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FONTES DE DIREITO

Margarida da Silva
Introdução ao Direito
Introdução

■ As fontes do Direito provêm de uma complexa ordenação de fatores que


fornecem mecanismos para a sua aplicação, convertendo-se assim nas
ordenações dos sistemas jurídicos atuais. Neste sentido, as fontes do
Direito são um verdadeiro ponto de partida na qual os sujeitos podem
percecionar a origem das normas que regem a vida em sociedade.
Noção e Conceito Técnico-Jurídico de
Fonte de Direito
■ A palavra “fonte” remete à ideia de origem, do lugar de onde surge algo.
A expressão “fonte do direito” significa, assim, o surgimento do direito, de
onde podemos extraí-lo.

■ Entende-se como fonte de direito, as formas e medidas através das


quais se efetiva, independentemente das suas modalidades, o
aparecimento escrito de normas com força jurídica.

■ Conforme os ensinamentos de José de Oliveira Ascensão, as fontes


possuem diferentes significados, nomeadamente, significado histórico,
instrumental, sociológico ou material, orgânico e técnico-jurídico ou
dogmático.
■ Conforme os ensinamentos de José de Oliveira Ascensão, as fontes
possuem diferentes significados, nomeadamente, significado histórico,
instrumental, sociológico ou material, orgânico e técnico-jurídico ou
dogmático.

■ Fala-se em fonte do Direito para exprimir a realidade, que tem o sentido de


criar ou revelar normas jurídicas e que, provêm dos órgãos legislativos
competentes. As fontes não são apenas os modos de revelação do direito,
mas também os modos de formação do direito.

■ Atualmente o Direito advêm dos factos que a lei aceitar como aptos para
gerar direito. Não compete à lei e às normas corporativas afirmarem-se
como as únicas fontes de direito. Até porque, de facto, não o é. Temos
outras fontes, como é o caso do costume, da jurisprudência, da equidade e
a doutrina.
Princípios Fundamentais do Direito
■ Os ordenamentos jurídicos modernos, como é o caso português,
consagram diversos valores de evidente cunho moral.

■ Existem regras na Constituição que chamamos normas e o conjunto de


valores e ideias que lhe dão origem têm o nome de princípios.

■ Os princípios são, normalmente, de conteúdo indeterminado, mas


possuem um papel determinante no ordenamento jurídico. Estes são
vistos como a ideia padrão e assentam nas exigências da justiça, ordem,
segurança e solidariedade. Estes são grandes orientações jurídicas, daí
extraem-se as normas aplicadas aos casos concretos
■ Segundo MANUEL VAZ possuem um efeito imediato, uma vez que se
aplicam diretamente à política do país e um efeito mediato, pois
funcionam como critérios de interpretação e integração das normas.
■ Analisando a Constituição da República Portuguesa, constatamos que
esta regula e especifica os ditos princípios fundamentais, do artigo 1º até
ao 11º.
■ Como apresentado por diversos autores, entre eles JOSÉ CANOTILHO;
JOSÉ GOMES; VIDAL MOREIRA, é feita a divisão dos princípios em três
grupos.
– O primeiro grupo como sendo constituído pelas opções políticas
fundamentais, abrangendo os arts 1º, 2º e 9º, os quais definem a
identidade política de Portugal, sistema político, económico e social,
através dos princípios da independência nacional, do Estado
Democrático, do Estado de Direito e Social.
– O segundo grupo, constituído pelos preceitos que definem e
caracterizam, jurídico-constitucionalmente, a coletividade política: a
forma de governo republicana, na expressão do art. 1º, e o Estado em
que ela se organiza - unitário – alcançando nomeadamente os arts. 4º,
5º, 6º e 10º.

– O terceiro grupo, reconhecendo a primazia do direito comunitário, na


ordem jurídica nacional, nomeadamente o art art. 3º (princípio da
constitucionalidade e da legalidade) e no art. 8º (receção do direito
internacional e do direito supranacional europeu na ordem interna).
A Hierarquia das Fontes de Direito
■ As fontes de Direito, podem ser classificadas como: voluntárias, involuntárias,
materiais ou formais.

■ Como fontes voluntárias existem as leis, que nada mais são do que resultado
dos processos formais legislativos, e sobretudo intencionais para a criação de
normas e regras, ou seja, as leis propriamente ditas.

■ As fontes involuntárias, estas não resultam de um processo intencional para a


criação de normas de conduta dentro do Direito de uma Sociedade e
frequentemente estão baseadas em costumes.
■ As fontes materiais do Direito têm origem nos factos sociais por meio da
interação entre os sujeitos, grupos, autoridades e situações que fazem uso
destas interações para a criação de leis e normas da Sociedade na qual se
encontram inseridos.
■ As fontes formais do Direito é a norma jurídica propriamente dita. Estas
podem ser imediatas ou mediatas.
■ As fontes imediatas produzem diretamente normas jurídicas sem
subordinação a outra fonte. Desta forma temos as leis e as normas
corporativas, estas impõem direitos e obrigações a todas as pessoas.
■ As fontes mediatas necessitam da existência de lei, não criam norma
jurídica, são estas a jurisprudência, doutrina e costume.
Fontes de Direito
■ O costume, enquanto prática social reiterada e generalizada, assumida
convictamente como obrigatória, não traduz um processo intencional de criação
do Direito, bem pelo contrário, cria involuntariamente Direito. Esta
fonte apresenta determinados elementos essenciais: o uso e a consciência de
obrigatoriedade tal como afirma.

■ Este afigura-se em pé de igualdade formal com a lei no sentido em que a


própria lei estabelece relevância jurídica ao mesmo. Na constituição de 1976,
há referencias ao costume internacional no artigo 8º, nº 1, e no artigo 29º, nº 2,
assim como o artigo 348º do Código Civil, segundo Diogo Freitas Amaral.
■ A lei, são um ato do Estado tendente à criação de Direito. São a forma
expressa do direito positivo proveniente de um ato legislativo, racional,
intencional e hierarquicamente organizado. Adicionalmente, revela-se
como: um ato jurídico unilateral, de manifesta vontade de um determinado
órgão que as emana; emanada pelo Estado ou Região Autónoma; reveste
forma escrita e solene; cria, modifica ou extingue normas jurídicas

■ A lei não tem legitimidade para opinar sobre a importância das outras
fontes. Não há hierarquia nem distinção rígida. Há complementação
quando é necessário, ou anulação da mesma forma. Há uma unicidade do
sistema.
Fontes internas de Direito
■ As leis são uma fonte imediata do direito interno. O artigo 1.º, nº 2
do Código Civil considera leis todas as disposições genéricas
provindas dos órgãos competentes do Estado. O artigo 112.º, n.º 1 da
Constituição da República Portuguesa estabelece que são atos
legislativos as leis, os decretos-leis e os decretos legislativos regionais.

■ Os usos são juridicamente atendíveis como fontes de direito


interno quando se verifiquem cumulativamente as duas condições
seguintes, não serem contrários aos princípios da boa-fé, e tal ser
determinado por lei (artigo 3.º, n.º 1 do Código Civil).
■ Equidade, Os Tribunais portugueses só podem resolver um litígio
segundo a equidade numa das seguintes situações, quando a lei o
permite, ou quando há acordo entre as partes, ou quando as partes
convencionaram o recurso à equidade.

■ A Doutrina pode ser definida como um conjunto das opiniões, teorias


ou noções, formuladas por entendidos da Ciência do Direito, os
denominados jurisconsultos, com o objetivo de interpretar e sistematizar
todo o Direito, de forma a conceber novas teorias capazes de contribuir
para sua evolução.
■ Podemos entender a Doutrina como um mero instrumento interpretativo e
aplicativo do Direito, mas não criador deste.

■ A jurisprudência é constituída pelo conjunto de interpretações reiteradas da


aplicação do Direito, pelos tribunais na resolução de determinado litígio.
Assim, com base na jurisprudência, e em caso de uma lei omissa, o juiz
poderá assumir uma linha de pensamento histórica com base em decisões
anteriores sobre um determinado assunto, recorrendo aos acórdão de
uniformização de jurisprudência.
Fontes Internacionais
■ São fontes do direito internacional as seguintes (artigo 8.º da Constituição da
República Portuguesa)

■ As normas e os princípios de direito internacional geral ou comum fazem


parte integrante do direito português.

■ As normas constantes de convenções internacionais regularmente ratificadas


ou aprovadas vigoram na ordem interna após a sua publicação oficial e
enquanto vincularem internacionalmente o Estado Português
■ As normas emanadas dos órgãos competentes das organizações
internacionais de que Portugal seja parte vigoram diretamente na ordem
interna, desde que tal se encontre estabelecido nos respetivos tratados
constitutivos

■ As disposições dos tratados que regem a União Europeia e as normas


emanadas das suas instituições, no exercício das respetivas competências,
são aplicáveis na ordem interna, nos termos definidos pelo direito da União,
com respeito pelos princípios fundamentais do Estado de direito democrático.
■ Relativamente às principais fontes do DIP, estas podem desde logo dividir-
se entre fontes internas e fontes comunitárias. Destacam-se as convenções
internacionais que começaram a surgir no final do século XIX, associadas à
Conferência de Haia, à Organização das Nações Unidas, à Comissão
Internacional do Estado Civil e à Comunidade Europeia.

■ Os Estados têm interesse na elaboração de normas internacionais


cooperativas e também na participação de organizações e redes
internacionais que estimulem a atuação conjunta e convergente de todos os
envolvidos para fazer cumprir as suas próprias normas e decisões. Com
isto, consolida-se uma nova visão de soberania.
■ A reciprocidade e a necessidade de cooperação amenizam a desconfiança
para com as diferenças entre os sistemas internos de direito material,
temos como exemplo os pedidos de extradição, em que há cooperação
entre dois estados para o mesmo fim, e outras organizações como o G20 e
o G5 que se unem com o fim de ajudar os países menos desenvolvidos.

■ Estas leis começam a vigorar na Ordem Interna, após os estados


consolidarem e agregarem a sua ordem interna com o direito internacional,
e neste contexto, devem ser criadas alterações ao seu direito interno, se
necessárias, de modo a respeitar as normas do Direito Internacional.
Adicionalmente, caso seja necessário aplicar sanções, pela violação das
normas previstas, as mesmas são aplicadas através dos Tribunais
Internacionais criados pelos Estados.
Direito Comunitário da União Europeia
■ União Europeia é uma instituição que possui personalidade jurídica, e possui a
sua ordem jurídica própria, sendo um dos motivos pela qual se distingue do
Direito Internacional, esta possui um poder supranacional.

■ A legislação é derivada, criada pelas instituições da União Europeia, que


entram imediatamente em vigor nos países que pertencem à União Europeia
não tendo de ser ratificado pelos países da UE, art 8 nº2 e 4 CRP, não sendo o
direito, definido, através dos tratados. Acima dos interesses dos Estados estão
os interesses da União Europeia. Trata-se de um direito vertical.

■ A ordem jurídica divide-se habitualmente em direito primário (os Tratados e os


princípios jurídicos gerais) e direito derivado (Atos unilaterais e Acordos).
■ A União Europeia instituiu um sistema completo de vias de recurso e
procedimentos destinados a permitir ao TJUE fiscalizar a legalidade dos atos
das instituições da UE (artigo 263.o do TJUE).
Conclusão
■ Ao longo deste trabalho podemos verificar que o conceito de fonte do
direito caracteriza-se pela generalidade e variedade das suas conceções,
o que contribui para a sua complexidade, já que determinadas fontes do
direito estabelecidas por uma determinada doutrina ou ordenamento varia
de acordo com a perspetiva de fontes do direito que se adota.

■ Verificamos que a nossa Ordem não se limita à Lei Portuguesa. Uma


grande percentagem das normas são normas Europeias, que são criadas
na UE e que Portugal as aplica, na mesma medida que as leis nacionais.

■ Podemos concluir que este sistema e hierarquia são muito mais


complexos do que aparentam ser, sendo por isso, necessário um
conhecimento inerente da sua organização e subsequente
funcionamento.

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