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Universidade Estadual do Piauí- UESPI

Prática e Pesquisa
Educacional I
Profa. Dra Herik Zednik
1
herik.rodrigues@srn.uespi.br
UNIDADE I:

CIÊNCIA E
CONHECIMENTO
AULA 1
1.1 Conhecimento do mundo.
1.2 Natureza do conhecimento.
1.3 Ciência e o Método Científico

2
“Nunca ande pelo caminho
traçado, pois ele conduz
somente até onde os outros
foram.”
Graham Bell

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INTRODUÇÃO
Quando falamos de um curso superior, estamos nos
referindo, indiretamente, a uma Academia de Ciências, já que
qualquer Faculdade nada mais é do que o local próprio da
busca incessante do saber científico.
Neste sentido, esta disciplina tem uma importância
fundamental na formação do profissional. Se os alunos
procuram a Academia para buscar saber, precisamos entender
que a metodologia científica nada mais é do que o princípio
que “estuda os caminhos do saber", se entendermos que
"método" quer dizer caminho, "logia" quer dizer estudo e
"ciência" que dizer saber. 4

Mas aprender a pesquisar é muito fácil. Vejam só:


QUEM PODE FAZER UMA ROSA?

Gente não pode fazer uma rosa.


Só Deus pode fazer uma rosa.
Mas gente pode estudar uma rosa.
Pode aprender que a rosa é o amor da planta feito flor.
Pode aprender que como as rosas e os insetos levam adiante as sementes da
vida.
Só Deus pode fazer uma rosa.
Mas ele deu a inteligência às pessoas para elas poderem estudar a rosa.
E gente pode fazer ‘’ciência’’ para melhorar uma rosa.
Só Deus pode fazer uma rosa.
Mas a gente pode: Desenhar uma rosa, fotografar ou filmar uma rosa,
fazer uma rosa de papel,ou plástico ou barro,
dançar a alegria de ver uma,cantar a beleza de uma rosa...
Gente pode imitar a beleza que Deus cria.
Gente pode criar uma beleza nova que não estava no mundo.
Isso é ‘’arte’’.
Deus fez a rosa.
Gente faz ‘’arte’’ e ‘’ciência’’, usa o pensamento e o sentimento.
Isso é cultura: Fazer no mundo o que Deus não fez. 5
É o que ele espera que a gente faça, com a mente e o coração.
Luiza De Teodoro (Autora de ‘’Um certo
Planeta Azul’’, de onde este texto foi adaptado.)
O QUE É CIÊNCIA?
É a atividade que propõe a aquisição
sistemática de conhecimentos sobre a
natureza biológica, social e tecnológica
com a finalidade de melhoria da qualidade
de vida, intelectual e material

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“A ciência pode classificar e nomear
os órgãos de um sabiá, mas não pode medir seus encantos”
OBJETIVOS DA CIÊNCIA

•Melhoria da qualidade de vida


material
•Melhoria da qualidade de vida
intelectual

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FUNÇÃO DA CIÊNCIA

•Novas descobertas
•Novos produtos
•Melhoria da qualidade de vida

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“Se houvesse uma
única verdade, não
seria possível pintar
cem telas com o
mesmo tema”.
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O CONHECIMENTO
- O homem, desde os primórdios da civilização, tem se esforçado
para entender o mundo que o cerca:
a) Tentando dominar a realidade
b) Agindo sobre a natureza para torná-la mais adequada às suas
necessidades.

À medida que a domina e transforma, também amplia ou


desenvolve às suas necessidades.
O permanente acúmulo de conhecimentos sobre a natureza e o
comportamento social e de ações racionais capazes de transformá-
la compõe o universo de ideias que hoje denominamos de
CIÊNCIA. 11
“(...)construir conhecimentos
implica uma ação partilhada,
já que através dos outros que
as relações entre sujeito e
objeto de conhecimento são
estabelecidas”.
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Rego (1998)
O QUE É CONHECER ?
- É estabelecer uma relação entre a pessoa que conhece e
o objeto que passa a ser conhecido.
- No processo de conhecimento a pessoa que conhece
transforma em conceito esse objeto, reconstitue-o em
sua mente.
- Conceito não é objeto real, mas apenas uma forma de
conhecer a realidade. O objeto real continua a existir
como tal, independentemente do fato de o conhecermos
ou não.
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MANEIRAS DE CONHECER O
OBJETO
1º) Mediante nossos sentidos, através de nossa
sensibilidade física. (objetos físicos: som; gosto;
conhecimento sensível.

2º) Mediante nosso pensamento, através de nosso


cérebro. (conhecimento puramente intelectual).
Mesmo sem qualquer informação da visão,
audição, olfato, paladar ou tato, podemos
conhecer uma ideia, um princípio, uma lei.
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CONSEQUÊNCIAS DO FATO
DE CONHECER
a) O homem apropria-se da realidade e ao mesmo tempo
pode penetrar nela.
b) A posse do conhecimento nos torna mais aptos à ação
consciente.
A ignorância tolhe as possibilidades de avanço para
melhor, mantém-nos prisioneiros das circunstâncias.

c) O conhecimento liberta: permite que atuemos para


modificar as circunstâncias em nosso benefício.
d) A realidade é constituída de diversos níveis e estruturas.
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O CONHECIMENTO E SEUS NÍVEIS

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Empírico Científico Filosófico Teológico

Esse tipo de É o conhecimento


Engloba Acredita que a fé
conhecimento que surge das
informações e religiosa possui a
surge a partir da reflexões que o
fatos que foram verdade absoluta e
O que é interação do ser homem faz sobre
comprovados, com apresenta todas as
humano com o as questões
base em análises e explicações para
ambiente que o imateriais e
testes científicos. os mistérios.
rodeia. subjetivas.

Valorativo, Valorativo, pois Valorativo,


Factual, lida com
apoiando-se nas lida com hipóteses apoiando-se nas
Valor fatos e
experiências que não podem doutrinas
ocorrências.
pessoais. ser observadas. sagradas.

Verificação É verificável. É verificável. Não é verificável. Não é verificável.


Falível e
Exatidão Falível e inexato. aproximadamente Infalível e exato. Infalível e exato.
exato.
Assistemático, pois
é organizado com
bases nas Sistemático, pois é É sistemático, pois
Conhecimento
experiências de um saber busca uma
Sistema
um sujeito, e não ordenado coerência com a
sistemático do 17
mundo.
em um estudo logicamente. realidade.
para observar o
fenômeno.
O QUE É CONHECIMENTO
CIENTÍFICO?
• É um produto resultante da investigação
científica.
• Surge da necessidade de encontrar soluções para
problemas de ordem prática da vida diária (senso
comum) e, do desejo de fornecer explicações
sistemáticas que possam ser testadas e criticadas
através de provas empíricas e da discussão
intersubjetiva”.
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CONHECIMENTO CIENTÍFICO

• Real Falível
• Contingente* Verificável
• Sistemático Aproximadamente exato

• * Diz-se de uma proposição cuja verdade ou


falsidade só pode ser concluída pela experiência e
não pela razão.
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“A verdadeira viagem de
descobrimento não
consiste em procurar
novas paisagens, e, sim,
em ter novos olhos”.
Marcel Proust
20
Método e Técnica

21
O MÉTODO CIENTÍFICO
•Método: Conjunto de etapas, ordenadamente dispostas a serem vencidas:
- para alcançar determinado fim
- na investigação da verdade
- no estudo de uma ciência
Técnica: Modo de fazer, de forma mais hábil, mais segura, mais perfeita, alguma
atividade, arte ou ofício.

Exemplos:
Alguns objetivos a serem alcançados:
1º) “Estar calçado com meia e sapato”.
2º) “Colocar um automóvel em movimento, impulsionando corretamente por
seu próprio motor.”
3º) “Hastear uma bandeira no topo de uma montanha existente numa ilha 22

por um habitante do continente.”


O MÉTODO CIENTÍFICO E SUAS TÉCNICAS

•Apresenta-se como uma unidade sistemática


•Sua aplicação depende, em grande parte, do objeto da Ciência
•Ele não é aplicável por igual a todas as Ciências
•Nas Ciências Formais (Matemática, Lógica Formal) o método aplicado
difere daquele aplicado nas Ciências Factuais (Física, Química e Biologia,
etc
•A consequência disto é a existência de uma enorme gama de técnicas e a
relativa independência dos diversos ramos científicos.
•As diversas técnicas, entretanto, subordinam-se às normas do método
científico
•As normas gerais do método científico não são absolutas. Elas podem ser
ampliadas ou modificadas, sempre que seja necessário, com o propósito
de tornar a Ciência uma atividades ainda mais racional e objetiva. 23
CRITÉRIO DE VERDADEIRO

Suponha a seguinte proposição: “Uma solução química pode ser considerada


como sendo de sulfato de cobre porque:
• Sua cor é azulada (critério subjetivo*)
• Apresenta pH, concentração, condutibilidade, etc., de acordo com uma
solução padrão (critério objetivo, portanto científico)

Os critérios da verdade científica são:


- Objetividade
- Verificabilidade (não se aceitam verdades eternas)

O método científico vale-se, basicamente dos seguintes elementos:


1. Procedimento racional.
2. Procedimento experimental.
3. Técnicas de observação.
4. Técnicas de raciocínio.
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5. Análise e síntese.
PROCEDIMENTO RACIONAL

•Formulação de comunicados, hipóteses, princípios e teorias,


mediante o exame racional lógico ou a experimentação
objetiva.

•Deriva da aplicação da Lógica à Ciência, a partir de Decartes:


• Duas técnicas de raciocínio: indução e dedução;
a) assemelham-se entre si, no sentido de que de uma
verdade reconhecida passa-se a outra verdade;
b) b) diferenciam-se entre si no sentido de que partem de
direções opostas
➢ Do particular para o geral: INDUÇÃO
➢ Do geral para o particular: DEDUÇÃO
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Técnicas complementares para a explicação dos fenômenos:

a) análise corresponde à indução


b) síntese corresponde à dedução

•Não tem aplicação geral.


- aplicável apenas aos fatos que a mente apresenta como verdade.
- por serem abstratos tais fatos não podem ser verificados
experimental e objetivamente.
- usa-se a demonstração racional.

• Os ramos da Ciência que empregam esses procedimentos não


deixam de ser verdadeiramente científicos. (veja o caso da
Matemática).

• Sua utilização conduz a uma visão global que não pode ser
experimentalmente comprovada em laboratório. 26
PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
•Este, e o procedimento racional, constituem métodos abrangidos
pelo método científico.

•Qualquer método é fruto do acúmulo de observações da


realidade.

•Por ser ligado diretamente à realidade, o método experimental é


objetivo.

- aplica-se a fatos concretos


- tem como propósito as hipóteses sugeridas pela observação.
- vale-se também de um processo indutivo bastante claro e
comum.
- mediante a indução, ele parte de um fato ou fenômeno
particular para estabelecer uma lei geral. 27
Exemplo: fenômeno de condensação do ar.
TÉCNICAS DE OBSERVAÇÃO
•Todas as pessoas são dotadas de certa capacidade de
observação da realidade.

•A observação vulgar é caótica, assistemática, e não oferece


resultados significativos para a Ciência.

•Para o trabalho de observação científica essa acuidade


natural de ser humano tem de ser metodizada, a fim de que
não se restrinja à superfície aparente dos fatos.

•Requisitos da boa observação científica:


- Exatidão - abrange a globalidade do fato observado com
todos os elementos significativos.
- Objetividade - atém-se apenas aos elementos
componentes do fato. 28
- Precisão - quando consegue exprimir
numericamente tudo que seja
suscetível de comportar medição no
fato observado. (em geral requer o
auxílio de instrumentos precisos de
medição).

- Método - parte do mais importante do


objeto observado para, em seguida,
ocupar-se do acessório ou
complementar 29
TÉCNICAS DE RACIOCÍNIO

Indução
- O raciocínio vai do particular para o geral.
- Galileu (sec. XVI) teorizou o chamado método experimental, que
conclui uma lei geral a partir da observação de casos particulares (exp.
Que resultaram a 1ª Lei de Newton!

- Método da indução experimental, constituído das etapas:


1. Observação do fenômeno
2. Análise dos elementos constituintes do fenômeno e estabelecimento
das relações quantitativas entre eles
3. Indução de hipóteses a partir da análise das relações dos elementos.
4. Verificação da veracidade das hipóteses através de sua
experimentação.
5. Generalização do resultado obtido na experiência para disso obter
uma lei que parta da confirmação das hipóteses. 30
Exemplos:
A) Pedro é mortal
Antônio é mortal
José é mortal
Logo, todos os homens são mortais
(Verdadeiro)

B) Pedro é gordo
Antônio é gordo
José é gordo
Logo, todos os homens são gordos
(Falso)

➢ A indução não pode basear-se exclusivamente


na observação ou evidência, embora sempre
parta delas: necessita também de um 31
fundamento lógico.
Dedução
• O raciocínio parte do geral para chegar ao particular; do universal
para o singular.

• Consiste em tirar uma verdade particular de uma verdade geral na


qual ela está implícita.

• Seu argumento lógico é que um fato geral encerra em si a


explicação de um outro semelhante, porém menos geral.

Exemplo: (silogismo)
Todo homem é mortal
Pedro é homem
Logo, Pedro é mortal.

• O raciocínio dedutivo também apresenta riscos de chegar a


conclusões falsas: 32
Exemplos A:
Se você está no Brasil, está na América do Sul
Você está no Brasil
Logo, você está na América do Sul - Verdadeiro

Exemplo B:
Se você está no Brasil, está na América do Sul
Você está na América do Sul
Logo, você está no Brasil - Falso

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Análise e Síntese

- Como a dedução e a indução, análise e síntese são processos


inversos que se completam mutualmente.

Análise: parte do mais complexo para o menos complexo.


Síntese: Parte do mais simples para o menos simples.

- Ambos os processo são essenciais no trabalho científico.

A análise proporciona um conhecimento mais profundo do objeto


em estudo.
Pela análise compõe-se o todo em partes, ou em seus elementos
constituintes para serem estudados mais facilmente e em detalhe.

A síntese é um processo lógico de reconstrução ou recomposição do


todo, através de seus elementos. Ela complementa a análise porque
o conhecimento de alguma coisa não se resume ao conhecimento de
suas partes componentes, mas da totalidade da coisa em si.
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“Jamais considere seus estudos
como uma obrigação, mas como
uma oportunidade invejável para
aprender a conhecer a influência
libertadora da beleza do reino do
espírito, para seu próprio espírito,
para seu próprio prazer pessoal e
para proveito da comunidade à qual
seu futuro trabalho pertencer”.
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Albert Einstein
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