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SUMÁRIO
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BOLETIM DE FEVEREIRO DE 202 3
Civil e Processo Civil
A Constituição Federal prevê, em seu art. 5º, inciso XXI, que as entidades
associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente. Por outro lado, o art.
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8, III, da CF, dispõe que ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses
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coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
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administrativas.
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Nessa ocasião, o Plenário do STF assentou que o que foi decidido no Tema 82,
em outubro de 2014, não tem identidade com a discutida no Tema 1119, em
dezembro de 2020.
Vista essa diferença de procedimento, vamos ver o que o STF entendeu no ARE
1293130 (tema 1119), pois foi com base nesse julgamento que a 2ª Turma
decidiu o caso que estamos explicando.
Naquela ocasião (ARE 1293130 – tema 1119), foi fixada a seguinte tese: “É
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desnecessária a autorização expressa dos associados, a relação nominal
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destes, bem como a comprovação de filiação prévia, para a cobrança de valores
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pretéritos de título judicial decorrente de mandado de segurança coletivo
impetrado por entidade associativa de caráter civil”.
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O caso
De acordo com o TRF-2, a associação, por ser genérica, não poderia propor a
ação sem a presença de lista indicando os associados representados e suas
respectivas autorizações expressa.
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Para a ABCT, o mandado de segurança coletivo prescinde da juntada de
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autorização ou apresentação de lista dos associados, uma vez que se está
diante de substituição processual.
Por maioria, a Segunda Turma do STF considerou que a recorrente não tem
legitimidade para impetrar mandado de segurança coletivo sem autorização
expressa de seus associados.
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http://genjuridico.com.br/2021/01/22/meios-de-execucao-atipicos/
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Medidas indutivas: essa expressão figura – creio que pela primeira vez no
ordenamento jurídico brasileiro – no projeto de lei da ação civil pública. A doutrina
ainda não se ocupou do tema. Para mim, trata-se de uma subdivisão das medidas
coercitivas. Os legisladores – os doutrinadores principalmente – têm um pendor
especial para a criação de espécies desnecessárias. Exibem exóticos termos como
a maior descoberta do século. Bem, creio que essa tal indução advém da prisão.
Isso para os que sustentam que o cumprimento de decisão judicial pode ser exigido
sob cominação de prisão, porquanto distinta da prisão por dívida. Por ora, espero
que os leitores não se preocupem com a terminologia. O que se pode dizer é que
se trata de mais uma medida para forçar o destinatário da ordem (do mandamento)
a cumpri-la.
Medidas mandamentais: são aquelas que podem produzir parte dos efeitos de
uma decisão de cunho constitutivo, mas que não se confundem com a própria tutela
pretendida. Trata-se de uma ordem que pode ser destinada às partes ou a um
terceiro.
Medidas sub-rogatórias: ‘São mecanismos de cumprimento da ordem judicial
que dispensam a colaboração do ordenado, já que a prestação imposta pode ser
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atribuída a terceiro, de forma a realizar exatamente o resultado idêntico àquele que
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seria operado pelo sujeito passivo’ (ARENHART, Sérgio Cruz. A intervenção judicial
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e o cumprimento da tutela específica. Revista Jurídica, Porto Alegre, v. 57, n. 385,
p. 45-60, nov. 2009).”
O caso
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Concluiu que o art. 139, IV, do CPC, é constitucional, pois, do contrário, haveria
uma limitação ex-ante, sem saber qual medida seria tomada, com verdadeira
discricionariedade do órgão julgador em nome de proteção absoluta liberdade
do devedor, independentemente dos demais valores jurídicos.
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Assim, para a maioria da Corte, a autorização genérica contida no art. 139, IV,
do CPC, representa o dever do magistrado de dar efetividade às decisões e não
amplia de forma excessiva a discricionariedade judicial.
Por sua vez, Edson Fachin (vencido) divergiu em parte do relator para considerar
inconstitucional a parte final do inciso IV, do artigo 139 do CPC, que prevê a
aplicação das medidas atípicas em ações que tenham por objeto prestação
pecuniária.
Para Fachin, o devedor não pode sofrer sanção que restrinja sua liberdade ou
seus direitos fundamentais em razão da não quitação de dívidas, exceto na
hipótese do devedor de alimentos.
O caso
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processo civil; iii) art. 148, I e II, e parágrafo único, por instituir empréstimo
compulsório; iv) art. 168, por não observar a sistemática constitucional de
transferência do Poder Executivo ao Judiciário; v) art. 170, II, por ofensa ao
direito de propriedade dos titulares de depósitos; vi) art. 192, por
desconsideração à competência da União para disciplinar o funcionamento do
sistema financeiro nacional mediante lei complementar; e, por fim, vii) art. 100
da Constituição e art. 97, §§ 2º e 3º, do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias de 1988 (ADCT).
Com efeito, no julgamento das ADIs 5455 (j. em 20.11.2019), 4114 (j. em
13.12.2019), 5747, 5456, 5080 (as três j. em 15.04.2020)e 5353 (j. em
11.05.2020), o STF entendeu que a administração da conta dos depósitos
judiciais e extrajudiciais constitui matéria processual (art. 22, I, da CF) e de
normas gerais de direito financeiro (art. 24, §1º, CF), motivo pelo qual se insere
na competência legislativa da União, o que resultou na declaração de
inconstitucionalidade das leis dos Estados de Alagoas, Sergipe, São Paulo, Rio
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Sim. Por unanimidade, o Plenário do STF julgou constitucional o artigo 40, caput
e §4º, da Lei 6.830/1980, e fixou parâmetros para se contar o início da prescrição
intercorrente na execução fiscal.
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De acordo com o art. 146, III, “b”, da CF/88, compete à lei complementar a
disciplina das normas gerais em matéria tributária, entre as quais se encontra a
prescrição.
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Já a Constituição de 1988, em seu artigo 146, inciso III, além de impor a edição
de lei complementar para dispor sobre normas gerais em matéria tributária,
especificou alguns assuntos que estão compreendidos em tal exigência, dentre
eles a prescrição e a decadência (146, inciso III, alínea “b”, CF).
Como se sabe, o CTN foi instituído pela Lei ordinária 5.172/1966, sob a égide da
Constituição de 1946, quando ainda não havia exigência de que lei
complementar deveria regular normas gerais de direito tributário. Foi com a
promulgação da Constituição de 1967 que se passou a se obrigar que lei
complementar regesse normas gerais de direito tributário, o que foi mantido nas
Constituições seguintes, como vimos acima.
Assim, com esse mesmo status de lei complementar que o CTN também foi
recepcionado pelas Constituições de 1967, 1969 e de 1988, nas matérias que
lhe foram reservadas, dentre elas, a dispor sobre prescrição tributária.
Dito isso, é possível entender o caráter normativo do art. 174 do CTN, que trata
sobre a prescrição tributária ordinária.
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BASTOS, Celso Ribeiro. Lei Complementar: teoria e comentários. 2. ed. São Paulo: Celso Bastos: Instituto Brasileiro
do Direito Constitucional, 1999.
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Eis a questão levada ao STF pela interposição do RE 636562: a LEF, que é lei
ordinária processual, poderia versar sobre a prescrição intercorrente tributária,
considerando a exigência constitucional de lei complementar para a disciplina do
instituto da prescrição tributária, nos termos do art. 146, III, “b”, da CF/1988?
O caso
Na origem, foi ajuizada uma ação de execução fiscal para a cobrança de créditos
tributários relativos a contribuições previdenciárias não recolhidas
tempestivamente.
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A União interpôs recurso de apelação e alegou que não deu causa à paralisação
do processo e que não foi intimada da decisão que determinou o arquivamento
do feito, o que contrariaria os arts. 25 da LEF e 20 da Lei 11.033/2004.
O TRF-4 negou provimento ao recurso, por entender que o art. 40, caput e § 4º,
da Lei nº 6.830/1980, conflita com o art. 174 do CTN, que prevê o prazo
prescricional de 5 (cinco) anos, sem elencar hipótese de suspensão.
Por unanimidade, o STF julgou constitucional o artigo 40, caput e §4º, da LEF,
pois esse dispositivo é compatível com o artigo 146, III, “b”, da CF/1988, que
reserva à lei complementar estabelecer normas gerais em matéria de legislação
tributária. Ainda, fixou parâmetro para saber o início do prazo da prescrição
tributária intercorrente.
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Assim, o CTN, que foi recepcionado pela Constituição Federal com status de lei
complementar, para a unanimidade dos ministros, deu uniformidade do
tratamento da matéria de prescrição tributária em âmbito nacional. O legislador
ordinário, ao editar a LEF, atuou na moldura definida pelo CTN em matéria
tributária, em respeito ao art. 146, III, “b”, da CF, e, ainda, especificou em relação
à parte processual, quando tratou de prescrição na execução fiscal, em respeito
ao art. 22, I, da CF (competência privativa da União para legislar sobre normas
de direito processual civil).
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Dito de outro modo, nãojanasalles01@gmail.com
se pode dizer que o prazo de suspensão de um ano
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deveria estar previsto em lei complementar, pois tal previsão da LEF é uma
condição processual para que haja o início da contagem do prazo
prescricional de 5 anos previsto no art. 174 do CTN.
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O caso
Ocorre que, segundo a autora, algumas decisões judiciais não têm aplicado o
Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal (Mutual Legal Assistance
Treaty - MLAT), nem o procedimento da carta rogatória, de forma a determinar
solicitação direta das informações à filial da empresa estrangeira sediada em
território pátrio, com fundamento em dispositivos do Código Civil, do Código de
Processo Civil e do Marco Civil da Internet, o que afrontaria o devido processo
legal, a igualdade e a livre iniciativa.
Por sua vez, o ministro Alexandre de Moraes ressaltou que o MLAT deve ser
aplicado quando for absolutamente impossível às autoridades judiciais
brasileiras a obtenção direta dos dados. Assim, sendo possível a solicitação
direta das informações com base no Marco Civil, esse deve ser o caminho a ser
adotado, tendo o MLAT e as cartas rogatórias papel complementar.
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