicial – 41, §2º; disponibilidade remunerada em caso de extinção do cargo ou declaração
de sua desnecessidade 41, §3º.

Estabilidade x vitaliciedade.

8.5 – Direitos Sociais: art.39, §3º c/c art.7º da CF: salário mínimo; 13º “salário”; adicional-noturno; salário-família; jornada de 8 horas
diárias e 44 semanais; repouso semanal remunerado; adicional de férias; licença-maternidade (com estabilidade provisória) e
paternidade; redução dos riscos inerentes ao trabalho; proibição de discriminação remuneratória por sexo, idade, cor ou estado civil, hora
extra.

8.6 – Direito de greve e associação sindical. Art. 37, VI e VII da CF (não recepção do art.566 da CLT). Princípio da continuidade
administrativa. Alinhamento com o direito comparado (prévia comunicação e manutenção de percentual em funcionamento).

Livre associação sindical (norma autoaplicável) – art.8º da CF. Contribuição facultativa (art.8º, IV da CF). Estabilidade especial e
transitória (art.8º, VIII), salvo falta grave.

Direito de greve – lei complementar (CF original) – EC 19/98 e lei ordinária específica. Conteúdo do direito não seria definido na CF, e
sim na lei. Norma não autoaplicável. Em 2007 o STF determina a aplicação analógica da Lei º 7783/89 (lei de greve): aviso prévio de 72
horas; percentuais de funcionamento; corte dos dias parados, salvo acordo. Obs. Administração Indireta de direito privado: art.173, §1º,
II da CF – aplicável a lei de greve da iniciativa privada.
Súmula 679 do STF – negociação coletiva não pode fixar remuneração de servidor público estatutário – art.37, X da CF.

Apesar da EC 45/2004, STF e STJ entendem que os conflitos sindicais de servidores públicos são julgados na Justiça Comum. STF nos
MI nº 670, 708 e 712 – greve de servidores federais em mais de um Estado da Federação – competência do STJ.

8.7 – Sistema remuneratório.

a) Vencimento – parcela fixa relacionada ao cargo público (v. art.40 da Lei 8112/90). “vencimento-base” ou “vencimento-padrão”.

b) Vantagens – acréscimos pecuniários, provisórios ou permanentes (ocorre a incorporação). Situação específica prevista em norma
jurídica: adicionais e gratificações. Distinção conceitual nebulosa. Irregularidade na aplicação genérica. Obs. Não podem ser
computadas para acréscimos ulteriores (art.37, XIV da CF).

c) remuneração – total recebido pelo servidor = vencimentos.

Aumento de remuneração por lei específica – art.37, X, desde que haja prévia dotação orçamentária (art.169, §1º, I da CF). Revisão
anual (índices genéricos) não impede reajustes específicos. Súmula 681 do STF e vedação de atrelamento a índices federais de
atualização. Iniciativa de lei vinculada ao poder ou órgão constitucional específico.

d) subsídios (EC 19/98) como parcela única (vedados acréscimos, salvo de natureza indenizatória [v. art.37, §11] e direitos previstos no
art.39, §3º, como adicional de férias, adicional noturno e gratificação natalina). Titulares de cargo eletivo, membros de poder, ministros
e secretários (art.39, §4º), integrantes do MP (128, §5º, I, alínea “c”), DP, Advocacia Pública, polícia e corpo de bombeiros (art.144, §9º).
Abertura para aplicação aos servidores organizados em carreira (39, §8º). Fixação por lei ou resolução (art.49, VII e VIII da CF).

- escalonamento dos subsídios de magistrados: art.93, V da CF; deputados estaduais: art.27, §2º da CF; para vereadores, art.29, VI c/c 29,
VII e 29-A.

e) irredutibilidade da remuneração: art.37, XV. Possibilidade de redução indireta (inflação, novo tributo etc.). Não abrange parcelas
transitórias.

- art.37, XIII e XIV: vedação de vinculação ou equiparação (“aumentos em cascata”); vedação de contagem dos acréscimos sobre outros
acréscimos.

- teto remuneratório: 37, XI: teto geral vincula todos os poderes de todos os entes federativos (subsídio do ministro do STF); teto
específico ou sub-teto: subsídio do prefeito no âmbito municipal; subsídio de desembargador, no âmbito estadual, se houver opção do
constituinte estadual derivado (37, §12, que não inclui os magistrados estaduais – ADI 3854). Do contrário, há teto para cada um dos
poderes estaduais.

Acumulação deve respeitar o teto remuneratório. Vincula Administração de direito público, três poderes, proventos e pensões. [Obs.
Art.37, §9º: Administração de direito privado que recebe recursos públicos para custeio ou despesa de pessoal.] Não inclui parcelas
indenizatórias. Redutor do art.17 do ADCT e sua aplicação posterior pelo art.9º da EC 41/03.

Obs. Desvio de função de servidor público enseja pagamento de diferença “salarial”, sem direito a mudança de cargo (súmula 378 do
STJ)

f) natureza alimentar da remuneração – art.100, §1º e as previsões dos arts. 649, IV, 821 e 823 do CPC: não admite penhora, arresto ou
seqüestro. Súmula 682 do STF e a correção monetária no pagamento com atraso.

8.8 – Sistema Previdenciário: ideia de assegurar a manutenção da vida aos ex-servidores e seus dependentes, mediante contribuição.
Reformas constitucionais procuram aproximar o regime público do regime privado (INSS). Déficit e envelhecimento da população. EC
20/98, EC 41/03 e EC 103/2019.

Regime privado ou geral: empregados públicos, servidores temporários e detentores de cargos em comissão – art.40, §13 c/c 201 e 202
da CF.

Regime público (agora regime próprio de previdência social): servidores estatutários titulares de cargo de provimento efetivo, inclusive
de autarquias e fundações de direito público – art.40 da CF. Regime geral serve como supletivo para critérios e requisitos (art.40, §12).
Proibição de uso das contribuições para fins diversos: art.167, XI da CF.

- Princípio da unicidade de regime e gestão previdenciária (art.40, §20): um único sistema público para cada ente federativo, com um
único órgão ou entidade gestor (ex. INPAS, Rioprevidência).

- fonte de custeio para manter o equilíbrio financeiro e atuarial: art.40 da CF (EC 41/03). Contribuição do servidor: art.149, §1º da CF.
Alíquota nos Estados e Municípios não pode ser inferior àquela cobrada pela União Federal. Cobrança pela UF apenas após a EC 03/93,
e pelos Estados e Municípios, apenas após a EC 41/03.

- regime de benefício definido, que segue critérios de concessão e não mais obedece à integralidade desde a EC 41/03 (v. art.1º da Lei
10.887/04).

- contribuição dos inativos. Inconstitucionalidade da Lei 9783/99. EC 41/03 e o regime contributivo e solidário (ADIs 3105 e 3128).
Caput do art.40. No §18, ficou estabelecido que só contribuem aqueles que recebem acima do teto do regime geral de previdência (v.
art.5º da Lei 10887/04).
> servidores que ingressaram antes das emendas possuem regimes transitórios tratados no corpo das mesmas emendas constitucionais.

- fundo previdenciário: art.249 da CF (EC 20/98) – garantia para o pagamento dos benefícios previdenciários. O fundo não possui
personalidade jurídica (vincula-se a um órgão ou entidade) e não pode conceder empréstimos ao ente federativo (art.167, XI da CF).
[para definição de fundo, v. art.71 da Lei 4320/64].

- previdência complementar (art.40, §14 da CF, diverso daquele previsto no art.202). Pela EC 41/03 era facultativo, mas com a EC
103/2019 passou a ser obrigatório. Estabelece o teto de pagamentos de benefícios previdenciários, na forma do art.201 da CF. Ou seja, a
previdência pública cobre apenas o teto do regime geral de previdência social, e o restante, se houver, será pago pela previdência
complementar. Gestão de recursos por entidade aberta ou fechada, de natureza pública ou privada.

Sistema de contribuição definida – valor do benefício depende do número e valor das contribuições. Nesse caso, a contribuição do ente
público obedece o mesmo valor da contribuição do servidor (art.202, §3º da CF).

1) Aposentadoria> inatividade do servidor público estatutário confere direitos a proventos (prover a subsistência). Proventos integrais,
limitados ou proporcionais. Proventos não podem superar a remuneração do servidor no cargo.

- fato administrativo que se formaliza por um ato administrativo que a reconhece (salvo quando aplicada como medida sancionatória, a
magistrados e membros do MP). Registro da aposentação pelo Tribunal de Contas (art.71, III da CF – ato complexo e o prazo
decadencial para sua anulação).

- Modalidades: voluntária, por incapacidade, compulsória e a especial.

> Voluntária: tempo de contribuição (substitui o tempo de serviço) ou por idade.

Idade mínima de 65/62 – art.40, §1º, III, da CF, com o fim da média das últimas contribuições estabelecidas no antigo §3º, agora
limitado ao teto do regime geral da previdência social.

a) abono de permanência (art.40, §19): devolvia-se o valor da contribuição previdenciária enquanto o servidor continuar na ativa, agora
sendo o valor da contribuição o teto, nada impedindo que o abono possa ser inferior.

Obs.1: possível tempo reduzido para portadores de deficiência, que exerçam atividades de risco, ou em condições que prejudiquem a
saúde ou a integridade física, policiais, agentes penitenciários ou socioeducativos.

Obs.2: proibição de contagem de tempo fictício (art.40, §10). Continuam admitidos contagem de prazo de estágio ou trabalho na
iniciativa privada para fins de outros benefícios, não como tempo de contribuição.

> Incapacidade permanente, antiga validez: física ou psíquica que impede o exercício das funções. Doenças listadas, v. art.186, §1º da
Lei 8112/90; acidente em serviço, v. art.212, parágrafo único, da Lei 8112/90. V. EC 70/2012. Reexame ordinário para verificar a
permanência da incapacidade.

> Compulsória - art.40, §1º, II da CF: 75 anos, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição. Presunção absoluta de
incapacidade. Automática: dia seguinte ao do aniversário (art.187 da Lei 8112/90). EC 20/98 afastou-a de notários e registradores, mas
agora se aplica também a servidores das estatais e dos consórcios públicos.

> Especial:

a) do art.53, V do ADCT (ex-combatentes da 2ª Guerra Mundial).

b) dos professores do ensino infantil, fundamental e médio, excluindo os universitários: art.40, §5º, com diminuição de 5 anos de idade
(desde 2019 não mais reduz o tempo de contribuição). Tempo de serviço em sala de aula (súmula 726 do STF). Obs. Professor celetista:
art.201, §8º.

- Proibição de acumulação de proventos do regime próprio, salvo em caso de acumulação de funções permitida pela CF (art.40, §6º da
CF). Sempre respeitado o teto remuneratório, inclusive quando a segunda aposentadoria for obtida no regime geral de previdência social
(§11). O teto deve ser respeitado também em relação a proventos mais vencimentos de cargo acumulável, cargo em comissão ou
mandato eletivo, únicas hipóteses em que podem ser acumulados vencimentos e proventos (v. art.37, §10).

- revisão para manter o valor real (art.40, §8º), segundo critérios definidos em lei. EC 41/03 e o fim da paridade para os novos
servidores.

- reciprocidade federativa do tempo de contribuição (art.40, §9º), aplicável também aos militares (art.42, §1º). Reciprocidade entre
regime próprio e regime geral (art.201, §9º), com compensação financeira entre os gestores. STF afastou exigência de tempo mínimo de
contribuição para um sistema admitir a reciprocidade do outro.

- expectativa de direito e preenchimento dos requisitos para obtenção do benefício. Súmula 359 do STF e a lei vigente à época da
incorporação do direito à aposentadoria.

- aposentadoria e falta grave no serviço. Cassação e demissão do serviço público. Anulação de aposentação e retorno ao serviço.

2) Pensões: pagamento que favorece familiares do servidor público que falece, ainda na ativa ou já aposentado. Direito surge com o
óbito do servidor. Sujeita-se ao princípio da solidariedade, passível de incidência da contribuição previdenciária (art.40, §18).
- definições sobre beneficiários e dependência econômica em lei de cada ente federativo (art.40, §7º da CF). Antes da EC 41/03
correspondia à integralidade da remuneração do servidor. Hoje só será integral se a remuneração ou proventos do servidor falecido não
superar o limite do regime geral. Reajuste similar ao dos proventos (40, §8º). Lei própria para pensões militares estaduais (art.42, §2º da
CF).

8.9 – Disponibilidade> inatividade temporária, seja por extinção de cargo público (lei) ou declaração de sua desnecessidade (essa em ato
administrativo, não direcionado a servidor, mas a cargos). Servidor estável recebe remuneração (proventos proporcionais) de acordo
com o tempo de serviço, ainda que em parte dele não tenha havido contribuição previdenciária (art.40, §9º). Reaproveitamento (art.41,
§3º).

Obs. Disponibilidade punitiva para magistrados e membros do MP: arts. 93, VIII e 13º-A, §2º, III da CF.

9 – Responsabilidade dos Servidores Públicos

A) Esferas distintas de responsabilidade: civil, penal e administrativa. Possibilidade de cumulação de infrações e respectivas sanções (v.
art.125 da Lei 8112/90). Ação ou omissão.

a) Civil: art.186 do Código Civil: dolo ou culpa.

- Dano a terceiros: responsabilidade objetiva do Estado e a possibilidade de regresso, em caso de culpa do servidor (art.37, §6º).
Prejudicado escolhe o réu.

- Dano ao Estado: instauração de processo administrativo, com ampla defesa e contraditório. Descontos na remuneração, com limites
traçados pelo caráter alimentar dos vencimentos.

Obs. Para os empregados públicos, o art.462, §1º da CLT exige a concordância do empregado com os descontos. Em não havendo a
concordância, o caminho é a ação de cobrança. O STF determinou a aplicação desse entendimento também para os servidores
estatutários.

- improbidade administrativa: dano ao erário ou enriquecimento às custas do tesouro: ação judicial, com possibilidade de perdimento de
bens e perda do cargo público (Lei 8429/92).

b) Administrativa: prática de ilícito administrativo (previsão da falta e sua sanção no estatuto): ação ou omissão contrária à lei, culpa ou
dolo. Tipicidade aberta, salvo naqueles que são similares aos penais: “incontinência pública”, “insubordinação grave”, “falta de
cumprimento dos deveres funcionais”, etc.. Sanção prevista em rol apartado (consideração da natureza e gravidade da infração e dos seus
resultados ou danos).

- sindicância (caráter inquisitivo e preparatório) e processo disciplinar (“inquérito administrativo”). Natureza independe do nomen iuris e
o direito à ampla defesa e contraditório. Possibilidade de aplicação da súmula vinculante 14 (prova não repetida). Súmula vinculante nº 3
e as decisões do TCU. O problema da defesa com advogado e a súmula vinculante nº 5 (STJ x STF).

- punição disciplinar e discricionariedade. Justiça como mérito. Motivação, proporcionalidade e razoabilidade.

- afastamento cautelar (necessário para as investigações). V. art.147 da Lei 8112/90.

c) Criminal: conceituação ampla de “funcionário público” pelo art.327 e seu §1º do Código Penal – ocupação transitória ou sem
remuneração de cargo, emprego ou função, inclusive em entidade paraestatal, empresa prestadora de serviço público (até conveniada). [O
§2º prevê aumento de pena para ocupantes de cargo em comissão ou função gratificada]. Apuração e punição exclusiva do Poder
Judiciário.

- perda do cargo, função ou mandato eletivo por condenação criminal (art.92, I do CP): pena privativa de liberdade acima de 4 anos; pena
privativa de liberdade igual ou superior a 1 ano nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever funcional. Necessidade
de fundamentação para imposição desse efeito.

- Em caso de pena por crime comum inferior a 4 anos, o servidor fica afastado do serviço público. Auxílio-reclusão para a família (v.
art.29 da Lei 8112/90).

B) Autonomia (independência relativa) das instâncias: separação de poderes e independência das infrações.

- Art.935 do Código Civil: definição criminal sobre existência do fato e de sua autoria vinculam as instâncias civil e administrativa.
Possibilidade de revisão de pena disciplinar após absolvição. Art.386, I do CPP – prova da inexistência do fato.

- Também faz coisa julgada no “cível” o reconhecimento da legítima defesa, estado de necessidade, exercício regular de direito ou estrito
cumprimento do dever legal (art.65 do CPP). Art.386, V, do CPP – exclusão de ilicitude.

Súmula 18 do STF e a falta residual em delitos assemelhados.

- comportamento na vida privada e prejuízo (reflexo) no desempenho das funções públicas - ex: incontinência pública de magistrados.
Ponto V – Serviços Públicos.

1 – Atividade material atribuída ao Estado para ser exercida diretamente ou através de delegatários, com objetivo de satisfazer
concretamente as necessidades coletivas, sob regime total ou parcialmente público. Atividade prestacional. Exclusão de atividades-meio
(limpeza e vigilância das repartições públicas, arrecadação de tributos).

- Evolução do conceito em conformidade com o momento histórico e a situação geográfica (opções políticas). Opções constitucionais:
art.21, X, XI, XII, XV e XXIII, art., 25, §2º da CF.

- Tratamento legislativo: Lei 8987/95 – condições e modalidades de prestação de serviço público. Leis específicas (energia elétrica,
telefonia, etc). Lei 11.079/04 (parcerias público-privadas). Lei 13.460/2017 – participação e defesa dos usuários de serviços públicos.

- elemento subjetivo: Opção política de atribuir determinada tarefa ao Estado. Razões: setores estratégicos; universalização dos serviços;
suprir carências da iniciativa privada; propiciar progresso técnico. Prestação direta, por entidade da administração indireta (art.173 da
CF), ou por concessão ou permissão – art.175 da CF.

- elemento material: atividade de interesse público.

- elemento formal: regime jurídico definido por lei, em conformidade com a natureza. Serviços comerciais sob regime privado (bens
particulares, porém afetados, pessoal, contratos privados com terceiros e público com o titular do serviço), serviços não comerciais sob
regime público (bens, pessoal, contratos). Responsabilidade sempre objetiva (art.37, §6º da CF).

– Competência: regra federativa da predominância dos interesses e serviços concorrentes.

2 – Princípios:

a) ADEQUAÇÃO (art.6º da Lei 8987/95 c/c art.175, parágrafo único da CF): regularidade (obs. paradas de manutenção); modicidade da
tarifa, para evitar o impedimento de acesso ao serviço (custo, remuneração, aperfeiçoamento e subsídios); cortesia; dever de atualidade
(inovações tecnológicas); segurança; continuidade dos serviços públicos – justifica a teoria da imprevisão nos contratos de concessão e
permissão de serviços públicos – evitar a paralisação, bem como restrição da exceptio non adimpleti contractus; poderes exorbitantes da
Administração Pública (encampação ou ocupação provisória); manutenção de percentual de funcionamento nos serviços públicos
essenciais (delegados ou não), com aviso prévio para a greve.

- assunção do controle por parte dos financiadores da empresa delegatária, para promover a reestruturação financeira (art.27, §1º, II e §2º,
da Lei 8987/95).

- corte do fornecimento de serviço individual por inadimplência: art.6º, §3º, II da Lei 8987/95 – Corte Especial do STJ admitiu o corte
(legalidade, salvo quanto a débitos antigos). Distribuição dos custos pela sociedade e equilíbrio econômico-financeiro da concessão.

b) mutabilidade do regime jurídico: adaptação para atendimento do interesse público. Inexistência de direito adquirido a regime jurídico.

c) igualdade dos usuários ou paridade de tratamento – impede discriminação por critérios pessoais – acesso a todos. Não implica
gratuidade, salvo em casos determinados pela CF ou pela lei: educação (art.206, IV da CF), transporte público para maiores de 65 anos
(art.230, §2º da CF).

3 – Classificação

a) exclusivos (art.21, XV e XXII) e não-exclusivos.

b) próprios e impróprios (meramente autorizados e regulamentados).

c) administrativos, comerciais e sociais.

d) Individuais (uti singuli) são divisíveis, pois é possível identificar o beneficiário, admitindo-se a cobrança pelo serviço (taxa –
obrigatório, tarifa – facultativo); gerais (uti universi) são prestados à coletividade, desfrutados indiretamente pelo cidadão,
sendo remunerados via imposto.

Obs. Serviços de utilidade pública – entidades assistenciais.

4 – Prestação indireta: descentralização (atribuído por lei à Administração Indireta, sob controle finalístico) ou delegação (concessão e
permissão). Estado mantém a titularidade do serviço público.

- Delegação: exigência de licitação prévia (não cabe dispensa ou declaração de inexigibilidade – art.175 da CF). Estado regula a
prestação do serviço, exerce poder de fiscalização, aplicando sanções e resolvendo conflitos com usuários, além de traçar a política
tarifária. Poderão ajuizar ação de desapropriação para execução dos serviços, após prévia declaração pelo poder concedente (art.31, VI
c/c 29, IX da Lei 8987/95).

4.1- casos especiais de autorização de serviço “público”: art.21, XI e XII da CF. Ato administrativo de natureza discricionária e
precária. Hipóteses excepcionais em casos de lockout ou testes de linhas novas de serviços públicos (ônibus, barcas etc).

4.2 - permissão de serviço público: alteração constitucional de sua natureza – art.175 da CF. Art.2º, IV c/c 40 da Lei 8987/95: contrato
de adesão, mas ainda precário e revogável unilateralmente. Pessoa física (natural) ou jurídica, sem modalidade prévia de licitação.
4.3 – concessão de serviço público: art.2º, II da Lei 8987/95 – contrato administrativo. Licitação por concorrência, embora admitida a
inversão de fases (art.18-A). Só com pessoa jurídica ou consórcio de empresas. Remuneração pelo usuário dos serviços, sem privar de
fontes alternativas de receita (art.11). Pessoal celetista, sem vínculo com a administração (art.31, parágrafo único).

- subcontratação de atividades complementares e acessórias, regida pelo direito privado, sem importar relação com o poder concedente
(art.25, §1º da Lei 8987/95).

- subconcessão com sub-rogação (art.26), mediante concorrência. Autorização do poder concedente, com previsão no contrato original.

Obs.1: Concessão de serviço público precedido de obra pública – art.2º, III da Lei 8987/95. Obra consistente em construção,
conservação, reforma, ampliação ou melhoramentos, obtendo remuneração pela exploração da obra ou do serviço decorrente da obra.
Baixo custo para o Estado, alto custo para o usuário.

Obs.2: Parcerias público-privadas (Lei 11079/2004): modalidade especial de concessão. Objeto acima de R$10.000.000,00 (dez milhões
de reais), com prazo mínimo de 5 anos. Concessão patrocinada: delegatário recebe pagamentos do usuário e do poder concedente;
concessão administrativa: remuneração exclusiva do poder público, que usa exclusivamente o serviço.

4.4 – Serviços sociais e o contrato de gestão com Organizações Sociais. Lei 9637/98.

4.5 – novas figuras de delegação: arrendamento, com transferência da gestão do negócio e de bens públicos para a prestação dos
serviços (atividade portuária); franquia (franchising) – serviços padronizados, ex. EBCT (serviço postal). Pagamento de parcela fixa ou
percentual ao poder concedente.

5 – Retomada do Objeto

a) Encampação: retomada do serviço por razões de interesse público, durante a execução do contrato. Ato administrativo
discricionário e motivado. Art.37 da Lei 8987/95 – prévia autorização legislativa, prévia indenização.

b) Reversão: retorno do serviço ao Estado após o fim do prazo contratual (art.36). Bens reversíveis e possibilidade de indenização em
caso de não ter havido amortização.

c) Caducidade: violação dos deveres pelo delegatário: art.38, §1º da Lei 8987/95 – prestação deficiente dos serviços, descumprimento
de cláusulas contratuais, paralisação não justificada dos serviços, perda das condições técnicas ou econômicas, descumprimento de
penalidade imposta pela Administração Pública, inércia para regularizar serviço após notificação do concedente, condenação por
sonegação de tributos. Processo administrativo com ampla defesa e contraditório. Declaração por decreto.

Obs. Intervenção por decreto (art.32, parágrafo único da Lei 8987/95): assegurar a prestação adequada do serviço ou o cumprimento
das normas jurídicas pertinentes. Averiguação das causas em 30 dias, com instauração de processo administrativo com prazo de 180
dias, improrrogáveis, com devolução do serviço ao delegatário, declaração da nulidade da intervenção ou decretação da caducidade
do contrato.

d) Rescisão: culpa do poder concedente, a ser requerida judicialmente pelo delegatário. Art.39, parágrafo único da Lei 8987/95 –
manutenção dos serviços até o trânsito em julgado e a flexibilização proposta pela doutrina.

e) Anulação: vício de legalidade no contrato ou licitação.

Mecanismos privados de solução de controvérsias (arbitragem) – art.23-A, da Lei 8987/95.

6 – Direitos dos usuários: informação; escolha do fornecedor, quando possível; escolha da data de vencimento, entre seis possíveis
(art.7-A da Lei 8987/95). Novos direitos previstos na Lei 13.460/2017.

Ponto VI – Administração Direta e Indireta.

I – Administração Pública Direta: Entes federativos. Generalidade de atividades impõe a desconcentração – criação de órgãos
públicos.

- competências materiais definidas pelo constituinte segundo critério de predominância de interesses. Competências comuns – art.23 da
CF.

a) União Federal: Chefia da Administração Pública (art.84 da CF): Chefe do Poder Executivo – Presidente da República (mais de 35
anos, cf. art.14, §3º, VI, “a” da CF). Chefe de Estado e de Governo. Órgãos de assessoramento ou consulta – Conselho de Defesa
Nacional (art.91 da CF) e Conselho da República (art.89 da CF).

- Auxílio dos Ministros de Estado (art.76 c/c 84, II da CF). Ministro é cargo em comissão (art.84, I). Ministro da Defesa – brasileiro nato
(art.12, §3º, VII da CF). Ministros exercem orientação, coordenação e supervisão dos órgãos subordinados e entidades da área de sua
competência (art.87, parágrafo único, I da CF). Poder regulamentar (art.87, p. único, II da CF). Maiores de 21 anos (art.87 da CF).

- organização e funcionamento da Administração Pública mediante decreto – art.84, VI, alínea “a” da CF (EC 32/01).
b) Estados-membros: princípio da simetria a ser observado pela Constituição Estadual – art.25 da CF. Competências remanescentes
(art.25, §1º). Serviço de gás canalizado (25, §2º). Segurança pública (art.144 da CF).

- Governador: brasileiro com mais de 30 anos (art.14, §3º, VI, “b” da CF).

- Secretários de Estado (maiores de 21 anos). Cargo em comissão.

c) Município: Lei Orgânica vinculada à CF e CE (art.29 da CF). Prefeito com mais de 21 anos (art.14, §3º, VI, “c” da CF). Secretários
Municipais de livre nomeação e exoneração.

Obs. Administrações regionais (SP, RJ) são órgãos públicos descentralizados (sem configurar descentralização administrativa!).

d) Distrito Federal: proibido de cindir-se em municípios (art.32 da CF), concentra atribuições estaduais e municipais, ainda privado de
diversas competências que são mantidas pela União Federal (art.21, XIII e XIV da CF). Cidades-satélites não possuem autonomia.
Governador. Lei Orgânica.

e) Territórios: sempre vinculados à União Federal. Descentralização administrativa: autarquia territorial – governador nomeado. Podem
ser divididos em municípios, com possível intervenção federal (art.35 da CF). Câmara Territorial – mais de 100.000 habitantes, com
MP, DP e Judiciário (art.33). Poderão eleger 4 deputados federais, mas não senadores (art.45, §2º).

II – Administração Pública Indireta – descentralização administrativa: maior eficiência para desempenho de funções públicas
(prestação de serviços públicos, intervenção no domínio econômico). Criação de entidades autônomas (personalidade jurídica própria)
(v. art.1º, §2º, II, da Lei 9784/99).

- controle por supervisão ou tutela: metas e diretrizes traçadas pela Administração Direta. Não há subordinação ou hierarquia.
Recebimento de relatórios, recursos administrativos excepcionais, nomeação e afastamento de dirigentes dos conselhos de administração.
Vinculação a um ministério ou secretaria (estadual ou municipal) em conformidade com a área de atuação (v. art.26 do DL 200/67).
Vedação de interferência na gestão, que importe redução ou supressão de autonomia (arts. 89 e 90 da Lei 13.303/16).

- controle parlamentar (art.49, X da CF) e do Tribunal de Contas (art.70 da CF); sistema de controle interno (mérito e legalidade).

- natureza pública ou privada, a depender da atividade para a qual foi criada. Bens, pessoal e capital próprio. Submissão aos princípios
constitucionais da Administração Pública (art.37 da CF) e à Lei 8429/92 (improbidade administrativa). Licitações para contratação de
obras, serviços e compras.

III – Autarquias: poder próprio. Atividade típica de Estado, com personalidade jurídica de direito público. Art.5º, I do DL 200/67.
Sentido amplo (administrativas, territoriais e fundacionais) e sentido estrito (administrativas).

- criação por lei específica – art.37, XIX da CF. Dirigente escolhido pelo Chefe do Executivo. Servidores estatutários ingressam por
concurso público ou livre nomeação.

- responsabilidade objetiva (art.37, §6º da CF); pratica atos administrativos e necessita realizar licitação para celebração de contratos.

- bens públicos (art.99 do Código Civil): inalienabilidade, impenhorabilidade e imprescritibilidade.

- considerada Fazenda Pública: benefícios processuais, prescrição quinquenal (Decreto 20910/32 c/c DL 4597/42).

- conselhos de fiscalização profissional. Lei 9649/98 suspensa por ADI. Não integram a Administração Indireta (“autarquias
corporativas”). Poder de polícia por delegação legal. Controvérsias decididas na Justiça Federal.

- universidades públicas – autonomia universitária (art.207 da CF). Súmula 47 do STF: mandato do reitor não pode ser interrompido pelo
governo. Lista tríplice para escolha pelo chefe do Executivo.

- Banco Central do Brasil: regime especial traçado na lei que o instituiu.

IV – Fundações Públicas (governamentais). Semelhança com fundações privadas: patrimônio destacado para determinado fim,
estabelecido em escritura pública. As fundações públicas submetem-se às regras de licitação e concurso público. Podem receber verba
orçamentária.

- criação por autorização legal (art.37, XIX) – natureza de direito privado. Lei Complementar deveria traçar as áreas de sua atuação, mas
ainda não foi editada. Fundações de Previdência Complementar instituídas pela Lei 12.618/2012 têm sua criação autorizada por lei e
implementada por ato de cada um dos três poderes.

- eventual lucro será revertido para os fins da fundação. Fins educativos, de saúde, pesquisa, assistência social. Exs. IPEA, Fundação
Padre Anchieta (TV Cultura). Administração por conselho curador (ou diretor, ou superior) e conselho fiscal.

- fundações criadas sob regime de direito público, para desempenho de funções nitidamente estatais? Autarquias fundacionais ou
fundações autárquicas. Importância da criação legal (autoriza ou institui).

V – Agências Executivas
- Autarquias ou fundações de direito público sob regime especial: contrato de gestão, agora denominado contrato de desempenho (art.37,
§8º da CF) – diminuição dos controles de legalidade (maior autonomia gerencial, orçamentária e financeira), necessário cumprimento de
metas definidas pela Administração Direta. Celebração do contrato com ministério ou secretaria que fixa indicadores de desempenho.

- regime jurídico básico – Lei 13934/19: constituição, autonomia, forma de controle, perda da autonomia por descumprimento das metas.

VI – Agências reguladoras: autarquias especiais. Desempenho original de atividade de controle, fiscalização e regulação de serviços
públicos delegados a particulares, depois ampliada para outras funções e atividades. Fim do monopólio estatal na prestação de diversos
serviços públicos (Reforma do Estado de 1998) e a influência do direito anglo-americano. Autoridades administrativas independentes
(Europa). Novo regime de gestão, processo decisório e controle social imposto pela Lei Federal nº 13.848/2019.

- criação e constituição por lei. Para exercer função regulatória, há um regime especial de administração, com mandatos fixos aos
reguladores e “autonomia” gerencial, orçamentária e financeira. Instituição de análise de impacto regulatório e consultas ou audiências
públicas para alteração normativa.

Aneel, Anatel, Anvisa, Anac, ANP, ANA, Antaq, ANTT, ANS, ANM.

- podem realizar licitação para concessão ou permissão de serviço público. Fixação da política tarifária, fiscalização e punição dos
delegatários, observando critérios de motivação e proporcionalidade.

- vinculação aos respectivos ministérios (por área), submetendo-se a licitações e concursos públicos. Pessoal – Lei 9986/00 e suspensão
por ADI 2310-1.

VII – Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista (estatais)

- personalidade de direito privado, com bens privados (art. 98 do Código Civil, com possível afetação ao serviço público) e pessoal
submetido a regime celetista (Justiça do Trabalho). Não gozam de benefícios exclusivos da Fazenda Pública. Regras especiais para
licitação e contratação (art.173, §1º, III da CF), que foram tratadas na Lei 13.303, de 30/6/16, que estabeleceu o estatuto das estatais.

- Finalidade exclusiva: prestação de serviços públicos ou intervenção no domínio econômico (art.173, §1º da CF): processo de produção,
circulação e consumo de riquezas. Relevante razão de interesse público ou segurança nacional (ex. material bélico). Art.27, §1º da Lei
13.303/16: interesse coletivo atendido se houver ampliação economicamente sustentada do acesso de consumidores aos produtos e
serviços da estatal, ou desenvolvimento de tecnologia brasileira.

- lei autoriza sua criação (art.37, XIX – EC 19/98), que ocorre pela forma como surgem as pessoas jurídicas de direito privado – registro
dos atos constitutivos. Controle legislativo sobre a amplitude de atuação do Executivo.

- responsabilidade civil: objetiva em caso de prestação de serviços públicos (art.37, §6º da CF) ou na forma do CDC. Fora disso,
responsabilidade subjetiva.

- controle interno, parlamentar, tribunal de contas e finalístico (supervisão ou tutela). Possibilidade da prática de ato de autoridade.
Regras restritivas para preenchimento do Conselho de Administração e da Diretoria (art.17 da Lei 13.303/16).

- autorização legislativa para criação de subsidiárias ou participação no capital de outras empresas – art.37, XX da CF.

a) empresa pública: capital social totalmente público. Sem definição de modalidade societária específica. Admite, agora, que o capital
seja dividido com outro ente público ou entidade da administração indireta (art.3º, parágrafo único da Lei 13.303/16).

b) sociedade de economia mista: admite participação social de capital privado (Bolsa de Valores). Adoção de forma societária das
sociedades anônimas (arts.235 a 242 da Lei das SAs). Maioria do capital nas mãos do ente público que a criou. Submissão às regras da
CVM.

Obs. Sociedade privada controlada pelo Estado – não há lei autorizando a sua criação. Sujeitam-se ao Tribunal de Contas (art.71, II da
CF) e deverão celebrar licitação (art.1º, parágrafo único da Lei nº 8.666/93).

VIII – Consórcios Públicos (Lei 11.107/05). Art.241 (EC 19/98).

- mudança de natureza jurídica: até 2004 – acordo de cooperação entre entes de mesmo nível federativo, sem objetivo de lucro. Após a
lei, constituem ente de direito público (associações públicas –art.6º) ou de direito privado. Objetivos de interesse comum. Contratação
direta pelos entes federativos (art.1º c/c 2º, §1º, III da lei).

- a constituição do consórcio define os seus objetivos. Podem receber pagamentos de preço público ou outorga de serviços públicos.
Podem fazer a delegação de serviço público.

- natureza pública: similar às autarquias, mas integrando a Administração Indireta de todos os entes consorciados (art.6º, §1º). Lei ratifica
o protocolo de intenções (art.5º) e será constituído por contrato (art.3º). Pode promover desapropriações ou instituir servidões
administrativas, após prévia declaração pelo ente público federativo.

- natureza privada: emprego público. Concurso público, licitações e contratos, prestação de contas.

IX – Serviços sociais autônomos: pessoas jurídicas de direito privado, sem objetivo de lucro, criados por autorização legislativa,
beneficiando categorias ou setores sociais. Sesi, Senai, Sesc, Sebrae. Recebem contribuições parafiscais recolhidas pelos empregadores.
Se receberem aportes públicos, passam a ser fiscalizadas pelo TC (art.70, parágrafo único da CF), mas ainda assim não precisam realizar
concurso público para admissão de pessoal, pois não integram a Administração Indireta. Empregados celetistas. Contudo, o TCU vem
exigindo de tais entidades a realização de processos similares a uma licitação para contratar terceiros.

X – Organizações sociais, Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público e Organizações da Sociedade Civil (3º setor)

a) Lei 9637/98: organizações sociais são entidades particulares que desempenham atividades relacionadas ao ensino, pesquisa científica,
desenvolvimento tecnológico, preservação ambiental, cultura e saúde, sem objetivo de lucro. Elas irão assumir a gestão de um órgão
público destinado a um serviço social, como um hospital.

- para receber recursos (ou cessão de bens sob a forma de permissão), celebram contrato de gestão, formando “parcerias”. Para tais
atividades, fica dispensada a licitação para sua contratação, mas desde 2017 a União Federal tem se valido de chamamento público.
Repasse de verbas para manutenção do serviço social e imposição de controle sobre a atividade.

-órgão superior de administração deverá ter presença de membros da comunidade e do poder público.

- poder de fiscalização e rescisão contratual. Responsabilidade pessoal e solidária dos gestores.

b) Lei 9790/99: OSCIP são entidades particulares, que desempenham função de assistência social, promoção da cultura e do patrimônio
histórico e artístico, promoção da saúde e educação gratuitas ou nutrição e segurança alimentar, defesa do meio ambiente e
desenvolvimento sustentável, promoção do voluntariado, promoção do desenvolvimento econômico-social e do combate à pobreza,
assessoria jurídica gratuita, promoção de valores como paz, democracia, cidadania, ética e direitos humanos, estudos e pesquisas sobre
tecnologias alternativas, arranjos alternativos de produção, comércio e de crédito. Três anos de existência.

- estatuto prevê submissão a princípios análogos aos da Administração Pública: legalidade, moralidade, impessoalidade, eficiência,
publicidade e economicidade. Soma-se a universalidade do atendimento (exclui sindicatos, associações de classe, cooperativas,
empresas de plano de saúde, organizações sociais, organizações de crédito, sociedades comerciais, instituições religiosas, partidos
políticos e suas fundações, fundações públicas, escolas e hospitais não gratuitos).

- Certidão expedida pelo Ministério da Justiça. Termo de parceria com o Estado – mútua colaboração. Podem perder essa qualificação a
pedido, ou após processo administrativo ou judicial.

Prévia existência de três anos, para demonstrar que se tratam de instituições sérias.

c) OSC (organizações da sociedade civil) – Lei 13.019/2014 e as “novas” parcerias: termo de colaboração (proposta pela Administração)
e termo de fomento (proposta das entidades), selecionadas por chamamento público, para atividades de interesse público. A parceria
pode ser proposta pela sociedade civil (entidades, movimentos sociais, cidadãos), através de Procedimento de Manifestação de Interesse
Social (art.18). OSC deve ter 1, 2 ou 3 anos de existência, conforme esfera federativa envolvida (respectivamente, União Federal,
Estados e Municípios). Admitida atuação em rede, com requisitos reforçados, e limite mínimo de atuação da parceira previsto no edital.
Não poderá ser objeto de parceria: delegação de funções de regulação, fiscalização e exercício do poder de polícia (atividades exclusivas
do Estado), prestação de serviços públicos, serviços de consultoria e apoio administrativo. Veta transferência de responsabilidades (civil,
trabalhista, fiscal, previdenciária e comercial à Administração Pública), mesmo que de forma subsidiária.

Figura do acordo de cooperação (criado por lei posterior) não implicando repasse de dinheiro.

Ponto Extra VII – Intervenção do Estado no domínio Econômico (Direito administrativo econômico)

I – Fundamento: Proteção da livre empresa, livre concorrência e liberdade dos mercados – compatibilização com o interesse social
(art.170 CF: existência digna e justiça social). Não existe mercado sem um garantidor externo (Estado).

II – Definição: Todo ato ou medida legal que restringe, condiciona ou suprime a iniciativa privada em dada área econômica, em
benefício do desenvolvimento nacional e da justiça social, assegurados os direitos e garantias individuais (Diógenes Gasparini).

III – Formas de Intervenção

a) Art.173 CF: explorar diretamente atividade econômica quando necessária aos imperativos da segurança nacional (União Federal) ou
relevante interesse coletivo (todos os entes federativos) (v. definição do interesse coletivo na Lei 13.303/16). Princípio da
subsidiariedade. Regime de concorrência ou de monopólio. Não atende diretamente os direitos fundamentais.

Obs. Marçal Justen Filho inclui a prestação de serviços públicos (art.175 CF). Atendimento direto e imediato das necessidades
fundamentais (direitos fundamentais), sob regime de direito público, afastando o atendimento apenas pela livre iniciativa e leis de
mercado. CF admite delegação ou atuação direta dos particulares (saúde e educação). Como atividade econômica, não possui uma
distinção intrínseca (obrigatoriedade de satisfação de necessidades x facultatividade dessa satisfação, como na venda de alimentos pelo
comércio).

b) Art. 174 CF: agente normativo e regulador da atividade econômica. Poder de fiscalização, incentivo e planejamento (todos os entes
federativos, conforme a competência constitucional).
IV – Meios Interventivos

a) Controle de preços (ou tabelamento) - art.170, V CF: atuação federal. Fixação de preços mínimos ao produtor, e preços máximos ao
consumidor. Lei Delegada nº 5/1962. Não são tarifas de serviços públicos.

b) Controle do abastecimento – art.5º, XXV CF: Todo ato ou medida que assegura a livre distribuição de bens e serviços essenciais à
coletividade. Ex. venda de grãos em período de entressafra; redução ou eliminação de alíquota de imposto de produtos importados.
Lei Delegada nº 4/1962 (requisição de serviços); DL nº 2/1966 (requisição de bens). Dispensa de licitação – art.24, VI, da Lei
8666/93.

c) Repressão ao abuso do poder econômico – art.173, §4º CF: Medida ou conjunto de medidas que ajustam o poder econômico ao
desenvolvimento nacional e à justiça social. CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica e o direito antitruste.

- truste: pressão de grandes empresas sobre pequenas concorrentes, para afastá-las do mercado); - cartel (composição voluntária entre
concorrentes sobre preço ou margem de lucro).

d) Monopólios – art.177 CF: supressão de uma atividade do regime da livre iniciativa, imposta pelo Estado em benefício do interesse
coletivo.

e) Fiscalização: polícia administrativa – licenciamento de atividades; acompanhar o seu desenvolvimento; aplicar sanções por
descumprimento de normas jurídicas.

f) Incentivo – beneficiar determinada atividade econômica, através da redução de alíquotas tributárias, isenção e fomento.

g) Planejamento – Determinante para o setor público, indicativo para o setor privado. Planos gerais de atuação e desenvolvimento, com
plano plurianual, programas globais, setoriais e regionais etc.

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