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Texto base:
É importante ressaltar aqui que, nesta luta hercúlea, o Estado, como lócus de resistência
humanística – como guardião da “certeza” e da “segurança” jurídicas – na complexa
contemporaneidade (pós-)moderna, conta com o poderoso reforço simbólico dos
direitos humanos fundamentais.
O raciocínio moderno, portanto, da soberania que opunha Estado e sociedade civil, não
pode ser desenvolvido mais hegemonicamente, principalmente em relação aos direitos
humanos, pois, diante da complexidade que envolve o aparelho de Estado, este se
tornou quase importante para garantir as políticas internas de implementação e garantia
dos direitos fundamentais, bem como insuficiente para a defesa dos direitos humanos
em face do choque provocado pela globalização neoliberal.
(...) não basta que novos direitos sejam reclamados em face de transformações sociais, é
preciso também buscar a abertura de espaços para as discussões a partir de variados
pontos de vista, sobretudo com base em novos paradigmas ou em paradigmas
revisitados à luz das necessidades, bem como considerando as dificuldades sociais
contemporâneas.
Por essa teoria (da proibição de retrocesso social), Cristina Queiroz entende que, de uma
sorte, “uma vez consagrada legalmente ‘as prestações sociais’, o legislador não pode
depois eliminá-las, sem alternativas ou compensações”.
Diante disso, verifica-se a conexão da dimensão social dos direitos fundamentais com a
temática aqui desenvolvida, pois a discussão em torno do conteúdo e da aplicação
desses direitos envolvem, necessariamente, a atuação do Estado e, consequentemente, a
justificação da necessidade de “manifestação concreta” de um Constitucionalismo
dirigente em prol da coletividade (...).
Em contraposição ao discurso defensivo da irreversibilidade dos direitos fundamentais
sociais, não se pode deixar de se referir ao argumento da reserva do possível, que, em
síntese, pode ser compreendida como a impossibilidade de prestação ou a ausência de
recursos materiais necessários ao cumprimento do dever prestacional previsto pelo texto
constitucional que torna o cidadão “credor do Estado” de um mínimo social de bens
constitucionalmente assegurados (...).
(...) o que se pode concluir de plano é que a crise provocada pelo choque entre o
discurso garantidor dos direitos sociais – que precisam ser efetivados para
proporcionarem ao menos as condições mínimas de inserção e reconhecimento sociais –
e o discurso limitador da reserva do impossível acaba desaguando, em última análise, na
crise do Estado social (...).
(...) o que, seguramente, se pode afirmar é que o modelo tradicional apresentado a partir
dos séculos XV-XVI sofreu impactos altamente contundentes e deformadores em seu
percurso histórico, em especial, a partir da segunda metade do século XX.
Em outras palavras, resume-se a crise como um fenômeno que não pode ser ignorado,
mas que, ao mesmo tempo, não faz desaparecer o poder, e sim uma determinada forma
de organização do poder, que teve seu ponto de força no conceito político-jurídico de
Soberania.
Em vista disso, é possível afirmar que “a maior crise desde a Grande Depressão da
década de 30 ocorreu na administração republicana de George W. Bush. E as respostas
intervencionistas também.
(...) o Estado social é necessário. Seja (ainda) no centro, seja na periferia do capitalismo
(pós)moderno. Nesses meses que sucederam os abalos causados pela crise de origem
norte-americana com seus desdobramentos em escala mundial em diferentes ambientes
de discussão, o consenso, quase geral, gravita em torno da necessidade de atuação
estatal.
(...) o Estado, mais vivo do que nunca, assume, neste final de primeira década deste
século, novos desafios, entre eles, o principal está justamente no paradoxal diálogo com
o então avassalador, e ora decadente, neoliberalismo, Nesse contexto é que se convoca
novamente a discussão sobre a possibilidade ainda de efetivação do texto constitucional.
(...) como instituição guardiã das promessas constitucionais, é indubitável que a atuação
da Jurisdição Constitucional seja extremamente salutar na luta pela concretização das
promessas da modernidade descumpridas no Brasil.