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AÇÃO DECLARATÓRIA
(COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA)
SHIS QL 08, Conjunto 05, Nº 12 – Lago Sul – Brasília/DF – CEP 71.620-255 | Tel.: 61 3248.6363
I. SÍNTESE DOS FATOS.
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representados um direito que lhes é inerente, salvaguardado pela
Constituição da República Federativa do Brasil.
Vejamos.
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XXI - as entidades associativas, quando expressamente
autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados
judicial ou extrajudicialmente;
[...]
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um
ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
(g.n.)
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RE 612043, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 10/05/2017, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-229 DIVULG 05-10-2017 PUBLIC 06-10-201 ; AO 152, Relator(a): Min. CARLOS
VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em 15/09/1999, DJ 03-03-2000 PP-00058 EMENT VOL-01981-01 PP-
00019.
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pela maioria do pretório excelso 2, em que expressamente preconiza ser
“inconcebível que haja uma associação que, pelo estatuto, não atue em
defesa dos filiados”, definindo ao final que:
O que nos vem da Constituição Federal? Um trato diversificado,
considerado sindicato, na impetração coletiva, quando realmente
figura como substituto processual, inconfundível com a entidade
embrionária do sindicato, a associação, que também substitui os
integrantes da categoria profissional ou da categoria econômica, e as
associações propriamente ditas.
Em relação a essas, o legislador foi explícito ao exigir mais
do que a previsão de defesa dos interesses dos filiados no
estatuto, ao exigir que tenham – e isso pode decorrer de
deliberação em assembleia – autorização expressa, que diria
específica, para representar – e não substituir, propriamente dito
– os integrantes da categoria profissional. Digo que o caso é
péssimo para elucidar essa dualidade. Por quê? Porque, conforme
consta do acórdão do Tribunal Regional Federal, a ação de
conhecimento foi ajuizada pela Associação Catarinense do Ministério
Público. E o que fez, atenta ao que previsto no inciso XXI do artigo 5º
da Constituição Federal? Juntou a relação dos que seriam
beneficiários do direito questionado. Juntou, também – viabilizando,
portanto, a defesa pela parte contrária, a parte ré –, a autorização
para atuar. Prevê o estatuto autorização geral para a associação
promover a defesa, claro, porque qualquer associação geralmente
tem no estatuto essa previsão. Mas, repito, exige mais a Constituição
Federal: que haja o credenciamento específico. [...]
Indago: formado o título executivo judicial, como o foi, a
partir da integração na relação processual da associação, a
partir da relação apresentada por essa quanto aos beneficiários,
a partir da autorização explícita de alguns associados, é possível
posteriormente ter-se – e aqui penso que os recorridos pegaram
carona nesse título – a integração de outros beneficiários? A
resposta para mim é negativa. Primeiro, Presidente, porque,
quando a Associação, atendendo ao disposto na Carta, juntou as
autorizações individuais, viabilizou a defesa da União quanto àqueles
que seriam beneficiários da parcela e limitou, até mesmo, a
representação que desaguou, julgada a lide, no título executivo
judicial. Na fase subsequente de realização desse título, não se pode
incluir quem não autorizou inicialmente a Associação a agir e quem
também não foi indicado como beneficiário, sob pena de, em relação
a esses, não ter sido implementada pela ré, a União, a defesa
respectiva. [...]
Presidente, não vejo como se possa, na fase que é de realização
do título executivo judicial, alterar esse título, para incluir pessoas que
não foram inicialmente apontadas como beneficiárias na inicial da
ação de conhecimento e que não autorizaram a Associação a atuar
como exigido no artigo 5º, inciso XXI, da Constituição Federal.[...] (g.n.)
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Vencidos os Ministros Ricardo Lewandowski (Relator), Joaquim Barbosa e Cármen Lúcia.
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demanda são os associados que concederam as autorizações específicas
para este fim, quais sejam:
BENEFICIÁRIOS
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40. João Akira Omoto
41. João Heliofar de Jesus Villar
42. Joaquim José de Barros Dias
43. José Adonis Callou de Araújo Sá
44. Kelson Pinheiro Lages (Assinada Manualmente)
45. Kelson Pinheiro Lages (Assinada Eletrônicamente)
46. Lilian Guilhon Dore
47. Luciana Guarnieri
48. Sônia Cristina Niche
49. Luis Roberto Gomes
50. Luiz Fernando Voss Chagas Lessa
51. Luiza Cristina Fonseca Frischeisen
52. Manoel Henrique Munhoz
53. Marcelo Antônio Ceara Serra Azul
54. Marcelo Antônio Moscogliati
55. Marcelo Mesquita Monte
56. Marcia Noll Barbosa
57. Marcio Andrade Torres
58. Marco Túlio Lustosa Caminha
59. Marcos José Gomes Correa
60. Maria Cristiana Simões Amorim Ziouva
61. Maria Cristina Manella Cordeiro
62. Mario Pimentel Albuquerque
63. Marlon Alberto Weichert
64. Maurício da Rocha Ribeiro
65. Maurício Ribeiro Manso
66. Max dos Passos Colombo
67. Moacir Mendes Sousa
68. Neide Mara Cavalcanti Cardoso de Oliveira
69. Osnir Belice
70. Osvaldo Capelari Júnior
71. Patrick Montemor Ferreira
72. Paula Bajer Fernandes
73. Paulo de Tarso Garcia Astolphi
74. Paulo Gilberto Gogo Leivas
75. Paulo Thadeu Gomes da Silva
76. Paulo Vasconcelos Jacobina
77. Priscila Costa Schreiner Roder
78. Ricardo Nakahira
79. Robério Nunes dos Anjos Filho
80. Rogério de Paiva Navarro
81. Ronaldo Sérgio Chaves Fernandes
82. Rudson Coutinho da Silva
83. Sidney Pessoa Madruga da Silva
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84. Valquíria Oliveira Quixada Nunes
85. Vitor Hugo Gomes da Cunha
86. Wagner Natal Batista
87. Wanderley Sanan Dantas
88. Wellington Cabral Saraiva
89. Wellington Luis de Sousa Bonfim
III. ARGUMENTAÇÃO
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acadêmico, anterior à Emenda Constitucional nº 20/1998 (promulgada em
15 de dezembro de 1998), como tempo de serviço para fins de
aposentadoria e, caso preenchidos os requisitos constitucionais (art. 40,
§19, da CRFB), garantir o direito ao recebimento de eventual abono de
permanência, tudo apenas com base em certidão expedida pela Ordem
dos Advogados do Brasil e independentemente de comprovação do
recolhimento das contribuições previdenciárias do período, a despeito de
inúmeros julgados, inclusive do STJ, que chancelam o aproveitamento –
tem ocasionado prejuízos ao patrimônio jurídico a Procuradores da
República e magistrados, ao indeferir o cômputo pretendido.
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magistrados federais, exceto aos provenientes da
representação classista do trabalho, o direito de contarem, para
efeitos de aposentadoria e disponibilidade, o tempo de serviço
exercido na advocacia, incluída nesta atividade a função de
solicitador acadêmico, sendo o meio idôneo para a
comprovação desse tempo a certidão expedida pela OAB"
(TCU, Decisões Plenárias nºs 04/94, Ata nº 05; 514/94, Ata nº
38; e 571/96, Ata nº 36; e da 1ª Câmara nº 233/98, Ata nº 24).
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Art. 4º, da EC 20/98: Art. 4º - Observado o disposto no art. 40, § 10, da Constituição Federal, o tempo de
serviço considerado pela legislação vigente para efeito de aposentadoria, cumprido até que a lei discipline a
matéria, será contado como tempo de contribuição.
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Há que se destacar que, nesse sentido, a Lei
Complementar nº 75/93, denominada Estatuto dos membros do MPU,
estabelece em seu artigo 231, §1º, que:
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anterior seja computado como tempo de contribuição, ou seja,
reconhece a possibilidade de contagem de tempo ficto relativo a
período anterior à emenda. Observa-se que o caso a seguir destacado
refere-se exatamente a um Procurador, aplicando-se, portanto, o mesmo
raciocínio ao caso vertente:
1. Agravo regimental em agravo de instrumento. 2. Direito
Administrativo. 3. Servidor público civil. 4. Contagem do tempo de
serviço como advogado e estagiário para fins de aposentadoria e
disponibilidade no cargo de Procurador Municipal (Lei 10.182/86).
5. Regra de transição do art. 4º da EC 20/98. Possibilidade.
Admissão de que o tempo de serviço considerado pela
legislação vigente para efeito de aposentadoria, cumprido até que
a lei discipline a matéria, seja contado como tempo de contribuição. 6.
Discussão acerca da necessidade de prévia averbação do período,
por se tratar de suposta condição suspensiva para aquisição do
direito. Inviabilidade. Necessidade de análise de legislação
infraconstitucional, providência vedada no âmbito do recurso
extraordinário. 7. Agravo regimental a que se nega seguimento.
(AI 727410 AgR, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Segunda
Turma, julgado em 20/03/2012, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-066
DIVULG 30-03-2012 PUBLIC 02-04-2012) (g.n.)
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Em idêntico sentido, mas de maneira específica no que
diz respeito aos Magistrados, o col. STJ igualmente corroborou o
entendimento firmado pelo pretório excelso, dispondo que:
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2. O acórdão hostilizado solucionou a quaestio juris de maneira clara
e coerente, apresentando todas as razões que firmaram o seu
convencimento.
3. Para que seja apurado o montante devido a título de indenização
quanto às contribuições devidas à Previdência Social, deve ser
considerada a legislação vigente no momento em que ocorreram os
respectivos fatos geradores.
4. De forma a evitar o julgamento ultra petita e em atenção ao
princípio da ne reformatio in pejus, é de ser mantida incólume a
sentença que que resolveu a questão nos exatos termos e balizas
contidos na exordial.
5. A demonstração do dissídio jurisprudencial não se contenta com
meras transcrições de ementas, sendo absolutamente indispensável
o cotejo analítico de sorte a demonstrar a devida similitude fática
entre os julgados.
6. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão,
desprovido. (STJ, REsp 654.307/RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ,
QUINTA TURMA, DJe de 08/02/2010). (g.n.)
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prestigiar a atuação positiva dos princípios, especialmente o da
segurança jurídica.
23. Segundo essa doutrina “os princípios surgem como meio de
assegurar ao operador do direito a interpretação das normas de modo
a lhes preservar o sentido mais consentâneo com a proteção máxima
do interesse público primário e dos direitos fundamentais, porém o
fato de se mostrar necessária uma atividade hermenêutica de maior
complexidade, que exige integração de valores e fundamentos
plúrimos diante de realidades diversas não inviabiliza que se atribuam
efeitos mediatos às normas identificadas no ordenamento como
regentes do caso concreto”.
24. No caso em exame as manifestações administrativas anteriores,
impugnadas pela SAJ, favoráveis ao reconhecimento do direito à
aposentadoria do magistrado, mediante o cômputo de tempo de
serviço de solicitador acadêmico, admitido pela legislação anterior à
edição da Emenda Constitucional nº 20, de 1998 fundamentaram-se
nos princípios da segurança jurídica e da isonomia, dentre outros, e
não se dissociaram do contexto constitucional, antes pelo contrário,
buscaram amparo em posições doutrinárias e decisões pretorianas
pertinentes, devendo por esta razão serem, no entender desta
CONJUR/MP serem mantidas pela Consultoria-Geral da União.
[...]
(Processo nº 08001.005671/2009-13, do Ministério da Justiça –g.n.).
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Neste caso, após o deferimento da liminar pretendida
pelas associações em questão, a União interpôs agravo de instrumento, ao
qual o d. Desembargador Francisco de Assis Betti, em 7 de junho de
2017, negou a antecipação dos efeitos da tutela recursal (docs.
anexos), asseverando que:
Correta a decisão agravada. A alteração no regime previdenciário
concernente à proibição da contagem de tempo de contribuição
fictício, introduzido no § 10, do art. 40, da Constituição Federal,
não pode alcançar fatos anteriores à sua vigência, em face do
princípio tempus regit actum. Assim, o serviço prestado pelos
associados da parte autora antes da EC nº 20/98 na qualidade de
advogados privados deve ser considerado para fins de
concessão de benefício previdenciário de aposentadoria,
independente do recolhimento das contribuições previdenciárias
ao regime de previdência a que estavam vinculados. Não se pode
desconsiderar esse direito, já incorporado ao seus respectivos
patrimônios jurídicos, nos termos da legislação vigente à época da
prestação de serviço (RE 258327, Rel. Min. Ellen Gracie, Segunda
Turma). Trata-se de entendimento que, além de respeitar o princípio
da segurança jurídica, que norteia, inclusive, as relações do Direito
Administrativo, coopera para a efetivação do princípio do não
retrocesso social ou da progressividade, insculpido na Constituição
Federal (art. 5º, § 2º, e 7º, caput). [...] (g.n.)
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Ação Declaratória de Constitucionalidade nº 4/DF, Relator : Min. Sydney Sanches, Redator do Acórdão :
Min. Celso de Mello, STF, Plenário, Julgado em 01/10/2008.
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O novo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015)
estabelece como requisitos ensejadores da concessão liminar de tutela de
urgência: a) a existência de elementos que evidenciem a probabilidade do
direito alegado (fumus boni iuris); e b) o perigo de dano ou risco ao
resultado útil do processo (periculum in mora).
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O impedimento da aposentadoria ou a redução do tempo
de serviço nela computado traz evidente prejuízo para o planejamento dos
interessados, que, na maioria das vezes, já contam com o tempo que
vinha sendo aceito para tomar decisões relativas a toda a sua vida (por
excelência, a aposentação; e, além dela, vantagens econômicas típicas,
como o abono de permanência – artigo 40, §19, da CRFB).
V. DOS PEDIDOS
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Forte nessas razões, a Associação Nacional dos
Procuradores da República - ANPR requer:
a) Seja concedida a antecipação dos efeitos da tutela “inaudita
altera parte” e “in limine litis”, para determinar que a União, em
relação aos associados abrangidos na presente demanda, compute o
período de exercício da advocacia, e também como de estagiário
e/ou solicitador acadêmico, anterior à Emenda Constitucional nº
20/1998 (promulgada em 15 de dezembro de 1998), como tempo
de serviço para fins de aposentadoria, independentemente de prova
de pagamento das contribuições previdenciárias, sem prejuízo da
análise dos requisitos legais necessários à concessão das
aposentadorias requeridas, e, caso preenchidos os requisitos
constitucionais (art. 40, §19, da CRFB), garantir o direito ao
recebimento de eventual abono de permanência, tudo apenas com
base em certidão expedida pela Ordem dos Advogados do Brasil;
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constitucionais (art. 40, §19, da CRFB), garantir o direito ao
recebimento de eventual abono de permanência e/ou de proventos
de aposentadoria que a negativa da concessão oportuna da
aposentação venha a ter minorado em detrimento dos associados,
bem como todos os efeitos previdenciários e econômicos
decorrentes daquele aproveitamento, tudo apenas com base em
certidão expedida pela Ordem dos Advogados do Brasil;
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