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Filosofia do Direito e Metodologia Jurídica I. 1º Ano, 2022-2023, I SEMESTRE.

Texto 1: Metodologia, Filosofia e Mitologia: “Não se deve começar a falar da Metodologia falando apenas da
Metodologia. Antes da Metodologia, e determinado qual seja, está a Filosofia (e antes desta a Mitologia –
Zeus/Júpiter - Jus est quod Jovis/Iovis jubet/ Thémis, que ordena o direito - thémistes, sob a inaspiração de Zeus)”.
CUNHA, Paulo Ferreira da (2021). Metodologia Jurídica, 4ª edição. Coimbra: Almedida, pp. 13-14.

Texto 2: O Problema Metodológico Jurídico e a questão do modelo metódico-jurídico numa perspectiva


metodológica: “Não se pode compreender hoje um qualquer modelo metódico-jurídico sem reflectirmos problemática
e criticamente sobre a sua intencionalidade no quadro global do pensamento jurídico e aí também sobre os seus
pressupostos constitutivos – o problema específico do método jurídico é actualmente, e porventura mais do que nunca,
uma dimensão da problemática do direito e do colectivo pensamento jurídico. O campo charneira entre esta
problemática e aquele problema específico é a metodologia (methodos-logos)”. in NEVES, António Castanheira (1993).
Metodologia Jurídica. Problemas Fundamentais. Coimbra: Coimbra Editora, p.13.

Texto 3: “(...) a metodologia é ou propõe-se a ser a razão intencional de um método – a racionalidade (o fundamento/
o regulativo) ou o pensamento de (i.e, o discurso /o condutor ou logos) ou sobre esse método - o caminho (odos) para
algo além (meta), i.e, a racionalidade ou pensamento do metodos pelo qual se cumpre essa realização (i.e., a realização
do direito (...) O que sem mais, não deixa de suscitar certas perguntas de resposta nem sempre fácil. Desde logo: que
relação intencional se estabelecerá concretamente entre o logos (a razão, a racionalidade, o pensamento), e o método
(o modus ou o processo)? Que razão, a racionalidade ou pensamento se terá especificamente de considerar? (...)
Podemos com efeito pensar, aquela relação que vai implícita em metodologia, segundo três tipos intencionais
diferentes: 1) Ou como uma relação de exterioridade construtiva na qual o método será objecto da razão que o
modela como um instrumentum (uma operatória instrumental) finalisticamente predeterminado (i.e, regras
procedementais ou regras para a direção de...)...; 2) Ou como uma relação de imanência constitutiva em que a razão
é constituens da prática e apenas pela própria prática se manifestando (i.e, o método seria o modus operandi de uma
prática unidade pela razão, método e prática, ou seja, o fazer da própria coisa na sua própria consequência); 3) Ou
como uma relação de reconstrução crítico-reflexiva...na qual a razão assumindo intecionalmente uma certa prática,
vai referir esta aos sentidos fundamentantes... a vocação da prática em causa - para a reconduzir, numa atitude crítica
e reflexiva, que terá naqueles fundamentos, o seu horizonte e justificação, como que à própria razão desta mesma
prática (mediante um logos crítico e reflexivo). (...) À metodologia jurídica compete reflectir criticamente o método
da judicativo-decisória realização do direito (que é mais do que a mera aplicação das normas pressupostas (tese do
legalismo ou normativismo positivista) já que envolve a criação – i.e, constituição, do direito no quadro vinculante do
direito vigente)”. (Ibidem, pp. 9-13).
Texto 4: A problemática da realização do direito como parte do acto metodológico/momento metodológico-
normativo dessa realização: “O problema da interpretação jurídica está, com efeito, a sofrer uma radical mudança de
perspectiva no actual contexto metodológico. Deixou de conceber-se tão-só e estritamente como interpretação da lei,
para se pensar como actus da realização do direito. E, isto significa, por um lado, que a realização do direito não se
identifica já com a interpretação da lei, nem nela se esgota; por outro lado, que não será em função da interpretação
da lei, tomada abstractamente ou em si, que havemos de compreender a realização do direito – em termos de se dizer
que esta será o que for aquela – antes é pela problemática autónoma e específica de realização do direito, e como
seu momento metodológico-normativo, que se haverá de entender o que persista dizer-se interpretação da lei. Como
o que o próprio conceito de interpretação jurídica se altera: de interpretação da lei converte-se em interpretação do
direito, de novo a interpretatio legis se confronta com a interpretatio iuris (...) O direito deixou de ser uma mera
aplicação das normas legais e manifesta-se como acto judicativamente decisório através do qual, pela mediação
embora do critério jurídico possivelmente oferecido por essas normas, mas com ampla actividade normativamente
constitutiva, se cumprem em concreto as intenções axiológicas e normativas do direito, enquanto tal. Dir-se-á que o
pensamento jurídico recuperou o concreto, que vai na essencial vocação do direito, depois de que o positivismo
legalista, com o seu normativismo analítico-dedutivo, o levara a refugiar-se no alienante abstracto”. in NEVES,
António Castanheira (2003). O Actual Problema Metodológico da Interpretação Jurídica – I. Coimbra: Coimbra Editora, pp. 11-
12.

Texto 5: A Metodologia Jurídica enquanto Hermenêutica e Retórica Jurídicas: “A necessidade que estudantes e
práticos do Direito têm de Metodologia deveria ser evidente: a metodologia é a ferramenta comum de todos os ramos
do Direito. É um instrumentarium que faz o trânsito da ciência do Direito para a realidade do Direito, à luz – espera-se
do espírito da justiça (...) Tudo são passos até ao momento em que haja a coragem de chamar à Introdução ao Direito:
“Introdução à Filosofia do Direito” e de, a par dela, criar uma verdadeira “Introdução à Metodologia Jurídica”. in
CUNHA, Paulo Ferreira da (2014). Iniciação à Metodologia Jurídica, 3ª edição. Coimbra: Almedida, pp. 13-14.
1. Tem a Introdução à Metodologia Jurídica alguma relevância no contexto da ciência do Direito?
2. O que é a metodologia jurídica e quais seriam os seus problemas fundamentais?

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