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º TUE)
Como ponto prévio, temos que entender que a União Europeia, na qualidade de
pessoa coletiva, tem a sua vontade formada pelos órgãos que a integram, compostos
pelas pessoas singulares que lá estão. Estes órgãos que vamos agora analisar
obedecem todos a certos princípios fundamentais, dos quais cabe destacar:
Previsões importantes:
O tratado apenas prevê limites mínimos e máximos. Ou seja, nenhum Estado pode
ter mais de 96 deputados e nenhum pode ter menos de 6 deputados. Isto significa
que a representação dos cidadãos no Parlamento adotou a regra da
proporcionalidade regressiva, ou seja, quanto maior a população de um Estado, mais
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votos serão necessários para eleger um deputado .
A decisão teve de ser pela regressividade proporcional por estarem aqui dois princípios
em tensão: por um lado, a igualdade democrática (cada cidadão tem igual poder
de voto - uma pessoa, um voto), que ditaria uma regra de proporcionalidade
direta (X
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A descrição do procedimento legislativo ordinário será feita posteriormente.
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Ou seja, um eurodeputado alemão precisa de muito mais votos para ser eleito, que um
eurodeputado croata, por exemplo.
votos dariam sempre Y deputados, independentemente do Estado em causa). Na
prática, tal opção significaria que, por cada deputado de Malta (população: 500
mil), teria de haver 160 deputados alemães (população: 80M).
→ Aprovar moção de censura, por maioria qualificada (art.234.º TFUE), que faz cair a
Comissão (caso seja aprovada).
Extras:
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É, no fundo, o que acontece com o Senado norte-americano: cada Estado, independentemente da
sua população, elege 2 senadores.
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Um cidadão da Malta tem um poder de voto significativamente superior que um cidadão alemão.
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Portugal tem 21 eurodeputados
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Esta parte não está nos tratados, mas a prática tem-no revelado. É parecido com o que fazem nos
EUA, em relação aos Juízes do Supremo.
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→ O PE participa também nas COSAC’s – que são reuniões periódicas entre membros
do PE e parlamentos nacionais (Art.12.º/1 TUE).
Tem a sua origem nas Cimeiras de Chefes de Estado e de Governo, que ocorrem
desde 1961, data em que se discutiu, pela primeira vez, a entrada do Reino
Unido, por exemplo.
O Conselho Europeu vem previsto pela primeira vez no AUE, no seu art.2.º.
Contudo, é apenas com o Tratado de Maastricht (1992) que se consagra uma base
jurídica expressa aplicável ao Conselho Europeu.
Atualmente:
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Conference of Parliamentary Comittees for Union Affairs of Parliaments of the European Union
Existe, fundamentalmente, para discutir grandes questões de fundo (estão lá
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reunidas as grandes personalidades da política europeia) .
O objetivo do Conselho Europeu (art.15.º/1 TUE) acaba por ser parecido com o de
um treinador de futebol: é o Conselho Europeu que decide a tática e a formação,
mas não joga. Ou seja, é o Conselho europeu que decide as grandes linhas e
orientações políticas, que devem motivar a conduta dos restantes órgãos (exemplo:
dar mais ênfase, durante período X, às relações externas da União Europeia com a
Rússia e EUA).
Forma de atuar/lógica
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Querem um exemplo de uma decisão recente? – eis: Conclusões do Conselho Europeu, 10-11 de
dezembro de 2020 - Consilium (europa.eu)
regra de votação é, na maioria dos assuntos, a da maioria qualificada (e não a da
unanimidade).
Composição
1- Agricultura e Pescas;
2- Ambiente;
3- Assuntos económicos e
5- Competitividade;
9- Negócios Estrangeiros;
Qualquer uma das 10 formações do Conselho pode adotar um ato que seja da
competência de outra formação. Por esse motivo, a formação não é mencionada
em nenhum ato legislativo adotado pelo Conselho.
Para bloquear uma decisão são precisos, pelo menos, 4 países (que representem,
pelo menos, 35% da população total da UE).
O Conselho tem um Secretariado, que exerce uma função auxiliadora muito útil.
Antes sequer de haver uma reunião presencial dos Ministros, que vão lá votar
determinadas propostas, o trabalho que estar já quase todo feito.
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Cerca de 80% dos assuntos são votados de acordo com a regra da maioria qualificada.
Este trabalho antes da reunião é desenvolvido pelo secretariado e pelas
representações permanentes em conjunto com os técnicos nacionais que estavam a
trabalhar nesse dossier em concreto. São as reuniões preparatórias das reuniões do
Conselho, também designadas por reuniões do COREPER (Comité dos
Representantes Permanentes), que se reúne a 2 níveis: o COREPER 1 e o 2.
A Comissão, uma vez que representa a União propriamente dita entre as instituições
europeias, age com total independência das outras instituições, não podendo
nenhum comissário ser pressionado pelo seu Estado de origem – tanto que eles
apenas podem ser retirados de seus cargos pelo Parlamento.
O art.17 (3) TUE estabelece o caráter independente que deve pautar a ação dos
comissários:
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A comissária portuguesa é a Sra. Elisa Ferreira (antiga ministra de governos do PM António
Guterres)
«(…) os membros da Comissão não solicitam nem aceitam instruções de nenhum
Governo, instituição, órgão ou organismo. Os membros da Comissão abstêm-se de toda
e qualquer ação que seja incompatível com os seus deveres ou com o exercício das suas
funções.»
R: (art.17.º (3) TUE) Os membros «da Comissão são escolhidos em função da sua
competência geral e do seu empenhamento europeu de entre personalidades que
ofereçam todas as garantias de independência».
R: Ao abrigo do disposto nos arts. 245.º e 247.º TFUE, tal pode levar o TJUE a
demitir compulsoriamente esse comissário, sob proposta do Conselho (que vota
nesta matéria por maioria simples), ou pela própria Comissão.
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Atualmente, o partido mais representado é o Partido Político Europeu (PPE) (centro-direita), que
conta com 187 eurodeputados.
A estes três poderes acresce um quarto, não expresso nos Tratados, mas sim no
regulamento interno da comissão europeia (art.3.º): a Presidente representa a
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comissão .
A Comissão exerce fundamentalmente, duas funções (que podem ser três, depende
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da perspetiva (art.17.º (1) TUE) .
A Comissão deve ser o motor da União Europeia. Para cumprir este papel, a Comissão
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tem o direito (quase) exclusivo de iniciativa legislativa (art.17.º (2) TUE) .
Acontece também várias vezes que os relatórios de que vos falei a semana passada
(ex: relatório “White Paper” de 1985) são levados a cabo por ação da Comissão.
A Comissão pode adotar atos para executar os Tratados, ou seja, pode adotar
direito secundário (apenas em certas áreas, calma – art.106.º (3) TFUE p.e.).
A Comissão também deve velar pela proteção dos Tratados (neste sentido se diz
por vezes que a Comissão é a guardiã dos Tratados). Em certas áreas (como, por
exemplo, a área do Direito da Concorrência) a comissão tem o poder de sancionar
quem tenha infringido os Tratados (art.105.º (1) TFUE). Estas são sanções
administrativas impostas aos Estados-Membros infratores.
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Se tiverem interesse em ver quais as orientações definidas pela Comissão Von der Leyen: Ursula
von der Leyen | European Commission (europa.eu)
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Tem mais funções, estas duas são apenas as duas mais relevantes.
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Se quiserem uma exceção, consultem o art.76.º/al. b) TFUE, relativo a medidas na área de
cooperação judiciária em processos criminais.
consequente validade de atos da União em relação aos mesmos, a conformidade
de atos nacionais aos mesmos ou a validade do comportamento de determinada
instituição ou Estado-Membro com os mesmos. Desta forma, o Tribunal aprecia três
tipos de ação:
Arquitetura judicial:
Inicialmente, apenas existia uma instância, pela qual passavam todos os litígios
relativos à interpretação e validade do DUE (chamava-se apenas “Tribunal de Justiça”).
O Tribunal começou a ficar entupido e pediu que se criasse um “assistente” judicial:
foi assim que, em 1986, por mão do AUE, que surgiu o então “Tribunal de Primeira
Instância” (atual Tribunal Geral), que analisava os litígios em primeira instância,
assistindo o direito de recurso para o Tribunal de Justiça a ambas as partes.
Com o atual Tribunal de Lisboa, o nome mudou para Tribunal Geral, visto que não
é sempre o tribunal de primeira instância, já que, a partir de 2005, passaram a existir
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tribunais especializados, dos quais cabe recurso para o Tribunal Geral (na verdade
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só existe um acho eu: o Tribunal da Função Pública da União Europeia ).
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Art.256.º (2) TFUE.
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Durante vários anos tentou-se criar o Tribunal Unificado de Patentes, mas acho que nunca chegou
a existir, sobre este problema podem ver se quiserem: Visão | O pesadelo do Tribunal Unificado de
Patentes (sapo.pt)