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Sílvio de Salvo Venosa

.
apresenta, sob o título de
Introdução ao Estudo
do Direito, uma obra de caráter
teórico e prático, de iniciação na
Ciência
Jurídica, que serve a todos os
que necessitam de
conhecimentos básicos do
Direito.
Desde as primeiras lições de
Direito, o autor enfrenta matéria
de alta
indagação filosófica e jurídica de
modo didático e bem objetivo,
dando
posição de destaque ao
pensamento da Escola do Direito
Natural, estudando
o direito intertemporal e as
fontes do Direito. Quanto a
essas formas de
expressão do Direito, a lei e o
costume mostram-se soberanos,
acentuando o
trajeto natural do Direito de
existir, primeiro, pelo tácito
consenso do povo
(tacitus consensus populi) e,
depois, pelo modo escrito desse
consentimento, que reclama,
sempre, atualização ante a
realidade vigente.
Os sistemas jurídicos
contemporâneos da Common
Law e romano-
germânico também estão
presentes e explicados na obra.
Usos e costumes são realidade
vivente, que se forma na
consciência dos
povos, como um norte de
conduta e de tolerância da
sociedade.
Como corolário, as análises da
Jurisprudência, da Doutrina, da
Analogia, da Equidade e dos
princípios gerais de Direito
integram-se a
mostrar a função fundamental da
Ciência Jurídica, que não pode
prescindir
dessa amostragem anímica,
para estudo metódico e para a
própria
compreensão do Direito.
Nos meandros da técnica
jurídica, estudam-se a aplicação
do Direito na
solução das situações e dos
casos concretos, a interpretação
e a integração
das normas jurídicas, num
complexo de percepção e de
compreensão do
.
Direito.
A leitura da obra é muito
agradável e propicia aprendizado
indispensável ao conhecimento
da Introdução ao Estudo do
Direito. Aliás, é
essa a característica do autor em
todas as suas obras.
Diferencia-se, ainda, a
argumentação da retórica,
apontando-se para a
melhor elucidação dos textos
jurídicos.
Mostra o autor a tendência à
adoção da arbitragem, em nossa
sociedade, que eu já entendia
indispensável em 1972, como diz
Venosa: o
processo de “fuga ao Judiciário”.
O acúmulo de processos no foro,
com a
consequente lentidão de seu
andamento, estimula a adoção
desse modo de
resolver conflitos. A arbitragem,
dizia eu, à época, “é o contrato
do futuro”;
e completo: “o futuro é a
atualidade”.
A negociação e a tentativa
extrajudicial de conciliação são
etapas
indispensáveis, antes da
concretização do julgamento
arbitral.
Ressalta Venosa que “não
podemos mais assistir inertes à
situação de o
Judiciário deste País ser o
repositório cartorial de todas as
querelas da
sociedade, e, assim, ineficiente,
moroso e desacreditado”.
Após promover diferença entre
Moral e Direito, mostrando, entre
outros pontos, que as regras
morais são interiores ao ser
humano, sem
exigibilidade de conduta, ao
contrário das jurídicas, trata
Venosa de acentuar
o papel dos Códigos, no sistema
codificado, que deixou “de
considerar o
Direito uma simples norma de
conduta social para ser visto
como uma
realidade supranacional”,
destacando a “surpreendente”
promulgação do
Código Civil brasileiro “no início
do século XXI”.
Estuda Venosa, em seguida, o
sentido dos institutos Justiça,
Direito e
Moralidade, lamentando a crise
moral brasileira, com maus
exemplos aos
futuros lidadores do Direito.

Embora essa crise de


moralidade seja um fenômeno
mundial, concordo
com o autor que haverá, para o
futuro, uma mensagem de
esperança com a
melhora do perfil moral das
novas gerações operadoras do
Direito.
A Ciência Política e o Direito
encontram, também, na obra,
estudo que
mostra sua proximidade e
necessidade de atuação
conjunta.
A relação jurídica vem tratada, a
final, sempre objetivando a ideia
de
Hermogeniano, segundo a qual,
por causa dos homens, todo o
Direito foi
constituído (Hominum causa
omne ius constitutum est).
Aqui, a mensagem romana de
que a relação jurídica existe
entre os
seres humanos, que manifestam
seus interesses sobre bens, que
compõem a
infraestrutura da relação jurídica.
Daí a inspiração da sistemática
dos Códigos Civis, que
começam
sempre a tratar das pessoas,
depois dos bens, sendo que a
manifestação da
vontade das pessoas sobre os
bens é que faz nascer, modificar-
se e se
extinguir a relação jurídica.
Como em fecho de ouro, Venosa
termina seu livro com
lineamentos de
História do Direito, com o Direito
antes da
escrita, na Antiguidade, até o
Direito Romano, com seus
períodos, analisando os
sistemas do Ius civile e
do Ius gentium e a Codificação
de Justiniano, entre outras. Daí
as noções
sobre o Codex (Código), o
Digesto, as Institutas e as
Novelas, com a
influência romana, que migrou
pela Germânia, ao sistema da
Common Law,
influenciando-o indiretamente, e
ao sistema da Península Ibérica,
chegando
até o Brasil. Daí o estudo bem
pautado sobre a introdução
histórica ao
Direito brasileiro, do Direito
português das
Ordenações do Reino à nossa
moderna legislação.
Sílvio Venosa acrescenta, em
sequência de seu Curso de
Direito Civil,
a presente obra introdutória ao
Estudo do Direito, com as
primeiras lições
para formação geral daquele que
se lança ao estudo da Ciência
Jurídica.
O estudo desta obra é
imprescindível, desde o
estudante até os
operadores do Direito em geral,
porque enfrenta os assuntos
primeiros da
compreensão da Ciência
Jurídica, de modo sistemático e
didático, com
linguagem agradável que facilita
o entendimento da matéria, por
vezes
complexa.
O autor repassa a melhor
Doutrina, deixando claro seu
entendimento
ante as controvérsias, fazendo
críticas construtivas, que levam o
leitor, em
certos momentos, a acreditar na
melhora da crua realidade de
desacertos e
de violência em que vivemos.
Fica, sempre, a ideia de que o
Direito se apresenta com lógica
intocável, sendo a ciência que
governa o
ser humano na sociedade; os
desacertos e a violência
pertencem a esta nos piores
momentos de sua
existência.
É evidente que, em um mundo
conturbado, como se as
impurezas de
séculos fossem despejadas no
século XXI, clamando por
reformas e
soluções, o terceiro milênio,
certamente, traz a esperança de
uma
convivência melhor, em que o
bem triunfa sobre o mal e em
que o justo se
aproxima, cada vez mais, do
Direito Natural.
As novas técnicas do Direito,
como a arbitragem, a conciliação
ea
negociação, certamente trarão
novas metas de composição
amigável entre os
seres humanos, deixando ao
Judiciário as soluções mais
complexas.

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