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Maria Marcelos
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
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na Prática Escolar.
Belo Horizonte
2006
Maria de Fátima Marcelos
na Prática Escolar.
Belo Horizonte
2006
Faustino de Jesus Marcelos (in memorian) e Maria Francisca Marcelos (in memorian),
meus pais, pelo amor, carinho e dedicação que, transpondo laços sangüíneos,
pureza, força e sabedoria, por todos os momentos em que fomos mais que irmãs.
Charles Darwin
Homenagem especial a Charles R. Darwin (in memorian), por sua obra revolucionária,
sem a qual esse trabalho não existiria.
AGRADECIMENTOS
Ao prof. Dr. Ronaldo Luiz Nagem, meu orientador e modelo, pelo carinho,
Ao Jorge e ao Euclides, irmãos queridos, por tudo o que nos faz família.
Kátia, Lílian, Niuza, Maurício, Zanja e especialmente à Ana Maria, pelas trocas afetivas
e intelectuais.
À alegre turma do Mestrado de 2004, especialmente à Maria do Carmo, pela
receptividade.
E a todos os que me ajudaram das mais diversas formas, serei sempre grata.
Esboço de Darwin para ilustrar as ramificações da Evolução
In Biology Charles Darwin used “the living tree metaphor”. This is the chief metaphor
in the Origin of Species.*
Roy Dreistadt
* Em Biologia, Charles Darwin usou a “Árvore da Vida”. Essa é a metáfora chefe de A Origem das Espécies.
RESUMO
Biologia por meio da análise das analogias e metáforas contidas em teorias científicas.
concepção de alunos de Ensino Médio e em livros didáticos. Para tal, foi realizada uma
pesquisa com professores de Biologia de Ensino Médio; pesquisa com alunos de 3º ano
de Ensino Médio; análise de livros didáticos de Biologia de nível médio. Nossa análise
em livros didáticos possibilitam interpretações diversas dos alunos e, muitas vezes, não
Evolução.
ABSTRACT
This work has for objective to contribute for the improvement of the teaching
of Biology through the analysis of the analogies and metaphors contained in scientific
theories. We analyzed the analogies and metaphors present in the Tree of Life of the
Theory of the Darwinist Evolution and we looked for to verify how they appear in
teacher practice, in High School student‘s conception and in text books. For such, a
qualitative research was accomplished in four parts: analysis of the Tree of Life from
Charles Darwin; researches with High School’s Biology teachers; researches with High
School’s 3rd year students; analysis of text from High School Biology books. Our
analysis had as theoretical base the pertinent literature to the theme, especially the
analogy and metaphor concepts of DUIT (1991) and the theory of the Conceptual
Metaphor of LAKOFF and JOHNSON (1980). The results show: 1 - the Darwinist text is
complex, full of analogies and metaphors. 2 - the educational practice and the approach
of the Tree of Life in text books make possible the students' several interpretations and,
many times, not compatible with the Darwinist description. We considered that this work
Evolution.
LISTA DE FIGURAS
EE Espécies existentes
RG Ramos e gomos
1 INTRODUÇÃO ............................................................................. 20
1- INTRODUÇÃO
Ciência, seu uso é defendido por alguns e criticado por outros que as consideram
maneira metodológica. Assim, as A&M contidas nas teorias científicas podem não
constantemente emprega as A&M em seu longo argumento. Nessa obra, uma das
entre os seres vivos por meio de relações com as estruturas morfológicas de uma
1
Árvore da Vida
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 21
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
nos propusemos realizar uma análise das A&M presentes na Árvore da Vida da Teoria
trabalho em questão.
relações com a Educação, com a Ciência e com o livro A Origem das Espécies,
histórico das idéias evolutivas e aborda algumas representações utilizadas para ilustrar
correlatos.
VASCONCELOS (2004).
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 23
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
2.1– Conceitos
tema.
primeiras teorias sobre metáforas, afirmou que “a metáfora é a transferência dum nome
alheio do gênero para a espécie, da espécie para o gênero, duma espécie para outra,
sentido.
2
ARISTÓTELES. A Poética Clássica. Trad. Jaime Bruna. São Paulo: Cultrix, 1981.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 24
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Por sua vez, HOUAISS & VILAR (2004, p.41) conferem ao substantivo, entre
(1992).
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 25
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Assim, a expressão “Maria é uma flor” é uma metáfora, pois não deixa claro o
aspecto comparativo que, por sua vez, assume um caráter interpretativo. Já a frase
“Maria é frágil como uma flor” esclarece esse aspecto: a fragilidade de ambas. É,
conceptual elaborada por LAKOFF & JOHNSON (2002). Para esses autores (2002,
podendo interferir na maneira como o indivíduo vê, pensa e age diante dos domínios
nelas presentes.
Entre tantos, optamos pelo termo alvo para nomear o domínio desconhecido
e veículo para o conhecido. A escolha por alvo é justificada pelo fato dessa ser a
heurísticos.
considera:
no processo educacional:
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 27
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
porém sem uma metodologia específica para tal. Os educadores parecem supor que
esses recursos são inerentes aos alunos, não necessitando de maiores explicações
perigo no emprego desses recursos em sala de aula. No entanto, dos 40,6% restantes,
eles. Tais dados levaram o autor a considerar a necessidade de uma reflexão, por
podem levar a idéias errôneas sobre o aspecto que se quer ensinar. Um exemplo é
quando dizemos, ao tratar sobre as características dos astros, que as “estrelas são
luzinhas no céu”. Uma criança pode imaginar que, durante o dia, essas ”luzes” são
apagadas.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 28
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
analogias. Apesar do autor não ter feito esse esclarecimento, elas podem estar
pelo aluno;
ser questionada;
com analogias. Entre eles, destacamos NAGEM, CARVALHAES & DIAS (2001),
veículo para depois tratar o alvo. Tal procedimento procura disponibilizar a analogia
para o aprendiz em qualquer fase do seu estudo, funcionando também como elemento
motivador.
entre veículo e alvo, tentando explicitar de forma clara e objetiva, as que forem
devem ser em maior número que as diferenças. Os autores sugerem que não seja dada
muita ênfase às diferenças, visando não fugir do objetivo da analogia, isto é, evidenciar
analogia, suas limitações, verificando onde ela pode vir a falhar, bem como sua
reflexiva.
atividades extraclasse. É preciso dar tempo para que o estudante internalize, reflita e
Especial atenção deve ser dada ao conhecimento prévio dos discentes, isto
é, aquilo que eles já conhecem. CONTENÇAS & LEVY (1999, p.81) consideram que “o
de aula, é preciso que o professor verifique quais são as concepções e conceitos que
a sala de aula:
... a apreensão dessas metáforas permite aos alunos “ouvir” a voz dos
cientistas que as desenvolveram e ter assim acesso ao processo da
actividade científica, o que lhes poderá permitir uma melhor
compreensão da ciência (CONTENÇAS & LEVY, 1999, p. 81).
sentido original das analogias e metáforas presentes em teorias científicas. Elas podem
conter dados importantes para entender não só a linha de pensamento utilizada para
construí-las, mas também os contextos científicos nos quais as teorias foram criadas.
Biologia, podemos supor que dificilmente os livros dessa disciplina ofereçam tratamento
nos livros didáticos adotados, sendo a maior parte pertencente ao cotidiano dos
SILVA & TRIVELATO (1999; 01), “os livros didáticos são muitas vezes utilizados como
e servir de referência tanto para professores quanto para alunos. Nesse aspecto, as
merecem especial atenção: por meio de suas análises, idéias serão elaboradas e
evolutiva entre a criança e seu meio, na qual a criança reconstrói suas ações e idéias
estrutura (esquema).
assimilação. É por meio dela que idéias, coisas, pessoas, costumes são incorporados à
3
Exposta em várias obras de sua autoria de 1925 a 1976.
4
Elaborada no decênio 1924 – 1934.
5
Apresentada no livro Uma Nova Teoria da Aprendizagem, 1966.
6
Obras lançadas em 1963, 1968, 1978, 1980.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 33
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
ensino com analogias e metáforas pode se constituir em um grande aliado, por partir do
sociedade. Os processos mentais superiores têm sua origem nos processos sociais e
quando uma situação é simplesmente tomada por outra. Um exemplo é quando, por
entre os domínios (veículo e alvo) que levam a formação de concepções sem que uma
seriam vistos como domínios que possuem semelhanças e diferenças, porém com
maneira metodológica.
7
É determinado por aquilo que a criança é capaz de fazer sozinha porque já tem um conhecimento consolidado.
Caso domine a adição, por exemplo, esse é um nível de desenvolvimento real.
8
É determinado por aquilo que a criança ainda não domina, mas é capaz de realizar com auxílio de alguém mais
experiente. Por exemplo, uma multiplicação simples, quando ela já sabe somar.
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Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
analógico já que, por meio de uma analogia, são feitas relações entre domínios,
transferências e transformações.
Bruner, qualquer coisa pode ser ensinada a uma criança se os seus conhecimentos
decorar fórmulas que logo serão esquecidas. De acordo com MOREIRA & MASINI
(2001, p. 07), “a idéia central da teoria de Ausubel é a de que o fator isolado mais
deve ter lugar”. Segundo LOPES (1998, p. 06), esses conhecimentos são “conceitos
11
Subsunçor: idéia- âncora. Idéia (conceito ou proposição) mais ampla, que funciona como subordinador de outros
conceitos na estrutura cognitiva e como ancoradouro no processo de assimilação. Como resultado dessa interação
(ancoragem), o próprio subsunçor é modificado e diferenciado. (MOREIRA & MASINI, 2001, p. 104)
12
Accomodation of a scientific conception: toward a theory of conceptual change. Science education, 66(2), 211-227,
1982.
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Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
diversos domínios que podem ser relacionados ao objeto de estudo por meio de
analogias e metáforas.
centrada no estudante.
Clássica até fins do séc. XVIII), ele analisa exemplos do pensamento abstrato em que
A&M, afirmou: “uma ciência que aceita as imagens é, mais que qualquer outra, vítima
das metáforas”. Portanto, “o espírito científico deve lutar sempre contra as imagens,
os autores consideraram que, na verdade, Bachelard não era contrário ao uso de toda e
13
Tradução do original La formation de l’espirit cientifique: contribution a une psychanalyse de la connaissance.
Paris/FRA: Librairie Philosofique J. Vrin, 1938.
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Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
qualquer analogia e metáfora em ciência, mas ao seu emprego equivocado que poderia
A&M.
heurística e cognitiva.
Einstein, elaborada por ele ao criar sua teoria gravitacional e explicada abaixo:
construiu sua tabela periódica fazendo uma analogia com cartas de baralho.
– Winer, Walter & MacCulloch usaram a televisão como veículo para criar
geração.
vez que emprega, com outro sentido, termos e expressões já usados. Nesse contexto,
um termo como tronco, além de simbolizar uma parte de uma árvore, parece adquirir o
científicos, abrem-se possibilidades do alvo ser visto pelo escopo do veículo. Essas
14
BOYD, R. Metaphor and Theory Change: What is “Metaphor” a Metaphor For?. In: Ortony (Ed), Methapor and
Thought. Cambridge: Cambridge University Press.
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Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
semelhanças entre veículo e alvo, sugerindo estudos. Para BOYD (1988), uma boa
O livro A Origem das Espécies, de Charles Darwin, é uma obra que faz uso
Para criar sua teoria, Darwin utilizou o raciocínio analógico, através de suas
por meio de suas experimentações. Muitos são os trechos que podemos apresentar
15
Tradução de The Origen of The Species de Charles Darwin, publicado pela primeira vez em 1859.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 41
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
acordo com REGNER (1997) várias são as suas funções, não só em A Origem das
16
Analogia – Semelhança de estrutura que depende da similitude de funções como nas asas dos insetos e das
aves. Estas estruturas são ditas análogas (DARWIN: 2004, p.511)
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 42
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
ao criar e aplicar expressões. Essa clareza é demonstrada em trechos nos quais o autor
explica suas idéias, como na frase: “devo frisar que emprego o termo Luta pela
da autora referir-se poucas vezes às analogias, o mesmo pode ser dito em relação a
elas.
importante do livro A Origem das Espécies, ao dizer: “ In Biology Charles Darwin used
17
the living tree metaphor. This is the chief metaphor in the Origin of Species”
argumento talvez esteja relacionado com a afirmação feita, páginas adiante no mesmo
artigo, de que Darwin chegou à sua teoria por meio da elaboração de uma analogia
17
Em Biologia, Charles Darwin usou a “Árvore da Vida”. Essa é a metáfora chefe de A Origem das Espécies
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 43
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
elaborating the tree analogy into a living tree analogy” 18 (DREISTADT, 1968, p. 109).
mais do que outros cientistas anteriores a ele viram. No texto inicial da descrição da
Árvore da Vida, Darwin expõe que já conhecia o uso de uma árvore como veículo para
18
Ele chegou à sua Teoria da Evolução por meio da elaboração da analogia da árvore dentro de uma analogia de
Árvore Viva.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 44
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
como: “s.f. Vegetal lenhoso de porte avantajado, provido de um tronco que se ramifica
Gimnospermas e Angiospermas:
morfológicas são comuns a esses seres, variando de espécie para espécie quanto ao
formato, cor e porte. São elas: raízes, caule, ramos, folhas, flores, sementes. Os frutos,
vegetais:
Tem o corpo dividido em nós e entrenós; apresenta folhas e botões vegetativos (gemas
19
Existem vários tipos de caule: tronco, colmo, estipe, rizoma, bulbo, estolho etc.
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Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
mais retilíneo e com uma distribuição mais homogênea dos ramos. Observamos essas
A B
extensão de suas partes (células, galhos, folhas, raízes) num dado período de tempo.
fase adulta. Todavia, de acordo com MOREY (1980, p.11), “o crescimento dos ramos
auxinas e as gemas inferiores têm menor quantidade desse hormônio que as gemas
crescimento.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 48
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
de um organismo não era mais que a expansão de uma miniatura preexistente. Para
simples daria origem à outra mais complexa. Foi o filósofo Herbert Spencer, no século
Most people still think that evolution is progressive, but Darwin (who
seldon used the term evolution) pioneered a rival model in which it is by
no means clear that life must advance toward higher levels21 (BOWLER,
2003, p. 08).
A visão anterior às teorias evolutivas era de que cada espécie havia sido
20
Conceito Biológico de Espécie: espécies são grupos de populações real- ou potencialmente intercruzantes que
estão isoladas reprodutivamente de outros grupos (DOBZHANSKY, 1937; MULLER, 1942 e MAYR, 1942 apud O
CONCEITO...[?])
21
A maioria das pessoas ainda acredita que a evolução é progressiva, mas Darwin (que raramente usou o termo
evolução) construiu um modelo rival no qual não é claro que a vida deveria avançar para níveis superiores.
(tradução nossa)
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Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
séculos, sem sofrer modificações – fixismo. Essa visão provocou rejeição às teorias
Não vejo nenhuma razão para que as opiniões expostas neste volume
firam o sentimento religioso de quem quer que seja. É satisfatório, para
mostrar o quanto essas impressões são passageiras, recordar que a
maior descoberta que o homem já efetuou, a lei da atração da
gravidade, foi também atacada por Leibnitz, “como subversiva da
religião natural, e, nestas condições, da religião revelada”. Um famoso
eclesiástico escreveu-me, “que acabara por compreender que acreditar
na criação de algumas formas capazes de se desenvolver por si
mesmas em outras formas necessárias é ter uma concepção bem mais
elevada de Deus, do que acreditar que houvesse necessidade de novos
atos de criação para preencher as lacunas causadas pela ação das leis
Dele.” (DARWIN, 2004, p.501)
Porém, não foi Darwin o primeiro a considerar que as espécies passavam por
evolutivas influenciados por trabalhos geológicos e pela nova visão de mundo advinda
criou seu sistema de classificação dos seres vivos. BOWLER (2003; 50) afirma: “ he did
seriam criadas por Deus segundo padrões que permitiriam agrupá-las por semelhanças.
22
Systema Naturae, 1735.
23
Ele o fez baseando-se na imagem de um universo divinamente ordenado (tradução nossa).
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 50
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
2003), rival de Linnaeus, considerou que espécies simples e complexas teriam surgido
outro lado, as idéias de ambos eram coincidentes ao considerarem que não existiria um
modificações das espécies. Para eles, novas formas orgânicas surgiriam por
formas de vida mais simples surgiriam assim. Então, formularam postulados com a
noção de que a evolução ocorreria para formar organismos cada vez mais complexos.
linear. Portanto, uma espécie não se degeneraria dando origem a muitas variações
grande das espécies, com diferenças que tornariam difícil estabelecer um arranjo
ordenado de complexidade entre elas. Assim, Lamarck propôs que a grande variação
de espécies poderia ser explicada por outro processo de diferenciação que perturbaria
atrofiando estruturas – a Lei do Uso e Desuso. Essas alterações seriam herdadas pelos
considerarem haver ligações genealógicas entre esses grupos. Idéias sobre essas
relações serviram de base para estudos comparativos que culminaram em teses sobre
28
Conjunto de espécies com a mesma origem ou as mesmas particularidades (HOUAISS & VILAR, 2004, p.368).
29
Tradução do original de 1855, feita por Marcio Rodrigues Horta.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 52
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
observações realizadas durante sua viagem pelo mundo a bordo do navio Beagle.
Darwin sugere em seu livro a imagem de uma árvore – a Árvore da Vida – para
30
Se o evolucionismo implicasse no fato de humanos serem meramente macacos evoluídos, e a natureza
simplesmente um inconsciente ciclo de luta e morte, onde estariam as fontes divinas dos valores morais? (tradução
nossa)
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 53
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
populações distintas, operando por escalas de tempo mais longas, terminariam por
gerar espécies diferentes e, numa escala de tempo ainda maior, explicariam a grande
questões eram apontadas como entraves para a aceitação da teoria da seleção natural:
apoiar a teoria falharam. Além disso, a genética mendeliana em ascensão indicou que
mudanças nas quais a teoria se baseou poderiam ser explicadas pela seleção natural.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 54
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Como não eram compreendidos os mecanismos de herança das sutis diferenças entre
geração para a outra eram bruscas, gerando grandes saltos que levariam à evolução.
Aylmer Fisher31, Sewall Wright32 e John B. S. Haldane33 (apud BOWLER, 2003). Os três
explicaram que a variação estudada por evolucionistas poderia ser explicada pela
herança mendeliana e pela seleção natural, não sendo necessário nenhum mecanismo
avanços provocaram uma grande atividade que levou à disseminação da teoria sintética
cenário dos estudos evolutivos. Para entendermos como a seleção natural atua sobre
31
The Correlation Between Relatives on theSupposition of Mendelian Inheritance, 1918; The Genetical Theory of
Natural Selection, 1930
32
The Genetical Theory of Natural Selection: A Review, 1930.
33
The Causes of Evolution, 1932.
34
Genetics and the Origin of theSpecies, 1937.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 55
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Árvore da Vida?
(1), eficácia (2) e alcance (3). Darwin respondeu-as, seguindo-se debates e propostas
QUADRO 01
unir, por meio de formas intermediárias, duas espécies, formando uma lacuna entre
elas. Darwin explicou essa impossibilidade pela ausência de registro fóssil. Diferentes
explicações foram formuladas para elucidar a presença das lacunas entre as espécies:
ELDREDGE, N.; GOULD S. J. 1972. Punctuated Equilibria: An Alternative to Phyletic Gradualism. In: Models in
35
Paleobiology, edited by T. J. M. Schopf, pp. 82-115. San Francisco: Freeman, Cooper and Company.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 57
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
morfológicos de uma árvore. De acordo com SPIVAK (2006), a árvore foi empregada
A referência a uma árvore se faz por meio do termo usado por Darwin –
36
A primeira árvore usada para representar as relações entre organismos vivos foi, provavelmente, a ‘árvore
botânica’ ou ‘árvore das plantas’, incluída no Essai d’une nouvelle classification des végétaux (Ensaio de uma nova
classificação dos vegetais), de Augustin Augier, editado em 1801. (tradução nossa)
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 58
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
distintas, que são representadas pelas letras minúsculas acompanhadas por uma cifra.
O mesmo esquema se repete dando origem a outras espécies, simbolizadas por letras
Todavia, Darwin não foi o primeiro a fazer uso da imagem de uma árvore
para explicar as relações entre os seres vivos. Segundo DREISTADT (1968), o mérito
de Darwin foi enxergar na metáfora mais do que outros cientistas já haviam visto:
seres vivos tenha surgido das árvores genealógicas dos monarcas europeus. Na
Europa antiga, eram elaboradas ricas representações das relações de parentesco entre
os reis por meio de árvores que, com o tempo, foram se simplificando e tornando-se
uma árvore, das relações biológicas entre os seres vivos. Essa representação ilustra as
evolução como progresso. BOWLER (2003) apresenta uma ilustração que esquematiza
37
Na primeira sentença dessa interessante e elaborada metáfora lemos que a metáfora da árvore tem sido
constantemente usada por biólogos. O insight de Darwin consistiu em enxergar na metáfora mais do que os outros
haviam enxergado. (tradução nossa)
38
A primeira árvore usada para representar as relações entre organismos vivos foi, provavelmente, a ‘árvore
botânica’ ou ‘árvore genealógica das plantas’, incluída no Essai d’une nouvelle classification des végétaux (Ensaio de
uma Nova Classificação dos Vegetais), de Augustin Augier, editado en 1801
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 60
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Domestic
Leopard
Puma
Tiger
Lion
Cat
Ancestral cat form
FIGURA 05 - Teoria da Degeneração de Buffon, datada de 1766
Fonte: BOWLER, 2003, p.78.
MEYER & EL-HANI (2005) elaboraram a FIG. 06, a seguir, que apresenta
relações evolutivas entre seres vivos foi Ernst Haeckel no livro Generelle Morphologie
39
der Organismen , em 1866. JAY GOULD 40 (apud SPIVAK, 2006, p.04) disse que
“Haeckel introdujo los árboles evolutivos como iconografia estándar para la filogenia” 41.
A árvore de Haeckel traz implícita a idéia de origem comum para todos os seres vivos,
animal, vegetal e protista – que, por sua vez, se ramificam em 19 ramos mais finos,
simbolizando os filos. Esses também formariam novos ramos que corresponderiam aos
organismorum. 42
39
Morfologia Geral dos Organismos (tradução nossa)
40
GOULD S.J, 1991, La vida maravillosa (traducción de Joandomènec Ros), Crítica, Barcelona.
41
Haeckel introduziu a árvore evolutiva como iconografia padrão para a filogenia. (tradução nossa)
42
Raiz comum dos organismos
43
Moneres = simples e autogonum = que se gera a si mesmo. Portanto, a expressão Moneres autogonum pode ser
entendida como seres simples que se originaram por geração espontânea.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 62
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
árvore para explicar a genealogia do homem, que ocuparia o galho mais alto e central.
humano:
para explicar a origem dos seres vivos. Na hipótese polifilética, linhagens diferentes de
seres vivos teriam surgido independentemente umas das outras. No mesmo livro,
Haeckel ilustra a hipótese polifilética, não como uma árvore, já que usa um desenho
às espécies viventes.
explicar as relações evolutivas entre os seres vivos. ROSE (2000) enumera cinco
evolução de todas as formas que se fossilizam com facilidade. Estudos feitos com
darwinista;
entre eles e as espécies vivas. O fato indicaria um processo evolutivo contínuo, com
vivas daquela região do que com os de outros locais. Para o autor, esse dado é um
forte golpe no criacionismo, pois indica que “a vida é produzida localmente, a partir da
2000, p. 97);
diferentes espécies.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 66
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Tão boas são as provas que corroboram a Árvore de Darwin e tão vasto
é o seu poder explicativo, que a teoria da evolução pela modificação de
ancestrais comuns foi amplamente aceita pelos biólogos durante a vida
de Darwin...
... a Árvore da Vida darwiniana é um dos grandes alicerces sobre os
quais se ergue a Biologia moderna (ROSE, 2000, p. 98).
De acordo com DAWKINS (2001), a taxonomia dos seres vivos pode ser
do autor essa é, entre várias formas que podemos utilizar para classificar os seres
tema, vale ressaltar a opinião de VARELA (2003, sp) emitida em seu texto intitulado A
Árvore da Vida:
Isto posto, o autor questiona, ainda no mesmo texto: “pode existir coisa mais
necessário.
Teve como objetivo contribuir para a melhoria do ensino de Biologia por meio
Árvore da Vida e identificar seu uso como recurso de ensino pelo público pesquisado.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 69
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
familiar aos discentes, bem como verificar percepções sobre seu uso como recurso
investigações com docentes e discentes tiveram seu início no dia 02/08/05, com término
ensino:
regular;
participantes.
2º – Observação de aulas
questões:
explicar o conteúdo?
escola em questão?
3º – Aplicação de questionários
piloto para os alunos. Optamos por tal procedimento porque o instrumento também
turma observada.
via auxiliar de coleta de dados, via malote, diretamente para a pesquisadora, e-mail,
correios e fax.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 74
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
relações encontradas com o termo Árvore da Vida e solicitamos aos respondentes que
com uma Escala Likert, norteada pela relação das opções com o tema Evolução.
questões:
1– O que achou dos questionários: fáceis, difíceis? Por quê? Como se sentiu
ao respondê-los?
apontadas no questionário 2?
(Anexo G):
segunda parte, já que o professor não explicou a árvore com tantos detalhes?
árvore e evolução facilita o aprendizado do conteúdo. Por quê? Em que facilita? Como?
5– Como você explicaria o que é evolução para alguém que não conhece o
assunto?
Nesses livros, as análises se deram tanto nas unidades referentes à Evolução quanto
nas relativas aos Seres Vivos. Ambas costumam apresentar , por meio de árvores, as
a expressão Árvore da Vida pode ser classificada como uma metáfora conceptual. Essa
e metáfora de DUIT (1991), classificamos essa descrição como analógica. Nela, são
ramificações.
QUADRO 02
Semelhanças Diferenças
Veículo Alvo Veículo Alvo
Árvore44 Árvore
Evolução Evolução
44
A ilustração utilizada corresponde a um exemplar de Angiosperma: Michelia champaca L. (Magnólia). Fonte: VIDAL
& VIDAL (1986, p.89).
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 80
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
analogias entre estruturas (analogias estruturais) que relaciona partes do vegetal com
QUADRO 03
Analogias estruturais e funcionais existentes na Árvore da Vida, de Charles
Darwin, e seus respectivos alvos e veículos – 2005.
maneira:
paralisação do crescimento das gemas apicais e vice-versa, nos parece pouco provável
que ramos de um mesmo vegetal estabeleçam relações de luta pela sobrevivência nas
Charles Darwin.
extintas, são expostas em frases breves, curtas, enquanto as demais são apresentadas
analogias estabelecidas aumenta ao longo do texto. Talvez possa ser considerado que
QUADRO 04
Semelhanças Diferenças
Veículo Alvo Veículo Alvo
Ramos e gomos Espécies existentes Ramos e gomos Espécies existentes
atuais atuais
Ramos e gomos dão Espécies existentes Ramos e gomos dão Espécies existentes
origem à outros ramos dão origem à outras origem à ramos e dão origem à espécies
e gomos. espécies. gomos semelhantes. diferentes.
O aparecimento de O aparecimento de RG de uma árvore são Espécies são formadas
outros RG não implica novas espécies não partes de um mesmo por indivíduos distintos.
detrimento daqueles implica detrimento indivíduo.
que os originaram. daquelas que as
originaram.
Os RG atuais existem Espécies em questão RG da mesma árvore Espécies têm genótipos
em um mesmo espaço existem em um mesmo têm o mesmo genótipo. diferentes.
de tempo. espaço de tempo.
Os RG se originaram Espécies se originaram O processo de O processo de
de outros RG. de outras espécies. formação de novos RG formação de novas
é rápido. espécies é lento.
Para a formação de Para a formação de
novos RG, não há uma nova espécie, há a
necessidade de necessidade de
mutação. mutação.
Estruturalmente, RG Espécies antigas e
antigos sustentam RG novas não têm relação
novos. de sustentação entre si.
Os RG são de um As espécies podem ser
vegetal. de qualquer reino.
Fonte: ARQUIVO PESSOAL
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 83
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
QUADRO 05
Semelhanças Diferenças
Veículo Alvo Veículo Alvo
Ramificações Longa sucessão de Ramificações Longa sucessão de
produzidas em espécies extintas produzidas em espécies extintas
anos precedentes anos precedentes
Os ramos vão As espécies vão Ramos pertencem ao Uma espécie é
desaparecendo e desaparecendo e mesmo indivíduo. composta por vários
surgindo outros. surgindo outras. indivíduos.
Quanto mais antiga a Quanto mais antiga a Ramificações são do Espécies pertencem a
árvore, maior a linha evolutiva, maior a reino vegetal. vários reinos.
quantidade de ramos quantidade de espécies
que desapareceram. que desapareceram.
Ramos produzidos em Espécies extintas têm
épocas precedentes carga genética
têm a carga genética diferente das espécies
igual a dos ramos que dela se originaram.
atuais da mesma
árvore.
Quando um ramo O desaparecimento de
desaparece, uma espécie não
desaparecem todos os significa
outros que dele se desaparecimento das
originaram. espécies que dela
surgiram.
Fonte: ARQUIVO PESSOAL
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 84
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
QUADRO 06
Semelhanças Diferenças
Veículo Alvo Veículo Alvo
Velhos e os novos Classificação de Velhos e os novos Classificação de
rebentos no meio todas as espécies rebentos no meio todas as espécies
dos ramos extintas e vivas em dos ramos extintas e vivas em
crescidos grupos crescidos grupos
subordinados a subordinados a
outros grupos outros grupos
Os rebentos se As espécies se Os rebentos fazem As espécies são
relacionam formando relacionam formando parte do mesmo ser constituídas por seres
uma estrutura uma estrutura vivo. vivos distintos.
ramificada. ramificada.
Quanto maior o número Quanto maior o número A organização dos O sistema de
de rebentos e ramos de espécies vivas e galhos na copa de uma classificação é uma
crescidos, maior é a extintas, maior a árvore não é obra forma de organização
copa da árvore. estrutura formada por humana. elaborada por seres
sua classificação. humanos.
Galhos novos formam a Espécies novas ficam O crescimento e a Critérios de
parte superior da copa. nas extremidades da disposição dos galhos semelhança orientam a
estrutura de na copa são orientados classificação dos seres
classificação. por fatores naturais, vivos.
como luz, hormônios
etc.
Quanto mais embaixo Quanto mais embaixo Galhos antigos Espécies novas e
na árvore, maior o na estrutura de apresentam-se antigas não possuem
número de classificação estiver um grossos, enquanto os características físicas
ramificações grupo, maior o número novos são finos. que permitem sua
provenientes desse de espécies percepção como tal.
galho. subordinadas a ele.
Quanto mais distante Quanto mais distantes Um galho morto cai e Espécies extintas
um galho estiver do estiverem duas não participa da participam da estrutura
outro, menor a relação espécies, menor a formação da copa da formada pela
entre eles. relação classificatória árvore. classificação dos seres
entre elas. subordinados a outros
seres.
Fonte: ARQUIVO PESSOAL
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 85
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
QUADRO 07
Semelhanças Diferenças
Veículo Alvo Veículo Alvo
Ramificações do Espécies que Ramificações do Espécies que
arbusto que deixaram prole arbusto que deixaram prole
sobreviveram modificada sobreviveram modificada
transformando-se transformando-se
em grossos troncos em grossos troncos
que sustentam que sustentam
outras outras ramificações.
ramificações.
As ramificações do As espécies tiveram Ramificações são Espécies podem ser
arbusto tiveram características vegetais. de qualquer reino.
características alteradas.
alteradas.
As ramificações As espécies produzem As ramificações do As espécies e a prole
produzem outras outras espécies. arbusto e aquelas que modificada são seres
ramificações. elas sustentam fazem vivos distintos.
parte do mesmo ser
vivo.
As ramificações dos As espécies se As ramificações não Ao dar origem à prole
arbustos se transformaram em sofreram modificações modificada, as
transformaram outras espécies. genéticas para se espécies sofrem
formando troncos de transformar em troncos modificações
árvore. que sustentam outras genéticas.
ramificações.
Outras ramificações A prole modificada tem Os troncos sustentam As espécies não
têm como antecessor as espécies como fisicamente os novos sustentam fisicamente
as ramificações. ancestrais. galhos. a prole modificada.
Fonte: ARQUIVO PESSOAL
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 86
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
QUADRO 08
Semelhanças Diferenças
Veículo Alvo Veículo Alvo
Ramificações de Ordens, espécies e Ramificações de Ordens, espécies e
espessura diferente famílias que espessura diferente famílias que
que murcharam e apenas que murcharam e apenas
caíram conhecemos como caíram conhecemos como
fósseis fósseis
As ramificações deixam As ordens, famílias e As ramificações não As ordens, espécies e
de existir. espécies em questão sofreram processo de famílias sofreram
deixam de existir. fossilização. processo de
fossilização.
Os ramos tinham Ordens são grupos Um ramo que murcha e Os fósseis duram
espessuras diferentes. mais “volumosos” que cai desaparece ao ser muitos anos.
famílias e essas decomposto.
também em relação às
espécies.
Fatores ambientais e Fatores ambientais e O ramo em questão Os fósseis são
do próprio vegetal dos próprios seres não passa por preservados por
podem ter levado as podem ter levado às situações especiais de situações especiais.
ramificações a extinções. preservação.
murcharem e caírem.
O ramo cai, mas a As ordens, espécies e As ramificações podem As ordens, espécies e
árvore continua famílias se extinguem, ser conhecidas por famílias são
existindo. mas a Árvore da Vida meio de outras conhecidas somente
continua existindo. semelhantes que não como fósseis.
sofreram o mesmo
processo.
O ramo cai, levando As ordens, espécies e
também aqueles a ele famílias se extinguem,
ligados. mas deixam outras
evolutivamente ligadas
à elas.
O ramo não deixou As ordens, famílias e
outras ramificações. espécies podem ter
deixado descendentes.
Fonte: ARQUIVO PESSOAL
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 87
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
QUADRO 09
Semelhanças Diferenças
Veículo Alvo Veículo Alvo
Ramo delicado, Ramo delicado,
abandonado que Animais que abandonado que Animais que
permanece vivo escaparam da permanece vivo escaparam da
graças às felizes extinção graças às felizes extinção
circunstâncias circunstâncias
O ramo mantém Os animais mantêm O ramo tem Os animais em questão
ligação com a árvore. relações evolutivas aproximadamente a são mais antigos que
com outros animais. mesma idade de outros os demais existentes.
ramos da árvore ainda
existentes.
O ramo apresenta um Os animais apresentam O ramo não precisou Os animais precisaram
crescimento diferente características superar situações de superar situações de
dos demais. diferentes dos demais. extermínio para se extermínio para se
manter. manterem.
O ramo permanece Os animais mantêm-se O ramo possui o Os animais são
isolado na árvore, isolados na mesmo padrão geneticamente
formando uma classificação, formando genético do resto da diferentes dos outros.
ramificação a parte das um grupo a parte dos árvore.
demais. demais.
O ramo não possui Os animais possuem
características características
intermediárias entre intermediárias que
grupos distintos. apontam ligação
evolutiva com grupos
distintos.
Fonte: ARQUIVO PESSOAL
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 88
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
QUADRO 10
Semelhanças Diferenças
Veículo Alvo Veículo Alvo
Os gomos produzem Atuação da geração Os gomos Atuação da geração
novos gomos, e na Árvore da Vida: produzem novos na Árvore da Vida:
estes, se forem ramos mortos e gomos, e estes, se ramos mortos e
vigorosos, formam quebrados são forem vigorosos, quebrados são
ramos que eliminam sepultados nas formam ramos que sepultados nas
de todos os lados os camadas da crosta eliminam de todos camadas da crosta
ramos mais fracos. terrestre, enquanto os lados os ramos terrestre, enquanto
que as suas mais fracos. que as suas
suntuosas suntuosas
ramificações, sempre ramificações, sempre
vivas e vivas e
incessantemente incessantemente
renovadas, cobrem a renovadas, cobrem a
superfície superfície
Os ramos e gomos As espécies estão Um ramo não luta As espécies lutam
estão em constante constantemente em com o outro pela entre si pela
desenvolvimento. evolução. sobrevivência. sobrevivência.
Gomos produzem Espécies produzem Os ramos fazem parte As espécies são
novos gomos. novas espécies. do mesmo indivíduo. compostas por
indivíduos distintos.
Os ramos se proliferam
As espécies se
e formam uma proliferam e “cobrem a
suntuosa copa. superfície”, isto é,
povoam o ambiente.
Fonte: ARQUIVO PESSOAL
considerarmos que a relação estabelecida por Darwin nessa analogia não é pertinente.
explorados. Nos quadros 04, 05, 08 e 09, conseguimos encontrar mais diferenças do
que semelhanças, o que poderia nos levar a considerar essas analogias pouco
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 89
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
– Evolução é seleção
– Espécie é ramo
da Árvore da Vida.
mesma árvore competem entre si e eliminam uns aos outros. Conforme já dissemos,
45
Da mesma forma que os gomos produzem novos gomos, e estes, se forem vigorosos, formam ramos que eliminam
de todos os lados os ramos mais fracos, da mesma forma julgo eu que a geração atua igualmente para a grande
árvore da vida, cujos ramos mortos e quebrados são sepultados nas camadas da crosta terrestre, enquanto que as
suas suntuosas ramificações, sempre vivas e incessantemente renovadas, cobrem a superfície. (DARWIN, 2004,
p.401)
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 90
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
frutos. Percebemos também que Darwin não faz referência à parte basal do caule,
ancestralidade comum a todos os seres, que poderia ser representada por essa parte
do tronco.
seus propósitos, desde que seja feito um trabalho sistemático de análise da mesma.
Adorei a espiã em sala de aula... Espiã foi um apelido carinhoso que ela
recebeu. Todo mundo conhece a espiã!!!
ruídos externos.
fez diminuir esses entraves, contribuindo para o bom andamento da coleta de dados.
momentos oportunos.
evolução. Consideramos que essa falta de referências a uma árvore evolutiva no livro
adotado foi determinante para que o professor não abordasse aspectos comparativos
Somente nas duas últimas aulas (Apêndice H), foi tratado o tema Evolução
Humana. Nelas, o professor recorreu a outro livro em que há referências a uma árvore,
ciências.
Durante a exposição, a figura contida no livro foi reproduzida no quadro (FIG. 10),
Observamos ainda que o professor não explicou que o desenho simbolizava apenas
parte de uma grande árvore evolutiva, formada por todos os seres, vivos e extintos. No
da Árvore da Vida. Tal consideração pode ser corroborada pela fala de uma aluna no
grupo focal:
ditas pelo professor nas quais surge o termo ramificação, característico de vegetais:
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 93
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
intenção foi dar a idéia ao aluno de que, nos pontos (tempo) nos quais a árvore se
espécies distintas. Considerou ainda que, embora tenha trabalhado os assuntos fatores
estrutural. Isso nos faz considerar que, para o docente, a expressão ramificação, no
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 94
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
ramificação é processo.
também por parte dos alunos, criando sentidos diversos daquele conferido por Charles
5.3.1– Questionários
dados com o público alvo. Somente foi sugerido o acréscimo de uma questão,
46
O ponto a que se refere o professor em sua justificativa corresponde aos nós do tronco da árvore
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 95
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
modificações pertinentes.
estava formado por 64 professores. Contatamos com 63, dos quais 31 (49,2%)
Graduação – 16
Especialização em Áreas específicas da Biologia – 6
Especialização em Ensino Ciênc. / Bio – 5
Mestrado em Ciências Farmacêuticas – 2
Doutorado em Meio Ambiente – 1
Não respondeu - 1
O GRAF. 02 indica que pouco mais da metade do grupo (51,6%) era formada
por profissionais com até 5 anos de profissão. Um único profissional possuía mais de 25
anos de magistério.
11 a 15 anos:
19,7%
6 a 10 anos: 0 a 5 anos:
19,3% 51,6%
(Para quais séries?), somente 19,4% afirmaram não ministrar aulas de Biologia para o
funções junto ao Ensino Médio regular, 41,9% estavam atuando em turmas de 3º ano.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 97
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
38,8% acumulavam funções em mais de uma rede de ensino e 3,2% não responderam.
Municipal,
Estadual e Sem
Particular : 2 Resposta : 1
Municipal e
Particular : 3
Municipal e
Estadual : 7 Municipal : 18
evolução dos seres vivos, teoria da evolução e Darwin seriam as escolhas que mais
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 98
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
viria a opção classificação dos seres vivos, pois, conforme visto no capítulo 1, o critério
evolutivo é, na opinião de DAWKINS (2001), o melhor entre vários que podemos utilizar
naturalista Linnaeus não se baseou em critérios evolutivos para formular seu sistema
estabeleceu um sistema evolutivo ramificado, mas sim linear, diferente de uma árvore.
Dessa forma, Lamarck e Linnaeus nos pareceram opções pouco adequadas. As demais
apresentadas em:
oxigênio, religião, vegetal que é fonte de medicamentos para muitos males, outra coisa.
enumeradas. Ex.: Teoria da Evolução não foi marcada por todos. Das quatro opções
mais escolhidas, três estão relacionadas à evolução dos seres vivos e uma à
classificação. A opção mais assinalada, evolução dos seres vivos, também foi a mais
lembrada de imediato. A única opção relacionada com evolução que não se fez
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 99
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
presente entre as mais escolhidas foi Lamarck. Fica claro que a metáfora Árvore da
A TAB. 01, a seguir, indica o total de vezes em que os itens foram escolhidos
pelos professores pesquisados.
TABELA 01
Total de vezes em que os itens foram escolhidos pelos professores de Biologia
da FUNEC na questão nº 1 do questionário 1- “Ao ouvir a expressão Árvore da
Vida você a relaciona com:” - 2005.
Número de Respostas
estabelecidas
relações
Total de
Relações 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª Sem
estabelecidas escolha escolha escolha escolha escolha ordem
Evolução dos
seres vivos 12 07 04 03 01 02 29
Teoria da evolução 02 03 07 07 05 02 26
Classificação dos
Seres Vivos 07 05 04 - 03 01 20
Darwin 02 06 02 07 01 02 20
Diversidade
de conhecimentos 01 02 02 04 01 - 10
Ecologia 01 - 02 - 06 - 09
Família 01 01 01 02 01 01 07
Linnaeus - - - - 06 01 07
Lamark - 01 03 01 - 01 06
Produção de
alimentos para o
homem - 01 02 01 - - 04
Produção de
oxigênio 01 01 - 01 - - 03
Vegetal fonte de
medicamentos
para muitos males - - 01 - 02 - 03
Outra coisa - 01 - 01 01 - 03
Religião 01 - - 01 - - 02
Coisa alguma - - - - - - 00
Fonte: ARQUIVO PESSOAL
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 100
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Para cada educador, foi solicitado que justificassem duas das opções feitas.
serem justificadas, enquanto os demais optaram por outras escolhas, talvez na intenção
de explicar opções que julgavam menos óbvias. A TAB. 02, a seguir, indica o total das
opções escolhidas:
TABELA 02
Total das 1ª e 2ª opções escolhidas para serem justificadas, no questionário 1,
pelos professores de Biologia da FUNEC– 2005.
enumeradas não foram escolhidas por nenhum dos participantes para serem
justificadas: Linnaeus; Vegetal que é fonte de medicamentos para muitos males; Outra
coisa. Consultando a TAB. 01, percebemos que, na maior parte das vezes, foram
opções que não tiveram boa colocação na ordem de escolha. Isso nos sugere que,
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 101
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
apesar de escolhidas, essas opções possam não ser tão relevantes para o público
QUADRO 11
basal do tronco são os aspectos mais lembrados como símbolos dessa ligação, apesar
dessa última não ter sido referenciada por Darwin em sua descrição analógica.
contempladas, sugerindo que as mesmas não foram fatores significativos para que os
parece surgir, então, como uma grande imagem simbólica da ocorrência de relações
Espécies;
Nas respostas obtidas na parte II, constatamos que 77,4% dos professores
informaram ter lido a obra A Origem das Espécies, de Charles Darwin. Porém, na maior
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 105
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
parte das vezes, o livro não foi lido na totalidade. O GRAF. 04 mostra os índices
obtidos:
Sem Não Li ;
Resposta; 19,4%
3,2%
Li Partes; Li Todo;
61,3% 16,1%
GRÁFICO 04 - Resposta dos professores de Biologia da FUNEC à pergunta “ Você já leu
o livro A Origem das Espécies de Charles Darwin?” – 2005.
Fonte: ARQUIVO PESSOAL
As diferentes justificativas apontadas por aqueles que afirmaram não ter feito
fatores dominantes.
Muitas parecem indicar que boa parte dos respondentes leu parcialmente o
QUADRO 12
Número de
Leram? Justificativas Respostas
Não tive tempo e não gosto de ler / Relaxamento / Não tive 3
oportunidade.
Não conheço o livro. 1
Não Foram abordados, na faculdade, os pensamentos de 1
Darwin sobre as espécies.
Não justificou. 1
Essa leitura é essencial para um biólogo / Conhecimento 2
Sim na área de evolução.
O livro foi usado na graduação. 3
Tempo curto / Vários livros para ler na mesma época. 7
Cansativo, não gostei muito. 2
Não tenho o livro e leio coisas relacionadas aos assuntos 3
com os quais trabalho diretamente / Li somente aplicações
mais imediatas.
Li somente as partes relacionadas à disciplina da 3
Parcialmente graduação. / Para fazer trabalho na graduação. / O livro foi
adotado em Evolução.
É necessário para o aprendizado de evolução. 1
Não foi indicado na graduação. 1
Li as partes de maior interesse. Li por curiosidade. 2
Não respondeu - 1
Fonte: ARQUIVO PESSOAL
educativas, somente 13% dos docentes afirmaram que nunca haviam utilizado
Sem Sempre
Resposta 16%
Nunca
3%
13%
Poucas Muitas
vezes vezes
26% 42%
GRÁFICO 05 - Freqüência do uso de comparações entre árvore e Evolução como recurso
didático pelos professores de Biologia da FUNEC - 2005.
Fonte: ARQUIVO PESSOAL
evolução, 29% disseram que facilitam totalmente, enquanto 58,1% apontaram que
Sem
Não 6,5% Resposta Totalmente
3,2% 29,0%
Muito Pouco
3,2%
Parcialmente
58,1%
tempo, não ter sua potencialidade didática igualmente reconhecida. Inferimos que ele
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 108
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
se faz presente em sala de aula de alguma forma, porém sem que constitua um recurso
sala de aula no ensino de Evolução. Cada analogia presente na Árvore da Vida foi
suas utilizações: “sempre”, “muitas vezes”, “poucas vezes” e “nunca”. Como resultado,
as respostas apontam que a Árvore da Vida não é abordada com a mesma ênfase em
toda a sua extensão, tendo alguns de seus aspectos explorados com maior freqüência
que outros.
professores pesquisados.
a somatória das respostas “poucas vezes” e “nunca” atingem valores superiores à das
Sem
Nunca; Resposta; Sempre;
9,7% 6,5% 22,6%
Poucas Muitas
vezes; vezes;
32,2% 29,0%
Nunca;
25,8% Poucas
vezes;
32,2%
GRÁFICO 08 - Respostas dos professores de Biologia da FUNEC à questão nº 2: “Ao
ministrar o conteúdo Evolução dos Seres Vivos, você utiliza a comparação entre os
ramos produzidos em épocas precedentes e as espécies extintas?” - 2005.
Fonte: ARQUIVO PESSOAL
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 110
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Sem
Resposta; Sempre;
6,5% 16,1%
Nunca;
22,6%
Poucas Muitas
vezes; vezes;
32,2% 22,6%
Sem Sempre;
Resposta; 12,9%
6,5%
Nunca;
32,2% Muitas
vezes;
Poucas 22,6%
vezes;
25,8%
Sem
Resposta; Sempre;
6,5% 19,4%
Nunca;
32,2%
Muitas
Poucas vezes;
vezes; 16,1%
25,8%
Sem Sempre;
Resposta; 9,7%
Muitas
6,5% vezes;
22,6%
Nunca; Poucas
35,5% vezes;
25,8%
Sem Sempre;
Resposta; 19,4% Muitas
6,5% vezes;
9,7%
Poucas
Nunca; vezes;
41,9% 22,6%
Apesar dos dados obtidos na parte III, a parte IV nos mostra que 87,0% dos
Nada Não
Importante Respondeu Muito
0,0% 6,5% Importante
Pouco 29,0%
Importante
6,5%
Importante
58,0%
gráficos anteriores indicam que menos de 40% dos professores utilizam freqüentemente
as analogias descritas por Darwin como recurso didático. Tal fato pode ser explicado
pelo desconhecimento das analogias, sobre as quais julgamos terem tomado ciência
Eu acho que não tem nem outro meio para a gente explicar bem a
evolução como o caso da árvore. Não tem nenhum outro que deixa bem
claro a questão da evolução.
Professor 4
conteúdo Evolução, um não ministrava o tema há alguns anos e dois nunca haviam
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 114
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
abordagem didática para elas. De acordo com o relato, comparações entre uma árvore
ansiosos em relatar suas angústias sobre a falta de recursos para o ensino. Indicaram
trabalho com Evolução e com a própria Árvore da Vida. É interessante pontuar que, em
e essenciais para o ensino do conteúdo, mesmo que poucos aspectos tenham sido
da analogia em sala.
sendo a árvore mais utilizada como recurso ilustrativo do que como âncora para gerar
aprendizagem significativa.
discentes. Nesse aspecto, a pesquisa foi apontada como relevante e necessária para o
ensino da Biologia: – Precisamos de idéias novas, mais atraentes para esses meninos,
QUADRO 13
tempo em que ocorreu essas nas asas dos insetos e das aves (Darwin,
ramificações que deram origem às 2004, p. 511). Já homologia indica
espécies, mas como árvore, com órgãos de mesma origem, porém com
comparações, analogias... funções diferentes. Ex: asas nas aves e
- No meu caso, não uso a “árvore” só braços no Homem.
para explicar evolução humana.. Até
pegando lá os casos de homologia,
analogia para explicar isso aí, mas de
forma geral, sem tender para a questão
da evolução humana. Por exemplo, no
caso dos mamíferos: por que somos
parentes dos ratos, por exemplo?
Pertencemos à mesma classe... Eu pego
isso aí e vou para as aves: Por quê?
Então eu pego geral, não só a questão do
humano.
- Eu acho que não tem nem outro A Árvore da Vida foi apontada como
meio para a gente explicar bem a fator essencial para o ensino da evolução.
evolução como o caso da árvore. Não tem Segundo os professores, ela facilita a
4- Por que a utilização nenhum outro que deixa bem claro a aprendizagem da evolução por associar o
da árvore facilita a questão da evolução. novo conhecimento – evolução- com algo
aprendizagem do - Por causa da quantidade de galhos que faz parte do universo do educando –
conteúdo? Como que a gente associa às espécies. Não uma árvore , favorecendo o entendimento
facilita? teria como explicar o processo evolutivo do conteúdo. Nesse aspecto, a analogia
sem usar algo que representasse. Eu não faria a ponte entre o conhecimento não
consegui associar a outro... fazer essa científico (mais fácil) ao conhecimento
analogia a outra questão que não fosse a científico (mais difícil) ensinado pela
árvore. escola. Somente os galhos foram
- Talvez pelo fato da árvore ser uma lembrados como aspectos a serem
imagem da vida dele. Ele já conhece o explorados.
desenvolvimento de uma árvore, o Outra analogia que poderia ser
processo de crescimento, já observou os utilizada com a mesma finalidade e
galhos dessa árvore. Ele tem uma resultado não foi lembrada pelos
imagem da árvore, que com certeza é educadores.
mais fácil que a do processo evolutivo. A construção do conhecimento não
Você fazendo uma coisa que é concreta foi levada em consideração, uma vez que
para ele, ele vai absorver mais a idéia do o mesmo foi visto como algo a ser
processo evolutivo. ensinado pelo professor e absorvido pelo
aluno.
Os professores demonstraram
acreditar, sem nenhuma verificação, que
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 119
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
o desenvolvimento e a estrutura de um
vegetal fazem parte do conhecimento
prévio dos estudantes.
- ... quando eu fiz faculdade não foi Os professores consideraram que
em cima da árvore da vida que eu estudei não abordam a analogia com
5- Quais aspectos da evolução e nos primeiros anos em que profundidade. As partes citadas como
árvore você explora em eu dei aula de evolução, também não fui comumente explorados foram as
suas aulas? em cima da árvore da vida, só ramificações. As dificuldades dos alunos
posteriormente. Tinha já aquela e questões religiosas surgiram como
ramificação tradicional, mas abordar fatores que impedem a exploração mais
detalhes... detalhada da analogia em sala de aula.
... exatamente em cima dessa
possibilidade de uma coisa única, geral,
ter desenvolvido características, devido a
fatores diversos, e foi passando, aí tendo
o cuidado de falar com eles que não foi
coisa de um ano para o outro, são
gerações...
... fica mais fácil no 3º ano o
entendimento da árvore da vida que,
muitas vezes a gente procura não
adentrar muito devido às dificuldades dos
alunos e questões religiosas...
... Eu cheguei a trazer transparências
abordando as ramificações...
5.4.1 – Questionários
47
NAGEM, Ronaldo; GUIMARÃES Dácio; & BARBOSA. Relatório do Projeto Tele-Salas de Minas Gerais.
CEFET/SEE-MG, 2001.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 120
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
19 alunos de 3º ano do ensino médio que pertenciam às turmas não contempladas com
confuso.
alvo – alunos da turma observada, cujo perfil apresentamos abaixo, seguido dos
cada sexo. A faixa etária era de 17 a 19 anos, sendo: 53,1% com 17 anos; 40,6% com
5.4.1.2– Questionário nº 1
A TAB. 03, abaixo, aponta o total de vezes que cada opção foi escolhida pelos alunos e
TABELA 03
Total de vezes em que os itens foram escolhidos pelos alunos na questão nº 1 do
questionário 1: “Ao ouvir a expressão Árvore da Vida você a relaciona com:” –
2005.
Número de Respostas
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª Total
Opções
Escolha Escolha Escolha Escolha Escolha
Família 10 2 4 4 4 24
Evolução dos seres vivos 6 4 8 3 - 21
Classificação dos Seres
Vivos 5 4 6 4 1 20
Teoria da evolução 4 4 1 6 4 19
Ecologia 2 3 5 5 4 19
Darwin 1 4 1 1 3 10
Diversidade de
conhecimentos - 4 - 4 2 10
Produção de alimentos
para o homem 2 2 1 2 - 07
Religião 1 2 - 2 1 06
Vegetal que é fonte de
medicamentos para
muitos males 1 - 2 - 2 05
Produção de oxigênio - 2 - - 3 05
Coisa alguma - 1 - - 4 05
Linnaeus - 1 1 1 1 04
Outra coisa não citada 1 - 1 - 2 04
Lamarck - - 2 - 1 03
Fonte: ARQUIVO PESSOAL
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 122
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
evolução: Teoria da Evolução e evolução dos seres vivos que obtiveram índices
semelhantes.
com o conteúdo Biologia, fato que talvez possa ser explicado pela influência dos
TABELA 04
Total das opções escolhidas pelos alunos no questionário 1 para serem
justificadas – 2005.
Família 11 6 17
Evolução dos seres vivos 6 2 8
Teoria da evolução 3 5 8
Classificação dos Seres Vivos 3 3 6
Diversidade de conhecimentos 0 5 5
Ecologia 2 2 4
Religião 1 4 4
Vegetal que é fonte de medicamentos para
muitos males 1 3 4
Darwin 1 1 2
Produção de alimentos para o homem 2 0 2
Produção de oxigênio 1 1 2
Outra coisa não citada 1 1 2
Linnaeus 1 0 1
Coisa alguma 0 1 1
Fonte: ARQUIVO PESSOAL
justificar outras escolhas. Entre todas as opções marcadas, Lamarck foi a única não
Nunhuma As Duas
das Primeiras: 9
Primeiras: 4
A Primeira e A Segunda e
Outra: 14 Outra: 5
GRÁFICO 15 - Ordem de escolha das opções justificadas pelos alunos da FUNEC – 2005.
Fonte: ARQUIVO PESSOAL
QUADRO 14
Grupos
Classificatórios Justificativas Considerações
01- Pode-se relacionar à evolução por Percebemos que para alguns alunos a
Grupo I criar a linha cronológica dos seres árvore resumiria as relações evolutivas
existentes e extintos desde a criação do entre os seres... (01; 02)
mundo ... e seria uma figura representativa,
Muito bem
relacionadas com 02- Mostra como os seres vivos surgiram esquemática, um símbolo da evolução (03;
evolução: e como evoluíram. 04)
03- Porque a evolução dos seres vivos Na descrição analógica darwinista, não
evolução dos seres também se requer a uma árvore de vida há referência a um ancestral comum a
vivos, teoria da 04- Quando estudamos evolução, os todos os seres. No entanto, percebemos
evolução e Darwin
gráficos formados lembram uma árvore. que essa idéia é recorrente nos indivíduos
05- De um animal pode ter vindo várias pesquisados, sendo representada
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 124
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Grupo II caracterizamos cada ser para tornar um evolutivas são indicadas como critério para
21- As divisões dos seres vivos, tanto em Darwin em sua descrição, simbolizariam as
relação as características como no espécies distintas. (19)
ambiente que vivem. Podendo citar a O aluno faz referência ao fato de uma
árvore genética, ancestrais. árvore ser um organismo vivo sujeito à
classificação biológica (20).
O aluno parece indicar que existem
vários critérios de classificação dos seres
vivos, relacionando a árvore a todos eles
(21).
Nenhuma das justificativas apontou
claramente a relação evolução /
classificação dos seres vivos.
Grupo III
Pouco relacionadas Não houve nenhuma justificativa
com evolução: -----
relacionada a esse grupo.
Lamarck e Linnaeus
22- Está diretamente ligado ao ser vivo As frases não explicitam as relações
como um todo, fazendo descobertas árvore / diversidade de conhecimentos. No
relacionadas à vida. entanto, percebemos a presença de termos
23- Sempre a ciência se diversifica e nos que remetem as idéias de: solidez (base),
passa isso (Diversidade de provavelmente relacionada a uma raiz;
Grupo IV
conhecimentos) crescimento (todos os dias aprendemos,
24- O conhecimento pode trazer grandes vivendo e aprendendo, descobertas,
Nada relacionadas vantagens, é a base do futuro. transformações) ligado ao desenvolvimento
com evolução:
25- “Vivendo e aprendendo”... nesta frase contínuo de um vegetal. (22 a 26).
coisa alguma, que me baseei pra escolher essa opção. O termo genealogia, segundo
diversidade de 26- Todos os dias aprendemos coisas HOUAISS (2004; 368) significa: s.f. 1-
conhecimentos,
ecologia, família, novas e estamos sujeitos a estudo que estabelece a origem de um
produção de transformações que ao longo do tempo indivíduo ou família 2- conjunto de
alimentos para o
formam a árvore da vida. antepassados segundo uma linha de
homem, produção de
oxigênio, religião, 27- Lembra bastante árvore genealógica filiação, descendência 3- estirpe, linhagem
vegetal que é fonte 28- A árvore da vida, para mim, também 4- procedência, origem (a g. da dança).
de medicamentos
serve como árvore genealógica Assim, apesar da idéia comum de que
para muitos males,
outra coisa 29- Lembrando da árvore genética genealogia está relacionada às relações de
30- Me lembrei de uma árvore parentesco e evolutivas entre seres vivos,
genealógica acreditamos, baseados em HOUAISS e nas
31- Relaciono com árvore genealógica discussões do grupo focal que, o termo
32- Primeira coisa que pensei quando li genealógico foi empregado nas frases 27 a
“Árvore da Vida” foi na árvore genética, 31 com o sentido de relações de
por isso escolhi a opção 3 descendência familiar. Essa relação fica
33- -Através da árvore genética podemos clara nas frases 32 a 34.
perceber a evolução dentro da nossa Família foi o aspecto mais lembrado
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 126
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
tema com Árvore da Vida. No grupo I, a figura de uma árvore remeteria aos processos
ênfase que outras relações estipuladas. A presença da árvore como símbolo em outras
instituições sociais, como religião e família, teve mais influência sobre os estudantes do
que sua relação com o conteúdo Evolução. Tal dado nos faz questionar: qual é o papel
que as instituições escolares, entre tantas outras instituições sociais, estão ocupando
5.4.1.3– Questionário nº 2
Evolução.
na aula sobre Evolução Humana. Trazia 7 questões de múltipla escolha com analogias
Como opções, foram apresentadas duas respostas, em ordem alfabética: “Não” (letra a)
Biologia, solicitando aos alunos que informassem, por meio de respostas discursivas, o
– Parte II
alunos optaram pela resposta “Sim”, enquanto 22% marcaram “Não”, conforme indicado
Não;
22,0%
Sim;
78,0%
GRÁFICO 16 – Respostas dos alunos à pergunta: “Você já conhecia a expressão Árvore
da Vida?” - 2005
Fonte: ARQUIVO PESSOAL
âmbito escolar, mas por meio de outras instituições sociais. Retomamos, então, o
jovens?
julgaram que o recurso é “totalmente” eficaz nesse aspecto. Nenhum estudante indicou
Muito
Pouco
Totalmente
0,0% Nada 0,0%
31,2%
Parcialmente
68,8%
GRAF. 14, percebemos que os alunos (100%) conferem maior importância que os
professor / aluno, fazendo com que o docente, muitas vezes, não perceba as
– Parte III
“Sim”: 75%, contra 25% de respostas “Não”. O GRAF. 18, a seguir, aponta os índices
de respostas obtidos.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 131
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Não;
25,0%
Sim;
75,0%
GRÁFICO 18: Respostas dos alunos à questão 1: “Você identificou que os galhos atuais
de uma árvore representam as espécies existentes?” – 2005
Fonte: ARQUIVO PESSOAL
Não
47%
Sim
53%
GRÁFICO 19 - Respostas dos alunos à questão 2: “Você identificou que os ramos
produzidos em épocas precedentes representam as espécies extintas?” - 2005
Fonte: ARQUIVO PESSOAL
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 132
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Sem
resposta
3,1%
Sem
Resposta
3%
Não
Sim 47%
50%
Sim
53% Não
47%
GRÁFICO 22 - Respostas dos alunos à questão 6: “Você identificou que os ramos que
murcharam e caíram representam as ordens, famílias e gêneros que não têm exemplares
vivos e só conhecemos no estado fóssil?” - 2005
Fonte: ARQUIVO PESSOAL
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 133
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
atividades. Algumas hipóteses podem ser levantadas para explicar essa incoerência:
dessas analogias durante a aula sobre Evolução Humana, mesmo que elas não tenham
darwinistas e optaram pelo “Sim”, mesmo não as tendo conhecido antes, em sala de
aula. Tal hipótese pôde ser corroborada no grupo focal, mediante os comentários
transcritos abaixo:
– Você falou que era pra gente fazer com base no que tínhamos aprendido
dentro de sala e a gente tava meio que olhando assim, que tinha uma árvore ali e
ficamos entre responder de acordo com o que aprendemos nas aulas e olhar pelo que
estava ali e tentar responder, entendeu? Estávamos meio divididos. (Aluna 1)
- Acho que tinham perguntas que pra mim você iria cobrar, mas não com
tantos detalhes, falando da semelhança com a árvore, do negócio que caiu e tal... Pelo
menos não me lembro do professor ter falado daquela forma, como uma árvore mesmo.
Na hora em que eu vi pensei: ”Mas esse negócio de árvore faz até sentido.” - Aí entrou
essa parte: eu não sabia o que marcava - o que eu achava naquele momento em que
percebi que fazia sentido ou o que achava antes. Então marquei o que achava antes.
(Aluno 2)
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 134
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
obteve índices de 31,25% de respostas “Não” para 68,75% de respostas “Sim”. O alto
índice de respostas “Sim” também chamou nossa atenção por mostrar-se incompatível
Não;
31,25%
Sim;
68,75%
que surgiu de uma bifurcação inferior e, por felizes circunstâncias se mantém vivo,
Sim;
25,0%
Não;
75,0%
GRÁFICO nº 24 - Respostas dos alunos à questão 7: “Você identificou que um ramo
delicado, abandonado, que surgiu de uma bifurcação inferior e, por felizes circunstâncias
se mantém vivo atingindo o cume da árvore representa as espécies como o Ornitorrinco
e a lepidossereia que devem provavelmente a uma situação isolada ter escapado do
extermínio?” - 2005
Fonte: ARQUIVO PESSOAL
ainda que o fato de a analogia ser mais longa e complexa que as demais possa ter
contribuído para que os alunos optassem, em grande parte, pela resposta “Não”.
– Parte IV
QUADRO 15
Respostas
Frase I Frase II
Houve uma ramificação dando origem a Os macacos do novo mundo e do velho Considerações
todos os primatas que recebem o nome mundo foram uma ramificação, uma
de pongídeos. separação, dos ancestrais do homem já a
quase 25 mil anos atrás.
-Parece-me o surgimento de uma nova - Os seres humanos surgiram a partir dos Muitos respondentes interpretaram o
espécie; macacos, foram evoluindo até chegar o termo como especiação.
- Especiação que somos hoje. Apesar do professor ter alertado os
- isolamento reprodutivo; discentes quanto ao assunto,
- Que surgiram novos primatas percebemos, ainda, a idéia errônea de
que o homem seria descendente do
macaco.
- Está dizendo que de espécies Algumas respostas relativas à
existentes naquela época houve uma especiação indicam que ela ocorreria
ramificação, ou seja, dentre essas em várias espécies, dando origem à
espécies foi criada a dos Pongídeos; uma única espécie
- Foram várias espécies dando origem a
uma nova espécie.
- Uma espécie dando origem à várias - Significa que, das espécies existentes, A especiação estaria ocorrendo e
espécies; criou-se os macacos do novo mundo; originando duas ou mais espécies
- Através de um único ser surgiram - Foram uns que se formaram ou diferentes
seres diferentes e distintos; diferenciaram dos outros.
- Houve uma espécie que se diferenciou
formando todos os primatas;
- Que houve uma bifurcação (um pode
ter dado origem a muitos);
- Houve uma diversificação que deu
origem aos primatas;
- A partir de um grupo de animais
distintos surgem novas espécies, no
caso, os pongídeos;
- Por meio da evolução houve uma
diferenciação que é a ramificação que
deu origem aos primatas.
“... tudo o que a gente relaciona com o cotidiano, com o que a gente
está acostumado a ver, acaba ficando mais fácil. O pessoal que falou
que gosta (de evolução), acho que iria gostar mais ainda.”
Aluno 2
com a presença de uma estranha em sala de aula. Havia um claro receio sobre como
inibidor. Esse perfil foi aos poucos sendo superado, devido aos relacionamentos
questão, foi avaliada como fator importante e positivo para a melhoria do ensino, capaz
das analogias feitas por Darwin na Árvore da Vida, mesmo com pequena abordagem na
fala do professor;
QUADRO 16
48
NAGEM, Ronaldo; GUIMARÃES Dácio; & BARBOSA. Relatório do Projeto Tele-Salas de Minas Gerais.
CEFET/SEE-MG, 2001.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 142
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
relativos a uma árvore em todos os 12 livros pesquisados, seja nos capítulos referentes
uma árvore para indicar relações evolutivas ou filogenéticas entre os seres vivos, seja
principalmente nas legendas das ilustrações, mas em nenhum momento foi encontrada
aos estudos sobre os seres vivos e 28 naqueles relativos à evolução. Os livros volume
3 não apresentam a unidade seres vivos. Assim, todas as 23 referências à árvore são
ilustrações bem como em exercícios. A referência à árvore nos textos é a forma menos
um vegetal (ramo, galho, raiz, tronco e nó) sem, no entanto, que o termo árvore tenha
cladograma, e fez uma descrição detalhada do mesmo. Ela é a que mais lembra as
novos ramos com o passar do tempo, assim como parentesco evolutivo entre grupos
ilustrações. Todavia, essas imagens foram pouco exploradas, servindo, na maior parte
esquema foi aqui usado para designar estruturas de caráter ilustrativo que não contém
usarem essa denominação. Em nenhum dos livros pesquisados foi encontrada uma
pouco podem contribuir para uma análise esclarecedora da analogia proposta por
análises que não haviam sido exploradas sistematicamente no texto, somente citadas
Outras questões utilizavam aspectos ilustrativos e até mesmo termos que não foram
diversificação dos ramos, mas sem uma estrutura vegetal mais caracterizada. Nenhum
dos exercícios encontrados procurou explorar as analogias entre árvore e evolução tal
aula” abstrata, resultado da interação, isto é, da ação dos elementos apontados na FIG.
11.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 145
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Recursos
Didáticos
Sala
Professores Aula Alunos
Questionários Questionários
Sala
Grupo Focal Professores Aula Alunos Grupo Focal
Observação Direta
FIGURA 12- Instrumentos de coleta de dados utilizados nos três campos investigativos e na sua
interseção – 2005.
Fonte: ARQUIVO PESSOAL
investigativos.
Recursos
Didáticos
Grupo Focal Grupo Focal
FIGURA 13 – Abrangência dos instrumentos e procedimentos de coleta de dados utilizados nos campos
investigativos – 2005.
Fonte: ARQUIVO PESSOAL
6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
práticas docentes / discentes, avaliar metodologias e dar voz aos anseios acerca do
tema pesquisado. Além disso, nosso olhar de pesquisador pôde ser apurado,
evolutiva.
representação das mesmas. Verificamos que a idéia de utilizar uma árvore para
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 148
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
representar relações entre seres vivos não é originalmente darwinista, mas com ele
para formar seres mais complexos. Vale ressaltar que não identificamos a mesma
dados, fato que nos permitiu traçar um quadro detalhado da questão em estudo.
coleta de dados nas escolas mostrou-se uma excelente estratégia, proporcionando que
alvos revelou a riqueza de cada uma das analogias da Árvore da Vida. Apesar de, no
relacionados ao uso de A&M, não nos parece pertinente que ele estivesse atento a
todas as nuances detalhadas, por nós, nos quadros. Tal consideração se deve ao fato
de que Darwin não tinha, ao descrever a Árvore da Vida, o objetivo declarado de criar
analogias ricas e pertinentes. Supomos que a intenção fosse somente explicar suas
profissional?
alunos. Eles mostram que os discentes não conheciam as analogias estabelecidas por
Evolução por meio de uma árvore surge, na maior parte das vezes, tal como na sala de
aula: com poucos dos seus aspectos explorados e como mero ornamento visual sobre
o qual não são feitas maiores reflexões. É importante também lembrar que muitas
referências encontradas nos livros, por meio de textos, ilustrações ou exercícios, não
possibilitam uma análise mais detalhada das analogias pertinentes. Assim, elas se
Árvore da Vida. Isso nos faz considerar que, durante essa etapa da pesquisa, a Árvore
somente como mero ornamento, sobre o qual o professor acredita que o discente traga
conhecimento evolutivo para representar relações entre os seres vivos não foram
histórico.
não foi contemplado na formação dos professores. Também concebemos ser bastante
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 152
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
provável que a História da Biologia não tenha integrado a educação formal dos
educadores;
discentes. As analogias entre árvore e evolução são expostas pelos docentes com
tratadas de maneira clara, explícita e tão pouco metodológica nas aulas observadas.
teorias científicas;
árvore e evolução;
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 153
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
de dados.
superior.
Vida;
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 154
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
analogias e metáforas.
de analogias e metáforas;
Dessa forma, esperamos ter contribuído, com esse trabalho, para a melhoria
teorias científicas.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 155
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 3ª ed. São Paulo: Ed. Martins Fontes,
1999.
BOYD, Richard. Metaphor and Theory Change: What is a “Metaphor” a metaphor for?.
In; ORTONY (Ed.), Metaphor and Thought. Cambridge University Press, 1988.
DUIT, Reinders. On the role of analogies and metaphors in learning science . Science
Education, 75,6, 649-672,1991.
GLYNN, S.M. Analogical reasoning and problem solving in science textbooks. In:
Glover, J.A. et al (Eds), A Handbook of Creativity: Assesment, Theory and Research.
New York, Plenum, 1989, pp. 383-398.
VARELA, Dráuzio. A Árvore da Vida. Folha de São Paulo, São Paulo, 17, nov, 2001.
Folha ilustrada, sp.
ADOLFO, Augusto; CROZETTA, Marcos; LAGO, Samuel. Biologia. São Paulo; IBEP,
2004. V único, 352 p. (Coleção Vitória Régia)
CARVALHO, Wanderley. Biologia em Foco. São Paulo; FTD, 2002. V único, 576 p.
CHEIDA, Luiz E. Biologia Integrada. São Paulo; FTD, 2003. V único, 565p. (Coleção
Delta)
MACHADO, Sídio. Biologia: de olho no mundo do trabalho. São Paulo; Scipione, 2003.
V único, 536 p.
PAULINO, Wilson R. Biologia. 9ª ed 1ª imp. São Paulo; Ática, 2004. 464 p. (Série Novo
Ensino Médio)
PAULINO, Wilson R. Biologia. 1ª ed 4ª imp. São Paulo; Ática, 2003. 320 p. (Série Novo
Ensino Médio Edição Compacta)
Questão 1:
Orientações
- Leia primeiro todas as alternativas e depois enumere suas escolhas.
- Escolha 5 opções que melhor respondam a afirmação abaixo enumerando-as de 1 a
5 na ordem em que foram escolhidas. As alternativas estão em ordem alfabética.
Esta atividade tem como objetivo principal a obtenção de dados para a elaboração de
pesquisa, na área de Educação em Ciências, da Dissertação de Mestrado da aluna Maria de
Fátima Marcelos.
Sua participação é muito importante. Dessa forma, procure responder atentamente as
questões. Afirmo que as identidades de todos os respondentes estão inteiramente
resguardadas. Críticas e sugestões são bem-vindas.
Questão 1:
Orientações
- Leia primeiro todas as alternativas e depois enumere suas escolhas.
- Escolha 5 opções que melhor respondam a afirmação abaixo enumerando-as de 1 a
5 na ordem em que foram escolhidas. As alternativas estão em ordem alfabética.
Esta atividade tem como objetivo principal a obtenção de dados para a elaboração de
pesquisa, na área de Educação em Ciências, da Dissertação de Mestrado da aluna Maria de
Fátima Marcelos.
Gostaria de afirmar que as identidades dos respondentes serão inteiramente
resguardadas. Desde já, agradeço a todos que colaborarem e suas críticas e sugestões serão
bem-vindas.
Maria de Fátima Marcelos
fatimamarcelos@yahoo.com.br
Parte II:
Parte III:
Em sua obra A Origem das Espécies, Charles Darwin descreve o que chamou de Árvore
da Vida, fazendo comparações entre o vegetal e o processo evolutivo que resultou na
diversidade de espécies. Para isso, ele explica a estrutura do vegetal a fim de tornar mais clara
a sua teoria, indicando então semelhanças entre a planta e as idéias evolutivas. Seguem abaixo
os aspectos vegetais que Darwin levou em consideração:
Uma árvore possui ramos e os gomos. Alguns existiram em anos precedentes. A cada
período de crescimento, todas as ramificações tendem a estender os ramos por toda parte, a
superar e destruir as ramificações e os ramos ao redor. As bifurcações do tronco, divididas em
grossos ramos, e estes em ramos menos grossos e mais numerosos, tinham outrora, quando a
árvore era nova, apenas pequenas ramificações com rebentos. Sobre as numerosas
ramificações que cresciam quando a árvore era apenas um arbusto, duas ou três apenas,
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 164
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Assim, relacionando uma árvore com a evolução, o que você diria que significam:
4- As bifurcações do tronco?
8- Os gomos produzem novos gomos, e estes, se forem vigorosos, formam ramos que eliminam
de todos os lados os ramos mais fracos?
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 165
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Parte IV:
Nesse caso, podemos apontar as seguintes semelhanças: Maria e a flor são delicadas,
belas, perfumadas, frágeis etc.
Algumas diferenças que podem ser percebidas são: Maria é animal e flor é vegetal, Maria
pensa e flor não etc.
Agora, procure completar o quadro abaixo, indicando as semelhanças que você conseguiu
identificar entre evolução e uma árvore e que serviram de referência para que respondesse as
questões de 1 a 8 da parte III desse questionário. Aponte também algumas diferenças entre os
aspectos comparados.
Esta atividade tem como objetivo principal a obtenção de dados para a elaboração
de pesquisa, na área de Educação em Ciências, da Dissertação de Mestrado da aluna Maria
de Fátima Marcelos.
As identidades dos respondentes serão inteiramente resguardadas. Desde já,
agradeço a todos que colaborarem e suas críticas e sugestões serão bem-vindas.
fatimamarcelos@yahoo.com.br
Orientações:
Leia atentamente os textos, questões e todas as alternativas antes de
respondê-las. As respostas estão dispostas em ordem alfabética.
Questão nº 7- Rede em que leciona: (você pode marcar mais de uma opção)
( ) Estadual ( ) Federal ( ) Municipal ( ) Privada
PARTE II:
Questão 1:
A- Você já leu o livro A Origem das Espécies de Charles Darwin?
( ) Li somente algumas partes ( ) Li todo ( ) Não li
B- Justifique o porquê:
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
PARTE III:
Em sua obra A Origem das Espécies, Charles Darwin descreve o que chamou de
“árvore da vida”, fazendo comparações entre uma árvore e o processo evolutivo que resultou
na diversidade de espécies.
Bloco I: Responda
a- ( ) Não b- ( ) Sim
Questão nº 2- Você utiliza comparações entre uma árvore e evolução para ensinar evolução
dos seres vivos?
Questão nº 3- Você considera que o uso de Comparações entre uma árvore e evolução facilita
o aprendizado do conteúdo?
Bloco II: Para responder as perguntas desse bloco, considere a afirmativa abaixo.
Questão nº 3- o crescimento dos ramos da árvore com o processo de luta pela sobrevivência?
Questão nº 6- os ramos que murcharam e caíram com as ordens, famílias e gêneros que não
têm exemplares vivos e só conhecemos no estado fóssil?
Questão nº 7- um ramo delicado, abandonado, que surgiu de uma bifurcação inferior e, por
felizes circunstâncias se mantém vivo atingindo o cume da árvore com espécies como o
Ornitorrinco que devem ter escapado do extermínio provável mente à uma situação isolada?
PARTE IV:
Questão nº 1- Você considera que a utilização de comparações entre uma árvore e o processo
evolutivo no ensino do conteúdo Evolução é:
Obrigada
Maria de Fátima Marcelos
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 169
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Atividade de Pesquisa
Esta atividade tem como objetivo principal a obtenção de dados para a elaboração
de pesquisa, na área de Educação em Ciências, da Dissertação de Mestrado da aluna Maria
de Fátima Marcelos.
Afirmo que a identidade dos respondentes será inteiramente resguardada. Desde já,
agradeço a todos que colaborarem. Suas críticas e sugestões serão bem-vindas.
Parte II:
Em sua obra A Origem das Espécies, Charles Darwin descreve o que chamou de
Árvore da Vida, fazendo comparações entre uma árvore e o processo evolutivo que resultou na
diversidade de espécies.
a- ( ) Não b- ( ) Sim
Questão nº 2- Você já havia pensado que podemos fazer comparações entre uma árvore e a
evolução dos seres vivos?
a- ( ) Não b- ( ) Sim
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 170
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Questão nº 3- Você considera que estabelecer comparações entre uma árvore e a evolução
pode facilitar o aprendizado sobre evolução dos seres vivos?
Parte III:
Na aula sobre “Evolução Humana”, seu professor esboçou no quadro o desenho
representado na FIG. 1 abaixo, semelhante à uma árvore, no qual estão relacionados os
diversos grupos de primatas e suas relações evolutivas:
Questão nº 6- Os ramos que murcharam e caíram às ordens, famílias e gêneros que não têm
exemplares vivos e só conhecemos no estado fóssil?
Questão nº 7- Um ramo delicado, abandonado, que surgiu de uma bifurcação inferior e, por
felizes circunstâncias se mantém vivo atingindo o cume da árvore às espécies como o
Ornitorrinco que, deve provavelmente à uma situação isolada ter escapado do extermínio?
Parte IV:
I- Houve uma ramificação dando origem a todos os primatas que recebem o nome
de pongídeos;
II- os macacos do novo mundo e do velho mundo foram uma ramificação, uma
separação, dos ancestrais do homem já a quase 25 mil anos atrás.
Questão nº1- Responda: Para você, o que significa a palavra ramificação nas frases:
I- __________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
II- _________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
Obrigada
Data: 14/12/05
Perguntas básicas:
1- O que achou do questionário: fácil, difícil? Por que? Como se sentiu ao respondê-lo?
cuidado de falar com eles que não foi coisa de um ano para o outro, são gerações. Então é no
ensino desse leque todo que existe hoje e que a gente teria maior possibilidade.
Professor 4: - Complementando, o conteúdo do 3º ano do ensino médio, fica bem
restrito. Então, a gente depara com situações, às vezes eu deparo até hoje, com essa questão
da influência religiosa. Mas eu penso que, sobre essas perguntas, isto é... da pessoa não
acreditar, eu coloco bem claro o que a ciência defende, o que o meio religioso defende e que é
importante saber os dois lados. Hoje já existe uma preocupação de consenso entre o meio
científico e o meio religioso. Por essas questões, acredito eu, fica mais fácil no 3º ano o
entendimento da árvore da vida que, muitas vezes a gente procura não adentrar muito devido
às dificuldades dos alunos e questões religiosas.
Pesquisadora: - Vocês tiveram receio de responder os questionários, receio de ser
avaliados?
Os professores balançam a cabeça negativamente, mantendo-se em silêncio.
Pesquisadora: - Bom, aquelas comparações que foram colocadas no questionário
2, aquelas questões para marcar se vocês usavam sempre, muitas vezes, poucas vezes ou
nunca usavam... Os galhos são semelhantes às espécies existentes, o galho que caiu é uma
espécie extinta, vocês já haviam PENSADO dessa forma? Com todos aqueles detalhes?
Professora 3: - a nossa lógica de pensamento de biólogo, quando lemos aquilo ali,
em termos de biologia, com os conceitos que a gente já tem, aquilo ali é muito claro, mas... para
você passar para o aluno, eu respondo que às vezes só, eu não chego a esses detalhes com os
meninos. Também eu falei, né: tem alguns anos que eu dei evolução. Eu entrei na coordenação
(de área) em 2000 e estou na patologia desde 1998. Então tem alguns anos que eu não estou
no terceiro ano. Na época que eu dei evolução para os meninos, esses detalhes eram claros
para a gente, mas em sala de aula eu usava pouco.
Pesquisadora: - O material que a gente tem, os livros, as ilustrações dos livros,
elas contemplam aquelas comparações todas?
Professores: - Não!
Professora 3: - Os livros que a gente tem, eles não entram nesses detalhes aí...
Professor 4: - Eu penso que, além dos livros, há a questão da maturidade do aluno
para captar isso aí. É difícil hoje, a cada dia, cada ano se torna mais difícil, o pessoal está muito
alheio, muito aéreo, e isso acaba dificultando o trabalho da gente. Nós, no caso da nossa
formação, a gente tem um entendimento melhor, mas para passar isso daí, além do material,
tem a questão da dificuldade dos meninos.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 176
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Professora 3: - Tem outra coisa: aqui usamos volume único, que é outro fator
dificultador, nesse ponto. Ele é muito mais enxuto, tem o conteúdo do primeiro ano, segundo e
terceiro. Então uma escola que use 3 volumes, aí eu acho que seria possível, mas com o
volume único e tendo que ver genética, evolução e ecologia com 3 aulas semanais...
Pesquisadora: - E se a gente usasse outra metodologia, outra forma de abordar a
árvore em sala de aula, mais focada para o ensino com comparações...
Professor 4: - Você está querendo dizer recursos, né? Eu acho que a metodologia
nem é o problema, o problema são os recursos que dispomos e não são suficientes para que
aprofundemos mais nos conteúdos.
Uma professora começa a discutir a falta de recursos materiais da escola. O
professor 5 retorna a discussão sobre o ensino com a Árvore da Vida:
Professor 5: - Agora, com relação à pergunta dela de estar usando a analogia,
você tem aí um gráfico mostrando essa árvore, né. Eu cheguei a trazer transparências
abordando as ramificações. Na verdade, comparar mesmo o processo de desenvolvimento de
uma árvore com o processo de desenvolvimento da evolução, até então eu não tinha feito. O
que eu usava mesmo era para mostrar o tempo. A ancestralidade comum mesmo, por exemplo,
quando eu peguei a parte dos primatas, né, peguei um ancestral dos primatas e comparei
relacionando ao tempo. Aqui tem sessenta milhões, aqui tem vinte... O homem, o gorila e o
chimpanzé começaram a sofrer esse processo evolutivo, dando origem às espécies diferentes
em tantos milhões de anos. Usei mais para relacionar o tempo em que ocorreu essas
ramificações que deram origem às espécies, mas como árvore, com comparações analógicas...
Professora 2: - Os meninos acham que o homem veio mesmo do macaco. Eu sou
evangélica e não tenho esse entendimento, mas os meninos têm: “Ah, eu não vim do macaco,
eu não acredito em evolução!!!”. Como o professor falou, hoje existe um consenso entre ciência
e religião. As pessoas que são religiosas e estudiosas, têm uma mentalidade mais aberta.
Pesquisadora: - O professor estava falando sobre como ele utiliza a árvore e logo
surgiu a evolução humana. Os momentos nos quais vocês utilizam a árvore, seja em desenhos,
na explicação ou em exercícios, estão sempre relacionados à evolução humana?
Professor 4: - No meu caso não. No meu caso, de maneira geral. Até pegando lá
os casos de homologia, analogia para explicar isso aí, mas de forma geral, sem tender para a
questão da evolução humana. Por exemplo, no caso dos mamíferos: por que somos parentes
dos ratos, por exemplo? Pertencemos à mesma classe... Eu pego isso aí e vou para as aves:
Por que? Então eu pego geral, não só a questão do humano.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 177
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
partiu uma ramificação, acho que eu teria um desgaste menor. Só que às vezes a gente não
usa esse tipo de coisa.
Professor 4: - Eu, inclusive, estava explicando a questão evolutiva e enfatizei mais
depois de ler os seus questionários. Igual ele disse: talvez se a gente tivesse acesso ao
questionário antes, teríamos enfatizado mais.
Professor 5: - Eu arrependi de não ter usado a árvore durante...
Pesquisadora: - Bom, tem mais alguma coisa que vocês queiram colocar sobre os
questionários, sobre a pesquisa, sobre a árvore, evolução...
Professora 3: - Eu achei o seu trabalho muito interessante porque, mais ou menos
como o professor comentou, e a professora concordou, infelizmente a gente tem uma escassez
de recursos na escola, principalmente na escola pública e eu acho que o ensino está meio
parado com relação a essas novidades metodológicas. Apesar da gente conhecer essa relação
da árvore da vida com o estudo da evolução, o aluno faz uma pergunta pra gente, na hora você
pode não saber tudo o que tem de responder, mas você sabe uma coisa que você conhece
para dar um recurso para ele. Você não diz: “eu não sei, não”. Faz uma relação com alguma
coisa que ele já sabe. A biologia permite isso, a matemática já não permite: ou sabe ou não
sabe. Então, eu achei que a gente estava precisando disso. Nessa instituição, nós tínhamos os
encontros de áreas, uma vez por semana, excelentes! Nós trocávamos experiências, métodos.
Os livros, infelizmente deram uma paradinha aí em termos de metodologias novas. Os meninos
agora estão na era da Internet, do computador. Competir com Internet, competir com
computador... Meus alunos da escola particular, quando peço um trabalho, trazem em disquete,
CD... Nós da biologia, da nossa área, estamos precisando disso: de idéias novas. Evolução é
um tema difícil de fazer com que os alunos entendam, tem alguns outros temas como
embriologia...
Professor 4: - Sem peças...
Professora 3: - Biologia é um conteúdo fascinante, mas é tão mais fascinante de
acordo com os recursos que você pode usar.
Os professores fazem algumas colocações sobre a falta de recursos dos alunos da
escola pública e, além disso, a falta de empenho e interesse dos mesmos. Segundo eles,
muitas vezes o professor dá maior ênfase à um conteúdo por dispor de maiores meios para
ensiná-lo.
Professor 4: - Já reparei que nem todo livro de biologia tem a Árvore da Vida. Essa
questão da adoção de determinado livro acaba interferindo no trabalho da gente. Eu procuro
utilizar vários livros para favorecer o aprendizado dos alunos.
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Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Data: 25/11/05
Local: sala de professores da unidade CENTEC
Número de alunos participantes: 14.
Perguntas básicas:
1-De onde conhecem a expressão Árvore da Vida?
2- O que acharam do questionário: fácil, difícil? Por que?
3- Por que ocorreram tantas respostas “sim” nas questões de 1 a 7 da
segunda parte, já que o professor não explicou a árvore com tantos detalhes?
4- Segundo os próprios alunos da turma, fazer comparações entre uma árvore
e evolução facilita o aprendizado de evolução. Por que? Em que facilita? Como?
5- Como você explicaria o que é evolução para alguém que não conhece o
assunto?
Aluna 3: - Mas depois você explicou... Mas, mesmo assim, o pessoal ficou meio
tímido de ficar falando... falava até com medo..., só nos primeiros meses.
Pesquisadora: - Pois é, e depois?
Alunos: - Depois a gente se acostumou.
Pesquisadora: - Acostumaram comigo ou...
Aluna 3: - Não, com a situação.
Aluna 1:- Acho que é porque a gente ficou meio sem lugar... “olha, a gente não
sabe o trabalho que ela está fazendo, como que ela é...” Dependendo do que a gente falasse
poderia ser alguma coisa que nos prejudicasse. Ficamos meio acanhados na hora, mas eu
acho que depois a gente começou a conversar, te conhecer e o professor também foi ajudando,
vocês dois foram conversando, conversando com a gente, aí acho que foi normal.
Pesquisadora: - E hoje, o que vocês acham, depois desse tempo todo... (Os alunos
riem). Vocês têm receio de serem prejudicados?
Aluno 2: - Receio de ser prejudicado, eu nunca tive. Eu tinha medo de falar errado
e sair minha voz gravada. (Os alunos riem)
Aluna 3: - Exatamente!
Aluno 2: - Depois acabei acostumando, e acabou sendo normal. Eu só queria saber
porque estava sendo gravado, que pesquisa era essa.
Pesquisadora: - E o João49, está quietinho hoje, mas sempre dá opiniões dentro de
sala! O que você achou, João*?
João*: - Igual está sendo falado aí, no início a gente fica meio acanhado...
Pesquisadora: - Ah, você não ficou não!
(Risos)
João*: - Eu sou mais solto e achei que foi uma experiência legal. Nunca tive alguém
que gravasse minha voz para um trabalho, foi interessante.
Pesquisadora: - E o que vocês menos gostaram, o que mais gostaram também?
Os alunos riem.
Vários alunos: - O que mais gostamos? (olham para a mesa de lanche e riem).
Aluna 3: - Acho que nós passamos momentos legais. Tava faltando pra gente aulas
assim. Aqui na escola não fazem esse tipo de coisa ...
Aluna 4: - Gostei muito do museu, muito interessante.
Pesquisadora: - Vocês gostam de evolução?
49
Nome Fictício
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Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Aluna 4: - Eu gosto bastante. Acho que é a matéria mais legal. Não gosto muito de
genética, tenho mais dificuldade. . Mexer com esses “negócios” assim, gigantescos, pré-
históricos, é muito bom.
Aluno 2: - Não precisa ficar decorando nomes...
Aluna 1: - Genética mistura matemática, probabilidade, já evolução é biologia
mesmo.
Pesquisadora: - E dentro de evolução, o que vocês acharam mais legal de estudar,
o que foi mais interessante?
Aluno 2: - Acho que foi diferenciar Lamarck e Darwin. Lembro da discussão do
peixe, se ele era cego porque vivia no escuro ou se vivia no escuro porque era cego. Todo
mundo conseguiu compreender o que estava sendo explicado de uma forma tranqüila. Aprendi
e acho que todo mundo aprendeu, sem precisar decorar.
Pesquisadora: - Vocês se lembram daquele questionário que eu apliquei para
vocês, não lembram? (Os alunos balançam a cabeça afirmativamente) Questão 2- O que
vocês acharam dele? Estava fácil, difícil? O que acharam?
Aluna 1: - Você falou que era pra gente fazer com base no que tínhamos aprendido
dentro de sala e a gente tava meio que olhando assim, que tinha uma árvore ali e ficamos entre
responder de acordo com o que aprendemos nas aulas e olhar pelo que estava ali e tentar
responder, entendeu? Estávamos meio divididos.
Os alunos começam a perceber a relação entre a analogia que foi usada (árvore) e
o conhecimento que ela representava. Eles comentam sobre a dificuldade inicial em associar o
conteúdo da aula com a representação. Porém, afirmam que, ao perceber a relação, o conteúdo
foi identificado com facilidade.
Aluno 2: - Acho que tinham perguntas que pra mim você iria cobrar, mas não com
tantos detalhes, falando da semelhança com a árvore, do negócio que caiu e tal... Pelo menos
não me lembro do professor ter falado daquela forma, como uma árvore mesmo. Na hora em
que eu vi pensei: ”Mas esse negócio de árvore faz até sentido.” - Aí entrou essa parte: eu não
sabia o que marcava - o que eu achava naquele momento em que percebi que fazia sentido ou
o que achava antes. Então marquei o que achava antes.
Pesquisadora: - E no questionário falava o que? Que era para marcar o que você
viu na aula do professor. E o que vocês acharam daqueles detalhes todos? Você falou que o
professor não explicou a árvore daquele jeito... Na hora em que você viu aquele monte de
detalhes na árvore, o que você pensou? O que pensaram?
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Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Aluno 2: - Eu percebi que aquilo tinha a ver, mas eu nunca tinha pensado naquelas
semelhanças da árvore. Eu achei legal que na própria pergunta deu para aprender alguma
coisa também.
Pesquisadora: - Vocês lembram como foi que o professor explicou aquele
desenho, vocês lembram?
(Risos)
Pesquisadora: - Não?
(Silêncio). Em geral, os alunos estão envolvidos com as questões. Apenas 3 ou 4
têm pronunciado suas observações.
Pesquisadora: - E eu coloquei no questionário que aquela árvore se chama Árvore
da Vida, lembram? Tinha perguntado assim no primeiro questionário: Quando você ouve
Árvore da Vida, você pensa em que? Depois eu dei o segundo questionário com aquele
desenho. Aí, muita gente falou que já conhecia essa expressão. Questão 1- Vocês sabem me
dizer de onde vocês conheciam isso?
Aluna 3: - Eu já vi muito nessa coisa assim, de igreja...
Aluna 4: (Interrompendo a colega) -Eu acho que parte também de família, meio
que assim: seu ancestral, seus avós, bisavós, vai fazendo tipo uma “escadinha” assim (faz
gestos imitando degraus). A árvore foi nesse sentido que eu falei.
Pesquisadora: - Você pensou ou já tinha ouvido falar esse nome?
Aluna 4: - Não, eu tinha ouvido falar já, árvore da vida nesse sentido, porque eu
acho que tem vários itens pra você colocar, né? O sentido que eu tinha escutado era esse de
família.
Pesquisadora: - Você falou em igreja, que tinha ouvido na igreja...
Aluna 3: - Também, mas eu acho que eles usam essa expressão com muitos
sentidos. Tinham outros que eu já tinha ouvido falar, como família...
Pesquisadora: - E essa igreja era católica, evangélica...
Aluna 3: - Evangélica...
Aluna 4: - A igreja católica também fala.
Aluna 3: - É, também fala.
Aluna 4: - É aquela história do jardim do Éden, acho que é aquela parte.
Vários alunos concordam.
Pesquisadora: - Na hora, vocês não lembraram daquele desenho do professor,
não?
Alunas 3 e 4: - Na hora... Não.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 184
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
ancestral comum e dá origem a outro etc”, não é isso? Mas vamos supor que eu queira
comparar com alguma coisa. Existe algo, fácil de encontrar, que eu poderia comparar com
evolução para que as pessoas pudessem ter uma idéia melhor?
Silêncio
Pesquisadora: - Nós falamos aqui da árvore, mas além dela, teria mais alguma
coisa?
Silêncio. Os alunos não conseguem fazer nenhuma relação. Finalmente, um aluno
coloca o exemplo da vacina para falar sobre “evolução da bactéria”:
Aluno 6: - Teve uma questão das vacinas. As bactérias resistentes conseguem
sobreviver à vacina e transmitem isso para as próximas gerações. Houve uma evolução, não
sei.
Pesquisadora: - Tem mais alguma coisa que vocês gostariam de falar, sobre tudo o
que foi dito aqui, sobre esse trabalho, esse acompanhamento, sobre a árvore?
Aluno 2: - Acho que deveria mudar um pouco o jeito de explicar. Precisam ser
levados em consideração fatores bem mais profundos, como os geográficos, climáticos, por que
aconteceu essa diferenciação entre os homens antigo e atual, sabe? Facilita, não fica aquela
coisa assim no ar.
Pesquisadora: - Quando eu dei aquela pergunta da árvore, que eu pedi para
justificar, teve alguém que escreveu que lembrava da “árvore genética”. O que vocês acham
que pode ser “árvore genética”? Foram várias pessoas que disseram isso...
Os alunos começam a falar ao mesmo tempo. No meio das falas, uma voz acaba se
destacando:
Aluno 5: - Acho que é sobre os avós, pais...
Pesquisadora: - Relação de família...
Aluno 5: - Ou então aquele negócio de genética
Pesquisadora: - Heredograma? Você acha que foi isso?
Aluno 2: - Acho que pode ser sim. Árvore genealógica ou heredograma. Aquele
negócio de bolinha, quadradinho, afetado, não afetado...
Aluna 3: - Eu acho que ela queria falar “árvore genealógica”.
Pesquisadora: - Caso a pessoa esteja aqui, eu peço que ela me procure após o
término desse encontro para esclarecer essa dúvida, ok?
Ao final do encontro, uma aluna que havia permanecido calada durante todo o grupo
focal procurou a pesquisadora e se identificou como a respondente em questão. Afirmou que
sua intenção era dizer “árvore genealógica” e não “árvore genética”.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 190
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Evolução Humana
Origem do Homem
Homo sapiens
Neandertal Cro-magnum
Homem moderno
O professor inicia a aula dizendo que não há esse capítulo no livro adotado pela
escola. Afirma que havia preparado recursos visuais, mas as condições físicas da escola não
permitem que os mesmos sejam aplicados. Solicita atenção dos alunos e expõe sua opção por
fazer uso de desenhos no quadro negro, quando necessário. Começa então a ministrar o tema:
Prof: - Com relação à evolução humana ou qualquer afirmativa a respeito da
evolução, vocês têm que imaginar o seguinte: é como se fosse um filme de quatro ou cinco
horas de duração e eu passasse pedaços desse filme, curtos, algumas cenas bem rápidas que
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 192
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
eu iria projetando durante cinco minutos, fora da ordem em que elas acontecem. Eu vou falar
para vocês que história é essa, que fatos ocorreram antes e depois, qual a ordem das cenas.
Prof: - Outra questão: Imaginem também um quebra-cabeça de duas mil peças, e
eu lhes dou 200 dessas peças e o espaço que esse quebra-cabeça irá ocupar. Vocês irão
tentar encaixar cada peça em sua posição. Vocês não terão o quebra-cabeça montado e nem
certeza da posição daquelas peças, tá?
Prof: - A gente usa o estudo de fósseis. Entre o homem e os outros primatas que
não apresentam cauda, o processo de evolução ocorreu de 10 milhões de anos para cá. Então
o carbono 14, ele data 50.000.000 de anos para cá. Em termos de datação de fósseis, as
informações são até confiáveis quanto aos fósseis humanos ou de ancestrais próximos.
Prof: - Como ocorreu esse processo? A partir de qual grupo de mamíferos mais
primitivo teriam surgido os primatas e o homem? Os Prossímios, grupo que existe ainda hoje,
representado pelo Társio e pelo Lêmur. O Lêmur seria o primata que está mais próximo em
termos de características... conservou bastante as características do ancestral comum.
Prof: - A coisa mais errada e ultrapassada que vocês podem ouvir é alguém dizer:
“O homem veio do macaco”. Não existe, em termos de história, evolução, estudo da evolução,
que o homem veio do macaco. É um erro muito grande dizer que os evolucionistas, os
paleontólogos afirmaram que o homem veio do macaco. Existe ancestralidade comum entre o
homem e todos os primatas atuais. Alguns mais próximos e outros com uma distância evolutiva
maior. É lógico que os mais distantes seriam os prossímios atuais, no caso o Lêmur e o Társio.
O Lêmur, se alguém já viu Zubu-Mafú , alguém já viu aqui?
... Alguns alunos levantam as mãos...
Prof: - ... Então, aquele primata ali (no filme) seria um prossímio atual. Por que
falamos “prossímio atual”? Existia um prossímio primitivo, que teria dado origem a todos os
primatas atuais. Um grupo deles, que ocorreu uma linha evolutiva sem ramificação a partir
diretamente desse, 70 milhões de anos, houve uma linha praticamente direta entre prossímio
primitivo e próssimios atuais que é o caso do Lêmur, certo?
Enquanto explica, o professor desenha no quadro um esquema de uma árvore, com
um tronco comum e ramificações, representado na FIG. 15 a seguir.
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 193
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Ele procura fazer com que o mesmo seja semelhante à FIG. 16 abaixo.
Prof: - Houve uma outra linha evolutiva, também à partir desse grupo primitivo,
dando origem aos macacos do novo mundo (esboça a FIG. 17 a seguir):
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 194
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Prof: - Voltando aqui, os macacos do novo mundo e do velho mundo foram uma
ramificação, uma separação, dos ancestrais do homem já a quase 25 mil anos atrás. O que
aconteceu aqui ? (volta a desenhar a árvore representada pela FIG. 19 abaixo):
Houve uma ramificação dando origem a todos os primatas que recebem o nome
de pongídeos. Então o gibão seria um deles, o gorila, o orangotango, o chimpanzé e o homem.
Observem o seguinte: entre o homem, aqui estaria o chimpanzé, aqui o gorila e aqui o
orangotango (desenha na árvore a posição de cada um deles, de acordo com a FIG. 20 a
seguir):
ÍNDICE REMISSIVO
Abbagnano, 23, 24, 155 165, 167, 168, 169, 170, 171, 172,
173, 174, 175, 176, 177, 178, 179,
Alvo,12, 25,26, 28, 29, 33, 34, 36, 39,40, 180, 182, 183, 184, 185, 186, 187,
71, 72, 73, 78, 80,83, 84, 85, 86, 87, 188, 189, 192, 195, 196, 197
88, 89, 91, 92, 94, 95, 101, 104, 120,
124, 128, 131, 139, 149, 169 Ausubel, 32, 35, 36, 157
Analogias, 1, 2, 8, 12, 17, 18, 20, 21, 22, Bachelard, 37, 143, 152, 155
23, 24, 26, 27, 28, 30, 31, 32, 33, 34,
36, 37, 38, 40, 41, 68, 69, 71, 72, 77, Barão d’Holbach, 50
79, 80, 81, 82, 88, 89, 92, 104, 108,
112, 113, 114, 115, 116, 117, 118, Bruner, 32, 35, 156
128, 133, 139, 140, 141, 143, 144,
147, 148, 149, 150, 151, 152, 153, Buffon, 10, 50, 51, 52, 59, 60
154, 155, 156, 157
Caule, 10, 44, 45, 46,79, 90, 124, 127
Angiospermas, 44, 45, 46
Ciência, 17, 18, 20, 21, 22, 23, 26, 30,
Aprendizagem, 18, 20, 26, 27, 31, 32, 31, 37, 38, 72, 91, 113, 125, 139, 140,
37, 75, 113, 114, 115, 116, 117, 118, 141, 147, 153, 154, 155, 156, 157,
128, 129, 130, 139, 141, 144, 148, 158, 160, 161, 162, 166, 169, 175,
150, 152, 153 156, 157, 172 176, 195
Árvore, 1, 2, 7, 8,10, 12, 13, 14, 15, 16, Darwin, 1, 2, 4, 7, 8, 9, 10, 12, 14, 20,
18, 19, 20, 21, 22, 28, 29, 30, 39, 41, 21, 24, 40, 41, 42, 43, 48, 49, 52, 53,
42, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 52, 55, 56, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 65, 66, 68,
57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 69, 73, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84,
67, 68, 69, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 93, 94, 97,
78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 98, 99, 100, 101, 102, 103, 104, 105,
88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 97, 98, 99, 106, 107, 108, 113, 118, 121, 122,
101, 102, 103, 104, 105, 106, 107, 123, 124, 125, 127, 128, 133, 135,
108, 109, 110, 111, 112, 113, 114, 139, 140, 142, 143, 144, 148, 149,
115, 116, 117, 118, 119, 121, 122, 150, 151, 152, 156, 158, 160, 161,
123, 124, 125, 126, 127, 128, 129, 163, 167, 182, 184, 186
130, 131, 132, 133, 134 ,135, 138,
139, 140, 141, 142, 143, 144, 145, Dawkins, 66, 67, 98, 156
146, 147, 148, 149, 150, 151, 152,
153, 157, 158, 160, 161, 163, 164, Descendência, 43, 53, 66, 79, 125, 137
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 201
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Deus, 5, 49, 126, 174 55, 57, 58, 59, 60, 63, 65, 66, 68, 70,
71, 72, 73, 74, 75, 76, 78, 79, 80, 88,
Diderot, 50 89, 91, 92, 97, 98, 99, 100, 101, 102,
103, 104, 106, 107, 108, 109, 110,
Diferenças, 12, 21, 29, 31, 33, 34, 46, 111, 112, 113, 114, 116, 117, 118,
51, 52, 54, 55, 60, 65, 69, 71, 78, 79, 119, 121, 122, 123, 124, 125, 127,
82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 131, 128, 129, 130, 133, 136, 137, 138,
149, 165, 186 139, 140, 141, 142, 144, 148, 150,
151, 152, 153, 156, 157, 158, 160,
Dobzanski, 54 161, 164, 165, 167, 168, 169, 170,
172, 173, 174, 175, 176, 177, 178,
Dreistadt, 7, 38, 42, 43, 59, 156 180, 181, 182, 183, 185, 186, 187,
188, 189, 191, 192, 195, 197, 198,
Duit, 8, 24, 25, 68, 77,90, 156 199
Educação, 1, 2, 5, 17, 18, 21, 22, 23, 72, Família, 5, 12, 15, 16, 78, 80, 81, 86, 98,
147, 152, 154, 155, 156, 157, 158, 99, 100, 103, 111, 121, 122, 125, 126,
160, 161, 162, 166, 169, 179 127, 132, 140, 150, 160, 161, 171,
183, 184, 189
Eldredge, 56
Fisher, 54
Ensino, 8, 14, 17, 18, 20, 21, 22, 26, 27,
28, 31, 32, 33, 34, 35, 37, 38, 68, 69, Galhos, 14, 15, 46, 47, 51, 79, 84, 85,
70, 72, 74, 91, 92, 95, 96, 97, 101, 101, 102, 103, 108, 109, 118, 124,
108, 112, 114, 115, 118, 120, 130, 126, 130, 131, 167, 170, 175, 177,
138, 139, 141, 144, 148, 150, 151, 177, 185, 188, 194
152, 153, 154, 155, 156, 157, 159,
163, 168,175, 176, 178, 188 GEMATEC, 5, 6, 17, 22, 72, 73, 94
Espécies, 7, 10, 12, 13, 14, 15, 16, 17, Gomos, 12, 17, 41, 77, 78, 80, 81, 82,
18, 20, 21, 22, 24, 40, 41, 42, 48, 49, 88, 89, 163, 164
50, 51, 52, 53, 55, 56, 57, 58, 60, 65,
67, 68, 69, 77, 79, 80, 81, 82, 83, 84, Grupo Focal, 13, 19, 74, 75, 92, 113,
85, 86, 88, 91, 92, 93, 102, 104, 105, 116, 125, 133, 134, 138, 139, 140,
106, 108, 109, 110, 111, 112, 118, 149, 172, 179, 189, 190
124, 125, 130, 131, 132, 134, 137,
138, 139, 141, 143, 156, 163, 167, Haeckel, 10, 61, 62, 63, 64
168, 169, 170, 171, 174, 175, 176,
177, 179, 184, 185 Haldane, 54
Evolução, 8,10, 11, 12, 13, 14, 15, 18, Houaiss, 23, 24, 46, 51, 80, 81, 125, 157
22, 24, 28, 34, 48, 49, 50, 52, 53, 54,
MARIA DE FÁTIMA MARCELOS 202
Analogias e Metáforas da Árvore da Vida, de Charles Darwin, na Prática Escolar.
Jay Gold, 29, 30 Religião, 49, 98, 99, 100, 103, 121, 122,
125, 126, 127, 160, 161, 174, 176,
Lamarck, 10, 50, 51, 52, 53, 60, 61, 97, 184
98, 99, 103, 121, 123, 125, 182, 186
Seleção Natural, 12, 52, 53, 56, 66, 79,
Likert, 74 93, 186, 195
Linguagem, 20, 23, 26, 30, 32, 37, 42, Semelhanças, 12, 21, 24, 29, 33, 34, 40,
72, 95, 120, 141, 155, 156 49, 51, 57, 65, 69, 71, 78, 79, 82, 83,
84, 85, 86, 87, 88, 89, 140, 149, 163,
Linnaeus, 49, 50, 98, 99, 100, 103, 121, 165, 183
122, 125, 160, 161
Seres Vivos, 14, 15, 20, 21, 22, 43, 44,
Livros Didáticos, 8, 19, 21, 30, 31, 68, 49, 52, 54, 56, 59, 61, 64, 65, 66, 79,
69, 75, 76, 115, 142, 145, 146, 148, 84, 85, 97, 98, 99, 100, 101, 102, 103,
150, 154, 158, 163 104, 109, 110, 111, 112, 121, 122,
123, 124, 125, 130, 137, 142, 148,
Metáforas, 1, 2, 8, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 151, 160, 161, 167, 169, 170
23, 24, 25, 26, 27, 30, 31, 32, 33, 34,
36, 89, 92, 141, 147, 148, 149, 150, Spencer, 48
151, 152, 153, 154, 155, 157
Thiele, 25, 30, 158
Nagem, 2, 4, 5, 6, 24, 25, 26, 28, 31, 38,
71, 119, 141, 157, 160, 161, 166, 169 Treagust, 24, 25, 27, 30, 158
Neolamarckismo, 53 Tronco, 39, 44, 45, 46, 51, 61, 77, 78,
79, 80, 85, 90, 96, 101, 102, 103, 104,
Newton, 25, 30, 66, 157 124, 126, 142, 150, 163, 164, 173,
188, 192
Ortony, 25, 39, 155
Uso e Desuso, 51, 103
Piaget, 32, 157
Veículo, 12, 18, 25, 26, 28, 29, 30, 31,
Procedimentos, 10, 18, 19, 21, 26, 71, 33, 34, 36, 39, 40, 43, 44, 71, 72, 78,
144, 145, 146, 148, 153 79, 80, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89,
91, 92, 93, 101, 104, 124, 131, 133,
Ramos, 10, 12, 14, 15, 16, 17, 41, 44, 139, 142, 143, 147, 148, 149
46, 47, 51, 61, 77, 78, 79, 80, 81, 82,
83, 84, 86, 87, 88, 89, 94, 109, 110, Vygotsky, 32, 33
111, 131, 132, 134, 143, 144, 163,
164, 168, 170, 171 Wallace, 51, 52, 53, 158