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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - CCB


CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS (108)

Disciplina: BEG7013 | Profº. André Ávila Ramos

Alunos: Ana Carolina Corrêa (20200198), Erick Hilarius Capitanio (19100280), Guilherme
Augusto Consolin (21101098), Gustavo Fernandes de Souza (21101781), Jacó Ferreira Canibal
(18200215)

Eletroforese - Conceitos e Aplicações

1) O que é a eletroforese?
Eletroforese é o movimento de partículas dispersas em um fluido sob a influência de
um campo elétrico. Em áreas como a biologia molecular, é uma técnica usada para análise de
DNA ou RNA, separando as moléculas por tamanho.
Normalmente, o DNA passa por um processamento antes de se realizar a eletroforese,
sendo fragmentado em pedaços menores. Os fragmentos são imersos em um gel, tipicamente
de agarose ou poliacrilamida, e corantes fluorescentes são aplicados para visualização.
Quando se aplica um campo elétrico uniforme, ácidos nucleicos migram em direção ao pólo
positivo, pois possuem carga resultante negativa. Moléculas maiores viajam menos, pois
sofrem mais resistência do gel.
Ao final do processo, se observam bandas fluorescentes a diferentes distâncias ao
longo da placa de gel, cada uma composta por um conjunto de moléculas de DNA de mesmo
tamanho. Esse padrão pode ser comparado a marcadores moleculares padronizados para se
determinar a qual peso molecular cada banda corresponde. Bandas mais óbvias e intensas
indicam maior presença de material genético.

2) Histórico da eletroforese
As bases da eletroforese têm sua origem a partir dos estudos do bioquímico alemão
Leonor Michaelis, no ano de 1909, quando ele notou que proteínas ao serem submetidas a um
campo elétrico se moviam. Sendo assim, chegou à conclusão de que seria possível realizar a
separação dessas moléculas em frações menores.
No entanto, o que tomamos como base atual para a eletroforese das proteínas vem do
trabalho desenvolvido pelo bioquímico sueco Arne Tiselius, em 1937. Por este motivo,
Tiselius ganhou o prêmio Nobel de Química de 1948. O seu trabalho falava sobre o
fracionamento das proteínas séricas através da eletroforese, que era feita à época com
equipamentos muito semelhantes a baterias de automóveis. Como essas separações ocorriam
em meio líquido, ela recebeu o nome de eletroforese em fase líquida.
Com a descoberta posterior do gel de agarose foi possível avanços significativos da
técnica de eletroforese. Vários tipos de amostras podiam ser utilizadas para o exame e tudo
isso no mesmo suporte de gel. Isso tornava a técnica muito mais prática e viável podendo ser
usada no dia a dia da vida laboratorial. O uso do gel de agarose também estimulou a produção
de outros tipos de géis alternativos como o gel de amido, em 1955, e o de acrilamida, em
1959. Mas somente o gel de acrilamida foi adaptado e teve algum melhoramento, com isso o
gel de amido foi caindo em desuso por não ser tão eficiente.
A partir do gel de acrilamida foi criado o gel de poliacrilamida, que era um gel que
possui características físicas ideais para se realizar uma eletroforese com alto poder de
seleção (através de densidade, elasticidade, transparência e tamanho dos poros). Mesmo
sendo muito mais eficiente, o seu uso é bastante oneroso para a rotina de análises de
amostras, o que o faz ficar restrito às pesquisas científicas.

3) Funcionamento da eletroforese
Cada uma das amostras de DNA que deseja-se examinar é transferida para um dos
poços presentes no gel próximo à extremidade negativa da cuba de eletroforese. Um poço é
reservado para uma escala de DNA, um padrão de referência que contém fragmentos de DNA
de comprimentos conhecidos.
Em seguida a cuba é ligada e a corrente começa a fluir através do gel. As moléculas
de DNA têm carga negativa devido aos grupos fosfato em seus nucleotídeos, assim ela
começa a se mover através da matriz de gel, para o polo positivo.
Pedaços mais curtos de DNA se deslocam através dos poros da matriz do gel de
agarose mais rapidamente do que os mais longos. Após um determinado período de tempo, os
pedaços mais curtos vão estar mais próximos do pólo positivo do gel, enquanto os mais
longos vão permanecer próximos dos poços.
Ao final da eletroforese, com os fragmentos separados, é possível analisar os
tamanhos de faixas encontradas no gel. Quando o gel é pigmentado com um corante que se
liga ao DNA e depois é submetido a luz UV, os fragmentos brilham, o que permite visualizar
o DNA presente em locais diferentes ao longo da extensão do gel. Uma linha bem definida de
DNA presente no gel é chamada de banda, cada banda contém um grande número de
fragmentos de DNA do mesmo tamanho que viajaram como um grupo para a mesma posição.
Pouca concentração de fragmentos não será visível no gel. Ao comparar as bandas formadas
pela amostra com a escala pré definida é possível determinar o tamanho aproximado dos
fragmentos de DNA da amostra.

4) Materiais e componentes da eletroforese


Agarose: é obtida a partir de algas marinhas e possui extrema facilidade de preparo,
bastando misturar o pó de agarose com a solução tampão e derreter por aquecimento. Por fim,
ao resfriar, transforma-se no gel de agarose que conhecemos.
Tampão de eletroforese: geralmente Tris-acetato-EDTA (TAE) ou Tris-borato-EDTA
(TBE).
Marcador de peso molecular: tem como objetivo padronizar o peso molecular
servindo como referência e monitoramento para a eletroforese.
Corante: este tem como função possibilitar a visualização do resultado da corrida sob
a luz ultravioleta. Antigamente era usado o brometo de etídeo no gel, contudo se tratava de
uma substância cancerígena. Uma alternativa a ele é o Unisafe, que consegue ser
extremamente seguro.
Cuba de eletroforese e fonte de eletroforese: tem como finalidade ser o recipiente
para se preparar o gel e, além disso, é através dele em que ocorre o fornecimento da corrente
necessária para se fazer uma corrida uniforme.
Transiluminador: é a fonte de luz UV ou LED que possibilita a visualização do
resultado da corrida de eletroforese.

5) Aplicações da eletroforese
Como já vimos, por se tratar de um método de separação de moléculas orgânicas, ela
é usada em muitas áreas. Por exemplo, na saúde:
Pode ser usada para detectar proteínas específicas numa amostra de sangue ou urina,
para auxiliar no diagnóstico daquela doença associadas à presença dessas proteínas, por
exemplo o câncer das células plasmáticas, onde o tipo de anticorpo produzido é usado para
classificar a doença. Ou no diagnóstico e monitoramento da diabetes, a eletroforese pode ser
utilizada para avaliar a excreção proteica na urina causada por lesão ou doença renal, ou
ainda, um rastrear um câncer ou doença autoimune.
Na medicina veterinária, além de auxiliar na detecção de doenças, a eletroforese pode
ser utilizada para determinar a composição protéica do leite da vaca.
Por último, a eletroforese de DNA é usada como auxiliar no exame genético de
plantas, animais, microorganismos e humanos. Sendo muito utilizada na ciência forense em
comparação entre DNAs de diferentes pessoas ou organismos, e também diferenciação de
espécies ou linhagens.

Referências:

OLIVEIRA, Evelyn de. ELETROFORESE: conceitos e aplicações. Enciclopédia Biosfera,


Goiania, jan. 2015. Disponível em:
https://www.conhecer.org.br/enciclop/2015c/agrarias/Eletroforese.pdf. Acesso em: 26 jul.
2022.

NAOUM, P. C. Eletroforese, técnicas e interpretação. 2. ed. v. 1, São Paulo: Editora Santos,


1999.

ENSINO REMOTO UFRN. Eletroforese. YouTube. Disponível em:


<https://www.youtube.com/watch?v=7QDGjO8d1l4>. Acesso em: 26 de julho de 2022.

https://sites.icb.ufmg.br/morfologia/pad-morf/eletroforese.htm

https://thumbs.gfycat.com/HospitableShamefulBeagle-size_restricted.gif

https://cesad.ufs.br/ORBI/public/uploadCatalago/11163316022012Biofisica_para_Biologos_au
la_5.pdf

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