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Linguagem e estilo em Frei

Luís de Sousa
Nome autores
Linguagem e estilo

«O que escrevi em prosa, pudera escrevê-lo em verso; - e o nosso verso solto está
provado que é dócil e ingénuo bastante para dar todos os efeitos de arte sem quebrar na
natureza.»

Almeida Garrett, Memória ao Conservatório Real


Linguagem e estilo

A linguagem em Frei Luís de Sousa é de grande expressividade, contribuindo para a densidade


trágica e apresentando marcas fundamentais do diálogo, em discurso direto.

Estas marcas verificam-se nas estruturas frásicas e discursivas características da oralidade e


coloquialidade, indiciadoras também do estatuto social das personagens.

Destacam-se:

a opção pela prosa;

o registo de língua cuidado;

a emotividade;

os diálogos incisivos.
Linguagem e estilo

Obra escrita em prosa:

Garrett dá ao diálogo a estrutura típica da linguagem falada: simples, fluente,


coloquial, refletindo uma certa densidade psicológica.

«Com paz e alegria d’alma… um engano, um engano de poucos instantes que


seja… deve ser a felicidade suprema neste mundo. E que importa que o não
deixe durar muito a fortuna? Viveu-se, pode-se morrer. Mas eu!» (Cena I, Ato
I)

«Meu Deus, meu Deus, (ajoelha) levai o velho que já não presta para nada,
levai-o, por quem sois. […] Contentai-vos com este pobre sacrifício da minha
vida, Senhor, e não me tomeis dos braços o inocentinho que eu criei para Vós
[…]» (Cena IV, Ato III)
Linguagem e estilo

Nível de linguagem elevado:

As personagens exprimem-se numa linguagem adequada à época em que a ação decorre e à sua
posição social, bem como às circunstâncias que envolvem a situação.

Constata-se o recurso a vocábulos e construções sintáticas que retratam o tom epocal de finais do
século XVI, condizentes com o estatuto social das personagens.

«Pois sim, tereis razão… tendes razão, será tudo como dizeis. Mas refleti, que haveis
cabedal de inteligência para muito: […] foi do aprazimento geral de nossas famílias,
da própria família de meu primeiro marido, que bem sabeis que me estima […].»
(Cena II, Ato I)

«Mas eu em que mereci ser feito o homem mais infeliz da terra, posto de alvo
à irrisão e ao discursar do vulgo?... Manuel de Sousa Coutinho, o filho de
Lopo de Sousa Coutinho, o filho de nosso pai, Jorge!» (Cena I, Ato III)
Linguagem e estilo

Emotividade
Frases exclamativas e interrogativas:

Sugerem a tensão emocional e dramática.


«Um anjo como aquele... uma viveza, um espírito!... e então que coração!» (Cena II,
Ato I)

«E quem vos mandou, homem?» (Cena XIV, Ato II)

Frases curtas e inacabadas:

Transmitem as hesitações e o estado emocional das personagens.


«– Aquela casa… eu não tenho ânimo…» (Cena VII, Ato I)

«A lançar sangue?... Se ela deitou o do coração!... não tem mais.» (Cena I,


Ato III)
Linguagem e estilo

Emotividade
Interjeições e repetições:

Transmitem ansiedade e angústia.


«Oh, o meu querido pai! Sim, sim, mostrai-lhes quem sois e o que vale um português
dos verdadeiros.» (Cena VII, Ato I)

Recursos expressivos:

Ajudam a traduzir o estado emocional de algumas personagens, ora exteriorizando


a intensidade dos sentimentos, ora as contradições de quem está em sofrimento.

As hipérboles e as antíteses são recorrentes.

«Oh! que amor, que felicidade… que desgraça a minha!» (Cena I, Ato I)
«Naquele corpo tão franzino, tão delgado, que mais sangue há de haver?» (Cena I,
Ato III)
Linguagem e estilo

Emotividade
Diálogos incisivos:

Diálogos que abordam diretamente o cerne da questão, sem rodeios.

Condensam, enfatizando, o pathos (a dor) das personagens, provocando também


maior sofrimento nos interlocutores a quem as falas se destinam.

«Agora acabo: sofrei, que ele também sofreu muito. – Aqui estão as suas palavras:
«Ide a D. Madalena de Vilhena, e dizei-lhe que um homem que muito bem lhe quis…
aqui está vivo… por seu mal!... e daqui não pôde sair nem mandar-lhe novas suas de
há vinte anos que o trouxeram cativo».» (Cena XVI, Ato II)

«Para nós já não há senão estas mortalhas (tomando os hábitos de cima da banca), e
a sepultura de um claustro. – A resolução que tomamos é a única possível; e já não
há que voltar atrás…» (Cena VIII, Ato III)
Linguagem e estilo

Consolida
Linguagem e estilo

1. Identifica o erro.

Garrett dá ao diálogo a estrutura típica da linguagem falada: linguagem simples, fluente, coloquial, refletindo pouca
densidade psicológica.

Resposta: “pouca”
Solução
Linguagem e estilo

2. Identifica a única opção falsa.

A A linguagem da obra retrata adequadamente a época.

B As frases exclamativas e interrogativas sugerem a tensão emocional e dramática.

Os diálogos entre as personagens são incisivos, procurando sempre atenuar o sofrimento das mesmas e o dos
C respetivos interlocutores.

D As interjeições e as repetições transmitem ansiedade e angústia.

Solução

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