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Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2005, p. 33-39/132-138.
Fichamento
Nesse exemplo, (a) pressupõe (b), pois toda a família de (a) toma (b) como
verdade.
Certamente, o falante não é ingênuo ao escolher usar uma expressão
desencadeadora de pressuposição. Portanto, ele opta por tais expressões por dois
motivos: confia na verdade de uma sentença (b), conhece previamente (b); ou quer
direcionar a conversa, fazendo o ouvinte criar certa expectativa em relação a (b).
É importante ressaltar que, uma vez que a pressuposição é um mecanismo de
atuação no discurso, o que é tomado como verdade pode ser anulado, como se verifica a
seguir:
Grice (1975, 1978 apud CANÇADO, 2005, p.134) afirma que “as implicaturas
conversacionais podem ser previstas por um princípio de cooperação entre os falantes.
Esse princípio tem regras que explicita o acordo mútuo existente entre os participantes
de uma conversação.”. Para o autor, os participantes de uma conversação sempre são
cooperativos, uma vez que sua contribuição para a conversa é adequada aos objetivos
desta.
O princípio de cooperação pode ser entendido como um princípio de economia
ou de menor esforço do ato comunicativo. A realização linguística desse princípio se
efetiva por meio das normas ou máximas, como se verifica a seguir (Máximas de Grice,
adaptado de Saeed, 1997, p.193 apud CANÇADO, 2005, p.134):
1. Máxima da Qualidade: tente fazer da sua contribuição uma verdade, ou seja, não
diga o que você acredita que seja falso, ou não diga nada sobre o que você não
tenha evidências adequadas;
Para analisar o exemplo acima, (A) acredita que a informação de (B) é relevante
para a resposta de sua pergunta e, assim, pode inferir que a resposta é negativa. Se o
falante não acreditasse na relevância da fala de (B), não teria como associar as duas
sentenças em um diálogo coerente.
Além de possibilitar a criação da coerência, a máxima da relevância pode operar
quando o propósito é desviar-se de um tópico da conversa, como no exemplo abaixo
(CANÇADO, 2005, p.135):
Quem escuta um diálogo como esse tem duas opções: imagina que o falante (B)
não está conectado ao seu interlocutor; ou imagina que a resposta de (B) é relevante de
alguma maneira para a pergunta de (A) e faz uma implicatura, como eles não fizeram os
exercícios e estão desviando a conversa.
O exemplo abaixo mostra como a máxima da quantidade opera na conversa
(CANÇADO, 2005, p.135):