Você está na página 1de 5

Nações Unidas A/RES/74/90

Assembleia Geral

FACULDADE DE DIREITO – UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE


Trabalho de Direito Público das Relações Internacionais I – 2018.2
Alunos: Érica Antunes F. Alves, Paulo Eduardo Sampaio Barreto da Rocha, Vitor
Jorge e Victor Marques Silva

Resolução adotada pela Assembleia Geral das Nações


Unidas em 10 de dezembro de 2018
74/90. Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados
A Assembleia Geral das Nações Unidas,
Reafirmando a Convenção de 1951, relativa ao estatuto dos refugiados,
Relembrando a Carta dos Direitos Humanos,
Respeitando a soberania de cada país,
Procurando atender a todos os seres humanos que buscam refúgio, a partir da
compreensão de que se trata de condição sensível,
Ressaltando o risco do aumento do nível do mar para a integridade de nações,
Visando solucionar a questão do estado de Tuvalu,
Objetivando definir o conceito de refugiado ambiental,
Reafirmando a necessidade de coerência com o direito internacional, incluindo
direito internacional dos refugiados e resoluções relevantes da Assembleia Geral que
dizem respeito ao trabalho do ACNUR, e levando em consideração políticas, prioridades
e realidades nacionais,
Recordando sua resolução 46/182, de 19 de dezembro de 1991, sobre o
fortalecimento da coordenação da assistência humanitária de emergência das Nações
Unidas e todas as resoluções subsequentes da Assembleia Geral sobre o assunto, inclusive
a resolução 71/127 de 8 de dezembro de 2016,
A/RES/74/90 Alto Comissariado das Nações Unidas para refugiados

1. Define como refugiado ambiental aquele que necessita de refúgio devido


a danos ambientais graves ocorridos em seu país, tornando o local inabitável ou de grande
risco;
2. Determina que serão divididos entre refugiados ambientais temporários
e permanentes, da seguinte maneira:
1. Os temporários serão aqueles cujo o dano ambiental ocorrido no
país seja reversível a curto ou médio prazo, de acordo com as condições
econômicas e sociais do país onde ocorreu a catástrofe,
2. Os permanentes serão aqueles cujo dano ambiental ocorrido na
nação seja irreversível;
3. Decide que as solicitações de refúgio advinda de situações emergenciais
devem ser priorizadas;
4. Reconhece como causa da busca por refúgio ou asilo ambiental,
acontecimentos como os seguintes:
1. Inundações de áreas habitadas, afetando as habitações e também a
economia dos países,
2. Secas, afetando a agricultura de subsistência e a de exportação,
3. Salinização dos solos, a qual seria destinada para o consumo e
agricultura,
4. Desertificação dos solos, inviabilizando a agricultura,
5. Grande ocorrência de ciclones e tornados que acarretem impactos
que tornem impossível a vida no país,
6. Abalos sísmicos,
5. Estabelece, ciente de que os países que receberão refugiados regem sua
legislação em relação ao acolhimento dos mesmos, que as normas e regras para concessão
de refúgio seriam estabelecidas pelos países dispostos a abrigarem tais refugiados, e
entende que o Estatuto do Refugiado deve ser parâmetro para a ações dos Estados para
com o refugiado;
6. Urge para que os países que se dispuserem a receber refugiados ambientais
realizem estudos a respeito da condição socioeconômica para recebê-los de maneira a
observar seus direitos e solicita que os estudos contemplem as consequências do seu
recebimento em âmbito econômico, cultural e social para o país;
7. Incentiva que o acolhimento dos refugiados ambientais se dê no país cuja
proximidade entre local de saída e chegada seja a menor;
Alto Comissariado das Nações Unidas para refugiados A/RES/74/90

8. Urge pela criação de zonas de trânsito territoriais, marítimas e aéreas que


garantam a segurança dos refugiados ambientais no percurso até o país receptor, e sugere
que essas zonas de trânsito sejam de responsabilidade conjunta entre os governos dos
respectivos países, podendo outros que se voluntariarem, oferecer auxílio;
9. Incentiva o apoio de nações que se encontram socialmente aptas e com
presídios com grande disponibilidade de vagas a aceitarem os refugiados que ainda
precisam cumprir sua pena em seus territórios, no caso de cometimento de crimes;
10. Condena fortemente vistorias realizadas no momento de chegada dos
refugiados ao país que não respeitam a Carta dos Direitos Humanos, ao submeter os
refugiados a situações degradantes ou vexatórias;
11. Urge para que parte do fundo do ACNUR seja destinado ao transporte
dos refugiados em conjunto com os países e organizações não governamentais;
12. Reconhece como direito dos refugiados ambientais os mesmos que os
de qualquer tipo de refugiado, tendo como base o Estatuto do Refugiado;
13. Salienta que os refugiados devem usufruir dos mesmos direitos e da
mesma assistência básica que qualquer outro estrangeiro residindo legalmente no país,
incluindo direitos fundamentais que são inerentes a todos os indivíduos;
14. Urge para que o programa de voluntários das nações unidas (UNV)
trabalhe junto ao Estado receptor dos refugiados para que haja a fiscalização do
cumprimento dos direitos dos refugiados ambientais, e também a sua asseguração;
15. Solicita o auxílio da UNESCO para que programas de aprendizado da
linguagem sejam fornecidos aos refugiados, com o intuito de propiciar maior integração
no país de refúgio;
16. Estima que com o auxílio da UNESCO, se possa conseguir que desde
cedo seja ensinado nas escolas a importância do respeito aos refugiados nos países;
evitando sempre a xenofobia, assim como incentiva que a UNESCO também auxilie na
promoção de educação técnica profissional aos refugiados, sobretudo nas áreas com mais
demanda por mão-de-obra;
17. Estimula que os debates sejam mais aprofundados acerca da questão
dos direitos dos refugiados ambientais sejam realizados em conjunto ao Conselho dos
Direitos Humanos;
18. Sugere a criação de campos de refugiados, naqueles países que se
dispuserem a aceita-los, bem como propõe que, para evitar traumas causados pelo
A/RES/74/90 Alto Comissariado das Nações Unidas para refugiados

impacto da mudança de país, psicólogos devem ser enviados para tais campos, ajudando
na reestruturação psicológica dos refugiados;
19. Recomenda que caso haja infrações aos direitos humanos, a ocorrência
seja encaminhada ao órgão responsável dentro do país pelas devidas providências;
20. Requer ao Secretário-Geral que continue a providenciar informação
sobre a questão humanitária dos refugiados ambientais, como parte do regular relato dos
países em situações de necessidade específica;
21. Clama para que debates acerca da criação de sindicados trabalhistas
para refugiados na OIT, para prezar pelos direitos trabalhistas dos mesmos;
22. Convoca o PNUMA para realizar debates acerca de alterações climáticas
e como elas impactam negativamente no futuro das nações, tendo como objetivo evitar
novas catástrofes ambientais que tornem outros países inabitáveis, também salienta que
nestas reuniões a questão do desenvolvimento sustentável deverá ser discutida.
23. Clama para que o PNUMA contribua para o diálogo entre gestores
públicos de cada nação e estabelece que dentro de suas reuniões, deve ser levantado a
questão da poluição e seus efeitos destrutivos, enfatizando a situação de países afetados
diretamente com tal problemática;
24. Roga à Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
que auxilie no combate à desertificação e salinização nos países que sofrem com estes
acontecimentos;
25. Recomenda que nas escolas, seja ensinado desde cedo sobre os impactos
ambientais nos países, para que haja maior consciência dos mesmos.
26. Recomenda que haja o ecoturismo sustentável naqueles países que
utilizam do meio ambiente como forma de atrair o turismo, contribuindo para a economia
de forma ecologicamente limpa;
27. Cria um plano de ação para evacuar a população tuvaluana e de outras
nações na mesma condição de risco, como Kiribati, o mais rápido possível, e estima que
os países reafirmem o compromisso com o cuidado aos refugiados;
28. Ressalta que o transporte para o tráfego dos refugiados para os países
da Oceania será feito por via marítima providos por países membros do ACNUR.
29. Reitera que a prevenção e redução da apatridia são principalmente
responsabilidades dos Estados, em cooperação apropriada com a comunidade
internacional, a esse respeito, saúda a campanha global para acabar com a apatridia em
uma década, incentiva todos os Estados a considerarem ações que possam tomar para
Alto Comissariado das Nações Unidas para refugiados A/RES/74/90

prevenção e redução da apatridia e saúda os esforços que foram feitos pelos Estados a
este respeito;
30. Encoraja o Alto Comissariado a continuar respondendo adequadamente
às emergências, de acordo com o seu mandato e em cooperação com os Estados, bem
como reconhece as medidas tomadas pelo Alto Comissariado para reforçar a sua
capacidade de resposta a emergências, e incentiva o ACNUR a continuar seus esforços
para fortalecer ainda mais a capacidade de responder emergência e, assim, assegurar uma
maior previsibilidade e eficácia;
31. Regista com agrado os esforços envidados pelos países que aplicam o
quadro abrangente de resposta aos refugiados;
32. Reconhece a importância de obter soluções duradouras para os refugiados
ambientais e, em particular, a necessidade de abordar neste processo as causas profundas
da movimentos de refugiados;
33. Solicita ao Alto Comissário que informe sobre suas atividades anuais à
Assembleia Geral em sua septuagésima quinta sessão.

74º encontro plenário


10 de dezembro de 2018

Você também pode gostar