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JULGADOS
JULGADOS
Dissídios de greve:
Ementa
AGRAVO REGIMENTAL EM DISSÍDIO COLETIVO DE
GREVE. LEGITIMIDADE ATIVA DO SINDICATO PATRONAL. INTELIGÊNCIA
DO ARTIGO 114, INCISO II, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PRECEDENTES
DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. CONFIGURADOS A
PROBABILIDADE DO DIREITO E O PERIGO DA DEMORA. MANUTENÇÃO DA
DECISÃO LIMINAR NOS TERMOS EM QUE DEFERIDA.
1. Consoante precedentes da Seção de Dissídios Coletivos do C. Tribunal Superior do
Trabalho, nas atividades não essenciais, o empregador individualmente ou o sindicato
representante da categoria econômica são legítimos para ajuizar ação coletiva; e, nas
atividades essenciais, é concorrente a legitimidade do Ministério Público do Trabalho e
do empregador para o ajuizamento de ação declaratória de abusividade de greve. Aquele
órgão também entende que a Constituição não atribuiu ao Ministério Público do
Trabalho a legitimidade exclusiva para o ajuizamento de dissídios coletivos de greve
em atividades essenciais, mas lhe conferiu a faculdade de ajuizar esse tipo de ação na
hipótese de lesão ao interesse público, vez que a Lei n.º 7.783/89 ( Lei de Greve), em
seu artigo 8.º, atribui ao MPT e ao empregador a legitimidade postulatória, até porque
não seria concebível que a parte diretamente envolvida no conflito, lesada ou ameaça,
não pudesse, por si só, buscar a tutela jurisdicional.
2. No caso em apreciação, sendo incontroversa a paralisação das atividades, mesmo que
em determinados horários, e, ainda, que os trabalhadores se concentraram em via
pública (conforme reconhecido pelo próprio agravante), justifica-se o provimento
liminar, para possibilitar o livre acesso dos empregados e a movimentação dos veículos
da frota, inclusive por envolver prestação de serviço público essencial. Na verdade, a
decisão impugnada se limitou a evitar a abusividade no exercício de direito de greve ou
de reuniões, não se configurando, portanto, ofensa aos artigos 5.º, inciso XVI, 8.º,
incisos III e VI, todos da Constituição Federal, 611 e 612 da CLT e 6.º, inciso I, da Lei
n.º 7.783/89, nem tampouco ao artigo 2.º da Convenção 98 da OIT.
3. Agravo não provido. (Processo: DCG - XXXXX-25.2020.5.06.0000, Redator: Dione
Nunes Furtado da Silva, Data de julgamento: 27/07/2020, Tribunal Pleno, Data da
assinatura: 03/08/2020)
Decisão
ACORDAM os membros integrantes do Pleno do Tribunal Regional do Trabalho da
Sexta Região, por unanimidade, rejeitar a preliminar, suscitada pelo agravante, de
ilegitimidade ativa do Sindicato patronal; e, no mérito, por maioria, negar provimento
ao agravo regimental; vencidos o Excelentíssimo Desembargador Fábio André de Farias
e a Excelentíssima Juíza Convocada Ana Maria Soares Ribeiro de Barros que davam
provimento ao agravo regimental para cassar da liminar.
Recurso Extraordinário a que se nega provimento. Tema 841, fixada a seguinte tese de
repercussão geral: "É constitucional a exigência de comum acordo entre as partes para
ajuizamento de dissídio coletivo de natureza econômica, conforme o artigo 114, § 2º, da
Constituição Federal, na redação dada pela Emenda Constitucional 45/2004".
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em
Sessão Virtual do Plenário, sob a Presidência do Senhor Ministro LUIZ FUX, em
conformidade com a certidão de julgamento, por maioria, apreciando o tema 841 da
repercussão geral, acordam em negar provimento ao recurso extraordinário, nos termos
do voto do Ministro ALEXANDRE DE MORAES, Redator para o acórdão,
RE 1002295 / RJ vencidos os Ministros MARCO AURÉLIO (Relator), EDSON
FACHIN, RICARDO LEWANDOWSKI e ROSA WEBER. Foi fixada a seguinte tese:
"É constitucional a exigência de comum acordo entre as partes para ajuizamento de
dissídio coletivo de natureza econômica, conforme o artigo 114, § 2º, da Constituição
Federal, na redação dada pela Emenda Constitucional 45/2004".
Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro CELSO DE
MELLO. Brasília, 22 de setembro de 2020.