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Fichamento – Interseccionalidade Kimberlé Crenshaw

Palavras chaves artigo: Gênero, raça, discriminação, interseccionalidade, direitos humanos.

Introdução e Panorama

Experiência das mulheres; Integrar; Raças; Identidades; Especificidades; Marginalizadas

Ativismo das mulheres possibilitou a ampliação dos direitos humanos através de uma
perspectiva de gênero.

“Assim, enquanto no passado a diferença entre mulheres e homens serviu como justificativa
para marginalizar os direitos das mulheres e, de forma mais geral, para justificar a
desigualdade de género, atualmente a diferença das mulheres indica a responsabilidade que
qualquer instituição de direitos humanos tem de incorporar uma análise de gênero em suas
práticas.” Pp. 172

“Portanto, a incorporação do gênero, no contexto da análise do racismo, não apenas traz à


tona a discriminação racial contra as mulheres, mas também permite um entendimento mais
profundo das formas específicas pelas quais o gênero configura a discriminação também
enfrentada pelos homens.” Pp. 173

“Assim como é verdadeiro o fato de que todas as mulheres estão, de algum modo, sujeitas ao
peso da discriminação de gênero, também é verdade que outros fatores relacionados a suas
identidades sociais, tais como classe, casta, raça, cor, etnia, religião, origem nacional e
orientação sexual, são diferenças que fazem diferença na forma como vários grupos de
mulheres vivenciam a discriminação. Tais elementos diferenciais podem criar problemas e
vulnerabilidades exclusivos de subgrupos específicos de mulheres, ou que afetem
desproporcionalmente apenas algumas mulheres.” Pp. 173

Crenshaw busca nesse texto apresentar um catálogo parcial das vulnerabilidades, demonstrar
como gênero, racismo, xenofobia e outras formas de intolerância podem combinar em abusos
dos Direitos Humanos que estavam obscurecidas do discurso sobre direito. Interseccionalidade
como modelo provisório para mapear múltiplas identidades.

Invisibilidade interseccional: repensando a importância da diferença intragrupo

Superinclusão; Subinclusão;

Há dois problemas quando vemos as questões de maneira dividida, ou pela subordinação de


gênero ou pela subordinação racial, são eles a superinclusão e a subinclusão.

“A superinclusão ocorre na medida em que os aspectos que o tornam um problema


interseccional são absorvidos pela estrutura de gênero, sem qualquer tentativa de reconhecer
o papel que o racismo ou alguma outra forma de discriminação possa ter exercido em tal
circunstância.” Pp. 174

Essa abordagem pode deixar de analisar produtos simultâneos da subordinação de raça e


gênero, se atentando somente à uma.

Exemplo: “[...] no recente relatório sobre tráfico de mulheres, do Comitê sobre a Condição das
Mulheres, não se deu atenção alguma ao fato de que, muitas vezes, a raça ou formas
correlatas de subordinação contribui para aumentar a probabilidade de que certas mulheres,
ao invés de outras, estejam sujeitas a tais abusos.” Pp. 175
A própria diferença é invisível

Uma análise de gênero subinclusiva quando um subconjunto de mulheres enfrenta um


problema que as mulheres do grupo dominante não experimentam, assim como as distinções
entre homens e mulheres de um mesmo grupo ou etnia. (Gênero invisível na questão da raça
etnia.

“Em geral, a discriminação racial que atinge mais diretamente os homens é percebida como
parte da categoria das discriminações raciais, mesmo que as mulheres não sejam igualmente
afetadas por ela” pp. 175

Exemplo: “a esterilização de mulheres marginalizadas em todo o mundo. Nos Estados Unidos,


por exemplo, milhares de porto-riquenhas e afro-americanas foram esterilizadas sem seu
conhecimento ou consentimento. Esses abusos foram predominantes nos anos 1950, mas
também ocorreram em períodos mais recentes. Embora as mulheres porto-riquenhas e afro-
americanas fossem, de forma desproporcional, as vítimas mais prováveis dessa negação dos
direitos reprodutivos por causa da sua raça e classe, o ataque a esse direito humano
fundamental raramente tem sido reconhecido como um dos exemplos mais flagrantes de
discriminação racial já perpetrados contra povos racializados nos Estados Unidos.” Pp. 175

A diferença se torna invisível num conjunto de problemas

Para Crenshaw é extremamente essencial para compreender a discriminação através


de uma perspectiva intersseccional colocar raça e gênero como fatores que contribuem para a
discriminação de determinados indivíduos, sendo estes estruturais, mas não naturais.

“A importância de desenvolver uma perspectiva que revele e analise a discriminação


interseccional reside não apenas no valor das descrições mais precisas sobre as experiências
vividas por mulheres racializadas, mas também no fato de que intervenções baseadas em
compreensões parciais e por vezes distorcidas das condições das mulheres são, muito
provavelmente, ineficientes e talvez até contraproducentes.” Pp. 177

Definindo interseccionalidade: uma conceituação metafórica

Desempoderamento; Interssecção; Desvantagens; Vulnerabilidade; Eixos de Subordinação

O conceito de intersseccionalidade parte de uma metáfora onde os eixos de poder – raça,


etnia, gênero e classe – são tidos como avenidas que irão estruturar os terrenos sociais,
econômicos e políticos, dentro dessas avenidas movem as dinâmicas de desempoderamento.

Parte da associação de sistemas múltiplos de subordinação e busca capturar as consequências


estruturais entre a interação de dois ou mais eixos de subordinação. “a interseccionalidade
trata da forma como ações e políticas específicas geram opressões que fluem ao longo de tais
eixos, constituindo aspectos dinâmicos ou ativos do desempoderamento.” Pp. 177

Dentro dessa intersecção, “As mulheres racializadas e outros grupos marcados por múltiplas
opressões, posicionados nessas interseções em virtude de suas identidades específicas, devem
negociar o tráfego que flui através dos cruzamentos.” Pp. 177

Desvantagens + vulnerabilidade preexistentes= Diferentes formas de desempoderamento

Caracterizando a experiência interseccional: um modelo provisório


Para compreender como racismo e sexismo convergem a nível global. O modelo provisório
auxilia na catalogação e organização do conhecimento existente sobre as formas que a
interseccionalidade pode configurar a vida da mulher no mundo.

A violência contra mulher vai além de ser simplesmente armada.

1. Estupros motivados por questões raciais através da disseminação de propaganda


racista e sexista.
2. As mulheres não são as únicas vítimas da subordinação interssesccional. Exemplo
linchamento de homens afro-americanos por serem vistos como estupradores.
3. A propaganda contra mulheres pobres e racializadas pode gerar a dúvida sobre a
honestidade da mesma quando essas procuram auxílio das autoridades. “Nos Estados
Unidos, as mulheres negras e latinas raramente veem os homens acusados de estupra-
las sendo processados e presos” pp. 178
4. A propaganda sexualizada contribui para a subordinação política dessas mulheres.
“Consequentemente, as mulheres que estão na interseção desses estereótipos
tornam-se especialmente vulneráveis a medidas punitivas, baseadas em como suas
identidades são percebidas pelos outros” pp. 179
5. Mulheres sofrem discriminação nos empregos, escolaridades e outras esferas pelo
simples fato de serem mulheres e por não serem parte dos grupos étnicos dominantes
da sociedade.
6. Discriminação onde as vagas femininas são voltadas à escritórios e interações com o
público e os grupos étnicos relegados à trabalhos industriais, ou outras formas de
trabalho segregados por gênero. Mulheres racializadas sem espaço de trabalho.
7. Sobreposição da raça e gênero limitam as oportunidades de emprego e educação aos
homens. “o trabalho que está disponível para as mulheres não é considerado como
apropriado para os homens, e o trabalho disponível para homens mais privilegiados
não é oferecido a homens racialmente subordinados.” Pp. 179
8. Mulheres de determinada identidade podem ser excluídas das oportunidades
educacionais, e terem menos estudo que homens ou mulheres da elite.
9. Subordinação interseccional estrutural, as políticas se intersectam com as estruturas
básicas de desigualdade gerando uma mescla de opressões para pessoas vulneráveis.
“A vulnerabilidade das mulheres refugiadas à violência sexual constitui um exemplo de
problema interseccional que deveria ser apenas parcialmente analisado como
discriminação étnica”
10. Efeitos da sobreposição das estruturas com uma política que cria fardos e grandes
responsabilidades à mulheres marginalizadas. “quando o Estado corta recursos
relativos aos cuidados com os jovens, doentes e idosos, as necessidades não supridas
recaem, em grande parte, sobre os ombros das mulheres, a quem tradicionalmente se
atribuíram essas responsabilidades. [...] as adicionais estruturas de classe determinam
quais mulheres executarão fisicamente esse trabalho e quais mulheres pagarão outras,
economicamente desfavorecidas, para que prestem esse servirão.” Pp. 180

É necessário compreender que a subordinação interseccional não necessita de ser


intencionalmente produzida.

“À medida que os efeitos de decisões tomadas à distância fluem através de estruturas de


subordinação justapostas e atingem a base, o peso do fardo sobre os ombros das mulheres
torna-se mais intenso.” Pp. 181
Interseccionalidade política

Tudo é intersecional?

Ina Kerner

Diferenciar de quatro modos de relação entre racismo e sexismo. Semelhanças, diferenças


acoplamentos ee intersecções.

Significado de Othering – para Othering sexism

“Othering is a process whereby a group of people is made to seem


fundamentally different, even to the point of making that group seem less
than human. This process can trigger instinctive emotional reactions towards
members of that group. In many instances, othering has been used to
degrade, isolate, and render possible the discrimination, abuse, or
persecution of a group.” The Process of Othering - Montreal Holocaust Museum
(museeholocauste.ca)

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