Você está na página 1de 4

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

CURSO DE HISTÓRIA
RESUMO I - História do Brasil II.
DOCENTE: Prof. Dr. Luiz Geraldo Silva.
DISCENTE: Eduarda Gonçalves de A. Santos.

TEXTO: BERBEL, Márcia Regina. A nação como artefato. Deputados do Brasil nas cortes
portuguesas (1821-1822). São Paulo: Hucitec/FAPESP, 1999, pp. 31-81.

Marcia Berbel é uma historiadora que atuando principalmente nos seguintes temas:
Constituições, liberalismo, escravidão, independencias. Em “A nação como artefato.
Deputados do Brasil nas cortes portuguesas (1821-1822)” fala sobre nação, nacionalismo e
identidade nacional abordando os contextos das formações das primeiras constituintes em
Portugal e no Brasil. Na primeira parte do texto, intitulada "Convocação das cortes: um apelo
nacional” Berbel aponta a descentralização política e econômica como um grande fator de
dificuldade para a coroa governar o Brasil, as províncias eram auto governadas sem nenhum
tipo de dependência, relação econômica ou político-administrativa entre elas. As revoltas que
aconteceram em Minas Gerais (1787 -1789) e na Bahia (1797-1799) levaram a discussões
sobre como manter o controle sobre o território. Nesse mesmo período, haviam influências
do reformismo ilustrado português, assim como de intelectuais e políticos iluministas. As
reformas elaboradas por Sousa Coutinho em 1789 e a Transferência da corte para o Brasil em
1807, demonstram que a prioridade do rei agora estava nos domínios coloniais.
Portugal sobre conselho de Regência. Em 1808 a França constitui domínio sobre
Portugal. O que serve como uma justificativa de permanência da corte no Brasil, mascarando
o fato de que a transferência da corte não se constitui simplesmente como uma forma de
manter a soberania dos Bragança, considerando o contexto de guerras napoleônicas na
Europa, mas como um de construção de um Império luso-brasileiro. Daí o posicionamento a
favor da Inglaterra e do comércio atlântico. As ações nos anos seguintes, em 1808 com a
abertura do Porto e em 1810 com o tratado que dá preferência aos ingleses no comércio com
o Brasil, demonstram exatamente isso. A saída da corte de Portugal e a permanência no
Brasil não foram bem recebidas entre os portugueses, que apoiados no sentimento de
abandono e na ideia de inversão de colônias, onde Portugal agora estaria sendo colônia de sua
colônia, surgem movimentos de teor nacionalista e liberalista. Considerando também as
influências da revolução francesa. Em 1815, surge uma campanha liberal, um levante militar
liderado por Gomes Freire de Andrade que, apesar de ter sido rapidamente controlado, foi
apenas o início de uma grande revolução.
Em 1817 no Brasil, ocorria um processo revolucionário partindo de Pernambuco para
Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e na Bahia, formando um governo autônomo e
republicano. A aristocracia rural se aliou a mercadores locais e a importantes setores do clero,
juntos buscavam limitar a atuação dos comerciantes monopolistas que se beneficiavam com
os impostos exacerbantes cobrados pela corte. O Rio de Janeiro interveio derrotando o
movimento violentamente, diversas prisões e exílios ocorreram, e os generais da Capitania do
Norte e Nordeste foram trocados por homens de confiança da corte, apontando para uma
verdadeira reorganização do governo no território brasileiro. Neste momento, as
manifestações da lista em Porto Gaia ainda não haviam definido uma linha de atuação quanto
ao Brasil e nem sabiam o que se passava no contexto brasileiro.

Em 1820, três meses após a execução de Gomes Freire de Andrade, o Sinédrio (grupo
que impulsiona a revolução de 1820) liderado pelo desembargador Manoel Fernandes formou
no Porto o primeiro governo liberal e a Regência de Lisboa juntou-se a esse movimento.
Inspirados pelo sentimento de abandono político e considerando as más condições
econômicas que as ações da corte causaram em Portugal, os núcleos liberais de Lisboa
passam a agir em consonância com o movimento dos Porto, buscando um novo governo e
proclamando a liberdade de forma pacífica. É assim que em setembro de 1820, ocorre a
formação das primeiras cortes Constituintes, mas a divulgação das primeiras instruções
provocou diversas manifestações, levando a ação militar em novembro deste mesmo ano.
Como consequência novas instituições foram publicadas em novembro de 1820. Esta
seguindo rigorosamente o método previsto na Constituição espanhola de 1812. As novas
regras mantinham o sufrágio indireto realizado por meio de três instâncias: a freguesia, as
comarcas e as províncias. Em 1821, se estabeleceram de forma tranquila, considerando a
ausência da do rei da corte, as “ Cortes gerais, extraordinárias e constituintes da nação”
formadas por 100 deputados. Inicialmente, elas debateram a relação a ser estabelecida como
monarquia, os limites da soberania da nação e as posições que seriam definidas quanto ao
Brasil. Por fim, as bases a constituinte foram a regeneração dos direitos tradicionais da nação
portuguesa, expressa unicamente no “soberano Congresso”, a unidade e a indivisibilidade da
nação portuguesa.

Na segunda parte do texto, Berbel fala sobre os movimentos de adesão ao regime


constitucional nas Capitanias do Brasil, as primeiras aconteceram antes mesmo da instalação
da constituinte (a ilha da Madeira, nos Açores, aderiu ao movimento ainda durante o mês de
dezembro de 1820, o Pará e em janeiro de 1821). A maior alteração no cenário acontece
através dos movimentos na Bahia e no Rio de Janeiro, que fizeram com que o rei e as juntas
jurassem a Constituição e retornassem a Portugal. A partir da adesão da Bahia, o movimento
ao governo de Lisboa, o movimento constitucional se espalhou pelo nordeste. No Rio de
Janeiro, onde a corte já estava ciente da formação de um novo governo de Portugal e da
convocação da constituinte, o clima de insatisfação tomou conta. O príncipe Dom Pedro se
tornou uma grande referência para articulação de diversos grupos políticos, considerando que
a Constituição evitou confrontos mais sérios na capital da monarquia e acabou forçando o
juramento do rei e dos ministros. A partir de então, decidiu-se pela partida de D. João para
Portugal e pela indicação de Dom Pedro para o governo do Rio de Janeiro, iniciando-se o
processo de eleição de deputados. Mas ainda havia muita insegurança quanto qual seria o
papel do príncipe no Brasil. A reunião da assembleia que ocorreu em 21 de abril, para discutir
as atribuições da residência, acabou na madrugada do dia 22, por meio da intervenção militar
que deixou inúmeros mortos e feridos.

O Brasil escolheu 94 deputados para ir a Lisboa, somente 45 realmente ocuparam


seus assentos nas cortes. O Brasil apresenta características de comportamentos muito
distintos conforme as regiões do país, em estados como o Pará e o Maranhão os deputados
eleitos estavam em conformidade com a maior parte dos deputados de Portugal, e também
expressavam os descontentamentos que já haviam sido aplicados em 1817. Os de
Pernambuco buscavam nas cortes de Lisboa o apoio para as mudanças desejadas. Já a Bahia
demonstrava contraposições, propondo um modelo administrativo que hoje pode ser chamado
de federalista, as críticas concentravam se diretamente nas noções de integração e de
indivisibilidade da nação, veementemente defendidas pelos deputados portugueses. A
bancada Paulista defendia o Império luso-brasileiro contra as teses nacionalistas dos
deputados de Portugal. A defesa do governo do Rio de Janeiro foi feita pelos deputados de
São Paulo. Já a bancada fluminense se posicionou em consonância com os liberais de
Portugal.

Se conclui através do texto que as ações e posicionamentos dos deputados brasileiros


nas cortes portuguesas são distintas entre si, pois levam em consideração as demandas e os
contextos vivenciados em cada uma das regiões do país. Tendo eles proposto, em função
disso, formas distintas para a organização política da nação portuguesa.

Você também pode gostar