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CIÊNCIAS HUMANAS

E SUAS TECNOLOGIAS
HISTÓRIA, FILOSOFIA e SOCIOLOGIA

GEOGRAFIA
Humanas

Sumário
Curso de Férias

HISTÓRIA
Professor Dawison Sampaio ............................................................................................................................. 5
Professor Nilton Sousa .................................................................................................................................... 20
Professor Hermano Melo ................................................................................................................................ 32
Professor D’Laías Moraes ............................................................................................................................... 48

GEOGRAFIA
Professor Adriano Bezerra ............................................................................................................................... 63
Professor Alexandre Lima ............................................................................................................................... 75

FILOSOFIA/SOCIOLOGIA
Professor João Saraiva ..................................................................................................................................... 89
CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
O código protegia as viúvas, os órfãos e os pobres.
PROFESSOR DAWISON SAMPAIO
O matrimônio (dote de cada cônjuge etc) era objeto
de minucioso contrato. A lei regulamentava
● Texto complementar detalhadamente o exercício das profissões e ofícios.
Fixava os honorários dos cirurgiões e determinava
As leis de Dungi deram origem ao Código de Hamurábi. os salários dos pedreiros, marceneiros, marinheiros,
Este código tornou-se a base do Direito de quase todos pastores e camponeses.
os semitas: babilônios, assírios, caldeus e hebreus. BECKER. Idel. Pequena História da Civilização Ocidental.
O Código de Hamurábi foi achado pelo historiador São Paulo: Companhia das letras. 1974, p.59-60.
Disponível em: http://web-direito.blogspot.com/
francês De Morgan, em 1901. Trata-se de um bloco de 2009/02/o-codigo-de-hamurabi.html#comment-form.
diorita (ou diorito: espécie de rocha), de 2,40 m de
altura, no qual estão gravadas 3.500 pequenas linhas 1. (UFTM – Adaptada) Leia os excertos da obra
verticais de sinais cuneiformes, que correspondem a 282 100 Textos de História Antiga, organizada por Jaime
artigos de leis. O bloco tem forma irregularmente Pinsky, de 1980.
cilíndrica; na parte superior está gravado um baixo- Eu sou o rei que transcende entre os reis,
-relevo: o rei Hamurábi recebendo as leis de Shamash, Minhas palavras são escolhidas,
o deus-sol. Minha inteligência não tem rival.

As características essenciais do Código de Hamurábi Hamurábi, 1792-1750 a.C. Autopanegírico.


eram:
O fundamento do regime democrático é a
1. Lei de talião (“olho por olho, dente por dente”);
liberdade [...]. Uma característica da liberdade é ser
2. Justiça semiprivada: a vítima devia trazer o ofensor
governado e governar por turno [...]. Outra é viver como
à justiça; o tribunal funcionava como árbitro;
se quer; pois dizem que isto é resultado da liberdade, já
oficiais ligados ao tribunal assistiam à execução da que o próprio do escravo é viver como não quer.
sentença.
Aristóteles, 384-322 a.C. Política.
3. Desigualdade perante a lei: a sentença variava de
acordo com a classe a que pertencia o indivíduo Os textos indicam que
(nobre, homem livre, escravo). a) os fundamentos do poder político eram os mesmos
O Código de Hamurábi refletia a vida e os costumes para Hamurábi e Aristóteles.
dos babilônios. A divisão social se traduzia nessa b) a democracia, segundo Aristóteles, impôs o
variação das sentenças. Assim, por exemplo, a morte abandono do regime escravista.
de um nobre merecia pena severa, enquanto que a de c) Hamurábi considerava que o governante deveria ser
escolhido entre os mais sábios.
um homem livre, ou de um escravo, tinha menos
d) expressam diferentes concepções sobre as relações
importância.
entre governantes e governados.
Em alguns casos, a classe do ofensor também influía
e) a dinastia esclarecida, com doses de despotismo e
na penalidade. A morte ou mutilação de um nobre liberdade, era defendida por ambos.
era considerada mais grave do que crime semelhante
cometido contra um cidadão (homem livre) ou ● Texto complementar
escravo. Mas, sendo um nobre o ofensor, ele devia
ser punido mais severamente do que um homem de A TENTATIVA DE DEFINIR A JUSTIÇA
classe inferior. Questão de disciplina militar, talvez;
os nobres eram oficiais do exército e tornava-se Sócrates – Portanto, Polemarco, a ação do homem
preciso punir, com rigor, toda atitude exaltada ou justo não pode consistir em fazer o mal, nem ao amigo nem
dissoluta que pudesse afetar a disciplina nas forças a qualquer outra pessoa, mas isto será próprio do homem
armadas. injusto.
O código estabelecia a pena do talião. Mas não fazia Enquanto Sócrates interrogava Polemarco, por
distinção entre o homicídio acidental e o voluntário. diversas vezes Trasímaco ameaçou interferir, mas foi
O acusado, porém, não era castigado com pena de impedido pelos outros convidados, que queriam ouvir a
morte, mas devia pagar, à família da vítima, uma argumentação até o fim. Mas, naquele memento, ele não se
multa estipulada. conteve mais, levantou-se como uma fera que dá um bote, e
Castigavam-se com pena de morte: ladrões, homens exclamou:
que fugiam ao serviço militar, vendedores de Trasímaco – Que falatório mais inútil é esse,
bebidas que desrespeitassem o tabelamento ó Sócrates! Vocês ficam aí passando a palavra um ao outro
(vendendo a preços superiores aos estabelecidos como tolos! Se você quer realmente saber o que é a justiça,
pela lei). Cortavam-se as mãos do filho que tivesse por que você mesmo não responde, em vez de ficar fazendo
batido no pai. perguntas, coisa que é muito fácil? E não me venha com
Quando não se conseguia descobrir os autores de um definições bobas, dizendo que a justiça é o dever, ou a
roubo, a vítima fazia uma relação dos objetos roubados utilidade, ou a vantagem ou o que é conveniente! Se quiser
e o governador da região devia reembolsá-lo da me convencer, fale seriamente porque não estou disposto a
quantia correspondente a esses objetos. ouvir besteiras!

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
(...). Tentando disfarçar a costumeira ironia, Sócrates filósofos verdadeiros, que desprezem as honrarias
disse que o maior castigo que poderia receber seria atuais, por as considerarem impróprias de um homem
reconhecer a sua ignorância e aprender com quem sabia. livre e destituídas de valor, mas, por outro lado, que
Mas Trasímaco retrucou que, além do castigo, ele teria de atribuem a máxima importância à retidão e às honrarias
pagar pelo ensinamento. Como todos sabiam que Sócrates que dela derivam, e consideram o mais alto e o mais
não tinha recursos para pagar, Glauco interveio, dizendo que necessário dos bens a justiça, à qual servirão e farão
todos estariam a contribuir para o pagamento. Sensibilizado prosperar, organizando assim a sua cidade?
com a atitude de Glauco, Sócrates voltou a insistir com Platão. A República, 1987.
Trasímaco para que falasse, pelo menos em consideração a
Glauco e aos outros presentes. O texto, concluído na primeira metade do século
Foi então que, depois de fazer um pouco de cena para IV a.C., caracteriza
valorizar o seu ensinamento, deu a seguinte definição da a) a predominância das atividades econômicas rurais
justiça:
sobre as urbanas e enfatiza o primado da
Trasímaco – Pois eu afirmo que a justiça não é mais
do que o interesse do mais forte. O que você está esperando racionalidade.
para aplaudir? Ou será que você não concorda? b) a organização da pólis e sustenta a existência de um
Retomando o velho estilo de fazer perguntas, Sócrates governo baseado na justiça e na sabedoria.
pediu que ele explicasse melhor sua definição. Trasímaco c) o caráter aristocrático da pólis durante o período das
não teve dúvidas e deu o seguinte exemplo: nas cidades são tiranias em Atenas e defende o princípio da
os fortes que governam e fazem as leis. Ora, igualdade social.
independentemente do regime político, são as leis que d) a estruturação social da pólis e destaca a importância
determinam o que é justo e também os castigos para os que da democracia, consolidada durante o período de
cometem a injustiça. Assim, a justiça é sempre a mesma em Clístenes.
toda parte, ou seja, a conveniência do mais forte.
e) a importância da ação de legisladores, como Drácon
A definição de Trasímaco concordava com a de
Sócrates ao dizer que a justiça era uma conveniência, mas e Sólon em Atenas, e apoia a consolidação da
discordava ao acrescentar “do mais forte”. E, com uma militarização espartana.
saraivada de perguntas curtas, Sócrates acabou forçando
Trasímaco a reconhecer que os que fazem as leis podem se 3. (PUCCamp – Adaptada) Considere o texto a seguir.
enganar e, em vez de ordenar o que lhes convém, ordenar o
que lhes é prejudicial. Mas se as leis dos mais fortes sempre Do ponto de vista territorial, uma pólis se divide
deviam ser obedecidas pelos mais fracos, a definição de em duas partes: a acrópole [...] e a ágora [...].
Trasímaco seria invertida, porque uma lei que ordenasse o No entanto, se perguntássemos a um grego da época
que é prejudicial aos governantes obrigaria os mais fracos a clássica o que era a pólis, provavelmente esta não seria
fazerem algo que prejudicaria os mais fortes.
sua definição: para ele a pólis não designava um lugar
(...) Trasímaco disse que Sócrates parecia estar de
má-fé, pois era evidente que o verdadeiro governante nunca geográfico, mas uma prática política exercida pela
se engana e age sempre em função do que é melhor para ele, comunidade de seus cidadãos. [...] Se no caso da pólis o
de modo que tudo o que ele ordenasse devia ser cumprido conceito de cidade não se referia à dimensão espacial da
pelos governados. cidade e sim à sua dimensão política, o conceito de
Mais uma vez, Sócrates partiu das palavras do próprio cidadão não se refere ao morador da cidade, mas ao
Trasímaco e, recorrendo a alguns exemplos, virou a tese indivíduo que, pode participar da vida política.
dele de cabeça para baixo. Em poucas palavras, o raciocínio
foi o seguinte. Uma ciência ou uma técnica – por exemplo, ROLNIK, Raquel. O que é cidade. In: PETTA, Nicolina L.;
a medicina e a náutica – existem para a utilidade daqueles a OJEDA, A. B. História, uma abordagem integrada.
São Paulo: Moderna, s\d, p. 17.
quem elas se destinam: a medicina para beneficiar os
doentes, a náutica para os marinheiros. O médico e o piloto,
respectivamente, não exercem a medicina e a náutica em O conhecimento histórico e o texto revelam que na
benefício do mais forte, mas sim do mais fraco. Portanto, Grécia Antiga
quem está em posição de comando não ordena o que é a) a cidadania, direito de participar da vida pública,
vantajoso para si próprio, mas exerce a sua função em favor atingia todos os habitantes da maioria das cidades-
dos subordinados. -estado.
b) o equilíbrio de poderes presente nas cidades-estado
PLATÃO, República. Tradução e adaptação de Marcelo Perine.
evitou a ocorrência de conflitos sociais.
São Paulo: Scipione, 2001, p. 24-27.
c) a lei era o resultado de discussões entre os
2. (Unesp) São uma formosura os governantes que tu representantes da cidade-estado e definia o direito
modelaste, como se fosses um estatuário, ó Sócrates! dos cidadãos.
[...] d) a soberania dos cidadãos dotados de plenos direitos
— Ora pois! Concordais que não são inteiramente era fundamental para a existência da cidade-estado.
utopias o que estivemos a dizer sobre a cidade e a e) o direito à cidadania e a organização política
constituição; que, embora difíceis, eram de algum modo
possibilitaram a criação da democracia em todo o
possíveis, mas não de outra maneira que não seja a que
dissemos, quando os governantes, um ou vários, forem país.

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4. (UPE-SSA) (...) o teatro trágico usava histórias e Fragmentos & análises
personagens que todos conheciam e mostrava o que
acontecia a esses personagens, de tal forma que, no LEI DAS DOZE TÁBUAS
final, os espectadores entendessem que as histórias da É conhecida como a primeira lei romana, com data
carochinha que lhes contavam, quando eram crianças, provável de promulgação em torno de 417 a. C. Foi redigida
expressavam uma espécie de coerência interna no por magistrados designados por decemviri legibus
destino do homem, uma experiência simuladora, cujo scribundis, e afixada em 12 tábuas de madeira, acrescidas
objetivo era mostrar o caráter necessário de tudo aquilo posteriormente de mais duas, tendo o conjunto original
que acontecera a um tipo de indivíduo socialmente desaparecido durante a deflagração do incêndio de Roma de
definido (herói, rei, etc.). 390 a.C. A sua existência significou a transição de um sistema
baseado num direito de tipo consuetudinário para uma lei
EYLER, Flávia Maria Schlee. escrita, resultando num evidente aumento da segurança e do
História Antiga: Grécia e Roma: a formação do Ocidente. rigor legal, contribuindo, de igual modo, para a laicização da
Petrópolis: Vozes, 2014, p. 106. Adaptado. jurisprudência. As doze tábuas dividem-se da seguinte forma:
as I-III dizem respeito a normativas do direito processual; a
O trecho fala da função social do teatro trágico em tábua IV trata de normas legais sobre a família; a V de
Atenas, que tinha como principal objetivo a sucessões; a VI e VII do direito de propriedade; as VIII a XI
a) diversão dos cidadãos. do direito penal; e a tábua XII do direito público.
b) incorporação dos estrangeiros à cidade. Disponível em: http://www.infopedia.pt/$lei-das-doze-tabuas.
c) educação cívica por meio da performance.
d) evolução econômica dos metecos. 6. (Enem) Durante a realeza, e nos primeiros anos
e) destruição da moral dos espartanos. republicanos, as leis eram transmitidas oralmente de
uma geração para outra. A ausência de uma legislação
5. (UPF – Adaptada) escrita permitia aos patrícios manipular a justiça
No tempo de Péricles (461 - 429 a.C.), o conforme seus interesses. Em 451 a.C., porém, os
comparecimento à assembleia soberana era aberto a todo plebeus conseguiram eleger uma comissão de dez
pessoas – os decênviros – para escrever as leis. Dois
o cidadão. A assembleia era um comício ao ar livre que
deles viajaram a Atenas, na Grécia, para estudar a
reunia centenas de atenienses do sexo masculino, com
legislação de Sólon.
idade superior a 18 anos. Todos os que compareciam
COULANGES, F. A cidade antiga. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
tinham direito de fazer uso da palavra. As decisões da
assembleia representavam a palavra final na guerra e na A superação da tradição jurídica oral no mundo antigo,
paz, nos tratados, nas finanças, nas legislações, nas obras descrita no texto, esteve relacionada à
públicas, no julgamento dos casos mais importantes, na a) adoção do sufrágio universal masculino.
eleição de administradores, enfim na totalidade das b) extensão da cidadania aos homens livres.
atividades governamentais. c) afirmação de instituições democráticas.
d) implantação de direitos sociais.
BRAICK, P. R.; MOTA, M. B. e) tripartição dos poderes políticos.
História: das cavernas ao terceiro milênio. 3ª ed.
São Paulo: Moderna, 2013, p. 102.
7. (Enem)
O texto anterior refere-se a Atenas, considerada o berço Texto I
da democracia no mundo antigo. Naquele regime Sólon é o primeiro nome grego que nos vem à
democrático, mente quando terra e dívida são mencionadas juntas.
a) apenas os homens livres, proprietários, nascidos em Logo depois de 600 a.C., ele foi designado “legislador”
Atenas, filhos de pais e mães atenienses, eram em Atenas, com poderes sem precedentes, porque a
considerados cidadãos, com direito à participação exigência de redistribuição de terras e o cancelamento
direta nas decisões tomadas. das dívidas não podiam continuar bloqueados pela
b) baseava-se na participação direta de toda a oligarquia dos proprietários de terra por meio da força
população nas Assembleias Legislativas, que uma ou de pequenas concessões.
vez por ano se reuniam em praça pública, chamada
FINLEY, M. Economia e sociedade na Grécia antiga.
de Ágora, e deliberavam sobre os mais variados São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013. Adaptado.
assuntos.
c) os estrangeiros, bem como os escravos libertos, Texto II
podiam participar livremente das decisões tomadas A “Lei das Doze Tábuas” se tornou um dos textos
nas assembleias, representando seus próprios fundamentais do direito romano, uma das principais
interesses. heranças romanas que chegaram até nos. A publicação
d) é um equívoco chamá-lo de democrático, pois dessas leis, por volta de 450 a.C., foi importante pois o
negava a participação dos representantes eleitos conhecimento das “regras do jogo” da vida em
pelos proprietários de terras. sociedade é um instrumento favorável ao homem
e) como não havia escravos em Atenas, a quase comum e potencialmente limitador da hegemonia e
totalidade da população tinha participação política arbítrio dos poderosos.
daquela cidade-estado. FUNARI, P. P. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2011.
Adaptado.

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O ponto de convergência entre as realidades sociopolíticas A obra Institutas, do jurista Aelius Marcianus (século
indicadas nos textos consiste na ideia de que a III d.C.), instrui sobre a escravidão na Roma antiga.
a) discussão de preceitos formais estabeleceu a democracia. No direito e na sociedade romana desse período, os
b) invenção de códigos jurídicos desarticulou as escravos compunham uma
aristocracias. a) mão de obra especializada protegida pela lei.
c) formulação de regulamentos oficiais instituiu as b) força de trabalho sem a presença de ex-cidadãos.
sociedades. c) categoria de trabalhadores oriundos dos mesmos
d) definição de princípios morais encerrou os conflitos povos.
de interesses.
d) condição legal independente da origem ética do
e) criação de normas coletivas diminuiu as
indivíduo.
desigualdades de tratamento.
e) comunidade criada a partir do estabelecimento das
8. (Enem (Libras)) leis escritas.

Texto I 10. (G1-CPS – Adaptada) O termo cidadania teve sua


origem no modo de vida das antigas cidades de Grécia e
Esta foi a regra que eu segui diante dos que me Roma. Leia atentamente o texto a seguir que traz uma
foram denunciados como cristãos: perguntei a eles das interpretações sobre a cidadania na Antiguidade.
mesmos se eram cristãos; aos que respondiam
afirmativamente, repeti uma segunda e uma terceira vez
Se quisermos definir os cidadãos dos tempos
a pergunta, ameaçando-os com o suplício. Os que
persistiram, mandei executá-los, pois eu não duvidava antigos por seu atributo mais essencial, é necessário
que, seja qual for a culpa, a teimosia e a obstinação dizer-se que cidadão é o homem que pratica a religião
inflexível deveriam ser punidas. Outros, cidadãos da cidade. É o que honra os mesmos deuses da cidade.
romanos portadores da mesma loucura, pus no rol dos O estrangeiro, pelo contrário, é aquele a quem os deuses
que devem ser enviados a Roma. da cidade não protegem, e que não tem nem mesmo o
Correspondência de Plínio, governador de Bitínia, província romana
direito de invocá-los. As leis da cidade não existiam
situada na Ásia Menor, ao imperador Trajano. Cerca do ano 111 d.C. para ele.
Disponível em: www.veritatis.com.br.
COULANGES, Fustel de. A cidade Antiga. Disponível em:
Acesso em: 17 jun. 2015. Adaptado.
http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/cidadeantiga.pdf,
Texto II p.302-303. Acesso em: 24 jan. 2012. Adaptado.

É nossa vontade que todos os povos regidos pela De acordo com a interpretação de Coulanges, o conceito
nossa administração pratiquem a religião que o apóstolo de cidadania da Antiguidade greco-romana era
Pedro transmitiu aos romanos. Ordenamos que todas a) estabelecido de acordo com critérios monoteístas,
aquelas pessoas que seguem esta norma tomem o nome pois havia crença em um único Deus.
de cristãos católicos. Porém, o resto, os quais b) baseado no princípio de que todos os habitantes da
consideramos dementes e insensatos, assumirão a
cidade tinham os mesmos direitos.
infâmia da heresia, os lugares de suas reuniões não
receberão o nome de igrejas e serão castigados em c) definido por critérios de nobreza, já que os reis
primeiro lugar pela divina vingança e, depois, também determinavam quem eram os cidadãos.
pela nossa própria iniciativa. d) relacionado à prática religiosa de cada cidade, por
isso a cidadania era vetada aos estrangeiros.
Édito de Tessalônica, ano 380 d.C. In: PEDRERO-SÁNCHEZ, M. G.
História da Idade Média: textos e testemunhas. e) aplicado, por meio de uma constituição, a todos os
São Paulo: Unesp, 2000. que haviam nascido em território greco-romano.
Nos textos, a postura do Império Romano diante do 11. (Udesc – Adaptada) Leia o texto a seguir.
cristianismo é retratada em dois momentos distintos.
Em que pesem as diferentes épocas, é destacada a Todo poder vem de Deus. Os governantes, pois,
permanência da seguinte prática: agem como ministros de Deus e seus representantes na
a) Ausência de liberdade religiosa. terra. Consequentemente, o trono real não é o trono de
b) Sacralização dos locais de culto. um homem, mas o trono do próprio Deus.
c) Reconhecimento do direito divino. Resulta de tudo isso que a pessoa do rei é
d) Formação de tribunais eclesiásticos. sagrada, e que atacá-lo de qualquer maneira é
e) Subordinação do poder governamental. sacrilégio. (...)
O poder real é absoluto. O príncipe não precisa
9. (Enem-PPL) Os escravos tornam-se propriedade nossa
seja em virtude da lei civil, seja da lei comum dos dar contas de seus atos a ninguém.
povos; em virtude da lei civil, se qualquer pessoa de Jaques-Bénigne Bossuet, 1627-1704.
mais de vinte anos permitir a venda de si própria com a A forma de governo à qual o trecho se refere é:
finalidade de lucrar conservando uma parte do preço da a) Democracia representativa.
compra; e em virtude da lei comum dos povos, são b) Monarquia constitucional.
nossos escravos aqueles que foram capturados na guerra
c) Absolutismo monárquico.
e aqueles que são filhos de nossas escravas.
d) República monarquista.
CARDOSO, C. F. Trabalho compulsório na Antiguidade. e) Monarquia populista religiosa.
São Paulo: Graal, 2003.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
12. (ESPM) Thomas Hobbes era admirador do método d) estabilizar o governo e fortalecer o Executivo, bem
matemático e da racionalidade, e crítico da democracia. como liberar as camadas subalternas da cobrança de
Quando em 1628, observava os conflitos entre o rei e o impostos.
Parlamento, traduziu e publicou um ataque ao grego e) fortalecer o povo e eliminar os governos, bem como
Tucídides à democracia para mostrar, pelo exemplo de eliminar as formas de punição consideradas
Atenas na Guerra do Peloponeso, os efeitos danosos da abusivas.
democracia. Hobbes se empenhava em tomar o partido
de Carlos I no conflito com o Parlamento. Em 1640, 14. (FGV – Adaptada) O gênero humano é de tal ordem
diante da guerra civil, fugiu para a França. Em 1651,
que não pode subsistir, a menos que haja uma grande
publicou sua obra Leviatã, em que apresentou sua visão
infinidade de homens úteis que não possuam nada.
do Estado.
Dicionário filosófico, verbete Igualdade.
CAMPOS, Flávio de. A escrita da História. O comércio, que enriqueceu os cidadãos na Inglaterra,
contribuiu para os tornar livres, e essa liberdade deu por
O inglês Thomas Hobbes deve ser relacionado,
sua vez maior expansão ao comércio; daí se formou o
respectivamente, à guerra civil (mencionada no texto) e
à visão de Estado: poderio do Estado.
Cartas inglesas.
a) Primavera dos Povos – Estado liberal.
b) Comuna de Paris – Estado socialista. Sobre os trechos de Voltaire, percebemos que ele
c) Revolução Francesa – Estado liberal. a) define, com suas ideias, os interesses da burguesia
d) Revolução Puritana – Estado absolutista. como classe, no século XVIII: o comércio como
e) Revolução Gloriosa – Estado absolutista. condição para a acumulação de capital, a riqueza
como fator de liberdade e do poder de Estado e a
Fragmentos & análises
propriedade ligada à desigualdade.
A justiça sem a força é impotente; a força sem a justiça b) crê, como filósofo iluminista do século XVIII, nas
é tirânica. A justiça sem a força será contestada, porque há igualdades social e política, pois a filosofia burguesa
sempre maus; a força sem a justiça será acusada. É preciso elabora uma doutrina universalista que confunde a
reunir a justiça e a força; e dessa forma, fazer com que o causa da burguesia com a de toda a humanidade.
justo seja forte, e o que é forte seja justo. c) critica a centralização do poder na medida em que
ela breca a liberdade, impedindo o progresso das
Pascal. Pensamentos V, 298. Apud. BARROS, Alberto Ribeiro de.
A teoria da soberania de Jean Bodin. São Paulo: Unimarco, 2001. técnicas e a expansão do comércio que geram
riqueza, e, ao mesmo tempo, aceita a propriedade
13. (G1-CPS) Quando na mesma pessoa, ou no mesmo como fundamento da igualdade.
órgão de governo, o poder Legislativo está unido ao d) considera que a burguesia não se constitui em uma
poder Executivo, não existe liberdade […] E também classe no século XVIII, e ela precisa do poder do
não existe liberdade se o poder Judiciário (poder de Estado centralizado para garantir a sua riqueza e,
julgar) não estiver separado do poder Legislativo (poder nessa medida, aproxima-se da nobreza para obter
de fazer as leis) e do poder Executivo (poder de apoio político.
executar, de pôr em prática as leis.)
e) defende, como representante da ilustração, a
Montesquieu, O espírito das leis, 1748. In: FREITAS, G. de; liberdade ligada à ausência da propriedade e elabora
900 textos e documentos de História. Lisboa: Plátano, 1978.
V. III, p.24. princípios universais, com direitos e deveres para
todos os homens, o que faz a igualdade econômica
Político, filósofo e escritor, o Barão de Montesquieu ser o fundamento da sociedade.
(1689–1755) se notabilizou por sua teoria sobre a
separação dos poderes, que organiza o funcionamento 15. (UFSM – Adaptada) Analise o texto.
de muitos dos Estados modernos até a atualidade.
Com todas as suas deficiências, as primeiras leis
Ao formular sua teoria, Montesquieu criticou o regime fabris [Grã-Bretanha, 1802 e 1819] foram os primeiros
absolutista e defendeu a divisão do governo em três direitos sociais legalmente conquistados na era do
poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – como capitalismo industrial. A limitação da idade para o
forma de trabalho infantil e da jornada de trabalho para crianças e
a) garantir a centralização do poder monárquico e a
adolescentes são intervenções significativas do Estado
vontade absoluta dos reis, bem como defender os
interesses das classes dominantes. no funcionamento [...] do mercado de trabalho. Essas
b) desestabilizar o governo e enfraquecer o Judiciário, leis declaram que a liberdade de contratar não é
bem como garantir a impunidade dos crimes ilimitada e que o limite é a pessoa humana, cuja
cometidos pelos mais pobres. integridade física e mental tem de ser preservada.
c) evitar a concentração de poder e os abusos dos
SINGER, Paul. “A cidadania para todos”. In: PINSKY, J. (org.).
governantes, bem como proteger as liberdades História da Cidadania. SP: Contexto, 2010, p. 222.
individuais dos cidadãos.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
O texto anterior revela que O documento expõe o vínculo da luta pela
a) interessados na integridade e bem-estar dos independência das treze colônias com os princípios
trabalhadores, os industriais e o Estado britânico, a) liberais, que defendem a necessidade de impor
desde cedo, favoreceram uma ampla legislação regras rígidas de protecionismo fiscal.
trabalhista. b) mercantilistas, que determinam os interesses de
b) desde a Revolução Industrial, os capitães de expansão do comércio externo.
indústrias se preocupam com a implantação de uma
c) iluministas, que enfatizam os direitos de cidadania e
legislação trabalhista estabelecida pelo Estado, pois
de rebelião contra governos tirânicos.
só assim se concretizam os ideais do liberalismo.
d) luteranos, que obrigam as mulheres e os homens a
c) as leis que asseguram limites às relações de trabalho
lutar pela própria salvação.
são importantes para o movimento operário, porém,
e) católicos, que justificam a ação humana apenas em
historicamente, não garantiram a sua efetivação,
função da vontade e do direito divinos.
exigindo a mobilização dos trabalhadores.
d) do ponto de vista do movimento operário, desde o
início da Revolução Industrial, era importante 17. (Fatec) Leia o texto escrito por um contemporâneo à
defender a livre contratação dos empregados pelos Revolução Francesa.
patrões, assim como a não intermediação do Estado
nas negociações salariais. O poder executivo em cada país está nas mãos de
e) os interesses do capital e os do trabalho foram uma pessoa chamada rei. Mas a constituição francesa
harmonizados pelo Estado britânico, tendo em vista distingue entre o rei e o soberano. Ela considera a
os preceitos liberais quanto à intervenção estatal na posição de rei como oficial mas coloca a soberania na
esfera das relações trabalhistas. nação.

PAINE, Thomas. Os Direitos do Homem: uma resposta ao ataque do


Fragmentos & análises Sr. Burke à Revolução Francesa. Petrópolis: Vozes, 1989, p. 75.
Originalmente publicado em 1791-1792.)

CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DA Refletindo sobre o texto, é correto associá-lo a uma das
AMÉRICA (1787)
ideias da filosofia iluminista. Trata-se
Nós, o povo dos Estados Unidos, a fim de formar uma a) do Contrato Social, que define o povo como o
União mais perfeita, estabelecer a justiça, assegurar a elemento soberano da nação.
tranquilidade interna, prover a defesa comum, promover o b) do Constitucionalismo, que garante pela lei o direito
bem-estar geral, e garantir para nós e para os nossos divino do rei absolutista.
descendentes os benefícios da Liberdade, promulgamos e c) da Liberdade Comercial, que define as normas de
estabelecemos esta Constituição para os Estados Unidos da comércio pelo laissez-faire.
América. d) da Igualdade Jurídica, que garante que todos tenham
Disponível em:
os privilégios da nobreza.
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-
anteriores-%C3%A0-cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das- e) da Divisão de Poderes, que articula Legislativo,
Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-1919/constituicao-dos-estados-
Executivo, Judiciário e Moderador.
unidos-da-america-1787.html.
Acesso em: 6 set. 2016.
Fragmentos & análises
16. (Unesp) Todos os homens são criados iguais, dotados
pelo Criador de certos direitos inalienáveis, entre os DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM
quais figuram a vida, a liberdade e a busca da E DO CIDADÃO
felicidade. Para assegurar esses direitos, entre os
homens se instituem governos, que derivam seus justos I. Os homens nascem e permanecem livres e iguais
poderes do consentimento dos governados. Sempre que em direitos; as distinções sociais não podem ser
uma forma de governo se dispõe a destruir essas baseadas senão na utilidade comum.
finalidades, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la, IV. A liberdade consiste em poder fazer tudo aquilo que
e instituir um novo governo, assentando seu fundamento não prejudique a outrem. Assim, o exercício dos
sobre tais princípios e organizando seus poderes de tal direitos naturais de cada homem não tem outros
forma que a ele pareça ter maior probabilidade de limites senão os que assegurem aos membros da
alcançar-lhe a segurança e a felicidade. sociedade o gozo desses mesmos direitos; esses
limites não podem ser determinados senão pela lei.
Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776).
In: Harold Syrett (org.). PELLEGRINI, Marco; DIAS, Adriana Machado;
Documentos históricos dos Estados Unidos, 1988.) GRINBERG, Keila.
Novo olhar – História. 2. ed. São Paulo: FTD, 2013, p. 190.

10 034.846 – 154786/21
CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948)

Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948.


Art. 1º. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e
devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.
Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001394/139423por.pdf.
Acesso em: 6 set. 2016.

18. (UFPR – Adaptado) Considere os seguintes excertos produzidos no contexto da Revolução Francesa (1789-1799).
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (26 Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã
de agosto de 1789) (setembro de 1791)*
Art. 1º. Os homens nascem e são livres e iguais em Art. 1º. A mulher nasce livre e tem os mesmos direitos do
direitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se na homem. As distinções sociais só podem ser baseadas no
utilidade comum. interesse comum.
Art. 2º. A finalidade de toda associação política é a Art. 2º. O objeto de toda associação política é a
conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do conservação dos direitos imprescritíveis da mulher e do
homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a
segurança e a resistência à opressão. segurança e, sobretudo, a resistência à opressão.
Art. 13. Para a manutenção da força pública e para as Art. 13. Para a manutenção da força pública e para as
despesas de administração, é indispensável uma despesas de administração, as contribuições da mulher e
contribuição comum, que deve ser dividida entre os do homem serão iguais; ela participa de todos os trabalhos
cidadãos de acordo com suas possibilidades. ingratos, de todas as fadigas, deve então participar também
da distribuição dos postos, dos empregos, dos cargos, das
dignidades e da indústria.
* Essa declaração, escrita e proposta pela francesa Olympe de Gouges, não foi aprovada pela Assembleia Nacional;
Olympe foi guilhotinada por ordem de Robespierre em 1793.

Considerando as duas declarações, percebemos que a principal diferença entre o texto de 1789 e o de 1791 é que
a) o texto de 1791 estabelece direitos e obrigações detalhados e separados para homens e mulheres na política e nos
negócios, conforme o projeto burguês de sociedade, enquanto o texto de 1789 defende um ideal universalista, sem
distinção social.
b) o texto de 1789 defende direitos universais, sem explicitar a questão de gênero, enquanto o texto de 1791 defende a
igualdade de direitos entre os gêneros, reivindicando a atuação feminina em assuntos considerados masculinos, como a
política e os negócios.
c) o texto de 1791 defende a luta contra a opressão das mulheres após séculos de dominação monárquica na França,
enquanto o texto de 1789 é contra a opressão masculina causada pela predominância do clero e da nobreza sobre o
terceiro estado.
d) o texto de 1789 utiliza o termo “homem” para designar a todo o conjunto de cidadãos, sem distinção de classe e origem,
enquanto o texto de 1791 substitui “homem” por “mulher”, a fim de reivindicar direitos exclusivos para as cidadãs da
classe burguesa.
e) o texto de 1789 defende que nenhum direito é válido se não incluir todos os cidadãos, enquanto o texto de 1791
contradiz esse princípio ao privilegiar as mulheres, que reivindicavam maior espaço na sociedade após a morte da
Rainha Maria Antonieta.

19. (UFU) As mães, as filhas, as irmãs, representantes da nação pedem ser constituídas em Assembleia Nacional.
Considerando que a ignorância, o esquecimento ou o menosprezo dos direitos da mulher são as únicas causas das desgraças
públicas e da corrupção do governo, resolvemos expor, numa declaração solene, os direitos naturais, inalteráveis e
sagrados da mulher. Em consequência, o sexo superior em beleza, como em coragem nos sofrimentos maternais, reconhece
e declara, em presença e sob os auspícios do Ser Supremo, os seguintes direitos da mulher e da cidadã.

Art. 1 - A mulher nasce livre e permanece igual ao homem em direitos. As distinções sociais não podem ser fundadas,
senão, sobre a utilidade comum.

Art. 2 - A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis da mulher e do
homem. Estes direitos são: a liberdade, a prosperidade, a segurança e, sobretudo, a resistência à opressão.

Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã. 1791. Adaptado.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
O documento anterior foi proposto à Assembleia O texto, revela que, no curso da Revolução Francesa, a
Nacional da França, durante a Revolução Francesa, por Constituição de 1791,
Marie Gouze. a) significou um retrocesso, ao limitar a cidadania aos
indivíduos detentores de um nível de rendimento.
A autora propunha uma Declaração de Direitos da b) consagrou o direito de liberdade a todos os homens,
Mulher e da Cidadã para igualar-se à Declaração dos conforme estabelecido na Declaração Universal.
Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada c) enfraqueceu o ideário nacionalista do povo francês e
anteriormente. A proposta de Marie Gouze expressa fortaleceu a monarquia absolutista.
a) o reconhecimento da fragilidade feminina, devendo d) introduziu reformas inspiradas no ideal iluminista e
a Constituição francesa garantir ações legais e fez da propriedade um direito coletivo.
afirmativas com o objetivo de reparar séculos de e) promoveu o súdito a cidadão política e
exploração contra a mulher. juridicamente, mantendo a igualdade de todos
b) a participação das mulheres no processo perante a lei.
revolucionário e a reivindicação de ampliação dos
direitos de cidadania, com o intuito de abolir as 21. (Famema – Adaptada) Nosso atual modelo de Estado é
diferenças de gênero na França. fruto da Revolução Francesa, que, fascinada pela
c) a disputa política entre os jacobinos e girondinos, democracia grega, considerava que os atenienses
uma vez que estes últimos defendiam uma criaram o princípio do Estado legal – um governo
radicalização cada vez maior das conquistas sociais fundado em leis discutidas, planejadas, emendadas e
no processo revolucionário. obedecidas por cidadãos livres – e a ideia de que o
d) o descontentamento feminino ante as desigualdades Estado representa uma comunidade de cidadãos livres.
que as leis francesas até então garantiam entre os Ao afirmarem que o governo era algo que as pessoas
integrantes do terceiro Estado e a aristocracia. criavam para satisfazer as necessidades humanas, os
atenienses consideravam seus governantes homens que
20. (PUCCamp – Adaptada) Considere o texto a seguir. haviam demonstrado capacidade para dirigir o Estado, e
não deuses ou sacerdotes.
A Constituição de 1791 estabeleceu a monarquia CAMPOS, Flavio de; MIRANDA, Renan G.
A escrita da História, 2005.
constitucional e consagrou a divisão de poderes –
Executivo, Legislativo, Judiciário. Porém, (...)
A análise do excerto revela que
estabeleceu que, para ser eleitor e elegível, o indivíduo
a) a concepção moderna de democracia deriva da
deveria possuir uma renda bastante alta, o que excluía
Revolução Francesa e da Atenas antiga, embora
dessa condição pessoas de vida modesta. A
nesta a cidadania estivesse limitada à minoria da
Constituição estabeleceu o voto censitário, o voto ao
população.
qual só têm direito pessoas com certo rendimento.
b) a democracia ateniense, por fundamentar-se na
A França encontrava-se, pois, dividida em duas
comunidade de homens livres, não era compatível
categorias de pessoas: os cidadãos ativos (com direitos
com a existência de trabalho escravo.
políticos) e os passivos (sem esses direitos). Estes, a
c) a Revolução Francesa ampliou o conceito de
maioria esmagadora da nação, eram os cidadãos de
democracia grega, ao tornar cidadãos todos os
“segunda classe”.
habitantes da comunidade, inclusive as mulheres e
os estrangeiros.
A Constituição de 1791, no lugar da antiga divisão dos
d) os gregos desenvolveram a noção de lei como uma
indivíduos em nobres e plebeus, tipicamente feudal,
emanação dos deuses, à qual os homens deveriam
consagrou um novo princípio de distinção entre os
obedecer após discussão em assembleia.
indivíduos: a riqueza. Daí em diante, passaram a ficar
e) os atenienses vinculavam a política à religião e, por
de um lado, os ricos; de outro, os pobres.
isso, seu Estado nacional dependia da razão divina e
KOSHIBA, Luiz. História, origens, estruturas e processos. Adaptado. limitava a expressão política dos cidadãos.
São Paulo: Atual, 2000, p. 324.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
● Texto complementar 23. (ESPM) Nenhum homem livre será detido, aprisionado,
ou privado de seus bens, ou posto fora da lei, ou exilado,
DIREITOS CIVIS, POLÍTICOS E SOCIAIS ou prejudicado de algum modo a não ser em virtude de
um julgamento legal dos seus pares ou em virtude das
Tornou-se costume desdobrar a cidadania em direitos leis do país.
civis, políticos e sociais. O cidadão pleno seria aquele que TREVELYAN, G. M.. História concisa da Inglaterra.
fosse titular dos três direitos. Cidadãos incompletos seriam
os que possuíssem apenas alguns dos direitos. Os que não se O trecho anterior foi retirado de um documento
beneficiassem de nenhum dos direitos seriam não cidadãos. considerado referência fundamental das Liberdades
Direitos civis são os direitos fundamentais à vida, Inglesas. Assinale-o.
à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei. a) Provisões de Oxford.
Eles se desdobram na garantia de ir e vir, de escolher o b) Magna Carta.
trabalho, de manifestar o pensamento, de organizar-se, de ter c) Ato de Supremacia.
respeitada a inviolabilidade do lar e da correspondência, de d) Declaração de Direitos.
não ser preso a não ser pela autoridade competente e de e) Lei dos Pobres.
acordo com as leis, de não ser condenado sem processo legal
regular. São direitos cuja garantia se baseia na existência de Fragmentos & Análises
uma justiça independente, eficiente, barata e acessível a A Constituição de 1824 procurou garantir a liberdade
todos. Já os direitos políticos se referem à participação do individual, a liberdade econômica e assegurar, plenamente, o
cidadão no governo da sociedade. Seu exercício é limitado
direito à propriedade. Para os homens que fizeram a
à parcela da população e consiste na capacidade de fazer
independência, gente educada à moda europeia e
demonstrações políticas, de votar e de ser votado. Sem os
direitos civis, sobretudo a liberdade de opinião e representantes das categorias dominantes, os direitos a
organização, os direitos políticos, sobretudo o voto, podem propriedade, liberdade e segurança garantidos pela
existir formalmente, mas ficam esvaziados de conteúdo e Constituição eram coisas bem reais. Não importava a essa
servem antes para justificar governos do que para elite se a maioria da nação era composta de uma massa
representar cidadãos. Finalmente, há os direitos sociais que humana para a qual os direitos constitucionais não tinham a
garantem a participação na riqueza coletiva. Eles menor validade. A Constituição afirmava a liberdade e a
incluem o direito à educação, ao trabalho, ao salário justo, igualdade de todos perante a lei, mas a maioria da população
à saúde, à aposentadoria. A garantia de sua vigência depende permanecia escrava. Garantia-se o direito a propriedade, mas
da existência de uma eficiente máquina administrativa do 95% da população quando não eram escravos, compunham-se
Poder Executivo. Os direitos sociais permitem às sociedades de ‘moradores’ de fazenda, em terras alheias (...) garantia-se a
politicamente organizadas reduzir os excessos de segurança individual, mas podia-se matar um homem sem
desigualdade produzidos pelo capitalismo e garantir o
punições. Aboliam-se as torturas, mas nas senzalas os
mínimo de bem-estar para todos. A ideia central em que se
instrumentos de castigo, o tronco, a gargalheira e o açoite
baseiam é a da justiça social. Mudanças recentes têm
recolocado em pauta o debate sobre o problema da continuavam sendo usados, e o senhor era supremo juiz da vida
cidadania, mesmo nos países em que ele parecia estar e da morte de seus homens. (...)
razoavelmente resolvido. Tudo isso mostra a complexidade COSTA, Emília Viotti da. Introdução ao estudo da emancipação política.
do problema. O enfrentamento dessa complexidade, na In: MOTA, Carlos Guilherme (org). Brasil em perspectiva.
conjugação dos direitos civis, políticos e sociais, pode ajudar São Paulo: Difel, 1978, p. 123-4. Citado in: COTRIN, Gilberto,
História Geral, São Paulo: Saraiva, 1997. Adaptado.
a identificar as pedras no caminho da construção
democrática e, por conseguinte, os caminhos tortuosos que a 24. (Enem) O marco inicial das discussões parlamentares
cidadania tem seguido no Brasil. em torno do direito do voto feminino são os debates que
CARVALHO, José Murilo de. antecederam a Constituição de 1824, que não trazia
Cidadania no Brasil: o longo caminho. 14. ed. qualquer impedimento ao exercício dos direitos políticos
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011, p. 9-11.
por mulheres, mas, por outro lado, também não era
22. (Enem-PPL) Os direitos civis, surgidos na luta contra o explícita quanto à possibilidade desse exercício. Foi
absolutismo real, ao se inscreverem nas primeiras somente em 1932, dois anos antes de estabelecido o
constituições modernas, aparecem como se fossem voto aos 18 anos, que as mulheres obtiveram o direito
conquistas definitivas de toda a humanidade. Por isso, de votar, o que veio a se concretizar no ano seguinte.
ainda hoje invocamos esses velhos “direitos naturais” Isso ocorreu a partir da aprovação do Código Eleitoral
nas batalhas contra os regimes autoritários que de 1932.
subsistem. Disponível em: http://tse.jusbrasil.com.br.
QUIRINO, C. G.; MONTES, M. L. Constituições. Acesso em: 14 maio 2018.
São Paulo: Ática, 1992. Adaptado.
Um dos fatores que contribuíram para a efetivação da
O conjunto de direitos ao qual o texto se refere inclui medida mencionada no texto foi a
a) voto secreto e candidatura em eleições. a) superação da cultura patriarcal.
b) moradia digna e vagas em universidades. b) influência de igrejas protestantes.
c) previdência social e saúde de qualidade. c) pressão do governo revolucionário.
d) igualdade jurídica e liberdade de expressão. d) fragilidade das oligarquias regionais.
e) filiação partidária e participação em sindicatos. e) campanha de extensão da cidadania.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
25. (UFU) No começo da década de 1830 na Corte Fragmentos & análises
circulava um jornal intitulado O Homem de cor.
A epígrafe do jornal era a citação de um artigo CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO
constitucional: “Todo cidadão pode ser admitido aos BRASIL (1988)
cargos públicos civis e militares, sem outra diferença
que não seja a de seus talentos e virtudes”. O redator Capítulo I
combatia uma afirmação do presidente da província de
Pernambuco, Manoel Zeferino dos Santos, que continha Dos direitos e deveres individuais e coletivos
críticas à qualificação dos oficiais da Guarda Nacional,
e propunha a separação entre os batalhões “segundo os Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
quilates da cor”. qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à
LIMA, Ivana Stolze. Cores, marcas e falas: sentidos da mestiçagem no
Império do Brasil. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2003, p. 51 vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade
Adaptado. [...].
ALVES, Alexandra; OLIVEIRA, Letícia Fagundes de.
Artigo 6º: São cidadãos brasileiros: Conexões com a História. v. 3.
1) Os que no Brasil tiverem nascido, quer sejam São Paulo: Moderna, 2010, p. 272.
ingênuos, ou libertos, ainda que o pai seja 27. (Udesc – Adaptada) Leia atentamente o trecho a seguir.
estrangeiro, uma vez que este não resida por serviço
de sua nação. (...) longe de ser o resultado necessário de uma
Constituição Imperial do Brasil de 1824. evolução moral da humanidade, a democracia é algo
Vocabulário: incerto e improvável e nunca deve ser tida como
Ingênuos: filhos de ex-escravos garantida. É sempre uma conquista frágil que precisa
Libertos: ex-escravos ser defendida e aprofundada. Não existe nenhum limiar
de democracia que, uma vez alcançado, possa garantir a
O processo de independência do Brasil e a abdicação de
Dom Pedro I, em abril de 1831, alimentaram continuidade da sua existência.
expectativas de aprofundamento das reformas liberais. MOUFFE, Chantal, O regresso do político, 1996.
A epígrafe do jornal O Homem de cor expressa
a) a crítica à própria Constituição do Brasil, que tratou Sobre a experiência a que o texto se refere, no Brasil,
de estabelecer diferenças entre os cidadãos brancos e percebemos que
negros na ocupação de cargos. a) a instauração da democracia, no Brasil, ocorreu com
b) a construção de uma identidade racial que previa a a proclamação da República, em 1889, uma vez que
união de escravos, ex-escravos e seus descendentes toda república é, essencialmente, democrática.
na oposição ao sistema escravista. b) o primeiro período democrático brasileiro foi
c) a crítica ao monopólio dos portugueses na ocupação experienciado entre 1930 e 1969.
de cargos públicos e militares, que se mantinha c) as eleições diretas e o sufrágio universal são
mesmo depois da independência. características da experiência democrática
d) a luta pelo reconhecimento do direito de cidadania a contemporânea brasileira, iniciada com o processo
todos os não escravos nascidos no Brasil, de redemocratização, ocorrido durante a década de
independente de critérios raciais. 1980.
d) contrariamente ao que postula a citação, uma vez
26. (Uefs) Participar do processo político e poder eleger instaurada a democracia no Brasil, em 1945, esta foi
seus representantes é um direito de todo cidadão sempre mantida por todos os governos que se
brasileiro. No entanto, a grande maioria da população sucederam desde então.
vota em seus candidatos sem a mínima noção de como e) a redemocratização do Brasil foi um processo
funciona o sistema político em questão. iniciado e consolidado, exclusivamente, por meio da
vontade e da ação popular.
Como funciona o sistema político brasileiro. Disponível em:
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/politica/como-funciona-sistema-
politicobrasileiro.htm. Acesso em: 25 fev. 2016. ● Texto complementar

O sistema político a que se refere o texto, e que funciona RESPONSABILIDADE PELAS DIFERENÇAS
no Estado brasileiro, tem como características ser É DA SOCIEDADE ATUAL
a) representado pela Confederação de Estados
autônomos, ligados pela estrutura unitária. No período colonial e imperial brasileiro, um modelo
b) uma estrutura de sistema parlamentarista orientada de escravidão extremamente brutal sobre suas vítimas não
pelos poderes Executivo e Moderador. deixara de lograr mecanismos de mobilidade social para
c) um poder Legislativo único para todo o país, alguns descendentes de escravizados que se tornaram
excluindo os legislativos estaduais. libertos.
d) de caráter eletivo e transitório, no que se refere aos No Brasil do século XIX, em algumas regiões, eles
componentes do Supremo Tribunal de Justiça (STJ). poderiam chegar mesmo a 80% do total da população livre;
dados semelhantes aos de Cuba. No sul dos Estados Unidos,
e) uma república democrática, representativa,
por exemplo, o índice era de apenas 4%. Alguns destes
federativa e presidencialista.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
chegaram – de forma ainda hoje inédita – aos altos escalões O racismo e as assimetrias de cor ou raça do presente
da vida cultural e política do país. A lista não é tão pequena não são produtos da escravidão, muito embora tenham sido
assim: Rebouças, Patrocínio, Caldas Barbosa, Machado de vitais para o seu funcionamento. Em sendo uma herança
Assis. perpétua e acriticamente atual.
Na contramão, há quem afirme que a liberdade O que fazer para superar este legado? Este é o desafio
conquistada pela alforria, em nossa antiga sociedade, era de todos nós, habitantes deste sexto século brasileiro que há
extremamente precária – em razão da cor, tornando as pouco despertou.
pessoas libertas de tez mais escura no máximo quase- GOMES, Flávio; PAIXÃO, Marcelo. Disponível em:
-cidadãos. http://www1.folha.uol.com.br/fsp/especial/fj2311200806.htm.
Adaptado.
De qualquer maneira, se é verdade que nossa realidade
colonial e imperial guarda uma complexidade própria, o fato 28. (Uefs) Mais recentemente, um grupo com integrantes
é que ao longo do século XX a antiga sociedade acabaria reuniu-se no Facebook em torno da sigla QLC Secret
abrigando um desconcertante paradoxo. O escravismo não para ofender famosos e não famosos.
tivera nada de harmonioso, mas o sistema de dominação A primeira vítima foi a atriz Taís Araújo, alvo de
abria margens para infiltrações. comentários racistas. No processo, que corre sob
Para as experiências do pós-emancipação, cor, raça e segredo de Justiça, uma juíza da 23ª Vara Criminal do
racismo foram paisagens permanentemente reconfiguradas. Rio determinou ao Facebook que fornecesse
Ordem, trabalho, disciplina e progresso dialogaram com as
informações detalhadas da quadrilha e removesse a
políticas públicas de aparato policial e criminalização dos
página. A empresa entregou alguns dados cadastrais, e
descendentes dos escravizados e suas formas de
só. A página continua no ar. A multa, de 6 de novembro,
manifestação cultural e simbólica.
não foi paga: são 3,5 milhões de reais por dia.
No projeto de nossas elites desse período, vigorou a
concepção de que o desenvolvimento socioeconômico era RITTO, Cecília; LEITÃO, Leslie. Silêncio de treze horas. Veja.
incompatível com nossas origens ancestrais em termos São Paulo: Abril, ed. 2457, ano 48, n. 51, 23 dez. 2015, p. 92.
étnicos. Países com maiorias não brancas não atingiram, e
jamais alcançariam, o tão desejado progresso. O conteúdo racista aludido no texto expressa uma face da
Os perniciosos efeitos do sistema escravista foram chamada “democracia racial” brasileira, historicamente
associados às suas vítimas, ou seja, os escravizados. responsável pela
No contexto posterior aos anos 1930, a valorização a) negação da existência de comportamentos racistas na
simbólica da mestiçagem seria um importante combustível sociedade e na dificuldade de reprimi-los, malgrado
ideológico do projeto desenvolvimentista. Dado o momento a existência de legislação claramente contrária.
histórico em que fora forjado, se pode até reconhecer que tal b) rápida repressão aos ataques racistas, punidos
discurso poderia abrigar algum tipo de perspectiva severamente com a prisão sem fiança e a condenação
progressista. Por outro lado, ao consagrar como natural a sumária do acusado.
convergência das linhas de classe e cor, tal lógica tentou c) ineficácia das ações contra os comportamentos
convencer que diferenças sociais derivadas de aparências racistas, em vista da ausência de denúncia aos
físicas (cor da pele, traços faciais), conquanto nítidas e órgãos responsáveis pelas próprias vítimas.
persistentes, inexistiam. d) falta de uma legislação clara e objetiva que
Ou se existiam eram para ser esquecidas, abafadas ou especifique o caráter criminoso dos ataques e das
comentadas no íntimo do lar. Como tal, o mito da ofensas racistas.
democracia racial serviu não apenas ao projeto de e) inexistência de restrições racistas nas relações entre
industrialização do país. Também se associou a um modelo as diferentes classes sociais brasileiras.
de desenvolvimento que viria a ser assumidamente
concentrador de renda e poder político em termos 29. (Uepa)
sociorraciais, dado que tais assimetrias passaram a ser
incorporadas à paisagem das coisas. HOMENS DE LUTA
Após o fim do mito da democracia racial, parece que se
torna necessário romper com uma segunda lenda. A de que
André Rebouças (1838-1898): filho do conselheiro
as assimetrias de cor ou raça sejam decorrência direta do
Antônio Pereira Rebouças, político e advogado mulato, e de
escravismo, findado há 120 anos.
Carolina Pinto Rebouças, nasceu na Bahia, mudou-se para a
Tal compreensão retira da sociedade do presente a
Corte e formou-se em Engenharia. Em visita aos EUA nos
responsabilidade pela construção de um quadro social
anos de 1870, revoltou-se com a segregação racial e mais
extremamente injusto gerado a cada instante, colocando tal
tarde aderiu à Sociedade Brasileira contra a Escravidão e a
fardo apenas nos ombros do distante passado. Nosso racismo
Confederação Abolicionista.
está embebido de uma forte associação entre cor da pele e
José do Patrocínio (1854-1905): filho do padre e dono
uma condição social esperada ou desejada. Tal correlação
de escravos João Carlos Monteiro e de sua escrava Justina
atua nos diversos momentos da vida social, econômica e
do Espírito Santos, nasceu em Campos do Goitacazes, no
institucional.
A leitura dos indicadores sociais decompostos pela Rio de Janeiro. Optou pelo jornalismo, embora tenha se
variável cor ou raça expressa a dimensão de tais práticas formado farmacêutico. Atuou em periódicos abolicionistas
sociais inaceitáveis. Se os afrodescendentes se conformam como a Gazeta de Notícias e a Gazeta da Tarde. Em 1883,
com tal realidade, fica então ratificado o mito. Se não se lançou o Manifesto da Confederação Abolicionista, e ao
conformam, dizem os maus presságios: haverá ruptura de lado de Joaquim Nabuco, fundou a Sociedade Brasileira
nossa paz social. contra a Escravidão.

15 013.847 – 139466/19
CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
Luiz Gama (1830-1882): nasceu em Salvador, filho de 30. (UFRGS) Leia a seguir a letra da música
um fidalgo português com uma negra, Luiza Mahin. Apesar “As caravanas”, de Chico Buarque, lançada em 2017.
de livre, seu pai o vendeu como escravo em São Paulo. Foi
escrivão, poeta, jornalista e “advogado” dos escravos, sem É um dia de real grandeza, tudo azul
diploma. Tinha apenas uma provisão do governo. Em 1881, Um mar turquesa a la Istambul enchendo os olhos
criou a Caixa Emancipadora Luiz Gama para a compra de E um sol de torrar os miolos
alforrias. Quando pinta em Copacabana
Francisco de Paula Brito (1809-1861): carioca, filho
de carpinteiro, nunca foi à escola, mas tornou-se poeta, A caravana do Arará – do Caxangá, da Chatuba
tradutor, jornalista, editor e livreiro famoso, a ponto de A caravana do Irajá, o comboio da Penha
D. Pedro II imprimir todo o material oficial em suas Não há barreira que retenha esses estranhos
Suburbanos tipo muçulmanos do Jacarezinho
oficinas. Em 1833, publica O homem de cor, considerado
A caminho do Jardim de Alá – é o bicho, é o buchicho, é
um dos primeiros jornais a discutir o preconceito racial.
a charanga
MATTOS, Hebe Maria. A face negra da abolição.
In: Revista História, ano 2, n.19, maio de 2005, p. 20. [...]

Os breves relatos no texto informam aspectos Com negros torsos nus deixam em polvorosa
biográficos de homens que lutaram a favor das ideias A gente ordeira e virtuosa que apela
abolicionistas, a partir dos quais se infere que Pra polícia despachar de volta
a) o fim da escravidão resultou da articulação política O populacho pra favela
Ou pra Benguela, ou pra Guiné
entre simpatizantes da ideologia americana no tocante à
igualdade civil dos homens e dos ideais franceses de Sol, a culpa deve ser do sol
liberdade defendidos por jovens brancos de classe Que bate na moleira, o sol
social privilegiada economicamente que eram Que estoura as veias, o suor
jornalistas, bacharéis, poetas e militares conforme Que embaça os olhos e a razão
aponta o texto.
b) as ideias abolicionistas se limitaram ao restrito E essa zoeira dentro da prisão
Crioulos empilhados no porão
círculo dos intelectuais menos populares, como o
De caravelas no alto-mar
dos jornais, onde trabalhou Luiz Gama, considerado Tem que bater, tem que matar, engrossa a gritaria
o “advogado” dos escravos e cujas ideias
favoreceram a reflexão, a divulgação e o Filha do medo, a raiva é mãe da covardia
amadurecimento de estratégias de compra de Ou doido sou eu que escuto vozes
escravos com o intuito de alforriá-los. Não há gente tão insana
c) a presença de donos de escravos como a do pai de Nem caravana do Arará.
José do Patrocínio fortaleceu a luta em favor da
Considerando a realidade brasileira contemporânea,
abolição pois, nestes casos, os laços de solidariedade a composição faz referência
entre proprietários e negros forros contribuíram para a) ao aquecimento global.
aumentar a pressão sobre o Estado, até que foi b) ao aumento da população islâmica no Rio de
Janeiro.
promulgada a Lei Áurea.
c) às doenças causadas pela exposição ao sol.
d) os jornais foram importantes veículos de d) ao caráter pacífico e cordial do cidadão brasileiro.
comunicação dos ideais de liberdade, embora ainda e) às formas de exclusão social e racial no Brasil.
estivessem sob a guarda de D. Pedro II, que
Fragmentos & análises
encomendava o material gráfico do império em uma
das tipografias abolicionistas, retardando a Também no Brasil o século XVIII é momento da maior
publicação da lei que garantia aos escravos os importância, fase de transição e preparação para a
mesmos direitos dos cidadãos. Independência. Demarcada, povoada, defendida, dilatada a
e) a abolição declarada na Lei Áurea, em 13 de maio de terra, o século vai lhe dar prosperidade econômica,
1888, é devedora da luta de homens que, em suas organização política e administrativa, ambiente para a vida
vivências, expressaram suas ideias em publicações cultural, terreno fecundo para a semente da liberdade. (...)
A literatura produzida nos fins do século XVIII reflete, de
que discutiam o preconceito, como foi o caso de
modo geral, esse espírito, podendo-se apontar a obra de
Francisco de Paula Brito, e que se indignavam com
Tomás Antônio Gonzaga como a sua expressão máxima.
situações de segregação social, como foi o caso de
André Rebouças. COUTINHO, Afrânio. Introdução à Literatura no Brasil.
Rio de Janeiro: EDLE, 1972, 7. ed. p. 127 e 138.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
31. (PUCCamp) Considere o manifesto a seguir. c) realização de acordos entre as elites regionais, que
evitou confrontos armados contrários ao projeto
MANIFESTO DOS BAIANOS, AGOSTO DE 1798 luso-brasileiro.
d) concessão da autonomia política regional, que
(...) considerando os muitos e repetidos latrocínios feitos atendeu aos interesses socioeconômicos dos grandes
com os títulos de imposturas, tributos e direitos que são proprietários.
cobrados por ordem da rainha de Lisboa (...) e no que e) Afirmação de um regime constitucional monárquico
respeita à inutilidade da escravidão do mesmo povo tão que garantiu a ordem associada à permanência da
sagrado e digno de ser livre, com respeito à liberdade e escravidão.
qualidade ordena, manda e quer que para o futuro seja
feita nesta cidade e seu termo a sua revolução para que Fragmentos & análises
seja exterminado para sempre o péssimo jugo da
Heróis são símbolos poderosos, encarnações de ideias
Europa.
e aspirações, pontos de referência, fulcros de identificação
In: KOSHIBA, Luiz; PEREIRA, Denise M. F. História do Brasil, coletiva. São, por isso, instrumentos eficazes para atingir a
no contexto da história ocidental. São Paulo: Atual, 2003, p.157. cabeça e o coração dos cidadãos a serviço da legitimação de
regimes políticos. Não há regime que não promova o culto a
Com base no manifesto, pode-se afirmar que, para os seus heróis e não possua seu panteão cívico.
conjurados baianos,
a) os movimentos de rebeldia favoreciam a divulgação CARVALHO, J. M. A formação das almas: o imaginário da República
das ideias liberais europeias e denunciavam a no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p. 55.
exploração metropolitana das riquezas da colônia.
b) o rompimento com a metrópole não significava 33. (Enem-PPL) É hoje a nossa festa nacional.
apenas a autonomia política, mas também a O Brasil inteiro, da capital do império a mais remota e
manutenção da estrutura econômica tradicional no insignificante de suas aldeolas, congrega-se unânime
país. para comemorar o dia que o tirou dentre as nações
c) a independência não era apenas a ruptura dos laços dependentes para colocá-lo entre as nações soberanas, e
coloniais, mas também a alteração da ordem social, a entregou-lhe os seus destinos, que até então haviam
começar pela abolição da escravatura. ficado a cargo de um povo estranho.
d) a rebelião não era apenas uma manifestação contra a Gazeta de Notícias, 7 set. 1883.
metrópole, mas também uma forma de demonstrar o
amadurecimento da consciência colonial. As festividades em torno da Independência do Brasil
e) autonomia política era a melhor maneira de eliminar marcam o nosso calendário desde os anos
as desigualdades sociais e construir uma nação imediatamente posteriores ao 7 de setembro de 1822.
baseada nos princípios do socialismo utópico. Essa comemoração está diretamente relacionada com
a) a construção e manutenção de símbolos para a
32. (Enem-PPL) É simplesmente espantoso que esses formação de uma identidade nacional.
núcleos tão desiguais e tão diferentes se tenham mantido b) o domínio da elite brasileira sobre os principais
aglutinados numa só nação. Durante o período colonial, cargos políticos, que se efetivou logo após 1882.
cada um deles teve relação direta com a metrópole. c) os interesses de senhores de terras que, após a
Ocorreu o extraordinário, fizemos um povo-nação, Independência, exigiram a abolição da escravidão.
englobando todas aquelas províncias ecológicas numa d) o apoio popular às medidas tomadas pelo governo
só entidade cívica e política. imperial para a expulsão de estrangeiros do país.
e) a consciência da população sobre os seus direitos
RIBEIRO, D. O povo brasileiro: formação e sentido do Brasil. adquiridos posteriormente à transferência da Corte
São Paulo: Cia. das Letras, 1988.
para o Rio de Janeiro.
Após a conquista da autonomia, a questão primordial do
34. (Enem) O número de votantes potenciais em 1872 era
Brasil residia em como garantir sua unidade político-
-territorial diante das características e práticas herdadas de 1.097.698, o que correspondia a 10,8% da população
da colonização. Relacionando o projeto de total. Esse número poderia chegar a 13% quando
independência à construção do Estado nacional separamos os escravos dos demais indivíduos. Em 1886,
brasileiro, a sua particularidade decorreu da cinco anos depois de a Lei Saraiva ter sido aprovada, o
a) ordenação de um pacto que reconheceu os direitos número de cidadãos que poderiam se qualificar eleitores
políticos aos homens, independentemente de cor, era de 117.022, isto é, 0,8% da população.
sexo ou religião.
b) estruturação de uma sociedade que adotou os CASTELLUCCI, A. A. S. Trabalhadores, máquina política e eleições na
privilégios de nascimento como critério de Primeira República.
Disponível em: www.ifch.unicamp.br. Acesso em: 28 jul. 2012.
hierarquização social.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
A explicação para a alteração envolvendo o número de A problemática descrita no texto pode ser associada, no
eleitores no período é a Brasil,
a) criação da Justiça Eleitoral. a) ao federalismo, que rejeitado pela oligarquia agrária,
b) exigência da alfabetização. possibilitava constantes intervenções da União sobre
c) redução da renda nacional.
o sistema eleitoral dos estados, para garantir o poder
d) exclusão do voto feminino.
local dos coronéis.
e) coibição do voto de cabresto.
b) ao voto aberto, o qual facilitava o uso do poder
coercitivo dos grandes proprietários para garantir a
Fragmentos & análises manutenção dos seus interesses articulados com os
Mais do que resultante de acasos e similares, como
do poder governamental.
aconteceu a muitos países, o Brasil é produto de uma obra.
c) às forças armadas, as quais desejavam conceder
Em sua primeira parte, feita à medida e semelhança do
maior participação política às camadas mais baixas
colonizador. Depois, conduzida pela classe dominante dele
herdeira, no melhor e sobretudo no pior da herança. da população e dos analfabetos para favorecer a
O sistema aí nascente projetou-se na história como um instalação de uma república.
processo sem interrupção, sem sequer solavancos. d) ao sufrágio universal, o qual garantia a participação
Escravocrata por tanto tempo, fez a abolição mais política àqueles que possuíssem uma renda anual
conveniente à classe dominante, não aos ex-escravizados. equivalente ou superior à da produção de cento e
A República trouxe recusas superficiais ao império, ficando cinquenta arrobas de ouro.
a expansão republicana do poder e dos direitos reduzida, no e) ao autoritarismo governamental, o qual possibilitava
máximo, a farsas, a começar do método fraudador das a continuidade do poder nas mãos daqueles eleitos
“eleições a bico de pena”.
diretamente pelo povo de acordo com as normas
FREITAS, Jânio de. Folha de S. Paulo, 30 abr. 2017. eleitorais herdadas do império.

35. (UPE-SSA) A Proclamação da República é um episódio


da modernização à brasileira. Nas décadas finais do 37. (UPE-SSA) Quando pensamos na relação entre o Estado
império, o vocábulo república expandiu seu campo e o movimento operário no Brasil da Primeira
semântico, incorporando as ideias de liberdade, República, logo temos em mente o velho jargão: a
progresso, ciência, democracia, termos que apontavam, “questão social” deveria ser tratada como “questão de
todos, para um futuro desejado.
polícia”. Há muito, fora desconstruída a atribuição dessa
MELLO, Maria Tereza Chaves. A modernidade Republicana. frase a Washington Luís, que, aliás, antes de ser
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tem/v13n26/a02v1326.pdf.
Adaptado. presidente da República, havia sido Secretário de
Segurança Pública e Governador de São Paulo, além de
O texto demonstra que, no final do segundo império, os
prefeito daquela capital durante o período das grandes
ideais republicanos já estavam bastante difundidos no
Brasil. Os adeptos do republicanismo, nesse período, greves entre 1917 e 1919.
tinham como principal pensamento a
OLIVEIRA, Tiago Bernadon de. Pela reforma, contra a revolução:
a) defesa do federalismo, buscando maior autonomia
Notas sobre o reformismo e colaboracionismo na história do
para as províncias. movimento operário brasileiro na Primeira República. Paraíba:
b) luta pela continuidade da concentração política, Revista Crítica Histórica, ano III, n. 5, julho, 2012, p. 33. Adaptado.
mesmo sem a figura do imperador.
c) organização de uma república centralizadora, sendo A equivocada manutenção da responsabilidade da
o estado de São Paulo a sede político-administrativa. autoria dessa frase ao presidente deposto em 1930 teve
d) implantação de um regime militar em que os grandes como principal consequência para o imaginário social a
nomes da guerra da Tríplice Fronteira tomassem a
ideia de que a
direção nacional.
a) repressão às classes populares não passou de retórica
e) construção de um parlamentarismo em que o
da oligarquia.
primeiro-ministro seria o responsável pela
b) ascensão do novo grupo garantiria o efetivo
manutenção da unidade nacional.
exercício da democracia.
36. (PUCCamp) A república trouxe recusas superficiais ao c) coerção contra as classes populares foi monopólio da
império, ficando a expansão republicana do poder e dos República Velha.
direitos reduzida, no máximo, a farsas, a começar do d) implantação de sindicatos seria a única forma de
método fraudador das “eleições a bico de pena”. garantir proteção social.
e) regulamentação da relação capital/trabalho só seria
FREITAS, Jânio de. Folha de S. Paulo, 30/04/2017.
possível no sudeste industrial.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
38. (Cefet-MG) Nada de excessos, a linha está traçada, é a O movimento político mencionado no texto
da Constituição. “Tornar prática a Constituição que caracterizou-se por
existe no papel deve ser o esforço dos liberais” e a) reclamar a participação das agremiações partidárias.
“Queremos a Constituição – não a Revolução”. Estas b) apoiar a permanência da ditadura estadonovista.
são palavras de um lutador histórico, Evaristo da Veiga,
c) demandar a confirmação dos direitos trabalhistas.
na sua Aurora Fluminense, o mesmo homem que a
d) reivindicar a transição constitucional sob influência
historiografia da Regência costuma opor ao regressismo.
do governante.
BOSI, Alfredo. Dialética da Colonização.
São Paulo: Companhia das Letras, 1992. Adaptado.
e) resgatar a representatividade dos sindicatos sob
controle social.
As palavras de Evaristo da Veiga refletem as ideias
dominantes entre os liberais brasileiros, na primeira 41. (UFG) Leia o trecho da composição a seguir.
metade do século XIX, para os quais era preciso
a) difundir os ideais favoráveis ao fim do sistema Mas se você achar
escravista.
Que eu tô derrotado
b) possibilitar o acesso à propriedade da terra aos
homens livres. Saiba que ainda estão rolando os dados
c) defender o cidadão proprietário no seu direito de Porque o tempo, o tempo não para.
eleger e ser eleito.
d) divulgar os princípios de liberdade, igualdade e A tua piscina tá cheia de ratos
fraternidade para todos. Tuas ideias não correspondem aos fatos
e) respeitar o direito de manifestação popular na defesa O tempo não para
de seus interesses.

39. (Enem-PPL) Nos primeiros anos do governo Vargas, as Eu vejo o futuro repetir o passado
organizações operárias sob controle das correntes de Eu vejo um museu de grandes novidades
esquerda tentaram se opor ao seu enquadramento pelo O tempo não para
Estado. Mas a tentativa fracassou. Além do governo, a Não para, não, não para.
própria base dessas organizações pressionou pela
legalização. Vários benefícios, como as férias e a
possibilidade de postular direitos perante as Juntas de CAZUZA. O tempo não para. Álbum O tempo não para.
Gravadora Universal Music Brasil, 1989. Faixa 6. Adaptado.
Conciliação e Julgamento, dependiam da condição de
ser membro de sindicato reconhecido pelo governo.
Datada de 1989, a composição de Cazuza integra o
FAUSTO, B. História concisa do Brasil. repertório do rock nacional. Atingindo um público
São Paulo: Edusp; Imprensa Oficial do Estado, 2002. Adaptado.
amplo, essa composição exprime uma relação entre a
No contexto histórico retratado pelo texto, a relação vivência dos jovens e a apreensão de seu tempo, quando
entre governo e movimento sindical foi caracterizada a) vincula presente e futuro, expressando a
a) pelas benesses sociais do getulismo. incapacidade de mudança na cultura juvenil
b) por um diálogo democraticamente constituído. dominada pelo autoritarismo.
c) por uma legislação construída consensualmente.
b) contraria a vivência subjetiva do tempo,
d) pelo reconhecimento de diferentes ideologias
subordinando a experiência do indivíduo ao coletivo
políticas.
e) pela vinculação de direitos trabalhistas à tutela do em defesa do patriotismo.
Estado. c) recusa a memória sobre o passado, tentando se
liberar das ocorrências opressoras da década anterior
40. (Enem) Estão aí, como se sabe, dois candidatos à que afetaram a juventude resistente.
presidência, os senhores Eduardo Gomes e Eurico
d) identifica o conflito entre gerações, revelando o
Dutra, e um terceiro, o senhor Getúlio Vargas, que deve
ser candidato de algum grupo político oculto, mas é desejo da juventude do presente em criticar as
também o candidato popular. Porque há dois referências éticas que conduziram a transição à
“queremos”: o “queremos” dos que querem ver se democracia.
continuam nas posições e o “queremos” popular... e) explora a desaceleração do tempo, aludindo ao
Afinal, o que é que o senhor Getúlio Vargas é?
sentimento de um presente que se repete porque o
É fascista? É comunista? É ateu? É cristão? Quer sair?
Quer ficar? O povo, entretanto, parece que gosta dele ideal democrático parecia distante.
por isso mesmo, porque ele é “à moda da casa”.
A Democracia. 16 set. 1945. Apud GOMES. A.C.; D’ARAÚJO, M. C.
Getulismo e trabalhismo. São Paulo: Ática, 1989.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
Assinale a obra que corresponde ao movimento artístico
PROFESSOR NILTON SOUSA
descrito no texto.
a)
1. (FGV) A Comuna é, assim, um órgão executivo e
legislativo ao mesmo tempo, onde os poderes não estão
“divididos”, mas sim “descentralizados”. (...) nasce
como prefeitura e age como tal. Mas acima dela nada
existe. (...) A Comuna toma funções próprias do Estado
centralizador e, ao projetá-lo em uma dimensão
municipal, converte-se, de fato, em uma reformulação
fundamental da relação entre o poder e a sociedade. (...)
seria o “governo dos produtores”, a “república do
b)
trabalho”.
GONZÁLEZ, Horácio. A Comuna de Paris, 1982.

A partir do excerto e do que se sabe sobre a Comuna,


é correto afirmar que
a) a Comuna de Paris foi um órgão político
centralizador, nascido em meio à Primeira Guerra,
em 1914, e visava manter as relações típicas entre o
poder e a sociedade da hierarquia liberal burguesa,
isto é, baseadas no capital e na propriedade; foi c)
derrotada.
b) foi uma forma de autogestão, nascida da luta liberal
em Paris, cidade abandonada pelo governo de
Thiers, em meio à Guerra Franco-Prussiana, em
1914, para proteção das relações entre o poder
centralizado e a sociedade da ordem liberal
burguesa; foi vencedora.
c) a Comuna de Paris nasceu como uma
municipalidade, em 1871; visou transformar as
funções do Estado em um pacto comunal que
destruiu as forças políticas contra o trabalhador
baseadas nas relações de solidariedade; foi
derrotada. d)
d) os trabalhadores de Paris tomaram o poder, em 1871,
para impedir o avanço alemão sobre a cidade; eles
tinham o objetivo de alterar as relações democráticas
existentes, baseadas na cooperação e na
descentralização; foram vencedores.
e) a Comuna nasceu em Versalhes, em meio à Guerra
Franco-Prussiana, em 1866, para proteger o governo
antidemocrático que havia abandonado Paris e cuja
ação privilegiava os interesses dos trabalhadores e)
urbanos e do campo; foi derrotada.

2. (UPE-SSA) Um dos primeiros movimentos artísticos,


que surge em reação ao Neoclassicismo do século
XVIII, é o Romantismo, historicamente situado entre
1820 e 1850. Os artistas românticos procuraram se
libertar das convenções acadêmicas em favor da livre
expressão da personalidade do artista.

Disponível em: https://www.historiadasartes.com/


nomundo/arte-seculo-19/romantismo. Adaptado.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
3. (UFJF-Pism-2) Observe o documento a seguir. 5. (Unioeste)
INFELICIDADE!

Nossos cidadãos encarcerados nesses locais,


Servem para cimentar esse alojamento odioso;
Com as próprias mãos eles erguem, nos ferros aviltados,
Essa morada do orgulho e da tirania.
Mas, creia-me, no momento em que eles virem seus
vingadores
Eles mesmos destruirão essa assustadora obra,
Instrumento de sua vergonha e de sua escravidão

Com esses dizeres, um “americano” do Peru conclama


seu povo à libertação da escravidão na peça dramática
Alzira, [...], escrita por Voltaire em 1736. O texto é
piedoso com a sorte dos escravos do Novo Mundo,
demonstra simpatia por sua revolta e saúda a
possibilidade de uma reconciliação final baseada na
Disponível em: https//goo.gl/v2BpLx.
liberdade coletiva.
Em 1766, o francês Joseph Mosneron assistiu à
Sugestão de tradução: representação dessa obra a bordo do navio [francês][...].
República Francesa Comoveu-se com os versos que ouviu, apesar de a
Liberdade – Igualdade – Fraternidde princesa Alzira, a heroína que dá nome ao romance, ser
A Comuna de Paris decreta: representada por um vigoroso marinheiro com ares de
1. O alistamento está abolido; Hércules. Enquanto o pontilhão servia de palco
2. Nenhuma força militar diferente da Guarda [improvisado] para os atores, nos porões embaixo dele
Nacional será cirada ou introduzida em Paris; aglomeravam-se centenas de seres humanos capturados
3. Todos os cidadãos farão parte da Guarda Nacional. na África. Eles estavam sendo transportados,
4. Hotel de Ville, 29 de março de 1871. justamente, para o Caribe.
Como explicar essa esquizofrenia? Como é possível que
Com relação à Comuna de Paris, assinale a alternativa Mosneron tenha se abalado com a peça e não com os
correta. personagens reais que a inspiraram? Suponho que o
a) Fortaleceu a posição dos militares diante da próprio texto de Alzira contribui para isso, ao evocar a
sociedade francesa. escravidão apenas dos “americanos”, e omitir qualquer
b) Baseou-se no ideal centralizador do absolutismo. menção ao tráfico transatlântico de africanos, em pleno
c) Estimulou os privilégios e a hierarquização da apogeu quando Voltaire escreveu a peça. [...].
sociedade. O século das luzes, que assistiu à insurreição da filosofia
d) Instituiu o ensino religioso em toda a França. contra o monarquismo, o absolutismo e a Igreja, foi
e) Foi uma fonte de inspiração para o movimento também o ápice da expansão desse comércio absurdo. A
operário. França enviou, no total, 1,1 milhão de escravos para as
colônias [...] antes da proibição definitiva do tráfico, em
4. (Unifesp) Signos infalíveis anunciam que, dentro de 1831. A abolição seria instituída em territórios franceses
poucos anos, as questões das nacionalidades, apenas em 1848.
combinadas com as questões sociais, dominarão sobre Na verdade, esse tipo de negócio já era quase clandestino
todas as demais no continente europeu. desde 3 de julho de 1315, quando um edito de Luís X
Henri Martin, 1847.
baniu a possibilidade de escravidão em todo o reino.
Porém, no século XV, a demanda por mão de obra
Tendo em vista o que ocorreu século e meio depois
aumentou nas colônias e fez-se necessário tomar certas
dessa declaração, pode-se afirmar que o autor
atitudes. A solução inicial foi explorar as populações
a) estava desinformado, pois naquele momento tais
locais, exterminadas com rapidez. Recorreu-se, então, aos
questões já apareciam como parcialmente resolvidas
“alistados” brancos, homens geralmente forçados ao
em grande parte da Europa.
exílio que assinavam contratos válidos por três anos e
b) soube identificar, nas linhas de força da história
eram tratados nas mesmas condições que os negros.
europeia, a articulação entre intelectuais e
Um panfleto anônimo, ‘Sobre a necessidade de se adotar
nacionalismo.
a escravidão na França’, expressa a visão da época: era
c) foi incapaz de perceber que as forças do antigo
preciso ‘colocar pobres e indigentes para trabalhar’.
regime eram suficientemente flexíveis para
Menosprezos racial e de classe não são incompatíveis
incorporar e anular tais questões.
[com a França iluminista]? [...]
d) demonstrou sensibilidade ao perceber que aquelas
duas questões estavam na ordem do dia e como tal GRESH, Alain. Escravidão à francesa. Le Monde Diplomatique.
iriam por muito tempo ficar. 1 abril 2008.
Disponível em: http://diplomatique.org.br/escravidao-a-francesa.
e) exemplificou a impossibilidade de se preverem as Acesso em: 10 ago. 2017. Adaptado.
tendências da história, tendo em vista que uma das
questões foi logo resolvida.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
A partir das considerações indicadas na matéria, as o governo era algo que as pessoas criavam para
quais apontam a influência histórica dos pensadores satisfazer as necessidades humanas, os atenienses
iluministas e da participação francesa nos debates sobre consideravam seus governantes homens que haviam
liberdade e cidadania, é correto afirmar: demonstrado capacidade para dirigir o Estado, e não
a) A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, deuses ou sacerdotes.
de 1789, aboliu as desigualdades vivenciadas na CAMPOS, Flavio de e Renan G. Miranda. A escrita da História, 2005.
França até aquele momento e, também, inspirou
outros povos a buscarem essa noção de liberdade e De acordo com o excerto e seus conhecimentos,
cidadania em seus países. é correto afirmar que
b) Ao final do processo de contestação monárquico a) a concepção moderna de democracia deriva da
francês, a burguesia saiu fortalecida e houve o fim Revolução Francesa e da Atenas antiga, embora
nesta a cidadania estivesse limitada à minoria da
dos privilégios da nobreza, sendo redistribuída suas
população.
terras aos camponeses e população desabrigada. b) a democracia ateniense, por fundamentar-se na
c) Os princípios iluministas, envolvendo a valorização comunidade de homens livres, não era compatível
do conhecimento científico e de contestação à com a existência de trabalho escravo.
escravidão, foram amplamente difundidos por c) a Revolução Francesa ampliou o conceito de
combaterem ações escravistas desenvolvidas em democracia grega, ao tornar cidadãos todos os
outros países, além de impedir tomadas de decisões habitantes da comunidade, inclusive as mulheres e
francesas que fossem favoráveis à exploração os estrangeiros.
escrava. d) os gregos desenvolveram a noção de lei como uma
emanação dos deuses, à qual os homens deveriam
d) O princípio “liberdade, igualdade e fraternidade”,
obedecer após discussão em assembleia.
utilizado como slogan de mudança histórica,
e) os atenienses vinculavam a política à religião e, por
determinou o debate e a ação comum na França isso, seu Estado nacional dependia da razão divina e
(incluindo políticas reparatórias) para que todos os limitava a expressão política dos cidadãos.
cidadãos usufruíssem desses ideais a curto e longo
prazo. 8. (UEG) Leia o texto a seguir.
e) Os conflitos recentes na França (evidenciados em
Árabes, turcos, mongóis, que sucessivamente
enfrentamentos nas ruas, canções, redes sociais e invadiram a Índia, cedo ficaram indianizados, uma vez
etc.) sugerem que a desigualdade social, aliada aos que, segundo uma lei eterna da história,
problemas étnicos, ainda não foram superados e os conquistadores bárbaros são eles próprios
suscitam discussões sobre noções de liberdade e conquistados pela superior civilização dos seus súditos.
cidadania no país. Os britânicos foram os primeiros conquistadores
superiores e, por conseguinte, inacessíveis à civilização
6. (EsPCEx-(Aman)) Leia as afirmações abaixo referentes hindu. Destruíram-na, rebentando com as comunidades
à Revolução Francesa. nativas, arrancando pela raiz a indústria nativa e
I. Sua principal função social era defender a nação; nivelando tudo o que era grande e elevado na sociedade
nativa.
II. Fase da Revolução Francesa que durou de 1794 até
1799; Karl Marx. In. PRAXEDES, Walter. Eurocentrismo e racismo
nos clássicos da filosofia e das ciências sociais. Revista Espaço
III. Revoltas camponesas comuns na França na década Acadêmico, n. 83. abril de 2008.
de 1780; Disponível em: www.espacoacademico.com.br/083/83praxedes.html.
IV. Defendiam um governo central forte, o voto Acesso em: 02 set. 2016.
universal e a participação popular na direção do O autor do texto citado foi Karl Marx (1818-1883), um
processo revolucionário. dos mais destacados intelectuais da segunda metade do
século XIX.
Os fragmentos I, II, III e IV referem-se,
respectivamente, ao/à(s) Como documento histórico de uma época, o texto revela
a) jacobinos, diretório, nobreza, jaqueries. que
b) nobreza, diretório, jaqueries, jacobinos. a) o marxismo foi uma teoria que, apesar dos seus
c) diretório, jaqueries, jacobinos, nobreza. apelos socialistas, foi criada para defender os
d) nobreza, jaqueries, diretório, jacobinos. interesses colonialistas dos países capitalistas
e) jaqueries, jacobinos, nobreza, diretório. europeus.
b) o hinduísmo é uma religião sofisticada e “elevada”,
7. (Famema) Nosso atual modelo de Estado é fruto da que garantiu a manutenção da identidade cultural
Revolução Francesa, que, fascinada pela democracia hindu frente a todos os conquistadores.
grega, considerava que os atenienses criaram o princípio c) a universal “lei eterna da história”, apregoada pelo
do Estado legal – um governo fundado em leis autor, retrata coerentemente a conquista de Roma
discutidas, planejadas, emendadas e obedecidas por pelos bárbaros e a invasão britânica na Índia.
cidadãos livres – e a ideia de que o Estado representa
uma comunidade de cidadãos livres. Ao afirmarem que

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
d) a concepção eurocêntrica do autor, um homem de b) esse tema continua presente no debate político
seu tempo, levou-o a ressaltar a superioridade alemão, pois inexistem fontes documentais que
cultural britânica frente à civilização hindu. comprovem a ocorrência do genocídio.
e) a dominação capitalista britânica não teve condições c) esse tema foi bastante discutido no período do
efetivas de desenvolver-se na Índia, em virtude da pós-guerra, mas é inadequado abordá-lo hoje, pois
debilidade de sua indústria nativa.
acentua as divergências políticas no país.
9. (FGV-RJ) O direito ao sufrágio torna-se, na viragem do d) os alemães foram coletivamente responsáveis pelo
século, o eixo principal da luta feminista. Para as genocídio judaico, pois a maioria da população teve
radicais não se trata apenas de um princípio de participação direta na ação.
igualdade, mas de uma condição sine qua non da e) os alemães defendem hoje a participação de seus
realização dos direitos na vida privada e pública. Para as ancestrais no genocídio, pois consideram que tal
moderadas, o sufrágio permanece um objetivo atitude foi uma estratégia de sobrevivência.
longínquo; ele será a coroação de seus esforços: devem
merecê-lo graças a uma melhor formação e dar as suas 11. (IFBA) Podemos caracterizar historicamente o fascismo
provas por meio de um trabalho de utilidade pública. do entreguerras como
a) um movimento que visa a inserção de um país de
KÄPPELI, A.-M., Cenas feministas. In: DUBY, G.; PERROT, M. forma autônoma e independente no mercado
dir., História das Mulheres. O século XIX. Trad., mundial capitalista, colocando a pátria em primeiro
Porto: Afrontamento, 1994, p. 556.
lugar para melhor distribuição de empregos e
Os movimentos feministas, no final do século XIX, posições para todos os seus cidadãos.
a) possuíam como objetivo o estabelecimento de cotas b) personalização do líder, o pai da nação, em oposição
de participação de mulheres nas atividades públicas ao multipartidarismo democrático; nacionalismo
nos países europeus. beligerante, seus principais votantes se encontravam
b) conseguiram a equiparação com os homens no que na classe média e média baixas, frustradas pelas
diz respeito ao direito de voto em todos os países crises do modelo liberal parlamentar e econômico
europeus até o final do século XIX. liberal; anticomunismo, responsável pela divisão da
c) tinham como objetivo o direito de voto mesmo que, nação através das lutas de classes e pelo
para as mais moderadas, não fosse uma conquista a internacionalismo; xenofobia e racismo, causados
ser obtida imediatamente. por ressentimentos históricos que iam desde a perda
d) obtiveram o direito ao trabalho para as mulheres e de guerras e territórios até diferenças religiosas e
para as crianças nas fábricas e em outros serviços linguísticas.
urbanos oferecidos nos países da Europa. c) um movimento que tem origens históricas na
e) mantiveram-se isolados e independentes dos tradição política da esquerda internacionalista, por
movimentos socialistas e anarquistas do período. isso seria estatista e contrário ao liberalismo
econômico. A cor vermelha da bandeira do partido
10. (Unesp) – Então, todos os alemães dessa época são Nacional-Socialista era inspirada na Revolução
culpados? Russa, que adotou as cores vermelhas quando se
– Essa pergunta surgiu depois da guerra e permanece até transformou de Rússia para URSS.
hoje. Nenhum povo é coletivamente culpado. d) uma boa parte dos seus líderes tinha origem no
Os alemães contrários ao nazismo foram perseguidos, comunismo ou socialismo. A política era voltada
presos em campos de concentração, forçados ao exílio. para as massas, revelando seu caráter democrático e
A Alemanha estava, como muitos outros países da em prol dos trabalhadores pobres. Com o passar do
Europa, impregnada de antissemitismo, ainda que os tempo, passaram a divergir dos comunistas por conta
antissemitas ativos, assassinos, fossem apenas uma do nacionalismo. Para eles, a revolução tinha que ser
minoria. Estima-se hoje que cerca de 100 000 alemães nacional, enquanto os comunistas defendiam o
participaram de forma ativa do genocídio. Mas o que internacionalismo. Foi dessa forma que cresceu a
dizer dos outros, os que viram seus vizinhos judeus xenofobia entre os fascistas, pois temiam que o
serem presos ou os que os levaram para os trens de internacionalismo fizesse com que seus trabalhadores
deportação? perdessem empregos.
e) o fascismo foi uma resposta à ascensão imperialista
WIEVIORKA, Annette. Auschwitz explicado à minha filha, 2000. norte-americana após a Primeira Guerra Mundial.
Adaptado.

12. (UEMG) Há duzentos anos, em 9 de junho de 1815,


Ao tratar da atitude dos alemães frente à perseguição encerrava-se o Congresso de Viena, conferência de
nazista aos judeus, o texto defende a ideia de que países europeus que, após nove meses de deliberações,
a) os alemães comportaram-se de forma diversa perante estabeleceu um plano de paz de longo prazo para o
o genocídio, mas muitos mostraram-se tolerantes continente, que vivia um contexto político
diante do que acontecia no país. conturbado(...). Para alcançar esse objetivo,

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
os diplomatas presentes ao Congresso de Viena criaram Artigo 8.º – Qualquer embarcação que, por meio de uma
um mecanismo de pesos e contrapesos conhecido como declaração, transgredir a disposição acima, será
“Concerto Europeu”(...). O Concerto Europeu procurou apresada e o navio e sua carga serão confiscados como
substituir um arranjo unipolar por um sistema inovador se fossem propriedade inglesa.
de consultas plurilaterais. Esse esforço visava a garantir
a estabilidade europeia no pós-guerra. Excerto do Bloqueio Continental, Napoleão Bonaparte.
Citado por Kátia M. de Queirós Mattoso.
Disponível em: http://blog.itamaraty.gov.br/63-historia/ Textos e documentos para o estudo da história contemporânea
146-200-anos-do-congresso-de-viena. (1789-1963), 1977.)
Acesso em: 20 jul. 2015.
Esses artigos do Bloqueio Continental, decretado pelo
imperador da França em 1806, permitem notar a
disposição francesa de
a) estimular a autonomia das colônias inglesas na
América, que passariam a depender mais de seu
comércio interno.
b) impedir a Inglaterra de negociar com a França uma
nova legislação para o comércio na Europa e nas
áreas coloniais.
c) provocar a transferência da Corte portuguesa para o
Brasil, por meio da ocupação militar da Península
Ibérica.
d) ampliar a ação de corsários ingleses no norte do
Oceano Atlântico e ampliar a hegemonia francesa
nos mares europeus.
Disponível em: http://blog.itamaraty.gov.br/images/biena.jpg. e) debilitar economicamente a Inglaterra, então em
Acesso em: 19 set. 2015. processo de industrialização, limitando seu comércio
com o restante da Europa.
O contexto conturbado vivido pela Europa antes do
Congresso de Viena e os resultados deste foram, 14. (Ibmec-SP) A expansão napoleônica no século XIX
respectivamente, influenciou decisivamente vários acontecimentos
a) a guerra dos sete anos que colocaram em confronto históricos no período. Dentre esses acontecimentos,
Inglaterra e França em função de disputas territoriais
podemos destacar:
na América. – A expulsão da França da Liga das
Nações por ter desrespeitado regras internacionais a) A Independência dos Estados Unidos. Com a
preestabelecidas. atenção da Inglaterra voltada para as batalhas com a
b) a disputa imperialista protagonizada pelas nações marinha napoleônica, os colonos americanos
europeias em função da crise econômica vivida no declararam sua independência, vencendo
século XIX. – Evitou-se provisoriamente um
rapidamente os ingleses.
conflito de proporções mundiais já que, por meio de
concessões, garantiu-se um equilíbrio político. b) A formação da Santa Aliança, um pacto militar entre
c) a expansão napoleônica que destronou reis e Áustria, Prússia, Inglaterra e Rússia que evitou a
promoveu a invasão e ocupação militar sobre eclosão de movimentos revolucionários na Europa e
diversas regiões. – Restauração das monarquias impediu a independência das colônias espanholas e
depostas por Napoleão, legitimação das existentes à
inglesas na América.
época e a criação da Santa Aliança.
d) a primeira grande guerra, que foi consequência de c) A Independência do Brasil. Com a ocupação de
um momento marcado pelo nacionalismo Portugal pelas tropas napoleônicas, houve um
exacerbado e por rivalidades econômicas e enfraquecimento da monarquia portuguesa que
territoriais. – A imposição de uma paz culminou com as lutas pela independência e o
despreocupada com o equilíbrio mundial pois
rompimento de D. Pedro I com Portugal.
humilhava os derrotados.
d) A Independência das colônias espanholas. Em 1808,
13. (Unesp) Artigo 5.º – O comércio de mercadorias a Espanha foi ocupada pelas tropas napoleônicas ao
inglesas é proibido, e qualquer mercadoria pertencente à mesmo tempo em que se difundiam os ideais liberais
Inglaterra, ou proveniente de suas fábricas e de suas da Revolução Francesa que inspirou as lutas pela
colônias é declarada boa presa.
independência.
(...) e) O Congresso de Viena. A França de Napoleão
Artigo 7.º – Nenhuma embarcação vinda diretamente da assinou um pacto com a Áustria, Inglaterra e Rússia
Inglaterra ou das colônias inglesas, ou lá tendo estado, cujo objetivo maior era estabelecer uma trégua e
desde a publicação do presente decreto, será recebida reorganizar todo o mapa europeu.
em porto algum.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
15. (Mackenzie) Leia o texto a seguir. O texto caracteriza a Guerra Fria como
Crescimento econômico contínuo exigia a) um processo complexo, que envolveu desde
estabilidade política nacional e internacional. O governo questões militares até propagandas e resultou no
democrata chefiado por Truman (1945-1952), sob a domínio de grande parte do planeta pelas duas
pressão dos seus partidários do Sul, dos republicanos, e superpotências.
do empresariado, abandonou suas intenções de b) uma disputa diplomática, que se desenvolveu no
empreender mais reformas sociais, favorecendo uma interior dos órgãos internacionais e provocou
aliança entre empresas, governo e Forças Armadas com interferências apenas na política interna das duas
concessões limitadas à classe trabalhadora. Comentou superpotências.
Charles E. Wilson, presidente da General Motors, que o c) um binarismo primário, que se resumiu ao embate
melhor cenário seria uma “economia permanente de militar direto entre as duas superpotências e alijou os
guerra”. demais países das discussões políticas
PURDY, Sean. O século americano. In: KARNAL, Leandro (org.) internacionais.
História dos Estados Unidos. 3ª ed. d) um esforço para impedir que a propaganda liberal,
São Paulo: Editora Contexto, 2017, p. 227. liderada pela União Soviética, avançasse sobre o
Sobre o contexto retratado pelo excerto, assinale a planeta e suprimisse as liberdades vividas no
alternativa correta. Ocidente.
a) A Segunda Guerra Mundial abriu oportunidades de e) uma tentativa de impedir que a hegemonia norte-
crescimento econômico aos Estados Unidos. Com o -americana se impusesse sobre todo o planeta e
intuito de manter tal crescimento, e diante da nova submetesse a burguesia aos interesses do
realidade da Guerra Fria, o governo adotou uma proletariado mundial.
política de militarização da economia americana.
b) O envolvimento dos Estados Unidos na Primeira 17. (UPF) O Oriente Médio nas últimas décadas tem sido
Guerra Mundial abriu a possibilidade de
abalado por vários conflitos, como a Guerra do Líbano,
investimentos em países europeus. A presença
marcante de empresas estadunidenses na Alemanha, o conflito Irã/Iraque, a Guerra do Golfo e a questão
no imediato pós-Guerra, é o principal exemplo Palestina.
desses investimentos.
c) Fundado em 1944, o FMI passou a ser o meio pelo Assinale a alternativa cujo fator informado apresenta a
qual os Estados Unidos dominaram os países após a melhor relação com a origem dessa situação conflituosa.
Segunda Guerra Mundial. Exemplo disso foram os a) A criação do Estado de Israel, sob a tutela alemã-
vultosos empréstimos concedidos pelo órgão a -britânica, numa região de ricas reservas de petróleo.
nações do sudeste asiático, resultando no surgimento b) O emaranhado de diferentes culturas, religiões e
dos “Tigres Asiáticos”.
interesses estrangeiros numa área localizada a meio
d) A Guerra Fria abriu oportunidades de
desenvolvimento bélico e tecnológico aos Estados caminho entre a Ásia, a Europa e a África.
Unidos. Por isso, conflitos diretos entre o país e a c) A disputa das poucas terras favoráveis ao cultivo
União Soviética, além de constantes, se mostraram numa área desértica, como as encontradas na
extremamente eficientes para a continuidade da planície da Mesopotâmia.
estabilidade da economia estadunidense. d) Os grandes lucros provenientes do petróleo que
e) Os esforços, movidos para a vitória na Segunda beneficiam apenas uma pequena parte da população
Guerra Mundial, resultaram em um crescimento nos países árabes.
acelerado da economia estadunidense. Para mantê-la, e) O aumento, de forma rápida e acentuada, do preço
o governo adotou, após o conflito, uma política de do barril de petróleo nos países-membros da OPEP
juros altos, concessão de empréstimos facilitados e
intervenções militares em países da América Latina. (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).

16. (Famerp) Essa guerra fria entre os Estados Unidos e a 18. (UFRGS) Desde 2011, a Síria tem sido palco de uma
União Soviética, e que envolve igualmente suas guerra civil entre o governo de Bashar al-Assad e vários
respectivas “áreas de influência”, apresenta inúmeros grupos armados de oposição, com motivações
aspectos ou facetas: a corrida armamentista, a corrida ideológicas e políticas diversas.
espacial, os tratados e acordos militares (especialmente Entre essas agrupações, uma das principais é o Estado
a OTAN e o Pacto de Varsóvia), a “ideologia da guerra Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), cuja meta é
fria”, como forma de controle sobre populações e a) a formação de repúblicas democráticas e seculares
Estados, a espionagem e os apoios ou incentivos a na Síria e no Iraque.
golpes militares e as oposições de governos aliados da b) a instauração de um califado mundial com
outra superpotência. Dificilmente um Estado consegue autoridade sobre todos os muçulmanos.
dispor livremente de uma real autonomia nesse c) a unificação do Iraque e da Síria sob um regime
contexto: as pressões dos dois lados são fortes e socialista e laico.
eficazes, obrigando esse Estado a procurar se posicionar d) o auxílio às forças ocidentais no combate ao
frente à guerra fria e encetar apoios e negócios com uma fundamentalismo islâmico, no Oriente Médio.
das superpotências. e) o apoio militar e político à ocupação norte-
VESENTINI, José William. Imperialismo e -americana do Iraque e da Síria.
geopolítica global, 1987.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
19. (UEMG) Leia a notícia a seguir. Considerando a história contemporânea, o texto aborda
algumas práticas associadas à emergência de regimes
Israel anunciou a retomada dos ataques aéreos à neoliberais pelo globo, ao longo das últimas décadas.
Gaza, após militantes palestinos terem disparado Assinale a alternativa que indica algumas dessas
foguetes contra o território israelense após o final de um práticas.
período de 72 horas de cessar-fogo, encerrado na manhã a) A estatização de empresas privadas, a extensão das
desta sexta-feira. redes de proteção social e o controle social dos
O exército israelense classificou os ataques como lucros das grandes corporações.
“inaceitáveis, intoleráveis e míopes”. O grupo militante b) A ampliação dos direitos democráticos, a crítica às
palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza, havia políticas de austeridade e a introdução de reformas
rejeitado a extensão do cessar-fogo, alegando que Israel sociais em larga escala.
não atendeu suas demandas. O atual conflito na Faixa de c) A privatização de empresas públicas, a precarização
Gaza já dura um mês, sem perspectivas de um acordo de das relações laborais e a introdução de políticas de
longo prazo que coloque fim à violência que já matou austeridade em larga escala.
mais de 1.900 pessoas, a maioria, civis. d) A defesa do nacionalismo econômico, a quebra de
Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/ grandes monopólios corporativos e o
2014/08/140730_gaza_entenda_gf_lk.shtml. enfraquecimento do sistema de seguridade social.
Acesso em: 10 ago. 2014. e) A criminalização da superexploração do trabalho, a
Como em décadas anteriores, a Faixa de Gaza foi palco ampliação do setor de serviços e a democratização
de mais um conflito entre palestinos e israelenses. das rendas nacionais.

Em relação a esse território, afirma-se corretamente que 21. (Fuvest) A história do século XIX foi marcada pela
a) está ocupado por tropas israelenses desde 1995, tensão entre tradições políticas e intelectuais que
quando começaram os assentamentos, e o governo apelava, ora para a força do nacionalismo, ora para o
judeu, desde então, se recusa a abrir negociações, vigor das ideias internacionalistas.
enquanto a parte ocidental de Jerusalém não for Indique a alternativa que traduz uma destas tradições.
devolvida pelo Hamas, que a ocupou em 2007. a) A formulação de alianças militares, a união de
b) foi ocupado por Israel, durante a guerra dos seis forças monárquicas e abolição das fronteiras
dias, em 1967, e devolvido para a Autoridade políticas contribuíram para minar o poder dos
Nacional Palestina em 2005. Atualmente é estados‐nacionais.
controlado pelo Hamas, que venceu as eleições b) O 1º de maio e os rituais trabalhistas manifestavam a
parlamentares de 2006 e rompeu com o partido ascensão de partidos e de movimentos de massa,
moderado Fatah. expressão do nacionalismo da classe trabalhadora.
c) pertence ao Egito, desde que o território palestino foi c) As guerras de caráter religioso que eclodiram na
desfeito, após o primeiro conflito entre árabes e Europa demonstram um enfraquecimento do poder
israelenses, em 1948. Em 2006, com a vitória do universal da Igreja Católica e a ascensão de tradições
Hamas nas eleições parlamentares, os atuais religiosas nacionais.
assentamentos palestinos começaram a ser criados. d) O apelo ao direito de autodeterminação dos povos
d) é atualmente controlado pelo Hamas, partido que questionou o poder das casas dinásticas e contribuiu
chegou ao poder com apoio do governo americano, para a posterior fragmentação dos grandes impérios
que via nesse grupo o catalisador para a europeus.
complementação do processo de paz iniciado em e) O culto do progresso e da liberdade despertou os
2005, com a assinatura do Tratado de Oslo. ideais republicanos e democráticos que
contribuíram para o estabelecimento de federações
20. (UFRGS) Leia o trecho a seguir, sobre a história do supranacionais.
neoliberalismo.
Não é novidade que, a partir do momento em que 22. (FMP) A respeito das propostas de regulamentação
a neoliberalização foi violenta e repentinamente imposta sobre o mercado de trabalho, no contexto da Primeira
em partes do sul global, nas décadas de 1970 e 1980, República, o historiador Luiz Werneck Vianna
seja por conquista imperial, golpes de Estado internos, escreveu:
exigência do Fundo Monetário Internacional (FMI) ou
alguma combinação destes, o trabalho foi amordaçado e Mais tarde, em 1917, quando o parlamento
o capital, posto à solta. [...] De um lado, as indústrias discutir o projeto de Código do Trabalho proposto por
estatais são privatizadas, proprietários estrangeiros são Maurício Lacerda, retoma-se a linguagem da ortodoxia,
atraídos, a retenção de lucros é assegurada; de outro, as como no seguinte voto vencedor de Borges de
greves são criminalizadas e os sindicatos, limitados, por Medeiros: “limitar as horas de trabalho diário de
vezes até declarados ilegais. homens e mulheres e vedar a labuta noturna de adultos
do sexo feminino é regulamentar o exercício de
ROWN, Wendy. Cidadania Sacrificial: neoliberalismo,
profissões e violar o artigo 72, parágrafo 24,
capital humano e políticas de austeridade. da Constituição Federal”.
Rio de Janeiro: Zazie Edições, 2018, p. 24.
VIANNA, L. W. Liberalismo e sindicato no Brasil.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989, p. 48.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
De acordo com o texto, a ortodoxia é uma referência c) a Declaração de Independência dos Estados Unidos
à(ao) da América, baseada nos princípios de Thomas
a) anarcossindicalismo. Paine, que reconhece como direitos inalienáveis a
b) liberalismo econômico. vida, a liberdade e a busca da felicidade.
c) herança escravista. d) a Declaração da primeira Convenção dos Direitos
d) política desenvolvimentista. das Mulheres nos Estados Unidos da América,
e) ideologia trabalhista. baseada nos princípios de Alexis de Tocqueville, que
se opunha à democracia na América.
23. (UFRGS) Leia o texto a seguir.
25. (Unesp)
Linguisticamente, a Europa tornou-se o lar dos
‘arianos’, falantes de línguas indo-europeias advindas da
Ásia. A Ásia Ocidental, por outro lado, foi o lar dos
povos nativos de línguas semitas, um ramo da família
afro-asiática que inclui a língua falada pelos judeus,
fenícios, árabes, coptas, berberes, e muitos outros do
norte da África e Ásia. Foi essa divisão entre arianos e
outros, incorporada mais tarde nas doutrinas nazistas,
que, na história popular da Europa, tendeu a encorajar o
subsequente menosprezo das contribuições do Oriente
para o crescimento da civilização.

GOODY, Jack. O roubo da história.


Como os europeus se apropriaram das ideias e invenções do Oriente.
São Paulo: Contexto, 2015, p. 38-39.

Assinale a alternativa que indica a visão de mundo


aludida no texto.
a) Antropocentrismo.
b) Eurocentrismo.
c) Paganismo.
d) Isolacionismo.
e) Humanismo.
O cartaz, afixado nos muros de Paris em maio de 1968,
24. (Unicamp) Consideramos estas verdades como
durante os episódios de rebelião estudantil, representa
autoevidentes: que todos os homens e mulheres foram
criados iguais; que são dotados pelo Criador de certos a) o caráter anti-institucional da revolta estudantil e sua
direitos inalienáveis. Entre os direitos inalienáveis estão defesa da participação política direta.
a vida, a liberdade e a busca da felicidade. Para garantir b) o conluio entre as lideranças estudantis e os partidos
esses direitos, os governos são instituídos. Os poderes políticos radicais de direita e de esquerda.
do governo emanam do consentimento daqueles que são c) o recurso à violência como estratégia de resistência
governados. Qualquer governo que se torna destrutivo estudantil frente à invasão nazista na França.
para os direitos inalienáveis pode ser destituído por d) a luta dos estudantes pela extensão do direito de voto
aqueles que sofrem. Os que sofrem podem recusar às crianças e aos adolescentes.
lealdade e exigir a instituição de um novo governo. e) a aliança celebrada entre as organizações estudantis
E assim tem sido o sofrimento das mulheres sob este e os sindicatos comunistas de operários e
governo. E, por isso, é necessário exigir uma mudança. camponeses.

STANTON, Elizabeth Cady. A History of Woman Suffrage, v. 1. 26. (Fuvest) [...] a Declaração Universal representa um fato
Rochester: Fowler and Wells, 1889, p. 70-71. Adaptado.
novo na história, na medida em que, pela primeira vez,
Assinale a alternativa correta. um sistema de princípios fundamentais da conduta
O documento anterior integra humana foi livre e expressamente aceito, através de seus
a) a Declaração de Independência dos Estados Unidos respectivos governos, pela maioria dos homens que vive
da América, baseada nos princípios de Jean-Jacques na Terra. Com essa declaração, um sistema de valores é
Rousseau e do Pacto Social. – pela primeira vez na história – universal, não em
b) a Declaração da primeira Convenção dos Direitos princípio, mas de fato, na medida em que o consenso
das Mulheres nos Estados Unidos da América, que sobre sua validade e sua capacidade de reger os destinos
reconhece os princípios liberais de John Locke e o
da comunidade futura de todos os homens foi
direito à propriedade privada, ampliando-os.
explicitamente declarado. [...] Somente depois da

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
Declaração Universal é que podemos ter a certeza c) a descolonização da Ásia e da África no século XIX,
histórica de que a humanidade – toda a humanidade – como continuidade ao colonialismo europeu,
partilha alguns valores comuns; e podemos, finalmente, identificou-se com a classe dirigente internacional,
crer na universalidade dos valores, no único sentido em preservou as principais tradições e criou o Estado
nacional a partir do nacionalismo, valor tribal que
que tal crença é historicamente legítima, ou seja, no
garantiu estabilidade para aquelas regiões; portanto,
sentido em que universal significa não algo dado a água não se separou do vinho.
objetivamente, mas algo subjetivamente acolhido pelo d) a descolonização da Ásia e da África, no século XX,
universo dos homens. foi um processo separado da colonização, pois os
BOBBIO, N. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992. valores da tradição foram rompidos e surgiu o
Estado nacional como criação da classe dirigente
A Declaração Universal mencionada no texto
local, cujos interesses estavam alinhados com o
a) foi instituída no processo da Revolução Francesa e capitalismo internacional, o que significou
norteou os movimentos feministas, sufragistas e desenvolvimento para a maioria; água e vinho estão
operários no decorrer do século XIX. separados.
b) assemelhou-se ao universalismo cristão, que também e) o processo de descolonização do século XX, na Ásia
resultou no estabelecimento de um conjunto de e na África, é revolucionário na medida em que
valores partilhado pela humanidade. destruiu o velho colonialismo e colocou no poder a
c) desenvolveu-se com a inclusão de princípios classe dirigente local, identificada com o capitalismo
internacional, que organizou o Estado nacional
universais pelos legisladores norte-americanos e
segundo os interesses de estabilidade e de
influenciou o abolicionismo nos Estados Unidos. desenvolvimento para todos; água e vinho estão
d) foi aprovada pela Organização das Nações Unidas e separados.
serviu como referência para grupos que lutaram
pelos direitos de negros, mulheres e homossexuais 28. (Enem – PPL) O povo que exerce o poder não é sempre
na década de 1960. o mesmo povo sobre quem o poder é exercido, e o
e) originou-se do jusnaturalismo moderno e falado self-government [autogoverno] não é o governo
consolidou-se com o movimento ilustrado e o de cada qual por si mesmo, mas o de cada qual por todo
despotismo esclarecido ao longo do século XVIII. o resto. Ademais, a vontade do povo significa
praticamente a vontade da mais numerosa e ativa parte
27. (FGV)
do povo – a maioria, ou aqueles que logram êxito em se
Tudo muda. fazerem aceitar como a maioria.
De novo começar podes, com o último alento.
O que acontece, porém, fica acontecido: MILL, J. S. Sobre a liberdade. Petrópolis: Vozes, 1991. Adaptado.
E a água que pões no vinho, não podes mais separar.
(...) No que tange à participação popular no governo, a origem
Porém, tudo muda: com o último alento podes da preocupação enunciada no texto encontra-se na
de novo recomeçar. a) conquista do sufrágio universal.
Bertold Brecht b) criação do regime parlamentarista.
É a esse processo histórico, que levou à liquidação dos c) institucionalização do voto feminino.
impérios coloniais europeus e ao surgimento ou d) decadência das monarquias hereditárias.
ressurgimento de povos que se constituíram em nações e e) consolidação da democracia representativa.
estados, que se costuma dar o nome de descolonização.
CANÊDO, Letícia Bicalho. A descolonização da 29. (UFRGS) Observe a figura a seguir.
Ásia e da África, 1985.

A partir dos textos, é correto afirmar que


a) a colonização europeia foi inseparável da
descolonização da Ásia e da África do século XX,
pois o nacionalismo, um valor ocidental, foi usado
pela classe dirigente que, identificada com o Estado
nacional, não respeitou as tradições locais, isto é, a
descolonização não destruiu a colonização; água e
vinho estão misturados.
b) a descolonização da Ásia e da África, no século XX,
fez surgir novos povos, identificados com suas
tradições e com valores antigos, essenciais para a
estabilidade dos Estados e das nações, geridos pela
classe dirigente, distante do velho colonialismo;
a descolonização rompeu com a colonização, isto é,
separou a água do vinho.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
Em 1995, com a assinatura do Acordo de Dayton, 31. (UFG) Leia os enunciados a seguir.
a Guerra da Bósnia, uma das chamadas Guerras “Não confio em ninguém com mais de 30.”
Iugoslavas, chegou ao fim. “Corram pessoal, o velho mundo está atrás de vocês.”
“Trabalhador: tu tens 25 anos, mas o teu sindicato é de
O confronto, um dos mais sangrentos da história outro século.”
europeia na segunda metade do século XX, foi resultado “Professores, vocês são tão velhos quanto a vossa
do processo de cultura.”
a) desmembramento da antiga Iugoslávia e “Professores, vocês nos fazem envelhecer.”
ressurgimento de nacionalismos radicais na região.
b) invasão da Iugoslávia pela União Soviética, após o SLOGANS DO MAIO DE 1968. In: DO Ó, Alarcon Agra.
colapso do regime comunista no país. A cultura é a inversão da vida: velhice, juventude e política no maio
c) formação de Kosovo e sua posterior política de 1968. Revista Espaço Acadêmico, n. 98, jul. 2009. Disponível em:
expansionista. http://mympt. blogspot.com.br/2008_05_01_archive.html.
Acesso em: 28 jan. 2013.
d) manutenção da rivalidade entre a República Checa e
a Eslováquia nos Bálcãs.
Esses enunciados tornaram-se emblemas das mobilizações
e) ascensão de Josep Broz Tito e sua política de
unificação da chamada “Grande Sérvia”. ocorridas em maio de 1968, na França. Com sua utilização,
as mobilizações traziam como tema a
30. (FGV) Observe o infográfico a seguir. a) imposição de políticas de governo, que fomentassem
a produção artística da juventude influenciada pelas
práticas da contracultura.
b) reformulação do sindicato, que permitisse substituir
o quadro dirigente no interior das fábricas para a
humanização das relações de trabalho.
c) transformação do ensino nas escolas, que estabelecesse
uma pedagogia voltada para o desenvolvimento
tecnológico assistido pelo pós-guerra.
d) fundação de uma cultura voltada para o cuidado com
a saúde pública, que prevenisse as causas do
envelhecimento da população ativa.
e) adoção de valores subjetivos como norteadores da
mudança cultural, que abolisse as instituições
representativas da continuidade entre gerações.

32. (UFPR) Em 2012, completaram-se 30 anos da Guerra


Com base no infográfico, é correto afirmar: das Malvinas (Malvinas para os argentinos; Falklands
para os ingleses), sendo que as animosidades entre
a) A principal característica do império austro-húngaro,
Argentina e Inglaterra na disputa pelas ilhas inglesas
no início do século XX, era a articulação entre
situadas ao extremo sul da América do Sul foram
diversas nacionalidades através de um democrático
recentemente relembradas pela presidenta argentina
regime parlamentarista inspirado na experiência
Cristina Kirchner.
inglesa.
b) O império austro-húngaro constituiu-se como reação
Sobre esse conflito, é correto afirmar:
nacionalista à ofensiva do império napoleônico, que
a) O conflito foi iniciado pelos ingleses, por conta da
procurou incorporar antigos domínios dos
existência de petróleo na região, que começava a ser
habsburgos e do sacro império romano-germânico. explorado por companhias argentinas de forma
c) A inabilidade política em lidar com as minorias clandestina. A superioridade militar e econômica da
foram fatores importantes no agravamento das Inglaterra contou para a derrota dos argentinos, que
tensões que desembocaram na fragmentação e foram pegos desprevenidos em um ataque-surpresa.
colapso do Império austro-húngaro em 1918. Como resultado, a Argentina amargou uma grave
d) A indiscutível maioria eslava levou o império crise econômica.
austro-húngaro a articular-se com Rússia e Inglaterra b) O conflito foi iniciado pela Argentina no contexto da
na formação da Tríplice Entente, que combateria intensa ditadura peronista iniciada em 1976.
alemães, italianos e franceses durante a Primeira A herdeira política de Perón, Isabelita, recorreu à
Guerra Mundial. elite militar para retomar as Ilhas Malvinas, cujos
e) Apesar da heterogeneidade da constituição do recursos se esgotavam com a exploração inglesa.
império austro-húngaro, a questão das Apesar da derrota argentina, o tratado de paz
nacionalidades não se revelou relevante no garantiu que a população argentina habitante das
contexto da Primeira Guerra Mundial. ilhas pudesse controlar a ocupação inglesa.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
c) O conflito foi iniciado pelos ingleses, que não c) formou-se uma coalização internacional contando,
toleravam a ocupação desordenada dos argentinos principalmente, com o apoio da Inglaterra junto aos
sobre as suas ilhas. Os argentinos, por sua vez, Estados Unidos, a fim de combater os focos
nunca aceitaram o domínio inglês sobre as ilhas, e terroristas no Oriente Médio, dando início à Guerra
desde o início dos anos 1980 prepararam-se para do Golfo e a um esforço, perante as agências
retomar o território. A prosperidade econômica pela internacionais de notícia, de combater o islamismo
qual a Argentina passava foi decisiva para que o país fundamentalista.
vencesse a guerra. d) o ataque sofrido pelos EUA em 2001 tem relação
d) O conflito foi desencadeado pela Argentina no direta com a atuação política norte-americana no
contexto da ditadura militar iniciada em 1976. A fim Oriente Médio, que sempre visou atender aos
de angariar apoio popular no início dos anos 1980, o interesses econômicos americanos na região, e
governo almejou reconquistar as Ilhas Malvinas, resultou no aumento da insegurança junto à
retomando um discurso nacionalista. Contudo, com a sociedade americana, jamais atacada anteriormente
rápida derrota dos argentinos, o regime militar logo em seu próprio território.
foi derrubado, sucedido por um governo e) a partir desse episódio, os EUA cortaram relações
democrático e civil em meio a uma grave crise diplomáticas com o Paquistão, pois houve relutância,
econômica. por parte da liderança religiosa paquistanesa, em
e) O conflito foi iniciado pelos argentinos, que indicar o local exato do esconderijo de bin Laden, o
desejavam retomar o território por conta de seus que possibilitaria a sua prisão imediatamente após o
recursos minerais, a fim de aplacar a grave crise atentado de 11 de setembro.
econômica que assolava a Argentina. A Inglaterra
não queria deixar as Ilhas, por se beneficiar das 34. (Uespi) Os conflitos militares não se ausentam do
riquezas naturais em um período de instabilidade mundo contemporâneo. O etnocentrismo resiste, e as
financeira após o desmantelamento do Estado de crenças religiosas provocam disputas, devastando
Bem-Estar Social. Aproveitando-se da fragilidade culturas e mantendo tensões. Recentemente, no Oriente
inglesa, a Argentina venceu a guerra. Médio:
a) a violência se fez presente na luta contra as ditaduras
33. (Mackenzie) Atacar não significa apenas assaltar
cidades muradas ou golpear um exército em ordem de existentes, conseguiu reestruturar formas de governo
batalha, deve também incluir o ato de assaltar o inimigo e consolidar as práticas democráticas ocidentais.
no seu equilíbrio mental. b) a intervenção frequente de exércitos europeus ajudou
na derrubada de ditaduras, na Líbia e no Egito, sem
Sun Tzu-Ping-fa, A Arte da Guerra, séc.IV a. C. grandes dificuldades.
c) a luta política se acirrou contra o autoritarismo
Terrorismo: 1. Modo de coagir, ameaçar ou influenciar permanente dos governos, renovou lideranças e
outras pessoas, ou de impor-lhes a vontade pelo uso
sonhos de liberdade democrática.
sistemático do terror; 2. Forma de ação política que
combate o poder estabelecido mediante o emprego da d) a rebeldia de grupos religiosos muçulmanos
violência. organizou tropas para combate às ditaduras da
região, embora sem o êxito esperado.
Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. e) as ditaduras não resistiram à pressão dos rebeldes e
foram colocadas fora de poder com rapidez e sem
A respeito do atentado terrorista, ocorrido em 11 de maiores violências.
setembro de 2001, nos Estados Unidos, e as
consequências desse episódio para as relações
35. (ESPM) Observe o texto.
geopolíticas internacionais no século XXI, é correto
afirmar que (a organização) rechaça qualquer diálogo, com o
a) foi mais uma ação liderada pelos grupos extremistas Governo Central, que não parta das exigências contidas
Hamas e do Hezbollah, contra a política norte- na chamada alternativa KAS, segundo explicou ontem,
-americana no Oriente Médio, utilizando, para tais no primeiro comunicado oficial que divulga a resposta
ações suicidas, somente jovens de baixa renda e de da oferta de negociação do Executivo. Em Bilbao,
pouca instrução, que acreditavam que tais atos lhes aconteceram novos confrontos durante a madrugada de
garantiriam o direito de ingressar no paraíso ontem, ainda que as festas tenham terminadas sem
incidentes.
celestial. El País, 21/08/11.
b) a resposta americana ao ataque de 11 de setembro O assunto refere-se
foi a perseguição sistemática ao milionário saudita a) à questão irlandesa.
Osama bin Laden que, em transmissões realizadas b) ao separatismo na Galícia.
pela mídia na época, assumiu publicamente a autoria c) à questão Basca.
do atentado, provocando o aumento do sentimento d) ao separatismo da Catalunha.
xenofobista do povo norte-americano aos imigrantes e) à possível separação da Bélgica em duas áreas:
de origem árabe residentes no país. Flandres e Valônia.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
36. (ESPM) Observe o texto. 38. (UFRGS) Leia o texto a seguir.

“Isso é antiamericano”, disse o pré-candidato Os direitos humanos só se tornam significativos


republicano a presidente Herman Cain ao programa quando ganham conteúdo político. Não são os direitos
“Face the Nation”, da CBS. de humanos num estado de natureza: são os direitos de
humanos em sociedade. Não são apenas direitos
“Embora tenhamos nossos desafios, acredito que humanos em oposição aos direitos divinos, ou direitos
os protestos são mais anticapitalismo e antilivre humanos em oposição aos direitos animais: são os
mercado do que qualquer outra coisa. Sabemos que os direitos humanos vis-a-vis aos outros.
sindicatos e certas organizações estão por trás dos
HUNT, Lynn. A invenção dos direitos humanos:
protestos que vêm ocorrendo”. “Isso é coordenado para uma história. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
criar distração e para que as pessoas não possam se
focar nas fracassadas políticas deste governo”, afirmou. Os três documentos históricos que fundamentam a gênese
Exame. Disponível em: do princípio e da prática dos direitos humanos são
http://exame.abril.com.br/economia/mundo/noticias. a) o Bill of Rights, a Declaração dos Direitos do
Acesso: 13 out. 2011.
Homem e do Cidadão e a Declaração Universal dos
Sobre a matéria, é correto afirmar: Direitos Humanos.
a) É uma referência ao movimento Tea Party que b) o Bill of Rights, a Declaração dos Direitos do Povo
defende a ascensão social através do modelo liberal. Trabalhador e Explorado e a Declaração Universal
b) Trata-se do movimento denominado Occupy Wall dos Direitos Humanos.
Street iniciado pelos republicanos descontentes com
c) a Declaração de Independência dos Estados Unidos
o governo de Barack Obama.
c) Está relacionada ao movimento conservador Tea da América, a Declaração dos Direitos do Homem e
Party, liderado pela governadora do Alaska e do Cidadão e a Declaração Universal dos Direitos do
candidata à presidência dos Estados Unidos, Sarah Homem.
Palin, forte defensora dos valores tradicionais. d) a Declaração de Independência dos Estados Unidos
d) Está relacionada ao movimento Occupy Wall Street da América, a Declaração dos Direitos do Povo
que questiona a desigualdade nos Estados Unidos e Trabalhador e Explorado e a Declaração Universal
os excessos do sistema financeiro. dos Direitos do Homem.
e) Trata-se do movimento progressista Tea Party e) a Declaração de Independência dos Estados Unidos
vinculado ao Partido Republicano e que defende da América, a Declaração dos Direitos do Homem e
uma sociedade mais justa e igualitária nos Estados do Cidadão e a Declaração do Direito do Povo
Unidos. Trabalhador e Explorado.
37. (Fuvest) Foi precisamente a divisão da economia 39. (Enem) A lei não nasce da natureza, junto das fontes
mundial em múltiplas jurisdições políticas, competindo frequentadas pelos primeiros pastores: a lei nasce das
entre si pelo capital circulante, que deu aos agentes
batalhas reais, das vitórias, dos massacres, das
capitalistas as maiores oportunidades de continuar a
expandir o valor de seu capital, nos períodos de conquistas que têm sua data e seus heróis de horror: a lei
estagnação material generalizada da economia mundial. nasce das cidades incendiadas, das terras devastadas; ela
nasce com os famosos inocentes que agonizam no dia
ARRIGHI, Giovanni. O longo século XX. Dinheiro, poder e as origens
do nosso tempo. que está amanhecendo.
Rio de Janeiro/São Paulo: Contraponto/Edunesp, p.237, 1996.
FOUCAULT. M. Aula de 14 de janeiro de 1976. In. Em defesa da
sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
Conforme o texto, uma das características mais
marcantes da história da formação e desenvolvimento O filósofo Michel Foucault (séc. XX) inova ao pensar a
do sistema capitalista é a
a) incapacidade de o capitalismo se desenvolver em política e a lei em relação ao poder e à organização
períodos em que os Estados intervêm fortemente na social.
economia de seus países. Com base na reflexão de Foucault, a finalidade das leis
b) responsabilidade exclusiva dos agentes capitalistas
privados na recuperação do capitalismo, após na organização das sociedades modernas é
períodos de crise mundial. a) combater ações violentas na guerra entre as nações.
c) dependência que o capitalismo tem da ação dos b) coagir e servir para refrear a agressividade humana.
Estados para a superação de crises econômicas
mundiais. c) criar limites entre a guerra e a paz praticadas entre os
d) dissolução frequente das divisões políticas indivíduos de uma mesma nação.
tradicionais em decorrência da necessidade de d) estabelecer princípios éticos que regulamentam as
desenvolvimento do capitalismo.
e) ocorrência de oportunidades de desenvolvimento ações bélicas entre países inimigos.
financeiro do capital a partir de crises políticas e) organizar as relações de poder na sociedade e entre
generalizadas. os Estados.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
as instalações acessórias (oficinas, estrebarias, capelas) e as
PROFESSOR HERMANO MELO
terras destinadas à produção de gêneros alimentícios.
O proprietário era plantador e senhor de engenho, título que
ECONOMIA AGROEXPORTADORA BRASILEIRA: muitos sesmeiros aspiravam.
COMPLEXO AÇUCAREIRO; A MINERAÇÃO NO Havia também o sesmeiro apenas plantador, que
desapareceu com o passar do tempo. As razões do seu
PERÍODO COLONIAL; A ECONOMIA
desaparecimento foram assim explicadas por Nelson
CAFEEREIRA; A BORRACHA NA AMAZÔNIA. Werneck Sodré: “À medida que as lavouras se
desenvolveram, e com elas os engenhos, aquelas eram mais
TEXTO BÁSICO 1: ECONOMIA COLONIAL numerosas do que estes, isto é, havia um número muito
grande de plantadores, mas um reduzido número de senhores
A empresa colonial foi montada dentro dos princípios de engenho. A necessidade obrigava os que eram apenas
mercantilistas da época moderna e privilegiava a produção plantadores a levar suas safras ao senhor de engenho, que as
de gêneros agrícolas de exportação e a atividade extrativa. comprava segundo as suas conveniências. Com o passar dos
No Brasil, devido à ausência de metais preciosos, foi tempos, não havia mais lugar para os plantadores. Depois de
montada uma estrutura baseada no povoamento, na defesa e vender a cana, acabaram por transferir também as
na produção de artigo de real interesse no mercado europeu, propriedades.” (SODRÉ, Nelson Werneck. O que se deve ler
constituindo-se em um novo estilo de colonização. para conhecer o Brasil, 4 ed., Rio de Janeiro, Civilização
A produção era ditada pelas necessidades do mercado Brasileira, 1973, p. 57).
externo, retirando toda autonomia dos produtores. A colônia O baixo custo do produto tropical era conseguido com
se constituiu em uma área de produção de alguns produtos a utilização do trabalho escravo. Além da necessidade de
comerciáveis na Europa e consumidora dos artigos abaixar o custo da produção dos produtos de exportação que
europeus. Desta forma, a economia europeia é o centro de garantia aos comerciantes metropolitanos a apropriação dos
todo o sistema e os lucros eram provenientes tanto da altos lucros, é preciso considerar que, dentro do contexto da
compra como da venda. O comércio externo era acumulação de capital, o tráfico de escravos era uma das
monopolizado pela metrópole, ou melhor, pela burguesia mais rentáveis operações comerciais do período.
metropolitana, que impunha preços mínimos para os artigos Até meados do século XVII, o açúcar brasileiro
coloniais. praticamente não tinha concorrente no mercado europeu. No
Os historiadores afirmam que Portugal não conseguiu entanto, com a Unidão Ibérica (1580-1640), os espanhóis
manter o monopólio o tempo todo. O contrabando existiu, proibiram o envolvimento holandês no refino e distribuição
principalmente aquele feito pelos ingleses. do açúcar. Com o objetivo de dominar as áreas produtoras,
O sistema colonial determinou o modo de produção a Companhia de Comércio das Índias Ocidentais (holandesa)
dos artigos de exportação. A partir dos interesses da ocupou Bahia e Pernambuco. A primeira em 1624, não
burguesia metropolitana, outros elementos definidores se obtendo êxito, e a segunda em 1630. Expulsos em 1654,
clarificam, como é o caso da monocultura, do latifúndio e do os holandeses passaram a produzir nas Antilhas, provocando
trabalho escravo. Assim a produção se organizava de forma o declínio do açúcar brasileiro.
a possibilitar aos empresários portugueses uma grande Com a decadência da atividade açucareira, a Coroa
lucratividade. incentivou os movimentos bandeirantes, objetivando
O latifúndio, a grande propriedade, se impunha diante encontrar nova atividade capaz de proporcionar lucros
da necessidade de uma produção em alta escala de um substanciais.
produto que tivesse grande aceitação no mercado europeu As primeiras expedições bandeirantes tiveram como
(monocultura). A escravidão se impôs devido à necessidade objetivo o apresamento de índios (as reduções jesuítas eram
de uma numerosa mão de obra que atendesse a uma grande os alvos principais, pois os índios ali reunidos já realizavam
produção sobre um vasto território. O trabalho assalariado trabalhos agrícolas e podiam ser vendidos como escravos),
tornaria inviável economicamente a empresa colonial. enquanto que outras eram contratadas para destruir
A empresa açucareira montada a partir de 1530 quilombos e capturar escravos foragidos. Na segunda
obedeceu aos pressupostos citados anteriormente. O enorme metade do século XVII, o movimento bandeirantista ganhou
sucesso do açúcar pode ser explicado pelos seguintes grande impulso, devido aos problemas ocorridos na área
fatores: experiência portuguesa (ilhas do Atlântico); a açucareira. Inúmeras expedições penetraram pelo interior à
grande aceitação do produto na Europa; a qualidade do solo; procura de metais e pedras preciosas.
as condições climáticas; a participação dos holandeses no A primeira notícia oficial da descoberta de ouro data de
financiamento, refino e distribuição do produto. 1693. O metal atraiu a atenção da Coroa portuguesa, que
As primeiras mudas de cana foram introduzidas na regulamentou minuciosamente a atividade de extração.
capitania de São Vicente, daí expandindo-se, pelo litoral, até O ouro passou a ser considerado monopólio da Coroa, a qual
a Bahia e Pernambuco, regiões propícias ao cultivo. concedia a liberdade de extraí-lo a quem se dispusesse ao
O alto custo do investimento inicial explica porque o trabalho, desde que fossem pagos os impostos.
latifúndio foi o tipo característico de propriedade. Se o custo A fiscalização ficou a cargo da Intendência das Minas, órgão
da plantação era alto, imagina-se o da montagem do que se encontrava acima de qualquer autoridade colonial.
engenho. Este era composto de uma moenda, de uma Deveria policiar a região, distribuir os lotes aos interessados,
caldeira e da casa de purgar, onde se completava a dirigir a exploração, arrecadar os impostos.
purificação. Além da casa grande e da senzala, acrescente-se

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
O imposto a que os mineradores estavam sujeitos era o TEXTO BÁSICO 2: ECONOMIA IMPERIAL
“quinto”, isto é, a quinta parte do ouro extraído. Uma série
de outros impostos foram criados, como os direitos de Quando se examina a situação econômico-financeira
entrada e saída de mercadorias da capitania. do Brasil, durante o século XIX, é importante salientar a
Em 1703, Portugal e Inglaterra assinaram o Tratado de articulação existente entre o modelo econômico, herdado do
Methuen, no qual ficava determinada a venda dos vinhos período colonial, e a nova dinâmica do capitalismo
portugueses e a compra dos tecidos ingleses. Nessas internacional que se afirmava na Europa Ocidental, em
transações comerciais, Portugal não teria condições de especial na Inglaterra.
manter uma balança comercial favorável. Assim, o ouro A independência não representou a superação do
brasileiro foi utilizado para cobrir o deficit. modelo agrário-escravocrata-exportador. Pelo contrário,
Os diamantes foram explorados durante o século reforçou o poder da própria aristocracia rural que se articula
XVIII, em Minas Gerais, no Arraial do Tejuco com o capital internacional como fornecedora de “artigos de
(Diamantina). Segundo alguns historiadores, a região sofreu sobremesa” (café, açúcar, cacau etc) e consumidora de
no seu limite máximo a opressão portuguesa, tendo sido alvo produtos industrializados. A essa situação, acrescente-se a
de um policiamento e uma fiscalização ostensivos. Foi dependência financeira que se traduz em sucessivos
criada uma Junta de Administração Geral dos Diamantes, empréstimos junto aos banqueiros ingleses.
cuja autoridade máxima era um funcionário nomeado pelo Até por volta de 1830, a situação econômico-financeira
rei. Pessoa alguma poderia estabelecer-se na região sem sua é caótica. Assiste-se a uma crise do modelo agrário-
autorização. Caio Prado Júnior chega a afirmar que “o -exportador: o açúcar enfrenta a concorrência do açúcar
distrito vivia isolado do resto do país (...). Havia apenas um antilhano e a queda de preços no mercado internacional;
intendentes e um corpo submisso de auxiliares e que se o algodão é incapaz de concorrer com o algodão produzido
guiavam unicamente por um regimento, colocado acima de no sul dos Estados Unidos; o tabaco, utilizado em larga
todas as leis, que lhe dava a mais ampla e ilimitada escala na aquisição de escravos na África, é penalizado
competência.” (PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do devido às pressões internacionais contra o tráfico. A
Brasil Contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 1979, mineração não é nem sombra do que fora durante o século
p. 182). XVIII. A produção industrial inexiste, em função dos
Tratados de 1810 (renovados em 1827), da concorrência
As razões da decadência da mineração dizem respeito à industrial inglesa, da ausência de um efetivo mercado
falta de recursos técnicos. A própria administração consumidor e de capitais disponíveis. Sem dúvida, este
concorria, com sua política repressiva, para desestimular o quadro caótico aprofundou a crise política que culminou
aperfeiçoamento das técnicas. Quando as jazidas aluvionais com a abdicação de D. Pedro I, em 1831.
se esgotaram – naturalmente, o ouro subterrâneo não pôde A partir da década de 1820, gradativamente, o Brasil se
ser explorado devido à deficiência técnica e de recursos reintegra aos quadros do comércio internacional graças à
materiais. emergência da economia cafeeira. Produzido, a princípio, no
A criação do gado no Brasil colonial foi uma atividade Vale do Paraíba, a partir da segunda metade do século,
complementar. No Nordeste açucareiro, a pecuária fornecia a cultura cafeeira direciona-se, aos poucos, para o oeste
paulista. O estudo dos mapas a seguir e do quadro
alimentação, transporte e atuava como força-motriz. Como
comparativo sobre a economia cafeeira permite uma visão
as regiões litorâneas eram destinadas à produção de gêneros
mais clara do processo.
para a exportação, o gado foi levado para o interior, sendo
responsável pela ocupação de uma extensa região – o sertão.
A atual região sul do Brasil também foi incorporada pela
criação de gado.
O tabaco e a aguardente serviram de elementos para o
escambo na África. Esses produtos eram trocados por negros
pelos traficantes, que vendiam os escravos para os
latifundiários.
Os produtos extraídos na floresta amazônica ficaram
conhecidos pelo nome genérico de “drogas do sertão”.
A extração, realizada pelos indígenas, aumentou muito com
a ocupação da região pelas missões religiosas. A
colonização da Amazônia teve como base econômica a
extração do cravo, da canela, do cacau, da madeira e outros
produtos.
A produção de algodão alcançou grande
desenvolvimento na segunda metade do século XVIII.
Segundo Manoel Maurício de Albuquerque, “o algodão
maranhense começou a ser exportado a partir de 1760, sob o
estímulo do aumento do consumo externo, principalmente o
português e o britânico”.

ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de. Pequena história da


formação social brasileira. 2. ed., Rio de Janeiro: Graal, 1981, p. 73.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
É importante destacar as transformações ocorridas a era outra. Fazendas de café do oeste paulista, num primeiro
partir de meados do século XIX na economia brasileira. momento, e, em seguida as fábricas que começavam a surgir
Pode-se falar, inclusive, que, a partir de então, verifica-se em São Paulo.
um primeiro momento no processo de industrialização do De acordo com o Prof. Luiz Roberto Lopez, “conforme
país. Evidentemente algo tímido, uma vez que a estrutura dados de 1901, cerca de 90% dos trabalhadores industriais
escravocrata inviabilizava qualquer mudança mais de S. Paulo eram imigrantes. Assim, ao brasileiro vítima do
significativa. êxodo rural ou ao ex-escravo ‘libertado’ pela Lei Áurea
De qualquer forma, é indiscutível a existência de um sobraram, na cidade, apenas as tarefas não especializadas e
“surto econômico” a partir de 1850. Quanto aos fatores de baixa remuneração.
responsáveis, esquematicamente, teríamos: É claro que semelhante quadro serve de reforço à
– fim dos Tratados de 1810, em 1843; ideologia colonialista da ‘incapacidade’ do brasileiro de
– Tarifa Alves Branco, de 1844, elevando as taxas ‘subir na vida’ e ‘progredir’ através do trabalho, ideologia
alfandegárias; que, frequentemente repetida por segmentos de pequena
– Lei Eusébio de Queirós, em 1850, proibindo o burguesia atual, colabora para a manutenção de um sistema
tráfico negreiro e liberando os capitais até então de dominação social.” (LOPEZ, op. cit., p. 77)
aplicados no comércio de escravos, para outros Diante da impossibilidade de se aprofundar os diversos
setores da economia; temas relacionados à história do Brasil ao longo do século
– início do sistema ferroviário; XIX, optou-se por priorizar, através da literatura produzida
– aplicação de capitais ingleses em serviços de na época, os aspectos referentes à mentalidade e o
infraestrutura (transportes, melhorias portuárias), quotidiano da sociedade do fim do século.
mineração, agricultura, atividades financeiras;
– aplicação de capitais oriundos do setor cafeeiro em .
outras atividades; ANEXO 1: DECADÊNCIA DA MINERAÇÃO
– início da transição do trabalho escravo para o
trabalho livre, através do processo imigratório. Acabando o ouro de aluvião, quase à flor da terra,
a compra de novos equipamentos, escravos etc – além da
Esta modernização da economia brasileira e o “surto importação que já se fazia – encarece o processo de
industrial”, no entanto, não devem nos levar a posições mineração. Mesmo produzindo 70% do ouro brasileiro,
equivocadas. O Brasil continuava sendo uma economia Minas não lucra: o muito que vai para Portugal e daí à
essencialmente agrário-exportadora ou, melhor dizendo, Inglaterra tira-lhe a oportunidade de acumular capital para o
primário-exportadora, conforme pode-se verificar pela progresso.
análise do quadro a seguir. Essa situação tem reflexos inesperados. Por exemplo,
há um grande número de alforrias na época.
Apressadamente, alguns historiadores julgam que isso se
QUADRO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS deve à opulência das minas. Supõem o pagamento de prêmio
aos escravos que achassem pedras preciosas, e com eles os
1821-30 1831-40 1841-50 1851-60 1861-70 1871-80 1881-90
negros compravam sua liberdade. Na verdade, foi a saída de
muitos senhores para livrarem-se de escravos que não
Açúcar Café Café Café Café Café Café podiam alimentar.
30,1% 43,8% 41,4% 48,8% 45,5% 56,6% 61,5%
Dessa forma perdiam seu maior capital: a força de
Algodão Açúcar Açúcar Açúcar Algodão Açúcar Açúcar
trabalho. O que ocorreu em Minas, no tempo da
20,6% 24,0% 26,7% 21,2% 18,3% 11,8% 9,9% Inconfidência, não foi a decadência da economia e sim o
ápice de uma crise que já se anunciava no próprio sistema
Couros Couros e
Café Algodão
e Pele Pele
Açúcar Algodão Borracha colonial. O não pagamento dos impostos, com o tempo
18,4% 10,8% 12,3% 9,5% 8,0%
8,5% 7,2% deixou de ser forma de sonegar e lucrar para o contrabando,
Couros Couros Couros e Couros e e passou a ser a própria expressão da insolvência dos
Algodão Algodão Algodão
e Pele e Pele
7,5% 6,2%
Pele Pele
4,2% mineradores.
13,6% 7,9% 6,0% 5,6%
A queda da produção é sensível. Entre 1735 e 1744, os
Borracha Borracha Borracha
Couros e mineiros conseguiram 20.684 quilos de ouro. A produção caiu
Pele
2,3% 3,1% 5,5%
3,2% para 8.395 quilos de 1780 a 1789. Para Portugal isso representa
LOPEZ, op. Cit., p. 68. roubo: o governo acha que os mineiros estão sonegando e
contrabandeando. Os mineradores desesperam-se: ficam mais
Finalmente, deve-se ressaltar a importância da pobres, não podem pagar suas dívidas e as autoridades
contribuição do imigrante nas transformações que se começam a cobrar os impostos com rigor.
verificaram no fim do império. Desde 1850, com a extinção Para os pobres isso significa uma sobrevivência ainda
do tráfico negreiro, iniciara-se, com o “sistema de parceria”, mais difícil, quase impossível. A partir de 1775 vagam pelos
campos e estradas e são expulsos das cidades milhares de
o processo migratório. A princípio, coube à iniciativa
homens sem meios de vida. A fome era comum.
privada (fazendeiros) estimular a vinda de imigrantes. No
Verificando os dados econômicos da época, chega-se à
entanto, apenas a partir de 1870, quando o governo toma a si fácil conclusão que Minas Gerais era uma sociedade rica
a tarefa de subvencionar a vinda dos imigrantes europeus, potencialmente, mas pobre e empobrecida principalmente
a corrente imigratória ganha fôlego. Basta lembrar que, na por duas razões. Uma, a técnica inadequada e predatória nas
última década da Monarquia (1881-90), mais de 450 mil lavras de ouro. Outra, o saque constante de Portugal,
imigrantes chegaram ao Brasil, a grande maioria atraída pela sugando-lhe toda a produção.
miragem de “fazer a América”. A realidade, evidentemente,

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
A situação piora quando, justamente por esse quadro pela descoberta do ouro permitiu a realização de obras
colonialista, não há meios dos mineiros criarem uma nova monumentais, como as igrejas mineiras.
economia capaz de superar seus problemas. Pelo contrário, Em Vila Rica, o exercício dos ofícios mecânicos era
eles aferram-se à exploração da mão de obra escrava, determinado pela Câmara, através de expedição de cartas de
utilizam-se de recursos primários para extrair o ouro e habilitação. Anualmente, eram eleitos juízes entre os
manipulam e acumpliciam-se com o governo local, em artesãos de cada ofício, e tais juízes aprovavam ou não os
corrupção e falcatruas, até que a situação chega ao limite. artífices que se submetiam ao exame para o recebimento das
Esse limite é a não tolerância de Portugal às dívidas cartas.
acumuladas. Só então os mineradores pensam em outro tipo Vejamos uma Ata da Câmara para a eleição de juízes:
de sociedade, como veremos. “Em ata de 22 de janeiro de 1718: mandaram chamar todos
Tiradentes, porém, não vê no saque de Portugal apenas os oficiais desta vila, de carpinteiros, ferreiros, sapateiros e
o prejuízo causado aos senhores das lavras, mas também alfaiates e como todos fizeram eleição de juiz de cada um
seus reflexos sobre o povo. Criticando essa situação certa dos ditos ofícios, na forma do estilo e saíram a mais votos
vez ele confessou que se sentia desgraçado, porque nascendo por juízes para o ofício de carpinteiro Manoel Ferreira da
em um território rico, tiram “dele tanto ouro e diamantes, Fonseca, de pedreiro Domingos Gonçalves, de sapateiro
nada lhe ficava e tudo saía para fora e os pobres filhos da Manoel da Mota e de alfaiate Manoel de Freitas, aos quais
América, sempre famintos, e sem nada de seu”. mandaram passar suas cartas de juízes do seus ofícios para
com ela virem a este Senado tomar juramento na conferência
CHIAVENATO, Júlio José. As várias faces da Inconfidência seguinte”
Mineira. São Paulo: Contexto, 1989, pp. 20-1.
VASCONCELLOS, Salomão. “Ofícios mecânicos em Vila Rica durante o
século XVIII” In Revista do SPHAN, R.J., 1940.
VIDAL, Diana Gonçalves. Técnica e Sociedade no Brasil. São Paulo:
ANEXO 2: MANUFATURAS DO Contexto, 1988, pp. 49-50.
BRASIL COLONIAL
ANEXO 3: SENTIDO DA COLONIZAÇÃO
Destinada a fazer panos para cobrir escravos e índios
administrados, a tecelagem era realizada quase que Todo povo tem na sua evolução, vista à distância, um
exclusivamente por estes e não por brancos. Nos “centros certo “sentido”. Este se percebe não nos pormenores de sua
urbanos”, como em São Paulo, antes de 1587, o ofício já história, mas no conjunto dos fatos e acontecimentos
fora objeto de regulamentação pelas Câmaras, essenciais que a constituem num largo período de tempo.
estabelecendo-se cotas de produção aos artífices que (...)
trabalhavam por conta própria. Apesar de ser uma indústria No seu conjunto, e vista do plano mundial e
de cunho doméstico, há relatos que situam em São Paulo, a internacional, a colonização dos trópicos toma o aspecto de
posse de vários teares por homens abastados da capitania. uma vasta empresa comercial, mais completa que a antiga
Em 1779, o marquês do Lavradio, vice-rei do Brasil, em feitoria, mas sempre com o mesmo caráter que ela, destinada
relato que entregou ao sucessor, deu notícia de manufaturas a explorar os recursos naturais de um território virgem em
autônomas e relativamente grandes, sobretudo em Minas proveito do comércio europeu. É este o verdadeiro sentido
da colonização tropical, de que o Brasil é uma das
Gerais e no Rio de Janeiro. A produção de panos não era a
resultantes; e ele explicará os elementos fundamentais, tanto
única atividade desenvolvida pela tecelagem colonial. Os no econômico como no social, da formação e evolução
lanifícios paulistas ofereciam matéria-prima suficiente históricas dos trópicos americanos. (...)
também para a existência de fábricas de chapéus grossos. Se vamos à essência da nossa formação, veremos que
Além da tecelagem, outras pequenas indústrias, como a na realidade nos constituímos para fornecer açúcar, tabaco,
de carpinteiros, oleiros e ferreiros desenvolveram-se no alguns outros gêneros; mais tarde ouro e diamantes; depois,
Brasil. No século XVIII, por exemplo, podemos citar uma algodão, e em seguida café, para o comércio europeu. Nada
grande manufatura carmelita no Maranhão, onde com mais que isto. É com tal objetivo, objetivo exterior, voltado
noventa escravos, produzia-se telhas, ladrilhos, panelas e para fora do país e sem atenção a considerações que não
louças. fossem o interesse daquele comércio, que se organizarão a
Os ofícios, em geral, concentravam-se nos centros sociedade e a economia brasileiras. Tudo se disporá naquele
urbanos. Fora desses limites, os artesãos que circulavam sentido: a estrutura, bem como as atividades do país.
pelo interior com mais frequência eram os ferreiros, Virá o branco europeu para especular, realizar um
ocupados em calçar as bestas das tropas. Nas regiões negócio; inverterá seus cabedais e recrutará a mão de obra
urbanas, toda uma legislação regulava o andamento dos que precisa: indígenas ou negros importados. Com tais
ofícios. elementos, articulados numa organização puramente
A partir do século XVIII, o centro econômico do Brasil produtora, industrial, se constituirá a colônia brasileira. Este
se deslocou das regiões litorâneas para o interior: era a início, cujo caráter se manterá dominante através dos três
séculos que vão até o momento em que ora abordamos a
corrida do ouro. Esse deslocamento, longe de representar o
história brasileira, se gravará profunda e totalmente nas
fim dos engenhos, propiciou o crescimento das áreas feições e na vida do país. Haverá resultantes secundários que
interioranas. Com a lida de pessoas para a região de Minas, tendem para algo de mais elevado; mas elas ainda mal se
todo um novo círculo de produção e consumo surgiu na fazem notar. O “sentido” da evolução brasileira que é o que
colônia. Ofícios outros foram necessários para atender às estamos aqui indagando, ainda se afirma por aquele caráter
novas solicitações e, apesar das restrições impostas por inicial da colonização. Tê-lo em vista é compreender o
Portugal, pelo temor do “desvio” do metal, vieram para cá essencial deste quadro que se apresenta em princípios do
os ourives, por exemplo. Em 1766, tentando controlar a século passado (...).
produção, a Coroa portuguesa emitiu uma carta-régia
extinguindo o ofício de ourives. O enriquecimento gerado PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. 16 ed., São
Paulo: Brasiliense, 1979, pp. 19, 31-2.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
ANEXO 4: O NAVIO NEGREIRO Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p’ra não mais s’erguer!...
Senhor Deus dos desgraçados! Vaga um lugar na cadeia,
Dizei-me vós, Senhor Deus! Mas o chacal sobre a areia
Se é loucura... se é verdade Acha um corpo que roer...
Tanto horror perante os céus...
Ó mar! Por que não apagas Ontem a Serra Leoa,
Co’a esponja de tuas vagas A guerra, a caça ao leão,
De teu manto este borão?... O sono dormido à toa
Astros! Noite tempestades! Sob as tendas d’amplidão...
Rolai das imensidades! Hoje... o porão negro, fundo,
Varrei os mares, tufão! Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
Quem são estes desgraçados, E o sono sempre cortado
Que não encontram em vós, Pelo arranco de um finado,
Mais que o rir calmo da turba E o baque de um corpo ao mar...
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? ... Se a estrela se cala, Ontem plena liberdade,
Se a vaga à pressa resvala A vontade por poder...
Como um cúmplice fugaz, Hoje... cúm’lo de maldade
Perante a noite confusa... Nem são livres p’ra.... morrer...
Dize-o tu, severa musa,(1) Prende-os a mesma corrente
Musa libérrima, audaz! – Férrea, lúgubre serpente –
Nas roscas da escravidão.
São os filhos do deserto(2) E assim roubados à morte,
Onde a terra esposa a luz. Dança a lúgubre coorte
Onde voa em campo aberto Ao som do açoite... Irrisão!...
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados, Co’ a esponja de tuas vagas
Que com os tigres mosqueados De teu manto este borrão?...
Combatem na solidão... Astros! noite! tempestades!
Homens simples, fortes, bravos... Rolai das imensidades”!
Hoje míseros escravos Varrei os mares, tufão!...
Sem luz, sem ar, sem razão...
(1) As musas eram nove divindades que presidiam as Artes, a
História e a Astronomia.
São mulheres desgraçadas (2) A partir deste estrofe, entende-se que a “severa musa” diz ao
Como Agar(3) o foi também, poeta o que se passa, como que respondendo à pergunta feita
Que sedentas, alquebradas, anteriormente.
De longe... bem longe, vêm... (3) Escrava e segunda mulher de Abraão, mãe de Ismael.
Trazendo com tíbios passos,
ALVES, Castro. O Navio Negreiro. In: Literatura Comentada.
Filhos e algemas nos braços, São Paulo, Abril, 1980, pp. 61-3.
N’alma – Lágrimas de fel,
Como Agar sofrendo tanto EXERCÍCIOS
Que nem o leite do pranto 1. (Enem)
Têm que dar para Ismael...
Texto I
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor deus! E pois que em outra cousa nesta parte me não posso
Se eu deliro... ou se é verdade vingar do demônio, admoesto da parte da cruz de Cristo
Tanto horror perante os céus... Jesus a todos que este lugar lerem, que deem a esta terra o
Ó mar, por que não apagas nome que com tanta solenidade lhe foi posto, sob pena de a
mesma cruz que nos há de ser mostrada no dia final, os
Lá nas areias infindas, acusar de mais devotos do pau-brasil que dela.
Das palmeiras no país, BARROS, J. In: SOUZA, L. M. Inferno atlântico: demonologia e
Nasceram – crianças lindas, colonização: séculos XVI-XVIII. São Paulo: Cia. das Letras, 1993.
Viveram – moças gentis...
Passa um dia a caravana Texto II
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus... E deste modo se hão os povoadores, os quais, por mais
...Adeus! ó choça do monte!... arraigados que na terra estejam e mais ricos que sejam, tudo
...Adeus! palmeiras da fonte! pretendem levar a Portugal, e, se as fazendas e bens que
...Adeus! amores... adeus!... possuem souberam falar, também lhes houveram de ensinar
a dizer como os papagaios, aos quais a primeira coisa que
Depois, o areal extenso... ensinam é: papagaio real para Portugal, porque tudo querem
Depois, o oceano de pó... para lá.
Depois no horizonte imenso
SALVADOR. F. V. In: SOUZA, L. M. (Org.). História da vida
Desertos... desertos só... privada no Brasil: cotidiano e vida privada na América Portuguesa. São
E a fome, o cansaço, a sede... Paulo: Cia. das Letras, 1997.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
As críticas desses cronistas ao processo de colonização 5. (Enem-PPL) Áreas em estabelecimento de atividades
portuguesa na América estavam relacionadas à econômicas sempre se colocaram como grande
a) utilização do trabalho escravo. chamariz. Foi assim no litoral nordestino, no início da
b) implantação de polos urbanos. colonização, com o pau-brasil, a cana-de-açúcar,
c) devastação de áreas naturais. o fumo, as produções de alimentos e o comércio. O
d) ocupação de terras indígenas. enriquecimento rápido exacerbou o espírito de aventura
e) expropriação de riquezas locais. do homem moderno.

2. (EsPCEx (Aman)) As relações entre a metrópole e a FARIAS, S. C. A Colônia em movimento.


Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998. Adaptado.
colônia foram regidas pelo chamado pacto colonial,
sendo este aspecto uma das principais características do
estabelecimento de um sistema de exploração mercantil O processo descrito no texto trouxe como efeito o(a)
implementado pelas nações europeias com relação à a) acumulação de capitais na colônia, propiciando a
América. criação de um ambiente intelectual efervescente.
Com relação ao Brasil, do que constava este pacto? b) surgimento de grandes cidades coloniais, voltadas
a) As colônias só poderiam produzir artigos para o comércio e com grande concentração
manufaturados. monetária.
b) A produção agrícola seria destinada, c) concentração da população na região litorânea, pela
exclusivamente, à subsistência da colônia. facilidade de escoamento da produção.
c) A produção da colônia seria restrita ao que a d) favorecimento dos naturais da colônia na concessão
metrópole não tivesse condições de produzir. de títulos de nobreza e fidalguia pela monarquia.
d) A colônia poderia comercializar a produção que e) construção de relações de trabalho menos desiguais
excedesse às necessidades da metrópole. que as da metrópole, inspiradas pelo
e) Portugal permitiria a produção de artigos empreendedorismo.
manufaturados pela colônia, desde que a matéria-
-prima fosse adquirida da metrópole. 6. (FMJ) Observe o afresco de Cândido Portinari, pintado
em 1938 para compor o mural do Ministério da
3. (G1 - IFCE) Com a chegada de Pedro Álvares Cabral, Educação no Rio de Janeiro sobre os ciclos econômicos
em 1500, teve início um processo de invasão das terras do Brasil.
indígenas e de implantação do sistema colonial. Os
portugueses que vieram para o Brasil tinham como
objetivo claro a exploração econômica do nosso
território e de seu povo.
Constituíam a economia colonial do Brasil:
a) cana-de-açúcar, algodão e café.
b) pau-brasil, cana-de-açúcar e café.
c) café, borracha da Amazônia e cana-de-açúcar.
d) pau-brasil, cana-de-açúcar e mineração.
e) pau-brasil, cana-de-açúcar e produção de tecidos
industrializados.

4. (UEPB) Considerando a realidade da América


Portuguesa nas três primeiras décadas do século XVI, é
correto afirmar:
a) A expedição exploradora de Gaspar de Lemos, em
1501, implantou o sistema de capitanias hereditárias
para garantir o desenvolvimento da cana de açúcar.
b) A Coroa portuguesa proibiu o estanco do pau-brasil,
já que a madeira era contrabandeada por franceses e
ingleses. PORTINARI, Cândido. Cana.
c) As expedições de Cristovão Jackes, em 1516 e 1526, Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br.
não tinham caráter militar, nem combateram
estrangeiros. Tinham a função específica de No Brasil colonial, um fator essencial para a
reconhecer o território e implantar as feitorias. organização da atividade econômica representada no
d) A atividade desenvolvida com autorização da Coroa afresco foi
portuguesa foi a extração de pau-brasil, uma a) a divisão dos engenhos de açúcar em datas, que eram
atividade nômade e predatória, que não tinha a lotes de terra de tamanhos variáveis, distribuídos de
finalidade de promover o povoamento. acordo com o número de escravos e de trabalhadores
e) A mão de obra indígena foi pouco explorada e livres de cada senhor de engenho.
bastante valorizada pelos portugueses, que b) a instituição do regime de porto único, em que se
presenteavam os nativos com objetos de grande reservou ao porto de Recife o privilégio exclusivo de
valor no mercado europeu. exportar o açúcar para a metrópole e importar
produtos manufaturados da Europa.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
c) a participação financeira dos holandeses, já que a b) A produção e comercialização do açúcar ocorreram
produção de açúcar exigia grande número de sob a influência do livre-cambismo em que se
escravos, instalações de alto custo e mão de obra baseou o empreendimento colonial português.
especializada. c) A metrópole estabeleceu o monopólio real, porém a
d) a implantação do estanco, que consistia em um comercialização do açúcar passou para os porões dos
monopólio do cultivo da cana e da produção do navios holandeses, que acabaram por assumir parte
açúcar, autorizado pelo rei de Portugal. substancial do tráfego entre Brasil e Europa.
e) a criação do colonato, regime de trabalho em que o d) Os portugueses mantiveram um rigoroso monopólio
empregado do engenho era pago, em parte, por sobre o processo de produção e refinação do açúcar,
tarefa executada e, em parte, pela colheita anual. só permitindo a participação de estrangeiros na
comercialização do produto.
7. (Enem-PPL) Ao longo de uma evolução iniciada nos e) Para implantação da indústria canavieira no Brasil, o
meados do século XIV, o tráfico lusitano se desenvolve projeto colonizador luso precisava contar com mão
na periferia da economia metropolitana e das trocas de obra compulsória e abundante, dada a extensão
africanas. Em seguida, o negócio se apresenta como do território e por isso sempre privilegiou a
uma fonte de receita para a Coroa e responde à demanda utilização dos nativos, cuja captura proporcionava
escravista de outras regiões europeias. Por fim, grandes lucros para a Coroa.
os africanos são usados para consolidar a produção
ultramarina. 9. (Famema) Havia muito capital e muita riqueza entre os
lavradores de cana, alguns ligados por laços de sangue
ALENCASTRO, L. F. O trato dos viventes. ou matrimônio aos senhores de engenho. Havia também
São Paulo: Cia. das Letras, 2000. Adaptado.
um bom número de mulheres, não raro viúvas,
participando da economia açucareira. Digno de nota até
A atividade econômica destacada no texto é um dos o fim do século XVIII, contudo, era o fato de os
elementos do processo que levou o reino português a lavradores de cana serem quase invariavelmente
a) utilizar o clero jesuíta para garantir a manutenção da brancos. Os negros e mulatos livres simplesmente não
emancipação indígena. dispunham de créditos ou capital para assumir os
b) dinamizar o setor fabril para absorver os lucros dos encargos desse tipo de agricultura.
investimentos senhoriais.
SCHWARTZ, Stuart..“O nordeste açucareiro no Brasil colonial”.
c) aceitar a tutela papal para reivindicar a exclusividade In: FRAGOSO, João Luis R; GOUVÊA, Maria de Fátima (orgs).
das rotas transoceânicas. O Brasil Colonial, vol 2, 2014.
d) fortalecer os estabelecimentos bancários para
financiar a expansão da exploração mineradora. O excerto indica que a sociedade colonial açucareira foi
e) implementar a agromanufatura açucareira para a) organizada em classes, cuja posição dependia de
viabilizar a continuidade da empreitada colonial. bens móveis.
b) apoiada no trabalho escravo, principalmente o dos
8. (ESPM) A primeira vez que se mencionou o açúcar e a lavradores de cana.
intenção de implantar uma produção desse gênero no c) baseada na “limpeza de sangue”, portanto se proibia
Brasil foi em 1516, quando o rei D. Manuel ordenou que a miscigenação.
se distribuíssem machados, enxadas e demais d) determinada pelos recursos financeiros, o que
ferramentas às pessoas que fossem povoar o Brasil e que impedia a mobilidade.
se procurasse um homem prático e capaz de ali dar e) hierarquizada por critérios diversos, tais como a
princípio a um engenho de açúcar. Os primeiros etnia e riqueza.
engenhos começaram a funcionar em Pernambuco no
ano de 1535, sob a direção de Duarte Coelho. A partir 10. (ESPM) Quem vir na escuridade da noite aquelas
fornalhas tremendas perpetuamente ardentes, o ruído
daí, os registros não parariam de crescer: quatro das rodas, das cadeias, da gente toda da cor da mesma
estabelecimentos em 1550; trinta em 1570, e 140 no fim noite, trabalhando vivamente, e gemendo tudo ao
do século XVI. A produção de cana alastrava-se não só mesmo tempo sem momento de tréguas, nem de
numericamente como espacialmente, chegando à descanso; quem vir enfim toda a máquina e aparato
Paraíba, ao Rio Grande do Norte, à Bahia e até mesmo confuso e estrondoso daquela Babilônia, não poderá
ao Pará. Mas foi em Pernambuco e na Bahia, sobretudo duvidar, ainda que tenha visto Etnas e Vesúvios, que é
na região do recôncavo baiano, que a economia uma semelhança de inferno.
açucareira de fato prosperou. Tiveram início, então, os VIEIRA, Padre Antonio. Citado por SCHWARCZ, Lilia; STARLING.
anos dourados do Brasil da cana, a produção alcançando Heloísa. In: Brasil uma Biografia.
350 mil arrobas no final do século XVI.
A leitura do trecho deve ser relacionada com
SCHWARCZ, Lilia M.. Brasil: uma biografia a) o trabalho indígena na extração do pau-brasil.
b) o trabalho indígena na lavoura da cana-de-açúcar.
A partir do texto e considerando a economia açucareira c) o trabalho de escravos negros africanos no engenho
e a civilização do açúcar, é correto assinalar: de cana-de-açúcar.
a) A cana-de-açúcar era um produto autóctone, ou seja, d) o trabalho de escravos negros africanos no garimpo,
nativo do Brasil e gradativamente foi caindo no na mineração.
gosto dos portugueses e dos europeus, a partir do e) o trabalho de imigrantes italianos na lavoura
século XVI. cafeeira.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
11. (Unesp) Leia o texto para responder à questão. 13. (ESPM) Leia os versos de Gregório de Matos abaixo.

Os diários, as memórias e as crônicas de viagens O açúcar já se acabou? Baixou.


escritas por marinheiros, comerciantes, militares, E o dinheiro se extinguiu? Subiu.
missionários e exploradores, ao lado das cartas náuticas, Logo já convalesceu? Morreu.
seriam as principais fontes de conhecimento e À Bahia aconteceu
representação da África dos séculos XV ao XVIII. o que a um doente acontece,
A barbárie dos costumes, o paganismo e a violência cai na cama, o mal lhe cresce,
baixou, subiu e morreu.
cotidiana foram atribuídos aos africanos ao mesmo
tempo em que se justificava a sua escravização no Novo
A decadência econômica que afetava a Bahia e o
Mundo. A desumanização de suas práticas serviria como Nordeste brasileiro no final do século XVII decorria:
justificativa compensatória para a coisificação dos a) da invasão francesa e da devastação da lavoura
negros e para o uso de sua força de trabalho nas canavieira.
plantations da América. b) da região se encontrar então sob a ocupação
holandesa.
CLARO, Regina. Olhar a África, 2012. Adaptado. c) da concorrência que o açúcar produzido pelos
holandeses, nas Antilhas, fazia ao açúcar produzido
As “plantations da América”, citadas no texto, no Brasil.
correspondem a d) do deslanchar naquele tempo da cafeicultura.
a) um esforço de coordenação da colonização ao redor e) do fato de a Espanha, que dominava a região na
do Atlântico, com a aplicação de modelos época, ter seu interesse voltado para a extração da
econômicos idênticos nas colônias ibéricas da prata em regiões como México e Peru.
América e da costa africana.
b) uma estratégia de valorização, na colonização da 14. (UFTM) Em 1570, a Província de Santa Cruz contava
América e na África, das atividades agrícolas com 60 engenhos. Destes, 41 situavam-se nas capitanias
baseadas em mão de obra escrava, com a de Pernambuco e da Bahia. Quinze anos depois, o
consequente eliminação de toda forma de artesanato número de engenhos nestas duas regiões mais do que
e de comércio local. triplicou, atingindo a marca dos 131. No final do século,
c) um modelo de organização da produção agrícola em 1590, a colônia contava com 150 engenhos
caracterizado pelo predomínio de grandes espalhados pelas capitanias de Pernambuco, Bahia,
propriedades monocultoras, que utilizavam trabalho Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Vicente. As duas
primeiras capitanias, entretanto, continuavam a
escravo e destinavam a maior parte de sua produção
concentrar o maior número de unidades produtivas, que
ao mercado externo.
correspondia a 80% do total (...). Em 1584, cerca de 40
d) uma forma de organização da produção agrícola, navios eram utilizados para transportar o açúcar de
implantada nas colônias africanas a partir do sucesso Recife para Lisboa. No início do século XVII, em 1614,
da experiência de povoamento das colônias inglesas mais de 130 navios eram utilizados no transporte do
na América do Norte. açúcar de Pernambuco para a metrópole.
e) uma política de utilização sistemática de mão de
LOPEZ, Adriana; MOTA, Carlos Guilherme. História do Brasil, uma
obra de origem africana na pecuária, substituindo o interpretação, 2008.
trabalho dos indígenas, que não se adaptavam ao
sedentarismo e à escravidão. Infere-se do texto que
a) a produção açucareira distribuiu-se de forma
12. (Fatec) De acordo com o historiador Stuart B. Schwarcz, equilibrada por toda a colônia.
durante o período da colonização, havia um ditado popular b) os lucros propiciados pelo açúcar inibiram o
que dizia: “Sem açúcar, não há Brasil; sem a escravidão, desenvolvimento da pecuária em larga escala.
não há açúcar; sem Angola, não há escravos”. c) a prosperidade das regiões dependia da capacidade
administrativa dos donatários.
Disponível em: http://tinyurl.com/njyvll6. Acesso em: 30 jun. 2014. d) a cana forneceu a base material para o
estabelecimento dos portugueses nos trópicos.
Esse ditado traz elementos que permitem concluir que a e) o crescimento da produção foi lento e constante ao
organização colonial longo dos séculos XVI e XVII.
a) dependia da produção de açúcar para exportação,
15. (Enem) O açúcar e suas técnicas de produção foram
produzido com trabalho de escravos. levados à Europa pelos árabes no século VIII, durante a
b) era baseada na policultura de subsistência, para Idade Média, mas foi principalmente a partir das
alimentar a grande população escrava. Cruzadas (séculos XI e XIII) que a sua procura foi
c) utilizava-se do trabalho escravo, para garantir a aumentando. Nessa época passou a ser importado do
produção de gêneros industrializados. Oriente Médio e produzido em pequena escala no sul da
d) desenvolvia a economia do Brasil e de Angola, pois Itália, mas continuou a ser um produto de luxo,
extremamente caro, chegando a figurar nos dotes de
ambos dividiam os lucros do açúcar.
princesas casadoiras.
e) era baseada no trabalho assalariado, porém utilizava
escravos nas atividades domésticas. CAMPOS, R. Grandeza do Brasil no tempo de Antonil (1681-1716).
São Paulo: Atual, 1996.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
Considerando o conceito do Antigo Sistema Colonial, 18. (Enem) A partir da segunda metade do século XVIII,
o açúcar foi o produto escolhido por Portugal para dar o número de escravos recém-chegados cresce no Rio e
início à colonização brasileira, em virtude de se estabiliza na Bahia. Nenhum lugar servia tão bem à
a) o lucro obtido com o seu comércio ser muito recepção de escravos quanto o Rio de Janeiro.
vantajoso. FRANÇA, R. O tamanho real da escravidão.
b) os árabes serem aliados históricos dos portugueses. O Globo, 5 abr. 2015. Adaptado.
c) a mão de obra necessária para o cultivo ser
insuficiente. Na matéria, o jornalista informa uma mudança na
dinâmica do tráfico atlântico que está relacionada à
d) as feitorias africanas facilitarem a comercialização
seguinte atividade:
desse produto.
a) Coleta de drogas do sertão.
e) os nativos da América dominarem uma técnica de b) Extração de metais preciosos.
cultivo semelhante. c) Adoção da pecuária extensiva.
d) Retirada de madeira do litoral.
16. (FMJ) Os antigos vicentinos, já chamados “paulistas”, e) Exploração da lavoura de tabaco.
tinham sido os descobridores do ouro nos anos finais do
século XVII. Mas sua posse nas áreas de mineração 19. (Unesp) Em meados do século o negócio dos metais
entrara em choque com os forasteiros. Perdido o não ocuparia senão o terço, ou bem menos, da
quinhão mineiro, os paulistas iam para fora de seu
população. O grosso dessa gente compõe-se de
território buscar o “remédio de sua vida”. Passaram a
mercadores de tenda aberta, oficiais dos mais variados
dedicar-se com mais afinco ao abastecimento da zona
mineira, com seus escassos produtos agrícolas, e ofícios, boticários, prestamistas, estalajadeiros,
prioritariamente às tropas (comércio de muares que iam taberneiros, advogados, médicos, cirurgiões-barbeiros,
buscar no sul) e às monções (comércio fluvial para burocratas, clérigos, mestres-escolas, tropeiros, soldados
Cuiabá). da milícia paga. Sem falar nos escravos, cujo total,
segundo os documentos da época, ascendia a mais de
BELLOTTO, Heloísa Liberalli. “Razões de Estado: a extinção e os cem mil. A necessidade de abastecer-se toda essa gente
primórdios da restauração da capitania de São Paulo”. provocava a formação de grandes currais; a própria
In: História do estado de São Paulo: a formação da unidade
paulista, vol. 1, 2010. Adaptado. lavoura ganhava alento novo.
HOLANDA, Sérgio Buarque. de “Metais e pedras preciosas”.
O excerto refere-se à primeira metade do século XVIII e à História geral da civilização brasileira, vol. 2, 1960. Adaptado.
a) projeção do planalto paulista como principal polo
dinâmico da economia colonial. De acordo com o excerto, é correto concluir que a
b) aplicação de capitais industriais nas empresas extração de metais preciosos em Minas Gerais no século
mineradoras de grande porte. XVIII
c) constituição de governos independentes nas cidades a) impediu o domínio do governo metropolitano nas
mineiras do interior do país. áreas de extração e favoreceu a independência
d) diversificação econômica decorrente da mineração colonial.
de metais preciosos. b) bloqueou a possibilidade de ascensão social na
e) desarticulação da economia agroexportadora devido colônia e forçou a alta dos preços dos instrumentos
à mineração de ouro.
de mineração.
c) provocou um processo de urbanização e articulou a
17. (Enem-PPL) Uma sombra pairava sobre as tão
esperadas descobertas auríferas: a multidão de economia colonial em torno da mineração.
aventureiros que se espalhara por serras e grotões d) extinguiu a economia colonial agroexportadora e
mostrava-se criminosa e desobediente aos ditames da incorporou a população litorânea economicamente
Coroa ou da Igreja. Carregavam consigo tantos escravos ativa.
que o preço da mão de obra começara a aumentar na e) restringiu a divisão da sociedade em senhores e
Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro. Ao fim de dez escravos e limitou a diversidade cultural da colônia.
anos, a tensão entre paulistas e forasteiros, entre
autoridades e mineradores, só fazia aumentar. 20. (UFSM)

DEL PRIORE, M.; VENÂNCIO, R. Uma breve história do Brasil.


São Paulo: Planeta, 2010.

No contexto abordado, do início do século XVIII,


a medida tomada pela Coroa lusitana visando garantir a
ordem na região foi a
a) regulamentação da exploração do trabalho.
b) proibição da fixação de comerciantes.
c) fundação de núcleos de povoamento.
d) revogação da concessão de lavras.
e) criação das intendências das minas.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
A igreja de São Francisco (foto), construída em Ouro d) Apesar do crescimento da agricultura e da pecuária,
Preto no século XVIII, é um marco do barroco e da o mercado interno não se desenvolveu no Brasil
arquitetura brasileira. O contexto histórico que explica a colonial, cuja produção se manteve estritamente
realização dessa obra é criado pelo(a) voltada ao mercado externo.
a) crise do sistema colonial e eclosão das revoltas e) As atividades agrícolas e a pecuária desenvolveram-se
regenciais. de certo modo integradas ao desenvolvimento da
b) deslocamento do centro administrativo da colônia mineração e da urbanização da região mineradora.
para a cidade de Ouro Preto.
c) exploração econômica das minas de ouro e 23. (Enem-PPL)
consolidação da agricultura canavieira.
d) ciclo da mineração e decorrente diversificação do SÍNTESE ENTRE ERUDITO E POPULAR
sistema produtivo.
e) distanciamento em relação a autoridade colonial e Na região mineira, a separação entre cultura
consequente maior liberdade de expressão. popular (as artes mecânicas) e erudita (as artes liberais)
é marcada pela elite colonial, que tem como exemplo os
21. (Enem) Quando a Corte chegou ao Rio de Janeiro, a valores europeus, e o grupo popular, formado pela fusão
colônia tinha acabado de passar por uma explosão de várias culturas: portugueses aventureiros ou
populacional. Em pouco mais de cem anos, o número de degredados, negros e índios. Aleijadinho, unindo as
habitantes aumentara dez vezes. sofisticações da arte erudita ao entendimento do artífice
popular, consegue fazer essa síntese característica deste
GOMES, L. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma momento único na história da arte brasileira: o barroco
corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a
História de Portugal e do Brasil.
colonial.
MAJORA, C. B. História, n. 3, mar. 2007. Adaptado.
São Paulo: Planeta do Brasil, 2008. Adaptado.

A alteração demográfica destacada no período teve No século XVII, a arte brasileira, mais especificamente
como causa a atividade a de Minas Gerais, apresentava a valorização da técnica
a) cafeeira, com a atração da imigração europeia. e um estilo próprio, incluindo a escolha dos materiais.
b) industrial, com a intensificação do êxodo rural. Artistas como Aleijadinho e Mestre Ataíde têm suas
c) mineradora, com a ampliação do tráfico africano. obras caracterizadas por peculiaridades que são
d) canavieira, com o aumento do apresamento indígena. identificadas por meio
e) manufatureira, com a incorporação do trabalho a) do emprego de materiais oriundos da Europa e da
assalariado. interpretação realista dos objetos representados.
b) do uso de recursos materiais disponíveis no local e
da interpretação formal com características próprias.
22. (FGV) [...] se o interesse da Coroa estava centralizado
c) da utilização de recursos materiais vindos da Europa
na atividade minerária, ela não poderia negligenciar e da homogeneização e linearidade representacional.
outras atividades que garantissem sua manutenção e d) da observação e da cópia detalhada do objeto
continuidade. É nesse contexto que a agricultura deve representado e do emprego de materiais disponíveis
ser vista integrando os mecanismos necessários ao na região.
processo de colonização desenvolvidos na própria e) da utilização de materiais disponíveis no Brasil e da
Colônia, uma vez que, voltada para o consumo interno, interpretação idealizada e linear dos objetos
era um meio de garantir a reprodução da estrutura representados.
social, além de permitir a redução dos custos com a
manutenção da força de trabalho escrava. 24. (FGV) Dom Pedro Miguel de Almeida Portugal –
conde de Assumar – se casou em 1715 com D. Maria
GUIMARÃES, C. M; REIS, F. M. da M. “Agricultura e mineração José de Lencastre. Daí a dois anos partiria para o Brasil
no século XVIII”, in RESENDE, M.E.L. e VILLALTA, L.C. (orgs.) como governador da capitania de São Paulo e Minas
História de Minas Gerais. As minas setecentistas.
Belo Horizonte: Autêntica Editora/Companhia
Gerais. Nas Minas, não teria sossego, dividido entre o
do Tempo, 2007, p. 323. cuidado ante virtuais levantes escravos e efetivos
levantes de poderosos; o mais sério destes o celebrizaria
Assinale a alternativa que interpreta corretamente o como algoz: foi o conde de Assumar que, em 1720,
texto. mandou executar Felipe dos Santos sem julgamento,
a) Para o desenvolvimento das atividades de sendo a seguir chamado a Lisboa e amargurado um
longo ostracismo.
exploração das minas, foi decisiva a permissão dada SOUZA, Laura de Mello e. Norma e conflito:
pela metrópole ao desenvolvimento técnico e aspectos da história de Minas no século XVIII.
industrial da região.
b) Os caminhos entre as minas e Salvador, além de A morte de Felipe dos Santos esteve vinculada a
escoar a produção mineradora e permitir a entrada de a) uma sublevação em Vila Rica, que envolveu vários
escravos, ficaram marcados pelo aparecimento de grupos sociais, descontentes com a decisão de levar
importantes vilas e povoados. todo ouro extraído para ser quintado nas Casas de
c) A produção agrícola na região das minas Fundição.
desenvolveu-se a ponto de se tornar um dos b) um movimento popular que exigia a autonomia das
principais itens da pauta de produtos exportados no Minas Gerais da capitania do Rio de Janeiro e o
período colonial. imediato cancelamento das atividades da Companhia
de Comércio do Brasil.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
c) uma revolta denominada Guerra do Sertão, d) um imposto de 20% sobre cada animal vendido aos
comandada por potentados locais, que não aceitavam mineradores. Os tropeiros levavam o gado existente
as imposições colonialistas portuguesas, como a no território do atual Rio Grande do Sul para vender
nas regiões das minas.
proibição do comércio com a Bahia.
e) uma penalização sobre os mineradores, que, para
d) uma insurreição comandada pela elite colonial, não pagar impostos, contrabandeavam o ouro.
inspirada no sebastianismo, que defendia a O governo português decreta que todo o ouro
emancipação da região das minas do restante da deveria ser entregue às Casas de Fundição e o
América portuguesa, com a criação de uma nova minerador que desobedecesse a essa ordem, além de
monarquia. perder todo o ouro que tivesse extraído, seria preso.
e) uma rebelião, que contrapôs os paulistas –
26. (FGV) O contrato de trabalho na fazenda de café
descobridores das minas e primeiros exploradores – paulista consistia no pagamento anual de uma certa
e os chamados emboabas ou forasteiros – pessoas de quantia por cada mil pés de café cuidados [...]. O colono
outras regiões do Brasil, que vieram atrás das ainda recebia uma quantia estipulada por alqueire
riquezas de Minas. (medida) de café colhido. [...] O que tinha uma
importância extraordinária no sistema de trabalho nas
25. (UPF) Durante o período colonial, o governo português fazendas paulistas era, entretanto, a possibilidade de
explorava violentamente os habitantes da colônia plantar produtos de subsistência entre os cafeeiros e a
chamada Brasil. obtenção de um pedaço de terra com essa finalidade,
além de um pasto para alguns animais.

PETRONE, Maria Tereza Schorer. “Imigração”. In: História geral da


civilização brasileira: o Brasil republicano, tomo III, vol. 2, 1990.

O estímulo à contratação de trabalhadores estrangeiros


pelas fazendas paulistas, no contexto de abolição da
escravidão no final do século XIX, implicou
a) a estagnação relativa da economia de exportação e o
predomínio gradual da industrialização sustentada
pela formação do mercado consumidor interno.
b) a permanência da exploração compulsória do
trabalho nos moldes coloniais e o fracasso da
política de transferência de agricultores estrangeiros
para o Brasil.
c) a ampliação da base monetária da economia do país e a
manutenção do ritmo da atividade agroexportadora com
NOVAES, Carlos Eduardo; LOBO, César. História do Brasil para a expressiva oferta de mão de obra.
principiantes: de Cabral a Cardoso – 500 anos de novela. d) a pacificação das relações de trabalho nos latifúndios
São Paulo: Ática, 1997, p. 123.
paulistas e a dependência política do grande
proprietário em relação aos eleitores rurais.
A charge faz referência à chamada derrama, instituída
e) a assinatura de acordos do estado de São Paulo com
pelo Marquês de Pombal em 1765. Podemos afirmar os países de origem da mão de obra e a pronta
que a derrama era aceitação da nacionalidade brasileira pelos recém-
a) um recurso instituído para cobrar os impostos -chegados.
atrasados. A região das minas deveria entregar a
Portugal anualmente 100 arrobas (1500 kg) de ouro; 27. (Fatec) O Brasil foi o principal destino dos africanos
caso essa quantia não fosse entregue, o valor restante escravizados especialmente no século XIX. Ainda que
seria cobrado de toda a população, que teria que pressões internacionais pusessem cada vez mais
restrições ao tráfico transatlântico, os portos do sudeste
completar em dinheiro o equivalente as 100 arrobas.
do país, vários deles clandestinos, foram o destino de
b) uma cobrança decorrente do fato que os senhores de cerca de três quartos das pessoas escravizadas no Brasil
engenho estavam entregando o açúcar produzido aos entre 1822 e 1866. A escravidão mantinha, dessa forma,
holandeses, assim, teriam que pagar a Portugal como o seu papel fundamental na economia brasileira e na
imposto o equivalente ao quinto (20%) de todo o formação das relações sociais do país.
valor comercializado com holandeses.
c) a incidência de uma taxa de 20% sobre o valor de Assinale a alternativa que corresponde corretamente ao
contexto apresentado no texto.
cada índio escravizado. Como os holandeses
a) O Brasil proibiu oficialmente a entrada de africanos
estavam dominando, além do nordeste brasileiro, as
escravizados e a sua comercialização em 1866, o que
regiões da África que forneciam escravos, os levou à abolição da escravidão na década seguinte.
bandeirantes paulistas começaram a aprisionar b) O sudeste brasileiro, cuja economia se baseava
indígenas para vender como escravos aos produtores principalmente na cafeicultura, recebeu a maior
de açúcar. parte dos africanos escravizados no Brasil do século
XIX.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
c) A Inglaterra teve êxito em coibir o tráfico 30. (UPF) A partir da década de 1840, o café se consolidou
transatlântico em 1888, ano em que ocorreu a como o principal produto de exportação do Brasil. Em
abolição da escravidão no Brasil, nos Estados função da cafeicultura, criou-se toda uma rede de
Unidos e no Caribe. infraestrutura, com aparelhamento dos portos, melhoria
d) A escravidão indígena, em detrimento da escravidão dos transportes, instituição de novos mecanismos de
africana, foi predominante nos chamados ciclos do crédito e estímulo à vinda de imigrantes europeus para
ouro e do café nos séculos XIX e XX. diversificação da mão de obra.
e) Os escravizados aportados no Brasil após 1822
vinham, em maior número, do chamado Chifre da A cafeicultura definiu o deslocamento do polo
África, região menos vigiada pela marinha britânica. econômico do país para as zonas:
a) Recôncavo Baiano e Chapada Diamantina.
28. (Unesp) É particularmente no oeste da província de São b) Grão-Pará e Costa de Sauípe.
Paulo – o oeste de 1840, não o de 1940 – que os cafezais c) Vale do Paraíba e oeste paulista.
adquirem seu caráter próprio, emancipando-se das d) Sertão pernambucano e Triângulo Mineiro.
formas de exploração agrária estereotipadas desde os e) Vale do Itajaí e oeste catarinense.
tempos coloniais no modelo clássico da lavoura
canavieira e do “engenho” de açúcar. A silhueta antiga 31. (Enem-PPL) As camadas dirigentes paulistas na
do senhor de engenho perde aqui alguns dos seus traços segunda metade do século XIX recorriam à história e à
característicos, desprendendo-se mais da terra e da figura dos bandeirantes. Para os paulistas, desde o início
tradição – da rotina rural. A terra de lavoura deixa então da colonização, os habitantes de Piratininga (antigo
de ser o seu pequeno mundo para se tornar unicamente nome de São Paulo) tinham sido responsáveis pela
seu meio de vida, sua fonte de renda […]. ampliação do território nacional, enriquecendo a
metrópole portuguesa com o ouro e expandindo suas
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil, 1987. possessões. Graças à integração territorial que
promoveram, os bandeirantes eram tidos ainda
O “caráter próprio” das fazendas de café do oeste fundadores da unidade nacional. Representavam a
paulista de 1840 pode ser explicado, em parte, pelo lealdade à província de São Paulo e ao Brasil.
a) menor isolamento dessas fazendas em relação aos
meios urbanos. ABUD, K. M. Paulistas, uni-vos! Revista de História da Biblioteca
b) emprego exclusivo de mão de obra imigrante e Nacional, n. 34, 1 jul. 2008. Adaptado.
assalariada.
c) desaparecimento das práticas de mandonismo local. No período da história nacional analisado, a estratégia
d) maior volume de produção de mantimentos nessas descrita tinha como objetivo
fazendas. a) promover o pioneirismo industrial pela substituição
e) esforço de produzir prioritariamente para o mercado de importações.
interno. b) questionar o governo regencial após a
descentralização administrativa.
29. (Famema) Leia o excerto de Brasil Pitoresco, escrito c) recuperar a hegemonia perdida com o fim da política
pelo francês Charles Ribeyrolles, sobre as fazendas de do café com leite.
café do Vale do Paraíba. d) aumentar a participação política em função da
expansão cafeeira.
A fazenda brasileira, viveiro de escravos, é uma e) legitimar o movimento abolicionista durante a crise
instituição fatal. Sua oficina não pode se renovar, e a do escravismo.
ciência, mãe de todas as forças, fugirá dela enquanto
campearem a ignorância e a servidão. O dilema consiste, 32. (Unesp) Os colonos que emigram, recebendo dinheiro
pois, no seguinte: transformar ou morrer. adiantado, tornam-se, pois, desde o começo, uma
RIBEYROLLES, Charles, 1859. Apud MARTINS, Ana Luiza. simples propriedade de Vergueiro & Cia. E em virtude
O trabalho nas fazendas de café, 1994. do espírito de ganância, para não dizer mais, que anima
numerosos senhores de escravos, e também da ausência
Na região do oeste paulista, esse “dilema” de direitos em que costumam viver esses colonos na
a) dificultou o trabalho assalariado em função do província de São Paulo, só lhes resta conformarem-se
preconceito gerado pelo atraso tecnológico da com a ideia de que são tratados como simples
lavoura cafeeira. mercadorias ou como escravos.
b) persistiu, o que impediu a modernização das
fazendas de café, cujos proprietários lucravam com o DAVATZ, Thomas. Memórias de um colono no Brasil (1850), 1941.
tráfico negreiro.
c) inexistiu, pois a mecanização já predominava na O texto aponta problemas enfrentados por imigrantes
cafeicultura, o que dispensou a maioria dos europeus que vieram ao Brasil para
trabalhadores. a) trabalhar nas primeiras fábricas, implantadas na
d) foi solucionado com a vinda de imigrantes apoiada região Sudeste do país, para reduzir a dependência
pelos cafeicultores, que investiam também em brasileira de manufaturados ingleses.
ferrovias.
e) resultou na crise da cafeicultura após a aprovação da
Lei Áurea, devido à escassez de mão de obra.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
b) substituir a mão de obra escrava nas lavouras de café IV. A intensa produção cafeeira no final do século XIX
e cana-de-açúcar, após a decretação do fim da saturou tanto o mercado interno como o externo,
escravidão pela lei Áurea. gerando uma queda nos preços. Essa crise foi
c) trabalhar no sistema de parceria, estando submetidos estimulada pela ausência de medidas que viessem
ao poder político e econômico de fazendeiros defender e valorizar o café, levando à falência dos
habituados à exploração da mão de obra escrava. produtores já na primeira década de século XX.
d) substituir a mão de obra indígena na agricultura e na
pecuária, pois os nativos eram refratários aos Marque a alternativa correta.
trabalhos que exigiam sua sedentarização. a) Todas as alternativas estão corretas.
e) trabalhar no sistema de colonato, durante o período b) Todas as alternativas estão incorretas.
da grande imigração, e se estabeleceram nas c) Apenas a II alternativa está correta.
fazendas de café do Vale do Paraíba e litoral do Rio d) Apenas a IV alternativa está incorreta.
de Janeiro. e) Apenas as alternativas I e II estão corretas.

33. (UFJF-Pism) Observe os seguintes quadros. 34. (FGV) No livro de crônicas Cidades Mortas, o escritor
Monteiro Lobato descreve o destino de ricas cidades
cafeicultoras do Vale do Paraíba. Bananal, que chegou a
PRODUÇÃO AGRÍCOLA DA PAUTA DAS
ser a maior produtora de café da província de São Paulo,
EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS
tornou-se uma “cidade morta”, que vive do esplendor do
Período Café Borracha Açúcar Cacau passado: transformou-se em uma estância turístico-
1881- -histórica, mantendo poucas sedes majestosas
61,5% 8,0 9,9 1,6
1890 conservadas, como a da Fazenda Resgate. A maioria,
1891- entretanto, está em ruínas. O fim da escravidão foi o fim
64,5% 15,0 6,0 2,5
1900 dos barões. E também o fim do Império.
1900-
51,5% 28,2 1,2 2,8 FARIA, Sheila de Castro. Ciclo do café. In: FIGUEIREDO, Luciano
1910 (org). História do Brasil para ocupados, 2013, p.164.
FAUSTO, B.(Org.) História Geral da Civilização Brasileira. São Paulo:
Difel, Tomo III (O Brasil Republicano), 1981. Sobre a conclusão apresentada no texto, é correto
afirmar que
IMIGRAÇÃO PARA O BRASIL a) a decadência econômica do Vale do Paraíba tem
(NÚMEROS APROXIMADOS) fortes vínculos com as periódicas crises
internacionais que reduziam a demanda pelo café,
Nacionalidade 1891-1900 1901-1910 mas a causa central da derrocada do cultivo nessa
região foi a ação do império combatendo a
Portugueses 313.000 202.000 imigração.
b) o centro-sul, especialmente a região do Vale do
Italianos 360.000 678.000 Paraíba, manteve uma constante crítica à monarquia,
em razão da defesa que esta fazia do federalismo,
Espanhóis 45.800 157.000 opondo-se ao centralismo político-administrativo,
prejudicial aos negócios do café.
HUGON, Paul. Demografia Brasileira e Fundação IBGE, c) a decadência da produção cafeeira no Vale do
Rio de Janeiro
Paraíba, relacionada aos problemas de solo, foi
impulsionada pela abolição da escravatura, fato que
Estes dados referem-se às primeiras décadas da
levou os grandes proprietários de terra da região a
implantação da República no Brasil. Acerca desse
retirarem o seu apoio à monarquia.
período e baseando-se neles e em seus conhecimentos,
d) as divergências entre os cafeicultores do Vale do
leia as afirmativas abaixo e em seguida, responda ao que
Paraíba e a liderança do Partido Conservador
se pede.
cristalizaram-se com o fim do tráfico de escravos,
I. Os capitais advindos da grande produção cafeeira
culminando no rompimento definitivo com a Lei do
foram aplicados no setor industrial. Este se
Ventre Livre.
beneficiou também da entrada de levas de imigrantes
e) a posição antimonarquista dos cafeicultores do Vale
europeus que seriam utilizados como mão de obra
do Paraíba, fundadores do Partido Republicano,
operária;
resultou na imposição de medidas, por parte da elite
II. Na virada do século XIX para o XX, o Brasil ainda
imperial, prejudiciais a essa elite, como a proibição
possuía como principal pilar de sua economia a
da entrada de imigrantes.
exportação de produtos agrícolas, produzidos em
larga escala nas grandes propriedades;
35. (Unesp) Ao lado do latifúndio, a presença da escravidão
III. O fluxo imigratório para o Brasil nesse período foi
freou a constituição de uma sociedade de classes, não
elevado. A totalidade dos imigrantes fixou-se nas
tanto porque o escravo esteja fora das relações de
áreas urbanas em função do baixo recrutamento de
mercado, mas principalmente porque excluiu delas os
mão de obra no campo. Após a abolição da
homens livres e pobres e deixou incompleto o processo
escravidão estes postos de trabalho foram ocupados
de sua expropriação.
por negros e seus descendentes; FRANCO, Maria Sylvia de Carvalho.
Homens livres na ordem escravocrata, 1983.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
Segundo o texto, que analisa a sociedade cafeeira no c) a opção firme do governo imperial por apoiar a
Vale do Paraíba no século XIX, indústria em detrimento da agricultura, o que é
a) a substituição do trabalho escravo pelo trabalho livre comprovado pelo auxílio irrestrito às atividades do
assalariado freou a constituição de uma sociedade de Visconde de Mauá.
classes durante o período cafeeiro. d) a expansão da indústria, a partir de meados do século
b) o imigrante e as classes médias mantiveram-se fora XIX, que ocorreu em todos os grandes centros do
das relações de mercado existentes na sociedade país, conforme comprovam o elevado número de
cafeeira. empresas com mais de cem trabalhadores em regiões
c) o caráter escravista impediu a participação direta dos como o Norte e o Nordeste.
homens livres e pobres na economia de exportação e) a formação de um consistente mercado interno
da sociedade cafeeira. decorrente da mineração, que impulsionou uma
d) a inexistência de homens livres e pobres na robusta urbanização capaz de oferecer escoamento
sociedade cafeeira determinou a predominância do da produção no âmbito local.
trabalho escravo nos latifúndios.
e) a ausência de classes na sociedade cafeeira deveu-se 38. (UFJF-Pism) Leia atentamente o texto abaixo sobre a
prioritariamente ao fato de que o escravo estava fora implantação do transporte ferroviário no Brasil do
das relações de mercado. século XIX.
No século XIX, os caminhos de ferro simbolizavam
36. (Enem) A África Ocidental é conhecida pela dinâmica
o progresso material das nações. O Mundo Ocidental
das suas mulheres comerciantes, caracterizadas pela
conheceu um fenômeno denominado coqueluche
perícia, autonomia e mobilidade. A sua presença, que
ferroviária para expressar a grande expansão das vias
fora atestada por viajantes e por missionários
férreas, na época. (...) O Brasil manifestou interesse
portugueses que visitaram a costa a partir do século XV,
pelas ferrovias ainda na primeira metade do século XIX,
consta também na ampla documentação sobre a região.
quando esse sistema de transporte engatinhava nos
A literatura é rica em referências às grandes mulheres
países desenvolvidos. A expansão da economia
como as vendedoras ambulantes, cujo jeito para o
primário-exportadora demandava uma infraestrutura de
negócio, bem como a autonomia e mobilidade, é tão
transporte eficiente que reduzisse os custos de ocupação
típico da região.
das fronteiras. (...) A precariedade dos transportes por
HAVIK, P. Dinâmicas e assimetrias afro-atlânticas: a agência tropas representava um ponto de estrangulamento no
feminina e representações em mudança na Guiné (séculos
XIX e XX). In: PANTOJA,. S. (Org.). Identidades, memórias e processo de crescimento da produção agrária no país.
histórias em terras africanas. Brasília: LGE; Luanda: Nzila, 2006.
BORGES, B.G. Ferrovia e modernidade. Revista UFG,
dez. 2011, ano XIII, n. 11, p. 28-29.
A abordagem realizada pelo autor sobre a vida social da
África Ocidental pode ser relacionada a uma
característica marcante das cidades no Brasil escravista Acerca desse contexto histórico, é correto afirmar que
nos séculos XVIII e XIX, que se observa pela a) grande parte do financiamento para construção das
a) restrição à realização do comércio ambulante por estradas de ferro no Brasil vinha de investimentos
africanos escravizados e seus descendentes. ingleses. Isto porque a Inglaterra era a principal
b) convivência entre homens e mulheres livres, de potência capitalista da época e lucrava com a
diversas origens, no pequeno comércio. exportação de bens de capital, isto é, de
c) presença de mulheres negras no comércio de rua de equipamentos necessários para a produção de outros
diversos produtos e alimentos. produtos ou serviços.
d) dissolução dos hábitos culturais trazidos do b) a construção das estradas de ferro exigia um
continente de origem dos escravizados. conhecimento técnico especializado e, por isso, eram
e) entrada de imigrantes portugueses nas atividades realizadas, exclusivamente, por operários imigrantes
ligadas ao pequeno comércio urbano. europeus, contratados pelo Estado imperial
brasileiro.
37. (ESPM) Somente a partir de 1850 vai se observar um c) as estradas de ferro contribuíram para a integração
maior dinamismo no desenvolvimento econômico do direta das áreas produtoras de café, no interior, com
país em geral e de suas manufaturas em particular. os portos de exportação do produto, no litoral. Com
O crescimento do número de empresas industriais se isso, houve menor necessidade de investimentos nas
faria com relativa rapidez. áreas urbanas, em cidades situadas no percurso das
ferrovias.
MENDONÇA, Sonia. A Industrialização Brasileira.
d) os investimentos financeiros feitos pelos fazendeiros
O assunto tratado no texto guarda relação com do café na construção de estradas de ferro acabaram
a) a eficácia duradoura da tarifa Alves Branco que contribuindo para o seu endividamento e,
protegeu a produção brasileira da concorrência dos consequentemente, para o aumento do preço do
produtos estrangeiros, sobretudo ingleses. produto e para a crise da cafeicultura no Brasil.
b) o fim do tráfico de africanos para o Brasil, e) houve uma ampla integração entre as províncias
estipulado pela Lei Eusébio de Queirós, medida que produtoras de café e as províncias do norte do Brasil,
liberou capitais, até então empatados na compra de grandes consumidoras deste produto, contribuindo
escravos, para outras atividades, como indústria, para o aumento do lucro dos cafeicultores.
serviços urbanos e bancos.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
39. (Unesp) No século XIX, a música brasileira teve sua 41. (Unesp)
maior expressão na obra de Antonio Carlos Gomes,
aclamado uma personalidade musical da corte de dom EXPANSÃO DAS ESTRADAS DE FERRO
Pedro II. A estreia de sua ópera “O Guarani” em 1870
nos teatros de Milão e do Rio de Janeiro trouxe-lhe Região cafeeira* Brasil
Anos
reconhecimento internacional. A ópera inspira-se no (Km) (Km)
1854 14,5 14,5
romance indianista O Guarani, de José de Alencar,
1859 77,9 109,4
publicado em 1857, que narra um triângulo amoroso
1864 163,2 411,3
entre a jovem Cecília, o índio Pery e o português dom 1869 450,4 713,1
Álvaro. 1874 1 053,1 1 357,3
1879 2 395,9 2 895,7
Coleção Folha Grandes Óperas. GOMES, Carlos. vol. 07, 2011. Adaptado.
1884 3 830,1 6 324,6
1889 5 590,3 9 076,1
Assinale a alternativa que se refere corretamente a fatos 1894 7 676,6 12 474,3
ocorridos na história do Brasil no período que se estende 1899 8 713,9 13 980,6
de 1850 a 1870. 1904 10 212,0 16 023,9
a) A colonização do Brasil ultrapassou os limites 1906 11 281,3 17 340,4
geográficos da linha de Tordesilhas, provocando * Espírito Santo, Rio de Janeiro, Guanabara (antigo
conflitos permanentes entre as metrópoles Distrito Federal), Minas Gerais e São Paulo (apud
portuguesa e espanhola. SILVA, Sérgio. Expansão cafeeira e origens da
b) A incorporação do território do Acre pelo Estado indústria no Brasil)
brasileiro promoveu um desenvolvimento
econômico na região da bacia do rio Amazonas. A partir da análise dos dados apresentados e dos seus
conhecimentos sobre o período, é correto afirmar que
c) O fim do tráfico de escravos da África para o Brasil
a) o desenvolvimento da economia cafeeira teve, entre
aumentou o investimento de capital inglês que serviu
meados do século XIX e início do XX, um forte
para fomentar a modernização e o crescimento vínculo com a expansão do transporte ferroviário.
urbano do Rio de Janeiro. b) nas duas décadas finais do século XIX, o avanço dos
d) Com a proibição do tráfico de escravos, o governo trilhos na região cafeeira recuou em função das
imperial adotou uma série de medidas para facilitar o crises enfrentadas na exportação do produto.
acesso da população brasileira à propriedade da c) com as leis abolicionistas, a partir de 1871, ocorreu
terra. uma queda brusca na expansão ferroviária na região
e) Em São Paulo, a produção do café continuou restrita cafeeira, mas não no Brasil.
à faixa litorânea e ao vale do rio Paraíba, regiões d) apesar da riqueza gerada pelo café, a malha
ferroviária do sudeste sempre foi muito modesta
favorecidas pela fertilidade da terra roxa.
quando comparada ao restante do país.
e) o auge da produção de café no Vale do Paraíba,
40. (EsPCEx (Aman)) A Tarifa Alves Branco (decreto de registrado no início do século XX, não se beneficiou
12 de agosto de 1844), criada por Manuel Alves Branco da construção de novas estradas.
(2º Visconde de Caravelas), Ministro da Fazenda do
gabinete liberal que assumiu em 2 de fevereiro de 1844. 42. (Enem) No princípio do século XVII, era bem
insignificante e quase miserável a Vila de São Paulo.
KOSHIBA; PEREIRA, 2003. João de Laet dava-lhe 200 habitantes, entre portugueses
e mestiços, em 100 casas; a Câmara, em 1606,
Este decreto informava que eram 190 os moradores, dos quais 65
a) reduzia os direitos alfandegários das mercadorias andavam homiziados*.
inglesas para 15% ad valorem. SODRÉ, Nelson Werneck. Formação histórica do Brasil.
b) barateava os custos para a importação de São Paulo: Brasiliense, 1964.
mercadorias estrangeiras.
*homiziados: escondidos da justiça
c) extinguia as tarifas que favoreciam a Inglaterra e que
prejudicavam o crescimento do setor industrial
brasileiro. Na época da invasão holandesa, Olinda era a capital e a
cidade mais rica de Pernambuco. Cerca de 10%
d) facilitava a exportação dos derivados da cana-de-
da população, calculada em aproximadamente
-açúcar, por deixá-los mais baratos no mercado 2.000 pessoas, dedicavam-se ao comércio, com o qual
internacional. muita gente fazia fortuna. Cronistas da época afirmavam
e) pouco afetava a arrecadação do país, tendo em vista que os habitantes ricos de Olinda viviam no maior luxo.
a pequena participação das tarifas alfandegárias na
FÉIST, Hildegard. Pequena história do Brasil holandês. São Paulo:
composição da receita governamental. Moderna, 1998. Adaptado.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
Os textos apresentados retratam, respectivamente, necessidade por 100 vezes mais do custo d’eles no
São Paulo e Olinda no início do século XVII, quando Ceará; exemplo: lá na sua Meruoca custa uma terça da
Olinda era maior e mais rica. São Paulo é, atualmente, a melhor farinha 50 réis, aqui, igual porção e podre, custa
maior metrópole brasileira e uma das maiores do 5000 réis! E o mais tudo é n’este gosto. Agora enquanto
planeta. Essa mudança deveu-se, essencialmente, ao você vai de viagem não nos acreditará, porém breve
seguinte fator econômico: achará ser ainda mais do que dizemos; aqui, por mais
a) Maior desenvolvimento do cultivo da cana-de- que se trabalhe, e se economize, nunca se salda contas
açúcar no planalto de Piratininga do que na Zona da com o patrão, pelo contrário, a dívida cresce
Mata Nordestina. espantosamente e sempre!
b) Atraso no desenvolvimento econômico da região de
Segunda carta do “Caboclo Velho” ao redactor do Jornal
Olinda e Recife, associado à escravidão, inexistente
Cearense, Hyutananhan, 28 de junho de 1873. Apud CARDOSO,
em São Paulo. Antônio A. I. Ecos de blasphemias e ranger de dentes: trajetórias de
migrantes Ceará-Amazônia e o ofício dos paroaras. (1852-1877).
c) Avanço da construção naval em São Paulo,
Embornal, Fortaleza, v. 1, n. 1, p. 19-20, 2010. Adaptado.
favorecido pelo comércio dessa cidade com as
Índias. A partir das indicações sugeridas na fonte, é correto
d) Desenvolvimento sucessivo da economia afirmar sobre as relações de trabalho no Brasil:
mineradora, cafeicultora e industrial no Sudeste. a) A contratação de trabalhadores por endividamento
e) Destruição do sistema produtivo de algodão em antecipado faz com que, muitas vezes, suas dívidas
Pernambuco quando da ocupação holandesa. não sejam quitadas e, ainda, sejam ampliadas.
Historicamente, essa prática favorece o abuso de
43. (Fuvest) A economia do império do Brasil foi relações de trabalho e a manutenção de péssimas
caracterizada por condições de vida aos trabalhadores nas regiões em
a) prevalecimento do trabalho assalariado imigrante e que são alojados.
investimentos estatais na indústria primária. b) A ocupação da Amazônia pelos cearenses, a partir
b) desenvolvimento de relações comerciais e de meados do séc. XIX, permitiu a exploração
diplomáticas com países americanos, em detrimento extrativista da região, além de garantir o retorno
das relações com os países europeus. financeiro esperado pelos trabalhadores, que muitas
c) conjugação entre desenvolvimento agrícola e vezes enviavam parte desses recursos para as
indústria, responsável por tornar o Brasil a quarta famílias que ficaram nas cidades do Ceará.
maior economia do mundo. c) A facilidade de acesso a postos de trabalho no país
d) crescimento progressivo da dívida externa e permitia que intermediadores (gatos) se dirigissem
preponderância de uma economia agroexportadora. para cidades com grande número de trabalhadores
e) redução contínua do tráfico de escravos e políticas empregados promovendo frentes de trabalho,
publicas voltadas à alfabetização e capacitação propondo postos de trabalho concorrentes, sem
profissional de trabalhadores pobres. prejuízos à saúde e afastando-os de endividamentos
irregulares.
44. (Unioeste) Leia o fragmento da carta elaborada por um d) A conservação ambiental como temos hoje na
trabalhador e enviada ao redator do jornal do Ceará, no Amazônia foi promovida graças as ações
séc. XVIII. desenvolvidas desde o séc. XVIII, pois em primeiro
lugar estavam os cuidados com a natureza e a
[...] Ignorante do modo de viver, e a negociar-se qualidade de vida do trabalhador.
n’estas águas, comecei a informar-me dos diversos e) A condição descrita na carta foi vivenciada apenas
cearenses que nas barracas ia encontrando, sobre o nessa circunstância, uma vez que essas relações de
estado de riquezas em que se achavam? Então todos em trabalho não foram experimentadas no país em
uma só voz diziam-me: ah! meu pobre velho, em que outros momentos históricos, pois se tornou um crime
desgraça veio você cair no seu último quartel de vida! contra os trabalhadores.
Aqui o nome de riqueza e liberdade já está riscado das
nossas imaginações; aqui nem sequer vive-se; morre-se
em tormentos! Esses pérfidos patrões, que você por aí
vê, são o refugo da sociedade humana, são os usurários
mais desalmados do mundo; eles próprios vendidos não
pagariam a centésima parte que devem no Pará, e,
entretanto, vendem-nos aqui os objetos de primeira

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
liderava o tiro de misericórdia, isolando
PROFESSOR D’LAÍAS MORAES
Brasília do resto do país. E nós estávamos no
meio de um estado de sítio, com tudo que
tínhamos “direito”: o exército ocupando a
O ROCK NACIONAL E A NOVA REPÚBLICA Esplanada dos Ministérios, mais de três
Acreditamos que a utilização do rock nacional da pessoas juntas era considerado um ato
década de 1980 no ensino de história possibilita despertar subversivo, censura imposta às redes de
nos jovens interesses culturais na aprendizagem e pode televisão, jornalistas espancados pela polícia...
Eu estava com o coração partido e estava com
contribuir para torná-los sujeitos ativos na construção do
uma música engavetada a respeito da garota,
conhecimento.
sem letra. Na noite em que o país inteiro
É possível por meio da análise de canções de artistas e
esperava o resultado da votação, o Cid
bandas do rock brasileiro da década de 1980, estabelecer um
Moreira apareceu falando do aniversário da
entendimento acerca do processo político brasileiro,
ocupação Soviética no Afeganistão; durante
caracterizado pelo fim do regime militar e o início da Nova
quinze minutos. Nenhuma palavra sobre o
República, levando em consideração que a produção musical
pandemônio em Brasília. A letra aí veio num
deve ser pensada e analisada a partir da lógica social e do
instante. A garota teria que esperar.
tempo histórico em que foi construído.
Percebe-se que as abordagens nas letras desses Observa-se no exemplo mencionado, por meio de dois
compositores, que cresceram durante a ditadura civil-militar documentos, a letra da música e a carta do autor da canção,
e que no início dos anos de 1980 eram jovens, refletem os os vários temas que podem ser observados: características de
seus anseios por temas polêmicos até então reprimidos pela um regime ditatorial, a emenda Dante de Oliveira e as
censura dos governos militares ou mesmo pelos tabus Diretas Já, o papel de setores da imprensa, a Guerra Fria.
construídos pela sociedade. Política, economia, drogas, sexo O mesmo tema é abordado em “Estado violência” dos
e violência urbana estão presentes em suas canções. Titãs (1986):
Nesse sentido, vamos nos esforçar para demonstrar
como as letras-canções do rock brasileiro das décadas de Sinto no meu corpo/A dor que angustia/
1980 e 1990 podem ser utilizadas como um recurso didático A lei ao meu redor/A lei que eu não queria...
para compreensão do contexto histórico conhecido por Nova Estado Violência/Estado Hipocrisia/A lei que
República, período de nossa história que estende de 1985 não é minha/A lei que eu não queria... Homem
aos dias atuais. em silêncio/ Homem na prisão/ Homem no
Os anos 80 do século passado são marcados pela escuro/Futuro da nação... Estado Violência /
transição da ditadura civil-militar para o regime Deixem-me querer/ Estado Violência /
democrático. Vivia-se a abertura política, processo que Deixem-me pensar / Estado Violência /
começou com o presidente Ernesto Geisel em meados dos Deixem-me sentir/ Estado Violência /
nos 70 e continuava com o general Figueiredo, era uma Deixem-me em paz.
abertura “lenta, gradual e segura” nas palavras de Geisel.
Na música “Proteção” (1985) da banda Plebe Rude, Percebe-se nas duas canções que mesmo com a
percebe-se ainda uma forte influência do regime militar, de abertura e a redemocratização em andamento, a repressão e
um Estado policial autoritário: o medo estavam presentes e influenciavam nas composições
musicais. A análise dos versos nos permite identificar
Será verdade, será que nada do que posso práticas de um Estado autoritário com os decretos-lei (Atos
falar./E tudo isso para sua proteção, nada do Institucionais), prisões arbitrárias, tortura, censura à
que posso falar./A PM na rua, a Guarda imprensa e as contradições entre as propagandas otimistas
Nacional, nosso medo, suas armas, mas a do governo e a realidade socioeconômica da maior parte da
coisa não está mal, a instituição está aí para população.
nossa proteção (...)/ A PM na rua, nosso medo Durante os comícios das Diretas Já, em 1983 e 1984,
de viver, um consolo é que eles vão me outra canção ganhou destaque nesse clima de expectativas
proteger a única pergunta é: me proteger de por mudanças com a abertura política, foi “Inútil” do Ultraje
que? (...)/ Oposição reprimida, radicais a Rigor (1983):
calados toda a angústia do povo é silenciada/
Tudo para manter a boa imagem do Estado A gente não sabemos/Escolher presidente/
(...) A gente não sabemos/Tomar conta da gente/
A gente não sabemos/Nem escovar os
Philippe Seabra, integrante da banda e autor da letra dente/Tem gringo pensando/Que nóis é
explica em carta à revista Veja (1995) o contexto que o indigente.../A gente faz carro/E não sabe
inspirou para a composição: guiar/A gente faz trilho/E não tem trem prá
botar/A gente faz filho/E não consegue criar/
O ano era 1984. O presidente era Figueiredo. A gente pede grana/E não consegue pagar.../
Eu estava com 16 anos morando em Brasília e A gente faz música/E não consegue gravar/
tocando guitarra com a banda brasiliense A gente escreve livro/E não consegue
Plebe Rude. A emenda Dante de Oliveira, que publicar/A gente escreve peça/E não consegue
propunha as Diretas Já, tinha acabado de ser encenar/A gente joga bola/E não consegue
recusada pelo Congresso. Newton Cruz ganhar.../”Inúteu”! A gente somos “inúteu”!

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
Além dos aspectos políticos, a letra menciona de forma Ele é esperto e persistente/Acha que nasceu
irreverente outros problemas que marcavam o cotidiano da pra ser respeitado/Ele é incerto e
sociedade brasileira como a dívida externa, as características reticente/Acha que nasceu pra ser venerado/
do Brasil enquanto país de terceiro mundo com seu atraso O palácio é o refúgio mais que perfeito/Para
tecnológico, problemas com a infraestrutura e o os seus desejos mais que secretos/Lá ele se
analfabetismo, não por acaso os erros propositais de imagina o eleito/Sem nenhuma eleição por
português como no refrão da música “agente somos inúteo”. perto/Ele é o esperto, ele é o perfeito/Ele é o
A derrota da seleção brasileira de futebol na copa da que dá certo, ele se acha o eleito/Seus ternos
Espanha de 1982 também é lembrada, na época uma são bem cortados/Seus versos são mal
frustração para a torcida nacional que assistiu à nossa escritos/Seus gestos são mal estudados/A sua
seleção apresentar um futebol que encantou o mundo, mas pose é militarista/Ele se acha o
foi eliminada durante a competição. intocável/Senhor de todas as cadeiras/Derruba
A música surpreendeu os formadores de opinião em todo tudo pra ficar estável/Ele não está aí para
o país e tornou-se um dos hinos da campanha Diretas Já. brincadeira/E o tempo passa quase parado/
E eu aqui sem a menor paciência/Contando as
Escrita a partir de fatos relacionados ao país, horas como se fossem trocados/Como se
ganhou cunho político e social quando fossem contas de uma penitência/E tudo
Ulysses Guimarães, um dos principais líderes parece estar errado/Mas nesse caso o erro deu
certo/Foi o que ele disse ao pé do rádio/Com a
políticos, declarou que enviaria uma gravação
honestidade pelo avesso.
de “Inútil” para o então general-presidente
João Figueiredo. A letra tem por principal
A relação entre os versos e José Sarney é nítida: um
característica a ironia crítica à frase
presidente que não foi eleito democraticamente era o vice na
pronunciada por João Figueiredo na época:
chapa de Tancredo Neves, sua postura militarista, uma
“Um povo que não sabe nem escovar os alusão a sua trajetória junto à ditadura, e até mesmo o
dentes não está preparado para votar” (...) programa “conversa ao pé do rádio” criado em seu governo.
“Inútil é a música mais expressiva em termos Para o jornalista Davis Sena Filho (2013):
de protesto explícito. Não há figuras de
linguagem: é tudo seco, direto, objetivo e Entretanto, acredito que o roqueiro não foi
claro. Está tudo nas letras das canções. Este somente perseguido por usar drogas. Na época
era o foro de debate estético e político desta de sua prisão desconfiava que o Lobão foi
época”. também perseguido pela Polícia Federal de
José Sarney pelo motivo de ser autor da
Entrevista com Arthur Dapieve – jornalista, crítico musical
música “O Eleito”, na qual o artista ironizava
e professor PUC- Rio- realizada por Aline Rochedo
em novembro de 2009. e criticava veementemente o ex-presidente
Sarney, um dos líderes civis da ditadura
A transição para o regime democrático ainda foi militar e que no decorrer dos anos 1987 e
marcada por um episódio que abalou profundamente as 1988 liderou, do Palácio do Planalto [...]
esperanças que norteavam o imaginário do povo brasileiro. Outro detalhe. Lobão quando cantava
Como se não bastassem as eleições de 1985 terem sido “O Eleito” se apresentava vestido de casaca e
realizadas de forma indireta, o presidente eleito Tancredo cartola, com uma faixa presidencial no peito.
Neves não chegou a tomar posse e veio a falecer em 21 de Vi dois shows do ex-roqueiro a vestir essa
abril daquele ano, assumindo o vice José Sarney, político indumentária. A galera vibrava, e eu também,
porque o Brasil já respirava política e eu
que sofria muitas restrições da opinião pública por seu
percebia, nitidamente, a luta entre Sarney e
passado ligado a ARENA, depois PDS, partidos que
Ulysses, bem como os fortes resquícios
apoiaram o regime civil-militar.
autoritários da ditadura militar durante o
O governo Sarney (1985-1990) foi o responsável pela
Governo Sarney.
conclusão da transição para a democracia, “varrer o entulho
autoritário” com o fim dos Atos Institucionais e a
As eleições presidenciais de 1989, depois de quase três
convocação de uma assembleia nacional constituinte que décadas, resultaram na vitória de Fernando Collor de Melo,
elaborou uma nova constituição para o país em 1988, que sua campanha eleitoral foi marcada pelo discurso da
ficou conhecida como “Constituição cidadã” devido a seus moralidade, modernidade, entenda-se modernidade como
avanços democráticos e sociais. No entanto, no aspecto inserir o Brasil no contexto da globalização com a política
econômico, as tentativas de conter o crescimento da neoliberal. Apresentava-se como novidade, defensor dos
inflação, inimigo número um das classes trabalhadoras, menos favorecidos, como ele mesmo chamava
redundaram em fracasso, foram quatro planos econômicos “os descamisados”.
(Cruzado, Cruzado II, Bresser e Verão). O descontrole A campanha presidencial ocorreu em meio à
inflacionário marcou o final do governo Sarney, 933% em desconfiança do eleitorado, desacreditado com o governo
1988 e 1764% em 1989, ressaltando que em 1987 o país já anterior. No cenário internacional, o mundo assistia às
havia decretado a moratória junto ao FMI. Em meio a esse transformações ocorridas no Leste Europeu, com a crise do
panorama de crises e desesperanças, o músico Lobão socialismo, materializada com a queda do muro de Berlim e
escreve, em 1989, “O eleito”. a desagregação da União Soviética.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
A banda Uns e Outros descreveu esse contexto econômica com a diminuição do papel do Estado, exemplo
internacional na música “Notícias do Leste” (1990): disso foram as privatizações, que já vinham ocorrendo desde
o governo Collor. A novidade foi a estabilidade da nova
Senti o vento soprar/Em quase todas as moeda, o Real, criada ainda no governo Itamar em 1994,
direções/E de toda parte vinham/Sorrisos de com um plano do mesmo nome e tendo à frente Fernando
alívio a muito silenciados/Eles dançaram a Henrique Cardoso, então ministro da Fazenda. Os resultados
noite inteira/Como crianças/Livre do positivos do novo plano com o controle da inflação e uma
pesadelo/A liberdade soprou no leste/ moeda forte foram decisivos na ascensão de FHC à
A liberdade soprou no leste/As algemas se presidência.
quebraram/E agora os dias não são/Tão cinzas No entanto, antigos problemas não tinham sido
como eram antes/E do outro lado do superados: desigualdades sociais, concentração de renda,
muro/Cabeças se erguem e mãos se desemprego, violência urbana, conflitos no campo e os
levantam/Cantando enfim a queda/Das escândalos de corrupção nos sucessivos governos, afinal,
estátuas de bronze/Rasgando a mordaça/Pra com a liberdade de imprensa a mídia divulgava.
escrever com sangue/A palavra É vasta a relação de músicas sobre o contexto
proibida/Vida/O terceiro milênio/A terceira brasileiro no final dos anos 1980 e o início da década de
idade/O sol da manhã arde/Como eterno 1990 que abordam os temas citados. Podemos elencar
desejo de liberdade. algumas, dentro da nossa proposta de compreensão da nova
república a partir do rock nacional.
A derrubada das ditaduras comunistas e a transição dos Sobre a violência, “Desordem” dos Titãs (1987):
países do Leste Europeu para um regime democrático e uma
economia de mercado aceleravam o processo de Os presos fogem do presídio ,/ Imagens na
globalização. Sobre o tema, a banda Capital Inicial gravou televisão. / Mais uma briga de torcidas, /
“Mickey Mouse em Moscou” (1989): Acaba tudo em confusão. / A multidão
enfurecida / Queimou os carros da polícia. /
Eu vejo eles dançando/Em cima do muro / Os presos fogem do controle ,/ Mas que
No meio do mundo/No meio do mundo loucura esta nação! / Não é tentar o suicídio /
dividido / Spielberg, Eisenstein / Vodka, CIA / Querer andar na contramão? / Quem quer
Las Vegas, Kremlin / Tolstói, John Wayne manter a ordem? / Quem quer criar desordem?
Champagne, Caviar / Mickey Mouse em / Não sei se existe mais justiça / Nem quando
é pelas próprias mãos / População
Moscou / Batman, Trotsky / Bolshoi,
enlouquecida / Começa então o linchamento. /
Rock’n’roll / Quem são estes homens / Que Não sei se tudo vai arder Como algum líquido
vivem atrás da cortina / Quem são estes inflamável, / O que mais pode acontecer /
homens / Ninguém mais vai jogar / Flores Num país pobre e miserável? /E ainda pode se
mortas no muro / Ninguém mais vai pichar encontrar / Quem acredite no futuro... / É seu
frases fortes no escuro (...) dever manter a ordem? / É seu dever de
cidadão? / Mas o que é criar desordem, /
O jogo de palavras alternando nomes, símbolos e Quem é que diz o que é ou não? / São sempre
valores tanto do capitalismo como do socialismo permite os mesmos governantes, / Os mesmos que
uma discussão entre os dois modelos econômicos. Diante lucraram antes. / Os sindicatos fazem greve /
dos episódios ocorridos no final da década de 1980 e seus Porque ninguém é consultado, / Pois tudo tem
desdobramentos nos anos seguintes, percebe-se que a canção que virar óleo / Pra por na máquina do estado.
ressalta o triunfo do capitalismo, representado no título da / Quem quer manter a ordem? / Quem quer
música. criar desordem?
Retornando ao contexto brasileiro, o cenário
internacional descrito contribuiu para fortalecer a campanha A análise da letra pode levar ao debate na sala de aula
de Collor, que venceu os seus principais oponentes, Lula do sobre os problemas da superpopulação nos presídios,
Partido dos Trabalhadores (PT), candidatura identificada rebeliões de detentos como o caso do “massacre do
com a esquerda e Leonel Brizola do Partido Democrático Carandiru”, ocorrido em São Paulo em 1992; a questão das
Trabalhista (PDT) que tinha um discurso nacionalista. torcidas organizadas e a violência nos estádios; a inflação
A eleição foi decidida no segundo turno contra o candidato que atingia a maior parte da população; as greves dos
petista. trabalhadores, principalmente dos setores públicos por
O governo Collor (1990-1992) acabou sendo marcado melhorias salariais, ressaltando que nos anos 1980 as perdas
no aspecto econômico por mais uma tentativa frustrada de se davam devido aos anos de inflação acumulada e na
combate à inflação. Na política, o escândalo de denúncias de metade dos anos 1990, com a estabilização da moeda,
um esquema de corrupção que envolvia o próprio presidente os governos desenvolveram uma política fiscal em sintonia
levou à criação de uma CPI que resultou no processo de com o Consenso de Washington, com medidas neoliberais
impeachment, assumindo a presidência o vice Itamar Franco como a contenção dos gastos com intuito de obter o
que concluiu o mandato (1992-1994). equilíbrio das contas públicas.
O sucessor de Itamar Franco, Fernando Henrique A instabilidade econômica com os sucessivos planos e
Cardoso, que governou por dois mandatos (1994-2002), deu as trocas de moedas, o desemprego, e as incertezas em
continuidade à inserção do Brasil no processo de relação ao futuro próximo são retratados em “Perplexo” dos
globalização. Práticas neoliberais marcaram sua política Paralamas do sucesso (1990):

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
Tentei te entender / Você não soube explicar / “O tempo não para” de cazuza (1989) pode ser
Fiz questão de ir lá ver / Não consegui considerada outro exemplo de indignação generalizada com
enxergar / Desempregado, despejado, sem ter a política. Nos versos:
onde cair morto / Endividado sem ter mais
com que pagar / Nesse país, nesse país, nesse (...) Te chamam de ladrão, de bicha,
país / Que alguém te disse que era nosso / Ah,
ah, ah, ah... / Mandaram avisar / Que agora maconheiro/Transformam o país inteiro num
tudo mudou / Eu quis acreditar / Outra puteiro/Pois assim se ganha mais dinheiro/A
mudança chegou / Fim da censura, do tua piscina tá cheia de ratos/Tuas ideias não
dinheiro, muda nome, corta zero / Entra na fila correspondem aos fatos/O tempo não para/Eu
de outra fila pra pagar / Quero entender, quero vejo o futuro repetir o passado/Eu vejo um
entender, quero entender / Tudo o que eu museu de grandes novidades/O tempo não
posso e o que não posso / Não penso mais no
futuro / É tudo imprevisível / Posso morrer de para.
vergonha / Mas eu ainda estou vivo /
Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Um caso de composição escrita abordando a corrupção
Quinta-feira, Sexta-feira, Sábado de aleluia / política foi “300 picaretas” dos Paralamas do Sucesso
Eu vou lutar, eu vou lutar / Eu sou Maguila, (1995):
não sou Tyson.
Luís Inácio falou, Luís Inácio avisou/São
As desigualdades sociais e a concentração de renda
trezentos picaretas com anel de doutor/Eles
ficam evidentes nos versos de “Até quando esperar” da
ficaram ofendidos com a afirmação/Que
Plebe Rude (1985):
reflete na verdade o sentimento da nação/É
lobby, é conchavo, é propina e jeton/
Não é nossa culpa/Nascemos já com uma
Variações do mesmo tema sem sair do
bênção/Mas isso não é desculpa pela má
tom/Brasília é uma ilha, eu falo porque eu
distribuição/Com tanta riqueza por aí, onde é
sei/Uma cidade que fabrica sua própria
que está/Cadê sua fração/Até quando
lei/Aonde se vive mais ou menos como na
esperar/E cadê a esmola que nós damos/Sem
Disneylândia/Se essa palhaçada fosse na
perceber que aquele abençoado/Poderia ter
Cinelândia/Ia juntar muita gente pra pegar na
sido você/ (...) /Até quando esperar a plebe
saída/Pra fazer justiça uma vez na vida/Eu me
ajoelhar/Esperando a ajuda de Deus/Posso/
vali deste discurso panfletário/Mas a minha
Vigiar teu carro/Te pedir trocados/Engraxar
seus sapatos/Posso/Vigiar teu carro/Te pedir burrice faz aniversário/Ao permitir que num
trocados/Engraxar seus sapatos (...) país como o Brasil/Ainda se obrigue a votar
por qualquer trocado/Por um par de sapatos,
Analisar os fatores que contribuem para as um saco de farinha/A nossa imensa massa de
disparidades sociais em nosso país, quais os culpados? Um iletrados/Parabéns, coronéis, vocês venceram
diálogo com outras disciplinas como a sociologia e a outra vez/O congresso continua a serviço de
geografia pode enriquecer o debate. Outra abordagem vocês/Papai, quando eu crescer, eu quero ser
possível seria mencionar as políticas públicas desenvolvidas anão/Pra roubar, renunciar, voltar na próxima
pelos governos e quais os resultados, os avanços e eleição/Se eu fosse dizer nomes, a canção era
dificuldades nesse sentido de combate às diferenças sociais. pequena/João Alves, Genebaldo, Humberto
Com relação às denúncias e escândalos de corrupção Lucena/De exemplo em exemplo aprendemos
que vieram a público em todos os governos da Nova a lição/Ladrão que ajuda ladrão ainda recebe
República, é possível utilizar canções que abordem o tema concessão/De rádio FM e de televisão.
de maneira ampla como é o caso de “Que país é esse” da
Legião Urbana (1987): Escrita por Herbert Viana aborda o escândalo político
que ficou conhecido como “Anões do orçamento” que veio a
Nas favelas, no Senado/Sujeira pra todo público em 1993, no qual congressistas manipulavam
lado/Ninguém respeita a Constituição/ Mas emendas parlamentes com o objetivo de desviarem dinheiro
todos acreditam no futuro da nação/Que país é através de entidades sociais fantasmas ou com a ajuda de
esse? (...) empreiteiras. O fato de a música citar os nomes de alguns
dos envolvidos chegou a ser censurada, o que acarretou
Embora escrita em 1978 e só gravada em 1987, a discussões acerca da liberdade de expressão garantida pela
música ainda hoje é cantada nos shows e geralmente é constituição. Outros aspectos de corrupção são abordados na
precedida pelos intérpretes com discursos agressivos contra letra da canção como a compra de votos, a concessão de
os políticos e acompanhada com palavras de ordem pela rádio e televisão para parlamentares que em troca apoiavam
plateia. o governo e a utilização de seus mandatos para fins
particulares.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
Com o início da década de 1990 e a Nova ordem 1. (UEM) Considere o texto e assinale a(s) alternativa(s)
mundial em curso, novos desafios, somados a problemas correta(s).
antigos, se apresentavam gerando dúvidas e incertezas.
Termos como globalização, blocos econômicos, Como analisar a cultura popular brasileira quando a
neoliberalismo passam a fazer parte do cotidiano na mídia, cultura internacionalmente popular se faz cada vez mais
nas escolas, nas universidades. Retratando essa realidade. presente no Brasil? Se o samba e o carnaval podem ser
podemos citar a letra de “Disneylândia” dos Titãs (1993): tomados como exemplos máximos da construção a
Filho de imigrantes russos casado na partir dos anos 30 e 40 da cultura nacional-popular, o
Argentina/Com uma pintora judia,/ Casou-se funk carioca pode ser tomado como um exemplo da
pela segunda vez/Com uma princesa africana cultura internacional-popular. Outras manifestações
no México/Música hindú contrabandeada por dessa cultura podem ser o rock, que teve em Brasília um
ciganos poloneses faz sucesso/No interior da espaço preferencial, ou o axé music da Bahia, o que
Bolívia zebras africanas/E cangurus aponta para uma pluralidade, uma diversidade de
australianos no zoológico de Londres./ expressões artísticas.
Múmias egípcias e artefatos incas no museu
de Nova York/Lanternas japonesas e chicletes OLIVEIRA, Lucia Lippi. Cultura brasileira nesse fim de século.
In: D’INCAO, Maria Angela. (org.) O Brasil não é mais aquele...
americanos/Nos bazares coreanos de São
mudanças sociais após a redemocratização.
Paulo./Imagens de um vulcão nas São Paulo: Cortes, 2001, p.32.
Filipinas/Passam na rede de televisão em
Moçambique/Armênios naturalizados no ( ) O texto manifesta uma posição contrária à invasão
Chile/Procuram familiares na Etiópia,/Casas cultural estrangeira no Brasil. Nesse sentido, trata-se
pré-fabricadas canadenses/Feitas com madeira
de um manifesto de caráter nacionalista, em defesa
colombiana/Multinacionais japonesas/Instalam
empresas em Hong-Kong/E produzem com da cultura puramente brasileira.
matéria-prima brasileira/Para competir no ( ) Ao afirmar que o rock teve em Brasília um “espaço
mercado americano/Literatura grega adaptada/ preferencial”, o texto faz referência a um
Para crianças chinesas da comunidade movimento de efervescência de grupos musicais de
europeia./Relógios suíços falsificados no rock que, nos anos 1980, na capital federal,
Paraguai/Vendidos por camelôs no bairro
produziu grupos tais como Capital Inicial e Legião
mexicano de Los Angeles./Turista francesa
fotografada seminua com o namorado Urbana.
árabe/Na baixada fluminense/Filmes italianos ( ) Ao afirmar que no Brasil há uma pluralidade e uma
dublados em inglês/Com legendas em diversidade de expressões artísticas, a autora faz
espanhol nos cinemas da Turquia/Pilhas uma crítica ao predomínio da música sertaneja nos
americanas alimentam eletrodomésticos meios de comunicação de massa.
ingleses na Nova Guiné/Gasolina árabe
( ) O texto expressa uma preocupação em analisar a
alimenta automóveis americanos na África do
Sul./Pizza italiana alimenta italianos na cultura popular brasileira em um mundo em que até
Itália/Crianças iraquianas fugidas da a cultura sofre um processo de internacionalização.
guerra/Não obtém visto no consulado ( ) A principal crítica do texto à axé music decorre do
americano do Egito para entrarem na desaparecimento de outros tipos de manifestações
Disneylândia. artísticas populares na Bahia.

Uma possibilidade para exploração do tema seria um


2. (Fuvest) Não nos esqueçamos de que este é um tempo
encontro interdisciplinar, uma aula com os professores de
de abertura. Vivemos sob o signo da anistia que é
História, Geografia, Filosofia e Sociologia. Refletir sobre as
esquecimento, ou devia ser. Tempo que pede contenção
vantagens e desvantagens da globalização, a integração
e paciência. Sofremos todo ímpeto agressivo. Adocemos
econômica e seus efeitos, as perspectivas para as culturas
os gestos. O tempo é de perdão. (...) Esqueçamos tudo
regionais diante de valores que são colocados como
isto, mas cuidado! Não nos esqueçamos de enfrentar,
universais, os contrastes e contradições desse processo, o
agora, a tarefa em que fracassamos ontem e que deu
papel do Estado Nacional e das multinacionais, a situação
lugar a tudo isto. Não nos esqueçamos de organizar a
dos refugiados e a imigração.
defesa das instituições democráticas contra novos
Percebe-se a pluralidade de temas que podem ser
golpistas militares e civis para que em tempo algum do
abordados a partir da utilização da música como recurso
futuro ninguém tenha outra vez de enfrentar e sofrer, e
didático-metodológico. Cabe agora interpretar as letras
depois esquecer os conspiradores, os torturadores, os
selecionadas, e desenvolver estratégias que permita
censores e todos os culpados e coniventes que beberam
identificar relações entre as músicas e o contexto histórico
nosso sangue e pedem nosso esquecimento.
estudado, contribuindo para desenvolver seu senso crítico,
criando novas possibilidades no processo ensino- RIBEIRO, Darcy. “Réquiem”, Ensaios insólitos.
aprendizagem, tornando a construção do conhecimento algo Porto Alegre: L&PM, 1979.
prazeroso e útil para sua leitura do mundo.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
O texto remete à anistia e à reflexão sobre os impasses 4. (UFJF-Pism) Leia o texto abaixo e, em seguida,
da abertura política no Brasil, no período final do responda ao que se pede.
regime militar, implantado com o golpe de 1964. Com
base nessas referências, escolha a alternativa correta. Na cidade do rock em Jacarepaguá, 200 mil jovens se
a) A presença de censores na redação dos jornais comprimiam enquanto acontecia a apresentação do
somente foi extinta em 1988, quando promulgada a grupo Barão Vermelho na noite de terça-feira, 15 de
nova Constituição. janeiro de 1985. Muitos estavam vestidos de verde e
b) O projeto de lei pela anistia ampla, geral e irrestrita amarelo ou empunhavam bandeiras do Brasil. Era o
foi uma proposta defendida pelos militares como primeiro Rock in Rio e havia um intenso clima de
forma de apaziguar os atos de exceção. brasilidade no palco e na multidão. Aqueles milhares e
c) Durante a transição democrática, foram conquistados milhares de jovens vibraram e choraram de emoção,
o bipartidarismo, as eleições livres e gerais e a quando após interpretar “Pro dia nascer feliz”, Cazuza
convocação da Assembleia Constituinte. deu sua mensagem final: “Que o dia nasça feliz para
d) A lei de anistia aprovada pelo Congresso beneficiou todo mundo amanhã. Em um Brasil novo, uma
presos políticos e exilados, e também agentes da rapaziada esperta. Valeu”
repressão.
e) O esquecimento e o perdão mencionados integravam NOBLAT, Ricardo.
Disponível em: http://noblat.oglobo.globo.com.
a pauta da Teologia da Libertação, uma importante
diretriz da Igreja Católica.
A mensagem final de Cazuza na primeira edição do
3. (Mackenzie) A respeito da transição democrática no Rock in Rio, em 1985, remete à ideia de um “Brasil
Brasil, assim escreveu o historiador Marcos Napolitano: novo”, que estava sendo construído no contexto da
transição da ditadura à democracia no Brasil. Sobre o
Se a transição democrática começou contrariando a contexto mais amplo dos anos 1980, é correto
vontade de milhões de brasileiros que não puderam afirmar que
influenciar no destino político do país, os valores a) ocorreram as manifestações em torno das Diretas Já!
democráticos exercitados nos últimos anos pela e aprovação da emenda Dante de Oliveira que
oposição civil como um todo marcaram época e foram o permitiu aos brasileiros elegerem, pela primeira vez,
contraponto das dinâmicas políticas do regime. Aquela de forma direta Tancredo Neves como Presidente da
derrota não poderia apagar a presença de amplos setores República.
da sociedade que desejavam participar, após 21 anos de b) foram realizados os julgamentos relacionados com a
coerção social e política em nome da Segurança Lei da Anistia, de 1979, que possibilitaram condenar
Nacional. militares acusados de cometer crimes durante a
ditadura militar.
NAPOLITANO, Marcos. O regime militar brasileiro, 1964-1985. c) após o fim do bipartidarismo em 1979, que limitava
São Paulo: Atual, 1998, p. 99. as disputas aos partidos Arena e MDB, aconteceram,
nos anos 1980, as primeiras eleições com sistema
Assinale a alternativa correta acerca do contexto pluripartidário.
referido pelo texto. d) este período foi marcado pelo enfraquecimento de
a) A Lei da Anistia, de 1979, concedeu liberdade ampla movimentos sociais, em especial dos sindicatos, que
e irrestrita a todos os envolvidos, direta ou perderam a força política que possuíam nos anos
indiretamente, na luta contra a ditadura. Exemplo 1960 e 1970.
disso foi a condenação de militares envolvidos em e) os governos de João Figueiredo e de José Sarney
práticas de torturas. desenvolveram planos econômicos que estabilizaram
b) A eleição direta de Tancredo Neves e José Sarney a moeda e enfrentaram os problemas inflacionários
marcou a transição para o regime democrático no do país naquela conjuntura.
Brasil. A morte prematura de Tancredo, por sua vez,
mergulhou o país em uma crise política institucional. 5. (UEM-PAS)
c) A derrota das Diretas Já não impediu a mobilização
da sociedade civil. Reflexo disso foi a instalação da A televisão me deixou burro,
Assembleia Constituinte, em 1987, resultando na muito burro demais
promulgação da “Constituição Cidadã”, no ano Agora todas as coisas que eu penso me parecem iguais.
seguinte.
d) A transição democrática foi marcada por intensos Televisão, Titãs.
debates sobre os artigos da nova Constituição.
Exemplo disso foi a pressão exercida pelo presidente A partir desse trecho da letra da canção “Televisão”,
Sarney para a aprovação da emenda da reeleição. gravada pelo grupo de rock Titãs, é correto afirmar que
e) Apesar de consolidada, a democracia no Brasil ( ) o compositor acha que a televisão é um veículo de
passou, desde o início da Nova República, por comunicação essencial para a boa formação dos
momentos instáveis. Reflexo disso foi a vitória cidadãos.
fraudulenta de Fernando Collor de Mello, em 1989. ( ) o compositor faz uma crítica contundente à
televisão.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
( ) o compositor considera o conteúdo da televisão 8. (UFG) Leia o trecho da composição a seguir.
inofensivo. O telespectador pode se distrair sem se
preocupar, pois não sofrerá nenhum efeito dela. Mas se você achar
( ) o compositor sugere que a televisão padroniza as Que eu tô derrotado
formas de pensamento e reduz a capacidade de Saiba que ainda estão rolando os dados
pensar do indivíduo. Porque o tempo, o tempo não para.
( ) a televisão, segundo o compositor, é um veículo de
A tua piscina tá cheia de ratos
comunicação contrário às instituições dominantes
na sociedade capitalista. Tuas ideias não correspondem aos fatos
O tempo não para
6. (Enem) Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
A gente não sabemos escolher presidente O tempo não para
A gente não sabemos tomar conta da gente Não para, não, não para.
A gente não sabemos nem escovar os dentes
Tem gringo pensando que nóis é indigente CAZUZA. O tempo não para. Álbum O tempo não para. Gravadora
Inútil Universal Music Brasil, 1989. Faixa 6. Adaptado.
A gente somos inútil
Datada de 1989, a composição de Cazuza integra o
MOREIRA, R. Inútil. 1983 (fragmento). repertório do rock nacional. Atingindo um público
amplo, essa composição exprime uma relação entre a
O fragmento integra a letra de uma canção gravada em vivência dos jovens e a apreensão de seu tempo, quando
momento de intensa mobilização política. A canção foi a) vincula presente e futuro, expressando a
censurada por estar associada incapacidade de mudança na cultura juvenil
a) ao rock nacional, que sofreu limitações desde o dominada pelo autoritarismo.
início da ditadura militar. b) contraria a vivência subjetiva do tempo,
b) a uma crítica ao regime ditatorial que, mesmo em subordinando a experiência do indivíduo ao coletivo
sua fase final, impedia a escolha popular do em defesa do patriotismo.
presidente. c) recusa a memória sobre o passado, tentando se
c) à falta de conteúdo relevante, pois o Estado buscava, liberar das ocorrências opressoras da década anterior
naquele contexto, a conscientização da sociedade que afetaram a juventude resistente.
por meio da música. d) identifica o conflito entre gerações, revelando o desejo
d) a dominação cultural dos Estados Unidos da da juventude do presente em criticar as referências
América sobre a sociedade brasileira, que o regime éticas que conduziram a transição à democracia.
militar pretendia esconder. e) explora a desaceleração do tempo, aludindo ao
e) à alusão à baixa escolaridade e à falta de consciência sentimento de um presente que se repete porque o
política do povo brasileiro. ideal democrático parecia distante.

7. (Enem) Batizado por Tancredo Neves de “Nova 9. (PUCRS) Responda à questão a partir da leitura e
República”, o período que marca o reencontro do Brasil análise das letras das músicas a seguir.
com os governos civis e a democracia ainda não
completou seu quinto ano e já viveu dias de grande GERAÇÃO COCA-COLA
comoção. Começou com a tragédia de Tancredo, seguiu
pela euforia do Plano Cruzado, conheceu as depressões Quando nascemos fomos programados
da inflação e das ameaças da hiperinflação e A receber o que vocês nos empurraram
desembocou na movimentação que antecede as Com os enlatados dos USA, de nove às seis
primeiras eleições diretas para presidente em 29 anos. Desde pequenos nós comemos lixo
Comercial e industrial
O álbum dos presidentes: a história vista pelo JB. Mas agora chegou nossa vez
Jornal do Brasil. 15 nov. 1989.
Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês.
Somos os filhos da revolução
O período descrito apresenta continuidades e rupturas Somos burgueses sem religião
em relação à conjuntura histórica anterior. Uma dessas
Somos o futuro da nação
continuidades consistiu na
Geração Coca-Cola.
a) representação do legislativo com a fórmula do
Depois de vinte anos na escola
bipartidarismo.
Não é difícil aprender
b) detenção de lideranças populares por crimes de
Todas as manhas do seu jogo sujo
subversão.
Não é assim que tem que ser
c) presença de políticos com trajetórias no regime
Vamos fazer nosso dever de casa
autoritário.
E aí então, vocês vão ver
d) prorrogação das restrições advindas dos atos
Suas crianças derrubando reis
institucionais.
Fazer comédia no cinema com as suas leis (...)
e) estabilidade da economia com o congelamento anual
de preços. Renato Russo

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
QUE PAÍS É ESSE? 11. (Mackenzie) Como o Brasil e como a própria
democracia, a Constituição de 1988 também é
Nas favelas, no senado imperfeita. Envolveu movimentos contraditórios e
Sujeira pra todo lado embates formidáveis entre forças políticas desiguais, e
Ninguém respeita a Constituição
inúmeras vezes errou de alvo. (...). Mas a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação
de 1988 é a melhor expressão de que o Brasil tinha um
Que país é esse? (...)
Renato Russo olho no passado e outro no futuro e estava firmando um
sólido compromisso democrático.
As letras das músicas “Geração Coca-cola” e “Que país SCHWARCZ, Lilia M, STARLING, Heloísa M. Brasil: uma
é esse?”, da banda de rock Legião Urbana, referem-se a biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, pp. 488-489.
um contexto particular de transformações na política, na
sociedade e na economia brasileira. A sensação de Dentre as contradições da Constituição de 1988, aponta-se
frustração frente às promessas de mudança e de maior a) a conservação do tempo de mandato de cinco anos,
participação popular e estudantil na política, presente com direito à reeleição, de um lado, e à criação de
nas letras dessas músicas, refere-se a um determinado mecanismos mais democráticos e imparciais em
contexto político. Qual é esse contexto? processos de afastamento de presidentes acusados de
a) A crise institucional causada pela corrupção no crime de responsabilidade, de outro lado.
governo de João Goulart. b) a manutenção da inelegibilidade e a ausência do
b) A derrota do movimento Diretas Já e a eleição direto de voto direto aos analfabetos, de um lado, e o
indireta para Presidente. estabelecimento da demarcação de terras indígenas e
c) A censura e a repressão do governo do último o amplo projeto de reforma agrária radical, aos mais
Presidente militar, o General Médici. necessitados, de outro lado.
d) As privatizações e a globalização da economia c) a manutenção do voto obrigatório e a idade mínima
brasileira do Governo de FHC. de dezoito anos para participação política, de um
e) A crise atual do governo de Luís Inácio Lula da lado, e a concessão do direito de elegibilidade e o
Silva, causada pelo “mensalão”. voto aos analfabetos maiores de idade, residentes no
Brasil, de outro lado.
10. (UFU) Analise a imagem e a letra de música a seguir.
d) a conservação da estrutura agrária e a manutenção da
a)
inelegibilidade de analfabetos, de um lado, e o
reconhecimento de direitos de minorias e o empenho
em prever meios e os instrumentos constitucionais
legais para a participação popular direta, de outro lado.
e) a manutenção da autonomia das Forças Armadas
para definir assuntos de seu interesse, de um lado, e
o aprofundamento de mecanismos de investigação e
a punição aos envolvidos em atos de tortura e o
cerceamento de liberdades durante a ditadura civil-
-militar, de outro lado.

12. (UPE-SSA)
Revista Manchete, 11/03/1972. In. VICENTINO, C.; DORIGO, G.
“História Para o Ensino Médio: História Geral e do Brasil”. É sangue mesmo, não é mertiolate.
São Paulo: Scipione, 2001, p. 605. E todos querem ver
b) “Bebida é água/ comida é pasto E comentar a novidade.
Você tem sede de quê? É tão emocionante um acidente de verdade. Estão todos
Você tem fome de quê? satisfeitos
A gente não quer só comida/ a gente quer comida, Com o sucesso do desastre: Vai passar na televisão.
diversão e arte Por gentileza, aguarde um momento.
A gente não quer só comida/ a gente quer saída para Sem carteirinha, não tem atendimento –
qualquer parte Carteira de trabalho assinada, sim, senhor.
(...) Olha o tumulto: façam fila por favor.
A gente não quer só comer/ a gente quer prazer para Todos com a documentação.
aliviar a dor Quem não tem senha, não tem lugar marcado.
A gente não quer só dinheiro/ a gente quer dinheiro e Eu sinto muito, mas já passa do horário.
felicidade Entendo seu problema, mas não posso resolver:
A gente não quer só dinheiro/ a gente quer inteiro e É contra o regulamento, está bem aqui, pode ver. Ordens
não pela metade” são ordens.
ANTUNES, Arnaldo; FROMER, Marcelo; BRITTO, Sérgio.
Em todo o caso, já temos a sua ficha.
“Comida”. Titãs, Disco: Jesus não tem dentes no país dos Só falta o recibo comprovando residência.
banguelas, 1987. P’rá limpar todo esse sangue, chamei a faxineira – E
agora eu já vou indo senão eu perco a novela
Compare os dois momentos da história brasileira
E eu não quero ficar na mão.
identificados na imagem e na música, quanto aos
aspectos econômico e político. RUSSO, Renato. Metrópole, 1986.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
As composições da banda Legião Urbana fazem parte Acerca dos trechos, destacados anteriormente, de duas
do cenário do rock brasileiro dos anos 1980, que tinham canções de sucesso do rock brasileiro, lançadas durante
como principal objetivo a presidência de José Sarney (1985-1990), assinale a
a) criticar as mazelas sociais e políticas do país. alternativa incorreta.
b) incentivar a transformação pela revolução armada. a) O questionamento, no título da primeira música, foi
c) contextualizar a Guerra Fria e o debate do potencializado quando de seu lançamento, em fins
capitalismo.
de 1987, pois diferentes planos econômicos haviam
d) revalorizar o papel do Estado como promotor do
fracassado em conter a escalada inflacionária.
bem-estar social.
O agravamento da crise aumentou o clima de
e) reconhecer a mídia como protagonista das
transformações sociais. frustração.
b) O Plano Cruzado, que congelou preços e salários,
13. (Uece) O governo José Sarney (PMDB), 15 de março de teve um êxito inicial: controlou a inflação e
1985 a 15 de março de 1990, foi uma transição do aumentou o poder de compra. O grande aumento de
período militar para o período de eleições diretas para vendas, experimentado, então, por artistas do rock
Presidente da República, pois a eleição da chapa brasileiro, uma expressão cultural do período, foi
Tancredo-Sarney foi realizada pelo colégio eleitoral. favorecido pela euforia de consumo.
Sarney, mesmo sendo vice, foi empossado, já que o c) A decepção com a Nova República, encontrada nas
presidente eleito, Tancredo Neves, adoentado, não pôde duas músicas, ganhou força com a recessão
tomar posse, vindo a falecer em 21 de abril de 1985. econômica e a instabilidade social, vistas em
crescentes mobilizações populares, saques a
O governo Sarney caracterizou-se por
supermercados e desabastecimento generalizado.
a) implantar o Plano Real, que controlou a inflação
A governabilidade foi corroída.
originada no período militar e criou uma nova
d) A questão da ética na política e do uso indevido de
moeda, além de ter abolido o bipartidarismo.
b) ter enfrentado uma inflação altíssima, não controlada bens públicos para proveito próprio ou de
pelos planos econômicos, e convocado eleições para favorecidos, presente nos trechos destacados,
a Assembleia Nacional Constituinte que promulgaria ganhou destaque com a CPI da Corrupção, que
a atual constituição do Brasil. acusou o presidente de crimes e pediu o seu
c) ter tentado controlar a inflação através de um plano afastamento, não concretizado.
lançado no dia seguinte à sua posse e que congelou e) A linguagem velada e em código das canções de
contas e poupanças por 18 meses, além de abrir o protesto desse contexto é explicada pela censura
país aos produtos importados, com redução dos prévia à cultura e às artes, o que impunha aos
impostos. autores a criação de artifícios para driblar o sistema
d) ter promovido o acesso de milhões de brasileiros à de repressão, parte estrutural do regime.
classe média e realizado um conjunto de políticas
sociais que serve de referência para diversos países.
15. (CFTMG) Num discurso improvisado, Collor tentou
enfrentar a maré de denúncias [...]. Na quinta-feira, 13
14. (PUC-RJ)
de agosto, falando a 2.000 taxistas, que foram ao Palácio
QUE PAÍS É ESTE do Planalto agradecer a concessão de subsídios, ele
conclamou a população a vestir-se de verde e amarelo
Nas favelas, no Senado no domingo seguinte em apoio ao presidente.
Sujeira pra todo lado
CONTI, Mário Sergio.
Ninguém respeita Constituição
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br.
Mas todos acreditam no futuro da nação Acesso em: 18 set. 2016. Adaptado.
Que país é esse? (...)
Renato Russo – 1987
Em relação ao governo Collor, os fatos reportados na
notícia deram-se no contexto da
BRASIL a) vitória dos conservadores no segundo turno das
eleições.
Brasil, mostra a tua cara b) insegurança dos investidores pelo confisco da
Quero ver quem paga poupança.
Pra gente ficar assim
c) confiança da sociedade mantida em meio à crise
Brasil, qual é o teu negócio
O nome do teu sócio política.
Confia em mim! (...) d) presença do povo nas ruas contra o mandato
presidencial.
Cazuza, George Israel, Nilo Romero – 1988.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
16. (Enem) d) menor na história política recente do Brasil, o que
permite tomar a censura em torno dele, promovida
oficialmente pelo Senado Federal, como um
episódio ainda menos significativo.
e) indesejado pela imensa maioria dos brasileiros, o
que provocou uma onda de comoção popular e
permitiu o retorno triunfal de Fernando Collor à cena
política, sendo candidato conduzido por mais duas
vezes ao segundo turno das eleições presidenciais.

18. (PUC-PR) Leia a manchete reproduzida na imagem a


seguir.

Disponível em: http://www.folha.uol.combr.


Acesso em: 17 abr. 2010. Adaptado.

O movimento representado na imagem, do início dos


anos de 1990, arrebatou milhares de jovens no Brasil.
Nesse contexto, a juventude, movida por um forte
sentimento cívico,
a) aliou-se aos partidos de oposição e organizou a
campanha Diretas Já.
b) manifestou-se contra a corrupção e pressionou pela
aprovação da Lei da Ficha Limpa.
c) engajou-se nos protestos relâmpago e utilizou a
internet para agendar suas manifestações.
d) espelhou-se no movimento estudantil de 1968 e Inflação do ano atinge 1.764,86%. O Estado de São
protagonizou ações revolucionárias armadas. Paulo. 24 de dezembro de 1989.
e) tornou-se porta-voz da sociedade e influenciou Disponível em: http://economia.estadao.com.br.
processo de impeachment do então presidente Acesso em: 12 jun. 2017.
Collor.
A imagem reproduz uma manchete do jornal O Estado
17. (Fuvest) O presidente do Senado, José Sarney (PMDB- de São Paulo, datado de 29 de dezembro de 1989, com
AP), disse nesta segunda-feira [30/5] que o o seguinte título: “Inflação do ano atinge 1.764,86%”.
impeachment do ex-presidente Fernando Collor de
Mello foi apenas um “acidente” na história do Brasil. Considerando o contexto econômico das décadas de
Sarney minimizou o episódio em que Collor, que 1970 a 1990 no Brasil, assinale a alternativa correta.
atualmente é senador, teve seus direitos políticos a) A inflação no Brasil se tornou crescente desde o
cassados pelo Congresso Nacional. “Eu não posso final do chamado “Milagre Brasileiro” (1968-1973),
censurar os historiadores que foram encarregados de ainda no regime militar, até a estabilização de preços
fazer a história. Mas acho que talvez esse episódio seja gerada pelo Plano Real (1994), com breves
apenas um acidente que não devia ter acontecido na intervalos de queda proporcionados por planos
história do Brasil”, disse o presidente do Senado. econômicos como o Plano Cruzado e o Plano Verão.
b) A inflação, ao final da década de 1980, era bastante
Correio Braziliense, 30/05/2011. inferior aos níveis observados durante o regime
militar, período no qual o país viveu sob permanente
Sobre o “episódio” mencionado na notícia anterior, hiperinflação.
pode-se dizer acertadamente que foi um acontecimento c) O Plano Real foi a primeira iniciativa governamental
a) de grande impacto na história recente do Brasil e tomada desde o início dos anos 1970 visando a
teve efeitos negativos na trajetória política de contornar o problema crônico da subida de preços.
Fernando Collor, o que faz com que seus atuais d) O sucesso no combate à inflação obtido pelo Plano
aliados se empenhem em desmerecer este episódio, Real só foi possível pela dolarização da economia,
tentando diminuir a importância que realmente teve. ou seja, pelo uso preponderante do dólar nas
b) nebuloso e pouco estudado pelos historiadores, que, transações domésticas em substituição à moeda
em sua maioria, trataram de censurá-lo, impedindo nacional.
uma justa e equilibrada compreensão dos fatos que o e) A hiperinflação e a crise econômica ocorridas no
envolvem. final dos anos 1980 levaram à deposição do regime
c) acidental, na medida em que o impeachment de militar e ao reestabelecimento da democracia em
Fernando Collor foi considerado ilegal pelo 1994, a partir da promulgação de uma nova
Supremo Tribunal Federal, o que, aliás, possibilitou constituição.
seu posterior retorno à cena política nacional, agora
como senador.

57 013.847 – 139466/19
CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
19. (Fuvest) A partir da redemocratização do Brasil (1985), 22. (CFTMG) Economicamente, o neoliberalismo
é possível observar mudanças econômicas significativas fracassou, não conseguindo nenhuma revitalização
no país. Entre elas, a básica do capitalismo avançado. Socialmente, ao
a) exclusão de produtos agrícolas do rol das principais contrário, o neoliberalismo conseguiu muitos dos seus
exportações brasileiras. objetivos, criando sociedades marcadamente mais
b) privatização de empresas estatais em diversos desiguais e desestatizadas. Política e ideologicamente,
setores como os de comunicação e de mineração. todavia, o neoliberalismo alcançou enorme êxito,
c) ampliação das tarifas alfandegárias de importação, disseminando a simples ideia de que não há alternativas
protegendo a indústria nacional. para os seus princípios, que todos têm de adaptar-se a
d) implementação da reforma agrária sem pagamento suas normas.
de indenização aos proprietários.
ANDERSON, Perry. Balanço do neoliberalismo. In: SADER, Emir;
e) continuidade do comércio internacional voltado GENTILI, Pablo (Orgs.). Pós-neoliberalismo: as políticas sociais
prioritariamente aos mercados africanos e asiáticos. e o Estado democrático. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995, p. 23.

20. (UPE-SSA) Um condicionante decisivo para o triunfo de Ao longo da década de 1990, a referida política
Collor foi o “agressivo” marketing de sua campanha. econômica manifestou-se no Brasil por meio da
Collor e sua assessoria apostaram na construção da a) nacionalização do Sistema Telebrás.
imagem de um candidato jovem, moderno, decidido e, b) criação da empresa Petróleo Brasileiro S.A.
principalmente, diferente dos demais políticos. Além c) inauguração do Estado de Bem-Estar Social.
disso, prometia moralizar a política e se apresentava d) privatização da Companhia Vale do Rio Doce.
como protetor dos “descamisados” e “pés-descalços”,
prometendo-lhes solucionar todos os seus problemas. 23. (Mackenzie)

MACHADO, Fabiana Michelle de Sousa. Política econômica e Cavaleiros circulam vigiando as pessoas
política externa do governo Collor 1990-1992. Belo Horizonte: Não importa se são ruins, nem importa se são boas
Centro Universitário, 2007. E a cidade se apresenta centro das ambições
Para mendigos ou ricos e outras armações
No campo político-econômico, esse curto governo foi Coletivos, automóveis, motos e metrôs
caracterizado pela Trabalhadores, patrões, policiais, camelôs
a) retração do Brasil para o mercado externo.
b) extinção da inflação e desvalorização cambial. A cidade não para, a cidade só cresce
c) desindustrialização do país, ampliando a agricultura O de cima sobe e o de baixo desce
familiar. A cidade não para, a cidade só cresce
d) substituição das importações, retomando o O de cima sobe e o de baixo desce
desenvolvimento.
e) adoção de um novo modelo econômico, chamado de A cidade se encontra prostituída
Plano Collor. Por aqueles que a usaram em busca de saída
Ilusora de pessoas de outros lugares
21. (EsPCEx (Aman)) Diante do impasse econômico- A cidade e sua fama vai além dos mares
-financeiro no país e de circunstâncias internacionais, os No meio da esperteza internacional
governos brasileiros, no período de 1986 a 1994, A cidade até que não está tão mal
tentaram reverter esta situação combatendo a inflação e E a situação sempre mais ou menos
procurando retomar o crescimento através de vários Sempre uns com mais e outros com menos
planos econômicos que foram implementados naquela (...)
época. SCIENCE, Chico. A cidade. Da lama ao caos. Sony Music, 1994.

Para a conquista da estabilização econômica, foram A letra da música acima aponta para alguns problemas
implantados os seguintes planos econômicos: vividos na contemporaneidade. Assinale a alternativa
1. Plano Cruzado que melhor explicita o contexto e as referências ao
2. Plano Collor Brasil atual.
3. Plano Real a) A ortodoxia econômica de governos recentes tem
4. Plano Verão adotado uma postura mais crítica em relação ao
5. Plano Bresser modelo neoliberal, aproximando-se de políticas
social-democratas. De efeito duvidoso, tal política
A sequência cronológica correta dos planos listados é aponta para uma nova perspectiva, com a resolução
a) 4, 2, 3, 1 e 5. das desigualdades encontradas até então.
b) 3, 5, 4, 1 e 2. b) Vivencia-se a emergência de políticas públicas
c) 5, 2, 1, 4 e 3. voltadas para a resolução de certos problemas
d) 2, 4, 1, 5 e 3. sociais, em particular as desigualdades geradas pelo
e) 1, 5, 4, 2 e 3. modelo neoliberal até então adotado. Daí o
rompimento com o FMI feito recentemente.

58 013.847 – 139466/19
CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
c) Procura-se acomodar crescimento econômico com A persistência das reivindicações relativas à aplicação
um modelo que priorize investimentos nas questões desse preceito normativo tem em vista a vinculação
sociais. Práticas populistas que em nada contribuem histórica fundamental entre
para a real superação das desigualdades existentes a) etnia e miscigenação racial.
no país. b) sociedade e igualdade jurídica.
d) De um lado, estabilização econômica. De outro, c) espaço e sobrevivência cultural.
marginalização, insegurança, aprofundamento das d) progresso e educação ambiental.
desigualdades econômicas e sociais, insatisfações e) bem-estar e modernização econômica.
em relação a esse contexto. Faces da mesma moeda
apontam para a necessidade de reformulação da 26. (Fuvest) A população indígena brasileira aumentou
política de desenvolvimento adotada. 150% na década de 1990, passando de 294 mil pessoas
e) A marginalização tem sido uma realidade crescente para 734 mil, de acordo com uma pesquisa divulgada
no país, contrariando uma tendência mundial de pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
redução desses níveis de desigualdade. Isso se deve (IBGE). O crescimento médio anual foi de 10,8%, quase
ao insucesso de programas sociais atuais, abrindo seis vezes maior do que o da população brasileira em
caminho, por sua vez, para abusos cometidos por geral.
autoridades policiais e divulgados pela imprensa.
Disponível em: http://webradiobrasilindigena.wordpress.com. Acesso
em: 21 nov. 2007.
24. (Uerj)

É som de preto A notícia acima apresenta


de favelado a) dado pouco relevante, já que a maioria das
mas quando toca ninguém fica parado populações indígenas do Brasil encontra-se em fase
(...) de extinção, não subsistindo, inclusive, mais
O nosso som não tem idade, não tem raça nenhuma população originária dos tempos da
E não tem cor colonização portuguesa da América.
Mas a sociedade pra gente não dá valor b) discrepância em relação a uma forte tendência
Só querem nos criticar pensam que somos animais histórica observada no Brasil, desde o século XVI,
Se existia o lado ruim hoje não existe mais mas que não é uniforme e absoluta, já que nas
Porque o funkeiro de hoje em dia caiu na real últimas décadas não apenas tais populações
(...) indígenas têm crescido, mas também o próprio
MC Amilcka número de indivíduos que se autodenominam
Disponível em: letras.mus.br. indígenas.
c) um consenso em torno do reconhecimento da
PROJETO DE LEI 4124/2008 importância dos indígenas para o conjunto da
população brasileira, que se revela na valorização
O movimento funk do Brasil constitui-se, hoje, em histórica e cultural que tais elementos sempre
atividade das mais relevantes. Consagrado como voz da mereceram das instituições nacionais.
periferia, o funk põe em evidência, mais do que um d) resultado de políticas públicas que provocaram o fim
mero estilo musical, um modo de vida — a linguagem, dos conflitos entre os habitantes de reservas
os signos e os emblemas — de uma parte da juventude indígenas e demais agentes sociais ao seu redor,
brasileira que até então foi praticamente invisível aos como proprietários rurais e pequenos trabalhadores.
olhos da nossa sociedade. e) natural continuidade da tendência observada desde a
criação das primeiras políticas governamentais de
Disponível em: camara.gov.br. Adaptado. proteção às populações indígenas, no começo do
século XIX, que permitiram a reversão do anterior
A lei que transforma o funk em patrimônio cultural quadro de extermínio observado até aquele
imaterial do Rio de Janeiro foi aprovada em 2009. momento.
A principal razão para esse reconhecimento legal está
associada à política de 27. (Uece) Leia atentamente os seguintes excertos.
a) defesa de ritmos brasileiros.
b) inclusão de grupos políticos. [...] uma das principais causas da dizimação dos índios,
c) projeção de jovens intérpretes. afora as doenças trazidas pelos europeus, foram os
d) valorização de manifestações populares. massacres e a eliminação deliberada dos nativos pelos
portugueses. Isso resultou no fato de que apenas
25. (Enem) Art. 231. São reconhecidos aos índios sua aproximadamente 300.000 índios, cerca de 5 por cento
organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e dos 6 milhões que compunham a população indígena em
os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente 1500, sobreviveriam para as “comemorações” dos
ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer quinhentos anos da chegada de Cabral a suas terras.
respeitar todos os seus bens.
JANCSÓ, István (Coord.) Rebeldes brasileiros – homens e mulheres
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. que desafiam o poder. São Paulo: Casa Amarela, [s.d.]. fasc. 9.
Disponível em: www.planalto.gov. br. Acesso em: 27 abr. 2017. p. 261 (Caros amigos).

59 013.847 – 139466/19
CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
Entre os dias 26 de março e 22 de abril [de 2016], d) Na divisão da Alemanha pelas potências vencedoras
os indígenas Aponuyre, Genésio, Isaías e Assis Guajajara, da Segunda Guerra Mundial, a cidade de Berlim,
todos da Terra Indígena (TI) Arariboia, no Maranhão, mesmo estando completamente na parte oriental do
foram assassinados. Com pouca fiscalização e sem sinal país, foi dividida em quatro zonas.
de investigação dos culpados, os indígenas Guajajara e) A Coreia foi dividida após a derrota japonesa na
que vivem na área – já demarcada e habitada também Segunda Guerra Mundial. Na parte ocupada pelas
por índios Awá isolados – sofrem com a constante
tropas estadunidenses, formou-se a Coreia do Norte
pressão de madeireiros e temem por sua segurança.
e, na região ocupada pelos soviéticos, formou-se a
COMISSÃO PASTORAL DA TERRA - CPT. Coreia do Sul.
Em um mês, quatro indígenas Guajajara foram assassinados no
Maranhão. Publicado em 27 de abril de 2016..
Disponível em: https://www.cptnacional.org.br. 29. (IFSP) Considere a imagem e o texto a seguir.
Acesso em: 11 maio 2017

Considerando os excertos anteriores, é correto afirmar que


a) os conflitos que ainda ocorrem entre indígenas e
população não indígena se dão exclusivamente pela
ação predatória, promovida pelos índios, sobre os
recursos naturais protegidos por lei.
b) as tensões geradoras dos massacres e a dizimação da
população nativa brasileira ainda perduram nos
tempos atuais, apesar da atual proteção do Estado
sobre as populações indígenas.
c) o interesse dos capitalistas em obter maiores lucros
com a exploração da terra dos índios e de seus
recursos nunca foi motivação para os conflitos que
dizimaram e ainda diminuem a população indígena.
d) os eventos de violência contra a população indígena,
em diversas áreas do país, se dão porque essa
população não é aceita pelo Estado quando tenta
Disponível em: www.brasilalemanha.com.br.
integrar-se ao modelo social, justo e inclusivo, do Acesso em: 24 out. 2015.
mundo civilizado.
A imagem refere-se ao Muro de Berlim em 1989.
28. (IFPE) A cidade de Berlim possui aproximadamente “890 km2
(...) há um muro de concreto (dos quais, 403 km2 correspondiam a Berlim Oriental),
entre nossos lábios dividida em duas partes já desde 1948, foi, em 1961,
há um muro de Berlim solidamente separada por uma fronteira física até então
dentro de mim inexistente – e constituída como fronteira fechada por
tudo se divide um muro de concreto de 43,7 km no meio da cidade
todos se separam (156,4 km era o tamanho total do muro em torno de
duas Alemanhas Berlim Ocidental), com uma altura que variava de 3,40
duas Coreias a 4,20 m. O muro, simbólica e concretamente, separava
tudo se divide sistemas, países e mundos sociais”, como afirma o
todos se separam (...) historiador Moraes.
Disponível em: http://www2.uol.com.br.
Acesso em: 09 out. 2017. Adaptado. MORAES, Luis Edmundo Souza. O Muro, dois Estados, dois Mundos.
Disponível em: http://periodicos.uem.br.
O trecho da música Alívio imediato, da banda brasileira Acesso em: 25 out. 2015.
Engenheiros do Hawaii, aborda alguns fatos referentes De acordo com a imagem e com o contexto descrito, é
ao contexto da Guerra Fria. Sobre esses fatos, assinale a correto o que se afirma em:
alternativa correta. a) Os alemães comemoraram o fim da divisão entre a
a) A construção do muro de Berlim foi um projeto
República Democrática da Alemanha (Alemanha
elaborado pela Alemanha Ocidental e dividia a
Oriental) e a República Federal da Alemanha
cidade de Berlim ao meio, separando a parte
(Alemanha Ocidental), assim como a queda do Muro
Ocidental da Oriental.
de Berlim e possível reunificação que só ocorreu em
b) O muro de Berlim foi construído pela República
Federal da Alemanha e circundava toda a Berlim 1990.
Ocidental, separando-a da Alemanha Oriental. b) Os alemães comemoraram a data da construção do
c) A Coreia, após a Segunda Guerra Mundial, foi Muro de Berlim e os 40 anos da República
dividida em quatro partes iguais entre União Democrática da Alemanha (Alemanha Oriental),
Soviética, Grã-Bretanha, Estados Unidos e França, pois havia muita resistência e protestos por parte da
dando origem a dois países distintos: a Coreia do Sul maioria dos alemães que eram contra a reunificação
e a do Norte. prevista para 1990.

60 013.847 – 139466/19
CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA
c) Os alemães comemoraram o fim da divisão entre
a República Democrática da Alemanha (Alemanha
Ocidental) e a República Federal da Alemanha
Anotações
(Alemanha Oriental), assim como a queda do Muro
de Berlim e possível reunificação que só ocorreu
em 1990.
d) Os alemães comemoram a queda do Muro de
Berlim, fim da Guerra Fria, bem como o fim da luta
armada entre a República Democrática da Alemanha
(Alemanha Oriental) e a República Federal da
Alemanha (Alemanha Ocidental) e almejavam a
reunificação prevista para 1990.
e) Os alemães comemoram as pesadas indenizações
que a República Democrática da Alemanha
(Alemanha Oriental) foi condenada a pagar
judicialmente para a República Federal da Alemanha
(Alemanha Ocidental), devido às mortes dos
alemães que tentaram atravessar o muro para ir de
uma Alemanha para outra.

30. (Enem)

DISNEYLÂNDIA

Multinacionais japonesas instalam empresas em


Hong-Kong
E produzem com matéria-prima brasileira
Para competir no mercado americano

[...]

Pilhas americanas alimentam eletrodomésticos ingleses


na Nova Guiné
Gasolina árabe alimenta automóveis americanos na
África do Sul

[...]

Crianças iraquianas fugidas da guerra


Não obtêm visto no consulado americano do Egito
Para entrarem na Disneylândia

ANTUNES, A. Disponível em: www.radio.uol.com.br.


Acesso em: 3 fev. 2013 (fragmento).

Na canção, ressalta-se a coexistência, no contexto


internacional atual, das seguintes situações:
a) Acirramento do controle alfandegário e estímulo ao
capital especulativo.
b) Ampliação das trocas econômicas e seletividade dos
fluxos populacionais.
c) Intensificação do controle informacional e adoção de
barreiras fitossanitárias.
d) Aumento da circulação mercantil e
desregulamentação do sistema financeiro.
e) Expansão do protecionismo comercial e
descaracterização de identidades nacionais.

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CURSO DE FÉRIAS – HISTÓRIA

Anotações

62 013.847 – 139466/19
CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
Sobre o espaço brasileiro, o texto apresenta argumentos
PROFESSOR ADRIANO BEZERRA
que refletem a
a) heterogeneidade do modo de vida agrário.
TC 01 – AGRONEGÓCIO b) redução do fluxo populacional nas cidades.
c) correlação entre força de trabalho e migração
1. sazonal.
A demanda mundial para a produção de alimentos d) indissociabilidade entre local de moradia e acesso à
aumenta progressivamente a taxas muito altas. renda.
Atualmente, na maioria dos países, continentes e e) desregulamentação das propriedades nas zonas de
regiões, a água consumida na agricultura é de cerca de fronteira.
70% da disponibilidade total.
4.
TUNDISI, J. G. Recursos hídricos no futuro: problemas e soluções.
A propriedade compreende, em seu conteúdo e
Estudos Avançados, n. 63, 2008. Adaptado.
alcance, além do tradicional direito de uso, gozo e
Para que haja a redução da pressão sobre o recurso disposição por parte de seu titular, a obrigatoriedade do
natural mencionado, a expansão da agricultura demanda atendimento de sua função social, cuja definição é
melhorias no(a) inseparável do requisito obrigatório do uso racional da
a) fertilização química do solo. propriedade e dos recursos ambientais que lhe são
b) escoamento hídrico do terreno. integrantes. O proprietário, como membro integrante da
c) manutenção de poços artesianos. comunidade, se sujeita a obrigações crescentes que,
d) eficiência das técnicas de irrigação. ultrapassando os limites do direito de vizinhança, no
e) velocidade das máquinas colheitadeiras. âmbito do direito privado, abrangem o campo dos
direitos da coletividade, visando o bem-estar geral, no
2.
âmbito do direito público.
O CÂNTICO DA TERRA
JELINEK, R. O princípio da função social da propriedade e sua
Eu sou a terra, eu sou a vida. repercussão sobre o sistema do Código Civil.
A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu. Disponível em: www.mp.rs.gov.br. Acesso em: 20 fev. 2013.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho. Os movimentos em prol da reforma agrária, que atuam
O algodão de tua veste com base no conceito de direito à propriedade
E o pão de tua casa. apresentado no texto, propõem-se a
E um dia bem distante a) reverter o processo de privatização fundiária.
A mim tu voltarás. b) ressaltar a inviabilidade da produção latifundiária.
E no canteiro materno de meu seio c) defender a desapropriação dos espaços
Tranquilo dormirás. improdutivos.
Plantemos a roça. d) impedir a produção exportadora nas terras
Lavremos a gleba. agricultáveis.
e) coibir o funcionamento de empresas agroindustriais no
CORALINA, C. Textos e contextos: poemas dos becos de campo.
Goiás e estórias mais. São Paulo: Global, 1997. Fragmento.
5.
No contexto das distintas formas de apropriação da
terra, o poema de Cora Coralina valoriza a relação entre
a) grileiros e controle territorial.
b) meeiros e divisão do trabalho.
c) camponeses e uso da natureza.
d) indígenas e manejo agroecológico.
e) latifundiários e fertilização do solo.

3.
As estatísticas mais recentes do Brasil rural
revelam um paradoxo que interessa a toda sociedade:
o emprego de natureza agrícola definha em
praticamente todo o país, mas a população residente no
campo voltou a crescer; ou pelo menos parou de cair.
Esses sinais trocados sugerem que a dinâmica agrícola,
embora fundamental, já não determina sozinha os rumos
da demografia no campo. Esse novo cenário é explicado
em parte pelo incremento do emprego não agrícola no
campo. Ao mesmo tempo, aumentou a massa de
desempregados, inativos e aposentados que mantêm
residência rural.
SILVA, J. G. Velhos e novos mitos do rural brasileiro.
Estudos Avançados, n. 43, dez. 2001.

63 035.028 – 154899/21
CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
O conjunto representado pelo agronegócio 8.
demanda condições específicas que passam a ser Somada à produção voltada para o mercado interno
exigidas dos territórios. Como há uma elevação da está a expansão das culturas de exportação, via de regra
formação de fluxos, materiais e imateriais, a crescente financiadas com incentivos fiscais oriundos das
articulação com as escalas que vão do local ao global políticas territoriais do Estado. Combinando mercado
terminam pro pressionar o Estado a agir visando uma interno e externo, o Estado atuou no sentido de
instalação no território de fixos diversos, bem como de incrementar a produção, principalmente de grãos.
uma regulação específica.
OLIVEIRA, A. U. Agricultura brasileira: transformações recentes.
LIMA, R. C.; PENHA, N.A. A logística de transportes do In: ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp,
agronegócios em Mato Grosso (Brasil). Confins, n. 26, fev. 2016. 2008. Adaptado.

A atuação do Estado brasileiro na atividade descrita


O mapa e o texto se complementam indicando que a ocasionou mudanças socioespaciais marcadas pela
expansão das rodovias se deu como resposta ao(à) a) contenção do fluxo migratório.
a) alteração da matriz econômica. b) alteração da estrutura fundiária.
b) substituição do modal hidroviário. c) priorização do abastecimento local.
c) retração do contingente demográfico. d) reconfiguração da fronteira agrícola.
d) projeção do escoamento produtivo. e) concentração da produção sustentável.
e) estagnação de lavouras policultoras.
9.
6. A trilha de expansão traçada pela soja brasileira nas
O processo de modernização da agricultura últimas duas décadas começa a ser seguida pelo trigo.
brasileira resultou em profundas modificações nas Com o cultivo consagrado e concentrado na região Sul,
relações sociais, no mundo do trabalho e da produção. agora o cereal se ampara na pesquisa para conquistar
Mas a modernização teve também como consequência, áreas de cultivo no centro-oeste brasileiro. Nas últimas
num modelo social perverso como o nosso, a cinco safras, a triticultura cresceu 33% em área e 76%
permanência da concentração da terra, o êxodo rural, em volume de produção na região. O quadro desperta
aumentou o processo de assalariamento para o homem otimismo do setor para investir em inovação, mirando
rural, concentrou capitais e gerou um processo de uma expansão ainda maior do plantio nos próximos
industrialização da agricultura, direcionada para atender anos.
às demandas do capital nacional e internacional.
Disponível em: http://sfagro.uol.com.br. Acesso em: 30 nov. 2017.
MENEZES NETO, A. J. Educação, sindicalismo e novas tecnologias
nos processos sociais agrários. Disponível em: www.senac.br. O fator que explica a expansão do cereal em destaque
Acesso em: 10 fev. 2014.
no texto pelo território nacional é a
a) inserção de agricultura orgânica.
Nesse contexto, o processo apresentado revela b) utilização de trabalho familiar.
contradições no espaço agrário brasileiro decorrentes da c) admissão de irrigação tradicional.
expansão da d) introdução de sementes adaptadas.
a) produção familiar e) inclusão de culturas itinerantes.
b) reforma fundiária.
c) lavoura comercial. 10.
d) pastagem extensiva.
e) segurança alimentar. Texto I
7. De modo geral, para a região Norte, o fato
Vive-se a Revolução Verde. Trata-se da contundente é a expansão dos padrões motivados pela
disseminação de novas práticas, permitindo um vasto pecuária. Hoje, as pastagens se estendem como uma
aumento na produção. O modelo baseia-se na intensiva frente pecuarista para o interior do Pará, com São Félix
utilização de sementes melhoradas (particularmente das do Xingu contabilizando um dos maiores rebanhos do
híbridas), assim como no uso sistemático de insumos país.
industriais (fertilizantes e agrotóxicos), no recursos à IBGE. Censo agropecuário. Rio de Janeiro: IBGE, 2006.
irrigação e na mecanização do trabalho.

DEL PRIORE, M.; VENÂNCIO, R. Uma história da Texto II


vida rural no Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006. Adaptado.
As várzeas dos rios são os principais espaços de
No Brasil, uma desvantagem para o pequeno produtor aproveitamento para o cultivo de uma lavoura
provocada pela expansão do modelo agrícola descrito é a rudimentar dedicada ao consumo local, com produção
a) estagnação da atividade agroindustrial. de pouca extração e baixo nível tecnológico, induzindo
b) diminuição da lavoura monocultora. a aquisição monetária à complementaridade através da
c) restrição do controle de pragas. pesca e da extração vegetal.
d) elevação do custo de cultivo.
e) redução do emprego formal. IBGE. Censo agropecuário. Rio de Janeiro: IBGE, 2006.

64 035.028 – 154899/21
CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
De acordo com os textos, observa-se na região Norte a O paradigma produtivo apresentado no texto tem como
coexistência de dois modelos agrários baseados, base a harmonização entre tecnologia e ecologia e
respectivamente, no(a) propõe uma sustentabilidade pautada no(a)
a) mercado de exportação e na subsistência. a) ideia de natureza intocada.
b) agricultura familiar e na agroecologia. b) lógica de mercado internacional.
c) sistema de arrendamento e no agronegócio. c) respeito ao saber local comunitário.
d) produção orgânica e na sustentabilidade. d) desenvolvimento de cultivos orgânicos.
e) abastecimento interno e na transumância. e) retorno às práticas agrícolas arcaicas.

3.
TC 02 – EMERGÊNCIA AMBIENTAL Gifford Pinchot, engenheiro florestal treinado na
Alemanha, criou o movimento de conservação dos
1. recursos, apregoando o seu uso racional. Na verdade,
Segundo a Conferência de Quioto, os países Pinchot agia dentro de um contexto de transformação da
centrais industrializados, responsáveis históricos pela natureza em mercadoria. Na sua concepção, a natureza é
poluição, deveriam alcançar a meta de redução de 5,2% frequentemente lenta e os processo de manejo podem
do total de emissões segundo níveis de 1990. O nó da torná-la eficiente; acreditava que a conservação deveria
questão é o enorme custo desse processo, demandando basear-se em três princípios: o uso dos recursos naturais
mudanças radicais nas indústrias para que se adaptem pela geração presente. A prevenção de desperdício e o
rapidamente aos limites de emissão estabelecidos e uso dos recursos naturais, para benefício da maioria dos
adotem tecnologias energéticas limpas. cidadãos.
A comercialização internacional de créditos de
sequestro ou de redução de gases causadores do efeito DIEGUES, A. C. S. O mito moderno da natureza intocada.
São Paulo: Huciltec; Edusp, 2000.
estufa foi a solução encontrada para reduzir o custo
global do processo. Países ou empresas que A atual concepção de desenvolvimento sustentável
conseguirem reduzir as emissões abaixo de suas metas diferencia-se da proposta de Gifford Pinchot, do fim do
poderão vender este crédito para outro país ou empresa século XIX, pelo foco na
que não consiga. a) precificação das riquezas naturais.
b) desconstrução dos saberes tradicionais.
BECKER, B. Amazônia: geopolítica na virada do segundo milênio.
Rio de Janeiro: Garamond, 2009. c) valorização das necessidades futuras.
d) contenção do crescimento econômico.
As posições contrárias à estratégia de compensação e) oposição dos ideais preservacionistas.
presente no texto relacionam-se à ideia de que ela
promove 4.
a) retração nos atuais níveis de consumo.
b) surgimento de conflitos de caráter diplomático.
c) diminuição dos lucros na produção de energia.
d) desigualdades na distribuição do impacto
ecológico.
e) decréscimo dos índices de desenvolvimento
SOUSA, M. Disponível em: www.turmadamonica.com.br.
econômico. Acesso em: 10 abr. 2015.

2. A ironia expressa na tirinha representa uma crítica à


A produtividade ecológica articula-se com uma seguinte relação entre sociedade e natureza:
produtividade tecnológica, porque não se deve renunciar a) Perseguição étnica indígena.
a todas as possibilidades da ciência e da técnica, e sim b) Crescimento econômico predatório.
reencaminhar muitas delas para a construção desse novo c) Modificação de práticas colonizadoras.
d) Comprometimento de jazidas minerais.
paradigma produtivo. Essa construção social, porém,
e) Desenvolvimento de reservas extrativistas.
não pode ser guiada por um planejamento centralizado
da tecnologia normatizada pela ecologia. A alma dessa 5.
nova economia humana são os valores culturais. Cada CIENTISTAS DO PAÍS ESTUDAM INTERAÇÃO
cultura dá significado a seus conhecimentos, a sua ENTRE A ANTÁRTICA E A AMAZÔNIA
natureza, recriando-a e abrindo o fluxo de
É difícil imaginar que a Antártica possa interferir
possibilidades de coevolução, articulando o pensamento
no clima de um país tropical como o Brasil, mas a
humano com o potencial da natureza. verdade é que o continente gelado influencia e é
influenciado especialmente pelo que acontece na
LEFF, E. Discursos sustentáveis. São Paulo: Cortez, 2010.
Adaptado.
América do Sul, inclusive na Amazônia, causando secas
na região e recebendo a poluição gerada ali.
Disponível em: http://g1.globo.com. Acesso em: 8 dez. 2017.
Adaptado.

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CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
As interações citadas são efeitos de um processo biomassa se faz sentir com muita força, devido à
atmosférico marcado por retirada da cobertura florestal, ao superpastoreio e às
a) equidade entre índices de refletividade superficial. atividades mineradoras não controladas, desencadeando
b) bloqueios de elevadas barreiras orográficas. um quadro agudo de degradação ambiental, refletido
c) preponderância de correntes marinhas frias. pela incapacidade de suporte para o desenvolvimento de
d) fluxos entre faixas de latitudes distintas. espécies vegetais, seja uma floresta natural ou
e) alternância da pressão do ar equatorial. plantações agrícolas.

6. CONTI, J. B. A geográfica física e as redações sociedade-natureza no


mundo tropical. In: CARLOS, A. F. A. (Org.) Novos caminhos da
A ampliação das áreas urbanizadas, devido à
geografia. São Paulo: Contexto, 1990. Adaptado.
construção de áreas impermeabilizadas, repercute na
capacidade de infiltração das águas no solo, O texto enfatiza uma consequência da relação
favorecendo o escoamento superficial, a concentração conflituosa entre a sociedade humana e o ambiente, que
das enxurradas e a ocorrência de ondas de cheia. diz respeito ao processo de
A urbanização afeta o funcionamento do ciclo a) inversão térmica.
hidrológico, pois interfere no rearranjo dos b) poluição atmosférica.
armazenamentos e na trajetória das águas. c) eutrofização da água.
CHRISTOFOLETTI, A. Aplicabilidade do conhecimento d) contaminação dos solos.
geomorfológico nos projetos de planejamento. In: GUERRA, A. J. T.; e) desertificação de ecossistemas.
CUNHA, S. B. (Org). Geomorfologia: uma atualização de bases e
conceitos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.
9.
Considerando esse contexto, que fator contribui para
diminuição das enchentes em áreas urbanas?
a) Pavimentação das vias.
b) Criação de espaços verdes.
c) Verticalização das moradias.
d) Adensamento das construções.
e) Assoreamento dos canais de drenagem.

7.
A pegada ecológica gigante que estamos a deixar
no planeta está a transformá-lo de tal forma que os
AROEIRA. Disponível em: http://appsodia.ig.com.br.
especialistas consideram que já entramos numa nova Acesso em: 19 jun. 2012. Adaptado.
época geológica, o Antropoceno. E muitos defendem
que, se não travarmos a crise ambiental, mais O processo ambiental ao qual a charge faz referência
rapidamente transformaremos a Terra em Vênus do que tende a se agravar em função do(a)
iremos a Marte. A expressão “Antropoceno” é atribuída a) expansão gradual das áreas de desertificação.
ao químico e prêmio Nobel Paul Crutzen, que a propôs b) aumento acelerado do nível médio dos oceanos.
durante uma conferência em 2000, ao mesmo tempo que c) controle eficaz da emissão antrópica de gases
anunciou o fim do Holoceno – a época geológica em poluentes.
que os seres humanos se encontram há cerca de 12 mil d) crescimento paulatino do uso de fontes energéticas
anos, segundo a União Internacional das Ciências alternativas.
Geológicas (UICG), a entidade que define as unidades e) dissenso político entre países componentes de
de tempo geológicas. acordos climáticos internacionais.
SILVA, R. D. Antropoceno: e se formos os últimos seres
vivos a alterar a Terra? Disponível em: www.publico.pt. 10.
Acesso em: 5 dez. 2017. Adaptado.

A concepção apresentada considera a existência de uma


nova época geológica concebida a partir da capacidade
de influência humana nos processos
a) eruptivos.
b) exógenos.
c) tectônicos.
d) magmáticos.
e) metamórficos.

8.
Trata-se da perda progressiva da produtividade de
biomas inteiros, afetando parcelas muito expressivas
dos domínios subúmidos e semiáridos em todas as
regiões quentes do mundo. É nessas áreas, Disponível em: http://img15.imageshack.us. Adaptado.
ecologicamente transicionais, que a pressão sobre a

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CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
A maior frequência na ocorrência do fenômeno 3.
atmosférico apresentado na figura relaciona-se a Texto I
a) concentrações urbano-industriais.
b) episódios de queimadas florestais. As fronteiras, ao mesmo tempo que se separam,
c) atividades de extrativismo vegetal. unem e articulam, por elas passando discursos de
d) índices de pobreza elevados. legitimação da ordem social tanto quanto do conflito.
e) climas quentes e muito úmidos.
CUNHA, L. Terras lusitanas e gentes dos brasis:
a nação e o seu retrato literário.
Revista Ciências Sociais, n. 2, 2009.
TC 03 – CRISE MIGRATÓRIA E
REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS Texto II

1. As últimas barreiras ao livre movimento do


A presença de uma corrente migratória por si só dinheiro e das mercadorias e informação que rendem
não explica a condição de vida dos imigrantes. Esta será dinheiro andam de mãos dadas com a pressão para cavar
somente a aparência de um fenômeno mais profundo, novos fossos e erigir novas muralhas que barrem o
estruturado em relações socioeconômicas muitas vezes movimento daqueles que em consequência perdem,
perversas. É o que podemos dizer dos indivíduos que física ou espiritualmente, suas raízes.
são deslocados do campo para as cidades e obrigados a
viver em condições de vida culturalmente diferentes das BAUMAN, A. Globalização: as consequências humanas.
que vivenciaram em seu lugar de origem. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.

SCARLATO, F. C. População e urbanização brasileira. A ressignificação contemporânea da ideia de fronteira


In: ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 2009. compreende a
O texto faz referência a um movimento migratório que a) liberação da circulação de pessoas.
reflete o(a) b) preponderância dos limites naturais.
a) processo de deslocamento de trabalhadores c) supressão dos obstáculos aduaneiros.
motivados pelo aumento da oferta de empregos no d) desvalorização da noção de nacionalismo.
campo. e) seletividade dos mecanismos segregadores.
b) dinâmica experimentada por grande quantidade de
pessoas, que resultou no inchaço das grandes
cidades. 4.
c) permuta de locais específicos, obedecendo a fatores Em Beirute, no Líbano, quando perguntado sobre
cíclicos naturais. onde se encontram os refugiados sírios, a resposta do
d) circulação de pessoas diariamente em função do homem é imediata: “em todos os lugares e em lugar
emprego. nenhum”. Andando ao acaso, não é raro ver, sob um
e) cultura de localização itinerante no espaço. prédio ou num canto de calçada, ao abrigo do vento,
uma família refugiada em volta de uma refeição frugal
2. posta sobre jornais como se fossem guardanapos.
O fenômeno da mobilidade populacional vem, Também se vê de vez em quando uma tenda com a sigla
desde as últimas décadas do século XX, apresentando ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para
transformações significativas no seu comportamento, Refugiados), erguida em um dos raros terrenos vagos da
não só no Brasil como também em outras partes do capital.
mundo. Esses novos processos se materializam, entre
outros aspectos, na dimensão interna, pelo JABER, H. Quem realmente acolhe os refugiados?
redirecionamento dos fluxos migratórios para as cidades Le Monde Diplomatique Brasil, out. 2015. Adaptado.
médias, em detrimento dos grandes centros urbanos;
pelos deslocamentos de curta duração e a distâncias O cenário descrito aponta para uma crise humanitária
menores; pelos movimentos pendulares, que passam a que é explicada pelo processo de
assumir maior relevância nas estratégias de
sobrevivência, não mais restritos aos grandes a) migração massiva de pessoas atingidas por
aglomerados urbanos. catástrofe natural.
b) hibridização cultural de grupos caracterizados por
OLIVEIRA, L. A. P., OLIVEIRA, A. T. R. Reflexões sobre os
deslocamentos populacionais no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2011. homogeneidade social.
Adaptado. c) desmobilização voluntária de militares cooptados
por seitas extremistas.
A redefinição dos fluxos migratórios internos no Brasil,
no período apontado no texto, tem como causa a d) peregrinação religiosa de fiéis orientados por
intensificação do processo de lideranças fundamentalistas.
a) descapitalização do setor primário. e) desterritorialização forçada de populações afetadas
b) ampliação da economia informal. por conflitos armados.
c) tributação da área residencial citadina.
d) desconcentração da atividade industrial.
e) saturação da empregabilidade no setor terciário.

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CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
5. 8.
O toyotismo, a partir dos anos 1970, teve grande A diversidade de atividades relacionadas ao setor
impacto no mundo ocidental, quando se mostrou para os terciário reforça a tendência mais geral de
países avançados como uma opção possível para a
superação de uma crise de acumulação. desindustrialização de muitos dos países desenvolvidos
sem que estes, contudo, percam o comando da
ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a economia. Essa mudança implica nova divisão
negação do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2009. Adaptado.
internacional do trabalho, que não é mais apoiada na
A característica organizacional do modelo em questão, clara segmentação setorial das atividades econômicas.
requerida no contexto de crise, foi o(a)
a) expansão dos grandes estoques. RIO, G. A. P. A espacialidade da economia. In: CASTRO, I. E.;
b) incremento da fabricação em massa. GOMES, P. C. C.; CORRÊA, R. L. (Org). Olhares geográficos:
modos de ver e viver o espaço.
c) adequação da produção à demanda.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012. Adaptado.
d) aumento da mecanização do trabalho.
e) centralização das etapas de planejamento.
Nesse contexto, o fenômeno descrito tem como um de
6. seus resultados a
Doze mil quilômetros separam Acra, a capital de a) saturação do setor secundário.
Gana, do Vale do Silício, Califórnia, Estados Unidos, b) ampliação dos direitos laborais.
centro da revolução tecnológica do século XXI. Há, no c) bipolarização do poder geopolítico.
entanto, outra distância maior do que a geográfica. Acra
d) consolidação do domínio tecnológico.
e o Vale do Silício estão no extremo de um ciclo de
vida. Computadores, tablets e celulares nascem da e) primarização das exportações globais.
cabeça de nerds sob o sol californiano e morrem e são
descompostos no distrito de Agbogbloshie, periferia 9.
africana. Em virtude da importância dos grandes volumes de
LOPES, K. O lixão pontocom da África. Disponível em: matérias-primas na indústria química – eram necessárias
www.cartacapital.com.br. Acesso em: 10 abr. 2015. dez a doze toneladas de ingredientes para fabricar uma
tonelada de soda –, a indústria teve uma localização
A situação descrita é um exemplo de um modelo de bem definida quase que desde o início. Os três centros
desenvolvimento tecnológico que revela um processo de principais eram a área de Glasgow e as margens do
a) diminuição de empregos formais na área de Mersey e do Tyne.
reciclagem.
b) redução do consumo consciente entre as nações LANDES, D. S. Prometeu desacorrentado: transformação tecnológica e
envolvidas. desenvolvimento industrial na Europa ocidental, desde 1750 até a
c) negligenciamento da logística reversa por esse setor nossa época. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994.
industrial.
d) desmantelamento das propostas de tratamento dos A relação entre a localização das indústrias químicas e
resíduos sólidos. das matérias-primas nos primórdios da Revolução
e) desestruturação dos serviços de assistência técnica Industrial provocou a
em países emergentes.
a) busca pela isenção de impostos.
7. b) intensa qualificação da mão de obra.
Com a retração do binômio taylorismo/fordismo, c) diminuição da distância dos mercados
vem ocorrendo uma redução do proletariado industrial, consumidores.
fabril, tradicional, manual, estável e especializado, d) concentração da produção em determinadas regiões
herdeiro da era da indústria verticalizada do tipo do país.
taylorista e fordista. Esse proletariado vem diminuindo e) necessidade do desenvolvimento de sistemas de
com a reestruturação produtiva do capital, dando lugar a comunicação.
formas mais desregulamentadas de trabalho, reduzindo
fortemente o conjunto de trabalhadores estáveis por
TC 04 – RECURSOS MINERAIS DO BRASIL,
meio de empregos formais.
SOLOS E CHINA
ANTUNES, R. O caracol e sua concha: ensaio sobre a
nova morfologia do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2005. 1.
No dia 28 de fevereiro de 1985, era inaugurada a
Estrada de Ferro Carajás, pertencente e diretamente
Uma nova característica dos trabalhadores requerida operada pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), na
pelas mudanças apresentadas no texto é o(a) região norte do país, ligando o interior ao principal
a) formação em nível superior. porto da região, em São Luís. Por seus,
b) registro em organização sindical. aproximadamente, 900 quilômetros de linha, passa,
c) experiência profissional comprovada. hoje, 5.353 vagões e 100 locomotivas.
d) flexibilidade no exercício da ocupação. Disponível em: http://www.transportes.gov.br.
e) obediência às normas de segurança laboral. Acesso em: 27 jul. 2010. Adaptado.

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CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
A ferrovia em questão é de extrema importância para a 4.
logística do setor primário da economia brasileira, em
especial para porções dos estados do Pará e Maranhão.
Um argumento que destaca a importância estratégica
dessa porção do território é a
a) produção de energia para as principais áreas
industriais do país.
b) produção sustentável de recursos minerais não
metálicos.
c) capacidade de produção de minerais metálicos.
d) logística de importação de matérias-primas
industriais.
e) produção de recursos minerais energéticos.

2.
Os movimentos de massa constituem-se no
deslocamento de material (solo e rocha) vertente abaixo
pela influência da gravidade. As condições que O esquema representa um processo de erosão em
favorecem os movimentos de massa dependem encosta. Que prática realizada por um agricultor pode
principalmente da estrutura geológica, da declividade da resultar em aceleração desse processo?
vertente, do regime de chuvas, da perda de vegetação e a) Plantio direto.
da atividade antrópica. b) Associação de culturas.
BIGARELLA, J. J. Estrutura e origem das paisagens tropicais e c) Implantação de curvas de nível.
subtropicais. Florianópolis: UFSC, 2003. Adaptado. d) Aração do solo, do topo ao vale.
Em relação ao processo descrito, sua ocorrência é e) Terraceamento na propriedade.
minimizada em locais onde há
a) exposição do solo. 5.
b) drenagem eficiente. O desgaste acelerado sempre existirá se o agricultor
c) rocha matriz resistente. não tiver o devido cuidado de combater as causas,
d) agricultura mecanizada. relacionadas a vários processos, tais como:
e) média pluviométrica elevada. empobrecimento químico e lixiviação provocados pelo
esgotamento causado pelas colheitas e pela lavagem
3. vertical de nutrientes da água que se infiltra no solo,
GRÁFICO DAS VARIAÇÕES NA FORMAÇÃO bem como pela retirada de elementos nutritivos com as
DO SOLO colheitas. Os nutrientes retirados, quando não repostos,
são comumente substituídos por elementos tóxicos,
como, por exemplo, o alumínio.

LEPSCH, I. Formação e conservação dos solos.


São Paulo: Oficina de Textos, 2002. Adaptado.

A dinâmica ambiental exemplificada no texto gera a


seguinte consequência para o solo agricultável:
a) Elevação da acidez.
b) Ampliação de salinidade.
c) Formação de voçorocas.
d) Remoção da camada superior.
e) Intensificação do escoamento superficial.

6.
A presunção de que a superfície das chapadas e
TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. São Paulo: chapadões representa uma velha peneplanície é
Nacional, 2009. Adaptado.
corroborada pelo fato de que ela é coberta por
O gráfico relaciona diversas variáveis ao processo de acumulações superficiais, tais como massas de areia,
formação do solo. A interpretação dos dados mostra que camadas de cascalhos e seixos e pela ocorrência
a água é um dos importantes fatores de pedogênese, generalizada de concreções ferruginosas que formam
pois nas áreas uma crosta laterítica, denominada “canga”.
a) de clima temperado ocorrem alta pluviosidade e
grande profundidade de solos. WEIBEL, L. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br.
b) tropicais ocorre menor pluviosidade, o que se Acesso em: 8 jul. 2015. Adaptado.
relaciona com a menor profundidade das rochas
inalteradas. Qual tipo climático favorece o processo de alteração do
c) de latitudes em torno de 30° ocorrem as maiores solo descrito no texto?
profundidades de solo, visto que há maior umidade. a) Árido, com deficit hídrico.
d) tropicais a profundidade do solo é menor, o que b) Subtropical, com baixas temperaturas.
evidencia menor intemperismo químico da água
c) Temperado, com invernos frios e secos.
sobre as rochas.
e) de menor latitude ocorrem as maiores precipitações, d) Tropical, com sazonalidade das chuvas.
assim como a maior profundidade dos solos. e) Equatorial, com pluviosidade abundante.

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CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
7. Uma ação estatal de longo prazo capaz de reduzir a
Escudos antigos ou maciços cristalinos são blocos assimetria na balança comercial brasileira, conforme
imensos de rochas antigas. Esses escudos são exposto no texto, é o(a)
constituídos por rochas cristalinas (magmático- a) expansão do setor extrativista.
plutônicas), formadas em eras pré-cambrianas, ou por b) incremento da atividade agrícola.
rochas metamórficas (material sedimentar) do c) diversificação da matriz energética.
Paleozoico. São resistentes, estáveis, porém bastante d) fortalecimento da pesquisa científica.
desgastadas. Correspondem a 36% da área territorial e e) monitoramento do fluxo alfandegário.
dividem-se em duas grandes porções: o escudo das
Guianas (norte da planície amazônica) e o escudo 10.
brasileiro (porção centro-oriental brasileira). Os chineses não atrelam nenhuma condição para
efetuar investimentos nos países africanos. Outro ponto
Disponível em: http://ambientes.ambientebrasil.com.br.
Acesso em: 25 jun. 2015.
interessante é a venda e compra de grandes somas de áreas,
posteriormente cercadas. Por se tratar de países instáveis e
As estruturas geológicas indicadas no texto são com governos ainda não consolidados, teme-se que
importantes economicamente para o Brasil por algumas nações da África tornem-se literalmente
concentrarem protetorados.
a) fontes de águas termais. BRANCOLI, F. China e os novos investimentos na África:
b) afloramento de sal-gema. neocolonialismo ou mudanças na arquitetura global. Disponível em:
c) jazidas de minerais metálicos. http://opiniaoenoticia.com.br. Acesso em: 29 abr. 2010. Adaptado.
d) depósitos de calcário agrícola.
e) reservas de combustível fóssil. A presença econômica da China em vastas áreas do
globo é uma realidade do século XXI. A partir do texto,
8. como é possível caracterizar a relação econômica da
As cidades de Puebla, no México, e Legazpi, nas China com o continente africano?
Filipinas, não têm quase nada em comum. Estão muito a) Pela presença de órgãos econômicos internacionais
longe uma da outra e são habitadas por povos muito como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o
diferentes. O que as une é um trágico detalhe de sua Banco Mundial, que restringem os investimentos
geografia. Elas foram erguidas na vizinhança de alguns chineses, uma vez que estes não se preocupam com
dos vulcões mais perigosos do mundo: o mexicano a preservação do meio ambiente.
Popocatepéti e o filipino Mayon. Seus habitantes b) Pela presença de órgãos econômicos internacionais
precisam estar prontos para correr a qualquer hora. Eles como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o
fazem parte dos 550 milhões de indivíduos que moram Banco Mundial, que restringem os investimentos
em zonas de risco vulcânico no mundo. Ao contrário do chineses, uma vez que estes não se preocupam com
que seria sensato, continuam ali, indiferentes ao perigo a preservação do meio ambiente.
que os espreita. c) Pela aliança com os capitais e investimentos diretos
realizados pelos países ocidentais, promovendo o
ANGELO, C. Disponível em: http://super.abril.com.br.
Acesso em: 24 out. 2015. Adaptado. crescimento econômico de algumas regiões desse
continente.
A característica física que justifica a fixação do homem d) Pela presença cada vez maior de investimentos
nos locais apresentados no texto é a ocorrência de diretos, o que pode representar uma ameaça à
a) solo fértil. soberania dos países africanos ou manipulação das
b) encosta íngreme. ações destes governos em favor dos grandes
c) vegetação diversificada. projetos.
d) drenagem eficiente. e) Pela presença de um número cada vez maior de
e) clima ameno. diplomatas, o que pode levar à formação de um
Mercado Comum Sino-Africano, ameaçando os
9. interesses ocidentais.
Embora inegáveis os benefícios que ambas as
economias têm auferido do intercâmbio comercial, 11.
o Brasil tem reiterado seu objetivo de desenvolver com O principal articulador do atual modelo econômico
a China uma relação comercial menos assimétrica. Os chinês argumenta que o mercado é só um instrumento
números revelam com clareza a assimetria. As econômico, que se emprega de forma indistinta tanto no
exportações brasileiras de produtos básicos, capitalismo como no socialismo. Porém os próprios
especialmente soja, minério de ferro e petróleo, chineses já estão sentindo, na sua sociedade, o seu real
compõem, dependendo do ano, algo entre 75% e 80% significado: o mercado não é algo neutro, ou um
instrumental técnico que possibilita à sociedade utilizá-lo
da pauta, ao passo que as importações brasileiras
para a construção e edificação do socialismo. Ele é, ao
consistem, aproximadamente, em 95% de produtos contrário do que diz o articulador, um instrumento do
industrializados chineses, que vão desde os mais capitalismo e é inerente à sua estrutura como modo de
variados bens de consumo até máquinas e equipamentos produção. A sua utilização está levando a uma polarização
de alto valor. da sociedade chinesa.
LEÃO, V. C. Prefácio. In: CINTRA, M. A. M.; SILVA FILHO, E. B.; OLIVEIRA, A. A Revolução Chinesa. Caros
PINTO, E. C. (Org). China em transformação: dimensões econômicas Amigos, 31 jan. 2011. Adaptado.
e geopolíticas do desenvolvimento. Rio de Janeiro: Ipea, 2015.

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CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
No texto, as reformas econômicas ocorridas na China 3.
são colocadas como antagônicas à construção de um A favela é vista como um lugar sem ordem, capaz
país socialista. Nesse contexto, a característica de ameaçar os que nela não se incluem. Atribuir-lhe a
fundamental do socialismo, à qual o modelo econômico ideia de perigo é o mesmo que reafirmar os valores e
estruturas da sociedade que busca viver diferentemente
chinês atual se contrapõe é a
do que se considera viver na favela. Alguns oficiantes
a) desestatização da economia. do direito, ao defenderem ou acusarem réus moradores
b) instauração de um partido único. de favelas, usam em seus discursos representações
c) manutenção da livre concorrência. previamente formuladas pela sociedade e incorporadas
d) formação de sindicatos trabalhistas. nesse campo profissional. Suas falas se fundamentam
e) extinção gradual das classes sociais. nas representações inventadas a respeito da favela e que
acabam por marcar a identidade dos indivíduos que nela
residem.
TC 05 – CONCEITOS URBANOS E RINALDI, A. Marginais, delinquentes e vítimas: um estudo sobre a
GEOPOLÍTICA DA ÁGUA representação da categoria favelado no tribunal do júri da cidade do
Rio de Janeiro. In: ZALUAR, A.; ALVITO, M. (Orgs.). Um século de
favela. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1998.
1.
O Rio de Janeiro tem projeção imediata no próprio O estigma apontado no texto tem como consequência
estado e no Espírito Santo, em parcela do sul do estado o(a)
da Bahia, e na Zona da Mata, em Minas Gerais, onde a) aumento da impunidade criminal.
tem influência dividida com Belo Horizonte. Compõem b) enfraquecimento dos direitos civis.
a rede urbana do Rio de Janeiro, entre outras cidades: c) distorção na representação política.
Vitória, Juiz de Fora, Cachoeiro de Itapemirim, Campos d) crescimento dos índices de criminalidade.
dos Goytacazes, Volta Redonda – Barra Mansa, e) ineficiência das medidas socioeducativas.
Teixeira de Freitas, Angra dos Reis e Teresópolis.
4.
Disponível em: http://ibge.gov.br. Acesso em: 9 jul. 2015. Adaptado. A expansão das cidades e a formação das
aglomerações urbanas no Brasil foram marcadas pela
O conceito que expressa a relação entre o espaço produção industrial e pela consolidação das metrópoles
apresentado e a cidade do Rio de Janeiro é: como locais de seu desenvolvimento. Na segunda
a) Frente pioneira. metade do século XX, as metrópoles brasileiras
b) Zona de transição. estenderam-se por áreas de ocupação contínua,
c) Região polarizada. configurando densas regiões urbanizadas.
d) Área de conurbação. MOURA, R. Arranjos urbano-regionais no Brasil especificidades e
e) Periferia metropolitana. reprodução de padrões. Disponível em: www.uurb.edu.
Acesso em: 11 fev. 2015.

2. O resultado do processo geográfico descrito foi o(a)


A configuração do espaço urbano da região do a) valorização da escala local.
Entorno do Distrito Federal assemelha-se às demais b) crescimento das áreas periféricas.
aglomerações urbanas e regiões metropolitanas do país, c) densificação do transporte ferroviário.
onde é facilmente identificável a constituição de um d) predomínio do planejamento estadual.
e) inibição de consórcios intermunicipais.
centro dinâmico e desenvolvido, onde se concentram as
oportunidades de trabalho e os principais serviços, e a 5.
constituição de uma região periférica concentradora de Esse processo concentra a população de renda mais
população de baixa renda, com acesso restrito às elevada e maior poder político em áreas mais centrais e
principais atividades com capacidade de acumulação e privilegiadas em termos de empregos, infraestrutura
produtividade, e aos serviços sociais e infraestrutura básica e serviços sociais. Ao mesmo tempo, redistribui a
básica. população menos favorecida quanto a esses aspectos,
constituindo uma ocupação periférica que se estende até
CAIADO, M. C. A migração intrametropolitana e o processo de os municípios limítrofes. Neles, as condições de acesso
estruturação do espaço urbano da Região Integrada de às áreas mais centrais são agravadas pelas grandes
Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno. In: HOGAN, D. J. et. distâncias e pelas dificuldades relacionadas à eficiência
al. (Org). Migração e ambiente nas aglomerações urbanas. do sistema de transporte.
Campinas: Nepo/Unicamp, 2002.
CAIADO, M. C. S. Deslocamentos intraurbanos e
estrutura socioespacial na metrópole brasiliense. São Paulo
A organização interna do aglomerado urbano descrito é em Perspectiva, n. 4, out-dez. 2005.
resultado da ocorrência do processo de
a) expansão vertical. O texto caracteriza um estágio do processo de
b) polarização nacional. urbanização marcado pela
a) segregação socioespacial.
c) emancipação municipal.
b) emancipação territorial.
d) segregação socioespacial. c) conurbação planejada.
e) desregulamentação comercial. d) metropolização tardia.
e) expansão vertical.
71 035.028 – 154899/21
CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
6. 8.
Texto I

Comparando os dados das hidrelétricas, uma


característica territorial positiva de Belo Monte é o(a)
a) reduzido espaço relativo inundado.
b) acentuado desnível do relevo local.
Rio Tietê, São Paulo (SP). Foto: Delfim Martins/Pulsar.
c) elevado índice de urbanização regional.
d) presença dos grandes parques industriais.
Texto II
e) proximidade de fronteiras internacional estratégicas.
O rio Tietê está morto. Ao menos uma parte dele:
137 quilômetros, para ser mais preciso. Uma pesquisa 9.
da Fundação SOS Mata Atlântica mostra que, em 2016,
o trecho do rio com qualidade de água classificada
como ruim ou péssima começa em Itaquaquecetuba,
passa por toda a região metropolitana de São Paulo e
chega até Cabreúva, já no interior de São Paulo. Nesse
trecho, a água não tem oxigênio suficiente para abrigar
vida.

Disponível em: http://epoca.globo.com. Acesso em: 7 dez. 2017.


Adaptado.

Considerando a análise dos textos, a condição atual


desse rio tem como origem a
a) valorização do sítio urbano.
b) extinção da vegetação nativa.
c) recepção de densa carga de dejetos.
d) captação desordenada do regime pluvial.
e) expansão do uso de defensivos químicos.
Conforme a análise do documento cartográfico, a área
7. de concentração das usinas de dessalinização é
explicada pelo(a)
a) pioneirismo tecnológico.
b) condição hidropedológica.
c) escassez de água potável.
d) efeito das mudanças climáticas.
e) busca da sustentabilidade ambiental.

TC 06 – GEOGRAFIA FÍSICA DO ENEM

1.
Os fundamentos da meteorologia tropical, como
mostrou Richard Grove, foram estabelecidos durante o
grande El Niño de 1790-91, que, além de levar a seca e
a fome a Madras e Bengala, desmantelou a agricultura
Disponível em: www.biologiasur.org. em várias colônias caribenhas da Inglaterra. Pela
Acesso em: 4 jul. 2015. Adaptado. primeira vez, medições meteorológicas simultâneas,
milhares de milhas distantes entre si, sugeriram que
A dinâmica hidrológica expressa no gráfico demonstra aquelas condições de tempo extremo talvez estivessem
que o processo de urbanização promove a associadas em todos os trópicos – uma ideia que só seria
a) redução do volume dos rios. completamente desenvolvida durante a seca global de
b) expansão do lençol freático. 1876-78.
c) diminuição do índice de chuvas. DAVIS, M. Holocaustos coloniais: clima, fome e imperialismo na
d) retração do nível dos reservatórios. formação do Terceiro Mundo. Rio de Janeiro;
e) ampliação do escoamento superficial. São Paulo: Record, 2002.

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CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
O fenômeno climático citado ocorre periodicamente e 4.
tem como causa o aumento da
a) atuação da massa equatorial continental. OS MORADORES DE UTQIAGVIK PASSARAM
b) velocidade dos ventos no hemisfério sul DOIS MESES QUASE TOTALMENTE
c) atividade vulcânica no Círculo do Fogo. NA ESCURIDÃO
d) temperatura das águas do Pacífico.
e) liquefação das geleiras no Ártico. Os habitantes desta pequena cidade no Alasca – o
estado dos Estados Unidos mais ao norte – já estão
2. acostumados a longas noites sem ver a luz do dia. Em
18 de novembro de 2018, seus pouco mais de 4 mil
habitantes viram o último pôr do sol do ano.
A oportunidade seguinte para ver a luz do dia ocorreu
no dia 23 de janeiro de 2019, às 13h04 min (horário
local).

Disponível em: www.bbc.com. Acesso em: 16 maio 2019. Adaptado.

O fenômeno descrito está relacionado ao fato de a


cidade citada ter uma posição geográfica condicionada
pela
a) continentalidade.
b) maritimidade.
c) longitude.
d) latitude.
e) altitude.

5.

Anamorfose é a transformação cartográfica


espacial em que a forma dos objetos é distorcida, de
forma a realçar o tema. A área das unidades espaciais às
EMBRAPA; SPI, Terra viva: atlas do meio ambiente do Brasil.
Brasília; Embrapa, 1996. Adaptado. quais o tema se refere é alterada de forma proporcional
ao respectivo valor.
Com base no mapa, a área com maior suscetibilidade
GASPAR, A. J. Dicionário de ciências cartográficas.
natural à ocorrência de erosão no Brasil é o(a) Lisboa: Lidel, 2004.
a) interior da região Norte.
b) depressão do pantanal. A técnica descrita foi aplicada na seguinte forma de
c) extremo oeste amazônico. representação do espaço:
d) faixa litorânea do sudeste. a)
e) região da mata dos cocais.

3.

b)

SALGADO-LABOURIAL, M. L. História ecológica da Terra.


São Paulo: Edgard Blucher, 1994. Adaptado.

No hemisfério sul, a sequência latitudinal dos desertos


representada na imagem sofre uma interrupção no Brasil
devido à seguinte razão:
a) existência de superfícies de intensa refletividade.
b) preponderância de altas pressões atmosféricas.
c) influência de umidade das áreas florestais.
d) predomínio de correntes marinhas frias.
e) ausência de massas de ar continentais.

73 035.028 – 154899/21
CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
c) Texto II

DINÂMICAS ATMOSFÉRICAS NO BRASIL

Elementos relevantes ao transporte de umidade na


América do Sul a leste dos Andes pelos Jatos de Baixos
Níveis (JBN), Frentes Frias (FF) e transporte de
umidade do Atlântico Sul, assim como a presença da
Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), para
um verão normal e para o verão seco de 2014, “A”
representa o centro da anomalia de alta pressão
atmosférica.

d)

e)
MARENGO, J. A. et al. A seca e a crise hídrica de 2014-2015
em São Paulo. Revista USP, n. 106, 2015. Adaptada.

De acordo com as informações apresentadas, a seca de


2014, no Sudeste, teve como causa natural o(a)
a) constituição de frentes quentes barrando as chuvas
convectivas.
b) Formação de anticiclone impedindo a entrada de
umidade.
c) Presença de nebulosidade na região de cordilheira.
d) Avanço de massas polares para o continente.
6. e) Baixa pressão atmosférica no litoral.

8.

Disponível em: http://globalwarmingart.com.


Acesso em: 12 jul. 2015. Adaptado.

Qual característica do meio físico é condição necessária


para a distribuição espacial do fenômeno representado?
a) Cobertura vegetal com porte arbóreo.
b) Barreiras orográficas com altitudes elevadas.
c) Pressão atmosférica com diferença acentuada.
d) Superfície continental com refletividade intensa.
e) Correntes marinhas com direções convergentes.

7.
Texto I

Há mais de duas décadas, os cientistas e


ambientalistas têm alertado para o fato de a água doce SALGADO-LABOURIAU, M. L. História ecológica da Terra.
ser um recurso escasso em nosso planeta. Desde o São Paulo: Edgard Blucjer, 1994. Adaptado.
começo de 2014, o sudeste do Brasil adquiriu uma clara
percepção dessa realidade em função da seca.

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CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
Nas imagens anteriores constam informações sobre a
formação de brisas em áreas litorâneas. Esse processo é PROFESSOR ALEXANDRE LIMA
resultado de
a) uniformidade do gradiente de pressão atmosférica.
b) aquecimento diferencial da superfície. TC – 01
c) quedas acentuadas de médias térmicas.
d) mudanças na umidade relativa do ar. EUROCETICISMO E MOVIMENTOS
e) variações altimétricas acentuadas. ANTIGLOBALIZANTES
9.
Ao destruir uma paisagem de árvores de troncos Euroceticismo é um movimento político que existe
retorcidos, folhas e arbustos ásperos sobre os solos dentro de cada país-membro da União Europeia no
ácidos, não raro laterizados ou tomados pelas formas sentido do parlamento europeu. A União Europeia tem
bizarras dos cupinzeiros, essa modernização lineariza e 27 estados-membros (eram 28) e dentro de cada um
aparentemente não permite que se questione a pretensão desses Estados há aquelas pessoas favoráveis à
modernista de que a forma deve seguir a função. permanência no bloco e há aquelas pessoas críticas a
essa permanência.
HAESBAERT, R. “Gaúchos” e baianos no “novo” Nordeste: entre a Então é algo complexo, pois o termo do nosso
globalização econômica e reinvenção das identidades territoriais. In:
CASTRO, I. E.; GOMES, P. C. C.; CORRÊA, R. L. (Org.) Brasil: estudo explica uma séria de posturas que vão desde
questões atuais de reorganização do território. Rio de Janeiro: defender a saída do bloco até àqueles que querem rever
Bertrand Brasil, 2008. os poderes da União Europeia sobre cada país-membro.
O processo descrito ocorre em uma área biogeográfica EXERCÍCIO
com predomínio de vegetação
a) tropófila e clima tropical. 1. (UFJF-Pism) Leia o texto a seguir e responda ao que se
b) xerófila e clima semiárido. pede.
c) hidrófila e clima equatorial.
INCERTEZA DO BREXIT AMEAÇA
d) aciculifoliada e clima subtropical.
PROVOCAR FUGA DE EMPRESAS
e) semidecídua e clima tropical úmido.
DO REINO UNIDO
10. 19 de fevereiro de 2019.

O anúncio de que a Honda fechará sua fábrica em


Swindon, no sul da Inglaterra, onde trabalham cerca de
3.500 pessoas, agravou o temor que a incerteza
provocada pela saída do Reino Unido da União
Europeia desencadeie uma fuga de empresas no país.
Além da Honda e outras gigantes do setor automotivo,
a Sony anunciou a transferência de sua sede europeia
para Amsterdã na Holanda, e a Airbus alertou que pode
deixar o Reino Unido em caso de um Brexit não
negociado com a União Europeia. Muitas empresas com
base no Reino Unido têm redes de fabricação
internacional, nas quais alguns componentes cruzam o
Canal da Mancha em ambas as direções antes de serem
montados no produto final, motivo pelo qual mudanças
nos trâmites alfandegários resultantes da saída do país
da União Europeia podem afetar suas operações.
Disponível em: http://exame.abril.com.br. Acesso em: 19 ago. 2019.
Adaptado.

Com relação à questão da fuga de multinacionais do


Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br.
Acesso em: 12 ago. 2012.
Reino Unido face o Brexit, a alternativa correta é:
a) Com a saída do Reino Unido da União Europeia,
A projeção cartográfica do mapa configura-se como o país deixa de fazer parte de um espaço regional
hegemônica desde a sua elaboração, no século XVI. A transnacional sem barreiras aos fluxos de
sua principal contribuição inovadora foi a mercadorias, o que pode impactar tanto as
a) redução comparativa das terras setentrionais. importações quanto as exportações das empresas
b) manutenção da proporção real das áreas multinacionais.
representadas. b) Especialistas consideram a fuga das multinacionais
c) consolidação das técnicas utilizadas nas cartas no Reino Unido é um fenômeno temporário face ao
medievais. temor do Brexit, pois a estabilidade econômica, a
d) valorização dos continentes recém-descobertos moeda forte e a oferta de força de trabalho
pelas Grandes Navegações. qualificada no país são fatores suficientes para
e) adoção de um plano em que os paralelos fazem
manter essas empresas em seu território.
ângulos constantes com os meridianos.

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CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
c) A saída do Reino Unido da União Europeia Sobre o assunto apresentado no texto, é correto afirmar
reduziria, mediante políticas restritivas, o fluxo de que
trabalhadores imigrantes que são empregados como a) a globalização atual possui uma grande circulação
mão de obra barata pelas multinacionais, forçando o de ideias e de produtos por causa do avanço dos
retorno de unidades de produção para os seus países meios de comunicação e da rede de transporte
de origem.
mundial.
d) O principal motivo pelo qual as multinacionais
b) os blocos econômicos não representam o mundo
sediadas no Reino Unido temem o Brexit é que a
proposta apresentada pelo governo britânico foi globalizado, pois suas atuações se limitam às regiões
construída sem a participação da representação continentais do planeta.
dessas empresas, o que desencadeou a ativação de c) a nova geografia política apresentada no texto
planos de transferência para outros países. encontra-se cada vez mais subordinada a um estudo
e) As pequenas e médias empresas de base nacional no regional em um mundo dividido entre capitalistas e
Reino Unido se preocupam com a perda de socialistas.
mercados com a fuga das multinacionais em razão d) a União Europeia é um bloco econômico recente em
do temor com o Brexit, uma vez que as atividades um novo contexto de globalização, no qual o
exercidas por essas firmas são de apoio ou capitalismo encontra-se majoritário, não existindo
complementares àquelas realizadas pelas empresas países socialistas por causa do fim da Velha Ordem
estrangeiras. Mundial.
e) a geografia política atual não estuda as relações
2. (Enem-PPL) econômicas entre as nações, pois o mundo
apresenta-se dividido em dois grupos ideológicos
“As recentes crises entre o Brasil e a Argentina que disputam a hegemonia do planeta.
mostram o esgotamento do modelo mercantilista no
Mercosul”, afirma o diretor-geral do Instituto Brasileiro 4. (PUC-SP)
de Relações Internacionais (Ibri). A imposição argentina
de cotas para produtos brasileiros, como os de linha Quatro grandes desafios da “regionalização”
branca, e a ameaça de adoção de salvaguardas comerciais [MERCOSUL, p. ex.]: 1. Limitar a erosão a que está
indicam que o Mercosul foi construído sobre bases sendo submetido o Estado, mediante a recuperação da
equivocadas. Segundo o diretor, a noção de que é capacidade de regulação; 2. Recuperar o papel da
possível exportar “sem limites” para um determinado acumulação capitalista nacional (privada e estatal), em
parceiro comercial representa uma mentalidade “fenícia”, relação à acumulação mundializada (corporações
ou seja, uma visão comercial de curto prazo. transnacionais) [...] para o desenvolvimento nacional;
3. Fortalecer o papel do setor privado nacional, com o
JULIBONI, M. Disponível em: http://exame.abril.com.br. propósito de que este se converta no ator modernizador,
Acesso em: 7 dez. 2012. Adaptado.
dinâmico e transformador [...]; 4. Reverter as condições
estruturais de subdesenvolvimento e enfrentar as
Nas últimas décadas, foram adotadas várias medidas tendências objetivas negativas da globalização.
que objetivavam pôr fim às desconfianças mútuas
existentes entre o Brasil e a Argentina. Os conflitos no BERNAL-MEZA, Raúl. America del Sur en el sistema mundial
interior do bloco têm se intensificado, como na relação hacia el siglo XXI [América do Sul no sistema mundial, no século XXI].
In: LIMA, Marcos Costa (org.). O lugar da América do Sul na Nova
analisada, caracterizada pela Ordem Mundial. São Paulo: Cortez Editora, 2001, p. 35.
a) saturação dos produtos industriais brasileiros, que o
mercado argentino tem demonstrado. Tendo como referência o texto e a relação do processo
b) adoção de barreiras por parte da Argentina, que de integração regional com o processo de globalização
intenciona proteger o seu setor industrial. pode ser dito que
c) tendência de equilíbrio no comércio entre os dois a) não existe incompatibilidade entre os dois processos,
países, que indica estabilidade no curto prazo. e que, embora haja por vezes alguma contradição, os
d) política de importação da Argentina, que demonstra dois processos são, na essência, complementares.
interesse em buscar outros parceiros comerciais. b) o caminho para a superação do subdesenvolvimento
e) estratégia da indústria brasileira, que buscou é o da associação de capitais nacionais, com capitais
acompanhar as demandas do mercado consumidor de escala global, no âmbito dos mercados regionais
argentino. integrados.
c) a globalização enfraquece os Estados nacionais e
3. (IFCE) submete os capitais nacionais a regimes
competitivos difíceis, o que pode ser combatido com
mercados regionais regulamentados.
A nova geografia política do mundo, segundo d) a regulamentação imposta pela globalização tem
alguns, teria como base fundamental o chamado sido positiva para os Estados nacionais, pois estes
“sistema global”, ou sistema-mundo, uma espécie de estavam se enfraquecendo como gestores
“ator” muito mais importante que os Estados nacionais econômicos e como referências políticas.
ou mesmo que as associações internacionais tais como a e) a regionalização é uma ação antiglobalização, que
União Europeia. termina sendo uma ação antiacumulação do capital,
a favor da presença dominante do Estado no
VESENTINI, J. W. Novas Geopolíticas, p. 38, 2015. processo produtivo.

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CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
5. (UFG) Nos últimos anos, países como França, 7. (CFTRJ)
Inglaterra, Espanha e Itália viram se agravar os seus A Grécia enfrenta uma “queda de braço” com os
conflitos internos, em alguns casos com manifestações credores de sua dívida. [...] Atualmente, a dívida grega
violentas e confrontos entre manifestantes, a maioria supera, em muito, o limite de do PIB estabelecido pelo
pacto assinado pelo país para fazer parte do euro.
envolvendo jovens e forças policiais. Esses
A Grécia deve um total de = C 271bilhões, segundo a
acontecimentos ocorreram por causa
BCE (Banco Central Europeu). A origem da atual crise
a) da intensificação dos movimentos antiglobalização se deu há dez anos, quando foi revelado por autoridades
que se prolongam desde o final da década de 1990 e da Europa que o país havia maquiado suas contas ao
tiveram como fato marcante a grande manifestação longo de vários anos para conseguir entrar na zona do
euro.
durante o encontro da OMC em Seatle, nos Estados
Unidos. Disponível em: http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/06/o-que-
acontece-se-grecia-der-calote-no-fmi-entenda-crise-no-pais.html.
b) dos movimentos pontuais que acontecem na Europa Acesso em: 08 set. 2015. Adaptado.
em protestos contra a União Europeia e a imposição
Uma característica da União Europeia expressa no texto
aos países do euro como moeda única, fator que é a:
teria ampliado o desemprego. a) Criação da união monetária.
c) da luta da juventude pela paz mundial, b) Circulação livre de mão de obra.
c) Adoção da Tarifa Externa Comum.
principalmente contra a participação de seus países
d) Idealização do Parlamento Europeu.
em missões militares no Afeganistão e Iraque, ao
lado dos Estados Unidos. 8. (Unesp)
d) do crescimento da migração de populações de outros O comércio internacional tem sido marcado por
países, envolvidos em guerras ou catástrofes uma proliferação sem precedentes de acordos
ambientais, aliado à falta de emprego para a preferenciais de comércio regionais, sub-regionais,
juventude, em virtude da extensão da crise inter-regionais e, em especial, bilaterais (denominados
econômica. Acordos Preferenciais de Comércio – APC).
e) da determinação da juventude que luta por reforma Atualmente, são poucos os países que ainda não fazem
parte desses acordos. Com o impasse nas negociações
educacional e por maior participação do Estado no
da Rodada Doha da OMC, a alternativa das principais
ensino superior com a finalidade de ampliar a economias do mundo, como Estados Unidos, União
gratuidade desse ensino. Europeia e China, foi buscar a celebração de APC como
forma de consolidar e ter acesso a novos mercados.
6. (Enem) O receio de boa parte dos países desenvolvidos, de
economias em transição e em desenvolvimento de
perderem espaço em suas exportações levou-os a aderir
maciçamente aos APC.
JUNIOR, Umberto Celli; BELISA, E. Eleoterio. “O Brasil, o
Mercosul e os acordos preferenciais de comércio”. In: Enrique
Iglesias et al. (orgs.). Os desafios da América Latina no
século XXI, 2015.
É correto afirmar que a Rodada Doha, iniciada pela
Organização Mundial do Comércio em 2001, constitui
a) um encontro multipolar que procura orientar o modo
de produção e as questões relativas à organização,
distribuição e consumo nos países centrais e
periféricos.
Disponível em: http://portuguese.brazil.usermbassy.gov. b) uma reunião eletiva que busca regularizar os fluxos
Acesso em: 11 maio 2016. Adaptado.
comerciais entre blocos econômicos e o seu período
Dentro das atuais redes produtivas, o referido bloco de duração.
c) um conjunto normativo que procura regularizar a
apresenta composição estratégica por se tratar de um exportação de produtos desenvolvidos pelas
conjunto de países com economias periféricas sem o pagamento de royalties.
a) elevado padrão social. d) uma cartilha de diretrizes que busca padronizar os
b) sistema monetário integrado. custos de produção e os preços finais de produtos
c) alto desenvolvimento tecnológico. agrícolas básicos.
e) um fórum internacional que objetiva solucionar
d) identidades culturais semelhantes. impasses em questões tarifárias, sobre patentes e
e) vantagens locacionais complementares. ações protecionistas entre países desenvolvidos e em
desenvolvimento.

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CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
9. (Udesc) Diversos estudiosos têm atribuído o atual d) Os limitados recursos naturais e o aumento nos
estágio de consolidação do espaço mundial preços das commodities no mercado internacional
economicamente globalizado aos avanços científicos e explicam a atual crise no sistema financeiro.
tecnológicos. A integração efetiva entre ciência,
tecnologia e produção teve início em meados do século e) A insegurança sobre a situação da economia chinesa
XX e, em um curto intervalo de tempo, grande parte das potencializa as incertezas tanto dos investidores
descobertas científicas foi transformada em inovações quanto do mundo das finanças, já que significa risco
tecnológicas. e volatilidade.

Essa fase produtiva, à qual o texto se refere, é 11. (UFRGS) O BRICS (grupo de países formado por
denominada: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que realiza
a) Globalização. cúpulas anuais desde 2009, prevê
b) Segunda Revolução Industrial. a) a atuação na esfera da governança econômico-
c) Taylorismo. -financeira e também da governança política.
d) Primeira Revolução Industrial. b) a diminuição das tarifas alfandegárias para quase
e) Terceira Revolução Industrial. todos os itens de comércio entre os países
associados, mas não a livre circulação de pessoas e
10. (EBM-SP) investimentos.
c) a formação da Cúpula da América Latina, Ásia e
União Europeia e visa à integração regional, à
redemocratização e à reaproximação dos países.
d) a livre circulação de pessoas e investimentos.
e) a resolução da crise na Síria e das tensões
geopolíticas na Crimeia.

12. (Uerj) As agências de classificação de risco avaliam a


maior ou menor possibilidade de prejuízo que cada país
oferece aos investidores, principalmente em função do
grau de estabilidade política e econômica desses
mesmos países.
Na manhã de segunda-feira, 31 de agosto de 2015,
sem nenhuma causa específica evidente, as ações
chinesas entraram em parafuso. No fim do dia, a Bolsa
de Xangai despencou 8,5%. A queda repercutiu em todo
o mundo. Na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil, o
princípio de pânico desencadeou um movimento de
manada na venda apressada de ações. Há algumas
semanas, os sinais de uma freada mais acentuada do que
o previsto na economia vinham causando oscilações
intensas no mercado financeiro chinês.

SAKATE, Marcelo. A China assusta. Veja. São Paulo:


Abril, ed. 2441, ano 48, n. 35, 2 set. 2015, p. 62-67. Adaptado.

Considerando-se as informações do texto, o gráfico e os


Disponível em: mytimes.com. Adaptado.
conhecimentos sobre a economia chinesa e o mercado
mundial, pode-se afirmar:
Com base no mapa, é possível reconhecer que a China
a) A valorização da moeda chinesa e a falta de tem grande peso como investidor em dois grupos de
transparência na divulgação de informações sobre a países classificados como de alto risco. O primeiro
economia indicam que a China vive uma crise sem grupo é o dos aliados políticos, como o Irã e a Coreia do
precedência. Norte. Já o segundo grupo inclui as nações nas quais os
b) A importância da China pode ser explicada pela sua chineses possuem um forte interesse comercial.
economia já que é a maior investidora em pesquisa e Um fator econômico prioritário que justifica esse
desenvolvimento. interesse comercial é
c) O alto poder aquisitivo da população, tanto urbana a) incentivo à indústria local.
quanto rural, e o grande mercado interno explicam b) desenvolvimento de tecnologia.
c) acesso ao mercado consumidor.
por que a China é a locomotiva da economia
d) suprimento de matérias-primas.
mundial.
e) distribuir renda nos aliados chineses.

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CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
13. (UFU) c) coibir práticas abusivas na veiculação de
propagandas enganosas.
TARIFA SOBRE AÇO PODE CAUSAR d) fiscalizar as formas de uso de produtos que possam
“RECESSÃO PROFUNDA”, ALERTA invalidar garantias.
DIRETOR-GERAL DA OMC e) estabelecer áreas prioritárias para a distribuição de
bens de caráter humanitário.
Em meio à tensão gerada pelo anúncio do
presidente americano, Donald Trump, que pretende TC – 02
impor tarifas sobre as importações de aço e de alumínio
nos EUA, o diretor-geral da Organização Mundial do NAVEGAÇÃO: ESTREITOS E CANAIS
Comércio (OMC) disse que os estados-membros da ESTRATÉGICOS
entidade devem impedir “a queda dos primeiros
dominós” de uma guerra comercial. Segundo o O primeiro ponto que devemos destacar para esse
dirigente, a política de “olho por olho nos deixará todos estudo é que toda grande carga mundial ainda viaja de
cegos, e o mundo em depressão profunda”. navio sobretudo quando estamos falando de comércio
entre continentes. E esses navios passam por estreitos
Disponível em: https://oglobo.globo.com/economia/tarifa-
e/ou canais artificiais, e muitas vezes existem variáveis
sobre-aco-pode-causar-recessao-profunda-alertadiretor-geral-da-omc-
22457430. Acesso em: 20 mar. 2017. que podem atrapalhar a navegação como pirataria e
navios que ficam encalhados provocando
A referida recessão comercial entre os países-membros engarrafamentos e prejuízos, por isso, há uma corrida
da OMC com o anúncio do aumento das tarifas sobre o por busca de novas rotas comerciais como a do Ártico.
aço e sobre o alumínio pelo governo americano se Sendo assim, destacamos abaixo:
relaciona ao fato de que ela pode
a) ampliar o comércio de mercadoria em todo o mundo
Canal de Suez bloqueado
a partir da redução do preço dos produtos com a
instalação de uma guerra comercial. Entre o dia 23 e 29 de março o Canal de Suez, no
b) gerar uma diminuição no valor dos produtos Egito, ficou bloqueado. Motivo? O cargueiro Ever
comercializados entre os países-membros, Given encalhou após uma possível falha técnica somada
prejudicando o PIB desses países. aos ventos fortes na região. A passagem tem 193 km e
c) desencadear um aumento de barreiras comerciais em liga os mares Vermelho e Mediterrâneo e sem ela, seria
todo o mundo, dificultando o comércio global. preciso contornar o continente africano.
d) melhorar a relação comercial entre EUA e China, A rota é vital para as cadeias de suprimento no
cujo comércio não envolve aço e alumínio. mundo todo, e essa vitalidade foi materializada durante
os dias de bloqueio, onde houve aumento do preço do
14. (Unesp) petróleo, a falta de produtos em algumas regiões e claro,
afetou a economia do Egito.
A vigilância alienada é praticada pelas companhias
de tecnologias dos Estados Unidos (Microsoft, Google,
Ártico – a nova rota comercial
Facebook, Amazon, Apple, entre outras), sem que a
maioria de seus usuários saiba ou tenha conhecimento. O oceano ártico nunca chamou a atenção, até agora,
Para essas companhias, o fato de o usuário ou cliente pois a região passou a ser “disputada” pelas nações
assinar o termo de aceitação de uso de um software tem árticas (Canadá, Estados Unidos, Dinamarca, Rússia,
sido considerado suficiente, como permissão Islândia, Noruega e outras). Tamanho sentimento de
consentida, para que essas companhias possam utilizar correr pra delimitar territórios nessa região (missão
informações sem autorização explícita ou formal. difícil) é motivada pelos recursos naturais existentes no
Ártico, estima-se que nessa região tenha: petróleo, ouro,
PIRES, Hindenburgo “Indústrias globais de vigilância em massa”.
In: FLORIANO, J. G. Oliveira et al. (orgs.). Geografia urbana, 2014.
gás natural, carvão mineral, ferro, níquel, entre outros.
Adaptado. O derretimento das calotas do Ártico está tornando
mais próximo do real o interesse pela sua exploração e
As informações geradas pelos consumidores, quando navegação. A navegação encurta e muito, a distância
espacializadas, permitem estabelecer padrões que entre Pacífico e Atlântico, por exemplo. Pode se tornar
interessam, particularmente, às grandes empresas. forte concorrente do Canal de Suez, claro que no futuro.
A “vigilância alienada” abordada pelo excerto, bem E só o futuro vai dizer se o interesse em explorar essa
como o emprego do geomarketing, contribui para região se tornará uma realidade, fato esse que trará
a) alimentar bancos de dados que colaboram com a satisfação para quem vai lucrar com essas ambições e
reprodução do capital. insatisfação para o meio ambiente.
b) orientar políticas públicas para diminuir a
concentração desigual de renda.

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CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
EXERCÍCIO 4. (UFV) O Tratado do Canal do Panamá, assinado entre
os Estados Unidos e o Panamá em 1977, estabelece que,
1. (IFCE) Sobre o Canal de Suez, no Egito, é correto no dia 31 de dezembro de 1999, aquele Canal passaria,
afirmar que definitivamente, para o controle panamenho.
a) durante a Segunda Guerra Mundial surge o Considerando o aspecto geoeconômico, o Canal do
nacionalismo no Egito e com ele a revogação do Panamá é:
tratado anglo- a) um istmo natural, ligando o Oceano Pacífico, o Mar
-egípcio de 1936 sobre o canal. do Caribe e o Lago Titicaca.
b) localizado no istmo de Suez, foi criado com o intuito b) uma obra de engenharia que, diferentemente do
de ligar o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho, Canal de Suez, foi concluída sem muita dificuldade
projeto que remonta à época dos faraós do Egito. e em tempo recorde, devido à topografia favorável
c) para o mundo, um dos fatores de importância deste da região.
canal é a logística. Por ele, há a possibilidade de se c) um conjunto de três eclusas naturais que, conforme
chegar até a América do Sul, saindo da Europa, sem o movimento das marés, eleva as embarcações de
precisar contornar a África, pelo Cabo da Boa um nível a outro.
Esperança (o que era feito antes de sua construção). d) uma travessia secundária ligando o Oceano
d) a “Convenção de Constantinopla”, que garantia a Atlântico ao Pacífico, porque a maior parte dos
utilização do canal de forma restrita, autoriza o seu navios continua utilizando a rota do Cabo Horn para
uso apenas pelas nações europeias. Atualmente é passarem de um oceano a outro.
controlado e operado pela entidade estatal, e) uma ligação estratégica entre os oceanos Atlântico e
denominada Autoridade do Canal de Suez (SCA), o Pacífico, de vital importância econômica para os
criada pelo Egito e responsável pela gestão do EUA, à medida que, por ela, passam 70% de suas
tráfego computadorizado, apoiado por radar e mais exportações e importações.
14 estações de pilotos.
e) no quesito econômico, as taxas de portagens pagas 5. (UFRGS) Observe a ilustração a seguir.
pelos navios representam uma irrelevante fonte de
renda para o governo egípcio, devido a pouca
utilização deste canal.

2. (UFRGS) Em relação ao Oceano Índico, considere as


seguintes afirmações:
I. Ele banha territórios, alguns dos quais constituem
importantes reservatórios de riquezas em matérias-
-primas do mundo, com destaque para o petróleo;
II. Na área do oceano, situada ao norte do Trópico de
Câncer, localizam-se as principais cidades portuárias
do Índico, com destaque para os portos de Hong
Kong e Macau;
III. Ele possui as maiores profundidades conhecidas e
uma diversidade de ilhas e arquipélagos, como os da
Polinésia e Melanésia;
IV. O Canal de Suez liga o Mar Vermelho ao Mar
Mediterrâneo e, assim, o Oceano Atlântico ao
Índico.

Quais estão corretas? Assinale a alternativa correta sobre o local indicado no


a) Apenas I e II. mapa com uma estrela.
b) Apenas I e IV. a) Trata-se do Estreito Médio, e as questões
geopolíticas mundiais são pouco influenciadas pelo
c) Apenas II e III.
que ocorre no local, pois ele está localizado longe de
d) Apenas II e IV. nações consideradas superpotências.
e) Apenas III e IV. b) Trata-se do Estreito de Ormuz, e o preço mundial do
barril de petróleo é influenciado pelas tensões que
3. (UFRGS) Uma das áreas marítimas de tensão do ocorrem no local.
Oriente Médio liga o Golfo Pérsico ao Golfo de Omã. c) Trata-se do Estreito de Omã, e as tensões na região
Por situar-se junto ao litoral do Irã, passa por ali boa ocorrem principalmente pela influência militar
parte do petróleo que abastece o Ocidente. chinesa nos países do Golfo Pérsico.
Essa passagem é o d) Trata-se do Estreito de Dacar, considerado uma área
degradada e estratégica para conservação da
a) Estreito de Ormuz.
biodiversidade, de acordo com a convenção de
b) Estreito de Bab el Mandeb. Madrid.
c) Canal de Suez. e) Trata-se do Estreito de Gibraltar, reivindicado pelos
d) Estreito de Bósforo. países limítrofes, devido ao controle do Canadá e
e) Estreito de Gibraltar. Estados Unidos da América.

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CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
6. (UFRGS) Considere o texto e a figura abaixo. 7. (Famerp) Analise o quadro que compara três modais
para o transporte de uma carga com 6.000 toneladas.
A tendência à diminuição do gelo marinho ártico Indicador Modal 1 Modal 2 Modal 3
Consumo médio de
possui repercussões na geopolítica mundial. Uma delas combustível
é o surgimento de novas rotas de transporte marítimo, para transportar uma 4,1 litros 5,7 litros 15,4 litros
tonelada por mil
visando ao comércio internacional que, dessa forma, quilômetros
Emissão de gás
pode envolver diferentes países em conflitos na região. carbônico (gCO2/TKU)
20,0 23,3 101,2
Custo médio de
transporte,
R$ 50,74 R$ 67,54 R$ 239,74
carga geral por
1.000 km (R$/t)

TEIXEIRA, Cássio A. N. et al. BNDES Setorial, nº 47, março de 2018.


Adaptado.

Considerando os indicadores de eficiência apresentados,


o modal
a) 2 corresponde ao modelo rodoviário, viável por
operar com reduzida emissão de gases de efeito
estufa.
b) 1 corresponde à navegação de cabotagem, eficiente
para o transporte em grandes distâncias.
c) 1 corresponde ao deslocamento aéreo, competitivo
no transporte de mercadorias de alto valor agregado.
d) 3 corresponde ao sistema ferroviário, capaz de
OLIC, N. B. Geopolítica dos Oceanos, Mares e Rios. São Paulo:
absorver os impactos econômicos no transporte de
Ed. Moderna, 2011. rejeitos industriais.
e) 2 corresponde ao complexo dutoviário, vantajoso
Considere as seguintes afirmações sobre as atuais para o transporte de grãos em cinturões agrícolas.
questões geopolíticas no Ártico.
8. (FGV-RJ) Mesmo com o avanço das tecnologias que
I. Há, entre as tensões territoriais no Ártico, conflitos permitem troca de informações em tempo real, o
de interesse entre Canadá, Estados Unidos, Rússia e transporte continua sendo fundamental para que seja
China, os quais seriam maiores se existissem atingido o objetivo logístico: o produto certo, na
quantidade certa, na hora certa, no lugar certo e ao
recursos como petróleo e gás no mar territorial
menor custo possível. Sabendo quando e qual o melhor
Ártico; modal a ser utilizado para o transporte, uma empresa
II. Há, por parte de Dinamarca, Suécia, Japão e China, pode diminuir os custos de distribuição, os gastos com
produtos avariados e tornar a logística reversa mais
crescente interesse na região, pois, com a nova rota
eficiente.
marítima, a viagem entre China e Suécia será Sobre os diferentes modais de transporte, assinale a
reduzida em distância e tempo, rendendo economia afirmação correta.
a) O aeroviário permite criar rotas mais flexíveis,
de combustível;
sendo aconselhável para o transporte a curta
III. Há o aumento de choques culturais com as distância de produtos com alto valor agregado ou de
populações autóctones, além das crescentes produtos perecíveis.
b) O dutoviário apresenta agilidade e flexibilidade para
preocupações geopolíticas advindas do aumento de
longas distâncias, sendo a melhor opção quanto aos
fluxo marítimo e comercial. fatores tempo de entrega e segurança, apesar das
limitações quanto ao volume de carga.
c) O ferroviário utiliza rotas inflexíveis, sendo
Quais estão corretas?
adequado para longas distâncias e com destino fixo,
a) Apenas I. apresentando baixo custo e alta capacidade para o
b) Apenas II. transporte de commodities.
d) O rodoviário é capaz de transportar grandes
c) Apenas III.
quantidades de produtos de baixo valor agregado e
d) Apenas II e III. em todos os estados (líquido, sólido e gasoso), a
e) I, II e III. grandes distâncias e a baixo custo.
e) O aquaviário viabiliza o transporte de produtos com
alto valor agregado, porque apresenta elevado nível
de segurança, transportabilidade constante e baixo
custo operacional.

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CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
9. (FGV-RJ) O governo chinês, com a Iniciativa do O Canal do Panamá já tem mais de 100 anos de
Cinturão e da Rota (Belt and Road Initiative – BRI), funcionamento, foi inaugurado em 1914 e ampliado em
prevê uma mega conexão de portos, ferrovias, estradas e 2016 para receber navios ainda maiores com capacidade
aeroportos para alavancar os negócios da China com a para 14.000 containers. Para se ter uma ideia, em 2017,
Ásia, Europa, Oriente Médio e África. A iniciativa tem passaram 13.548 navios pelo canal, somando mais de
duas partes principais: o Cinturão (Belt), formado por 403,8 milhões de toneladas em carga.
uma série de corredores terrestres que ligam a China à
Europa, via Ásia Central e Oriente Médio, e a “Rota da Disponível em: http://www.viagensecaminhos.com/2018/06/canal-do-
Seda do Século XXI” (Road), o corredor marítimo que panamá.html. Acesso em: 24 set. 2018.
liga a costa sul da China ao leste da África e ao
Mediterrâneo. Sobre a Iniciativa do Cinturão e da Rota, Ele é uma das maiores obras de engenharia do mundo,
analise o mapa a seguir. um canal artificial de aproximadamente 80 km que
permite a passagem de grandes navios
a) ininterruptamente durante poucas horas.
b) encurtando o caminho entre o Atlântico e o Pacífico.
c) onerando o preço da viagem devido ao custo do
pedágio.
d) advindos do Oriente Médio em direção à China.

11. (Mackenzie)

Com base no mapa, analise as afirmações a seguir.


I. O BRI deve consolidar o protagonismo chinês nas
relações internacionais e alterar as dinâmicas
Poder Naval Online. Disponível em: www.naval.com.br.
geopolíticas, incrementando seu soft power nos
espaços euro-afro-asiáticos;
II. O Cinturão, por um lado, deve impulsionar o A marinha de guerra dos EUA tem a distribuição de
desenvolvimento das províncias do oeste chinês e, suas frotas em diferentes lugares do mundo. A esse
por outro, pode tornar dependente os países que respeito, é correto afirmar que
receberam investimentos em infraestrutura física e a) a 7ª frota atende aos interesses estratégicos nas
digital; relações de comércio com a China e a sua presença
III. A Rota deve estabelecer novas interconectividades não considera nenhuma outra potência nuclear na
entre a China e os países banhados pelo Índico, região do pacífico.
cujos recursos naturais são estratégicos para manter b) a 4ª frota demonstra a histórica preocupação do país
o crescimento econômico chinês.
em manter a sua hegemonia na América Latina.
Recentemente, aumentou a sua importância tanto em
Está correto o que se afirma em
razão da existência de governos mais críticos à
a) I, II e III.
liderança dos EUA, quanto à presença de riquezas
b) I e II, apenas.
naturais recém-descobertas no Atlântico Sul.
c) I, apenas.
c) a 6ª frota tem importância secundária na história
d) II e III, apenas.
militar dos EUA e nas suas relações com outras
e) I e III, apenas.
potências mundiais.
d) a 5ª frota tem a sua ação restrita às operações
10. (CFTRJ)
militares de combate ao terrorismo e não dispõe de
maiores preocupações estratégicas na região em que
atua.
e) a 2ª e a 6ª frotas tendem a ser desativadas, pois a
Rússia já não representa nenhum risco à segurança
dos interesses dos EUA. A entrada dessa antiga
potência rival na Otan e a estabilidade de posições
territoriais na região do Ártico tornam essa presença
militar cada vez menos importante.

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CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
12. (EsPCEx (Aman)) Sabe-se que o poder global dos 14. (Uerj)
Estados Unidos da América (EUA) é multidimensional,
expressando-se, por exemplo, nos campos econômico,
financeiro e cultural. Contudo, de todas as dimensões do
poder, merecem especial destaque os campos
geopolítico e militar. Quanto a estes últimos, no que diz
respeito à distribuição e ação do poder militar norte-
-americano pelo globo, no início do século XXI,
podemos afirmar que
I. em países europeus da Organização do Tratado do
Atlântico Norte (Otan), como é o caso da Alemanha,
da Grã-Bretanha e da Itália, situam-se grandes bases
do Exército, da Marinha e da Força Aérea norte-
-americana;
II. na Europa e na Ásia/Pacífico, como reflexo da Disponível em: cdn1.vox-cdn.com. Adaptado.
Guerra Fria, estão as duas principais concentrações
de forças dos Estados Unidos no exterior; Os contêineres são grandes caixas metálicas utilizadas
III. o Japão e o Vietnã se destacam como principais
para o transporte de mercadorias. O fluxo de contêineres
aliados da orla oriental asiática, onde se situam
grandes bases do Exército, da Marinha, da Força dos portos mais movimentados do mundo, observado no
Aérea e dos fuzileiros navais dos EUA; mapa, é explicado por uma tendência da economia
IV. a “guerra ao terror”, proposta no governo George
W. Bush, traduziu-se, para o Oriente Médio, no mundial nas últimas décadas.
envolvimento dos EUA em dois grandes conflitos
regionais, um no Iraque e outro na Síria; Essa tendência está apresentada em:
V. o Hawaí, estado norte-americano de além-mar, e a
ilha de Diego Garcia funcionam como importantes a) Ampliação da rede de telecomunicações.
centros de operações, respectivamente, nos oceanos b) Redução do comércio de matérias-primas.
Pacífico e Índico.
c) Concentração do consumo de mercadorias.
Assinale a alternativa que apresenta todas as afirmativas d) Terceirização da produção de bens industriais.
corretas.
a) I, II e III. TC – 03
b) I, II e V.
c) I, III e IV. MOVIMENTOS SEPARATISTAS
d) III, IV e V.
e) II, IV e V. O separatismo é um movimento de afirmação de
identidade que se materializa a partir de eventos
13. (Enem) separatistas e nacionalistas. Muitos veem esse
Os portos sempre foram respostas ao comércio movimento como contagioso, pois é difícil um
praticado em grande volume, que se dá via marítima, continente no mundo que não haja, por mais discreto
lacustre e fluvial, e sofreram adaptações, ou que seja, uma onda separatista.
modernizações, de acordo com um conjunto de fatores A internet no mundo globalizado acaba
que vão desde a sua localização privilegiada frente a fortalecendo esses movimentos, pois a repercussão na
extensas hinterlândias, passando por sua conectividade
mídia sobre uma separação gera uma empatia em outros
com modernas redes de transportes que garantam
países que também se encorajam em fazer o mesmo.
acessibilidade, associados, no atual momento, à
tecnologia, que o transformam em pontas de lança de O principal combustível do separatismo é o
uma economia globalizada que comprime o tempo em nacionalismo. Para destacar esses movimentos, vamos
nome da produtividade e da competitividade. lembrar dois casos na Espanha, o País Basco e a
Catalunha.
ROCHA NETO, J.M.; CRAVIDÃO, F. D., Portos no contexto do meio O País Basco é uma outra etnia, é um povo muito
técnico. Mercator, n. 2, maio-ago, 2014. Adaptado.
antigo presente até hoje no norte da Espanha e no sul da
Uma mudança que permitiu aos portos adequarem-se às França. O País Basco é o nome do “Estado” de uma
novas necessidades comerciais apontadas no texto foi a região autônoma da Espanha, vale lembrar que ele se
a) intensificação do uso de contêineres. chama país sem ser país.
b) compactação das áreas de estocagem. Já a Catalunha com 7,5 milhões de habitantes – um
c) burocratização dos serviços de alfândega. pouco menos do que Santa Catarina e o dobro do
d) redução da profundidade dos atracadouros. Espírito Santo – é 16% do total da Espanha, a região
e) superação da especialização dos cargueiros. tem idioma próprio, mais de mil anos de tradição e uma

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CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
forte identidade cultural. Sendo a mais industrializada e 4. (UEPB) Tropas da República da Geórgia e da Rússia
mais rica região do reinado, a Catalunha tem alta iniciaram nesta sexta (08/08/2008) um conflito armado,
numa disputa pela Ossétia do Sul. A região vive em
produtividade econômica e contabiliza quase um quinto conflito desde o fim da antiga União Soviética, em
do PIB espanhol. Barcelona foi exemplar nos Jogos 1991. A Ossétia do Sul pertence à Geórgia, mas tem um
Olímpicos de 1992 e é referência em feiras governo autônomo e luta pela independência com o
internacionais, preferida no turismo e admirada no apoio da Rússia.
futebol. A pujança econômica e a percepção de que Disponível em: http://jornalnacional.globo.com/Telejornais/JN/0,,
MUL717429-10406,00-GEORGIA+E+RUSSIA+INICIAM+
pagam elevados tributos ao governo central e recebem
CONFLITO+ ARMADO.html Acesso em: 08 ago. 2008.
pouco em troca dão aos regionalistas das terras de
Gaudí e de Dalí a confiança necessária para a busca da O conflito que inquieta as grandes potências e atraiu a
autodeterminação. A política do governo espanhol atenção mundial em pleno período das Olimpíadas 2008
neutralizou as iniciativas de separação nos últimos anos. explica-se a partir
a) da emergência das tensões étnico-nacionalistas que
se mantiveram submersas diante do conflito leste-
oeste, mas que proliferaram em todo o mundo com o
EXERCÍCIO
fim da guerra fria e da bipolaridade.
b) da emergência do novo terrorismo global, que se
1. (UFPE) O Canadá teve forjadas a Geografia e a mune de todo arsenal financeiro e tecnológico além
História, basicamente, ao longo dos 570 km do vale do de contar com a ajuda de Estados nacionais que dão
rio São Lourenço, onde se situam algumas das mais apoio militar a grupos terroristas.
importantes cidades daquele país, como Quebec, c) da internacionalização das guerrilhas que se
Ottawa, Toronto e Montreal. Com relação a este país da beneficiam do desenvolvimento dos meios de
comunicação e têm no narcotráfico a principal fonte
América do Norte, é correto afirmar que seu principal
de financiamento para combater Estados nacionais
problema geopolítico constituídos.
a) são os conflitos étnicos verificados na parte d) do ranço da Guerra Fria, no qual Estados Unidos e
meridional do país. Rússia tomam partidos opostos e não só apoiam,
b) são os conflitos de migrantes canadenses com mas até estimulam alguns conflitos com a finalidade
autoridades de fronteira dos Estados Unidos, ao sul. de desenvolverem suas indústrias bélicas com a
c) são as tentativas de separatismo, por parte de uma venda de armamentos.
das mais importantes regiões, a província de e) do surgimento do mais novo tipo de tensão mundial,
Quebec. que é tipicamente cultural, no qual algumas etnias se
d) é a diferença de idiomas e de etnias existentes no opõem ao avanço da globalização e lutam para
país. preservar sua identidade, religião e costumes.
e) é a ocorrência de grandes depósitos de ferro e carvão
mineral, que despertaram a cobiça de grandes 5. (UFF)
multinacionais dos Estados Unidos e da Europa.
ESTADOS DOS BÁLCÃS EM 1949 E EM 2008
2. (Uece) “Nós (os de fala francesa) votamos pelo 'Sim'
por uma margem de 60%” é a expressão de um político
derrotado no recente plebiscito que procurou decidir
a) a separação do território dos Tamis, no Sri Lanka.
b) a continuidade das experiências atômicas da França .
c) a independência do território canadense de Quebec.
d) a criação de um país independente na Guiana
Francesa.

3. (UFRGS) Assinale a alternativa que completa corretamente


as lacunas do texto a seguir.
DURAND, M.F. et alii. Atlas da mundialização.
São Paulo: Saraiva, p.75.
Atualmente, cresce cada vez mais o número de grupos
separatistas que lutam pela independência de certas Dois fatores fundamentais responsáveis pelas mudanças
regiões dentro de um país. Em virtude de diferentes territoriais, registradas nos mapas, encontram-se em:
processos de colonização protagonizados por _______, a) emergência de nacionalismos e fortalecimento de
as tendências separatistas são atuantes no(a) _______, diferenças culturais.
onde _______, de maioria francesa, reivindica uma b) controle externo de arsenais nucleares e diversidade
posição especial. étnico-linguística.
c) perseguições religiosas e interesses do capital
a) ingleses e franceses – Canadá – Quebec especulativo.
b) ingleses e franceses – Canadá – Ontário d) radicalismos político-ideológicos e desagregação da
c) espanhóis e bascos – Espanha – o País Basco União Europeia.
d) ingleses e espanhóis – Espanha – Gibraltar e) controle da produção de gás e reação à presença
e) norte-americanos e franceses – Canadá – Quebec militar estrangeira.

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CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
6. (FGV) Na segunda metade do século XX, vários 8. (ESPM) Sobre a questão nacional e os respectivos
conflitos aconteceram nas mais diversas localidades do movimentos separatistas dispostos pelo mundo é correto
mundo. Alguns deles estão colocados no quadro a afirmar que
seguir.
a) A questão irlandesa, em que a forte minoria católica
A. povo implicado no B. território onde da Irlanda do Norte deseja a unificação com o Eire,
conflito habita o povo A ao sul.
Católicos da Irlanda do b) A maioria anglófona do Quebec deseja se separar do
Norte da Irlanda Canadá.
Norte
Descendentes de c) O grupo separatista ETA reivindica a independência
Leste do Canadá da Catalunha, na Espanha.
franceses do Quebec
Sudoeste da Federação d) A Chechênia, em que a maioria cristã protestante
Habitantes do Daguestão não deseja pertencer à Rússia de maioria ortodoxa.
Russa
e) Os cipriotas do norte desejam-se separar da Turquia.
Habitantes do Kosovo Sul da Iugoslávia
9. (PUC-PR) O começo do século XXI revelou uma nova
Assinale a alternativa correta. forma de terrorismo: globalizado, sem fronteiras e sob
a) A luta armada é característica básica comum aos os holofotes da mídia. O mundo ficou estarrecido diante
conflitos de A, exceto no Quebec. dos atentados de 11 de setembro de 2001 a importantes
b) Todos os povos A encetaram lutas para separar-se símbolos do poder político e econômico norte-
dos países citados em B. -americano. Nos três primeiros dias de setembro de
c) A luta armada é característica básica comum aos 2004, no sul da Rússia, a pequena cidade de Beslan foi
conflitos de A, exceto na Irlanda do Norte. assolada pelo terrorismo. Uma escola local foi ocupada,
d) No Daguestão e Kosovo, os conflitos são em dia de festa, por terroristas que fizeram mais de
manifestações da Guerra Fria. 1000 reféns. A principal motivação do grupo armado
e) Canadá e Irlanda, nos conflitos citados, exercem a que ocupou a escola de Beslan centrava-se na causa
mesma forma de dominação econômica feita sobre separatista, reivindicavam
os países do Terceiro Mundo. a) a saída das forças militares russas da Chechênia.
b) a inclusão da Chechênia na Comunidade dos
7. (UEMG) Estados Independentes, CEI.
c) a ajuda militar russa às tropas chechenas na defesa
A Espanha, assim como inúmeros outros Estados de suas fronteiras.
atualmente constituídos, é um território multinacional, d) a ajuda humanitária do governo de Moscou às
ou seja, é formada por várias nações ou por diversos
populações pobres das montanhas da Chechênia.
grupos étnicos regionais com identidade nacional
diferenciada àquela do país ao qual pertencem. Nesse e) a anexação dos territórios vizinhos, como o
sentido, esse território é um dos principais locais do Azerbaijão e a Geórgia, à Chechênia.
mundo em que há movimentos separatistas, com um
forte clamor pela independência local em busca da 10. (UEPB) Observe o mapa.
constituição de um novo país.

Disponível em: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/


movimentos-separatistas-na-catalunha.htm. Acesso em: 23 nov. 2017.

Referente às diversas nacionalidades que coexistem no


território estatal da Espanha, assinale a alternativa
correta.
a) A segunda maior comunidade populacional da
Espanha é a catalã, a qual só é inferior à comunidade
andaluza.
b) As comunidades autônomas na Espanha começaram
a existir logo após o fim da Guerra Civil espanhola
em 1939.
c) Dentre as comunidades autônomas que lutam
oficialmente pelo separatismo na Espanha, estão
grupos étnicos bascos, catalães, madrilenhos e
galegos.
d) O quadro Guernica, de Pablo Picasso, buscou
representar exatamente a diversidade étnica
espanhola durante a Primeira Guerra Mundial. Simielli, 2007. Adaptado.

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CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
Conflitos políticos, de matriz religiosa, geram Carles Puigdemont, fez um pronunciamento que foi
contestações fronteiriças entre os países I e II, que são, considerado uma declaração de independência
respectivamente, unilateral. O governo espanhol reagiu firmemente e
a) Paquistão e Índia. interveio na região.
b) China e Índia.
c) Afeganistão e Paquistão. Disponível em: http://www.afp.com. Acesso em: 15 jul. 2019.
d) Bangladesh e China.
e) Bangladesh e Afeganistão. Com relação à questão da independência da
Comunidade Autônoma da Catalunha em relação ao
11. (FEI-Adaptada) Os dois países possuem arsenal nuclear Reino da Espanha, a opção correta é:
e travam uma disputa histórica por um território que é a) A violenta reação do governo espanhol ao referendo
reivindicado por ambos. A falta de disposição para o de 2017 foi considerada autoritária por grande parte
diálogo e a recusa dos dois países em assinar o Tratado da população no país, fazendo crescer o apoio à
de Não Proliferação Nuclear (TNP) leva à preocupação independência catalã em outras comunidades
da comunidade internacional. autônomas da Espanha.
b) Além de questões históricas e culturais, a forte
Os países que são palcos dessa disputa são: adesão dos catalães à independência da região tem
a) Israel e Coreia do Sul. também motivações econômicas: é uma região rica,
b) Coreia do Sul e Coreia do Norte. porém sobretaxada pelo governo espanhol.
c) Índia e Paquistão. c) Vem crescendo o apoio internacional à realização de
d) Síria e Israel. uma negociação mediada entre Madri e a Generalitat
e) Quirziquistão e Turcomenistão. da Catalunha, com os Estados Unidos se oferecendo
para exercer essa função.
d) Com a independência da Catalunha, o governo
12. (PUC-RS) A Irlanda do Norte vivenciou, ao longo da espanhol teme perder o acesso ao Mar Mediterrâneo,
sua história, grandes conflitos, sendo abalada nas um espaço estratégico tanto militar quanto
últimas décadas por inúmeros protestos e alguns economicamente.
atentados terroristas. Em relação a essa situação, é e) Existem pressões externas por parte dos países-
-membros da União Europeia para que a Catalunha
correto afirmar que
se torne independente e, dessa forma, possa negociar
a) os islâmicos lutam contra os católicos, grupos que de forma autônoma acordos comerciais intrabloco.
pretendem dominar politicamente o país, ainda
ligado ao Reino Unido.
14. (Mackenzie) Observe o mapa a seguir.
b) a maioria da população é católica e deseja continuar
vinculada a Londres, lutando contra o IRA, grupo
armado islâmico.
c) os grupos revolucionários pretendem libertar a Irlanda
do Norte da República da Irlanda, negando-se a assinar
um acordo de paz com o IRA.
d) os protestantes desejam que a Irlanda do Norte
permaneça como membro do Reino Unido e a
minoria católica deseja unir-se com a República da
Irlanda.
e) católicos e protestantes recentemente depuseram as
armas, pois conseguiram, através de acordos
diplomáticos realizados entre Inglaterra e Estados
Unidos, a divisão territorial entre os dois grupos.

13. (UFJF-Pism Leia o texto a seguir e responda ao que se


pede.

ENTRE PROTESTOS, CATALUNHA LEMBRA


1º ANIVERSÁRIO DO REFERENDO DE
INDEPENDÊNCIA
01 de outubro de 2018

Distúrbios entre militantes separatistas radicais e


forças de segurança foram registrados em Barcelona, ao As letras A, B e C identificam três diferentes territórios
fim de uma manifestação para celebrar o primeiro onde foram observadas manifestações separatistas ao
aniversário do referendo sobre a independência da longo do ano de 2014. Em dois desses territórios, a
Catalunha. No plebiscito, considerado ilegal por Madri, questão separatista foi discutida politicamente, segundo
mais de 2 milhões de eleitores aprovaram a as leis de seus Estados. Em um deles foram registrados
independência da região. Dias depois da consulta conflitos e a influência de outros países. A esse respeito,
popular, em 27 de outubro, o então presidente da região, assinale a alternativa correta.

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CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA
a) As letras A e C correspondem à Escócia e a b) O PSG, equipe comprada por um fundo de
Flandres, onde os Estados do Reino Unido e da investimentos norte-americano, tem sua sede na
Holanda permitem a discussão política do parte sul da França, área conhecida como Costa
separatismo. A letra B corresponde à porção oriental
da Ucrânia, onde o Estado enfrenta separatistas Azul, marcada pela maior concentração industrial da
apoiados pela Rússia. França, o que explica os grandes valores envolvidos
b) As letras A e B correspondem à Valônia e ao País de na transação do jogador Neymar.
Gales, onde a negociação política da Holanda e do c) O Barcelona está sediado na cidade de mesmo
Reino Unido discutem o separatismo. A letra C nome, que faz parte da Catalunha, região
identifica a Crimeia, território ucraniano que foi
incorporado pela Rússia após o uso de forças responsável por aproximadamente 20% do PIB da
militares. Espanha e que também concentra a mais expressiva
c) As letras B e C identificam os territórios do país produção industrial do país.
Basco e a Crimeia, onde os Estados da Espanha e da d) O PSG tem sua sede no norte da França, região
Rússia permitem as manifestações separatistas. importante pelo turismo ligado ao vinho, bem como
A letra A corresponde à Irlanda do Norte, onde o
Reino Unido sufocou separatistas católicos no pela grande fronteira que possui com Portugal.
conflito conhecido como “Domingo Sangrento”. e) Na Catalunha, região espanhola em que está a sede
d) As letras A e C identificam Escócia e Catalunha, do Barcelona, há plena integração cultural com o
com a condução política das discussões separatistas resto da Espanha, por isso, desde o século XIX, não
pelos Estados do Reino Unido e da Espanha. A letra existe qualquer movimento separatista em seu
B corresponde ao leste da Ucrânia, onde as forças
armadas do país reprimem os separatistas apoiados território.
pela Rússia.
e) As letras A e C correspondem a região dos
separatistas da Irlanda do Norte e Flandres, que
negociam com os Estados do Reino Unido e da
Bélgica. A letra B indica a Chechênia, território
onde o separatismo é violentamente reprimido pelas
forças armadas da Rússia.

15. (Imed) Um dos assuntos mais comentados de 2017,


a transferência de Neymar do Barcelona para o Paris
Saint-Germain (PSG) movimentou os noticiários
econômico e esportivo. A respeito do tema, leia o
fragmento da matéria a seguir.

O Paris Saint-Germain (PSG) acertou, após mais de


duas semanas de idas e vindas, o pagamento de
222 milhões de euros (821 milhões de reais) ao
Barcelona pela multa rescisória de Neymar e confirmou
a contratação do atacante brasileiro. Neymar assinou
contrato com o PSG até 30 de junho de 2022, antes do
início da Copa do Mundo do Catar. O jogador de
25 anos foi apresentado nesta sexta-feira, 4 de agosto,
em Paris, no estádio Parc des Princes. Trata-se da
contratação mais cara da história do futebol [...]

Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/08/03/deportes/


1501793043_883823.html. Acesso em: 02 out. 2017.

Sobre as equipes que se envolveram na transação


mencionada na matéria e suas respectivas regiões,
marque a alternativa correta.
a) Neymar deixou o Barcelona, equipe espanhola
localizada no País Basco, região com histórico
separatista em relação à Espanha, inclusive com a
ação do grupo terrorista ETA (Pátria Basca e
Liberdade).

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CURSO DE FÉRIAS – GEOGRAFIA

Anotações

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CURSO DE FÉRIAS – FILOSOFIA E SOCIOLOGIA

1a TEMÁTICA COMPARATIVA

Parmênides de Eléia e Heráclito de Éfeso, foram grandes filósofos da era pré-socrática, e antagônicos em suas
doutrinas, deixaram um grande legado para a humanidade. Parmênides classificava as qualidades em duplas, luz e escuridão,
positiva e negativa, (ser e não ser) onde sempre a primeira era a negação da segunda. Ser e não ser, com esta teoria ele
deu início ao pensamento metafísico.
Para Heráclito, tudo estava em constante mudança, Parmênides ao contrário afirmava toda a imobilidade do
Ser. Parmênides e Heráclito, sem a menor sombra de dúvida são os pré-socráticos mais importantes para a tradição filosófica e
para o vestibular. Um afirma o constante devir e o outro a imobilidade do ser, mas as diferenças não param por aí.

HERÁCLITO O Obscuro PARMÊNIDES


Síntese da verdade O devir constante é a realidade, a harmonia O Ser, é a única realidade, usando o
que nasce dos opostos em equilíbrio, origina o princípio da não contradição, onde ele
Ser. é imutável, imóvel e fixo.
Sobre forças opostas O mundo era impulsionado por forças contrárias. Não acreditava na Teoria das Forças Opostas”.
(oscilação entre os A filosofia de Parmênides não compreende tal
contrários). oscilação. O Ser é único e verdadeiro, só é, não
muda nem se transforma.
Principais ideias A chave de entendimento do universo é “que tudo “As coisas que existem fora de mim são idênticas
se transforma”. ao meu pensamento, e o que eu não conseguir
Em referência a transformação no mundo pensar não pode ser realidade”.
afirmava: “nunca nos banhamos duas vezes no
mesmo rio”.
Compreensão da razão O mundo é um fluxo perplexo. O logos é a permanência. O logos é o ser como
(logos) = lógica O logos é a mudança e a contradição. pensamento e linguagem verdadeiros.
Os paradigmas Como Parménides, Heráclito faz seu próprio Como Heráclito, Parmênides elabora seu próprio
paradigma e define por seus termos. paradigma, e define seus termos. Este paradigma
Este paradigma, ao contemplar o choque se sustenta na lógica e contempla uma visão do
entre os opostos, pode ser relacionada com Ser muito similar a dos deuses e religião
a dialética hegeliana. monoteísta.
Postura frente Existe um Devir contínuo. O mundo está em Não existe um Devir, o mundo está estático.
ao mundo constante movimento, não está estático.
A verdade Como consequencia do Devir, o caminho para a O caminho para a verdade é um só.
verdade não é um só, muda a todo momento.
A essência do mundo Não é possível captar devido ao Devir. O pensamento pode captar a essência do mundo tal
Não se aplica uma atitude racionalista. como é, se aplica a uma atitude racional.

1. (Enem/2016)
Texto I
Fragmento B91: “Não se pode banhar duas vezes no mesmo rio, nem substância mortal alcançar duas vezes a mesma
condição; mas pela intensidade e rapidez da mudança, dispersa e de novo reúne”.
HERÁCLITO. Fragmentos (Sobre a natureza). São Paulo. Abril Cultural, 1996. Adaptado.

Texto II
Fragmento B8: “São muitos os sinais de que o ser é ingênito e indestrutível, pois é compacto, inabalável e sem fim; não
foi nem será, pois é agora um todo homogêneo, uno, contínuo. Como poderia o que é perecer? Como poderia gerar-se?”
PARMÊNIDES. Da natureza. São Paulo: Loyola, 2002. Adaptado.

Os fragmentos do pensamento pré-socrático expõem uma oposição que se insere no campo das
a) investigações do pensamento sistemático.
b) preocupações do período mitológico.
c) discussões de base ontológica.
d) habilidades da retórica sofística.
e) verdades do mundo sensível.

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CURSO DE FÉRIAS – FILOSOFIA E SOCIOLOGIA

2. (UFU) Leia atentamente o texto a seguir: 4. (UFF)


Como uma onda (Zen surfismo)
Na filosofia de Parmênides preludia-se o tema da
ontologia. A experiência não lhe apresentava em Nada do que foi será
nenhuma parte um ser tal como ele o pensava, mas, do De novo do jeito que já foi um dia
fato que podia pensá-lo, ele concluía que ele precisava Tudo passa Tudo sempre passará
existir: uma conclusão que repousa sobre o pressuposto A vida vem em ondas
de que nós temos um órgão de conhecimento que vai à Como um mar
essência das coisas e é independente da experiência. Num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é
Segundo Parmênides, o elemento de nosso pensamento
Igual ao que a gente
não está presente na intuição, mas é trazido de outra
Viu há um segundo
parte, de um mundo extrassensível ao qual nós temos
Tudo muda o tempo todo
um acesso direto através do pensamento. No mundo
NIETZSCHE, Friedrich. A filosofia na época trágica dos gregos. Não adianta fugir
Trad. Carlos A. R. de Moura. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nem mentir
Abril Cultural, 1978. p. 151. Coleção Os Pensadores Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Marque a alternativa incorreta. Aqui dentro sempre
a) Para Parmênides, o Ser e a Verdade coincidem, Como uma onda no mar
porque é impossível a Verdade residir naquilo que Como uma onda no mar
não-é: somente o Ser pode ser pensado e dito. Como uma onda no mar
b) Pode-se afirmar com segurança que Parmênides Lulu Santos e Nelson Motta.
rejeita a experiência como fonte da verdade, pois,
para ele, o Ser não pode ser percebido pelos sentidos. A letra dessa canção de Lulu Santos lembra ideias do
c) Parmênides é nitidamente um pensador empirista, filósofo grego Heráclito, que viveu no século VI a.C. e
pois afirma que a verdade só pode ser acessada por que usava uma linguagem poética para exprimir seu
meio dos sentidos. pensamento. Ele é o autor de uma frase famosa: “Não se
d) O pensamento, para Parmênides, é o meio adequado entra duas vezes no mesmo rio”.
para se chegar à essência das coisas, ao Ser, porque Dentre as sentenças de Heráclito abaixo citadas, marque
os dados dos sentidos não são suficientes para aquela da qual o sentido da canção de Lulu Santos mais
se aproxima:
apreender a essência.
a) “Morte é tudo que vemos despertos, e tudo que
vemos dormindo é sono.”
3. (UFPE/2011) As reflexões sobre o mundo e as relações
b) “O homem tolo gosta de se empolgar a cada palavra.”
sociais fazem parte da construção da Filosofia, desde os c) “Ao se entrar num mesmo rio, as águas que fluem
seus primórdios. Na Grécia, o pensamento filosófico foi são outras.”
muito importante para a organização da sua sociedade e d) “Muita instrução não ensina a ter inteligência.”
o estabelecimento de uma visão crítica de suas e) “O povo deve lutar pela lei como defende as
manifestações culturais. Uma das figuras marcantes da muralhas da sua cidade.”
Filosofia Grega foi Parmênides, que:
a) defendia a concepção de um universo composto 5. (UEAP) …que é e que não é possível que não seja,/ é a
pelos quatro elementos fundamentais da natureza (a vereda da Persuasão (porque acompanha a Verdade); o
água, o fogo, a terra, o ar) em constantes movimentos outro diz que não é e que é preciso que não seja,/ eu te
circulares. digo que esta é uma vereda em que nada se pode
b) seguiu as teorias de Heráclito sobre a permanência aprender. De fato, não poderias conhecer o que não é,
do sagrado e dos mitos, como princípios básicos da porque tal não é fatível. / nem poderia expressá-lo.
realização religiosa da sociedade, em todos os tempos. NICOLA, Ubaldo. Antologia ilustrada de Filosofia.
c) se posicionou contra as teorias políticas dos mais Editora Globo, 2005.
democratas, pois achava a escravidão necessária
para se explorar as riquezas e facilitar a organização O texto anterior expressa o pensamento de qual filósofo?
da economia. a) Aristóteles, que estabelecia a distinção entre o
mundo sensível e o inteligível.
d) influenciou em muito o pensamento idealista da
b) Heráclito de Éfeso, que afirmava a unidade entre
filosofia ocidental, dando destaque à ideia de
pensamento e realidade.
permanência e considerando o movimento como
c) Tales de Mileto, que afirmava ser a água o princípio
uma ilusão dos sentidos. de todas as coisas.
e) estabeleceu orientações fundamentais para o d) Parmênides de Eleia, que afirmava a imutabilidade
pensamento de Aristóteles, de quem foi mestre, de todas as coisas e a unidade entre ser e pensar, ser
articulando as bases de uma lógica dualista com a e conhecimento.
concepção de governo monárquico vitalício. e) Protágoras, que afirmava que o homem é a medida
de todas as coisas, que o ser é e o não ser não é.

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2a TEMÁTICA COMPARATIVA

Três filósofos da Grécia Antiga são referência básica para os conhecimentos filosóficos que fundamentam a ética,
a política e a moralidade. Curiosamente, Sócrates foi professor de Platão; e Platão, professor de Aristóteles. Sócrates (469-399
a.C.) é considerado um dos fundadores da filosofia ocidental, conhecida principalmente através dos relatos em obras de
escritores que viveram mais tarde, especialmente, Platão (427-347 a.C.). Juntamente com seu mentor, Sócrates, e seu principal
aluno, Aristóteles (384-322 a.C.), Platão ajudou a construir os alicerces da filosofia natural e da ciência. Aristóteles é tido como
um dos pensadores mais influentes, em diferentes áreas do conhecimento. O objetivo desse quadro é comparar duas formas
diferentes de explicar a origem das ideias. A primeira forma de explicar a origem das ideias foi elaborada por Platão,
o Inatismo; a segunda forma foi elaborada por Aristóteles, o Realismo que mais tarde seus princípios serviram de base para o
Empirismo.

PLATÃO ARISTÓTELES
Inspirador das ideias Foi aluno de Sócrates Foi um estudante de Platão.
Síntese do A obra de Platão foi mais individualmente focada Era mais um pensador político que tentou colocar
pensamento e obra e preocupada com a alma. suas ideias em um contexto social.
Origem das ideias Inatismo ou Idealismo (nascemos com princípios Realismo (Base do Empirismo). Era realista, deu
racionais e ideias inatas). muita importância para o mundo exterior e para os
sentidos, como a única fonte do conhecimento e
aprimoramento do intelecto.
Na política Foi o primeiro filósofo político. Foi o primeiro cientista político.
Escola Academia Liceu
Teoria das Ideias • Mundo sensível (ou aparente): mudo real, cheio Mundo material: veio do caos, mas agora é
de defeitos e mortal comandado pela harmonia. Ainda havendo
• Mundo das ideias (ou inteligível): mundo vestígios desse caos, o mundo e os humanos
perfeito e imaginário que cada ser possui, onde vivem se esforçando para que a harmonia
tudo é imortal. prevaleça.
Formas e graus de • São quatro formas ou graus de conhecimento Diz que existem seis formas ou grau de
conhecimento que são a crença, opinião, raciocínio e indução. conhecimento: sensação, percepção, imaginação,
Para ele as duas primeiras podem ser memória, raciocínio e intuição. Para ele o
descartadas da filosofia pois não são concretas, conhecimento é formado e enriquecido por
sendo as duas últimas são as formas de fazer informações trazidas de todos os graus citados e
filosofia. Para Platão tudo se justifica através não há diferença entre o conhecimento sensível e
da matemática. intelectual, um é continuação do outro.
• “Alegoria da Caverna”
Compreensão do Para ser belo precisa ser eterno, bom, bonito e Para ser belo, teria de ser harmonioso, estar em
belo verdadeiro (Idealismo). proporção e ser grande, imponente (Realismo).
Algo inerente ao objeto (Objetivismo).
Origem do belo Beleza pura como algo somente divino, • Vê a beleza em todas as coisas, colocando-a
transcendental. Só existe no mundo das ideias. como característica do objeto. O prazer estético
A beleza só é percebida através da sabedoria. vem da simples apreensão gratuita do objeto.
• A beleza só é percebida pelos cinco sentidos.
Sobre a cópia A arte, como cópia imperfeita do mundo das • A cópia é a representação superior do sensível e
(o plágio) ideias, não pode ser dita como bela, pois, uma vez mesmo assim, bela.
que é cópia, é falsa! • Admite o feio como valor estético.
O belo diante • A beleza não pode ser julgada através dos Filosofia Sensorial. A beleza pode ser analisada e
dos sentidos sentidos, pois estes enganam os olhos, deixando comparada.
o indivíduo incapaz de dizer a verdade. A
beleza é suprema, por isso não existe graus e,
também, não pode ser comparada.
Objetivo da • Formar homens sábios e virtuosos. • Formação do caráter do aluno.
educação • Formação do homem moral, vivendo em um • Formação do homem feliz e útil a comunidade.
estado justo.

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Método de ensino Estudo permanente, renunciando a tudo e todos. O princípio da aprendizagem seria a imitação.
Principais Busca da virtude, do homem bom, capaz de Todas as coisas têm uma finalidade, o hábito da
pensamentos adquirir conhecimento. virtude deveria ser adquirido na escola.
Contribuição para Alunos devem ser estimulados às suas próprias • O modo de pensar e produzir o conhecimento.
o ensino respostas. • Fundador da ciência e da lógica.
• Principais obras tratam de política e ética.
De quem era a Estatal, porém, deveria ser de toda a sociedade a Governantes e legisladores, ou seja, o Estado.
responsabilidade responsabilidade de formar os cidadãos.
pelo ensino
Pontos positivos de Priorizava formar homens sábios e bons para Ensinando a virtude ao homem este seria capaz de
seu pensamento governar, homens capazes de pensar no coletivo. criar e viver em um mundo prazeroso.

Pontos negativos de Defendia o totalitarismo no governo. Um mundo prazeroso nem sempre apontava um
seu pensamento mundo justo.
Como era a • A educação era a cargo dos sofistas que apenas • Não se reteve muitos conhecimentos de
sociedade na época transmitiam conhecimentos técnicos. Aristóteles por parte dos governantes.
de cada filósofo • Vigorava o sistema “democrático”. • Grande parte de suas obras perderam-se ou
• As ideias de Sócrates puderam ser difundidas foram deturpadas.
pela escrita de Platão.

Sobre a Ética • Não defende o Direito Privado, a Propriedade • Defende o Direito Privado, a Propriedade
Particular e a Família. Particular e a Família.
• Tem em vista homens superiores e não homens • Também tem em vista homens superiores e não
comuns. homens comuns.
• A ética está muito acima dos sentimentalismos
• É baseada em sentimentalismos. platônicos.
• É possível termos certezas teóricas e errarmos
• Insiste que quem age imoralmente é porque não no campo da prática.
sabe, não entrou nos caminhos da razão. • Não reconhece a cada um o direito de constituir
• Cada pessoa tem o direito de ser o árbitro de seus valores.
seus valores, de sua vida ética.

1. (Enem/2013) A felicidade é, portanto, a melhor, a mais morais –, tampouco devem ser agricultores os aspirantes
nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses à cidadania, pois o lazer é indispensável ao desenvolvimento
atributos não devem estar separados como na inscrição das qualidades morais e à prática das atividades
existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais políticas”.
justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o
VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado.
que amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas São Paulo: Atual, 1994.
mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a
identificamos como felicidade. O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles,
permite compreender que a cidadania:
ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010. a) possui uma dimensão histórica que deve ser
criticada, pois é condenável que os políticos de
Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais qualquer época fiquem entregues à ociosidade,
excelentes atributos, Aristóteles a identifica como: enquanto o resto dos cidadãos tem de trabalhar.
a) busca por bens materiais e títulos de nobreza. b) era entendida como uma dignidade própria dos
b) plenitude espiritual e ascese pessoal. grupos sociais superiores, fruto de uma concepção
c) finalidade das ações e condutas humanas. política profundamente hierarquizada da sociedade.
d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas. c) estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção
e) expressão do sucesso individual e reconhecimento política democrática, que levava todos os habitantes
da pólis a participarem da vida cívica
público.
d) tinha profundas conexões com a justiça, razão pela
qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado
2. (Enem/2009) Segundo Aristóteles, “na cidade com o
às atividades vinculadas aos tribunais.
melhor conjunto de normas e naquela dotada de homens e) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles
absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma que se dedicavam à política e que tinham tempo para
vida de trabalho trivial ou de negócios – esses tipos de resolver os problemas da cidade.
vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades

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3. (Enem/2017) Se, pois, para as coisas que fazemos existe d) Como Sócrates, Platão desenvolveu uma ética
um fim que desejamos por ele mesmo e tudo o mais é racionalista que desconsiderava a vontade como
desejado no interesse desse fim; evidentemente tal fim elemento fundamental entre os motivadores da ação.
será o bem, ou antes, o sumo bem. Mas não terá o Ele acreditava que o conhecimento do bem era
conhecimento, porventura, grande influência sobre essa suficiente para motivar a conduta de acordo com
vida? Se assim é, esforcemo-nos por determinar, ainda essa ideia (agir bem).
que em linhas gerais apenas, o que seja ele e de qual das e) A teoria das ideias não pode ser considerada uma
ciências ou faculdades constitui o objeto. Ninguém chave de leitura aplicável a todo pensamento
duvidará de que o seu estudo pertença à arte mais platônico.
prestigiosa e que mais verdadeiramente se pode chamar
a arte mestra. Ora, a política mostra ser dessa natureza,
pois é ela que determina quais as ciências que devem 5. (UEL/2015) Leia os textos a seguir.
ser estudadas num Estado, quais são as que cada
cidadão deve aprender, e até que ponto; e vemos que até A arte de imitar está bem longe da verdade, e se executa
as faculdades tidas em maior apreço, como a estratégia, tudo, ao que parece, é pelo facto de atingir apenas uma
a economia e a retórica, estão sujeitas a ela. Ora, como a pequena porção de cada coisa, que não passa de uma
política utiliza as demais ciências e, por outro lado, aparição.
legisla sobre o que devemos e o que não devemos fazer,
a finalidade dessa ciência deve abranger as das outras, PLATÃO. A República. 7.ed. Trad. de Maria Helena da Rocha
de modo que essa finalidade será o bem humano. Pereira. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993. p.457. Adaptado.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Ln: Pensadores.


São Paulo: Nova Cultural, 1991. Adaptado.
O imitar é congênito no homem e os homens se
comprazem no imitado.
Para Aristóteles, a relação entre o sumo bem e a
organização da pólis pressupõe que: ARISTÓTELES. Poética. 4.ed. Trad. De Eudoro de
a) o bem dos indivíduos consiste em cada um perseguir Souza. São Paulo: Nova Cultural, 1991. p.203.
Coleção “Os Pensadores”. Adaptado.
seus interesses.
b) o sumo bem é dado pela fé de que os deuses são os
portadores da verdade. Com base nos textos, nos conhecimentos sobre estética
c) a política é a ciência que precede todas as demais na e a questão da mímesis em Platão e Aristóteles, assinale
organização da cidade. a alternativa correta.
d) a educação visa formar a consciência de cada pessoa a) Para Platão, a obra do artista é cópia de coisas
para agir corretamente. fenomênicas, um exemplo particular e, por isso, algo
e) a democracia protege as atividades políticas necessárias
inadequado e inferior, tanto em relação aos objetos
para o bem comum.
representados quanto às ideias universais que os
4. (UENP/2011) Platão foi um dos filósofos que mais pressupõem.
influenciaram a cultura ocidental. Para ele, a filosofia b) Para Platão, as obras produzidas pelos poetas,
tem um fim prático e é capaz de resolver os grandes pintores e escultores representam perfeitamente a
problemas da vida. Considera a alma humana prisioneira verdade e a essência do plano inteligível, sendo a
do corpo, vivendo como se fosse um peregrino em busca atividade do artista um fazer nobre, imprescindível
do caminho de casa. Para tanto, deveria transpor os para o engrandecimento da pólis e da filosofia.
limites do corpo e contemplar o inteligível.
c) Na compreensão de Aristóteles, a arte se restringe à
reprodução de objetos existentes, o que veda o poder
Assinale a alternativa correta.
a) Para Platão, a essência das coisas é dada a partir da do artista de invenção do real e impossibilita a
análise de suas causas material e final. função caricatural que a arte poderia assumir ao
b) Platão chamava o conhecimento da verdade de doxa apresentar os modelos de maneira distorcida.
e o contrapõe a uma outra forma de conhecimento d) Aristóteles concebe a mímesis artística como uma
(inferior) denominada episteme. atividade que reproduz passivamente a aparência das
c) Platão propõe um modelo de organização política da coisas, o que impede ao artista a possibilidade de
sociedade que pode ser considerado estamental e recriação das coisas segundo uma nova dimensão.
antidemocrático. Para ele, o governo não deveria se e) Aristóteles se opõe à concepção de que a arte é
pautar pelo princípio da maioria. As almas têm imitação e entende que a música, o teatro e a poesia
natureza diversa, de acordo com sua composição,
são incapazes de provocar um efeito benéfico e
isso faz com que os homens devam ser distribuídos
purificador no espectador.
de acordo com essa natureza, divididos em grupos
encarregados do governo, do controle e do
abastecimento da polis.

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6. (Enem/2014) No centro da imagem, o filósofo Platão é Em seu livro A República, ele, então, idealizou uma
retratado apontando para o alto. sociedade capaz de alcançar a perfeição, desde que seu
governo coubesse exclusivamente
a) aos guerreiros, porque somente eles teriam força
para obrigar todos a agirem corretamente.
b) aos tiranos, porque somente eles unificariam a
sociedade sob a mesma vontade.
c) aos mais ricos, porque somente eles saberiam aplicar
bem os recursos da sociedade.
d) aos demagogos, porque somente eles convenceriam
a maioria a agir de modo organizado.
e) aos filósofos, porque somente eles disporiam de
conhecimento verdadeiro e imutável.

9. (UEL/2010) No pensamento ético-político de Platão,


SANZIO, R. Detalhe do afresco A Escola de Atenas. Disponível em:
http://fil.cfh.ufsc.br. Acesso em: 20 mar. 2013.
a organização no Estado Ideal reflete a justiça
concebida como a disposição das faculdades da alma
Esse gesto significa que o conhecimento se encontra em que faz com que cada uma delas cumpra a função que
uma instância na qual o homem descobre a lhe é própria. No Livro V de A República, Platão
a) suspensão do juízo como reveladora da verdade. apresentou o Estado Ideal como governo dos melhores
b) realidade inteligível por meio do método dialético. selecionados. Para garantir que a raça dos guardiões se
c) salvação da condição mortal pelo poder de Deus. mantivesse pura, o filósofo escreveu:
d) essência das coisas sensíveis no intelecto divino.
“É preciso que os homens superiores se encontrem com
e) ordem intrínseca ao mundo por meio da
as mulheres superiores o maior número de vezes possível,
sensibilidade.
e inversamente, os inferiores com as inferiores, e que se
7. (Uncisal/2012) No contexto da Filosofia Clássica, crie a descendência daqueles, e a destes não, se queremos
Platão e Aristóteles possuem lugar de destaque. Suas que o rebanho se eleve às alturas”.
concepções, que se opõem, mas não se excluem, são PLATÃO. A República. 7ª ed. Lisboa: Calouste
amplamente estudadas e debatidas devido à influência Gulbenkian, 1993, p.227-228. Adaptado.
que exerceram, e ainda exercem, sobre o pensamento
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o
ocidental. Todavia é necessário salientar que o produto
pensamento ético-político de Platão é correto afirmar:
dos seus pensamentos se insere em uma longa tradição
a) No Estado Ideal, a escolha dos mais aptos para
filosófica que remonta a Parmênides e Heráclito e que
governar a sociedade expressa uma exigência que
influenciou, direta ou indiretamente, entre outros, os
está de acordo com a natureza.
racionalistas, empiristas, Kant e Hegel.
b) O Estado Ideal prospera melhor com uma massa
humana difusamente misturada, em que os homens e
Observando o cerne da filosofia de Platão, assinale nas
mulheres livremente se escolhem.
opções abaixo aquela que se identifica corretamente
c) O reconhecimento da honra como fundamento da
com suas concepções.
organização do Estado Ideal torna legítima a
a) A dicotomia aristotélica (mundo sensível X mundo
supremacia dos melhores sobre as classes
inteligível) se opõe radicalmente as concepções de
inferiores.
caráter empírico defendidas por Platão.
d) A condição necessária para que se realize o Estado
b) A filosofia platônica é marcada pelo materialismo e
Ideal é que as ocupações próprias de homens e
pragmatismo, afastando-se do misticismo e de
mulheres sejam atribuídas por suas qualidades
conceitos transcendentais.
distintas.
c) Segundo Platão a verdade é obtida a partir da
e) O Estado Ideal apresenta-se como a tentativa de
observação das coisas, por meio da valorização do
organizar a sociedade dos melhores fundada na
conhecimento sensível.
riqueza como valor supremo.
d) Para Platão, a realidade material e o conhecimento
sensível são ilusórios. 10. (UEL/2009) Para Platão, no livro IV da República, a
e) As concepções platônicas negam veementemente a Justiça, na cidade ideal,
validade do Inatismo.
Baseia-se no princípio em virtude do qual cada membro do
8. (UFF 2011) Segundo Platão, as opiniões dos seres organismo social deve cumprir, com a maior perfeição
humanos sobre a realidade são quase sempre possível, a sua função própria. Tanto os guardiões’ como
equivocadas, ilusórias e, sobretudo, passageiras, já que os ‘governantes’ e os industriais’ têm a sua missão
eles mudam de opinião de acordo com as circunstâncias. estritamente delimitada, e se cada um destes três grupos se
Como agem baseados em opiniões, sua conduta resulta esforçar por fazer da melhor maneira possível o que lhes
quase sempre em injustiça, desordem e insatisfação, ou compete, o Estado resultante da cooperação destes
seja, na imperfeição da sociedade. elementos será o melhor Estado concebível.
JAEGER, W. Paideia: a formação do homem grego. 2ª ed.
São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 556.

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CURSO DE FÉRIAS – FILOSOFIA E SOCIOLOGIA

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Platão, assinale a alternativa correta.
a) A cidade, de origem divina, encontra sua perfeição quando reina o amor verdadeiro entre os homens, base da concórdia
total das classes sociais.
b) A justiça, na cidade ideal, consiste na submissão de todas as classes ao governante que, pela tirania, promove a paz e o
bem comum.
c) A cidade se torna justa quando os indivíduos de classes inferiores, no cumprimento de suas funções, ascendem
socialmente.
d) A justiça, na cidade ideal, manifesta-se na igualdade de todos perante a lei e na cooperação de cada um no exercício de
sua função.
e) Na cidade ideal, a justiça se constitui na posse do que pertence a cada um e na execução do que lhe compete.

3a TEMÁTICA COMPARATIVA

O período entre 476, queda do Império Romano do Ocidente, e 1453, queda do Império Bizantino, é usualmente
chamado de Idade Média. Na Europa Ocidental, o mundo medieval tinha o latim como língua oficial e era fruto da fusão das
culturas bárbara e romana. A Igreja Católica Romana, ao longo do período medieval, construiu sua hegemonia na região.
A Idade Média é geralmente vista como um período de grande intolerância religiosa, associada especialmente à
Inquisição e às Cruzadas. Mas nessa época também surgiram diversos elementos da cultura atual, como as religiões islâmica e
ortodoxa, as línguas modernas, as primeiras universidades, os hospitais, as notas musicais, os bancos, entre outros elementos.
Muitos avanços ocorreram na física, na ótica, na astronomia, na alquimia, na medicina, na anatomia, na agricultura e na
filosofia.
Os pensadores cristãos utilizaram muitos elementos da filosofia greco-romana, especialmente Platão, Aristóteles e os
estoicos.
A filosofia medieval insere-se nesse contexto histórico, podendo ser dividida em dois períodos. No fim do Império
Romano e na Alta Idade Média (séculos V-X), temos o período conhecido como Patrística. Já o pensamento cristão da Baixa
Idade Média (séculos X-XV) é conhecido como Escolástica. Assim como na Patrística, a Escolástica também se ateve ao ideal
de conciliar fé e razão. No entanto, se Santo Agostinho cristianizou as ideias platônicas, na Escolástica, Aristóteles foi o novo
autor utilizado como paradigma.

FILOSOFIA MEDIEVAL
PATRÍSTICA ESCOLÁSTICA
O que é? Foi uma corrente filosófica cristã da época Dominou o pensamento cristão entre os séculos
medieval que surgiu no século IV. XI e XIV. É uma linha dentro da filosofia
Recebe esse nome pois ela foi desenvolvida por medieval, de assentos notadamente cristãos,
diversos padres e teólogos da Igreja, os quais surgida da necessidade de responder às
eram chamados de “Pais da Igreja”. exigências da fé, ensinada pela Igreja,
Tinham como objetivo central compreender a considerada então como a guardiã dos valores
relação entre a fé divina e o racionalismo espirituais e morais de toda a Cristandade.
científico. Ou seja, eles buscavam a A filosofia Escolástica também esteve inspirada
racionalização da fé cristã. na filosofia grega e na religião cristã. Seu
A Patrística foi o primeiro período da filosofia método dialético de unir a fé e a razão tinha
medieval que permaneceu até o século VIII. como intuito o crescimento humano.
Durante sete séculos, a filosofia esteve voltada
para os ensinamentos dos “homens da Igreja”
(teólogos, padres, bispos etc.).
Expoentes São Justino (primeiro filósofo cristão, mártir em São Tomás de Aquino (1227-1274) chamado de
Roma em 167), São Clemente de Alexandria “Príncipe da Escolástica”, é o maior
(150-215) e Santo Agostinho (354-430), a representante dessa escola e seus estudos ficaram
figura mais importante que se valeu da filosofia conhecidos como Tomismo. Ele foi nomeado
idealista de Platão. Doutor da Igreja Católica, em 1567. Inspirado no
realismo aristotélico. Santo Anselmo é outro
grande expoente.

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Influências A lógica e a retórica gregas, assim como nos conceitos formulados por Platão (principalmente sua
dualidade entre mundo material e espiritual), Aristóteles (substância, essência, potência etc.) e pelos
estoicos (sua ética baseada na resignação, na austeridade e no autocontrole), são fundamentais para a
formulação da teologia do período. Nesse sentido, a filosofia cristã pode ser enxergada como uma
síntese entre o judaísmo, o cristianismo e a cultura greco-romana.
Principais temas Os principais temas explorados por eles estavam Através do racionalismo, tentou explicar a
ancorados nas vertentes do maniqueísmo (luta do existência de Deus, do céu e do inferno, bem
bem e do mal), ceticismo e neoplatonismo. São como as relações entre o homem, a razão e a fé.
eles: criação do mundo; ressurreição e encarnação; Às portas do renascimento, Aquino era um fruto
corpo e alma; pecados; livre arbítrio; predestinação do seu tempo. Podia se dar ao luxo de retomar o
divina. pensamento clássico e conciliar, mais uma vez, fé
Focou na disseminação dos dogmas associados e razão, dentro do cristianismo.
ao Cristianismo, por exemplo, defendendo a Embora não falasse em um “tempo de Deus”,
religião cristã e refutando o paganismo. falava em uma “completude de Deus”, algo que
Agostinho desenvolveu a ideia de uma Cidade de significava que todo o sentido da vida estava no
Deus, representando o mundo espiritual, em plano divino. Aos homens, não cabia outro
contraposição ao mundo terreno. Como um sentido de existência, que não a busca da
desdobramento desta ideia, também haveria um felicidade pela graça divina.
“tempo de Deus”, diferente do humano, já que
para ele, o tempo seria infinito no plano divino.
Neste mesmo sentido, Agostinho passou a
redefinir os entendimentos da trindade, do pecado
original e outros pontos sensíveis para os cristãos.

Origem das ideias As ideias ou formas estavam no Espírito de Deus. Acrescenta a noção dos universais em seus
raciocínios. Dizia que Deus é a causa da matéria e
dos universais.
Forma como Santo Agostinho dizia que alma e corpo são De acordo com Santo Tomás, a alma humana —
alma e corpo se distintos, mas não soube explicar como a alma se princípio imaterial, espiritual e vital do corpo —
relacionam no liga ao corpo. foi criada por Deus. Acreditava que a alma
homem (em ambos O corpo devido a sua extensão espacial é incapaz espiritual é agregada ao corpo por ocasião do
a alma é superior de participar direto nas ideias. Ao contrário a nascimento, e continua a existir depois da
ao corpo). alma por sua natureza espiritual, abre as portas morte do corpo, formando, pois, por si mesma,
para as ideias divinas. Por ser mediadora cabe a um novo corpo, um corpo espiritual, por meio do
alma dominar o corpo submetendo-o a si qual atua por toda a eternidade.
mesma, a Deus. Esta união é vista de forma substancial e não
acidental. Resultando da união substancial não é
possível separar os atos da alma dos atos do
corpo. Os atos são do homem, ou seja, de todo o
composto.
Reportam ao Agostinho mostra-se incapaz de decidir entre o Tomás de Aquino, da mesma forma que
“desprezo do mundo e desprezo por ele. A despeito dessa Aristóteles, doutrinava que o homem é
mundo” dúvida, apega-se firmemente à idéia de que a naturalmente um ser político e procura estar em
Igreja, como a encarnação mundana da cidade de sociedade. Este homem deve tributar lealdade à
Deus, deve ter supremacia sobre o Estado. Igreja e a Deus, mas tem, também, que obedecer
ao Estado porquanto este, por sua vez, recebeu o
seu poder da Igreja.
Fé, Razão e Agostinho demonstra claramente sua vocação Tomás consegue, por seu turno, estabelecer o
Revelação filosófica na medida em que, ao lado da fé na perfeito equilíbrio nas relações entre a Fé e a
revelação, deseja ardentemente penetrar e Razão, a teologia e a filosofia, distinguindo-as,
compreender com a razão o conteúdo da mesma. mas não as separando necessariamente. Ambas,
com efeito, podem tratar do mesmo objeto: Deus,
por exemplo. Contudo, a filosofia utiliza as luzes
da razão natural, ao passo que a teologia se
vale das luzes da razão divina manifestada na
revelação.
Obras Confissões; Cidade de Deus; Sobre a Doutrina Suma Teológica; Suma contra os Gentios;
Cristã; Sobre a Trindade. contra os Erros dos Gregos; Comentários sobre
Aristóteles.

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1. (UFU/2010) A filosofia de Agostinho (354 – 430) é 3. (UNCISAL/2012) A filosofia de Santo Agostinho é


estreitamente devedora do platonismo cristão milanês: essencialmente uma fusão das concepções cristãs com o
foi nas traduções de Mário Vitorino que leu os textos de pensamento platônico. Subordinando a razão à fé,
Plotino e de Porfírio, cujo espiritualismo devia Agostinho de Hipona afirma existirem verdades
aproximá-lo do cristianismo. Ouvindo sermões de superiores e inferiores, sendo as primeiras compreendidas
Ambrósio, influenciados por Plotino, que Agostinho a partir da ação de Deus. Como se chama a teoria
venceu suas últimas resistências (de tornar-se cristão). agostiniana que afirma ser a ação de Deus que leva o
homem a atingir as verdades superiores?
PEPIN, Jean. Santo Agostinho e a patrística ocidental.
In: CHÂTELET, François (org.) A Filosofia medieval.
a) Teoria da Predestinação.
Rio de Janeiro Zahar Editores: 1983, p. 77. b) Teoria da Providência.
c) Teoria Dualista.
Apesar de ter sido influenciado pela filosofia de Platão, d) Teoria da Emanação.
por meio dos escritos de Plotino, o pensamento de e) Teoria da Iluminação.
Agostinho apresenta muitas diferenças se comparado ao
pensamento de Platão. 4. (Enem/2015) Ora, em todas as coisas ordenadas a algum
fim, é preciso haver algum dirigente, pelo qual se atinja
Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, uma diretamente o devido fim. Com efeito, um navio, que se
dessas diferenças. move para diversos lados pelo impulso dos ventos
a) Para Agostinho, é possível ao ser humano obter o contrários, não chegaria ao fim de destino, se por
conhecimento verdadeiro, enquanto, para Platão, a indústria do piloto não fosse dirigido ao porto; ora, tem
verdade a respeito do mundo é inacessível ao ser o homem um fim, para o qual se ordenam toda a sua
humano. vida e ação. Acontece, porém, agirem os homens de
b) Para Platão, a verdadeira realidade encontra-se no modos diversos em vista do fim, o que a própria
mundo das Ideias, enquanto para Agostinho não diversidade dos esforços e ações humanas comprova.
existe nenhuma realidade além do mundo natural em Portanto, precisa o homem de um dirigente para o fim.
que vivemos.
AQUINO. T. Do reino ou do governo dos homens: ao rei
c) Para Agostinho, a alma é imortal, enquanto para do Chipre. Escritos políticos de São Tomás de Aquino.
Platão a alma não é imortal, já que é apenas a forma Petrópolis: Vozes, 1995 Adaptado.
do corpo.
d) Para Platão, o conhecimento é, na verdade, No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a monarquia
reminiscência, a alma reconhece as Ideias que ela como o regime de governo capaz de
contemplou antes de nascer; Agostinho diz que o a) refrear os movimentos religiosos contestatórios.
conhecimento é resultado da Iluminação divina, a b) promover a atuação da sociedade civil na vida política.
centelha de Deus que existe em cada um. c) unir a sociedade tendo em vista a realização do bem
comum.
2. (UFF/2010) A importância do filósofo medieval Tomás d) reformar a religião por meio do retorno à tradição
de Aquino reside principalmente em seu esforço de helenística.
valorizar a inteligência humana e sua capacidade de e) dissociar a relação política entre os poderes temporal
alcançar a verdade por meio da razão. Discorrendo sobre e espiritual.
a “possibilidade de descobrir a verdade divina”, ele diz:
5. (Enem/2018) Desde que tenhamos compreendido o
“As verdades que professamos acerca de Deus revestem significado da palavra “Deus”, sabemos, de imediato,
uma dupla modalidade. Com efeito, existem a respeito de que Deus existe. Com efeito, essa palavra designa uma
Deus verdades que ultrapassam totalmente as capacidades coisa de tal ordem que não podemos conceber nada que
da razão humana. Uma delas é, por exemplo, que Deus é lhe seja maior. Ora, o que existe na realidade e no
trino e uno. Ao contrário, existem verdades que podem pensamento é maior do que o que existe apenas no
ser atingidas pela razão: por exemplo, que Deus existe, pensamento. Donde se segue que o objeto designado
que há um só Deus etc. Estas últimas verdades, os pela palavra “Deus”, que existe no pensamento, desde
próprios filósofos as provaram por meio de que se entenda essa palavra, também existe na realidade.
demonstração, guiados pela luz da razão natural”. Por conseguinte, a existência de Deus é evidente.

A partir dessa citação, identifique a opção que melhor AQUINO, Tomás de. Suma teológica.
expressa esse pensamento de Tomás de Aquino. Rio de Janeiro: Loyola, 2002.
a) A Filosofia é capaz de alcançar todas as verdades
acerca de Deus. O texto apresenta uma elaboração teórica de Tomás de
b) O ser humano só alcança o conhecimento graças à Aquino caracterizada por
revelação da verdade que Deus lhe concede. a) reiterar a ortodoxia religiosa contra os heréticos.
c) A fé é o único meio de o ser humano chegar à verdade. b) sustentar racionalmente doutrina alicerçada na fé.
d) Mesmo limitada, a razão humana é capaz de c) explicar as virtudes teologais pela demonstração.
alcançar por seus meios naturais certas verdades. d) flexibilizar a interpretação oficial dos textos sagrados.
e) Deus é um ser absolutamente misterioso e o ser e) justificar pragmaticamente crença livre de dogmas.
humano nada pode conhecer d’Ele.

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4a TEMÁTICA COMPARATIVA

Hobbes, Locke e Rousseau, apesar de defenderem uma sociedade na qual a ordem só é estabelecida a partir de um
contrato social, divergem em diversos pontos ao longo da defesa de suas teses. Por exemplo, apresentam diferentes opiniões ao
estabelecerem uma visão do Estado, divergem a princípio sobre os “direitos naturais do homem”, como a liberdade e o direito à
propriedade privada, assim como a desigualdade e os meios como se desenvolveu o Contrato Social.

PENSADORES CONTRATUALISTAS
THOMAS HOBBES JOHN LOCKE JEAN-JACQUES ROUSSEAU
(Inglês - 1588/1679) (Inglês - 1632/1704) (Suíço - 1712/1778)
Principal O Leviatã (1651) Segundo Tratado sobre o Governo Sobre o Contrato Social (1762)
obra (1689)
Poder Meio para atingir um bem visível É criado pelo homem através de Poder emana do povo. O povo é
para mim. Poder natural (do corpo). suas experiências. soberano, a vontade geral
Poder instrumental (meios para representa o poder de um estado.
melhorar o poder natural).
Estado de Guerra generalizada. Sociedade não regulamentada. Os Somos seres que nascemos livres e
natureza Cada um se autogoverna, e caso se homens vivem um estágio pré- iguais pela condição de razão.
sinta ameaçado pode fazer tudo social e pré-político na mais Nascemos numa condição animal
para eliminar o outro. Não há perfeita igualdade e liberdade. Não por instinto, e vivemos numa
propriedade. é um estado de guerra, mas um condição básica de natureza, até
estado de paz, concórdia e que seja necessário ao homem criar
harmonia. Mas este não está isento instrumentos para alterá-la. Homem
de conflitos. Há propriedades. é piedoso e bom para o outro.
Concepção Razão proíbe o homem de fazer Tábula rasa. Todos os seres humanos nascem
de Natureza tudo que vá destruir sua vida ou Não existem ideias inatas no bons, iguais e independentes.
Humana privá-la dos meios para preservá- homem. Bom selvagem. Indivíduos vivem
la. O homem adquire ideias, isolados, vivendo do que a
“O homem é lobo do próprio conhecimento, através das natureza os fornece, não existem
homem”. experiências vivenciadas. conflitos.
“O homem nasce bom, mas a
sociedade o corrompe”.
Estado civil Fruto do poder individual dos Conservação da propriedade. Cria-se quando a desigualdade se
homens reunidos em assembleia. Poder legislativo é superior aos instala (estado de guerra).
Supera estado de guerra. Assegura outros. Tira a liberdade natural do homem
vida e propriedade. Controle do governo pela sociedade. e seu direito de fazer o que bem
querer, mas o fornece liberdade
civil e propriedade de tudo que
possui.
Contrato Acordo civil. Mesmo o estado de natureza sendo Pela vontade geral, o que é comum
Transferência mútua de direitos. pacífico, não está isento de nos interesses de todos, escolhe-se
conflitos, e este leva os homens ao um governante que não é soberano,
fazerem o contrato. Formado por mas representa a soberania
um corpo político único, visa popular. O povo é soberano.
preservação da propriedade e a
proteção da comunidade
internamente e externamente.

Pacto Reunião em assembleia dando Uma decisão da maioria através de Pacto de Consenso.
poder a um soberano que não uma assembleia sobre o São os elementos comuns a
participa da assembleia. ordenamento político. vontade de todos (vontade geral).
Transferência de poder ao Pacto de Consentimento. Só na lei tenho igualdade.
soberano. A liberdade está na autonomia.
Pacto de Submissão.

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Soberania Advém do povo. Não reside no Estado, mas sim na Poder supremo do povo. Exercício
Legitima o poder do monarca população. da vontade geral. Inalienável e
sobre seus súditos. Embora seja soberano, o estado indivisível.
deve respeitar as leis naturais e Vontade única por consenso em
civis. assembleia.
Propriedade Autonomia para fazer com seus Bem coletivo. Causa maior da desigualdade, porém
bens o que bem entende. Está no próprio homem, no é direito de todo cidadão.
trabalho e ações que executa.
É anterior à sociedade e, portanto,
direito natural do homem.

Direito de O súdito pode desobedecer ao Direito do povo contra a opressão e Qualquer quebra da vontade gera
Resistência soberano, caso este não esteja a tirania do governo (violação da por parte do monarca, dá direito
garantindo a sua vida. propriedade) e de se libertar de insurgência.
uma nação estrangeira.
Cidadania O homem renuncia a seu poder para Somente os que possuem Os indivíduos aceitam perder
fazer o pacto. propriedade privada são cidadãos. liberdade civil e a posse natural par
ganhar a individualidade civil.

Formas de Estado Absolutista Democracia representativa, Democracia direta se o Estado fo


governo oligarquia e monarquia. pequeno, aristocracia e monarquia.
Sobre os Não há divisão. O poder está no rei. Tripartição do poder: Legislativo, Só existe o poder legislativo, qu
poderes do Poder absoluto. Executivo e Federativo. cria as leis.
Estado
Semelhanças Indivíduo anterior à sociedade;
Baseados no Jusnaturalismo;
Introduzem a noção de representação política e legitimidade do poder

1. (Enem/2015) A natureza fez os homens tão iguais, De acordo com Locke, até a mais precária coletividade
quanto às faculdades do corpo e do espírito, que, depende de uma noção de justiça, pois tal noção
embora por vezes se encontre um homem a) identifica indivíduos despreparados para a vida em
manifestamente mais forte de corpo, ou de espírito mais comum.
vivo do que outro, mesmo assim, quando se considera b) contribui com a manutenção da ordem e do
tudo isto em conjunto, a diferença entre um e outro equilíbrio social.
homem não é suficientemente considerável para que um
c) estabelece um conjunto de regras para a formação da
deles possa com base nela reclamar algum benefício a
sociedade.
que outro não possa igualmente aspirar.
d) determina o que é certo ou errado num contexto de
HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Martins Fontes, 2003. interesses conflitantes.
e) representa os interesses da coletividade, expressos
Para Hobbes, antes da constituição da sociedade civil, pela vontade da maioria.
quando dois homens desejavam o mesmo objeto, eles
a) entravam em conflito. 3. (Enem/2016 – 2ª Aplicação)
b) sempre priorizava a paz.
c) consultavam os anciãos. Texto I
d) apelavam aos governantes.
e) exerciam a solidariedade.
Até aqui expus a natureza do homem (cujo orgulho e
2. (Enem/2016 – 2ª Aplicação) A justiça e a conformidade outras paixões o obrigaram a submeter-se ao governo),
ao contrato consistem em algo com que a maioria dos juntamente com o grande poder do seu governante, o
homens parece concordar. Constitui um princípio qual comparei com o Leviatã, tirando essa comparação
julgado estender-se até os esconderijos dos ladrões e às dos dois últimos versículos do capítulo 41 de Jó, onde
confederações dos maiores vilões; até os que se Deus, após ter estabelecido o grande poder do Leviatã,
afastaram a tal ponto da própria humanidade lhe chamou Rei dos Soberbos. Não há nada na Terra,
conservam entre si a fé e as regras da justiça. disse ele, que se lhe possa comparar.

LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. HOBBES, Thomas. O Leviatã. São Paulo:
São Paulo: Nova Cultural, 2000 Adaptado. Martins Fontes, 2003.

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Texto II c) Rousseau adverte que no Estado de Natureza a


liberdade é limitada, tornando-se necessário o dever
Eu asseguro, tranquilamente, que o governo civil é a de subordinação dos homens ao poder político do
solução adequada para as inconveniências do estado de mais forte.
natureza, que devem certamente ser grandes quando os d) Rousseau não admite que no Estado de Natureza o
homens podem ser juízes em causa própria, pois é fácil homem tenha o direito ilimitado sobre todas as
imaginar que um homem tão injusto a ponto de lesar o coisas, mas apenas que a propriedade pertence
irmão dificilmente será justo para condenar a si mesmo coletivamente a todos.
pela mesma ofensa. e) Rousseau busca estabelecer que no Estado Civil o
direito deve preservar a propriedade privada, uma
LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo
civil. Petrópolis: Vozes, 1994.
vez que o Estado de Natureza é formado pela guerra
de todos contra todos.
Thomas Hobbes e John Locke, importantes teóricos
contratualistas, discutiram aspectos ligados à natureza 5. (Enem 2012) O homem natural é tudo para si mesmo; é
humana e ao Estado. Thomas Hobbes, diferentemente de a unidade numérica, o inteiro absoluto, que só se
John Locke, entende o estado de natureza como um(a) relaciona consigo mesmo ou com seu semelhante. O
a) condição de guerra de todos contra todos, miséria homem civil é apenas uma unidade fracionária que se
universal, insegurança e medo da morte violenta. liga ao denominador, e cujo valor está em sua relação
b) organização pré-social e pré-política em que o com o todo, que é o corpo social. As boas instituições
homem nasce com os direitos naturais: vida, sociais são as que melhor sabem desnaturar o homem,
liberdade, igualdade e propriedade. retirar-lhe sua existência absoluta para dar-lhe uma
c) capricho típico da menoridade, que deve ser relativa, e transferir o eu para a unidade comum, de
eliminado pela exigência moral, para que o homem sorte que cada particular não se julgue mais como tal, e
possa constituir o Estado civil. sim como uma parte da unidade, e só seja percebido no
d) situação em que os homens nascem como detentores todo.
de livre-arbítrio, mas são feridos em sua livre
ROUSSEAU, J. J. Emílio ou da Educação.
decisão pelo pecado original. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
e) estado de felicidade, saúde e liberdade que é
destruído pela civilização, que perturba as relações A visão de Rousseau em relação à natureza humana,
sociais e violenta a humanidade. conforme expressa o texto, diz que:
a) o homem civil é formado a partir do desvio de sua
4. (PUC-PR/2014 – Inverno) No pensamento político de própria natureza.
Rousseau, “o verdadeiro fundador da sociedade civil foi b) as instituições sociais formam o homem de acordo
o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se com a sua essência natural.
de dizer: isto é, meu! E, encontrou pessoas suficientemente c) o homem civil é um todo no corpo social, pois as
simples para acreditá-lo. Quantos crimes, guerras, instituições sociais dependem dele.
assassínios, misérias e horrores não pouparia ao gênero d) o homem é forçado a sair da natureza para se tornar
humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo absoluto.
o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: ‘Defendei- e) as instituições sociais expressam a natureza humana,
vos de ouvir esse impostor; estareis perdidos se pois o homem é um ser político.
esquecerdes que os frutos da terra são de todos e que a
terra não pertence a ninguém!’. Grande é a possibilidade,
porém, de que as coisas já então tivessem chegado ao
ponto de não poder mais permanecer como eram, pois 5a TEMÁTICA COMPARATIVA
essa ideia de propriedade, dependendo de muitas ideias
anteriores que só poderiam ter nascido sucessivamente,
não se formou repentinamente no espírito humano”. A parte da Filosofia que se dedica à investigação do
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e conhecimento é chamada de Teoria do Conhecimento ou
os fundamentos da desigualdade entre os homens. Epistemologia. Esta área investiga o conhecimento e suas
2ª ed. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p.2265. relações gerais, seus tipos, possibilidades, origem e
Coleção Os Pensadores.
essência. Um dos principais fundamentos da Epistemologia
é a correlação “sujeito-objeto”, na qual o sujeito pode
A este respeito, assinale a alternativa correta a respeito
da teoria contratualista de Rousseau. conseguir total ou parcialmente o conhecimento, sendo que
a) Rousseau afirma que no Estado de Natureza há este, por sua vez, pode ser real ou ilusório.
liberdade ilimitada, resultando como premissa a O racionalismo é uma corrente de pensamento
inexistência da propriedade privada e do direito de iniciada por René Descartes (1596-1650) que buscava
alguns sobre aquilo que é de todos os homens. entender o mundo e investigar a verdade através do uso
b) Rousseau define que no Estado de Natureza o exclusivo da razão. Acreditava-se, no racionalismo, que a
homem possuía o direito irrevogável sobre a razão fosse capaz de explicar todas as coisas deste mundo e
propriedade constituindo a posse da terra, portanto, também as coisas além deste mundo (como Deus e a alma).
um direito particular.

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Foi um movimento que deu à razão poderes absolutos, desprezando inclusive a experiência, as evidências físicas e os sentidos.
Se algo podia ser explicado racionalmente, de forma lógica, então haveria de ser verdade, mesmo sem comprovação da
experiência. Esta ideia fundamental do racionalismo será fortemente combatida pelo empirismo.
René Descartes inaugurou essa corrente de pensamento ao utilizar um método para investigar a verdade, baseado na
evidência lógica e na investigação rigorosa. Um método semelhante ao que seria posteriormente utilizado pela ciência.
É seu um dos pensamentos mais famosos da filosofia, escrito em seu livro Discurso sobre o Método:
“Sabendo que nossos sentidos com frequência nos enganam, quis imaginar que nada existisse que correspondesse ao
que acreditamos. Mas, enquanto desejava considerar tudo falso, eu era obrigado a pensar que eu, ao pensar, fosse alguma coisa.
Percebi então que a verdade “penso, logo existo” era sólida e verdadeira.”
Assim, fica claro que, para o racionalismo, a razão é o principal meio de investigação filosófica (em detrimento da
experiência empírica). Assim, se algo faz sentido para a razão, mas não tanto para a experiência, vale a conclusão da razão. Os
principais filósofos racionalistas foram: Descartes, Espinosa e Leibniz.
Os filósofos empiristas, por sua vez, acusaram os racionalistas de criar sistemas filosóficos complexos e distanciados da
realidade. Para os empiristas nada existe na mente que não tenha passado pelos sentidos (pelas sensações empíricas).
Nascemos como uma folha de papel em branco onde as sensações imprimem nossa experiência e formam nosso conhecimento,
portanto, só podemos pensar sobre aquilo que nos foi dado pela experiência. Podemos investigar o mundo e o homem, mas
nada além do homem. Portanto, a razão só pode pensar sobre as coisas que foram impressas em nossa mente.
Aquilo que está fora de nossa experiência não pode ser pensado. Para os empiristas o raciocínio de Descartes, que
conclui a existência do “eu”, de Deus e da alma, é considerado um erro, pois são conclusões obtidas sem o apoio dos
sentidos. Enquanto o racionalismo desprezava os sentidos e valorizava a razão, o empirismo valorizava os sentidos e duvidava
da capacidade da razão. Podemos investigar somente o mundo e as coisas que nos são dadas pelos sentidos. Foi o filósofo John
Locke (1632-1704) que criou o conceito de tábula rasa para dizer que nascemos como uma folha de papel em branco e
recebemos a experiência através dos sentidos de forma passiva.
Os principais filósofos empiristas foram John Locke, George Berkeley e David Hume. David Hume (1711 – 1776) é
considerado o mais importante deles, realizou um ataque ao racionalismo em seu livro Investigação sobre o Entendimento
Humano. Foi a obra de David Hume que posteriormente chamou a atenção de Immanuel Kant, que irá criar o grande sistema
filosófico que une empirismo e racionalismo. Tanto o racionalismo como o empirismo são correntes filosóficas que fazem
parte da filosofia moderna (séc. XV ao XIX).

RACIONALISMO EMPIRISMO
Significado Deriva da palavra Ratio que se traduz por razão. Derivada de uma expressão grega “empeiria” que
da palavra pode ser traduzida por experiência.
Definição O racionalismo é uma teoria filosófica que se baseia O empirismo é uma teoria filosófica baseada na
na afirmação de que a razão é a fonte do ideia de que a experiência é a fonte do
conhecimento humano. Desse modo todo conhecimento.
conhecimento (verdadeiro) tem origem racional.
Intuição Acreditam em intuição. Não acreditam.
Princípios-chave Dedução: consiste na aplicação de princípios Indução: a base desse princípio é a de que poucas
concretos para se chegar a conclusões. coisas podem ser conclusivas, sobretudo quando
elas não passam pela experiência sensoriais.

Ideias inatas Os seres humanos nascem com verdades essenciais/ Indivíduos não possuem conhecimentos inatos.
ou “a priori” fundamentais e até mesmo experiências que
trazemos de vidas anteriores.
De onde vem o O conhecimento é baseado no uso da razão e da O conhecimento é baseado na experiência e
conhecimento lógica, trata-se do uso da lógica na determinação de experimentação. Tendo como meio a utilização
uma conclusão, sendo utilizados diversos métodos. dos 5 sentidos
Teóricos Platão, Descartes, Spinoza, Leibniz e Noam Chomsky. Aristóteles, Tomás de Aquino, Francis Bacon,
John Locke, Thomas Hobbes, George Berkeley e
David Hume.

Tipo de ciência Exatas Experimentais


Outras ideias Verdade indubitável; “Penso, logo existo” (Cogito, A mente humana é uma “folha em branco” ou
associadas ergo sum); conhecimento “a priori”. “tábula rasa”; conhecimento “a posteriori”.

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CURSO DE FÉRIAS – FILOSOFIA E SOCIOLOGIA

1. (Enem/2013) Hume estabelece um vínculo entre pensamento e


impressão ao considerar que
Texto I a) os conteúdos das ideias no intelecto têm origem na
sensação.
“Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus b) o espírito é capaz de classificar os dados da
percepção sensível.
primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como
c) as ideias fracas resultam de experiências sensoriais
verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em determinadas pelo acaso.
princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui d) os sentimentos ordenam como os pensamentos
duvidoso e incerto. Era necessário tentar seriamente, devem ser processados na memória.
uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as e) as ideias têm como fonte específica o sentimento
opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo cujos dados são colhidos na empiria.
novamente a fim de estabelecer um saber firme e
inabalável.” 3. (UEL/2011) Leia o texto a seguir.

DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira Filosofia. Justiça e Estado apresentam-se como elementos
São Paulo: Abril Cultural, 1973. Adaptado. indissociáveis na filosofia política hobbesiana. Ao
romper com a concepção de justiça defendida pela
Texto II tradição aristotélico-escolástica. Hobbes propõe uma
nova moralidade relacionada ao poder político e sua
constituição jurídica. O Estado surge pelo pacto para
“É o caráter radical do que se procura que exige a
possibilitar a justiça e, na conformidade com a lei, se
radicalização do próprio processo de busca. Se todo o
sustenta por meio dela. No Leviatã (caps. XIV-XV), a
espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que justiça hobbesiana fundamenta-se, em última instância,
aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada na lei natural concernente à auto conservação, da qual
pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma deriva a segunda lei que impõe a cada um a renúncia de
daquelas que foram anteriormente varridas por essa seu direito a todas as coisas, para garantir a paz e a
mesma dúvida.” defesa de si mesmo. Desta, por sua vez, implica a
terceira lei natural: que os homens cumpram os pactos
SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. que celebrarem. Segundo Hobbes, “onde não há poder
São Paulo: Moderna, 2001. Adaptado. comum não há lei, e onde não há lei não há injustiça. Na
guerra, a força e a fraude são as duas virtudes
A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam cardeais”.
que, para viabilizar a reconstrução radical do
HOBBES, T. Leviatã. Trad. J. Monteiro e M. B. N. da Silva.
conhecimento, deve-se: São Paulo: Nova Cultural, 1997. Coleção
a) retomar o método da tradição para edificar a ciência Os Pensadores, cap. XIII.
com legitimidade.
b) questionar de forma ampla e profunda as antigas Com base no texto e nos conhecimentos sobre o
ideias e concepções. pensamento de Hobbes, é correto afirmar:
c) investigar os conteúdos da consciência dos homens a) A humanidade é capaz, sem que haja um poder
coercitivo que a mantenha submissa, de consentir na
menos esclarecidos.
observância da justiça e das outras leis de natureza a
d) buscar uma via para eliminar da memória saberes partir do pacto constitutivo do Estado.
antigos e ultrapassados. b) A justiça tem sua origem na celebração de pactos de
e) encontrar ideias e pensamentos evidentes que confiança mútua, pelos quais os cidadãos, ao
dispensam ser questionados. renunciarem sua liberdade em prol de todos,
removem o medo de quando se encontravam na
2. (Enem/2015) Todo o poder criativo da mente se reduz a condição natural de guerra.
nada mais do que a faculdade de compor, transpor, c) A justiça é definida como observância das leis
aumentar ou diminuir os materiais que nos fornecem os naturais e, portanto, a injustiça consiste na
sentidos e a experiência. Quando pensamos em uma submissão ao poder coercitivo que obriga igualmente
os homens ao cumprimento dos seus pactos.
montanha de ouro, não fazemos mais do que juntar duas
d) As noções de justiça e de injustiça, como as de bem
ideias consistentes, ouro e montanha, que já e de mal, têm lugar a partir do momento em que os
conhecíamos. Podemos conceber um cavalo virtuoso, homens vivem sob um poder soberano capaz de evitar
porque somos capazes de conceber a virtude a partir de uma condição de guerra generalizada de todos.
nossos próprios sentimentos, e podemos unir a isso a e) A justiça torna-se vital para a manutenção do Estado
figura e a forma de um cavalo, animal que nos é na medida em que as leis que a efetivam sejam
familiar. criadas, por direito natural, pelos súditos com o
HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. objetivo de assegurar solidariamente a paz e a
São Paulo: Abril Cultural, 1995. segurança de todos.

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CURSO DE FÉRIAS – FILOSOFIA E SOCIOLOGIA

4. (UEL) Leia o seguinte texto de Descartes: “[...] considerei em geral o que é necessário a uma proposição para ser
verdadeira e certa, pois, como acabara de encontrar uma proposição que eu sabia sê-lo inteiramente, pensei que devia saber
igualmente em que consiste essa certeza. E, tendo percebido que nada há no “penso, logo existo” que me assegure que digo
a verdade, exceto que vejo muito claramente que, para pensar, é preciso existir, pensei poder tomar por regra geral que as
coisas que concebemos clara e distintamente são todas verdadeiras”.

DESCARTES, R. Discurso do método. Tradução de Elza Moreira Marcelina. Brasília:


Editora da Universidade de Brasília; São Paulo: Ática, 1989. p. 57.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento cartesiano, é correto afirmar:
a) Para Descartes, a proposição “penso, logo existo” não pode ser considerada como uma proposição indubitavelmente
verdadeira.
b) Embora seja verdadeira, a proposição “penso, logo existo” é uma tautologia inútil no contexto da filosofia cartesiana.
c) Tomando como base a proposição “penso, logo existo”, Descartes conclui que o que é necessário para que uma
proposição qualquer seja verdadeira é que ela enuncie algo que possa ser concebido clara e distintamente.
d) Descartes é um filósofo cético, uma vez que afirma que não é possível se ter certeza sobre a verdade de qualquer
proposição.
e) Tomando como exemplo a proposição “penso, logo existo”, Descartes conclui que uma proposição qualquer só pode
ser considerada como verdadeira se ela tiver sido provada com base na experiência.

5. (Enem/2013) Os produtos e seu consumo constituem a meta declarada do empreendimento tecnológico. Essa meta foi
proposta pela primeira vez no início da Modernidade, como expectativa de que o homem poderia dominar a natureza. No
entanto, essa expectativa, convertida em programa anunciado por pensadores como Descartes e Bacon e impulsionado pelo
Iluminismo, não surgiu “de um prazer de poder”, “de um mero imperialismo humano”, mas da aspiração de libertar o
homem e de enriquecer sua vida, física e culturalmente.

CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques, Scientiae Studia. São Paulo, v. 2, n. 4, 2004 Adaptado.

Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes e Bacon, e o projeto iluminista concebem a ciência como uma forma
de saber que almeja libertar o homem das intempéries da natureza. Nesse contexto, a investigação científica consiste em
a) expor a essência da verdade e resolver definitivamente as disputas teóricas ainda existentes.
b) oferecer a última palavra acerca das coisas que existem e ocupar o lugar que outrora foi da filosofia.
c) ser a expressão da razão e servir de modelo para outras áreas do saber que almejam o progresso.
d) explicitar as leis gerais que permitem interpretar a natureza e eliminar os discursos éticos e religiosos.
e) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos naturais e impor limites aos debates acadêmicos.

6a TEMÁTICA COMPARATIVA

A diferença entre ética e moral é que a moral se refere ao conjunto de normas e princípios que se baseiam na cultura e
nos costumes de determinado grupo social, já a ética é o estudo e reflexão sobre a moral, que nos diz como viver em sociedade.

AXIOLOGIA OU TEORIA DOS VALORES


ÉTICA MORAL
(Princípios Éticos) (Código de Conduta)
Definição A ética é o estudo e a reflexão sobre a moral, das A moral se refere às regras de conduta que são
regras de conduta aplicadas a alguma organização aplicados à determinado grupo, em determinada
ou sociedade. É Teoria. É princípio. É reflexão. cultura. Prática. É conduta. É ação.

De onde vem Individual. Sistema social, coletividade.


Porque Porque acreditamos que algo é bom ou mal. Porque a sociedade nos diz que é o certo ou errado.
seguimos
Flexibilidade A ética é normalmente consistente, embora pode A moral tende a ser consistente dentro de um
mudar caso as crenças de um indivíduo mudem ou determinado contexto, sendo aplicado da mesma
dependendo de determinada situação. forma a todos. Porém, ela pode variar de acordo
com cada cultura ou grupo.

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Exceções Uma pessoa poderá ir contra sua ética para se Uma pessoa que segue rigorosamente os princípios
ajustar a um determinado princípio moral, como por morais de uma sociedade pode não ter nenhuma
exemplo, o código de conduta de sua profissão. ética. Da mesma forma, para manter sua integridade
ética, ele pode violar os princípios morais dentro de
um determinado sistema de regras.
Significado Ética vem da palavra grega “ethos” que significa Tem origem na palavra latina “Morales” que
conduta, modo de ser. significa costume.
Origem Universal. Cultural.

Tempo Permanente. Temporal.

Uso Teórico. Prático.


Exemplo João teve uma atitude antiética ao furar a fila do No Brasil é imoral ter mais de uma esposa,
banco. enquanto em alguns países como a Nigéria é
moralmente aceito.
AÉTICO = Ausência de ética. AMORAL = Ausência de moral.
ANTIÉTICO = Contrário a ética. IMORAL = Contrário a moral.

1. (ENEM/2010) A ética precisa ser compreendida como 2. (ENEM/2016 - Segunda Aplicação)


um empreendimento coletivo a ser constantemente
retomado e rediscutido, porque é produto da relação ARREPENDIMENTOS TERMINAIS
interpessoal e social. A ética supõe ainda que cada
Em Antes de partir, uma cuidadora especializada
grupo social se organize sentindo-se responsável por em doentes terminais fala do que eles mais se
todos e que crie condições para o exercício de um arrependem na hora de morrer. “Não deveria ter
pensar e agir autônomos. A relação entre ética e política trabalhado tanto”, diz um dos pacientes. “Desejaria ter
é também uma questão de educação e luta pela ficado em contato com meus amigos”, lembra outro.
soberania dos povos. É necessária uma ética renovada, “Desejaria ter coragem de expressar meus
que se construa a partir da natureza dos valores sociais sentimentos.” “Não deveria ter levado a vida
baseando-me no que esperavam de mim”, diz um
para organizar também uma nova prática política.
terceiro. Há cem anos ou cinquenta, quem sabe, sem
dúvida seriam outros os arrependimentos terminais.
CORDI et al. Para filosofar. São Paulo:
“Gostaria de ter sido mais útil à minha pátria.” “Deveria
Scipione, 2007. Adaptado.
ter sido mais obediente a Deus.” “Gostaria de ter
deixado mais patrimônio aos meus descendentes.”
O século XX teve de repensar a ética para enfrentar
novos problemas oriundos de diferentes crises sociais, COELHO, M. Folha de São Paulo, 2 jan. 2013.
conflitos ideológicos e contradições da realidade. Sobre
O texto compara hipoteticamente dois padrões morais
esse enfoque e a partir do texto, a ética pode ser
que divergem por se basearem respectivamente em
compreendida como a) satisfação pessoal e valores tradicionais.
a) instrumento de garantia da cidadania, porque através b) relativismo cultural e postura ecumênica.
dela os cidadãos passam a pensar e a agir de acordo c) tranquilidade espiritual e costumes liberais.
com os valores coletivos. d) realização profissional e culto à personalidade.
b) mecanismo de criação de direitos humanos, porque é e) engajamento político e princípios nacionalistas.
da natureza do homem ser ético e virtuoso.
c) meio para resolver conflitos sociais no cenário da 3. (UNESP/2014)
globalização, pois a partir do entendimento do que é A condenação à violência pode ser estendida à ação dos
efetivamente a ética, a política internacional se militantes em prol dos direitos animais que depredaram
realiza. os laboratórios do Instituto Royal, em São Roque. A nota
emocional é difícil de contornar: 178 cães da raça beagle,
d) parâmetro para assegurar o exercício político usados em testes de medicamentos, foram retirados do
primando pelos interesses e ação privada dos local. De um lado, por mais que seja minimizado e
cidadãos. controlado, há o sofrimento dos bichos. Do outro lado,
e) aceitação de valores universais implícitos numa está nosso bem maior: nas atuais condições, não há como
sociedade que busca dimensionar a sua vinculação a dispensar testes com animais para o desenvolvimento de
outras sociedades. drogas e medicamentos que salvarão vidas humanas.
Direitos animais. Veja, 25.10.2013.

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Sob o ponto de vista filosófico, os valores éticos envolvidos no fato relatado envolvem problemas essencialmente
relacionados:
a) à legitimidade do domínio da natureza pelo homem.
b) a diferentes concepções de natureza religiosa.
c) a disputas políticas de natureza partidária.
d) à instituição liberal da propriedade privada.
e) aos interesses econômicos da indústria farmacêutica.

4. (ENEM PPL/2010)

“A ética exige um governo que defenda a igualdade entre os cidadãos, a qual constitui a base da pátria. Sem ela, muitos
indivíduos não se sentem em casa, mas vivem como estrangeiros em seu próprio lugar de nascimento.”

SILVA, R. R. Ética, defesa nacional, cooperação dos povos. In: OLIVEIRA, E. R (Org.).Segurança &
Defesa Nacional: da competição à cooperação regional. São Paulo: Fundação
Memorial da América Latina, 2007. Adaptado.

Os pressupostos éticos são essenciais para a estruturação política e a integração de indivíduos em uma sociedade. Segundo
o texto, a ética corresponde a:
a) valores e costumes partilhados pela maioria da sociedade.
b) preceitos normativos impostos pela coação das leis .
c) normas próprias determinadas pelo governo de um país.
d) transferência dos valores familiares para a esfera social.
e) proibição da interferência de estrangeiros na pátria de cada um.

5. (UEL 2005)

“A busca da ética é a busca de um ‘fim’, a saber, o do homem. E o empreendimento humano como um todo, envolve a
busca de um ‘fim’: ‘Toda arte e todo método, assim como toda ação e escolha, parece tender para um certo bem; por isto se
tem dito, com acerto, que o bem é aquilo para que todas as coisas tendem’. Nesse passo inicial de a Ética a Nicômaco está
delineado o pensamento fundamental da Ética. Toda atividade possui seu fim, ou em si mesma, ou em outra coisa, e o valor
de cada atividade deriva da sua proximidade ou distância em relação ao seu próprio fim”.

PAIXÃO, Márcio Petrocelli. O problema da felicidade em Aristóteles: a passagem da ética à dianoética


aristotélica no problema da felicidade. Rio de Janeiro: Pós-Moderno, 2002. p. 33-34.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a ética em Aristóteles, considere as afirmativas a seguir.
I. O “fim” último da ação humana consiste na felicidade alcançada mediante a aquisição de honrarias oriundas da vida
política;
II. A ética é o estudo relativo à excelência ou à virtude própria do homem, isto é, do “fim” da vida humana;
III. Todas as coisas têm uma tendência para realizar algo, e nessa tendência encontramos seu valor, sua virtude, que é o
“fim” de cada coisa;
IV. Uma ação virtuosa é aquela que está em acordo com o dever, independentemente dos seus “fins”.

Estão corretas apenas as afirmativas:


a) I e IV.
b) II e III.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) I, II e IV.

7a TEMÁTICA COMPARATIVA

As contribuições de Marx, Weber e Durkheim influenciaram profundamente a consolidação do pensamento sociológico


na Europa e no mundo. Por isso, muitos os chamam de “três clássicos da sociologia”. Um tema sobre o qual os três autores
escreveram foi o trabalho e as relações que o envolvem.
Embora Durkheim fosse de origem francesa e Marx e Weber de origem alemã, estes três pensadores foram
influenciados pela Revolução Industrial e pela Revolução Francesa, marcos de um novo modo de vida no ocidente. Esta
influência irá marcar a escolha do trabalho como objeto científico de seus estudos.

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Aqui você poderá relembrar como Marx, Weber e Durkheim abordaram as questões relativas ao trabalho e qual a
importância de suas análises para o mundo do trabalho hoje.

PENSAMENTO SOCIOLÓGICO CLÁSSICO

ÉMILE DURKHEIM MAX WEBER KARL MARX

Corrente
Positivismo Teoria Compreensiva/ Hermenêutica Teoria Crítica/ Marxismo
Teórica

Principais
Comte e Montesquieu Kant e Nietzsche Hegel e Ludwing Feuerbach
Influências
Usa o Método Comparativo, pois, para O Método Compreensivo consiste em Marx usa o método do Materialismo
ele, a sociologia deve trabalhar com entender o sentido existente por trás Histórico-Dialético pois para ele as leis
Metodologia um método apurado, possível de se das ações do indivíduo, e o que o da dialética são as leis do mundo real,
ver, descrever e classificar que deve motivou àquela ação. e se encontra em todo o processo
ser, portanto, empírico. histórico da humanidade.

A Terceira República Francesa. Noções Alemanha bismarkiana. Expansão da Apogeu do capitalismo na Inglaterra e
iniciais sobre o Estado protecionista. social – democracia alemã. Primeiras superação de sua primeira crise.
Equilíbrio e interdependência de novas análises sobre a expansão do As primeiras relações de conflito entre
instituições sociais. As corporações capitalismo monopolista e da o patronato e o operariado observadas
Contexto de podem equilibrar as relações entre burocracia nas indústrias e no Estado. nas indústrias têxteis da Inglaterra e a
vida patronato e operariado: a classe operária Romantismo alemão é pessimista miséria dos operários londrinos.
não caracteriza uma ameaça. Belle quanto ao futuro da sociedade A constituição de novas classes
Époque. Apogeu da sociedade liberal: industrial. sociais, novos estratos sociais
otimismo; democracia, liberalismo, definidos a partir do capitalismo, com
sindicalismo e anarquismo. características nítidas.

Para ele, ao invés de estudar as pessoas, Para Weber, são as ações dos Segundo ele, existem duas classes:
deve-se estudar os fatos sociais. indivíduos que constroem a sociedade, a das pessoas que detém os meios de
A ordem social e a sua coesão, com portanto, seu objeto de estudo é a ação produção e o proletariado que só detém
destaque para o processo de adensamento social, que é a análise do sentido que seu corpo para trabalho. Essas classes
das estruturas sociais e a consequente as pessoas dão à sua ação. vivem em conflito, e é esse seu objeto
especialização crescente e constante de estudo, a luta das classes sociais.
interdependência das partes. O fato Os processos histórico-sociais, analisado As relações socioeconômicas, que
social seria toda a maneira de agir, fixa tanto por meio da compreensão do expressam contradições, antagonismos
ou não, suscetível de exercer sobre o sentido subjetivo que rege as formas e conflitos inerentes a elas. Marx
indivíduo uma coerção exterior, ou seja, regulares de ação social de um dado concebia a modernidade capitalista
que seria geral na extensão de uma processo como também as respectivas como um fenômeno dinâmico
sociedade, apresentando uma existência condições socioestruturais. demarcado por avanços (por exemplo, a
própria, independentemente das Foco nos processos de racionalização individuação, a produtividade, o
manifestações individuais que possa das esferas da vida no Ocidente e na desenvolvimento, a expansão dos
Foco da
assumir. origem e no desenvolvimento do mercados e a globalização) e por
análise e
Os fatos sociais só podem ser explicados capitalismo moderno. contradições e conflitos (por exemplo,
objetos de
por meio dos efeitos sociais que produzam Ação social é toda ação cujo sentido a alienação, a exploração, a
investigação
para a sociedade, ou seja, em suas formas para quem a realiza leva em desigualdade, o imperialismo) que
concretas. consideração a conduta de outros – a resultam nas transformações sociais.
Caracterizam-se por tendências atuantes ação dotada de sentido se diferencia do Essa dinâmica entre avanços e percalços
sobre a sociedade, por exemplo, a comportamento reativo e instintivo. constitui a gênese do movimento histórico.
individuação e o reconhecimento de As esferas sociais (política, econômica, Explicar a realidade social por meio
papéis sociais e diferenças. religiosas etc.), as relações sociais das contradições estabelecidas pelas
Analisou a coesão social, a divisão do (de dominação e autoridade, competição desigualdades de poder entre as classes.
trabalho social, a religião, a Igreja, e cooperação etc.) e as organizações e Em cada sociedade, seria possível
o Estado, os sindicatos, a família, instituições (Estado, partidos, empresas, identificar muitas classes que detêm
o Direito, a Educação, a Moral, o suicídio. burocracia, igrejas e seitas etc.) podem desigualmente meios de produção e
ser decompostas e analisadas pelos poder político.
tipos regulares de ação social das quais
são formadas.

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Concepção da Anterioridade do social sobre o A sociedade é marcada pela diversidade Sociedade definida a partir das
relação individual (a sociedade permanece cultural, portanto a realidade social relações de produção, que constituem a
sociedade e para além da vida e da morte do deve ser entendida como um conjunto base econômica da sociedade.
indivíduo indivíduo). A sociedade é uma de possibilidades históricas. A sociedade A sociedade é uma realidade histórica
realidade suigeneris, com aspectos moderna ocidental é produto de um evidente, sujeita às determinações das
próprios. processo histórico difuso, porém condições econômicas. Essa realidade
Os indivíduos estão submetidos à persistente e de longa duração: a histórica é um todo complexo de
sociedade, pois é a sociedade que racionalização das esferas da vida. Tal relações que estão em constante
permite a emergência do indivíduo processo pode ser definido como a movimento dialético. As transformações
como individualidade (processo de organização das condutas individuais, da sociedade ocorrem em função das
individuação). A realidade psíquica nas diferentes esferas sociais, por meio contradições, dos antagonismos e
não se confunde com a realidade de normas, princípios e regras conflitos entre classes sociais. As classes
social. Os princípios que regem a impessoais e formais. A racionalização dominantes ocupam posições elevadas
sociedade e a ação humana são denota, portanto, o processo no qual as na estratificação social em função do
proporcionados por valores, normas e organizações e relações sociais são seu poder econômico. A melhor
regras que tiveram sua origem na estruturadas por tipos de ações sociais posição social garante acesso
própria sociedade e nas representações racionais em detrimento das formas privilegiado à riqueza socialmente
sociais, que são interiorizadas pelos tradicionais e afetivas e, no Ocidente produzida, bem como acesso ao poder
indivíduos (socialização). O progresso capitalista, o predomínio da racionalidade político do Estado, o que favorece
da divisão do trabalho social torna formal sobre a substantiva. Há uma políticas que sejam favoráveis aos
complexa a estrutura social promovendo relação de mútua causalidade entre o interesses da classe dominante. Marx
a especialização e pluralização das sentido subjetivo das ações individuais desenvolveu uma concepção
instituições sociais (costumes, normas, e as organizações, relações e instituições materialista da História, afirmando que
políticas, econômicas, científicas, sociais, sendo por meio dessa relação o modo pelo qual a produção material
jurídicas etc.) permitindo também aos de mútua causalidade ou determinação de uma sociedade é realizada
indivíduos maior espaço para individuação que moldam os processos de constituiria o fator determinante da
por meio da especialização e trânsito racionalização em diferentes esferas e organização política e das
pelas diferentes identidades e papéis diferentes períodos históricos. Portanto, representações intelectuais de uma
sociais (sacerdote/fiel, curandeiro, filósofo, o processo de racionalização não tem época. No modo de produção capitalista,
operário, médico, cientista, intelectual origem ou é causado por um evento o conflito entre as classes expressa a
etc.). Assim, a sociedade, por meio do ou fator específico de um período da contradição entre capital e trabalho.
progresso da divisão do trabalho História e, sim, manifesta-se em Esse conflito entre os trabalhadores
social, deixa de estar organizada em diferentes momentos e em diferentes (proletários) e os empresários
uma estrutura homogênea para estar esferas da vida (economia, política, (burgueses) surge em decorrência do
organizada numa estrutura heterogênea, religião etc.) e o modo como se agravamento das desigualdades entre a
cujas partes são interdependentes e manifesta é determinado pela relação massa de trabalhadores, detentora de
cumprem “funções”. de mútua influência entre formas de uma pequena parte do excedente da
ação social, de um lado, e organizações, produção, e os capitalistas, que detêm a
O espaço para individuação é,
relações e instituições sociais, de outro. maior parte do excedente. A marcha das
portanto, diretamente proporcional ao
A sociedade moderna ocidental tem sociedades para o comunismo
desenvolvimento da divisão do trabalho
suas raízes exemplo, a racionalização (Teleologia) é um processo humano
social, sendo esta última determinada
do conhecimento com o nascimento da decorrente das contradições produzidas
pelo adensamento material (crescimento
Filosofia na Grécia Antiga, a pelo desenvolvimento das forças
demográfico) e moral (crescimento das
racionalização das Leis com o Direito produtivas (tecnologia) conjugadas
formas de relação social) das sociedades.
Escrito Romano, a racionalização das com o desenvolvimento das relações
A sociedade e a consciência coletiva
trocas econômicas com a emergência de produção (relações sociais), ou seja,
são entidades morais, antes mesmo de
do dinheiro e do sistema de preços, são as ações humanas que constituem o
possuírem uma existência tangível.
entre outros. processo histórico, mas o indivíduo em
Essa preponderância da sociedade sobre
si não toma conhecimento desse
o indivíduo deve permitir a sua
processo.
realização individual, quando
integrado à estrutura social.

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CURSO DE FÉRIAS – FILOSOFIA E SOCIOLOGIA

Émile Durkheim Karl Marx Max Weber


Eixo da Integração Social. Luta de classes. Racionalidade
discussão

Método de Comparativo/Explicativo – Positivismo. Materialismo Histórico Dialético. Compreensivo


análise

Objeto Fato Social: exterior, coercitivo e geral – deve ser Classes sociais: burguesia e proletariado – Ação Social (Afetiva, tradicional, racional
tratado como coisa. relação de interdependência e confito. com relação a fins com relação a valores
Perspectiva Neutra – Objetividade e distanciamento do Não neutra: a razão deve ser o instrumento Objetiva: deve compreender o sentido da
de Ciência pesquisador / Estabelecimento de leis gerais. de construção de uma sociedade mais justa. ação social, com base em procedimentos
rigorosos, sem julgá-la.

Postura Parte da sociedade para os indivíduos: coletivismo Parte da Sociedade, a partir das classes Parte dos indivíduos para a sociedade:
metodológica metodológico. sociais: coletivismo metodológico. individualismo metodológico

Análise da Perspectiva moral. Perspectiva do conflito e da contradição Perspectiva do processo de racionalização


Sociedade

Mudança cultural: presença da


Mudança nos tipos de solidariedade Desenvolvimento das forças produtivas
racionalidade

Comunidades primitivas: propriedade Capitalismo: união do desejo do lucro e da


MECÂNICA ORGÂNICA
coletiva, inexistência de classes e disciplina racional.
Predomínio da Predomínio da consciência exploração.
consciência coletiva individual Ação racional com relação a fins
Escravismo: propriedade privada,
Mudança predominante.
Solidariedade pela Solidariedade pelas presença de classes (senhores e escravos)
Social
semelhança diferenças e exploração.
Presença da burocracia: oficio separado da
Menor divisão do trabalho Maior divisão do trabalho Feudalismo: propriedade privada, vida familiar.
classes (senhores e servos) e exploração.
Direito repressivo Direito restitutório Capitalismo: propriedade privada, Desencantamento do mundo: condição do
classes (burguesia e proletariado), advento do capitalismo racional.
Menor risco de Maior risco de
alienação, exploração.
desintegração social desintegração social

Estado Autoridade Moral Comitê da Burguesia Instância legítima do uso da força

Instituições Sociais: família, Estado – Produção de Modo de produção: forças produtivas e Tipo Ideal: instrumento metodológico
normas sociais Anomia: Deficiência moral – ausência relaçoes sociais de produção Relação Social: conduta plural
de regras Ideologia: consciência falsa da realidade Estratificação social: classe, partido
Corpo Social: composto por um conjunto de Relação estrutura e superestrutura: a infra- e estamento.
organismos sociais. As instituições sociais seriam -estrutura condiciona a superestrutura Poder: imposição da vontade mesmo
Principais esses organismos, que teriam funções específicas Mais-valia: a quantidade de trabalho não contra a resistência.
conceitos e Tipos de suicídio: altruísta, anômico e egoísta paga ao trabalhador classe em si: Dominação: tradicional – baseada nos
perspectivas indivíduos na mesma posição (não costumes e tradição.
compõem unidade). Carismática – baseada no carisma pessoal
Classe para si: classe com consciência / Racional legal – baseada nas regras
política. impessoais.

1. (ENEM/2015) A crescente intelectualização e racionalização não indicam um conhecimento maior e geral das condições
sob as quais vivemos. Significa a crença em que, se quiséssemos, poderíamos ter esse conhecimento a qualquer momento.
Não há forças misteriosas incalculáveis; podemos dominar todas as coisas pelo cálculo.
Tal como apresentada no texto, a proposição de Max Weber a respeito do processo de desencantamento do mundo
evidencia o(a)
a) progresso civilizatório como decorrência da expansão do industrialismo.
b) extinção do pensamento mítico como um desdobramento do capitalismo.
c) emancipação como consequência do processo de racionalização da vida.
d) afastamento de crenças tradicionais como uma característica da modernidade.
e) fim do monoteísmo como condição para a consolidação da ciência.

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CURSO DE FÉRIAS – FILOSOFIA E SOCIOLOGIA

2. (Unioeste/2013) A Sociologia de Max Weber é 4. Na produção social que os homens realizam, eles
considerada uma ciência compreensiva e explicativa. entram em determinadas relações indispensáveis e
Na sua concepção, compete ao sociólogo compreender e independentes de sua vontade; tais relações de produção
interpretar a ação dos indivíduos, assim como os valores correspondem a um estágio definido de
pelos quais os indivíduos compreendem suas próprias desenvolvimento das suas forças materiais de produção.
intenções pela introspecção ou pela interpretação da A totalidade dessas relações constitui a estrutura
conduta de outros indivíduos. Sobre a sociologia econômica da sociedade — fundamento real, sobre o
compreensiva de Max Weber, é correto afirmar que: qual se erguem as superestruturas política e jurídica, e
a) segundo o método da sociologia compreensiva de ao qual correspondem determinadas formas de
consciência social.
Max Weber, há uma ênfase metodológica sobre a
sociedade como a unidade inicial da explicação para MARX, K. Prefácio à Crítica da economia política.
se chegar a significados objetivos de ação social. In: MARX, K.; ENGELS, F. Textos 3. São Paulo:
Edições Sociais, 1977 Adaptado.
b) na sociologia compreensiva de Max Weber, a
primeira tarefa da sociologia é reformar a sociedade
Para o autor, a relação entre economia e política
ou gerar algum tipo de teoria revolucionária. Weber
estabelecida no sistema capitalista faz com que
herda efetivamente um ponto de vista sociológico
a) o proletariado seja contemplado pelo processo de
compreensivo imputado à escola marxista. mais-valia.
c) para Max Weber, a sociologia está voltada b) o trabalho se constitua como o fundamento real da
unicamente para a compreensão dos fenômenos produção material.
sociais. Na sociologia compreensiva, o homem não c) a consolidação das forças produtivas seja compatível
consegue compreender as intenções dos outros em com o progresso humano.
termos de suas intenções professadas. d) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao
d) no método compreensivo de Weber, os fenômenos desenvolvimento econômico.
sociais são considerados como a simples expressão e) a burguesia revolucione o processo social de
de causas exteriores que se impõem aos indivíduos. formação da consciência de classe.
Weber define a sociologia compreensiva em termos
de fatos sociais e não em termos de atividade ou 5. Segundo Émile Durkheim “[...] constitui uma lei da
ação. história que a solidariedade mecânica, a qual a princípio
e) Max Weber entende por sociologia compreensiva é quase única, perca terreno progressivamente e que a
uma ciência que se propõe a compreender a solidariedade orgânica, pouco a pouco, se torne
atividade social e, deste modo, explicar causalmente preponderante”.
seu desenrolar e seus efeitos. Para explicar o mundo DURKHEIM, É. A Divisão Social do Trabalho, In Os Pensadores.
social, importa compreender também a ação dos Tradução de Carlos A. B. de Moura. São Paulo:
seres humanos do ponto de vista do sentido e dos Abril Cultural, 1977, p. 67.
valores.
Por esta lei, segundo o autor, nas sociedades simples,
organizadas em hordas e clãs, prevalece a solidariedade
3. (Unioeste/2013) Karl Marx (1818 – 1883), Émile
por semelhança, também chamada de solidariedade
Durkheim (1858 – 1917) e Max Weber (1864 – 1920), mecânica. Nas organizações sociais mais complexas,
teóricos da Sociologia, chegam a conclusões distintas prevalece a solidariedade orgânica, que é aquela que
em suas análises e reflexões sobre as funções das resulta do aprofundamento da especialização profissional.
religiões nas sociedades. Com base na visão desses
sociólogos, assinale a alternativa correta. De acordo com a teoria de Durkheim, é correto afirmar
a) Para Max Weber as concepções religiosas são que:
fatores irrelevantes da conduta econômica. a) As sociedades tendem a evoluir da solidariedade
b) Segundo a teoria de Weber, a religião é uma das orgânica para a solidariedade mecânica, em função
fontes causadoras do status quo, impedindo que da multiplicação dos clãs.
mudanças sociais ocorram na sociedade. b) Na situação em que prevalece a solidariedade
c) Para Durkheim, a religião teria a função de mecânica, as sociedades não evoluem para a
fortalecer os laços de coesão social, e contribuir para solidariedade orgânica.
a solidariedade dos membros do grupo. c) As sociedades tendem a evoluir da solidariedade
d) Para Karl Marx a religião teria a função de chamar a mecânica para a solidariedade orgânica, em função
atenção para a alienação e sujeição do indivíduo na da intensificação da divisão do trabalho.
sociedade, levando-o a lutar contra as contradições d) Na situação em que prevalece a divisão social do
sociais. trabalho, as sociedades não desenvolvem formas de
solidariedade.
e) Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber afirmam
e) Na situação em que prevalecem clãs e hordas, as
que com o desenvolvimento das sociedades industriais
sociedades não desenvolvem formas de solidariedade
a religião tenderia a ganhar mais espaço entre as
e, por isso, tendem a desaparecer progressivamente.
instituições sociais.

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8a TEMÁTICA COMPARATIVA

TOTALITARISMO X AUTORITARISMO

Totalitarismo é um regime político baseado na extensão do poder do Estado a todos os níveis e aspectos da sociedade,
o que é chamado por muitos autores de “Estado Total” ou “Estado Máximo”.
Geralmente é resultado da incorporação do Estado por um Partido (único e centralizador) ou da extensão natural das
instituições estatais. É um fenômeno resultante de extremismos ideológicos e de uma paralela desintegração da sociedade civil
organizada. A distinção entre totalitarismo de direita (Nazismo, Neoliberalismo Supremacista, etc...) e de esquerda
(Estalinismo, Castrismo, Chavismo, etc...) é insuficiente para compreender suas particularidades, funcionamento e aspirações
enquanto regime político que teve seu espaço na modernidade.
O totalitarismo surgiu na 'sociedade de massas', não existindo enquanto tal antes do século XX. São paradigmas na
história os regimes totalitários os governos de Adolf Hitler e Josef Stalin, respectivamente na Alemanha e na União Soviética.
São características dos regimes totalitários de ambos os extremos do espectro ideológico:

Totalitarismo de esquerda Totalitarismo de direita


• Abolição da propriedade privada; • Forte apoio da burguesia industrial;
• Coletivização obrigatória dos meios de • Corporativismo nas relações de trabalho e
Características tutela estatal sobre as organizações sindicais
divergentes produção agrícola e industrial;
• Supressão da religião. • Fundamentação ideológica em valores
tradicionais (étnicos, culturais, religiosos).

• Regime de partido único (e um partido de massas);


• Centralização dos processos de tomada de decisão no núcleo dirigente do Partido;
• Burocratização do aparelho estatal;
• Intensa repressão a dissidentes políticos e ideológicos;
• Culto à personalidade do(s) líder(es) do Partido e do Estado;
Características • Patriotismo, ufanismo e chauvinismo (patriotismo) exacerbados;
comuns • Intensa presença de propaganda estatal e incentivo ao patriotismo como forma de organização dos
trabalhadores;
• Censura aos meios de comunicação e expressão;
• Paranoia social e patrulha ideológica;
• Militarização da sociedade e dos quadros do Partido;
• Expansionismo.

O autoritarismo é normalmente associado à dominação Os regimes políticos conhecidos como ditaduras militares
pelo militarismo, aparecendo como uma organização de durante a história da humanidade foram modelos de
estrutura hierárquica, assumindo diversas formas. autoritarismo estrito, uma vez que instauraram estados de
Os regimes autoritários sempre coincidem com a exceção, que se impuseram pela força das armas e por elas
figura do estado de exceção, este é diametralmente oposto foram mantidos. No decorrer do século XX, o autoritarismo
ao estado de direito. O autoritarismo apesar da relação com foi estudado por diversas escolas de todas as partes do planeta.
o militarismo, nem sempre caminha junto ao estado O autoritarismo possui as seguintes características
militarista, mas para se manter no poder precisa daqueles para se manter no poder:
que são os representantes das forças armadas nacionais. • Exclusividade do exercício do poder.
Criando por vezes muitas relações incestuosas entre os
• Arbitrariedades.
militares, os políticos e os detentores do poder econômico.
• Enfraquecimento dos vínculos jurídicos do poder político.
O sistema autoritário necessariamente não precisa ser
originário de um sistema econômico que supervaloriza o • Alteração da legislação institucional criando regras para a
chamado complexo industrial-militar, podendo ser financiado auto manutenção do poder.
e tutelado pelo poder militar alienígena de nações estrangeiras • Restrição substancial das liberdades públicas e individuais.
e dominadoras da economia de uma determinada região. • Impulsividade nas decisões.

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• Agressividade à oposição. b) O fascismo não é um fenômeno histórico ligado ao


• Controle do pensamento. passado, ele se insere na política contemporânea
atual sob outras formas de atuação.
• Censura às opiniões.
c) O fascismo não pode ser tratado sem qualquer
• Cerceamento das liberdades individuais. relação com a política contemporânea, já que hoje
• Cerceamento das liberdades de movimentação. sabemos sua prática e suas consequências.
• Emprego de métodos ditatoriais e compulsórios de controle d) O fascismo, conforme os historiadores, é um
político e social. fenômeno que não poder ser escrito, já que se
circunscreve na história contemporânea como
passado e presente.
1. (Enem/2009) Os regimes totalitários da primeira metade
do século XX apoiaram-se fortemente na mobilização
3. Adolf Hitler foi o líder indiscutível do Partido Nacional
da juventude em torno da defesa de ideias grandiosas
Socialista dos Trabalhadores Alemães – conhecido
para o futuro da nação. Nesses projetos, os jovens
como nazista – desde 1921. Em 1923, ele foi preso e
deveriam entender que só havia uma pessoa digna de ser
encarcerado por tentar derrubar o governo alemão.
amada e obedecida, que era o líder. Tais movimentos
Durante sua prisão, Hitler escreveu a obra básica do
sociais juvenis contribuíram para a implantação e a
movimento nazista, o “Mein Kampf”. Assinale a
sustentação do nazismo na Alemanha, e do fascismo, na
alternativa correta:
Itália, Espanha e Portugal. A atuação desses movimentos
a) O nazismo, assim como o fascismo, rejeitava o
juvenis caracterizava-se:
liberalismo político, o socialismo e pretendia obter o
a) pelo sectarismo e pela forma violenta e radical com
controle absoluto da população. O principal
que enfrentavam os opositores ao regime.
elemento diferenciador foi o arianismo.
b) pelas propostas de conscientização da população
b) Diferentemente do nazismo, os professores do
acerca dos seus direitos como cidadãos.
regime fascista não eram obrigados a cumprir o
c) pela promoção de um modo de vida saudável, que
programa definido pelo Estado.
mostrava os jovens como exemplos a seguir.
c) Estímulos nacionalistas motivaram a implementação
d) pelo diálogo, ao organizar debates que opunham
do fascismo italiano, diferentemente dos outros
jovens idealistas e velhas lideranças conservadoras.
regimes totalitários de direita.
e) pelos métodos políticos populistas e pela organização
d) Hitler, em pleno apogeu do nazismo, perseguiu os
de comícios multitudinários.
judeus e eslavos, mas estimulou o funcionamento
das organizações sindicais.
2. (PUC-MG/2010) Ao contrário do historiador
e) A Alemanha conseguiu cumprir fidedignamente o
contemporâneo ao fascismo – como Franz Neumann,
Tratado de Versalhes, apesar da crise econômica do
Theodor Adorno e Ângelo Tasca –, nós sabemos, capitalismo alemão e do desemprego em massa da
através de Auschwitz, o que é o fascismo ou, ao menos, população.
sabemos qual é a sua prática, ao contrário, ainda, dos
historiadores que escreveram no imediato pós-guerra,
4. (UESPI/2012) Os sistemas políticos totalitários
como Trevor-Hooper, G. Barraclough ou Eric
utilizaram-se da violência e tumultuaram os sonhos dos
Hobsbawm (até algum tempo), não podemos tratar o
democratas durante o século XX. Formaram-se ditaduras
fascismo como um movimento morto, pertencente à
que defendiam a intolerância contra os adversários e o
história e sem qualquer papel político contemporâneo.
reforço das tradições mais conservadoras. Na Espanha,
Encontramo-nos, desta forma, numa situação insólita: por exemplo, o totalitarismo:
sabemos qual a prática e as consequências do fascismo e a) ocorreu nas primeiras décadas do século citado, com
sabemos, ainda, que não é um fenômeno puramente forte apoio do nazismo alemão e com a reação dos
histórico, aprisionado no passado. Assim, torna-se combates anarquistas.
impossível escrever sobre o fascismo histórico – o que é b) teve apoio de muitos membros da Igreja Católica e
apenas uma distinção didática – sem ter em mente o perseguiu os anarquistas que lhe faziam oposição.
neofascismo e suas possibilidades. c) conseguiu a ajuda militar de Portugal e da Itália,
ficando no poder durante duas décadas, marcadas,
FILHO, Daniel Aarão Reis. O século XX. p. 111-2.
assim, pela opressão política.
d) contou com o apoio de Igreja Católica, mas não firmou
Assinale a opção que sintetiza corretamente a ideia
alianças com os outros totalitarismos da época.
contida no trecho anterior.
e) organizou seus principais quadros políticos na
a) O fascismo é um fenômeno definido conceitualmente,
cidade de Barcelona, criando brigadas e polícias
cuja prática é identificada pelos historiadores que
secretas violentas.
coexistiram com ele historicamente.

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5. (Unesp/2012) Nas primeiras sequências de O triunfo da vontade [filme alemão de 1935], Hitler chega de avião como um
esperado Messias. O bimotor plaina sobre as nuvens que se abrem à medida que ele desce sobre a cidade. A propósito
dessa cena, a cineasta escreveria: “O sol desapareceu atrás das nuvens. Mas quando o Führer chega, os raios de sol cortam
o céu, o céu hitleriano”.

LENHARO, Alcir. Nazismo, o triunfo da vontade. 1986.

O texto mostra algumas características centrais do nazismo:


a) o desprezo pelas manifestações de massa e a defesa de princípios religiosos do catolicismo.
b) a glorificação das principais lideranças políticas e a depreciação da natureza.
c) o uso intenso do cinema como propaganda política e o culto da figura do líder.
d) a valorização dos espaços urbanos e o estímulo à migração dos camponeses para as cidades.
e) o apreço pelas conquistas tecnológicas e a identificação do líder como um homem comum.

9a TEMÁTICA COMPARATIVA

Há um intenso debate entre os defensores da existência de uma condição pós-moderna e os que acreditam que a
modernidade ainda não se esgotou. Entende-se por modernidade a era em que o desenvolvimento do conhecimento humano
passou a ter por base a razão, especialmente na sua dimensão instrumental, e a ciência moderna, que surge a partir dos séculos
XVI e XVII, se integrando às esferas econômica, política, cultural e social.
Nas décadas de 1970 e 1980, vários autores afirmaram que a modernidade estaria dando lugar à pós-modernidade,
quando as grandes narrativas seriam rejeitadas e substituídas por teorias contingentes e localizadas.

MODERNIDADE PÓS-MODERNIDADE
• Zonal • Reticular
• Dominação • Apropriação
• Sociedades de controle • Sociedades de segurança e do biopoder
• Hegemonias • Individualidades (identidades)
• Exclusivismo estatal-nacional • Dispersão do poder (multiplicidade)
• Concepção jurídico-política • Concepção economicistas e culturalistas
• Soberanias estado-territoriais • Soberanias populares (autonomias)
• Filosofia das macroestructuras • Escala local e microgeográfica
Território • Permanências • Mobilidade/Flexibilidade
• Escala nacional e internacional • Multi e interescalar
• Fronteiras e limies • Zonas de contato, porosidades
• Configuração territorial (tesituras, malhas, nós)
• Integração • Territorialidades efêmeras
• Atores econômicos • Fragmentação
• Polos, centros e periferias • Atores sociais
• Multiterritorialização

O absoluto O relativo
A unidade A diversidade
O objetivo O subjetivo
Valores e
O esforço O prazer
contrastes
O passado/futuro (trajetória) O presente
A razão O sentimento
A ética A estética
Sólida Líquida
Burocracia organiza as atividades dos Ideia de verdade é relativizada (Incerteza,
Realidade
indivíduos e as instituições (ambiguidade, reengenharia, fim de carreiras, precarização).
desumanização, regulação e controle).

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Estrutura Social Previsível (Carreira e relacionamentos). Condição geral de incertezas e mudanças.


Estabilidade Identitária Identidade individual fluída (busca por referenciais;
Indivíduo
propícia ansiedade e depressão; cartão de crédito)
Revolução Industrial (Século XVIII) Revolução Tecnológica (Século XX)
Sociedade de trabalhadores e Sociedade de consumidores, consumo para habilitação
Momento histórico
produtores; consumo para social, obsolescência programada.
sobrevivência, durabilidade, solidez.
Redes de percepção
Imprensa Audiovisual
e conhecimento
Figura do tempo Linha (História, progresso, futuro centrismo) Ponto (Atualidade, acontecimento)

Idade canônica O adulto O jovem


Paradigma de
Logos (Utopias, sistemas, programas) Imago (Afetos e fantasmas)
atração
“Organon”
Sistemas (Ideologias) Modelos (Iconologia)
simbólico
Classe espiritual
Intelligentsia laica (Professores e doutores) Mídia (difusores e produtores)
(detentora do
Sacrossanto: O Conhecimento Sacrossanto: A informação
sagrado social)
Referência legítima O ideal (É necessário, é verdade) A performance (É necessário, funciona)

Motor de obediência A lei (Dogmatismo) A opinião (Relativismo)


Meio normal de
A publicação A aparição
influência
Estatuto do
Cidadão (A convencer) Consumidor (A seduzir)
indivíduo:
Meio de
O herói A “Star”
identificação:
Dicção da Li no livro Vi na TV
autoridade pessoal (Verdade como palavra impressa) (Verdade como uma imagem direta)
Regime de O legível (O fundamento) O visível (O acontecimento)
autoridade simbólica ou a verdadeira lógica Ou o verossimil
O um aritmético:
Unidade de direção O um teórico:
o líder (principio estatístico, sondagem,
social: o chefe (princípio ideológico)
cotação, audiência)
Centro de gravidade
A consciência (animus) O corpo (sensorium)
subjetiva
Trabalho Especializado em operacionalizar apenas Atento à flexibilidade dos processos de trabalho, dos
uma atividade; fragmentação da função com mercados de trabalho, dos produtos e padrões de
tendência a uma desabilitação quase que consumo;
total do trabalhador;
trabalha com produtos mais homogêneos capaz de ter autonomia, iniciativa, imaginação,
(produção em série); criatividade, agilidade de raciocínio, dedicação;
vive o cotidiano de uma empresa concentrada tem habilidade para analisar, interpretar, criar, tomar
(uma ou poucas unidades) e estruturalmente decisões, corrigir instruções, trabalhar em equipe,
verticalizada (organograma mais denso e comunicar-se (interatividade), e trabalhar em vários
“pesado”), estruturas mais complexas de postos na empresa;
organização, com grande número de
trabalhadores nos diversos níveis
hierárquicos
desabituado a um planejamento flexível de acompanha a evolução tecnológica e adapta-se
produção (rígido quanto à capacidade de facilmente não só a novas situações e a diferentes
adaptação rápida às exigências do mercado) funções, mas também a um mundo em constante
movimento e mudanças;

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1. “Pós-modernidade”,“alta-modernidade”, “modernização O texto apresenta uma interpretação da modernidade


reflexiva”, “modernidade líquida” são algumas que a caracteriza como um(a)
categorias utilizadas, no âmbito das ciências sociais, a) dinâmica social contraditória.
como referência ao processo intenso de mudanças b) interação coletiva harmônica.
sociais, políticas, culturais e estéticas que começou a c) fenômeno econômico estável.
espalhar-se mundialmente a partir da segunda metade d) sistema internacional decadente.
do século XX. Em termos sociológicos, esse conjunto e) processo histórico homogeneizador.
de mudanças significou
a) a consolidação e supremacia do Estado-Nação como 4. (Enem/2014) Todo homem de bom juízo, depois que
organização capaz de conduzir ou estancar o fluxo tiver realizado sua viagem, reconhecerá que é um
de mudanças econômicas. milagre manifesto ter podido escapar de todos os
b) o surgimento de novas agendas sociais e políticas, perigos que se apresentam em sua peregrinação; tanto
caracterizadas por preocupações ecológicas e pela mais que há tantos outros acidentes que diariamente
fragmentação dos movimentos sociais. podem aí ocorrer que seria coisa pavorosa àqueles que
c) a reafirmação dos princípios iluministas de que a aí navegam querer pô-los todos diante dos olhos quando
ciência, por meio da razão instrumental, seria capaz querem empreender suas viagens.
de construir as bases de um novo modelo social.
J. P. T. Histoire de plusieurs voragens aventureux. 1600. In:
d) a continuidade de um modelo trabalhista industrial DELUMEAU, J. História do medo no Ocidente: 1300-1800.
pautado na rotina, na obediência à hierarquia e na São Paulo: Cia. das Letras, 2009. Adaptado.
alta produtividade industrial.
Esse relato, associado ao imaginário das viagens
marítimas da época moderna, expressa um sentimento de
2. (ENEM/2017 – Segunda Aplicação) O garfo muito
a) gosto pela aventura.
grande, com dois dentes, que era usado para servir as
b) fascínio pelo fantástico.
carnes aos convidados, é antigo, mas não o garfo
c) temor do desconhecido.
individual. Esta data mais ou menos do século XVI e
d) interesse pela natureza.
difundiu-se a partir de Veneza e da Itália em geral, mas
e) purgação dos pecados.
com lentidão. O uso só se generalizaria por volta de
1750.
5. (Unicentro/2012) Considerando-se as grandes mudanças
BRAUDEL, F. Civilização material, economia e capitalismo: que ocorreram na história da humanidade, aquelas que
séculos XV-XVIII; as estruturas do cotidiano. São Paulo: aconteceram no século XVIII — e que se estenderam no
Martins Fontes, 1977. Adaptado. século XIX — só foram superadas pelas grandes
transformações do final do século XX. As mudanças
No processo de transição para a modernidade, o uso do provocadas pela revolução científico-tecnológica, que
objeto descrito relaciona-se à denominamos Revolução Industrial, marcaram
a) construção de hábitos sociais. profundamente a organização social, alterando-a por
b) introdução de medidas sanitárias. completo, criando novas formas de organização e
c) ampliação das refeições familiares. causando modificações culturais duradouras, que
d) valorização da cultura renascentista. perduram até os dias atuais.
e) incorporação do comportamento laico.
DIAS, Reinaldo. Introdução à sociologia. São Paulo:
Persons Prentice Hall, 2004.
3. (Enem/2016) Ser moderno é encontrar-se em um
ambiente que promete aventura, poder, alegria, Sobre o surgimento da Sociologia e as mudanças
crescimento, autotransformação e transformação das ocorridas na modernidade, é correto afirmar:
coisas em redor – mas ao mesmo tempo ameaça destruir a) A intensificação da economia agrária em larga
tudo o que temos, tudo o que sabemos, tudo o que escala nas metrópoles gerou o êxodo para o campo.
somos. A experiência ambiental da modernidade anula b) O aparecimento das fábricas e o seu desenvolvimento
todas as fronteiras geográficas e raciais, de classe e levou ao crescimento das cidades rurais.
nacionalidade: nesse sentido, pode-se dizer que a c) O aumento do trabalho humano nas fábricas
modernidade une a espécie humana. Porém, é uma ocasionou a diminuição da divisão do trabalho.
unidade paradoxal, uma unidade de desunidade. d) A agricultura familiar desse período foi o objeto de
estudo que fez surgir as ciências sociais.
BERMAN, M. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da e) A antiga forma de ver o mundo não podia mais
modernidade. São Paulo: Cia, das Letras, 1986. Adaptado. solucionar os novos problemas sociais.

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10a TEMÁTICA COMPARATIVA

Karl Raimund Popper foi um filósofo da ciência austríaca, naturalizado britânico. Ainda hoje é considerado por muitos
como o filósofo mais influente do século XX a teorizar a respeito do significado da ciência e de sua condição frente ao homem
moderno. Foi também um filósofo social e político de relevância considerável, tendo se destacado como um grande defensor da
democracia liberal e um oponente implacável do totalitarismo praticado em sua época.
Popper é lembrado mais enfaticamente por sua defesa do falsacionismo (capacidade de estar equivocada) como um
critério da demarcação entre a ciência e a não-ciência, ainda que, em um segundo momento, por sua defesa da sociedade
igualitária e livre de qualquer preconceito e intolerância.
De acordo com o conceito de falsacionismo científico, pode-se compreender como um critério de demarcação entre o
conhecimento científico, aquele que pode ser falso a uma análise mais profunda, e o conhecimento não científico, aquele que
não oferece condições de testagem e, dessa forma, não poderá ser considerado como falso.
Thomas Kuhn era um físico por formação que migrou paulatinamente para a História da Ciência. Antes de tudo ele era
um americano o que talvez explique sua abordagem pragmática, comportamental e antropológica da Ciência.
Kuhn estabelece o conceito de paradigma para a ciência, que pode ser compreendido como uma forma de fazer ciência;
de acordo com o autor, uma ciência normal seria aquele regida por um único paradigma.
Kuhn aborda, assim como Popper, a necessidade de um critério de demarcação para o conhecimento de natureza
científica, que seria a existência de um único paradigma capaz de apoiar as tradições da ciência normal. Para ele, entretanto,
este paradigma deve sempre estar ligado a embasamentos experimentais.
O debate sobre as teses de Popper e Kuhn prossegue influenciando os caminhos da ciência, da tecnologia e dos sistemas
de ensino em cada país. O papel da comunidade científica ganha especial relevo nesse debate bem como das políticas de
Ciência e Tecnologia adotadas pelos estados nacionais.

Karl Popper Thomas Kuhn


Tempo histórico 1902 – 1994 1922 – 1996
Teoria fundamental Refutabilidade ou o falsacionismo Paradigma
Nosso conhecimento progride por meio de A Ciência se desenvolve como uma sequência
antecipações, “palpites”, tentativas de soluções de períodos de “ciência normal”, em que
por meio de conjecturas, enfim, que são comunidade de pesquisadores adere a um
controladas pelo espírito crítico, isto é, por “paradigma” interrompido por períodos de
refutações que incluem testes rigorosamente “ciência extraordinária” onde acontecem as
críticos. Essas conjecturas podem vencer esses “revoluções científicas”. Os períodos de
A Tese Central testes mas nunca são justificadas de modo “ciência extraordinária” são marcados por
positivo: não se pode demonstrar que sejam anomalias na “ciência normal” e crises no
verdades seguras ou mesmo “prováveis”. A “paradigma” dominante, deflagrando sua
refutação de uma teoria constitui sempre um ruptura e substituição por um outro que resolva
passo que nos aproxima da verdade. Dessa a crise e as anomalias.
forma, aprendemos com os erros.

O critério de cientificidade (falsificacionismo) A verdade é relativa ao paradigma vigente e,


implica que haja uma aproximação à verdade, sendo definida no seu interior, só pode ser
na medida em que as teorias mais verosímeis entendida dentro dos limites que ele impõe.
Verdade são as que melhor resistem aos testes Sendo os paradigmas incomensuráveis, não é
experimentais e que, por sua vez, tornam possível dizer que o paradigma adoptado
compreensíveis mais fenómenos. represente uma aproximação à verdade.

O conteúdo das conjecturas obedece a critérios O conhecimento depende do sujeito e da sua


lógicos e experimentais que garantem alguma integração numa comunidade científica, daí que
objectividade. Contudo, há sempre subjectividade o desenvolvimento da ciência não seja
Objectividade na evolução do conhecimento científico, uma objectivo. A preferência por um paradigma é
vez que a capacidade imaginativa do cientista determinada também por factores subjectivos
influencia a criação de novas conjecturas (psicológicos e sociológicos).
(hipóteses).

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CURSO DE FÉRIAS – FILOSOFIA E SOCIOLOGIA

A evolução da ciência é marcada pela vigilância O processo científico não é marcado por uma
crítica em relação às teorias, mas nunca se pode vigilância crítica da razão num período de
dizer que deixam de ser conjecturas e se tornam ciência normal. Quando surge uma anomalia,
Racionalidade verdades irrefutáveis. os cientistas tendem a ignorá-la ou a diminuir
a sua importância, condicionados pelos
factores subjectivos.

Existe alguma continuidade entre o senso O desenvolvimento da ciência faz-se de forma


comum e a ciência. A crítica é o instrumento do descontínua, por revoluções científicas. A
progresso científico. A ciência evolui quando existir acumulação de saber, este acontece
novas teorias substituem aquelas que os testes dentro de um paradigma. Na passagem de um
Progresso da ciência experimentais falsificaram. A ciência progride paradigma a outro, não há forma de dizer que
por conjecturas e refutações, eliminando erros. essa revolução constitui um avanço. Não
podemos propriamente afirmar que a ciência
evolui cumulativamente.

1. Analise o seguinte fragmento de Popper: 3. (UEL 2005) “As experiências e erros do cientista
consistem de hipóteses. Ele as formula em palavras, e
Um dos ingredientes mais importantes da civilização muitas vezes por escrito. Pode então tentar encontrar
ocidental é o que poderia chamar de 'tradição racionalista', brechas em qualquer uma dessas hipóteses, criticando-a
que herdamos dos gregos: a tradição do livre debate – não experimentalmente, ajudado por seus colegas cientistas,
a discussão por si mesma, mas na busca da verdade.
que ficarão deleitados se puderem encontrar uma brecha
A ciência e a filosofia helênicas foram produtos dessa
tradição, do esforço para compreender o mundo em que nela. Se a hipótese não suportar essas críticas e esses
vivemos; e a tradição estabelecida por Galileu correspondeu testes pelo menos tão bem quanto suas concorrentes,
ao seu renascimento. será eliminada”.
POPPER, K. R. Conjecturas e refutações.
Brasília: UNB, 1972. p. 129. POPPER, Karl. Conhecimento objetivo. Trad. de Milton Amado.
São Paulo: Edusp & Itatiaia, 1975. p. 226.
Qual característica da ciência podemos entender a partir
dessa visão de Popper? Com base no texto e nos conhecimentos sobre ciência e
a) O caráter racional da ciência; método científico, é correto afirmar:
b) O caráter empírico da ciência;
a) O método científico implica a possibilidade
c) O caráter infalível da ciência;
constante de refutações teóricas por meio de
d) O caráter universal da ciência.
experimentos cruciais.
2. A noção de ciência para Karl Popper pode ser pensada a b) A crítica no meio científico significa o fracasso do
partir de dois pontos fundamentais: o caráter racional da cientista que formulou hipóteses incorretas.
ciência e o caráter hipotético das teorias científicas. c) O conflito de hipóteses científicas deve ser resolvido
A ciência, como um projeto humano, não é impassível por quem as formulou, sem ajuda de outros
de transformação, o que possibilitou o surgimento de cientistas.
diversas teorias. O que há em comum entre esses modos d) O método crítico consiste em impedir que as
variados de se fazer ciência, ele mesmo responde, é o hipóteses científicas tenham brechas.
caráter racional da ciência.
e) A atitude crítica é um empecilho para o progresso
Quais das afirmações abaixo se relacionam com o
científico.
princípio da verificabilidade?
a) Aquilo que não tem possibilidade de verificação
deve ser retirado do saber científico, como, os 4. (UEL 2011) Leia o texto a seguir.
enunciados metafísicos.
b) A Física era o modelo que eles propunham para […] não exigirei que um sistema científico seja
todos os enunciados científicos, ou seja, só aquilo
suscetível de ser dado como válido, de uma vez por
que foi dito a partir de observações poderia ser
todas, em sentido positivo; exigirei, porém, que sua
considerado verdadeiro.
c) Os enunciados que não pudessem ser examinados a forma lógica seja tal que se torne possível validá-lo
partir da verificação empírica não tinham significação através de recurso a provas empíricas em sentido
e, portanto, deveriam ser desconsiderados da ciência. negativo […].
d) A verificação pode ser feita por meio da aplicação
da lógica para saber se há coerência no enunciado. POPPER, K. A lógica da pesquisa científica. Trad. L. Hegenberg e
e) Todas as alternativas relacionam-se com o princípio O. S. da Mota. São Paulo: Cultrix, 1972. p. 42.
de verificabilidade.

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CURSO DE FÉRIAS – FILOSOFIA E SOCIOLOGIA

Assinale a alternativa que corresponde ao critério de


avaliação das teorias científicas empregado por Popper.
a) Falseabilidade
b) Organicidade
c) Confiabilidade
d) Dialeticidade
e) Diferenciabilidade

5. “Talvez a ciência não se desenvolva pela acumulação de


descobertas individuais”

KUHN, T. S. A estrutura das revoluções científicas. Tradução de


Beatriz Vianna Boeira e Nelson Boeira. São Paulo:
Perspectiva, 2011. Página 20.

Como podemos interpretar a citação transcrita acima de


Thomas Kuhn:
a) Para realizar a história da ciência, é preciso analisar
o passado com o olhar fixo no presente, ou seja,
buscar os precursores das teorias científicas em
voga.
b) Para realizar a história da ciência, não é preciso
analisar o passado com o olhar fixo no presente, ou
seja, buscar os precursores das teorias científicas em
voga.
c) Para realizar a história da ciência, é preciso entender
que as teorias antigas não são menos científicas que
as teorias que surgiram depois.
d) Para realizar a história da ciência, é preciso entender
que as teorias antigas são menos científicas que as
teorias que surgiram depois.

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Sociologia

Sumário
Módulo de Estudo

Módulo I – Do “milagre grego” aos domínios medievais ............................................................................... 5


Módulo II – Do realismo político aos pactos contratuais ............................................................................... 11
Módulo III – Teorias Contemporâneas sobre Poder .................................................................................... 18

NÚCLEO CENTRAL NÚCLEO ALDEOTA NÚCLEO SUL NÚCLEO EUSÉBIO NÚCLEO SOBRAL
(85) 3464.7788 (85) 3486.9000 (85) 3064.2850 (85) 3260.6164 (88) 3677.8000

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MÓDULO DE ESTUDO

ARQUITETURAS DO PODER Assim, regras costumeiras, no mais das vezes


– Do papel histórico das instituições sociais à luta por deixadas à interpretação de tribunais que julgam em
cidadania – segredo, são substituídas por textos claros e públicos: as
leis. Deve-se sublinhar o fato de que a obra essencial de
APRESENTAÇÃO Drácon foi exigir que os juízes tornassem publicamente
conhecidos os argumentos que legitimavam suas sentenças.
O curso “Arquiteturas do Poder” tem por objetivo
investigar os principais pilares de sustentação sobre os quais E, em meados do século IV a.C., quando o historiador
as mais variadas formas de “Poder” foram erguidas. Neste Heródoto quer explicar a vitória da Grécia sobre os
curso, tenho o intuito de fornecer um suporte bibliográfico Bárbaros, quando das duas guerras médicas, ele põe em
básico aos alunos, não tendo, entretanto, à pretensão – sob evidência a superioridade dos cidadãos combatentes, que
nenhuma hipótese – de substituir os livros indicados, que não têm outro senhor além da Lei e que comandam a si
são mais profundos e mais ricos em detalhes, além, é claro, mesmos, em comparação com os guerreiros do Império
de serem incontornáveis à compreensão política em suas Persa, que obedecem a um homem e não têm outras
mais distintas fases. motivações além do interesse e do temor.
Nesse sobrevoo a respeito do papel histórico das A Lei como princípio de organização política e
instituições sociais e da luta por cidadania embarcaremos
social concebida como texto elaborado por um ou mais
em uma épica viagem, marcada por cobiças, disputas,
desejos sediciosos pelo poder. homens guiados pela reflexão, aceita pelos que serão objeto
Sejam bem-vindas/os, o espaço é de vocês! de sua aplicação, alvo de um respeito que não exclui
Prof. Me. Pedro Israel modificações minuciosamente controladas: essa é
provavelmente a invenção política mais notória da Grécia
MÓDULO I – DO “MILAGRE GREGO” AOS clássica; é ela que empresta sua alma à Cidade, quer essa
DOMÍNIOS MEDIEVAIS seja democrática, oligárquica ou “monárquica”.

1. “MILAGRE GREGO” 1.1. A democracia

Uma das fontes principais do pensamento político Heródoto apresenta uma classificação dos regimes
moderno e contemporâneo é a civilização grega clássica. políticos que irá se tornar célebre (História, III, 80-2):
Entre os produtos marcantes do que é chamado de “milagre
grego” (para designar o conjunto das invenções
 O bom regime é aquele no qual comanda apenas um – a
institucionais, literárias, artísticas, científicas, teóricas,
técnicas), o mais característico é a forma política original monarquia –, que governa para sua glória e a seus
desenvolvida a partir da Pólis, a cidade-Estado grega. súditos?
Quando essa se constituiu durante o século VI a.C., as  Ou aquele no qual comanda uma minoria – a oligarquia –,
organizações político-sociais tradicionais eram, na constituída de cidadãos reconhecidos como “superiores”
civilização da Hélade, realezas de tipo feudal, onde por seu nascimento, sua riqueza, sua competência
predominavam grandes famílias – os “bem-nascidos” – que religiosa ou militar?
exerciam sua autoridade política, religiosa, jurídica e  Ou aquele onde comanda a maioria – a democracia –,
econômica sobre um pequeno povo de agricultores, artesãos
maioria constituída pela população dos camponeses, dos
e pescadores; e, nas terras bárbaras, vastos impérios
comandados por um déspota que impunha uma dominação artesãos, dos comerciantes, dos marinheiros?
absoluta, apoiado em castas militares, sacerdotais e técnico-
-administrativas. A contribuição singular de Atenas consiste em ter
Durante a época “feudal” da Grécia, violentos instaurado esse último regime e, sobretudo, definindo suas
conflitos opunham, por um lado, as grandes famílias entre diretrizes. No final do século VI a.C. e durante a segunda
si, e, por outro, essas às populações dos campos e das metade do século seguinte, o poder democrático realizou
cidades (cidades que iam tornando-se cada vez mais uma série de reformas que estenderam o estatuto de
numerosas e ativas). Esses conflitos tornaram-se tão cidadãos plenos à totalidade dos habitantes masculinos
violentos que, em vários territórios, as partes envolvidas nascidos atenienses, maiores de 21 anos, livres e que tinham
concordaram em solicitar a um personagem, reputado por
posses – propriedades imobiliária e escravocrata –,
sua sabedoria e seu desinteresse, que fixasse regras para o
jogo social. Foi o que ocorreu em Atenas, onde – por volta assegurando-lhes assim a igualdade diante da lei (isonomia)
dos anos 600 a.C. – Drácon e Sólon, sucessivamente, foram e o acesso às magistraturas. O poder central era exercido
encarregados de enunciar os princípios ordenadores das pela Assembleia Popular, que reúne todos os cidadãos dez
relações entre os membros da coletividade. Esses vezes por ano e nas circunstâncias graves; é ela quem toma
legisladores (nomotetas) assumem a tarefa, menos de as decisões soberanamente, adota decretos, elege os
instaurar uma Constituição do que de definir os enunciados magistrados encarregados do executivo, designa de seu seio
fundamentais conhecidos de todos, determinando com os membros da câmara de justiça; e o faz por maioria, todo
precisão a participação de cada um na defesa e na gestão das cidadão tendo direito de palavra (isegoria).
questões comuns da Cidade, as instâncias de onde devem Até os anos 430 a.C. o êxito da democracia foi grande,
provir as decisões que envolvem a coletividade, a
tanto na harmonia de seu funcionamento interno como na
arbitragem dos conflitos e a punição dos crimes e dos
delitos. ampliação de sua expansão ao exterior.

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MÓDULO DE ESTUDO

1.2. A utopia platônica o bastante para ser autossuficiente. O Estado, embora


posterior à família no tempo, é superior a ela – e mesmo ao
Em linhas gerais, A República, o mais importante dos indivíduo – em virtude de sua natureza. Afinal, “o que cada
diálogos de Platão, consiste em três partes. coisa é quando desenvolvida em plenitude nós
A primeira (que vai até quase o final do Livro V) se denominamos sua natureza”, e a sociedade humana, quando
debruça sobre a construção de uma comunidade ideal; trata-se integralmente desenvolvida, é um Estado, sendo o todo
da primeira de todas as Utopias. Uma de suas conclusões é a superior às partes. O conceito que aqui subjaz é o de
de que os governantes devem ser filósofos. organismo: lemos que, quando o corpo é destruído, cada
Os livros VI e VII têm como objetivo definir o termo uma das mãos deixa de sê-lo. Por conseguinte, a mão deve
“filósofo”. Esse debate constitui a segunda seção. ser definida de acordo com seu propósito – o de segurar –, o
A terceira consiste sobretudo no exame dos vários qual só pode ser realizado quando ela está vinculada a um
tipos de constituições existentes, bem como de seus méritos corpo vivo. De maneira semelhante, um indivíduo não pode
e defeitos. satisfazer seu objetivo se não fizer parte de um Estado.
O objetivo nominal da República é definir “justiça”. Aquele que fundou o Estado, diz Aristóteles, foi o maior dos
No entanto, fica antes estabelecido que, sendo mais fácil ver benfeitores; com efeito, sem lei o homem é o pior dos
as coisas em algo amplo do que nos detalhes, mais vale animais, e a existência da lei depende do Estado. O Estado
investigar o que torna um Estado justo do que investigar o não é uma mera sociedade voltada ao comércio e à
que faz um indivíduo sê-lo. E, uma vez que a justiça deve prevenção de crimes: “a finalidade do Estado é a boa vida.
figurar entre os atributos do melhor Estado imaginário, (...) Ademais, o Estado é a união das famílias e aldeias numa
delineia-se primeiro um tal Estado e só depois se conclui vida perfeita e autossuficiente, isto é, uma vida feliz e
qual de suas perfeições deve ser denominada “justiça”. honrável”. Segundo Aristóteles, “uma sociedade política
Platão primeiro define que os cidadãos devem se existe em prol das ações nobres, e não como mero
dividir em três classes: as pessoas comuns, os soldados e os companheirismo”.
guardiões. Apenas a estes últimos cabe o poder político. De acordo com Aristóteles, uma vez que é composto o
Deve haver menos membros nesta classe do que nas outras Estado de lares e que cada lar consiste numa família, é pela
duas. Inicialmente, ao que parece, sua eleição deve se dar família que o exame da política deve ter início. O grosso
pelas mãos do legislador; em seguida, são substituídos por deste exame diz respeito à escravidão, pois na Antiguidade
hereditariedade, mas em casos excepcionais uma criança os escravos eram sempre vistos como parte da família. A
promissora pode ser promovida de uma das classes escravidão é conveniente e correta, mas o escravo deve ser
inferiores; ao mesmo tempo, entre os filhos dos guardiões naturalmente inferior ao senhor. Já no nascimento, alguns
um menino ou jovem insatisfatório pode ser rebaixado. são destinados à sujeição, e outros, ao governo; o homem
O principal problema, como Platão bem percebe, está que por natureza não pertence a si mesmo, mas a outro, é
em assegurar que os guardiões se conservem fiéis às escravo por natureza. Os escravos não devem ser gregos,
intenções do legislador. Para garanti-lo, ele forma formula mas de uma raça inferior e menos vigorosa.
várias propostas nos campos educacionais, econômico, A Utopia de Platão é criticada por Aristóteles de várias
biológico e religioso. Na Utopia de Platão, a aristocracia maneiras. Há, em primeiro lugar, a interessantíssima
governa sem qualquer restrição. observação de que ela confere demasiada unidade ao
A definição de “justiça”, objetivo nominal de todo o Estado, o que faria dele um indivíduo.
debate, encontramos no Livro IV. Ela, pelo que lemos, se O “comunismo” de Platão aborrece Aristóteles. A
realiza quando cada qual faz o próprio trabalho e não é propriedade deveria ser privada, mas as pessoas também
intrometido: a cidade é justa sempre que o mercador, o deveriam ser instruídas na benevolência de modo a permitir
ajudante e o guardião se ocupam de suas atividades sem que seu uso fosse em grande medida comum. A
interferirem naquelas que são de outras classes. benevolência e a generosidade são virtudes, mas se tornam
A palavra “justiça”, tal qual a aplica ainda o direito, se impossíveis sem a propriedade privada.
assemelha mais ao conceito de Platão do que o uso que lhe Como vimos ao tratarmos da escravidão, Aristóteles
dá a especulação política. Sob a influência da teoria não crê na igualdade. Admitida, porém, a sujeição de
democrática, passamos a vincular justiça a igualdade, escravos e mulheres, resta ainda saber se todos os cidadãos
enquanto para Platão esse sentido não existe. devem ser politicamente iguais. Aristóteles rejeita esse
argumento, afirmando que os maiores crimes se devem
1.3. A política de Aristóteles antes ao excesso do que à falta; homem nenhum se torna
tirano para deixar de sentir frio.
A Política de Aristóteles é interessante e importante: Um governo é bom quando almeja o bem de toda a
interessante por revelar os preconceitos comuns aos gregos comunidade e mau quando só se preocupa consigo mesmo.
instruídos da época; importante por ser fonte de muitos Há três boas classes de governo: a monarquia, a aristocracia
princípios que permaneceram influentes até o final do e o governo constitucional (ou politeia); três são também as
medievo. más: a tirania, a oligarquia e a democracia. Há ainda várias
O livro começa assinalando a importância do Estado: formas mistas intermediárias. Observa-se que os governos
trata-se do tipo mais elevado de comunidade, o qual tem bons e maus se definem de acordo com as qualidades éticas
como ambição o sumo bem. Na ordem do tempo, a família dos detentores do poder, e não segundo a forma da
vem primeiro; ela se alicerça sobre as duas relações constituição. Isso, no entanto, só é verdadeiro em parte. A
basilares: homem e mulher, senhor e escravo, ambos aristocracia é o governo dos homens de virtude, a oligarquia
naturais. Várias famílias unidas formam uma aldeia; várias é o governo dos ricos, e Aristóteles não considera virtude e
aldeias, um Estado, contanto que a combinação seja grande riqueza sinônimos precisos.

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MÓDULO DE ESTUDO

Desse modo, há diferença entre o governo dos se funda com a autoridade espiritual do bispo da cidade
melhores (aristocracia) e o governo dos mais ricos sagrada. Essa fusão é tanto menos realizável porque, por um
(oligarquia), visto que os melhores provavelmente só lado, o Império está ameaçado por todos os lados em função
possuirão fortunas módicas. Há também, entre democracia e da irrupção de povos conquistadores vindos do Leste, e tem
politeia, diferenças que se encontram além da esfera ética do de assegurar sua defesa militar; e, por outro lado, porque
governo, pois aquilo que Aristóteles denomina “politeia” Roma torna-se o centro da Igreja, instituição que – sendo de
conserva certos elementos oligárquicos. Entre monarquia e natureza espiritual – nem por isso deixa de desenvolver uma
tirania, porém, a única diferença é ética. administração hierarquizada e de possuir um poder que não
Aristóteles é enfático ao distinguir oligarquia e pode deixar de se interessar pelas questões temporais.
democracia segundo a condição econômica do grupo Quando, em 410 d.C., o rei visigodo Alarico, convertido à
governante: há oligarquia quando os ricos governam sem seita cristã de Ário, saqueia Roma, santo Agostinho – bispo
levar em consideração os pobres, enquanto na democracia o de Hipona – compreende que é preciso clarificar a doutrina
poder está nas mãos dos necessitados, que desprezam os da Igreja e, para isso, escreve a Cidade de Deus.
interesses dos ricos. Esse texto constitui uma inflexão decisiva do
A monarquia é melhor do que a aristocracia e a pensamento cristão e marca a cultura europeia. Seu objetivo
aristocracia é melhor do que a politeia. Pior, porém, é a é apresentar uma história geral da humanidade desde a
corrupção dos melhores, e assim a tirania é pior do que a Criação até o século V, submetendo aos critérios da
oligarquia, e a oligarquia, pior do que a democracia. Desse racionalidade os elementos fornecidos tanto pela história
modo, Aristóteles alcança sua qualificada defesa da profana (grega e latina) como pelo Velho e pelo Novo
democracia: uma vez que os governos existentes são ruins, Testamento. O fim visado é estabelecer que, além das
entre os governos existentes as democracias tendem a ser o vicissitudes da Cidade dos homens, esboça-se um desafio
que há de melhor. muito mais importante, o da glória de Deus, que se inscreve
no devir espiritual da comunidade dos crentes, da Igreja.
2. DOMÍNIOS MEDIEVAIS A esse mesmo estado de espírito – que visa garantir a
preeminência da Cidade de Deus – liga-se a fundação, desde
Os dois eventos importantes do primeiro milênio nessa o século VI, da ordem dos beneditinos, prelúdio de uma
área da civilização são incontestavelmente o êxito político floração que se expandiu a partir do século XI. As ordens
de duas religiões reveladas: a Cristandade e o Islã. Suas religiosas, em particular as contemplativas, formam de certo
visões do mundo, parentes e diversas, irão marcar modo os bastiões do mundo espiritual no seio da realidade
duradouramente as ideias e os costumes. Uma e outra temporal.
encontram suas raízes nos textos sagrados do povo judaico, A concepção agostiniana está na origem da chamada
reunidos no que se chamou de Velho Testamento. Esses teoria das duas espadas, que visa a normalizar, no Ocidente,
textos têm de original, em comparação com a tradição depois da separação dos dois Impérios, que se torna efetiva
greco-latina, o fato de afirmarem a preeminência absoluta de no século V, as relações entre a ordem temporal própria dos
um Deus único, pessoal e criador, senhor da Lei; e a queda “reinos” (e, em particular, o que está chamado a suceder o
do homem, que se perdeu por causa dos seus pecados, bem Império Romano) e a ordem espiritual sobre a qual reina o
como a possibilidade da redenção, oferecida por Deus em bispo de Roma, o papa.
sua bondade aos homens que quiserem escutá-lo. Formalmente, tal como foi exposta pelos papas Gelásio
e Gregório, o Grande, somente Deus detém a plenitudo
2.1. A Cidade de Deus e a Cidade dos homens potestatis, a potência suprema: todavia, no mundo cá de
baixo, feito de espiritualidade e de materialidade, a
Desde seus primeiros séculos, o cristianismo põe – onipotência delega a dois poderes distintos o cuidado de
notadamente através de Paulo, que comenta e ordena a fazer a ordem divina triunfar:
palavra de Cristo – um problema decisivo: a relação entre o  ao pontífice, a auctoritas, a mais alta dignidade;
crente e a ordem temporal. “Dar a César o que é de César e  ao rei, a potestas temporal.
a Deus o que é de Deus”: fórmula feliz, mas que desconhece
os numerosos casos em que o serviço do imperador entra em Cada um é soberano em seu domínio:
conflito com o do Criador. Paulo não deixa de especificar  a autoridade do papa em matéria religiosa e eclesiástica é
que a obediência civil é uma virtude cristã, assim como a absoluta;
submissão aos dados sociais e naturais. Todavia, no século  o poder do rei sobre os seus súditos também o é.
II, o pensador pagão Celso recrimina duramente os cristãos
que recusam se submeter aos deveres que cabem aos O coroamento de Carlos Magno em Roma, em 800,
cidadãos. O crente está dividido, dilacerado entre a realiza essa segunda eventualidade: um monarca piedoso,
coletividade a que pertence de fato e a comunidade de fé à justo e forte toma em suas mãos o destino da comunidade
qual adere: tanto mais dividido quando essa comunidade lhe cristã, que lhe deve obediência porque o pontífice romano
exige a ação de evangelização. A aceitação santa do assegurou-lhe tal obediência. Todavia, nos séculos
martírio, os delírios eremíticos, não podem ser mais do que seguintes, as rivalidades enfraquecem os poderes temporais
soluções excepcionais. e a Igreja afirma sua autoridade administrativa e espiritual;
A conversão de Constantino parece conter a então, é a segunda interpretação que se impõe.
possibilidade de uma solução para esse problema. Ela Esse esboço da formação de poderes “nacionais” a
limita-se a institucionalizá-la. O liame de fé existente em partir do século XI – que é mais marcado na Inglaterra e,
Roma entre o imperador e o sucessor de são Pedro não depois, na França – irá cedo encontrar legitimações e canais
implica de modo algum que o poder militar e administrativo

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MÓDULO DE ESTUDO

tanto teóricos como empíricos. Entre as primeiras, é Para o autor, a reivindicação atendida na Grécia antiga,
significativa a reflexão política de Tomás de Aquino (1225- ainda vigente no mundo contemporâneo, buscava
1274). Decerto, ela não tem como objetivo deliberado garantir o seguinte princípio
justificar o poder dos reis. Todavia, contribui de fato – a) Isonomia – igualdade de tratamento aos cidadãos.
contra o agostinianismo – para dar peso às comunidades b) Transparência – acesso às informações governamentais.
estabelecidas. c) Tripartição – separação entre os poderes políticos
Rompendo com a perspectiva segundo a qual a Cidade estatais.
dos homens é diretamente de instituição divina e ligada ao d) Equiparação – igualdade de gênero na participação
pecado original, Tomás de Aquino estabelece que ela é – na política.
ordem da Criação – um fato natural. Se Deus quer que os
e) Elegibilidade – permissão para candidatura aos
homens vivam em sociedade, disso resulta que o poder, cujo
cargos públicos.
objetivo é assegurar a unidade de uma multiplicidade, é uma
questão humana que faz parte do plano mais geral da
Providência e não de um desígnio singular de Deus ou de 3. (Uece) Atente para a seguinte passagem, que trata do
seu representante. alvorecer da filosofia:
Desse modo, a definição do bom poder é uma tarefa
exclusivamente da Razão. E se essa indica que tal poder “A derrocada do sistema micênico ultrapassa,
deve respeitar as prescrições divinas, estipula também que é largamente, em suas consequências, o domínio da
preciso levar em conta o direito inscrito na natureza humana história política e social. Ela repercute no próprio
e as vontades da coletividade. É desse modo que atingirá seu homem grego; modifica seu universo espiritual,
fim, o Bem, na medida em que ele é realizável cá embaixo. transforma algumas de suas atitudes psicológicas. A
Tem como tarefa facilitar a cada um a realização das Grécia se reconhece numa certa forma de vida social,
virtudes naturais, deixando à Igreja o cuidado da Salvação num tipo de reflexão que definem a seus próprios olhos
Eterna. Para cumprir tal tarefa, enunciará leis adequadas sua originalidade, sua superioridade sobre o mundo
também aos costumes do povo sobre o qual se exerce e se bárbaro: no lugar do Rei cuja onipotência se exerce sem
esforçará – na tradição aristotélica e romana, que se liga ao controle, sem limite, no recesso de seu palácio, a vida
ensinamento de Moisés – por estabelecer uma Constituição política grega pretende ser o objeto de um debate
mista que combine os méritos da monarquia, da aristocracia público, em plena luz do Sol, na Ágora, da parte de
e da democracia. cidadãos definidos como iguais e de quem o Estado é a
EXERCÍCIOS questão comum; no lugar das antigas cosmogonias
associadas a rituais reais e a mitos de soberania, um
1. (Enem) O que implica o sistema da pólis é uma pensamento novo procura estabelecer a ordem do
extraordinária preeminência da palavra sobre todos os mundo em relações de simetria, de equilíbrio, de
outros instrumentos do poder. A palavra constitui o igualdade entre os diversos elementos que compõem o
debate contraditório, a discussão, a argumentação e a cosmos”.
polêmica. Torna-se a regra do jogo intelectual, assim
como do jogo político. VERNANT, J.-P. As origens do pensamento grego.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996, p.6. Adaptado.
VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego.
Rio de Janeiro: Bertrand, 1992. Adaptado. Com base na passagem acima, é correto afirmar que
a) a filosofia decorre fundamentalmente de um longo
Na configuração política da democracia grega, em processo de evolução dos mitos antigos, não
especial a ateniense, a Ágora tinha por função havendo relação direta entre seu desenvolvimento e
a) agregar os cidadãos em torno de reis que
o processo social e político dos povos que deram
governavam em prol da cidade.
origem à civilização grega.
b) permitir aos homens livres o acesso às decisões do
b) o poder despótico, característico dos povos da
Estado expostas por seus magistrados.
c) constituir o lugar onde o corpo de cidadãos se reunia antiguidade, consolidou de forma gradual e
para deliberar sobre as questões da comunidade. constante o surgimento de movimentos sociais de
d) reunir os exércitos para decidir em assembleias contestação na Grécia antiga, o que foi fundamental
fechadas os rumos a serem tomados em caso de para o surgimento da razão filosófica, no período
guerra. clássico.
e) congregar a comunidade para eleger representantes c) a mudança de pensamento do povo grego e a
com direito a pronunciar-se em assembleias. originalidade de sua reflexão sobre o cosmo se
relacionam às transformações da vida política grega,
2. (Enem) Compreende-se assim o alcance de uma na qual o debate público por parte de cidadãos iguais
reivindicação que surge desde o nascimento da cidade substituiu a onipotência do poder real ancorada em
na Grécia antiga: a redação das leis. Ao escrevê-las, não mitos de soberania.
se faz mais que assegurar-lhes permanência e fixidez. d) não há diferenças significativas entre os sistemas de
As leis tornam-se bem comum, regra geral, suscetível organização social dos povos que viveram na Grécia
de ser aplicada a todos da mesma maneira. micênica e os processos sociais que vigoraram nos
VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. períodos subsequentes, seja no período homérico,
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1992. Adaptado. seja nos períodos arcaico e período clássico.

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MÓDULO DE ESTUDO

4. (Uece) Atente para as seguintes citações: 6. (Enem) Ao falar do caráter de um homem não dizemos
que ele é sábio ou que possui entendimento, mas que é
“Temos assim três virtudes que foram descobertas calmo ou temperante. No entanto, louvamos também o
na nossa cidade: sabedoria, coragem e moderação para sábio, referindo-se ao hábito; e aos hábitos dignos de
os chefes; coragem e moderação para os guardas; louvor chamamos virtude.
moderação para o povo. No que diz respeito à quarta,
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural, 1973.
pela qual esta cidade também participa na virtude, que
poderá ser? É evidente que é a justiça”
Platão, Rep., 432b. Em Aristóteles, o conceito de virtude ética expressa a
a) excelência de atividades praticadas em consonância
“O princípio que de entrada estabelecemos que se com o bem comum.
devia observar em todas as circunstâncias quando b) concretização utilitária de ações que revelam a
fundamos a cidade, esse princípio é, segundo me parece, manifestação de propósitos privados.
ou ele ou uma de suas formas, a justiça. Ora, nós c) concordância das ações humanas aos preceitos
estabelecemos, segundo suponho, e repetimo-lo muitas emanados da divindade.
vezes, se bem te lembras, que cada um deve ocupar-se d) realização de ações que permitem a configuração da
de uma função na cidade, aquela para a qual a sua paz interior.
natureza é mais adequada”
Platão, Rep., 433a.
e) manifestação de ações estéticas, coroadas de adorno
e beleza.
Considerando a teoria platônica das virtudes, escreva
(V) ou (F) conforme seja verdadeiro ou falso o que se 7. (Enem) Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor
afirma a seguir: conjunto de normas e naquela dotada de homens
( ) Nessa teoria das virtudes, cada grupo desenvolve absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma
a(s) virtude(s) que lhe é (ou são) própria(s). vida de trabalho trivial ou de negócios – esses tipos de
( ) Só pode ser justa a cidade em que os grupos que vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades
dela participam e nela agem o fazem de acordo morais –, tampouco devem ser agricultores os aspirantes
com sua natureza. à cidadania, pois o lazer é indispensável ao
( ) Quando sabedoria, coragem e moderação se desenvolvimento das qualidades morais e à prática das
realizam de modo adequado, temos a justiça. atividades políticas”.
( ) Existe uma relação entre a natureza dos
indivíduos, o grupo de que devem fazer parte na VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado.
cidade, as virtudes que lhes são adequadas e, em São Paulo: Atual, 1994.
consequência, a função que nela devem
desempenhar. O trecho, retirado da obra Política, de Aristóteles,
permite compreender que a cidadania
A sequência correta, de cima para baixo, é:
a) possui uma dimensão histórica que deve ser
a) V – V – V – V.
b) V – F – F – V. criticada, pois é condenável que os políticos de
c) F – F – V – F. qualquer época fiquem entregues à ociosidade,
d) F – V – F – F. enquanto o resto dos cidadãos tem de trabalhar.
b) era entendida como uma dignidade própria dos
5. (Enem) Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e grupos sociais superiores, fruto de uma concepção
os seus amigos presumiam que a justiça era algo real e política profundamente hierarquizada da sociedade.
importante. Trasímaco negava isso. Em seu entender, as c) estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção
pessoas acreditavam no certo e no errado apenas por política democrática, que levava todos os habitantes
terem sido ensinadas a obedecer às regras da sua da pólis a participarem da vida cívica.
sociedade. No entanto, essas regras não passavam de d) tinha profundas conexões com a justiça, razão pela
invenções humanas. qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado
RACHELS, J. Problemas da Filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009. às atividades vinculadas aos tribunais.
e) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles
O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no que se dedicavam à política e que tinham tempo para
diálogo A República, de Platão, sustentava que a resolver os problemas da cidade.
correlação entre justiça e ética é resultado de
a) determinações biológicas impregnadas na natureza 8. (Enem) A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre
humana. e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não
b) verdades objetivas com fundamento anterior aos
devem estar separados como na inscrição existente em
interesses sociais.
Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a
c) mandamentos divinos inquestionáveis legados das
melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que
tradições antigas.
amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas
d) convenções sociais resultantes de interesses
mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a
humanos contingentes.
e) sentimentos experimentados diante de determinadas identificamos como felicidade.
atitudes humanas. ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. Das Letras, 2010.

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Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais Para Aristóteles, a relação entre o sumo bem e a
excelentes atributos, Aristóteles a identifica como organização da pólis pressupõe que
a) busca por bens materiais e títulos de nobreza. a) o bem dos indivíduos consiste em cada um perseguir
b) plenitude espiritual e ascese pessoal. seus interesses.
b) o sumo bem é dado pela fé de que os deuses são os
c) finalidade das ações e condutas humanas.
portadores da verdade.
d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas. c) a política é a ciência que precede todas as demais na
e) expressão do sucesso individual e reconhecimento organização da cidade.
público. d) a educação visa formar a consciência de cada pessoa
para agir corretamente.
9. (Enem) Ninguém delibera sobre coisas que não podem e) a democracia protege as atividades políticas
ser de outro modo, nem sobre as que lhe é impossível necessárias para o bem comum.
fazer. Por conseguinte, como o conhecimento científico
envolve demonstração, mas não há demonstração de 11. (Enem) Se os nossos adversários, que admitem a
existência de uma natureza não criada por Deus, o
coisas cujos primeiros princípios são variáveis (pois
Sumo Bem, quisessem admitir que essas considerações
todas elas poderiam ser diferentemente), e como é estão certas, deixariam de proferir tantas blasfêmias,
impossível deliberar sobre coisas que são por como a de atribuir a Deus tanto a autoria dos bens
necessidade, a sabedoria prática não pode ser ciência, quanto dos males. Pois sendo Ele fonte suprema da
nem arte: nem ciência, porque aquilo que se pode fazer Bondade, nunca poderia ter criado aquilo que é
é capaz de ser diferentemente, nem arte, porque o agir e contrário à sua natureza.
o produzir são duas espécies diferentes de coisa. Resta, AGOSTINHO. A natureza do Bem.
Rio de Janeiro: Sétimo Selo, 2005. Adaptado.
pois, a alternativa de ser ela uma capacidade verdadeira
e raciocinada de agir com respeito às coisas que são Para Agostinho, não se deve atribuir a Deus a origem do
boas ou más para o homem. mal porque
a) o surgimento do mal é anterior à existência de Deus.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
b) o mal, enquanto princípio ontológico, independe de
Deus.
Aristóteles considera a ética como pertencente ao c) Deus apenas transforma a matéria, que é, por
campo do saber prático. Nesse sentido, ela difere-se dos natureza, má.
outros saberes porque é caracterizada como d) por ser bom, Deus não pode criar o que lhe é oposto,
a) conduta definida pela capacidade racional de o mal.
escolha. e) Deus se limita a administrar a dialética existente
b) capacidade de escolher de acordo com padrões entre o bem e o mal.
científicos
12. (Enem) Não é verdade que estão ainda cheios de velhice
c) conhecimento das coisas importantes para a vida do
espiritual aqueles que nos dizem: “Que fazia Deus antes
homem. de criar o céu e a terra? Se estava ocioso e nada
d) técnica que tem como resultado a produção de boas realizava”, dizem eles, “por que não ficou sempre assim
ações. no decurso dos séculos, abstendo-se, como antes, de
e) política estabelecida de acordo com padrões toda ação? Se existiu em Deus um novo movimento,
democráticos de deliberação. uma vontade nova para dar o ser a criaturas que nunca
antes criara, como pode haver verdadeira eternidade, se
10. (Enem) Se, pois, para as coisas que fazemos existe um n’Ele aparece uma vontade que antes não existia?”
fim que desejamos por ele mesmo e tudo o mais é AGOSTINHO. Confissões, São Paulo: Abril Cultural, 1984.
desejado no interesse desse fim; evidentemente tal fim
será o bem, ou antes, o sumo bem. Mas não terá o A questão da eternidade, tal como abordada pelo autor, é
conhecimento, porventura, grande influência sobre essa um exemplo de reflexão filosófica sobre a(s)
vida? Se assim é, esforcemo-nos por determinar, ainda a) essência da ética cristã.
b) natureza universal da tradição.
que em linhas gerais apenas, o que seja ele e de qual das c) certezas inabaláveis da experiência.
ciências ou faculdades constitui o objeto. Ninguém d) abrangência da compreensão humana.
duvidará de que o seu estudo pertença à arte mais e) interpretações da realidade circundante.
prestigiosa e que mais verdadeiramente se pode chamar
a arte mestra. Ora, a política mostra ser dessa natureza, 13. (Enem) Ora, em todas as coisas ordenadas a algum fim,
pois é ela que determina quais as ciências que devem é preciso haver algum dirigente, pelo qual se atinja
ser estudadas num Estado, quais são as que cada diretamente o devido fim. Com efeito, um navio, que se
move para diversos lados pelo impulso dos ventos
cidadão deve aprender, e até que ponto; e vemos que até
contrários, não chegaria ao fim de destino, se por
as faculdades tidas em maior apreço, como a estratégia, indústria do piloto não fosse dirigido ao porto; ora, tem
a economia e a retórica, estão sujeitas a ela. Ora, como a o homem um fim, para o qual se ordenam toda a sua
política utiliza as demais ciências e, por outro lado, vida e ação. Acontece, porém, agirem os homens de
legisla sobre o que devemos e o que não devemos fazer, modos diversos em vista do fim, o que a própria
a finalidade dessa ciência deve abranger as das outras, diversidade dos esforços e ações humanas comprova.
de modo que essa finalidade será o bem humano. Portanto, precisa o homem de um dirigente para o fim.
AQUINO, T. Do reino ou do governo dos homens: ao rei do Chipre. Escritos
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. In: Pensadores. políticos de São Tomás de Aquino. Petrópolis: Vozes, 1995. Adaptado.
São Pauto: Nova Cultural, 1991. Adaptado.

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No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a ARQUITETURAS DO PODER


monarquia como o regime de governo capaz de – Do papel histórico das instituições sociais à luta por
a) refrear os movimentos religiosos contestatórios. cidadania –
b) promover a atuação da sociedade civil na vida
política. MÓDULO II – DO REALISMO POLÍTICO AOS
c) unir a sociedade tendo em vista a realização do bem PACTOS CONTRATUAIS
comum.
d) reformar a religião por meio do retorno à tradição
helenística. 1. O REALISMO POLÍTICO DE MAQUIAVEL
e) dissociar a relação política entre os poderes temporal
e espiritual. Em geral, a tradição filosófica considera que o
Renascimento, embora seja destacadamente um dos
14. (Enem) Desde que tenhamos compreendido o períodos mais importantes da história humana, não produziu
significado da palavra “Deus”, sabemos, de imediato, nenhum filósofo teórico de grande importância. Não
que Deus existe. Com efeito, essa palavra designa uma obstante, produziu um homem de supremo destaque na
filosofia política: Nicolau Maquiavel (1467-1527).
coisa de tal ordem que não podemos conceber nada que
É costumeiro sentir-se provocado ou incomodado por
lhe seja maior. Ora, o que existe na realidade e no
Maquiavel, afinal, trata-se – indiscutivelmente – de um
pensamento é maior do que o que existe apenas no
pensador desconcertante. No entanto, muitos também seriam
pensamento. Donde se segue que o objeto designado
caso se vissem igualmente livres em imposturas. Sua
pela palavra “Deus”, que existe no pensamento, desde
filosofia política é científica e empírica. Fundamenta-se em
que se entenda essa palavra, também existe na
sua própria experiência e tem como objetivo formular meios
realidade. Por conseguinte, a existência de Deus é que conduzem a fins específicos, independentemente de
evidente. serem considerados bons ou ruins. Nas raras ocasiões em
TOMÁS DE AQUINO. Suma teológica.
Rio de Janeiro: Loyola, 2002. que se permite mencionar os fins que deseja, podemos todos
aplaudi-los.
O texto apresenta uma elaboração teórica de Tomás de Grande parte dos insultos que costumam ser
Aquino caracterizada por associados a seu nome se deve à indignação de hipócritas
a) reiterar a ortodoxia religiosa contra os heréticos. que odeiam a franca confissão de malfeitoria.
b) sustentar racionalmente doutrina alicerçada na fé. Há, é bem verdade, bastante coisa que de fato deve ser
c) explicar as virtudes teologais pela demonstração. criticada, mas nisso ele é expressão de sua época. Uma tal
d) flexibilizar a interpretação oficial dos textos honestidade intelectual acerca da desonestidade política
sagrados. dificilmente se faria possível em outra época ou outro país,
e) justificar pragmaticamente crença livre de dogmas. exceto talvez na Grécia daqueles que deviam sua educação
teórica aos sofistas e suas instruções práticas àquelas guerras
entre Estados insignificantes que, tanto no período grego
15. (Uece) Leia com atenção:
clássico quanto na Itália renascentista, serviam como
acompanhamento político do gênio individual.
“Portanto, deve-se dizer que como a lei escrita não
O Príncipe, sua obra mais famosa, foi redigido em
dá força ao direito natural, assim também não pode
1513 e dedicado a Lourenço II, uma vez que o autor
diminuir-lhe nem suprimir-lhe a força; pois, a vontade
esperava conquistar simpatia dos Médici. Seu tom talvez se
humana não pode mudar a natureza. Portanto, se a lei deva, em parte, a esse objetivo prático; Discursos, obra mais
escrita contém algo contra o direito natural, é injusta e longa e escrita no mesmo período, tem traços republicanos
não tem força para obrigar. Pois, só há lugar para o mais claros e é mais liberal. No início de O Príncipe,
direito positivo, quando, segundo o direito natural, é Maquiavel declara que não se ocupará da república, dado
indiferente que se proceda de uma maneira ou de outra, que lidara com ela alhures. Os que não leram também
como já foi explicado acima. Por isso, tais textos não Discursos provavelmente terão uma visão muito unilateral
hão de chamar leis, mas corrupções da lei, como já se de sua doutrina.
disse. E portanto, não se deve julgar de acordo com O Príncipe tem como objetivo descobrir, à luz da
elas.” história e de acontecimentos contemporâneos, de que modo
Tomás de Aquino, Suma Teológica, II, Questão 60, Art. 5.
os principados são conquistados, mantidos e perdidos. A
Itália do século XV lhe proporcionava uma multiplicidade
Com base na passagem acima, é correto afirmar que de exemplos, tanto grandes quanto pequenos. Poucos
a) a lei escrita só é legítima se for baseada no direito governantes de então eram legítimos; até mesmo os papas,
natural. em muitos casos, haviam assegurado a própria eleição
b) o direito positivo não é a lei escrita, mas dos mediante artifícios corruptos. As regras para a obtenção do
costumes. sucesso não eram precisamente as mesmas que vigeriam
c) o direito natural só é legítimo se expresso na lei quando os tempos se acalmassem: ninguém se chocava ante
escrita. crueldades e traições que viriam a desqualificar as pessoas
d) não há diferença entre direito natural e direito nos séculos XVIII ou XIX. Talvez a nossa época se veja
positivo. bem mais preparada para apreciar Maquiavel, dado que os
triunfos mais notáveis de nossa era foram alcançados
mediante métodos tão vis quanto qualquer artifício
empregado na Itália do Renascimento.

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1.1. O Estado como fundação absoluta que não admite nem fraquezas nem compromissos; que as
considerações morais e religiosas devem ser afastadas do
Quaisquer que sejam as continuidades (ou cálculo através do qual se estabelece ou se mantém o
filiações) ideais entre a Antiguidade e a Idade Média, por Estado; que as coisas são assim ainda em maior medida
um lado, e os tempos modernos, por outro, o “secretário porque o príncipe é senhor da legislação, porque define o
florentino” introduziu uma ruptura decisiva; contra as Bem e o Mal públicos e, por conseguinte, no que se refere às
teorias da sociabilidade natural, contra os ensinamentos da questões públicas, nem ele, nem os cidadãos devem se valer
Revelação e os da teologia. Foi ele quem deu ao Estado sua dos “mandamentos” da Igreja ou da tradição moral; que,
significação de poder central soberano legiferante e capaz de nessas mesmas questões, a recusa da violência é uma tolice
decidir, sem compartilhar esse poder com ninguém, sobre as e que, de resto, cabe distinguir a violência “que conserta”
questões tanto exteriores quanto internas de uma daquela “que destrói”.
coletividade; ou seja, de poder que realiza a laicização da A essas regras gerais – deduzidas dos dois princípios
plenitudo potestatis. do Estado enquanto potência e de autonomia do político –,
Maquiavel aduz aspectos mais técnicos; ele insiste, por
 A política como propriedade natural do homem ou como exemplo, na incontestável vantagem que constitui para o
ordem imposta ao mundo cá de baixo; príncipe um “exército nacional”. Mas, sobretudo, põe em
evidência a natureza estratégica da atividade política: a virtù
 é substituída pela política como atividade constitutiva da
do príncipe – qualidade de que se refere, ao mesmo tempo, à
existência coletiva.
firmeza de caráter, à coragem militar, à habilidade no
cálculo, à capacidade de sedução, à inflexibilidade – tem
Essa afirmação da originalidade absoluta do Estado, e
como inimigos seus adversários, mas também a foruna
da autonomia do político, funda-se no conhecimento que se (o acaso); o príncipe terá sucesso se, sabendo avaliar o “bom
pode obter tanto das repúblicas e dos principados modernos momento”, conseguir colocá-lo do seu lado. O ensinamento
quanto da história política da Antiguidade. Em seus de Maquiavel é pessimista? A expressão “realista”, decerto,
Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio (1512- é mais adequada. Retomando as lições dos historiadores
1519), Maquiavel deduz os ensinamentos trazidos pelo devir gregos e latinos, antecipando Hegel, o florentino constata
dos romanos, ensinamentos tão sérios quanto os que se que, em política, reinam a violência, a astúcia, a vontade de
pretendem extrair da interpretação dos textos sagrados: há poder; se as coisas são assim, então é melhor pôr essas
regras que presidem o governo e que têm a mesma natureza forças a serviço do Bem público e aprender a conhecê-las a
das leis que governam o movimento das estações, e nada fim de utilizá-las eficientemente como os meios desse fim
têm a ver com qualquer tipo de dever moral. Ora, a história legítimo.
de Roma – em sua crueza, mas também em sua perenidade e
grandeza – revela princípios essenciais: a unidade política, 2. O LEVIATÃ DE HOBBES
condição da existência social, repousa num ato que institui o
Estado, ato que é o de um legislador que define, de uma vez Hobbes (1588-1679) é um filósofo difícil de ser
por todas, o que é justo e o que é injusto, e o pleno exercício classificado. Foi empirista como Locke, Berkeley e Hume;
do poder. Esse ato de instituição é um princípio que deve ser no entanto, ao contrário deles, admirou o método
mantido constantemente (ou restaurado prontamente se matemático não somente no campo da matemática pura, mas
algum revés da fortuna minimizou a força do princípio); e também em suas aplicações. Sua visão de mundo inspirou-se,
isso ocorre, quaisquer que sejam os meios utilizados pelo como um todo, antes em Galileu do que em Bacon.
legislador ou pelo seu sucessor. É preciso observar que o No entanto, é sobre sua teoria do Estado que devemos
detentor (individual ou coletivo) do poder de Estado, que depositar nossas atenções, sobretudo, por ser mais moderna
pode e deve fazer tudo para assegurar tal poder, não pode do que qualquer teoria anterior, inclusive a de Maquiavel.
ser assimilado a um tirano: Maquiavel faz seu o ódio dos Hobbes anuncia, desde o início da obra, seu profundo
romanos pela tirania, que não tem como meta o triunfo do materialismo. A vida, diz ele, nada mais é do que o
Estado, mas o capricho de quem se apoderou dele. movimento dos membros, e por isso os autômatos possuem
O Príncipe – que se apresenta como uma obra de vida artificial. A nação, por ele denominada Leviatã, nada
técnica do governo, composta em 1513, mas publicada mais mais é do que uma criação artística; na verdade, trata-se de
tarde – organiza-se em torno dos mesmos temas. Maquiavel um homem artificial. Isso vai além da mera analogia e é
indaga que conduta deve adotar quem tem como projeto a minuciosamente elaborado. A soberania é uma alma
instauração ou restauração de um principado duradouro, artificial. Os pactos e alianças por meio dos quais o
forte, honrado e feliz. Ele se dirige aos Médicis, que acabam “Leviatã” ganha existência tomam o lugar de Deus no “faça-se
de retomar o poder em Florença; mas tem em vista o chefe o homem”.
que assumisse a tarefa de unificar a Itália sob uma mesma Na primeira parte do livro, Hobbes descreve o que se
bandeira, de libertá-la das invasões estrangeiras e de pôr fim convencionou chamar de “estado de natureza”. Em estado
às rivalidades fratricidas. A tradição à qual devemos o uso natural, antes de haver governo, cada homem deseja
atual do termo “maquiavelismo” conservou desse texto preservar a própria liberdade, mas também ter domínio
somente a apologia que nele seria feita da imoralidade sobre outros; ambos esses desejos são governados pelo
indispensável e, por conseguinte, legítima, que se liga a toda impulso da autopreservação. Desse conflito, surge uma
vontade de poder. guerra de todos contra todos, o que torna a vida “odiosa,
A significação de O Príncipe é de outra amplitude: embrutecida e breve”. Em estado natural, não há
trata-se, antes de mais nada, de mostrar que, se se quer o propriedade, tampouco justiça ou injustiça; existe tão
poder, é preciso querer a onipotência, que exige não apenas somente guerra, na qual “a força e a fraude são duas virtudes
um ato de fundação absoluta, mas também uma resolução cardeais”.

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A segunda parte da obra narra como os homens Quanto ao estado de natureza, foi Locke menos
escapam desses males ao se juntarem a comunidades original do que Hobbes, para quem tratava-se do estado em
sujeitas, cada qual, a uma autoridade central. Diz Hobbes que todos guerreavam contra todos e a vida era detestável,
que isso se dá mediante um contrato social. Supõe-se que bruta e breve. Hobbes, no entanto, era ateu célebre,
uma série de pessoas se junta e concorda em escolher um enquanto a visão do estado de natureza e da lei natural que
soberano, ou um corpo soberano, que exercerá autoridade Locke tomou de seus predecessores não pode ser apartada
sobre ela e dará fim à guerra universal. Trata-se de um mito de sua base teológica; ali onde sobreviveu sem ela, como em
explicativo, empregado para explicar por que os homens se grande parte do liberalismo moderno, sua perspectiva carece
submetem, e devem se submeter, aos limites que a de qualquer fundamento lógico claro.
submissão a uma autoridade impõe à liberdade pessoal. O A crença num “estado de natureza” feliz, característico
objetivo das restrições que os homens estabelecem para si de um passado remoto, deriva em parte da narrativa bíblica
mesmos, diz Hobbes, é preservar-se da guerra universal que referente à época dos patriarcas e, em parte disso, do mito
resulta do amor à própria liberdade e ao domínio sobre os clássico da era de ouro. A crença geral na maldade do
outros. passado distante só se consolidou com a doutrina da
Hobbes prefere a monarquia, mas todos os seus evolução.
raciocínios abstratos se aplicam igualmente a cada uma das O que em Locke mais se aproxima de uma definição
formas de governo em que existe autoridade suprema não do estado de natureza é:
limitada pelos direitos legais de outros corpos. Ele só “Homens convivendo segundo a razão, sem um superior
toleraria o Parlamento e nada mais – nunca um sistema em comum na terra que goze de autoridade para julgá-los, é o
que o poder governamental fosse partilhado entre aquele e o estado de natureza propriamente dito.”.
rei. Há antítese perfeita entre essa e as visões de Locke e Essa não é uma descrição da vida de selvagens, e sim
Montesquieu. A Guerra Civil inglesa ocorreu, diz Hobbes, da vida de uma comunidade imaginária composta de
porque o poder ficou dividido entre rei, lordes e comuns. anarquistas virtuosos, para os quais não são necessários
política ou tribunal, porque estão sempre obedecendo à
3. A FILOSOFIA POLÍTICA DE LOCKE “razão”, isto é, à “lei natural”, que por sua vez consiste nas
normas de conduta cuja origem é tida como divina.
Nos anos de 1689 e 1690, logo após a Revolução de A propriedade recebe grande ênfase na filosofia
1688, Locke escreveu seus Dois Tratados sobre o Governo, política de Locke e é tida como principal razão para o
dos quais o segundo possui enorme importância para a estabelecimento do governo civil:
história das ideias políticas. “A grande e decisiva finalidade da união dos homens
Locke inicia o Segundo Tratado Sobre o Governo em nações e de sua submissão ao governo está na
afirmando que, demonstrada a impossibilidade de derivar a preservação de suas propriedades; nesse aspecto, há no
autoridade governamental da autoridade paterna, ele agora estado de natureza numerosas carências.”.
formulará o que imagina ser a verdadeira origem do
governo. 3.1. Freios e Contrapesos
Ele parte do que denomina “estado de natureza”,
situação anterior a todo governo humano e que traz consigo A doutrina de que as funções legislativa, executiva e
uma “lei natural”, que no entanto consiste em decretos judiciária devem permanecer separadas é característica do
divinos e não é imposta por nenhum legislador terreno. Não liberalismo. Surgida na Inglaterra, quando da resistência aos
fica claro o quanto o estado de natureza se resume a mera Stuart, ela foi formulada com clareza por Locke, ao menos
hipótese ilustrativa e o quanto, segundo Locke, haveria nele no que diz respeito ao legislativo e ao executivo. Ambos
de existência histórica. Os homens saíram do estado de têm de se manter isolados, diz, para que não haja abuso de
natureza mediante um contrato social que instituiu o poder. Naturalmente, deve-se recordar que, ao falar do
governo civil. Isso ele também considerou mais ou menos legislativo, o autor se refere ao Parlamento, e do executivo,
histórico. Por ora, entretanto, é o estado de natureza o que ao Rei. Ao menos é isso o que quer dizer do ponto de vista
nos interessa. emocional, independentemente de sua intenção lógica.
No geral, o que Locke tem a dizer sobre ele e sobre a Portanto, Locke acredita que o legislativo é virtuoso e que o
lei natural não é novo; trata-se de mera repetição das executivo costuma ser iníquo.
doutrinas escolásticas do medievo. Assim diz Tomás de O filósofo diz ainda que o legislativo deve ser
Aquino: supremo, mas também removível pela comunidade. Nisso
“Toda lei forjada pelo homem possui caráter de lei está implícito que, a exemplo da Câmara dos Comuns,
exatamente na medida em que deriva da lei da natureza. Se também deve ser eleito de tempos em tempos mediante voto
contraria, contudo, em qualquer ponto, a lei da natureza, popular. Se levada a sério, a remoção pelo povo se opõe ao
deixa imediatamente de ser lei; trata-se no caso, de sua mera papel conferido ao rei e aos lordes pela Constituição
perversão.”1. britânica de então, que fazia de ambos parte do poder
Na teoria governamental de Locke há pouca legislativo.
originalidade. Ali ele se assemelha à maioria dos que
ganharam fama graças às próprias ideias. Em regra, o 4. A “VONTADE GERAL” EM ROUSSEAU
homem que primeiro concebe uma ideia está tão à frente de
seu tempo que de início todos o julgam louco, fazendo com A teoria política de Rousseau foi formulada em seu
que permaneça obscuro e logo seja esquecido. Então, pouco livro Do Contrato Social, publicado em 1762. Esse livro
a pouco, o mundo se vê pronto para a ideia e aquele que a tem caráter muito distinto da maioria de seus escritos;
proclama em tempo oportuno recebe todo o crédito. contém pouco sentimentalismo e se aproxima muito mais do
1
raciocínio intelectual.
Reproduzido por Tawney em Religion and the Rise of Capitalism.

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A liberdade é o objetivo nominal do pensamento de indivisível, infalível e absoluta, porque a vontade geral é
Rousseau, mas na realidade é a igualdade o que ele valoriza. sempre justa e tende sempre à utilidade pública; absoluta,
De início, seu conceito de Contrato Social parece análogo ao porque, assim como a natureza dá a todo homem um poder
de Locke, mas logo descobrimos ser mais similar ao de absoluto sobre todos os seus membros, o pacto social dá ao
Hobbes. Em seu desenvolvimento a partir do estado de corpo político um poder absoluto sobre todos os seus.
natureza, chega um momento em que os indivíduos não
No que se refere a essas duas características, surgem
mais podem conservar a independência primitiva; exige a
autopreservação, portanto, que se unam e formem novamente inúmeros contrassensos, a partir do momento em
sociedade. que se confunde vontade geral com vontade majoritária; mas
A obra de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) deu o próprio Rousseau tem a preocupação de precisar que as
lugar a uma multiplicidade de interppretações ainda hoje das deliberações do povo nem sempre têm a retidão da vontade
mais contraditórias: filósofo das luzes, cujos princípios geral, que a generalização da vontade resulta menos do
combate; teórico dos direitos naturais, que não poupa número de votos do que do interesse comum que os une; e,
sarcasmos à Escola do Direito Natural; promotor de uma sobretudo, que o absolutismo do poder soberano tem limites,
revolução liberal, cujas taras descreve antecipadamente; os mesmos que o tornam absoluto por meio do contrato
individualista empenhado em construir os fundamentos do social e que dizem respeito à igualdade dos indivíduos: se o
coletivismo totalitário, dentre outros.
poder soberano tentar romper essa igualdade, se ele der mais
4.1. Da desigualdade encargos a um súdito do que a outro, a questão se torna
particular, não mais estaremos diante do exercício de uma
Desde 1754, refletindo sobre as fontes da desigualdade vontade geral: tal poder, portanto, não é mais nem soberano,
entre os homens e polemizando assim sobre a natureza nem absoluto.
humana, Rousseau advertiu seus contemporâneos para a
grande heterogeneidade das teses que precederam a sua; e EXERCÍCIOS
tentou denunciar esse “erro comum” aos teóricos do direito
natural, que “transportaram para o estado de natureza ideias 1. (Uece) Leia com atenção:
que haviam tomado da sociedade”; que falavam do homem
selvagem enquanto retratavam o homem civilizado. Ele
“Quando um cidadão, não por suas crueldades ou
tenta, assim, adverti-los para sua aversão a todo primitivismo
naturalista: “é preciso destruir as sociedades, esmagar o teu outra qualquer intolerável violência, e sim pelo favor
e o meu e voltar a viver nas florestas com os ursos? Uma dos concidadãos, se torna príncipe de sua pátria – o que
consequência à maneira de meus adversários, para a qual se pode chamar principado civil (e para chegar a isto
tanto gostaria de chamar a atenção como de deixar para eles não são necessários grandes méritos nem muita sorte,
a vergonha de tirá-la.” Em vão e durante muitos séculos, mas antes uma astúcia feliz) –, digo que se chega a esse
pois esse mito do bom selvagem resta misteriosamente preso principado ou pelo favor do povo ou pelo favor dos
às premissas de seu pensamento político. Afinal, o estado de poderosos. É que em todas as cidades se encontram
natureza não é mais do que uma hipótese teórica, uma estas duas tendências diversas e isto nasce do fato de
operação do espírito, um postulado da razão. que o povo não deseja ser governado nem oprimido
pelos grandes, e estes desejam governar e oprimir o
4.2. A vontade geral
povo.”
Ameaçados em sua segurança, os homens são levados MAQUIAVEL. O Príncipe. Coleção “Os Pensadores”. Adaptado.
a consentir numa certa “organização” política, a firmarem
um certo “contrato social”. O conceito de vontade geral, que Considerando a questão da política em Maquiavel,
fissura nessa enunciação do Contrato, desempenha papel analise as seguintes afirmações:
importantíssimo no sistema de Rousseau. I. Maquiavel rompe com a tradição política ao não
É a vontade geral que indica as características gerais
admitir qualquer fundamento anterior e exterior à
da soberania: ela é inalienável, indivisível, infalível,
absoluta. A primeira característica é fundamental e leva política;
Rousseau a afastar o regime representativo: os constituintes II. Maquiavel considera a cidade uma comunidade
revolucionários que assimilaram a teoria rousseauniana da homogênea nascida da ordem natural ou da razão
lei esqueceram que essa só tem sentido em relação com essa humana;
condenação prévia, enunciada em termos pouco equívocos. III. Maquiavel considera que a política nasce das lutas
Quanto à segunda características que Rousseau atribui sociais e é obra da própria sociedade para dar a si
à soberania, ela irá desencadear inúmeras controvérsias mesma unidade e identidade.
constitucionais: a soberania é indivisível, porque a vontade
ou é geral ou não é; ou é a vontade do corpo do povo ou é É correto o que se afirma em
somente a de uma parte. No primeiro caso, essa vontade a) I e II apenas.
declarada é um ato de soberania e faz lei; no segundo, não b) I e III apenas.
passa de uma vontade particular ou de um ato de c) II e III apenas.
magistratura; é, no máximo, um decreto. Rousseau ironiza d) I, II e III.
os partidários de uma divisão dos poderes. A soberania é

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2. (Uece) A seguinte passagem reflete a novidade do Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do
pensamento político de Maquiavel: poder em seu tempo. No trecho citado, o autor
demonstra o vínculo entre o seu pensamento político e o
“Falar no ‘realismo' de Maquiavel equivale,
portanto, a ter aceitado o ponto de vista de Maquiavel: o humanismo renascentista ao
‘mal’ é politicamente mais significativo, mais ‘real’ do a) valorizar a interferência divina nos acontecimentos
que o ‘bem’. Para contrastá-lo com Aristóteles, diríamos definidores do seu tempo.
que descreveu a vida política dentro da perspectiva de b) rejeitar a intervenção do acaso nos processos
seus primórdios ou suas origens – amiúde violentas e políticos.
injustas – e não mais dentro da perspectiva de seu fim”. c) afirmar a confiança na razão autônoma como
fundamento da ação humana.
MANENT, Pierre. História intelectual do liberalismo: dez lições. d) romper com a tradição que valorizava o passado
Rio de Janeiro: Imago Ed., 1990. P. 27-29. Adaptado.
como fonte de aprendizagem.
e) redefinir a ação política com base na unidade entre
A partir da leitura do excerto acima e considerando o
fé e razão.
pensamento político de Maquiavel, assinale a afirmação
verdadeira.
a) Maquiavel consolidou a visão política dos antigos 5. (Enem) Nasce daqui uma questão: se vale mais ser
filósofos de uma natureza fundamentalmente boa da amado que temido ou temido que amado. Responde-se
ação política, modernizando-a para adaptá-la ao que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é
contexto das disputas renascentistas. difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que
b) Maquiavel inovou ao propor a ação política a partir amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos
de uma moral não cristã. Esta política realizaria o homens que se pode dizer, duma maneira geral, que são
bem da cidade e este bem não estaria ligado aos ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de
valores espirituais, mas ao jogo de poderes existentes. lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus,
c) Seguindo seus contemporâneos, o pensador oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos,
florentino expressou uma visão idealista da política quando, como acima disse, o perigo está longe; mas
a ser executada por um líder forte e cruel: o príncipe. quando ele chega, revoltam-se.
d) Seguindo a perspectiva político-teológica medieval,
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.
Maquiavel propôs uma visão de política que
conciliava o poder papal da igreja e o poder em
ascensão dos nobres e príncipes a quem servia. A partir da análise histórica do comportamento humano
em suas relações sociais e políticas, Maquiavel define o
3. (Enem) O príncipe, portanto, não deve se incomodar homem como um ser
com a reputação de cruel, se seu propósito é manter o a) munido de virtude, com disposição nata a praticar o
povo unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos bem a si e aos outros.
duros poderá ser mais clemente do que outros que, por b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para
muita piedade, permitem os distúrbios que levem ao alcançar êxito na política.
assassínio e ao roubo. c) guiado por interesses, de modo que suas ações são
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Martin Claret, 2009. imprevisíveis e inconstantes.
d) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social
No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão e portando seus direitos naturais.
sobre a Monarquia e a função do governante. A manutenção e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas
da ordem social, segundo esse autor, baseava-se na com seus pares.
a) inércia do julgamento de crimes polêmicos.
b) bondade em relação ao comportamento dos 6. (Uece) Atente para o seguinte trecho de Locke sobre o
mercenários. pacto social:
c) compaixão quanto à condenação dos servos.
d) neutralidade diante da condenação dos servos. “Se todos os homens são, como se tem dito, livres,
e) conveniência entre o poder tirânico e a moral do iguais e independentes por natureza, ninguém pode ser
príncipe retirado deste estado e se sujeitar ao poder político de
outro sem o seu próprio consentimento. A única
4. (Enem) Não ignoro a opinião antiga e muito difundida
maneira pela qual alguém se despoja de sua liberdade
de que o que acontece no mundo é decidido por Deus e
pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias, natural e se coloca dentro das limitações da sociedade
devido às grandes transformações ocorridas, e que civil é através de acordo com outros homens para se
ocorrem diariamente, as quais escapam à conjectura associarem e se unirem em uma comunidade para uma
humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente o vida confortável, segura e pacífica uns com os outros,
nosso livre arbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte desfrutando com segurança de suas propriedades e
decida metade dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio] melhor protegidos contra aqueles que não são daquela
nos permite o controle sobre a outra metade. comunidade”.
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979. Adaptado. LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo. Coleção Clássicos do
Pensamento Político. Petrópolis: Vozes, 1994, p. 139. Adaptado.

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No que diz respeito ao estabelecimento da sociedade d) determina o que é certo ou errado num contexto de
civil em John Locke, considere as seguintes afirmações: interesses conflitantes.
I. O estabelecimento da sociedade civil amplia a e) representa os interesses da coletividade, expressos
liberdade dos homens; pela vontade da maioria.
II. O estabelecimento da sociedade civil funda-se no
consentimento; 9. (Enem)
III. O estabelecimento da sociedade civil funda-se na
Texto I
liberdade e igualdade que existe entre todos os
homens. Até aqui expus a natureza do homem (cujo
orgulho e outras paixões o obrigaram a submeter-se ao
É correto o que se afirma em governo), juntamente com o grande poder do seu
a) I e II apenas. governante, o qual comparei com o Leviatã, tirando
b) II e III apenas. essa comparação dos dois últimos versículos do
c) I e III apenas. capítulo 41 de Jó, onde Deus, após ter estabelecido o
d) I, II e III. grande poder do Leviatã, lhe chamou Rei dos Soberbos.
Não há nada na Terra, disse ele, que se lhe possa
7. (Enem) Sendo os homens, por natureza, todos livres, comparar.
iguais e independentes, ninguém pode ser expulso de HOBBES, T. O Leviatã. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
sua propriedade e submetido ao poder político de
outrem sem dar consentimento. A maneira única em Texto II
virtude da qual uma pessoa qualquer renuncia à
liberdade natural e se reveste dos laços da sociedade Eu asseguro, tranquilamente, que o governo civil é
civil consiste em concordar com outras pessoas, em a solução adequada para as inconveniências do estado
juntar-se e unir-se em comunidade para viverem com de natureza, que devem certamente ser grandes quando
segurança, conforto e paz umas com as outras, gozando os homens podem ser juízes em causa própria, pois é
garantidamente das propriedades que tiverem e fácil imaginar que um homem tão injusto a ponto de
desfrutando de maior proteção contra quem quer que lesar o irmão dificilmente será justo para condenar a si
não faça parte dela. mesmo pela mesma ofensa.
LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo civil.
LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo civil. Os pensadores. Petrópolis: Vozes, 1994.
São Paulo: Nova Cultural, 1978.
Thomas Hobbes e John Locke, importantes teóricos
Segundo a Teoria da Formação do Estado, de John contratualistas, discutiram aspectos ligados à natureza
Locke, para viver em sociedade, cada cidadão deve humana e ao Estado. Thomas Hobbes, diferentemente
a) manter a liberdade do estado de natureza, direito de John Locke, entende o estado de natureza como
inalienável. um(a)
b) abrir mão de seus direitos individuais em prol do a) condição de guerra de todos contra todos, miséria
bem comum. universal, insegurança e medo da morte violenta.
c) abdicar de sua propriedade e submeter-se ao poder b) organização pré-social e pré-política em que o
do mais forte. homem nasce com os direitos naturais: vida,
d) concordar com as normas estabelecidas para a vida liberdade, igualdade e propriedade.
em sociedade. c) capricho típico da menoridade, que deve ser
e) renunciar à posse jurídica de seus bens, mas não à eliminado pela exigência moral, para que o homem
possa constituir o Estado civil.
sua independência.
d) situação em que os homens nascem como detentores
de livre-arbítrio, mas são feridos em sua livre
8. (Enem) A justiça e a conformidade ao contrato
decisão pelo pecado original.
consistem em algo com que a maioria dos homens e) estado de felicidade, saúde e liberdade que é
parece concordar. Constitui um princípio julgado destruído pela civilização, que perturba as relações
estender-se até os esconderijos dos ladrões e às sociais e violenta a humanidade.
confederações dos maiores vilões; até os que se
afastaram a tal ponto da própria humanidade conservam 10. (Uece) Considerando a filosofia política contratualista
entre si a fé e as regras da justiça. de Jean Jacques Rousseau, observe a seguinte passagem
LOCKE, J. Ensaio acerca do entendimento humano. de sua obra:
São Paulo: Nova Cultural, 2000. Adaptado.
O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o
primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de
De acordo com Locke, até a mais precária coletividade
dizer “isto é meu” e encontrou pessoas suficientemente
depende de uma noção de justiça, pois tal noção simples para acreditá-lo. Quantos crimes, guerras,
a) identifica indivíduos despreparados para a vida em assassínios, misérias e horrores não pouparia ao gênero
comum. humano aquele que, arrancando as estacas, tivesse
b) contribui com a manutenção da ordem e do gritado aos semelhantes: “Defendei-vos de ouvir esse
equilíbrio social. impostor”.
c) estabelece um conjunto de regras para a formação da Rousseau, J.J. Discurso sobre a origem e os fundamentos da
sociedade. desigualdade entre os homens. São Paulo. Abril Cultural, 1978. p.259.

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A filosofia política de Rousseau E os pactos sem espada não passam de palavras, sem
a) seguiu a tradição contratualista de Locke e Hobbes, força para dar qualquer segurança a ninguém. Portanto,
contudo sua ideia de pacto fundamentou-se na noção apesar das leis da natureza (que cada um respeita
de vontade geral, ponto de partida para a cidadania, quando tem vontade de as respeitar e quando o pode
construída com base nas vontades particulares. fazer com segurança), se não for instituído um poder
b) fundamentou-se na visão absolutista de pacto suficientemente grande para nossa segurança, cada um
originária do pensamento de Thomas Hobbes, na confiará, e poderá legitimamente confiar, apenas em sua
qual uma sociedade livre só seria possível se própria força e capacidade.
comandada de forma despótica.
c) foi fortemente influenciada pelas concepções HOBBES, Thomas. LEVIATÃ ou matéria, forma e poder de um
estado eclesiástico e civil. Trad. João P. Monteiro e Maria B. Nizza.
anarquistas do filósofo francês Pierre-Joseph 3ª ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
Proudhon, crítico severo da propriedade privada.
d) tinha, a exemplo de John Locke, uma concepção
Considere as seguintes proposições sobre o conceito de
positiva da propriedade como elemento fundamental
pacto social:
na consolidação do pacto social e da opinião geral.
I. Para Rousseau, pelo pacto social, o homem abre
11. (Uece) Leia atentamente o seguinte trecho do texto mão de sua liberdade, mas, ao fazê-lo, abre espaço
Hobbesiano, que se refere a um pacto entre ao surgimento da soberania e da lei, e obedecer a lei
“contratantes” em estado de natureza: é obedecer a si mesmo, o que o torna livre
novamente;
Quando se faz um pacto em que ninguém cumpre II. Diferente de Hobbes, Locke não via o estado de
imediatamente sua parte, e uns confiam nos outros, na natureza dominado pelo egoísmo. O contrato social
condição de simples natureza (que é uma condição de era necessário para garantir o direito de propriedade
guerra de todos os homens contra todos os homens), a que, segundo Locke, era anterior à própria
menor suspeita razoável torna nulo este pacto. Mas se sociabilidade;
houver um poder comum situado acima dos III. Hobbes e Rousseau concordavam ser necessário um
contratantes, com direito e força suficientes para impor
pacto ou contrato social, que decorria da
seu cumprimento, ele não é nulo.
necessidade humana de controlar os instintos e
HOBBES, Thomas. LEVIATÃ ou matéria, forma e poder de um impedir a guerra de todos contra todos do estado de
estado eclesiástico e civil. Trad. João P. Monteiro e Maria B. Nizza.
3ª Ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. natureza.

No que diz respeito ao estado de natureza, como É correto o que se afirma em


mencionado, considere as seguintes afirmações: a) I, II e III.
I. Entre o estado de natureza e o estado civil (ou b) I e III apenas.
estado de sociedade), há uma relação de c) I e II apenas.
contraposição, pois o estado de sociedade surge d) II e III apenas.
como antítese corretiva ao estado de natureza;
II. A passagem do estado de natureza ao estado de 13. (Enem) Tudo aquilo que é válido para um tempo de
sociedade ocorre espontaneamente, ou seja, como guerra, em que todo homem é inimigo de todo homem,
decorrência do processo de propensão natural dos é válido também para o tempo durante o qual os homens
indivíduos ao consenso; vivem sem outra segurança senão a que lhes pode ser
III. O estado de natureza é um estado cujos elementos oferecida por sua própria força e invenção.
constitutivos são os indivíduos singulares, livres e
iguais, mas que vivem uma vida solitária, cruel e HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1983
animalesca, da qual precisam escapar.
Não vamos concluir, com Hobbes que, por não ter
É correto o que se afirma em nenhuma ideia de bondade, o homem seja naturalmente
a) I e III apenas. mau. Esse autor deveria dizer que, sendo o estado de
b) II e III apenas. natureza aquele em que o cuidado de nossa conservação
c) I e II apenas. é menos prejudicial à dos outros, esse estado era, por
d) I, II e III. conseguinte, o mais próprio à paz e o mais conveniente
ao gênero humano.
12. (Uece) Analise as seguintes passagens que se referem ROUSSEAU, J.-J. Discurso sobre a origem e o fundamento da
ao princípio fundamental do contratualismo – a desigualdade entre os homens. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
existência de um pacto social como fundamento da Adaptado.
sociedade:
Os trechos apresentam divergências conceituais entre
As cláusulas desse contrato são de tal modo
determinadas pela natureza do ato, que a menor autores, que sustentam um entendimento segundo o qual
modificação as tornaria vãs e de nenhum efeito. a igualdade entre os homens se dá em razão de uma
Violando-se o pacto social, cada uma volta aos seus a) predisposição ao conhecimento.
primeiros direitos e retoma sua liberdade natural, b) submissão ao transcendente.
perdendo a liberdade convencional pela qual renunciara c) tradição epistemológica.
àquela. d) condição original.
ROUSSEAU, J. J. Do contrato social. 2ª ed. São Paulo: Abril e) vocação política.
Cultural, 1978. Coleção “Os Pensadores”.

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14. (Enem) É verdade que, nas democracias, o povo parece Em seu significado mais geral, a palavra Poder designa
fazer o que quer; mas a liberdade política não consiste a capacidade ou possibilidade de agir, de produzir efeitos.
nisso. Deve-se ter sempre presente em mente o que é Tanto pode ser referida a indivíduos e a grupos humanos
independência e o que é liberdade. A liberdade é o como a objetos ou a fenômenos naturais (como na expressão
direito de fazer tudo o que as leis permitem; se um Poder calorífico, Poder de absorção)
cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria BOBBIO, 1995, p. 933.
mais liberdade, porque os outros também teriam tal
poder. No dicionário citado, o poder pode ser entendido, entre
MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. São Paulo: Editora Nova outras definições, como “poder social”. Este tipo de poder
Cultural, 1997. Adaptado. diz respeito à vida dos seres humanos em sociedade, ou seja,
se trata das relações sociais estabelecidas entre estes. Dentro
A característica de democracia ressaltada por destas relações cabe não só a capacidade de ação, como de
Montesquieu diz respeito determinação de um indivíduo sobre outro. Isto implica em
a) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao dizer, que os indivíduos não são só "sujeitos", mas também
tomar as decisões por si mesmo. “objetos” do “poder social”.
b) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à O poder nesta definição, isto é, poder social, não é algo
conformidade às leis. ou uma coisa que se possui, mas uma relação que se
c) à possibilidade de o cidadão participar no poder e, estabelece entre indivíduos ou grupos sociais. Em outras
nesse caso, livre da submissão às leis. palavras, só pode haver poder numa relação em que a
d) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é vontade ou interesse de alguém (indivíduo ou grupo) se faz
proibido, desde que ciente das consequências. valer no comportamento de outro (indivíduo ou grupo). Por
e) ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo exemplo, aquele que impõe sua vontade de alguma forma
com seus valores pessoais. sobre outro, mas não obtém êxito, não consegue fazer com
que o outro atenda a seu interesse, não estabelece ou não
15. (Enem) Para que não haja abuso, é preciso organizar as constitui uma relação de poder. Portanto, para que se possa
coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder. estabelecer um poder é necessário que exista o outro, mas
Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo não só, é preciso que este também esteja submetido de
corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, alguma forma à vontade de quem exerce este poder.
exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de Do ponto de vista social, isto é, o poder como
executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes fenômeno social, este não pode ser analisado somente da
ou as divergências dos indivíduos. Assim, criam-se os perspectiva dos indivíduos e grupos que exercem o poder ou
poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, atuando de dos que estejam submetidos a este. Se faz necessário
forma independente para a efetivação da liberdade, também caracterizar a “esfera de atividades” onde este
sendo que esta não existe se uma mesma pessoa ou poder se realiza. Neste sentido, estamos falando de uma
grupo exercer os referidos poderes concomitantemente. relação “triádica”, ou seja, indivíduos que exercitam o
MONTESQUIEU, B. Do Espírito das Leis. poder, indivíduos que estão submetidos a esta relação de
São Paulo: Abril Cultural, 1979. Adaptado. poder e espaço ou “esfera” de atuação.
Podemos citar como “esfera de poder” o espaço de
A divisão e a independência entre os poderes são uma penitenciária, onde são desenvolvidas determinadas
condições necessárias para que possa haver liberdade atividades sociais, em que grupos de prisioneiros exercem
em um Estudo. Isso pode ocorrer apenas sob um modelo poder sobre outros presos. Por exemplo, no que diz respeito
político em que haja a quem pode ou não ficar em determinados pavilhões (caso
a) exercício de tutela sobre atividades jurídicas e de estupradores, ex-policiais etc), quando o preso não é
políticas. respeitado pela “massa” (caso de sentenciados que viram
b) consagração do poder político pela autoridade “taxi” dentro da cadeia e são obrigados a transportar outros
religiosa. presos nas costas de um lado para outro dentro do pavilhão)
c) concentração do poder nas mãos de elites técnico- e também de trabalhos forçados ou “trabalho escravo”,
-científicas. como dizem alguns sentenciados (caso de detentos viciados
d) estabelecimento de limites aos atores públicos e às em crack que são obrigados a trabalhar durante meses e até
instituições do governo. anos, costurando bolas para outros presos, com o intuito de
e) reunião das funções de legislar, julgar e executar nas pagar suas dívidas para o traficante).
mãos de um governo eleito.
O poder pode ser qualificado em: “poder pontual”,
quando de fato ele é exercido, quando passa da
ARQUITETURAS DO PODER
“possibilidade” para à “ação”; como “poder potencial”, ou
– Do papel histórico das instituições sociais à luta por
seja, quando existe a “possibilidade” em si, sem
cidadania –
necessariamente ser colocada em “ato”. As formas de
exercício podem ser várias, e vão da “persuasão” à
MÓDULO III – TEORIAS CONTEMPORÂNEAS “manipulação”, da “ameaça de uma punição” à “promessa
SOBRE PODER de uma recompensa”. A questão do conflito ou da não
existência deste, estaria relacionado ao seu exercício. Ainda
1. CONCEITOS SOBRE O PODER num sentido mais geral, para Weber (1994), o poder seria:
“toda probabilidade de impor a própria vontade numa
O conceito de poder de um ponto de vista mais geral, relação social, mesmo contra resistência, seja qual for o
segundo o dicionário de política Bobbio (1995), é definido fundamento dessa probabilidade”
da seguinte forma: WEBER, 1994, p.33.

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MÓDULO DE ESTUDO

Dito de outro modo, as qualidades possíveis de uma ou aqueles que exercitam este poder sejam benevolentes,
pessoa ou de grupo de indivíduos e toda combinação mas porque o recurso à violência implica também em
concebível de circunstâncias, podem por alguém ou grupo desgaste daqueles que detêm o exercício do poder de
numa situação na qual possa exigir obediência às suas Estado. Estrategicamente, isto é, a longo prazo, isto não
vontades. Esta definição weberiana é bastante forte e seria interessante, pois aqueles que são submetidos à
corrente entre os cientistas políticos, mas não só o poder de violência constante (numa sociedade com ampla divulgação
uma pessoa, mais que isto, o “poder político” ou de de ideias democráticas), passam a identificar no agressor um
“Estado” baseado na “força”, no “monopólio”, na inimigo, e não um parceiro, como querem os que se
“exclusividade” e “legitimidade”, é que é a principal encontram no poder. Por outro lado, a ideia de
referência para os mesmos. Segundo Lebrun (1999), poder e “adestramento” (Foucault, 1999), como fator determinante
dominação caminham juntos, e alguém só tem poder quando de comportamentos, também parece pouco convincente,
outro é despossuído deste. Esta concepção está relacionada à pois as pessoas não seriam somente o lugar onde o poder se
sociologia norte-americana conhecida por "Teoria do Soma efetiva, lhes transformando em "corpos dóceis", estas não
Zero", que diz que alguém só pode ter poder quando outro seriam mero resultado das relações de poder.
ou outros são desprovidos deste poder. Foucault tem razão quando diz que o poder não é só
O autor diz que esta tese pode ser encontrada em “proibição”, caso fosse assim, os indivíduos não o
Marx, Nietzsche, Weber, Raymond Aron, Wright Mills e legitimariam. Mas atribuir aos indivíduos uma característica
outros. Lebrun trabalha com a ideia de que nenhuma central de passividade (tornar os indivíduos em “corpos
“organização política moderna” poderia funcionar sem dóceis”), apesar das possíveis “resistências” que são
haver “dominação”. Neste sentido, o conceito de política mencionadas pelo autor, isto também não parece ser
moderno estaria relacionado à “força” ou “coação” de coerente.
“Estado” sobre os indivíduos para o cumprimento das leis Seria interessante pensarmos uma relação em que
sociais. Esta definição “moderna” é bem diferente do indivíduos, grupos sociais e agentes ligados ao Estado
sentido “clássico”, que atribui à política a ideia de fossem capazes de exercício de poder, um poder que não
“reflexão” e de “bem-estar” dos indivíduos quanto às tenha como característica central a “proibição” e nem o
atividades humanas desenvolvidas na “polis” ou “Estado”. “adestramento” dos indivíduos, que não esteja localizado em
No sentido moderno os termos política e Estado estão um lugar central (no caso o Estado), mas uma ideia de poder
bastante próximos, atribuindo-se à atividade política a ideia que também seduza as pessoas, que as mesmas se sintam e
de “força”, a qual seria uma prerrogativa “legítima” e sejam atuantes dentro deste conceito. Este seria um poder
“exclusiva” do Estado. Apesar desta aproximação, devemos "difuso" e que estaria permeado em todo o tecido social.
entender o Estado como uma instituição, e a política como Por “Poder” estamos entendendo toda capacidade,
uma prática social, sem transformar estes dois conceitos possibilidade e probabilidade de agir, impor sua vontade e
numa única instância. Neste sentido, política como “praxis produzir efeitos numa relação social, independentemente de
humana” estaria estreitamente ligada ao conceito de poder. resistência, capitulação ou manipulação dos indivíduos. O
Lebrun, contrário à visão de Foucault, de “adestramento” e poder político, neste caso, não seria prerrogativa só de um
não “dominação jurídica”, diz que esta tese do pensador indivíduo ou de um grupo de indivíduos localizados no
francês é limitada, pois estaria restrita ao homem europeu. “Estado”, que detém o “monopólio exclusivo” ou “legitimo”
A teoria foucaultiana não trataria do “colonizado” e deste poder. Isto não significa ausência de hierarquia na qual
nem do “proletário do Terceiro Mundo”, que seriam na todos possam participar das relações políticas em pé de
verdade “dominados” e não “condicionados” ou igualdade. Na verdade se trata de um princípio afirmativo de
“adestrados”. Portanto, para Lebrun, a melhor forma de que todos podem exercer poder. Foucault parte de uma
analisar as relações de poder, nestas sociedades, seria a interpretação da realidade social, na qual a centralidade de
partir da “Teoria do Soma Zero”. O poder nesta perspectiva, seus estudos se encontra na política, e não na economia
está relacionado ao poder de Estado ou do “Soberano”, como fazem os marxistas.
como propõe Hobbes. Ou seja, de “um contra todos” e a Nesta centralização política o conceito de poder é
“favor de todos ao mesmo tempo”, de cima para baixo, do usado como instrumento de interpretação social e as
geral para o particular e nunca o contrário (esta concepção “práticas sociais” ou “relações de poder” são o centro
estaria baseada num “contrato” e na ideia de “legitimidade”). nervoso de suas análises. Em nosso trabalho não utilizamos
Sem tomar o partido de Foucault, seria este tipo de o conceito de “classe”, como fazem os marxistas, daí o
“dominação jurídica” ou do poder como “proibição” a forma porquê do uso do conceito de poder, pois ao identificarmos
determinante e o único meio de controle social nos países do a prisão como espaço de “exclusão dos excluídos”, esta
Terceiro Mundo? Outrossim, nos países colonizados a discussão poderia nos remeter à ideia de “luta de classe”. No
relação entre aqueles que estão no exercício do “poder de entanto, entendemos que o conceito de "classe" não dá conta
Estado” e os que se encontram submetidos a este, seria de responder aos fenômenos identificados na pesquisa. Ao
somente uma relação de “poder” e “dominação”? Não identificarmos a prisão como espaço de “exclusão dos
haveria, por exemplo, possibilidade para uma relação de excluídos”, percebemos que necessariamente, nem todos
poder e sedução? Ou seja, os indivíduos, ao invés de aqueles que cometem crimes são “proletários” ou das
“dominados juridicamente” ou mesmo “adestrados”, não camadas populares, mais que isto, ao serem priorizados,
seriam seduzidos por este poder? Ao que parece, esta pelos órgãos de contenção à criminalidade, os segmentos
questão é um pouco mais complexa, pois nas intervenções ditos do movimento de criminalidade, muitos dos quais, que
do Estado, nem sempre se recorre ao uso “exclusivo” da do ponto de vista conceitual, estariam entre os proletários,
“força”. Por exemplo, na maioria das vezes o recurso à não estão entre aqueles cujo destino seria a prisão, pois estes
violência se dá como última medida, não porque o Estado possuem, o que estamos chamando de “recursos” para

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impedir que tal destino se efetive. Estes “recursos” seriam, presos e destes com os funcionários, de fato ocorre uma
entre outras coisas, os “instrumentos de poder” financeiros, “guerra”, mas esta guerra não seria uma luta sem limites ou
bélicos e intelectuais. Muitos indivíduos pertencentes às sem valores éticos. Os indivíduos no universo carcerário, de
camadas populares, traficantes, quadrilhas de desmanche de um modo geral, estão em constante luta ou “guerra”, mas
automóveis, de roubos de carga etc, possuem “recursos” esta guerra se faz baseada num amplo conjunto de valores
para impedir que as agências de controle à criminalidade os éticos, estabelecidos pelos próprios agentes que compõem
isolem da sociedade, os meios para isto vão desde os este universo.
confrontos bélicos até as negociações financeiras. Portanto,
o conceito de “classe” como instrumento teórico de Referências Bibliográficas
definição daqueles que poderíamos eleger como os grupos
preferenciais dos órgãos de contenção à criminalidade não ADORNO, Theodor W; HORKHEIMER, Max. Dialética
responde a um perfil mais preciso diante desta realidade. do esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.
AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo e outros
Foucault e o conceito de poder ensaios. Chapecó, SC: Argos, 2009.
ARISTÓTELES. Política. 3. ed. Brasília: Editora UnB,
Quanto ao conceito de poder utilizado por Foucault, 1997.
este propõe algumas precauções metodológicas para análise BOBBIO, Norberto. A teoria das formas de governo. 4. ed.
das relações de poder. Destas, com as quais concordamos, Brasília: Editora UnB, 1995.
encontram-se: ________. Estado, governo, sociedade: para uma teoria
a) um estudo que não privilegie a concepção hobbeseana geral da política. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
de Poder Soberano, em que se analisa o poder a partir ________. O futuro da democracia – uma defesa das regras
do Estado para suas ramificações, ou seja, do geral para do jogo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.
o particular, mas o contrário, partindo de suas ________. Teoria geral da política: a filosofia política e as
capilaridades, examinar as relações de poder em seus lições dos clássicos. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
detalhes mais sutis (os micropoderes); ________. et al. Dicionário de política. Brasília - DF:
b) entender o poder não só do ponto de vista jurídico de Editora da Universidade de Brasília, 1995.
dominação, mas do ponto de vista produtivo, isto é, da CHÂTELET, François. História da filosofia: ideias,
produção de um saber, portanto, não só repressivo; doutrinas – o século XX. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1974.
c) o poder não seria uma coisa que se possui ou que se v. 8
transmite para outro, mas uma relação entre indivíduos CHÂTELET, François; PISIER-KOUCHNER, Évelyne. As
que “circula” em toda a sociedade; concepções políticas do século XX – história do pensamento
d) deve-se fazer uma análise “ascendente do poder”, isto é, político. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1983.
de baixo para cima e não o contrário e por fim; ERIBON, D. Michel Foucault e seus contemporâneos. Rio
e) não ao modelo do contrato. de Janeiro: Zahar, 1996.
__________. Michel Foucault: uma biografia. São Paulo:
Em resumo, o poder, em Foucault, nesta “microfísica” Companhia das Letras, 1990.
deve ser entendido não como algo que se possui, mas como FOUCAULT, M. A verdade e as formas jurídicas: Cadernos
um exercício à disposição. Seu modelo deve ser a “guerra”, PUC-RJ, n° 16. Rio de Janeiro: Nau Editora, 1996.
a “batalha” e nunca o contrato. Este poder não deve ser uma __________. História da sexualidade. A vontade de saber.
via de mão única, mas sim de mão dupla, pois aqueles que Rio de Janeiro: Graal, 1988, v.l.
são dominados podem exercê-lo. Este poder não é aplicado __________. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal,
pura e simplesmente como obrigação ou proibição aos 1998.
dominados» passando por eles e através deles, da mesma __________. Vigiar e punir. História da Violência nas
forma, os dominados também se utilizam dele e se apoiam Prisões. Petrópolis: Vozes, 1999
nele. Não é um poder que parte do Estado para a periferia, HABERMAS, Jürgen. Consciência moral e agir
do Estado para os indivíduos, mas está presente em cada comunicativo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989.
célula da sociedade e em suas profundezas. LEBRUN, Gérard. O que é poder. 14. ed. São Paulo:
O exercício destas relações de poder não deve ser visto Brasiliense, 1994. (Coleção Primeiros Passos)
de forma “unívoca” (não comporta uma só forma de
interpretação) ou não ocorre de uma única forma, mas de EXERCÍCIOS
diversas formas. Por fim, o poder, para ele, não seria só
“coação”, mas um espaço de produção de “saber”. Por outro 1. (Uece) Michel Foucault (1926-1984) investigou as
lado, existem questões com as quais não podemos concordar origens dos princípios de vigilância, observação e
diante do nosso objeto de estudo e de nossa opção. correção de “comportamentos indesejados” para o
Os indivíduos, por exemplo, não são só “efeito” de funcionamento das instituições modernas. Tais
poder como diz Foucault. Eles também produzem novas princípios produzem “corpos disciplinados” ou “corpos
relações de poder, transformam as estruturas e podem até dóceis” e os tipos de instituições que adotam tais
negar estas. Os indivíduos não são só o meio de transmissão
princípios são as escolas, os hospitais, as prisões e as
do poder, por onde o poder se manifesta e se efetiva. A
empresas modernas. No ambiente controlado dessas
subjetividade não é só “sujeição”. Ainda, sobre o modelo de
“contrato” apresentado por Hobbes, modelo este o qual organizações, a disciplina exerce um poder sobre os
Foucault contrapõe a ideia de “guerra”, também precisa ser corpos dos seus integrantes. Esse “poder disciplinar”
questionado. Entendemos que nas relações de poder entre explora técnicas diversas para subjugar os corpos

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MÓDULO DE ESTUDO

individualmente e exerce um tipo de controle que não 3. (Enem) A lei não nasce da natureza, junto das fontes
atua de fora, mas trabalha esses corpos de dentro frequentadas pelos primeiros pastores; a lei nasce das
produzindo os “comportamentos adequados” e batalhas reais, das vitórias, dos massacres, das
fabricando o tipo de pessoa necessária ao conquistas que têm sua data e seus heróis de horror: a
funcionamento e manutenção dessas instituições. lei nasce das cidades incendiadas, das terras devastadas;
ela nasce com os famosos inocentes que agonizam no
dia que está amanhecendo.
Considerando essa concepção de Michel Foucault,
assinale a proposição verdadeira. FOUCAULT, M. Aula de 14 de janeiro de 1976. In: Em defesa da
sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
a) O poder disciplinar é um tipo de poder que emana
das instituições modernas e se exerce estimulando O filósofo Michel Foucault (séc. XX) inova ao pensar a
comportamentos indesejados para puni-los. política e a lei em relação ao poder e à organização
b) O uso das novas tecnologias de informação e social. Com base na reflexão de Foucault, a finalidade
comunicação, nas empresas, libertam seus das leis na organização das sociedades modernas é
integrantes de todo tipo de vigilância interna e a) combater ações violentas na guerra entre as nações.
externa. b) coagir e servir para refrear a agressividade humana.
c) A análise de Foucault sobre a vigilância nas c) criar limites entre a guerra e a paz praticadas entre
instituições modernas demonstra estratégias de os indivíduos de uma mesma nação.
d) estabelecer princípios éticos que regulamentam as
controle embasadas na disciplina dos seus membros.
ações bélicas entre países inimigos.
d) Para Foucault, os princípios disciplinares próprios e) organizar as relações de poder na sociedade e entre
das prisões modernas são exemplares e devem ser os Estados.
aplicados nas escolas e nos ambientes hospitalares.
4. (Uece) Leia com atenção
2. (Uece) Leia atentamente o seguinte excerto do texto de
“As tradições que sustentam as instituições
Michel Foucault, que expõe parte de suas análises sobre
democráticas americanas estão se desintegrando,
o poder: abrindo um vazio desconcertante entre como nosso
“É preciso, em primeiro lugar, afastar uma tese sistema político funciona e as expectativas há muito
muito difundida segundo a qual o poder nas sociedades arraigadas de como ele deve funcionar.”
burguesas e capitalistas teria negado a realidade do LEVITSKY, Steven; ZIBLATT, Daniel. Como as democracias
corpo em proveito da alma, da consciência, da morrem. Trad. Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Zahar, 2018, p. 142.

identidade. Nada é mais físico, mais corporal que o


O trecho acima citado se refere ao abismo, constatado
exercício do poder. Uma das primeiras coisas a no mundo todo, entre as tradições iluministas que deram
compreender é que o poder não está localizado no origem aos nossos sistemas republicanos liberais e a
aparelho de Estado e que nada mudará na sociedade se negação da política, que tem tomado conta dos
os mecanismos de poder que funcionam fora, abaixo, ao discursos eleitorais em diversos países, nos últimos
lado dos aparelhos de Estado a um nível muito mais anos. Assinale a opção que apresenta corretamente as
elementar, quotidiano, não forem modificados”. principais heranças liberais que ainda são visíveis na
construção das nossas instituições políticas atuais.
FOUCAULT. Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: a) Plutocracia, nacionalismo e fraternidade universal.
Edições Graal, 1979. p. 147-149. Adaptado. b) Democracia, direitos individuais e soberania popular.
c) Socialismo, liberdade religiosa e desobediência civil.
Com base na passagem acima e tendo em vista a d) Propriedade privada, populismo e liberdade de
concepção de poder no pensamento de Foucault, imprensa.
assinale a afirmação verdadeira.
5. (Uece) O trecho que se apresenta a seguir trata da
a) Em consonância com a filosofia do direito de Hegel,
passagem da democracia política – garantidora de
Foucault entendia que os diversos poderes seriam direitos políticos fundamentais – para a democracia
ramificações ou uma rede de poderes materializados social, no mundo contemporâneo:
a partir do Estado moderno.
b) Foucault repete a noção dos filósofos contratualistas “O processo de alargamento da democracia na
sociedade contemporânea não ocorre apenas através da
que identifica no Estado o ponto de partida
integração da democracia representativa com a
necessário e absoluto de todo tipo de poder social. democracia direta, mas também e, sobretudo, através da
c) Tal concepção seguiu a tradição do pensamento extensão da democratização com a passagem da
marxista, no qual as formas de exercício do poder democracia na esfera política, isto é, na esfera em que o
têm exclusiva relação com a estrutura de classes e indivíduo é considerado como cidadão, para a
são reproduzidas pelos aparelhos de Estado. democracia na esfera social, onde o indivíduo é
d) Para Foucault, os poderes se exercem em níveis considerado na multiplicidade de seu status, na extensão
variados e em pontos diferentes da rede social como das formas de poder ascendente”.
micropoderes integrados, ou não, ao Estado e BOBBIO, N. Estado, governo e sociedade: para uma teoria geral da
política. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. Adaptado.
através das práticas culturais.

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MÓDULO DE ESTUDO

Sobre esse processo histórico, é correto afirmar que 8. (Ibade) Na obra “O Futuro da democracia”, Norberto
a) a construção do estado democrático moderno foi Bobbio defendeu a ideia de que a democracia é formada
capaz de assegurar direitos inalienáveis aos por um conjunto de regras. E, como o exercício da
cidadãos, mas falhou em ampliar tais direitos ao democracia direta nos Estados modernos é praticamente
inconcebível – devido ao contingente populacional e a
longo dos séculos XIX e XX.
complexidade de suas sociedades – a representatividade
b) os estados democráticos estabeleceram, logo em seu do poder torna-se necessária.
início, formas bem amplas de participação dos
indivíduos, sendo este um diferencial importante Segundo esse autor, para que os cidadãos tenham o
identificado, por exemplo, na América do Norte. mínimo de controle para fiscalizar os atos de governo,
no intuito de evitar abusos de poder por parte dos
c) a conquista de direitos sociais foi gradual e se
representantes eleitos, se faz necessário(a)
verificou à medida que os modelos formais de a) a transparência e a publicidade dos atos do governo.
participação foram sendo ampliados com o b) a instauração e manutenção do Estado do bem-estar
surgimento de novas formas de participação. social (Welfare-State).
d) O reconhecimento da existência de direitos humanos c) a elaboração de políticas públicas que resguardem os
só se estabeleceu a partir da superação do mero direitos humanos.
exercício dos direitos políticos, com a ampliação da d) o respeito ao princípio da isonomia de direitos entre
democracia na contemporaneidade. governantes e governados.
e) a garantia da autonomia em os poderes.
6. (Enem) O processo de justiça é um processo ora de 9. (Ibade) Norbert Elias (1994), no segundo volume da sua
diversificação do diverso, ora de unificação do idêntico. obra o “Processo Civilizador”, busca entender como
A igualdade entre todos os seres humanos em relação são formadas as estruturas que hoje conhecemos por
aos direitos fundamentais é o resultado de um processo “Estado”. Segundo ele:
de gradual eliminação de discriminações e, portanto, de
unificação daquilo que ia sendo reconhecido como “Não fui orientado nesse estudo pela ideia de que
idêntico: uma natureza comum do homem acima de nosso modo civilizado de comportamento é o mais
qualquer diferença de sexo, raça, religião etc. avançado de todos os humanamente possíveis, nem pela
opinião de que a ‘civilização’ é a pior forma de vida e
BOBBIO, N. Teoria geral da política: a filosofia política e as lições
que está condenada ao desaparecimento. Tudo o que se
dos clássicos. Rio de Janeiro:Campus, 2000. pode dizer é que, com a civilização gradual, surge certo
número de dificuldades especificamente civilizacionais”
De acordo com o texto, a construção de uma sociedade ELIAS, 1994, p. 18.
democrática fundamenta-se em
Sobre o “Processo Civilizador”, abordado por Elias, é
a) A norma estabelecida pela disciplina social.
possível afirmar:
b) A pertença dos indivíduos à mesma categoria. a) Elias pensava o processo de civilização como se as
c) A ausência de constrangimentos de ordem pública. noções de “evolução” ou “desenvolvimento”
d) A debilitação das esperanças na condição humana. implicassem progresso automático.
e) A garantia da segurança das pessoas e valores b) Segundo Elias devemos levar em consideração que
sociais. as estruturas de personalidade e as estruturas sociais
são fixas, portanto com graus de evolução distintos.
7. (Enem) Um dos teóricos da democracia moderna, Hans c) Elias é enfático ao propor que não pretende
apresentar o “modo” ocidental de viver como o mais
Kelsen, considera elemento essencial da democracia
avançado.
real (não da democracia ideal, que não existe em lugar
d) Para Elias, o processo civilizador constitui uma
algum) o método da seleção dos líderes, ou seja, a mudança abrupta na conduta e nos sentimentos
eleição. Exemplar, neste sentido, é a afirmação de um humanos rumo a uma direção muito específica.
juiz da Corte Suprema dos Estados Unidos, por ocasião e) Para o Elias, tanto na contemporaneidade, quanto
de uma eleição de 1902: “A cabine eleitoral é o templo antes, são apenas as metas, as pressões econômicas e
das instituições americanas, onde cada um de nós é um os motivos políticos, que constituem as principais
sacerdote, ao qual é confiada a guarda da arca da aliança forças motrizes das mudanças.
e cada um oficia do seu próprio altar”.
BOBBIO, N. Teoria geral da política. 10. (Enem) Hoje, a indústria cultural assumiu a herança
Rio de Janeiro: EIsevier, 2000. Adaptado. civilizatória da democracia de pioneiros e empresários,
que tampouco desenvolvera uma fineza de sentido para
As metáforas utilizadas no texto referem-se a uma os desvios espirituais. Todos são livres para dançar e
para se divertir do mesmo modo que, desde a
concepção de democracia fundamentada no(a)
neutralização histórica da religião, são livres para entrar
a) justificação teísta do direito. em qualquer uma das inúmeras seitas. Mas a liberdade
b) rigidez da hierarquia de classe. de escolha da ideologia, que reflete sempre a coerção
c) ênfase formalista na administração. econômica, revela-se em todos os setores como a
d) protagonismo do Executivo no poder. liberdade de escolher o que é sempre a mesma coisa.
e) centralidade do indivíduo na sociedade. ADORNO, T; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento:
fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro; Zahar, 1985

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MÓDULO DE ESTUDO

A liberdade de escolha na civilização ocidental, de 13. (Uece) Leia com atenção:


acordo com a análise do texto, é um(a)
“Generalizando posteriormente a já amplíssima
a) legado social. classe dos dispositivos foucaultianos, chamarei
b) patrimônio político. literalmente de dispositivo qualquer coisa que tenha de
c) produto da moralidade. algum modo a capacidade de capturar, orientar,
d) conquista da humanidade. determinar, interceptar, modelar, controlar e assegurar
e) ilusão da contemporaneidade. os gestos, as condutas, as opiniões e os discursos dos
seres viventes.”
11. (Enem) A democracia deliberativa afirma que as partes AGAMBEN, G. O que é um dispositivo? Outra travessia.
do Conflito político devem deliberar entre si e, por meio Florianópolis, n. 5, p. 9-16, jan. 2005.
de argumentação razoável, tentar chegar a um acordo
sobre as políticas que seja satisfatório para todos. A Considerando o excerto acima, analise as seguintes
democracia ativista desconfia das exortações à proposições:
deliberação por acreditar que, no mundo real da política, I. As prisões e os manicômios se enquadram nesse
onde as desigualdades estruturais influenciam conceito na medida em que se voltam para a
procedimentos e resultados, processos democráticos que correção e normalização de condutas consideradas
parecem cumprir as normas de deliberação geralmente desviantes;
tendem a beneficiar os agentes mais poderosos. Ela II. As escolas, as igrejas e as fábricas podem ser
recomenda, portanto, que aqueles que se preocupam pensadas como dispositivos na medida em que se
com a promoção de mais justiça devem realizar voltam para os corpos e os comportamentos no
principalmente a atividade de oposição crítica, em vez sentido do disciplinamento;
de tentar chegar a um acordo com quem sustenta III. Os computadores, os telefones celulares, as câmeras
estruturas de poder existentes ou delas se beneficia. de segurança se destacam como dispositivos, pois
YOUNG, I. M. Desafios ativistas à democracia deliberativa Revista controlam tecnicamente os gestos e as condutas
Brasileira de Ciência Política, n. 13, jan-abr. 2014. humanas.

As concepções de democracia deliberativa e de É correto o que se afirma em


democracia ativista apresentadas no texto tratam como a) I, II e III.
imprescindíveis, respectivamente, b) I e II, apenas.
a) a decisão da maioria e a uniformização de direitos. c) II e III, apenas.
b) a organização de eleições e o movimento anarquista. d) I e III, apenas.
c) a obtenção do consenso e a mobilização das
14. (Uece) Leia com atenção o seguinte fragmento a
minorias.
respeito dos movimentos sociais na era da Internet:
d) a fragmentação da participação e a desobediência
civil. “Os movimentos sociais são produtores de novos
e) a imposição de resistência e o monitoramento da valores e objetivos em torno dos quais as instituições da
liberdade. sociedade se transformaram a fim de representar esses
valores, criando novas normas para organizar a vida
12. (Enem) O conceito de democracia, no pensamento de social. Os movimentos sociais exercem o contra poder
Habermas, é construído a partir de uma dimensão construindo-se, em primeiro lugar, mediante um
procedimental, calcada no discurso e na deliberação. A processo de comunicação autônoma, livre do controle
legitimidade democrática exige que o processo de dos que detêm o poder institucional. Como os meios de
tomada de decisões políticas ocorra a partir de uma comunicação de massa são amplamente controlados por
ampla discussão pública, para somente então decidir. governos e empresas de mídia, na sociedade em rede, a
Assim, o caráter deliberativo corresponde a um autonomia de comunicação é basicamente construída
processo coletivo de ponderação e análise, permeado nas redes da internet e nas plataformas de comunicação
pelo discurso, que antecede a decisão. sem fio. As redes sociais digitais oferecem a
possibilidade de deliberar sobre e coordenar as ações de
VITALE, D. Jürgen Habermas, modernidade e democracia
forma amplamente desimpedida. Entretanto, esse é
deliberativa. Cadernos do CRH (UFBA), v. 19, 2006 (adaptado).
apenas um componente do processo comunicativo pelo
qual os movimentos sociais se relacionam com a
O conceito de democracia proposto por Jürgen
sociedade em geral. Eles também precisam construir um
Habermas pode favorecer processos de inclusão social.
espaço público, criando comunidades livres no espaço
De acordo com o texto, é uma condição para que isso
urbano. Uma vez que o espaço público institucional, o
aconteça o(a) espaço constitucionalmente designado para a
a) participação direta periódica do cidadão. deliberação, está ocupado pelos interesses das elites
b) debate livre e racional entre cidadãos e Estado. dominantes e suas redes, os movimentos sociais
c) interlocução entre os poderes governamentais. precisam abrir um novo espaço público que não se
d) eleição de lideranças políticas com mandatos limite à Internet, mas se torne visível nos lugares da
temporários. vida social”.
e) controle do poder político por cidadãos mais CASTELLS, Manuel. Redes de indignação e esperança: movimentos
esclarecidos. sociais na era da Internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2015.

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MÓDULO DE ESTUDO

Considerando a compreensão de Castells acerca dos


movimentos sociais na “era da Internet”, assinale a
afirmação verdadeira.
a) Os movimentos sociais, em toda a história das
sociedades, reproduziram os valores tradicionais e
buscaram a manutenção dos interesses de poder.
b) As novas redes de comunicação virtual são
suficientes para comporem e orquestrarem os
movimentos sociais nas sociedades contemporâneas.
c) Os movimentos sociais, em uma época de redes de
comunicação livres e democráticas, tendem a ser
mais autônomos diante dos poderes dominantes.
d) O poder público dos Estados modernos concede os
espaços físicos das cidades para que os movimentos
sociais possam se manifestar livremente.

15. (Uece) Leia atentamente:


“Em situações de crise econômica, social,
institucional, moral, aquilo que era aceito porque não
havia outra possibilidade deixa de sê-lo. E aquilo que
era um modelo de representação desmorona na
subjetividade das pessoas. Só resta o poder descarnado
de que as coisas são assim, e aqueles que não aceitarem
que saiam às ruas, onde a polícia os espera. Essa é a
crise de legitimidade.”
CASTELLS, Manuel. Ruptura: a crise da democracia liberal. Trad.
Joana Angélica d’Avila Melo. Rio de Janeiro: Zahar, 2018, p. 14.

O texto acima adverte para a crise do modelo político


representativo pensado e legitimado por pensadores
como Thomas Hobbes, Locke e outros. Trata-se da crise
da república representativa, na qual o poder é exercido
por representantes eleitos. Considerando o texto de
Castells, é correto dizer que o modelo representativo
está em crise de legitimidade, o que quer dizer que
a) os eleitores passaram a acreditar que os seus
representantes representam não a eles, mas sim a
interesses estranhos.
b) a crise econômica, social, institucional e moral
conduz a uma crise de legitimidade, que tem forçado
o eleitor a votar bem.
c) os pensadores da representação estão teoricamente
errados, mas as instituições representativas estão
estáveis.
d) a crise da representação se resolve com uma boa
conscientização política, com o povo sabendo
escolher seus representantes.

DIRETOR: MARCELO PENA – SUPERVISOR: DAWISON SAMPAIO


DIG.: ESTEFANIA – 29/06/21 – REV.: RITA, SARAH E TEREZA

24 035.278 - 155068/21
CURSO DE FÉRIAS – FILOSOFIA E SOCIOLOGIA

Anotações

118 034.689 - 154665/21


CURSO DE FÉRIAS – HUMANAS

GEOGRAFIA
GABARITOS

HISTÓRIA PROFESSOR ADRIANO BEZERRA


TC 01 – AGRONEGÓCIO
PROFESSOR DAWISON SAMPAIO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 D C A C D C D D D A
D B D C A B E A D TC 02 – EMERGÊNCIA AMBIENTAL
10 11 12 13 14 15 16 17 18 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
D C D C A C C A B D C C B D B B E E A
19 20 21 22 23 24 25 26 27 TC 03 – CRISE MIGRATÓRIA E REVOLUÇÕES
B A A D B E D E C INDUSTRIAIS
28 29 30 31 32 33 34 35 36 1 2 3 4 5 6 7 8 9
A E D E C E A B A B D E E C C D D D
37 38 39 40 41 TC 04 – RECURSOS MINERAIS DO BRASIL,
B C C E D SOLOS E CHINA
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
C B E D A D C A D D E
TC 05 – CONCEITOS URBANOS E GEOPOLÍTICA
PROFESSOR NILTON SOUSA DA ÁGUA
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9
C A E D E B A D C A C D B B A C E A C
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 TC 06 – GEOGRAFIA FÍSICA DO ENEM
B C E D A A B B B C 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 D D C D C C B B A E
D B B D A D A E A C
31 32 33 34 35 36 37 38 39
PROFESSOR ALEXANDRE LIMA
E D D C C D C C E
TC 01 – EUROCETICISMO E MOVIMENTOS
ANTIGLOBALIZANTES
1 2 3 4 5
PROFESSOR HERMANO MELO A B A C D
1 2 3 4 5 6 7 8 9 6 7 8 9 10
E C D D C C E C E E A E E E
10 11 12 13 14 15 16 17 18 11 12 13 14
C C A C D A D E B A D C A
TC 02 – NAVEGAÇÃO: ESTREITOS E CANAIS
19 20 21 22 23 24 25 26 27
ESTRATÉGICOS
C D C E B A A C B
1 2 3 4 5
28 29 30 31 32 33 34 35 36
A B A E B
A D C D C E C C C
6 7 8 9 10
37 38 39 40 41 42 43 44
D B C A B
B A C C A D D A
11 12 13 14
B B A D
TC 03 – MOVIMENTOS SEPARATISTAS
PROFESSOR D’LAÍAS MORAES 1 2 3 4 5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 C C A A A
* D C C * B C D B – 6 7 8 9 10
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 A A A A A
D A B E D E A A B E 11 12 13 14 15
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 C D B D C
E D D D C B B D A B
* 1. F – V – F – V – F
* 5. F – V – F – V – F
– Resposta com o professor.

119
CURSO DE FÉRIAS – HUMANAS

FILOSOFIA/SOCIOLOGIA

1ª TEMÁTICA COMPARATIVA
1 2 3 4 5
C C D C D

2 TEMÁTICA COMPARATIVA
1 2 3 4 5
C B C C A
6 7 8 9 10
B D E A E

3ª TEMÁTICA COMPARATIVA
1 2 3 4 5
D D E C B

4ª TEMÁTICA COMPARATIVA
1 2 3 4 5
A B A A A

5ª TEMÁTICA COMPARATIVA
1 2 3 4 5
B A D C C

6ª TEMÁTICA COMPARATIVA
1 2 3 4 5
A A A A B

7ª TEMÁTICA COMPARATIVA
1 2 3 4 5
D E C B C

8ª TEMÁTICA COMPARATIVA
1 2 3 4 5
A B A B C

9ª TEMÁTICA COMPARATIVA
1 2 3 4 5
B A A C E

10ª TEMÁTICA COMPARATIVA


1 2 3 4 5
A E A A C

120
MÓDULO DE ESTUDO

MÓDULO I – DO MILAGRE GREGO AOS


DOMÍNIOS MEDIEVAIS
1 2 3 4 5
C A C A D
6 7 8 9 10
A B C A C
11 12 13 14 15
D D C B A

MÓDULO II – DO REALISMO POLÍTICO AOS


PACTOS CONTRATUAIS
1 2 3 4 5
B B E C C
6 7 8 9 10
B D B A A
11 12 13 14 15
A C D B D

MÓDULO III – TEORIAS CONTEMPORÂNEAS


SOBRE PODER
1 2 3 4 5
C D E B C
6 7 8 9 10
B E A C E
11 12 13 14 15
C B A C A

25 035.278 - 155068/21

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