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ATOS ADMINISTRATIVOS

AULA ANOTADA
ATOS ADMINISTRATIVOS

Conceitos

Maria Sylvia Zanella Di Pietro, “ato administrativo é a declaração do Estado ou de quem


o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob o
regime jurídico de direito público e sujeita ao controle pelo Poder Público.”

a. Manifestação de vontade: “declaração”;

b. Praticado pela Administração/órgão/agente;

c. Regime de Direito Público: prerrogativas sobre o particular;

d. Sujeição e controle (inclusive judicial);

O que são fatos administrativos?

Atos que independem da vontade humana, mas geram efeitos adminsitrativos,


como a morte de um servidor.

Qual a diferença entre atos administrativos e atos da Administração?

Existência de manifestação de vontade, porém tutelada pela via do Direito


Privado: locação de imóvel pela administração.

Pegadinha de prova: “existem atos da administração que não são atos


administrativos”.

2 – ATRIBUTOS/CARACTERÍSTICAS

Presunção de Legitimidade

Cuida-se de presunção relativa de legitimidade dos atos administrativos, de


modo que é do particular o ônus de provar , judicial ou administrativamente, que
a Administração agiu de forma ilegítima.
Lei 9784/99: “Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado,
sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do
disposto no art. 37 desta Lei. (Regra)

Presunção de Legitimidade

Com fundamento na presunção de legitimidade e veracidade dos atos


administrativos, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro
Humberto Martins, suspendeu nesta quinta-feira (22) a decisão do Tribunal de
Justiça do Maranhão (TJMA) que havia desconsiderado a validade de uma
certidão pública emitida pelo município de Magalhães de Almeida (MA). Na
origem do caso, um gestor público municipal ajuizou ação para desconstituir
julgado do Tribunal de Contas do Maranhão (TCMA) que considerou irregulares
as contas do município de Magalhães de Almeida nos anos de 2007 e 2008. Para
embasar a ação, foi juntada uma certidão do município declarando que o gestor
não havia sido nomeado ordenador de despesas no período considerado na
tomada de contas, razão pela qual ele não poderia ser atingido pelos efeitos da
decisão do TCMA. Após a 7ª Vara da Fazenda Pública do Maranhão reconhecer
a validade da certidão e suspender os efeitos da decisão da corte de contas em
relação ao gestor, o Estado do Maranhão recorreu. O TJMA, desconsiderando a
certidão emitida pelo município, manteve o gestor na decisão que julgou
irregulares as contas municipais. No pedido de suspensão dirigido ao STJ, o
município alegou que a decisão do TJMA provoca grave lesão à ordem
administrativa ao ignorar indevidamente a validade de uma certidão pública.

Presunção de Legitimidade

Aprofundando: de quem é o ônus de prova quanto à demonstração de culpa da


Administração Pública, em casos de terceirização de serviços?

Lei 8666: Art. 71, § 1 A inadimplência do contratado, com referência aos


o

encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública


a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato
ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o
Registro de Imóveis.”

S.331, V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta


respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso
evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º
8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das
obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A
aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações
trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada.”

Presunção de Legitimidade

"O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado


não transfere automaticamente ao Poder Público contratante a
responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário,
nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93“ (ADC 16 c/c Tema 246)

“CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL EM


RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL. TEMA 246 DA REPERCUSSÃO GERAL.
AUSÊNCIA DE ADERÊNCIA ESTRITA. AGRAVO DESPROVIDO. 1. Quando do
julgamento do RE 760.931, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 11.09.2017, não se fixou regra
sobre a distribuição do ônus probatório nas ações que debatem a
responsabilidade subsidiária da Administração Pública em decorrência da culpa
in vigilando nos contratos de terceirização. Não destoa desse entendimento
acórdão que, ante as peculiaridades do caso concreto, impõe à Administração a
prova de diligência . 2. Agravo regimental a que se nega provimento.” (Rcl
35.907-AgR, Rel. Min. Edson Fachin, Segunda Turma, DJe de 19/12/2019, grifei)

“2. Nesse contexto, a responsabilização do ente público depende da


demonstração de que ele possuía conhecimento da situação de ilegalidade e
que, apesar disso, deixou de adotar as medidas necessárias para combatê-la. (Rcl
26.674-AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, Primeira Turma, DJe de 17/9/2019,
grifei)”

Inf. 224/TST: “TST, em sua composição plena, firmou entendimento de que o


Supremo Tribunal Federal não emitiu tese vinculante quanto à distribuição do
ônus da prova relativa à fiscalização e, nessa esteira, concluiu que incumbe à
Administração Pública o ônus da prova da fiscalização dos contratos de
prestação de serviços, por se tratar de fato impeditivo da responsabilização
subsidiária.”

Lei 9784/99: Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão
registrados em documentos existentes na própria Administração responsável
pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a
instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas
cópias.”

Lei 14133/21: § 2º Exclusivamente nas contratações de serviços contínuos com


regime de dedicação exclusiva de mão de obra, a Administração responderá
solidariamente pelos encargos previdenciários e subsidiariamente pelos
encargos trabalhistas se comprovada falha na fiscalização do cumprimento das
obrigações do contratado.”

Artigo 25: Requisitos do Edital de Licitação

Artigo 50: Documentação;

Artigo 104, III: Prerrogativas;

Artigo 117: Acompanhamento;

Lei 13303: “Art. 77. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas,


fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato. § 1º A inadimplência
do contratado quanto aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não
transfere à empresa pública ou à sociedade de economia mista a
responsabilidade por seu pagamento, nem poderá onerar o objeto do contrato
ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive perante o
Registro de Imóveis.”

Autoexecutoriedade

Possibilidade de execução dos atos administrativos pela própria Administração,


independente da vontade de outros poderes.

Exceção STJ Resp. 1217234/2013 – PB: “Se o ato administrativo determinar a


demolição de uma casa habitada, depende de autorização judicial, com
acompanhamento da execução por oficiais de justiça”.

É possível executar de imediato a penalidade imposta em PAD, ainda que se trate


de empregador público? (Inf.559/STJ)

DIREITO ADMINISTRATIVO. EXECUÇÃO IMEDIATA DE PENALIDADE IMPOSTA EM


PAD. Não há ilegalidade na imediata execução de penalidade administrativa
imposta em PAD a servidor público, ainda que a decisão não tenha transitado em
julgado administrativamente. Primeiro, porque os atos administrativos gozam de
auto-executoriedade, possibilitando que a Administração Pública realize, através
de meios próprios, a execução dos seus efeitos materiais, independentemente
de autorização judicial ou do trânsito em julgado da decisão administrativa.
Segundo, pois os efeitos materiais de penalidade imposta ao servidor público
independem do julgamento de recurso interposto na esfera administrativa, que,
em regra, não possui efeito suspensivo (art. 109 da Lei 8.112/1990). Precedentes
citados: MS 14.450-DF, Terceira Seção, DJe 19/12/2014; MS 14.425-DF, Terceira
Seção, DJe 1/10/2014; e MS 10.759-DF, Terceira Seção, DJ 22/5/2006. MS
19.488-DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 25/3/2015, DJe
31/3/201

Tipicidade

Adstrição aos elementos legais e presente apenas em atos unilaterais.

Questões de prova:

“O atributo da tipicidade do ato administrativo impede que a administração


pratique atos sem previsão legal.”

“Em decorrência do atributo da tipicidade, quando da prática de ato


administrativo, devem-se observar figuras definidas previamente pela lei, o que
garante aos administrados maior segurança jurídica.”

Imperatividade

Decorre do “poder extroverso” do Estado de impor sua vontade aos particulares,


independente de sua vontade.

É a possibilidade de a Administração, de forma unilateral, criar obrigações e/ou


impor restrições aos administrados.

Somente presente nos atos que impõem obrigações ao particular (comandos


administrativos), a exemplo de apreensão de alimentos e/ou interdição de
estabelecimento.

3 – REQUISITOS DO ATO ADMINISTRATIVO

Competência
Elemento vinculado.

Somente lei define competência de agentes.

Imodificável pela vontade do agente.

Intransferível, sendo que a delegação por lei não transfere a competência, mas
tão somente a execução temporária.

Imprescritível, já que o não exercício não gera prescrição.

A Lei 9784/99:

Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos


a que foi atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação
legalmente admitidos.

Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver


impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou
titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando
for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica,
jurídica ou territorial.

Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à delegação de


competência dos órgãos colegiados aos respectivos presidentes.

Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:

I - a edição de atos de caráter normativo;

II - a decisão de recursos administrativos;

III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

Forma

Elemento vinculado.

Respeito à forma exigida por lei, salvo atos por gestos ou simbólicos, a exemplo
de semáforos e controle policial de trânsito.
Finalidade

Elemento vinculado.

Busca a satisfação de interesse público, determinado pela lei.

Motivo

Circunstancias de fato e/ou de direito que geram a necessidade de prática do ato


pela Administração Pública.

A motivação não se confunde com o motivo, pois esta é a justificativa por escrito
de que os pressupostos existem.

Se houver previsão legal, o ato é vinculado, pois gera o dever de agir por parte
da Administração.(Ex. aposentadoria compulsória)

Se não houver previsão legal, o ato é discricionário, pois gravita na oportunidade


e conveniência do agente. (Ex. autorização de evento em praça pública)

O que é fundamentação per relationem?

“O julgador não se vale de argumentação própria, oriunda exclusivamente de


seu raciocínio, mas, antes, faz alusão a outras manifestações lançadas nos autos
pelas partes. Costumeiramente, nessa espécie de decisão se utiliza a expressão
“adoto como razões de decidir…”. É o que ocorre, por exemplo, quando o juiz,
para acolher um pedido de prisão preventiva, encampa como motivação de
decidir a representação da autoridade policial ou o requerimento do Ministério
Público; ou quando arquiva o inquérito policial com base na argumentação
lançada pelo Ministério Público na promoção de arquivamento. (Rogério
Sanches Cunha em
https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2019/09/06/stj-
fundamentacao-da-decisao-nao-pode-se-limitar-transcrever-ou-se-remeter-
outra-peca-processual/)

Admite-se a fundamentação per relationem ou aliunde no ato administrativo?

§ 1 A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em


o

declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres,


informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do
ato.

§ 2 Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio


o

mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não


prejudique direito ou garantia dos interessados.

Admite-se a fundamentação per relationem ou aliunde em decisões judiciais?

“A utilização da técnica de motivação per relationem não enseja a nulidade do


ato decisório, desde que o julgador se reporte a outra decisão ou manifestação
dos autos e as adote como razão de decidir” (Tese 18 da Ed. n º 69)

Admite-se a fundamentação per relationem ou aliunde em decisões judiciais


que transcrevem parecerem do Ministério Público?

REsp 1.384.669/RS, j. 28/08/2019) “(…) No caso, verifica-se que a Corte de


origem, ao apreciar o apelo defensivo, limitou-se a fazer remissão ao parecer
ministerial, sequer transcrito no acórdão, sem tecer qualquer consideração
acerca das preliminares arguidas, o que não se coaduna com o imperativo da
necessidade de fundamentação adequada das decisões judiciais.

1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, embora admita que o julgador


se utilize da transcrição de outros alicerces jurídicos apresentados nos autos para
embasar as suas decisões – no caso, do parecer do Ministério Público –, ressalta
a necessidade também de fundamentação própria, devendo o julgador expor,
ainda que sucintamente, as razões de suas conclusões, o que não foi foi realizado
pelo Tribunal de origem. 2. Recurso ordinário em habeas corpus provido para
anular o acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal da 2ª. Região nos
autos do Habeas Corpus n.º 0008330-61.2018.4.02.0000, determinando que
outro seja prolatado, com a necessária fundamentação.” (RHC 104.665/RJ, j.
13/12/2018)

Objeto

Resultado prático causado pelo ato. Modificação no mundo dos fatos.

Pode ser vinculado, como quando há nomeação de candidato aprovado dentro


do número de vagas. (ATENÇÃO: a discricionariedade é apenas quanto ao
momento da nomeação, mas não torna o ato discricionário, pois dentro do prazo
de validade, em havendo aprovação dentro do número de vagas, a
Administração é obrigada a nomear).

Pode ser discricionário, como quando a Administração concede, ou não, licença


para construção, de acordo com a oportunidade e conveniência.

4 – MÉRITO ADMINISTRATIVO

COMPETÊNCIA – Vinculado

FORMA – Vinculado

FINALIDADE – Vinculado

MOTIVO – Vinculado/Discricionário

OBJETO – Vinculado/Discricionário

O mérito administrativo consiste na possibilidade de o administrador valorar a


oportunidade e conveniência da prática de atos administrativos que, em seu
motivo e objeto, conferem margem de discricionariedade para tanto.

5 – VÍCIOS DO ATO ADMINISTRATIVO

Teoria Monista: o ato administrativo não pode ser anulável. Ou é nulo, ou é


válido.

Teoria Dualista: o ato administrativo pode ser nulo ou anulável (adotada no


Brasil)

Celso Antônio Bandeira de Mello: “nulos são os atos que não podem ser
convalidados, entrando nessa categoria: os atos que a lei assim o declare; os atos
em que é materialmente impossível a convalidação, pois se o mesmo conteúdo
fosse novamente produzido, seria reproduzida a invalidade anterior (é o que
ocorre com os vícios relativos ao objeto, à finalidade, ao motivo, à causa); seriam
anuláveis os que a lei assim declare; os que podem ser praticados sem vício (é o
caso dos praticados por sujeito incompetente, com vício de vontade, com defeito
de formalidade)”.
6 – TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES

Tese preconizada por Gaston Jèze.

Condiciona a validade do ato, vinculado ou discricionário, à veracidade dos


motivos existentes para a sua prática.

Ex.: Servidora de cargo em confiança exonerada, mas que não pediu exoneração.
Por ser um ato discricionário, sua validade fica condicionada à existência desse
pedido de exoneração.

Quando a Administração Pública declara a motivação de um ato administrativo


discricionário, a validade do ato fica vinculada à existência e à veracidade dos
motivos por ela apresentados como fundamentação. Servidora exoneradade
cargo em comissão ingressou com ação judicial, para anular o ato administrativo
de exoneração por vício de motivação. Afirmou que, embora tenha sido
publicada como exoneração a pedido, jamais formulou pedido desse tipo. Em
Primeira Instância, o Magistrado declarou a nulidade do ato e determinou a
reintegração da servidora ao cargo. O Distrito Federal interpôs apelação, na qual
sustentou a inaplicabilidade da teoria dos motivos determinantes sob o
fundamento de possibilidade de dispensa ad nutum do ocupante de cargoem
comissão. Em sede recursal, a Relatora explicou que o ato de exoneração de
servidores que ocupam cargos públicos é discricionário e não prescinde de
motivação. Ressaltou que a aplicação mais importante da teoria dos motivos
determinantes incide sobre os atos discricionários e que, segundo esse princípio,
o motivo do ato administrativo deve ser compatível com a situação que, de fato,
gerou a manifestação da vontade, sob pena de ilegalidade. No caso, embora seja
discricionário, o ato administrativo de exoneração foi motivado. Assim,
constatada a inexistência de pedido de exoneração da autora, a Turma concluiu
que ficou demonstrada a incompatibilidade entre o motivo expresso no ato e a
realidade fática; por isso, declarou a nulidade do ato de exoneração.Acórdão n.
932849, 20140110639549APO, Relatora: GISLENE PINHEIRO, Revisor: J. J. COSTA
CARVALHO, 2ª Turma Cível, Data de Julgamento: 6/4/2016, Publicado no DJE:
13/4/2016. Pág.: 194

HC 141925/DF. Rel. Min. Teori Albino Zavascki, datado de 14/04/2010: HABEAS


CORPUS . PORTARIA DO MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA, DETERMINANDO A
EXPULSAO DE ESTRANGEIRO DO TERRITÓRIO NACIONAL EM RAZAO DE SUA
CONDENAÇAO À PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. INEXISTÊNCIA DO
FUNDAMENTO. APLICAÇAO DA TEORIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES,
SEGUNDO A QUAL A VALIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO, AINDA QUE
DISCRICIONÁRIO, VINCULA-SE AOS MOTIVOS APRESENTADOS PELA
ADMINISTRAÇAO. INVALIDADE DA PORTARIA. ORDEM CONCEDIDA.

Ex.3: Exoneração alegando falta de verba, mas com imediata recontratação de


outro servidor.

Ex.4: Exoneração de servidor que, consoante alegação do Estado, completou


idade para aposentadoria compulsória (ato vinculado), mas que de fato não
havia implementado idade para tanto.

O Poder Judiciário pode controlar atos administrativos discricionários?

1° Hipótese: no caso da teoria dos motivos determinantes, para aferir a


veracidade dos motivos lançados para a prática do ato.

2° Hipótese: no caso de desvio de finalidade, quando o agente não atua munido


de interesse público.

7 – EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

Caducidade – lei posterior invalida o ato;

Contraposição – ato posterior invalida ato anterior;

Cassação – culpa do beneficiário;

Anulação – Ilegalidade do ato;

Revogação – oportunidade e conveniência da Administração;

Para lembrar da aula anterior:

a) S.346/STF: A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus


próprios atos.

b) “Ao Estado é facultada a revogação de atos que repute ilegalmente


praticados; porém, se de tais atos já tiverem decorrido efeitos concretos, seu
desfazimento deve ser precedido de regular processo administrativo.
[Tese definida no RE 594.296, rel. min. Dias Toffoli, P, j. 21-9-2011, DJE 30 de 13-
2-2012,Tema 138.]”

c) S. 473/STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados


de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-
los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

d) Artigo 53, da Lei 9784/99: A Administração deve anular seus próprios atos,
quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.

e) É cediço o entendimento desta Suprema Corte de que, diante de suspeitas de


ilegalidade no ato de declaração de condição de anistiado, a Administração há
de exercer seu poder-dever de anular seus próprios atos, sem que isso importe
em desrespeito ao princípio da segurança jurídica ou da confiança.
Súmulas 346 e 473 do STF.
[RMS 27.998 AgR, rel. min. Dias Toffoli, 1ª T, j. 28-8-2012, DJE 186 de 21-9-
2012.]

Se violar a teoria dos motivos determinantes ou desviar a finalidade, o Poder


Judiciário revoga o ato administrativo?

Poder judiciário não revoga ato administrativo. Poder judiciário declara a


nulidade do ato administrativo.

Vide aula anterior: sobre questões de revogação e nulidade de ato


administrativo, se é dever ou faculdade.

Citação da transcrição da aula anterior quanto ao tema, na diretiva lançada


pelo professor:

“Princípio da Autotutela x Segurança Jurídica

Autotutela administrativa, em resumo, é o poder que a


administração tem de anular ou revogar os seus atos
administrativos. Mas atente-se para a diferença existente entre
anulação e revogação: a revogação se dá por questões de
oportunidade e conveniência, envolve o mérito administrativo,
ou seja, a discricionariedade administrativa. Já anulação decorre
de vício no ato, é questão de ilegalidade do ato.

súmula 346 do STF - A administração pública pode declarar a


nulidade de seus atos.

Essa súmula é objeto de muita divergência interpretativa, pois ela


é antiga é de 1963. O problema é conceitual, pois ela orienta que
pode anular, quando na verdade a administração deve anular, já
que anulação se trata de ilegalidade. A expressão pode, somente
é correta quando se trata de revogação pois se trata de juízo de
discricionariedade.

Então atenção para o enunciado da questão, pois se estiver: “de


acordo com a jurisprudência do STF”, Administração Pública pode
anular. Mas, não se esqueça de que o entendimento atual é que,
quando se trata de ilegalidade a administração deve anular (deve
→ anular / pode → revogar).

Entretanto verifique a impropriedade com que o STF utiliza o


deve/pode:

S. 473/STF: A administração pode anular seus próprios atos,


quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não
se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
em todos os casos, a apreciação judicial.

Veja que, apesar de a súmula atribuir a anulação para os atos


eivados de vícios de ilegalidade, continua afirmando sua mera
faculdade ao utilizar o vocábulo “pode”, ao passo que, de acordo
com o art. 53 da lei 9784/99, constitui um dever da administração.

Art. 53 A Administração deve anular seus próprios atos, quando


eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos.
Em decisão exarada pelo Ministro Dias Toffoli:
“Ao Estado é facultada a revogação de atos que repute
ilegalmente praticados; porém, se de tais atos já tiverem
decorrido efeitos concretos, seu desfazimento deve ser
precedido de regular processo administrativo.[Tese definida no
RE 594.296, rel. Min. Dias Toffoli, P, j. 21-9-2011, DJE 30 de 13-2-
2012,Tema 138.]”
Em outro julgado, o mesmo Ministro afirma:
É cediço o entendimento desta Suprema Corte de que, diante de
suspeitas de ilegalidade no ato de declaração de condição de
anistiado, a Administração há de exercer seu poder-dever de
anular seus próprios atos, sem que isso importe em desrespeito
ao princípio da segurança jurídica ou da confiança. Súmulas 346 e
473 do STF.[RMS 27.998 AgR, rel. Min. Dias Toffoli, 1ª T, j. 28-8-
2012, DJE 186 de 21-9-2012.]
É interessante notar que se de um ato administrativo de correr ou
tiver decorrido efeito concreto, é preciso ter um processo
administrativo antes da revogação ou anulação do ato. E, nesse
ponto, também se fala de autotutela e segurança jurídica, pois se
do ato tiver decorrido efeito concreto é necessário ter um
processo administrativo.
Exemplo: aposentadoria concedida ilegalmente, é necessário que
haja um processo administrativo para poder anulá-la, e aqui já
entra questão de prescrição quanto a possibilidade ou não de
anular.
Com relação à segurança jurídica, no que se refere ao tempo, o
art. 54 da Lei 9784 traz previsão de prazo decadencial de 5 anos
para que a administração possa anular o ato, ressalvada a má-fé:
“O direito da Administração de anular os atos administrativos de
que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em
cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé.
Atente-se para o fato de que o prazo é decadencial, no entanto,
se o ato foi praticado de maneira fraudulenta ou utilizando-se de
má-fé não se aplica o prazo decadencial de cinco anos.
Tema 839/STF – fundamentação do acórdão: “O decurso do lapso
temporal de 5 (cinco) anos não é causa impeditiva bastante para
inibir a Administração Pública de revisar determinado ato, haja
vista que a ressalva da parte final da cabeça do art. 54 da Lei nº
9.784/99 autoriza a anulação do ato a qualquer tempo, uma vez
demonstrada, no âmbito do procedimento administrativo, com
observância do devido processo legal, a má-fé do beneficiário. As
situações flagrantemente inconstitucionais não devem ser
consolidadas pelo transcurso do prazo decadencial previsto no
art. 54 da Lei nº 9.784/99, sob pena de subversão dos princípios,
das regras e dos preceitos previstos na Constituição Federal de
1988. Precedentes.”

LEITURA COMPLEMENTAR

Sugestão de leitura complementar sobre o tema:

https://www.conjur.com.br/2014-dez-13/luiz-mouta-possivel-controle-judicial-
atos-
administrativos#:~:text=A%20princ%C3%ADpio%2C%20o%20ato%20discricion
%C3%A1rio,224).

https://draflaviaortega.jusbrasil.com.br/noticias/334791492/o-que-consiste-a-
teoria-dos-motivos-determinantes

http://www.marinela.ma/wp-
content/uploads/2017/05/CADERNODEAULAINTENSIVOIAULA10ATOSII.pdf).

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