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ESTADO DE SANTA CATARINA


TRIBUNAL DE JUSTIÇA

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 5015528-43.2023.8.24.0000/SC


AGRAVANTE: JOSE CLAUDIO GONCALVES
AGRAVADO: CAMARA MUNICIPAL DE FORQUILHINHA

DESPACHO/DECISÃO

Cuida-se de agravo de instrumento com pedido de concessão de efeito


suspensivo interposto por José Claudio Gonçalves, Prefeito do Município
de Forquilhinha, contra a decisão que, nos autos do Mandado de Segurança
n. 5000713-28.2023.8.24.0166 impetrado pela Câmara de Vereadores
de Forquilhinha, concedeu a liminar determinando que a autoridade coatora "forneça
à parte impetrante as informações solicitadas e cópia de todos os documentos
indicados no Requerimento n. 001/2023, no prazo máximo e improrrogável de 10
(dez) dias, sob pena de busca e apreensão da referida documentação, a teor do
disposto no art. 297 do CPC".

Sustenta o agravante, em suma, que a reforma da decisão impugnada é


imperativa, porque "admitiu a impetração do mandamus partindo da premissa de que
a 'desarrazoada inércia' do agravante em fornecer as informações requeridas
implicaria em ato ilegal, que violava direito líquido e certo da agravada"; que,
contudo, não houve negativa por parte da Administração Pública e o fato pode ser
facilmente verificado nos "documentos acostados aos autos pela agravada em sua
petição inicial"; que "no arquivo nomeado DOCUMENTACAO4 (fls. 10-1) consta a
resposta ao requerimento do Poder Legislativo municipal, apresentada
tempestivamente e que foi inclusive enviado com cópia ao Ministério Público
Estadual (em anexo)"; que as informações prestadas são claras e objetivas quanto
ao fato de que a extração das cópias solicitadas (cerca de 10.000 páginas de
documentos originais) implicaria em aumento de despesas de recursos públicos por
parte do erário municipal, bem como a movimentação de pessoal da administração
pública municipal; que "a justificativa para o não-fornecimento das cópias
requeridas atende aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade"; que a
medida resultaria, inclusive, "na injustificada paralisação por vários dias do
atendimento ao cidadão em serviços essenciais prestados pelo Poder
Público Municipal"; que por tal motivo todos os documentos estão à disposição da
Casa Legislativa; que o "Poder Público Municipal colocou à disposição da Câmara
Municipal um servidor público, bem com um espaço reservado para que os membros
da agravada pudessem avaliar os documentos com tranquilidade e cuidado"; que

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para análise da referida documentação basta os vereadores percorrerem "os poucos
metros que separam a Câmara do Paço Municipal"; que "o ofício, atendendo ao
requerimento 7, informa, de forma clara e objetiva, o modo em que ocorre o controle
das despesas referentes aos aludidos contratos e atas de registro de preço"; que "o
procedimento adotado pelo Poder Executivo Municipal se mostrou condizente com os
preceitos legais" (Decreto municipal n. 004/2016, art. 10, II e II e Decreto federal
n. 7.724/2012, art. 15 §§ 1º e 2º).

Defende que a probabilidade do direito alegado encontra-se


devidamente demonstrada: "1) ao contrário da premissa que fundamentou a decisão
impugnada, houve resposta motivada e tempestiva ao requerimento formulado pela
agravada, com informações claras e objetivas e franqueando acesso à amplo e
irrestrito à documentação solicitada; 2) a medida do Poder Executivo Municipal que
garantiu consulta à documentação na sede do Paço Municipal (que fica ao lado da
Câmara Municipal), em sala reservada para esse fim, é proporcional e razoável, não
causando qualquer prejuízo ao exercício do poder/dever de fiscalização do Poder
Legislativo Municipal; 3) ao contrário, a medida requerida pela agravada e imposta
pela decisão judicial recorrida, qual seja, o fornecimento de cópias da integralidade
dos documentos requisitados (mais de 12 mil folhas), em prazo máximo e
improrrogável de 10 dias, não é proporcional porque: a) acarretaria paralisação de
parte significativa dos serviços públicos municipais, diante da necessidade de
realocação de diversos servidores para atender ao ditame judicial; b) imporia um
custo desnecessário ao Poder Executivo, dado o volume de insumos que seriam
consumidos para dar conta da tarefa", que o risco de dano grave ou de difícil
reparação "se consubstancia no fato de que aguardar o provimento definitivo do
recurso imporá à Administração Pública despender de recursos financeiros e
humanos significativos no cumprimento de medida judicial que pode ser objetivo de
reforma quando da apreciação em caráter definitivo do mérito recursal".

Requer a atribuição de efeito suspensivo e, ao final, o provimento do


recurso para que a decisão agravada seja reformada em sua integralidade.

DECIDO.

Cabível o presente recurso, porquanto tempestivo e preenche os


requisitos de admissibilidade previstos nos artigos 1.015 a 1.017 do Código de
Processo Civil (CPC).

De acordo com o art. 1.019, c/c o art. 995, parágrafo único, em agravo
de instrumento é possível a concessão de tutela recursal antecipada, desde que sejam

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demonstrados a probabilidade de êxito do agravante no recurso e o perigo da demora
que se traduz no risco de dano grave de difícil ou impossível reparação.

Convém esclarecer que o inciso LXIX do art. 5º da Constituição


Federal de 1988, reproduzido em termos pelo art. 1º da Lei Federal n. 12.016, de
7/8/2009, efetivamente garante a todos a concessão de "mandado de segurança para
proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data,
quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público".

No entanto, o direito líquido e certo a ser amparado por mandado de


segurança deve vir comprovado desde logo com a impetração, porquanto nessa via
processual não se admite dilação probatória para a sua comprovação.

HELY LOPES MEIRELLES, acerca do que se deve entender por


direito líquido e certo, ensina:

"Direito líquido e certo é o que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado


na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração. Por outras
palavras, o direito invocado, para ser amparável por mandado de segurança, há de
vir expresso em norma legal e trazer em si todos os requisitos e condições de sua
aplicação ao impetrante: se sua existência for duvidosa; se sua extensão ainda não
estiver delimitada; se seu exercício depender de situações e fatos ainda
indeterminados, não rende ensejo à segurança, embora possa ser defendido por
outros meios judiciais.

"Quando a lei alude a direito líquido e certo, está exigindo que esse direito se
apresente com todos os requisitos para seu reconhecimento e exercício no momento
da impetração. Em última análise, direito líquido e certo é direito comprovado de
plano. Se depender de comprovação posterior, não é líquido nem certo, para fins
de segurança" (Mandado de Segurança. 33. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 37).

VICENTE GRECO FILHO, acerca da impossibilidade de dilação


probatória em mandado de segurança, leciona:

"O pressuposto do mandado de segurança, portanto, é a ausência de dúvida quanto


à situação de fato, que deve ser provada documentalmente. Qualquer incerteza sobre
os fatos decreta o descabimento da reparação da lesão através do mandado, devendo
a parte pleitear seus direitos através de ação que comporte a dilação probatória. Daí
dizer-se que o mandado de segurança é um processo sumário documental, isto é, um
processo rápido, concentrado, fundado em prova documental. No caso de não ser
possível a apreciação do pedido por haver dúvida quanto à matéria de fato, por
outro lado, pode o interessado propor a demanda adequada, não ocorrendo contra
ele o fenômeno da coisa julgada" (Direito processual civil brasileiro. 12. ed. São
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Paulo: Saraiva, 1997. p. 308).

Então, a via do "writ of mandamus" é destinada à proteção de direito


líquido e certo, cuja comprovação dos fatos e situações concretas para exercício do
direito é verificada de plano, por prova pré-constituída incontestável, para que não
pairem dúvidas ou incertezas sobre esses elementos.

O art. 7º, inciso III, da Lei n. 12.016/2009 permite a concessão de


liminar, em mandado de segurança, para suspender o ato inquinado de ilegal, se
houver demonstração da probabilidade do direito e do perigo de que a concessão da
ordem somente ao final venha a ser inócua.

Na espécie, a demanda originária versa sobre mandado de segurança e o


presente agravo de instrumento foi interposto contra a decisão da lavra da Juíza Dra.
Elaine Veloso Marraschi que deferiu o pedido de liminar, nos seguintes termos
(evento 5, DESPADEC1):

"(...)

"FUNDAMENTO E DECIDO.

"A concessão de liminar somente poderá ser deferida se comprovada a existência


do fumus boni iuris e do periculum in mora, conforme se extrai da legislação que
regula o mandado de segurança (art. 7º, III, da Lei n. 12.016/09).

"Neste sentido, é a lição de Hely Lopes Meirelles: "para a concessão da liminar


devem ocorrer os dois requisitos legais, ou seja, a relevância dos motivos em que
assenta o pedido inicial, e a possibilidade de ocorrência de lesão irreparável ao
direito do impetrante, se vier a ser concedido na decisão de mérito fumus boni juris
e periculum in mora". (Mandado de Segurança, Ação Popular, Ação Civil Pública,
Mandado de Injunção, Habeas Data, 17ª edição, 1.996, Malheiros Editores, p. 58).

"Na hipótese concreta, da análise atenta dos fatos articulados na peça exordial e dos
documentos que instrumentalizaram o feito, verifico de plano a presença dos
requisitos legais necessários para a concessão da medida liminar almejada pela
parte impetrante.

"Isso porque o fumus boni iuris é visto no fato de que a Câmara de Vereadores do
Município de Forquilhinha, no mês de fevereiro/2023, remeteu à Prefeitura pedido de
fornecimento de informações e documentos relacionados ao requerimento n.
001/2023, relativo às despesas com combustíveis nos anos de 2021 e 2022.

"Ora, é consabido que cabe ao Poder Legislativo Municipal exercer a fiscalização


do Município, seja mediante controle externo, ou ainda pelos sistemas de controle

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interno do Poder Executivo Municipal, conforme dispõe o caput do art. 31 da
CF/1988.

"Além disso, o art. 5º, XXXIII, da Carta Magna preconiza que "todos têm direito a
receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado."

"Não bastasse tudo isso, o §2º, do art. 18 da Lei Orgânica do Município de


Forquilhinha/SC é expresso ao preconizar que a Câmara Municipal, dentre outras
coisas, "pode encaminhar pedidos escritos de informações aos Secretários ou ao
Prefeito Municipal, cuja recusa ou não atendimento no prazo de até 30 (trinta) dias
ou cujas informações falsas importarão em crime contra a Administração Pública".

"Assim, da análise cabível nesta fase processual, tenho que existem elementos
suficientes no sentido da ocorrência de violação de direito líquido e certo na espécie,
à vista da desarrazoada inércia do Alcaide em fornecer as informações necessárias
para que a Câmara de Vereadores exerça sua função constitucional de fiscalizar as
finanças públicas municipais.

"De mais a mais, não posso deixar de destacar que tal conduta, pelo menos em
princípio e em tese, pode inclusive caracterizar crime de responsabilidade do Chefe
do Executivo Municipal, máxime considerando que este mandado de segurança visa
ter acesso a informações relevantes sobre as finanças municipais, as quais, a bem da
verdade, deveriam ter seu acesso facilitado para garantir a transparência no trato
com a res publica, e não embaraçado como de fato aqui ocorreu.

"Sobre o assunto em pauta, trago à colação os seguintes julgados:

"REEXAME NECESSÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. VEREADORES.


PEDIDO DE INFORMAÇÕES ACERCA DE GASTOS E CONTRATOS MANTIDOS
PELA ADMINISTRAÇÃO. É direito dos Vereadores solicitar informações acerca de
gastos e contratos mantidos pela Administração, tendo o Sr. Prefeito dever de
informar, com base nos artigos 5º, inciso XXXIII, 31 e 33 da Constituição Federal.
Ordem concedida. Sentença mantida em reexame necessário. (TJRS, Reexame
Necessário n. 70064590623, Vigésima Primeira Câmara Cível, Rel. Desembargador
Marco Aurélio Heinz, julgado em 10/06/2015).

"E ainda:

"ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL - MANDADO DE SEGURANÇA -


PEDIDO DE INFORMAÇÕES FORMULADO PELA CÂMARA DE VEREADORES -
OMISSÃO DO CHEFE DO PODER EXECUTIVO - FISCALIZAÇÃO DOS ATOS DA
ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL A CARGO DO PODER LEGISLATIVO - CF, ART.
31 - PRESENÇA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO 'Nos termos do art. 31, da Carta

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Magna, 'a fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal,
mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo
Municipal', daí porque, para bem exercer esse mister, a Câmara de Vereadores pode
requisitar informações e cópias de documentos ao Prefeito, que não poderá se
recusar a fornecê-las" (RNMS n. 2013.045792-4, Des. Jaime Ramos). (TJSC,
Reexame Necessário em Mandado de Segurança n. 2013.031000-4, de São Miguel
do Oeste, Relator: Desembargador Luiz Cézar Medeiros, julgado em 17/12/2013).

"Outrossim, constato a presença de periculum in mora na espécie, porquanto a


desídia da autoridade coatora em fornecer documentos necessários para verificar a
regularidade das contas públicas, além de impedir que a Câmara de Vereadores do
Município exerça seu munus constitucional de fiscalização das verbas municipais,
poderá resultar em prejuízos ao erário em face de hipotética e eventual má gestão do
orçamento do Município, de modo que é patente a necessidade de imediata
apresentação da documentação indicada na exordial.

"Portanto, à vista do preenchimento integral dos requisitos legais necessários, tenho


por bem deferir a medida liminar requerida pela parte impetrante na petição inicial.

"Diante do exposto, CONCEDO A MEDIDA LIMINAR e, em decorrência disso,


DETERMINO à autoridade coatora que forneça à parte impetrante
as informações solicitadas e cópia de todos os documentos indicados
no Requerimento n. 001/2023, no prazo máximo e improrrogável de 10 (dez) dias,
sob pena de busca e apreensão da referida documentação, a teor do disposto no art.
297 do CPC.

"(...)".

Colhe-se dos autos que os Vereadores do Município de


Forquilhinha impetraram mandado de segurança contra ato atribuído ao Prefeito
Municipal, sustentando que, no uso de suas atribuições, solicitaram à Prefeitura
Municipal (requerimento 001/2023) informações acerca do fornecimento de
combustíveis à Administração Pública nos anos de 2021 e 2022. Asseveram,
contudo, que no último dia do prazo regimental de 30 dias, o Prefeito Municipal
encaminhou o Ofício GP 076/2023 prestando informações subjetivas, sem anexar os
documentos solicitados, justificando que a extração das cópias solicitadas seria de
injustificável dispêndio.

Por seu turno, o agravante aduz que não houve qualquer negativa em
fornecer tais informações, mas que prestá-las na forma requerida pela Câmara de
Vereadores acarretaria gasto do dinheiro público, bem como resultaria na
injustificada paralisação por vários dias do atendimento ao cidadão em serviços
essenciais prestados pelo Poder Público.

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Ao menos neste momento de análise perfunctória, a decisão comporta
suspensão.

Pois bem.

O artigo 5º, inciso XXXIII da Constituição Federal, garante a todos o


direito de receber da Administração Pública informações e documentos em
atendimento ao princípio da publicidade que deve pautar os atos administrativos,
exceto nas hipóteses de restrição previstas na própria norma constitucional (CF. art.
37, caput).

Do dispositivo se extrai que o acesso às informações de órgãos públicos


é direito fundamental que se estende a todos os brasileiros e estrangeiros residentes
no país, dentre os quais está o cidadão em exercício de cargo eletivo, devendo ser
assegurado de forma ampla e efetiva, admitindo apenas as restrições contidas no
próprio texto constitucional.

Por sua vez o art. 11 da Lei 12.527/2011, que regula o direito de acesso
à informação, estabeleceu:

"Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou conceder o acesso


imediato à informação disponível.

"§ 1º Não sendo possível conceder o acesso imediato, na forma disposta no caput, o
órgão ou entidade que receber o pedido deverá, em prazo não superior a 20 (vinte)
dias:

"I - comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta, efetuar a reprodução
ou obter a certidão;

"II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou parcial, do acesso


pretendido; ou

"III - comunicar que não possui a informação, indicar, se for do seu conhecimento, o
órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda, remeter o requerimento a esse órgão ou
entidade, cientificando o interessado da remessa de seu pedido de informação.

"§ 2º O prazo referido no § 1º poderá ser prorrogado por mais 10 (dez) dias,
mediante justificativa expressa, da qual será cientificado o requerente.

"§ 3º Sem prejuízo da segurança e da proteção das informações e do cumprimento da


legislação aplicável, o órgão ou entidade poderá oferecer meios para que o próprio
requerente possa pesquisar a informação de que necessitar.

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"§ 4º Quando não for autorizado o acesso por se tratar de informação total ou
parcialmente sigilosa, o requerente deverá ser informado sobre a possibilidade de
recurso, prazos e condições para sua interposição, devendo, ainda, ser-lhe indicada
a autoridade competente para sua apreciação.

"§ 5º A informação armazenada em formato digital será fornecida nesse formato,


caso haja anuência do requerente.

"§ 6º Caso a informação solicitada esteja disponível ao público em formato


impresso, eletrônico ou em qualquer outro meio de acesso universal, serão
informados ao requerente, por escrito, o lugar e a forma pela qual se poderá
consultar, obter ou reproduzir a referida informação, procedimento esse que
desonerará o órgão ou entidade pública da obrigação de seu fornecimento direto,
salvo se o requerente declarar não dispor de meios para realizar por si mesmo tais
procedimentos." (grifou-se)

O Decreto nº 004/2016 que regulamenta a Lei de Acesso à Informação


(Lei n. 12.527/2011), no âmbito do poder executivo municipal, fez constar:

"Art. 10. Não serão atendidos pedidos de acesso à informação:

"I - genéricos;

"II - desproporcionais ou desarrazoados; ou

"III - que exijam trabalhos adicionais de análise, interpretação ou consolidação de


dados e informações, ou serviço de produção ou tratamento de dados que não seja
de competência do órgão ou entidade.

"Parágrafo único. São vedadas exigências relativas aos motivos do pedido de acesso
à informação." (grifou-se)

No âmbito Federal, o art. 15 do Decreto n. 7.724/2012, naquilo que


interessa, determina:

Art. 15. Recebido o pedido e estando a informação disponível, o acesso será


imediato.

§ 1º Caso não seja possível o acesso imediato, o órgão ou entidade deverá, no prazo
de até vinte dias:

I - enviar a informação ao endereço físico ou eletrônico informado;

II - comunicar data, local e modo para realizar consulta à informação, efetuar


reprodução ou obter certidão relativa à informação;

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III - comunicar que não possui a informação ou que não tem conhecimento de sua
existência;

IV - indicar, caso tenha conhecimento, o órgão ou entidade responsável pela


informação ou que a detenha; ou

V - indicar as razões da negativa, total ou parcial, do acesso.

§ 2º Nas hipóteses em que o pedido de acesso demandar manuseio de grande volume


de documentos, ou a movimentação do documento puder comprometer sua regular
tramitação, será adotada a medida prevista no inciso II do § 1º .

§ 3º Quando a manipulação puder prejudicar a integridade da informação ou do


documento, o órgão ou entidade deverá indicar data, local e modo para consulta, ou
disponibilizar cópia, com certificação de que confere com o original.

§ 4º Na impossibilidade de obtenção de cópia de que trata o § 3º , o requerente


poderá solicitar que, às suas expensas e sob supervisão de servidor público, a
reprodução seja feita por outro meio que não ponha em risco a integridade do
documento original. (grifou-se)

Da análise do feito, resta comprovado que o pedido realizado por meio


do requerimento n. 001/2023 demonstra o interesse dos legisladores municipais em
verificar a regularidade de determinados atos do Poder Executivo. Tem-se que os
agravados não solicitaram informações confidenciais, nem de matéria cujo sigilo seja
necessário à segurança da sociedade e do Estado.

Contudo, ao menos nesta apreciação cognitiva perfunctória, parece não


estar presente o requisito da violação ao direito alegado para a concessão da medida
liminar no Mandado de SEgurança. Isso porque o acesso aos documentos perquiridos
foi disponibilizado pela Administração Pública, embora não da forma requerida pelos
impetrantes.

Em resposta ao ofício n. 001/2023, encaminhado à Prefeitura, retiram-


se as seguintes informações: os documentos foram disponibilizados para consulta na
sede da Prefeitura, mediante agendamento, e foi disponibilizado, inclusive, um
servidor para auxiliar no manejo dos documentos. A medida foi
devidamente justificada, pois o envio de todas as cópias não seria possível face ao
elevado número de documentos, cerca de 10.000 páginas, o que
acarretaria "injustificado dispêndio de recursos financeiros e movimentação de
pessoal para a administração pública municipal, além de que os documentos
também fazem parte do acervo do Portal da Transparência da Administração
Pública podendo ser acessados a qualquer momento pelos interessados" (evento 1,
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DOCUMENTACAO4, fl. 10 autos da origem).

Assim, a resistência quanto ao fornecimento das cópias físicas


solicitadas pelos impetrantes não se mostra desarrazoada, mormente porque
amparada no Decreto Municipal n 004/2016 que, visando a regulamentar o acesso à
informação no âmbito do Poder Executivo Municipal, estabelece, em seu art. 13, que
o Município não arcará com os gastos provenientes da reprodução de documentos,
mostrando-se oportuna a transcrição:

"Art. 13. Quando o fornecimento da informação implicar reprodução de


documentos, observado o prazo de resposta ao pedido, será disponibilizado ao
requerente Guia de Recolhimento - GR ou documento equivalente, para pagamento
dos custos dos serviços e dos materiais utilizados."

Ademais o art. 11 dispõe: "Recebido o pedido e estando a informação


disponível, o acesso será imediato. § 1º Caso não seja possível o acesso imediato, o
órgão ou unidade deverá, no prazo de até vinte dias: (...) II - comunicar data, local e
modo para realizar consulta à informação, efetuar reprodução ou obter certidão
relativa à informação (...)".

Por conseguinte, por se tratar de grande volume de documentos a


serem copiados, não se mostra razoável atender ao reclamo dos agravados com
enorme dispêndio de dinheiro público pela Administração Municipal, inclusive com
risco de paralisação do serviço público, sobretudo atendendo-se ao fato de que a
Prefeitura fica nas proximidades da Câmara de Vereadores.

Com efeito, considerando o princípio da razoabilidade, inviável exigir


do ente público o custeio das cópias de toda a documentação requerida
pelos agravados, sendo certo que, verdadeiramente, não houve negativa ao direito de
acesso às informações, diante da disponibilização dos documentos pretendidos na
forma apresentada pelo agravante.

Não se olvide que, de acordo com o art. 7º, inciso III, da Lei do
Mandado de Segurança, a medida liminar deve ser concedida na hipótese de o
deferimento do "mandamus" somente ao final frustrar o objeto do pedido inicial, e tal
não ocorre na hipótese em discussão em que os documentos requisitos pelos
Vereadores se encontram na sede do Poder Executivo Municipal e de lá não sairão, de
modo que a concessão da ordem somente ao final não tornaria prejudicado o pleito
exordial.

Diante dos argumentos apresentados pelo agravante e de tudo o que foi


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fundamentado, sobretudo os custos para fornecimento de todas as cópias solicitadas,
bem como o tempo necessário para o cumprimento da medida e os transtornos para a
administração municipal, bem como da ausência de urgência para a concessão da
medida liminar em mandado de segurança, restam preenchidos os requisitos para a
concessão da medida de urgência para a concessão do pedido de efeito suspensivo a
este agravo de instrumento.

Ante o exposto, defiro o pedido de efeito suspensivo, nada


impedindo que a parte impetrante tenha acesso à documentação requisitada na
forma disponibilizada pelo Prefeito.

Cumpra-se o disposto no art. 1.019, inciso I e II, do Código de


Processo Civil.

Intimem-se.

Documento eletrônico assinado por JAIME RAMOS, Desembargador, na forma do artigo 1º, inciso III, da
Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006. A conferência da autenticidade do documento está disponível no
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