Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
NA INCONFIDÊNCIA MINEIRA
2
líderes dos inconfidentes foram presos e condenados. Enquanto Tiradentes fora
condenado à forca e ter seu corpo esquartejado, todos os outros foram exilados na África.
O Papel da Maçonaria
A primeira Loja Maçônica que se tem registro no Brasil foi fundada em 1801,
portanto 12 anos após a Conjuração, fato que tem causado muita controvérsia.
O relato que inaugurou a ligação da Maçonaria com a Conjuração Mineira deve-
se ao historiador, jornalista e professor Joaquim Felício dos Santos, que, curiosamente,
nem era Maçon. Em sua obra “Memórias do distrito diamantino da comarca do Serro
Frio”, escrita em 1868, ele afirma que a Conjuração Mineira foi um movimento
estreitamente ligado à Ordem dos Pedreiros Livres.
Ainda que não existissem Lojas registradas em atividade, posto que eram
proibidas na época, há indícios de que grande parte dos participantes da Conjuração,
inclusive o próprio Tiradentes, eram Maçons que se reuniam disfarçadamente nas
residências de Claudio Manuel da Costa, Thomaz Antonio Gonzaga, José Alvares Maciel,
Padre Rolim e de outros homens cultos da época, a princípio para participarem de
arcádias literárias, saraus e outras atividades culturais.
A historiografia acadêmica está longe de um consenso acerca da participação ou
não da Maçonaria na Conjuração Mineira, cujas hipóteses vão desde a ação efetiva até a
negação total. Para exemplificar, o pesquisador Márcio Jardim afirmou que a atuação
maçônica foi importante, porém secundária, sendo seu papel apenas o de aglutinar
pessoas e ideias, responsável mais pela articulação da intelectualidade dos poetas com a
bravura de um alferes.
Alguns afirmam ter sido a Conjuração Mineira um movimento maçônico,
idealizado por Maçons brasileiros, ao mesmo tempo que outros contestam essa
afirmação, alegando não ter havido Maçonaria nesse movimento, por não haver registros
históricos comprovando ter existido, naquela época, Lojas regulares no Brasil e, portanto,
não haver registro de tal assunto ter sido tratado.
Um autor que contesta ter sido o movimento idealizado por Maçons, termina por
afirmar que os historiadores têm se baseado, principalmente, nos “Autos da Inconfidência
Mineira”, que fora manipulado pelos juízes da época que conduziram o processo em total
sigilo, certamente ocultando os fatos verdadeiros:
”O documento básico no qual todos os historiadores têm se baseado são os “Autos da
Inconfidência Mineira”, porém, convém não esquecer que quem tinha o poder na época do
processo dos Inconfidentes era o Portugal opressor.”
(Frederico Guilherme da Costa – Questões Controvertidas da Arte Real – pg. 37).
3
• A maior parte da documentação existente foi destruída pelos
conspiradores e os Juízes adulteraram muitos depoimentos, pois tinham
pavor das chamadas ideias novas, da pregação democrática e dos
princípios de dignificação do homem;
• Tamanho era o fanatismo contra a Maçonaria que temiam proferir a
própria palavra. A maçonaria brasileira, na época, sendo uma instituição
clandestina, por força das leis e da própria ignorância do povo, não tinha
liberdade para promover reuniões em locais conhecidos nem tampouco
registrá-las em qualquer tipo de ata, tendo sido destruída a pouca
documentação existente, por ser considerada muito comprometedora;
• Mesmo havendo indícios de que o movimento tenha sido planejado pela
Maçonaria, o pavor que as autoridades da época tinham dela, jamais
permitiria fazer constar, nesses autos, o verdadeiro acontecimento.
Continua ele:
“[…] assim vem sendo balburdiada a história da conjuração mineira. Nesse tumultuar, há
o propósito de falsear, de baralhar para confundir, para ludibriar, para ocultar que a conjuração
mineira foi um movimento maçônico, idealizado por maçons brasileiros que estudavam no
estrangeiro, onde se iniciaram e que procuraram o apoio de um país – os Estados Unidos – cujo
governo era integrado por maçons, isto é, por irmãos, e solicitaram a intercessão de irmão norte-
americano, Thomas Jefferson, sabidamente maçom, pois que frequentava lojas na frança, a
exemplo do que fizera Benjamim Franklin.”
(A. Tenório D’Albuquerque – A Maçonaria E A Inconfidência Mineira – pag 19.)
No entanto, pesquisas realizadas por José Castellani e Frederico Guilherme
Costa (eminentes autores maçons), levadas a público no livro de sua autoria “A
Conjuração Mineira e a Maçonaria que não houve”, na página 145 conclui:
“Como vimos no decurso deste trabalho sobre a Maçonaria que não houve na
Conjuração Mineira, o movimento não foi maçônico, nem poderia ser em função de não EXISTIR
LOJAS à época. Tiradentes jamais foi iniciado sob qualquer circunstância.”
4
de passe de aprendiz. O Instituto Tiradentes, sediado na cidade de Viçosa, MG, corrobora
tais afirmações em seu site oficial, no artigo “Tiradentes – Perfil”. Diniz informa ainda que
há historiadores que afirmam que sua iniciação se deu na Bahia, centro de grande
movimentação maçônica.
Já no artigo publicado na Revista Ciência e Maçonaria, o Professor e Advogado
Marco Antônio de Moraes, aprofunda-se no tema e baseia-se em evidências documentais
para afirmar que “não existe qualquer registro e, nos sete volumes dos Autos Devassa da
Inconfidência Mineira, publicados pela Biblioteca Nacional (1936), não há qualquer
referência à iniciação de Tiradentes ou sua condição de maçom” e conclui afirmando que
“Tiradentes não poderia ter sido iniciado na Maçonaria na Bahia enquanto mascateava ao
norte de Minas, por volta de 1774, uma vez que esta ainda não existia.” (pág. 92).
Quanto à execução de Tiradentes ocorrida dia 21 de abril de 1.792, Romulo
Ferreira Diniz informa que alguns historiadores afirmam que, num ato de caráter
maçônico-fraternal, o poeta Cruz e Silva, que além de Maçom e amigo dos
revolucionários, era um dos juízes da Devassa, arquitetou uma operação não-oficial
fazendo com que o carpinteiro Isidro de Gouveia (condenado por outros crimes) fosse
enforcado no lugar de Tiradentes, em troca de ajuda financeira oferecida pela Maçonaria
à sua família. O alferes teria embarcado incógnito para Lisboa e a cabeça de Isidro
Gouveia, que estava acorrentada em uma gaiola no alto de um poste, fora retirada e
colocada numa urna funerária e, em cerimônia fúnebre cristã, enterrada sob um altar
maçônico. Conta também que em 1.969, o historiador Marcos Antonio Correia,
pesquisando sobre José Bonifáco de Andrade e Silva, descobriu na lista de presença da
Galeria da Assembléia Nacional Francesa de 1.793, a assinatura de Joaquim José da
Silva Xavier, que, submetida a exame grafológico, teve a autenticidade comprovada.
Conclusão
5
Referencias Bibliográficas:
• Frederico Guilherme da Costa – Questões Controvertidas da Arte Real – Vol. 3 – Editora A
Trolha – 1997.