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CADERNO DE INFORMATIVOS

Supremo Tribunal Federal

INFOS 1003 A 1006


(2021)

Por @LexMagis

Venda Proibida – Autorizado Compartilhamento


Atualizado até 13.03.2021

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Sumário
1. DIREITO ADMINISTRATIVO ................................................................................................... 3
1.1. Serviços Públicos .................................................................................................................. 3
1.2. Servidores Públicos ............................................................................................................... 3
2. DIREITO CIVIL ........................................................................................................................... 4
2.1. Condomínio Edilício ............................................................................................................. 4
2.2. Direito ao Esquecimento ....................................................................................................... 4
2.3. União Estável ........................................................................................................................ 4
3. DIREITO CONSTITUCIONAL .................................................................................................. 5
3.1. Autonomia Universitária ....................................................................................................... 5
3.2. Competências Legislativas .................................................................................................... 5
3.3. Direito à Saúde ...................................................................................................................... 6
3.4. Direito de Reunião................................................................................................................. 7
3.5. Imunidades Parlamentares ..................................................................................................... 8
3.6. Poder Legislativo ................................................................................................................... 8
3.7. Processo Legislativo .............................................................................................................. 9
3.8. Sociedade de Economia Mista .............................................................................................. 9
4. DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO ........................................... 10
4.1. Execução ............................................................................................................................. 10
5. DIREITO PROCESSUAL CIVIL .............................................................................................. 10
5.1. Execução ............................................................................................................................. 10
5.2. Precatórios ........................................................................................................................... 10
5.3. Repercussão Geral ............................................................................................................... 11
6. DIREITO PROCESSUAL PENAL ............................................................................................ 11
6.1. Colaboração Premiada ......................................................................................................... 11
6.2. Execução Penal.................................................................................................................... 12
6.3. Habeas Corpus ..................................................................................................................... 12
6.4. Recursos .............................................................................................................................. 12
7. DIREITO TRIBUTÁRIO ........................................................................................................... 13
7.1. Contribuições....................................................................................................................... 13
7.2. ICMS ................................................................................................................................... 13
7.3. Repartição de Receitas Tributárias ...................................................................................... 13

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CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA – DIZER O DIREITO

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – STF

1. DIREITO ADMINISTRATIVO
1.1. Serviços Públicos

É constitucional o art. 12 da Lei Geral das Antenas.


A Lei nº 13.116/2015 estabelece normas gerais para implantação e compartilhamento da
infraestrutura de telecomunicações. Esse diploma normativo ficou conhecido como Lei Geral das
Antenas.
O art. 12 dessa Lei proíbe que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios cobrem contraprestação
das concessionárias pelo direito de passagem em vias públicas, faixas de domínio e outros bens
públicos de uso comum na instalação de infraestrutura e redes de telecomunicações.
O regramento do direito de passagem previsto no art. 12, caput, da Lei Geral das Antenas (Lei nº
13.116/2015) se insere no âmbito da competência privativa da União para legislar sobre
telecomunicações (art. 22, IV, da CF/88) e sobre normas gerais de licitação e contratação
administrativa (art. 22, XXVII, da CF/88).
O art. 12 da Lei Geral das Antenas respeita os princípios constitucionais da eficiência e da moralidade
administrativa.
O ônus real advindo da gratuidade do direito de passagem estabelecido no art. 12 da Lei nº
13.116/2015 é adequado, necessário e proporcional em sentido estrito, considerando o direito de
propriedade restringido.
Do ponto de vista material, não é compatível com a ordem constitucional vigente o entendimento de
que o direito de propriedade — mesmo que titularizado por ente político — revista-se de garantia
absoluta.
Logo, não se pode dizer que essa restrição imposta pelo art. 12 tenha violado o direito constitucional
de propriedade.
STF. Plenário. ADI 6482/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/2/2021 (Info 1006).

1.2. Servidores Públicos

É inconstitucional lei que, ao aumentar a exigência de escolaridade de determinado cargo de


nível médio para superior, assegura isonomia remuneratória aos ocupantes dos cargos em
extinção que haviam feito concurso para o cargo de nível médio.
É inconstitucional o aproveitamento de servidor, aprovado em concurso público a exigir formação de
nível médio, em cargo que pressuponha escolaridade superior.
STF. Plenário. RE 740008/RR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 19/12/2020 (Repercussão Geral
– Tema 697) (Info 1003).

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2. DIREITO CIVIL
2.1. Condomínio Edilício

Importante
É possível a cobrança, por parte de associação, de taxas de manutenção e conservação de loteamento
fechado de proprietário não-associado.
É inconstitucional a cobrança por parte de associação de taxa de manutenção e conservação de
loteamento imobiliário urbano de proprietário não associado até o advento da Lei nº 13.465/2017, ou
de anterior lei municipal que discipline a questão, a partir da qual se torna possível a cotização dos
proprietários de imóveis, titulares de direitos ou moradores em loteamentos de acesso controlado,
que:
i) já possuindo lote, adiram ao ato constitutivo das entidades equiparadas a administradoras de
imóveis; ou
ii) sendo novos adquirentes de lotes, o ato constitutivo da obrigação esteja registrado no competente
Registro de Imóveis.
STF. Plenário. RE 695911, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/12/2020 (Repercussão Geral –
Tema 492) (Info 1003).

2.2. Direito ao Esquecimento

Importante
O ordenamento jurídico brasileiro não consagra o denominado direito ao esquecimento.
É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o
poder de obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e
licitamente obtidos e publicados em meios de comunicação social analógicos ou digitais. Eventuais
excessos ou abusos no exercício da liberdade de expressão e de informação devem ser analisados
caso a caso, a partir dos parâmetros constitucionais – especialmente os relativos à proteção da honra,
da imagem, da privacidade e da personalidade em geral – e as expressas e específicas previsões legais
nos âmbitos penal e cível.
STF. Plenário. RE 1010606/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2021 (Repercussão Geral –
Tema 786) (Info 1005).

2.3. União Estável

Importante
Em regra, não é possível o reconhecimento de união estável envolvendo pessoa casada nem a
existência de uniões estáveis simultâneas.
A preexistência de casamento ou de união estável de um dos conviventes, ressalvada a exceção do
artigo 1.723, § 1º, do Código Civil, impede o reconhecimento de novo vínculo referente ao mesmo
período, inclusive para fins previdenciários, em virtude da consagração do dever de fidelidade e da
monogamia pelo ordenamento jurídico-constitucional brasileiro.
STF. Plenário. RE 1045273, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 18/12/2020 (Repercussão
Geral – Tema 529) (Info 1003).
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3. DIREITO CONSTITUCIONAL
3.1. Autonomia Universitária

Importante
O Presidente da República tem liberdade para escolher como Reitor qualquer um dos três
nomes da lista a ele encaminhada, não sendo obrigado a nomear o mais votado.
A Lei nº 5.540/68, com redação dada pela Lei nº 9.192/95, prevê que a Universidade, por meio do
seu colegiado máximo, irá encaminhar ao Presidente da República uma lista com três nomes de
professores da instituição. A partir dessa lista tríplice, o Presidente escolhe um nome e o nomeia para
um mandato de 4 anos.
Essa opção legal pela escolha dos dirigentes máximos das universidades em ato complexo não ofende
a autonomia universitária, prevista no art. 207 da Constituição.
O ato de nomeação dos Reitores de universidades públicas federais, regido pela Lei nº 5.540/68, com
a redação dada pela Lei nº 9.192/95, não afronta o art. 207 da Constituição Federal, por não significar
tal ato um instrumento de implantação de políticas específicas determinadas pelo chefe do Poder
Executivo, nem indicar mecanismo de controle externo à autonomia universitária. Trata-se de
discricionariedade mitigada que, a partir de requisitos objetivamente previstos pela legislação federal,
exige que a escolha do chefe do Poder Executivo recaia sobre um dos três nomes eleitos pela
universidade.
STF. Plenário. ADPF 759 MC-Ref/DF, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Alexandre
de Moraes, julgado em 6/2/2021 (Info 1004).

3.2. Competências Legislativas

É inconstitucional lei estadual que reduziu o valor das mensalidades escolares durante a
pandemia da Covid-19.
É inconstitucional a legislação estadual que estabelece a redução obrigatória das mensalidades da
rede privada de ensino durante a vigência das medidas restritivas para o enfrentamento da emergência
de saúde pública decorrente do novo Coronavírus.
Essa lei viola a competência privativa da União para legislar sobre Direito Civil (art. 22, I, da CF/88).
Ao estabelecer uma redução geral dos preços fixados nos contratos para os serviços educacionais, a
leis alterou, de forma geral e abstrata, o conteúdo dos negócios jurídicos, o que as caracteriza como
norma de Direito Civil.
Os efeitos da pandemia sobre os negócios jurídicos privados, inclusive decorrentes de relações de
consumo, foram tratados pela Lei federal nº 14.010/2020. Ao estabelecer o Regime Jurídico
Emergencial e Transitório das relações jurídicas de Direito Privado (RJET) para o período, a norma
reduziu o espaço de competência complementar dos estados para legislar e não contém previsão geral
de modificação dos contratos de prestação de serviços educacionais.
STF. ADI 6575, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 18/12/2020 (Info 1003).

É inconstitucional lei estadual que obriga a concessão de descontos a idosos na compra de


medicamentos.
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É formalmente inconstitucional lei estadual que concede descontos aos idosos para aquisição de
medicamentos em farmácias localizadas no respectivo estado.
STF. Plenário. ADI 2435/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes,
julgado em 18/12/2020 (Info 1003).

É inconstitucional lei estadual que estabelece critério diferente das regras federais para o
ingresso de crianças no primeiro ano do ensino fundamental.
É inconstitucional lei estadual que fixa critério etário para o ingresso no Ensino Fundamental
diferente do estabelecido pelo legislador federal e regulamentado pelo Ministério da Educação.
STF. Plenário. ADI 6312, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/12/2020 (Info 1003).

3.3. Direito à Saúde

Importante
Poder Público pode determinar a vacinação compulsória contra a Covid-19 (o que é diferente
de vacinação forçada).
O STF julgou parcialmente procedente ADI, para conferir interpretação conforme à Constituição ao
art. 3º, III, “d”, da Lei nº 13.979/2020. Ao fazer isso, o STF disse que o Poder Público pode determinar
aos cidadãos que se submetam, compulsoriamente, à vacinação contra a Covid-19, prevista na Lei nº
13.979/2020.
O Estado pode impor aos cidadãos que recusem a vacinação as medidas restritivas previstas em lei
(multa, impedimento de frequentar determinados lugares, fazer matrícula em escola), mas não pode
fazer a imunização à força. Também ficou definido que os Estados-membros, o Distrito Federal e os
Municípios têm autonomia para realizar campanhas locais de vacinação. A tese fixada foi a seguinte:
(A) A vacinação compulsória não significa vacinação forçada, por exigir sempre o consentimento do
usuário, podendo, contudo, ser implementada por meio de medidas indiretas, as quais compreendem,
dentre outras, a restrição ao exercício de certas atividades ou à frequência de determinados lugares,
desde que previstas em lei, ou dela decorrentes, e
(i) tenham como base evidências científicas e análises estratégicas pertinentes;
(ii) venham acompanhadas de ampla informação sobre a eficácia, segurança e contraindicações dos
imunizantes;
(iii) respeitem a dignidade humana e os direitos fundamentais das pessoas;
(iv) atendam aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade; e
(v) sejam as vacinas distribuídas universal e gratuitamente; e
(B) tais medidas, com as limitações acima expostas, podem ser implementadas tanto pela União como
pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, respeitadas as respectivas esferas de competência.
STF. Plenário. ADI 6586, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 17/12/2020. (Info 1003).

Importante
É ilegítima a recusa dos pais à vacinação compulsória de filho menor por motivo de convicção
filosófica.
É constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina que, registrada em órgão de
vigilância sanitária, (i) tenha sido incluída no Programa Nacional de Imunizações ou (ii) tenha sua

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aplicação obrigatória determinada em lei ou (iii) seja objeto de determinação da União, estado,
Distrito Federal ou município, com base em consenso médico-científico.
Em tais casos, não se caracteriza violação à liberdade de consciência e de convicção filosófica dos
pais ou responsáveis, nem tampouco ao poder familiar.
STF. Plenário. ARE 1267879/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 16 e 17/12/2020
(Repercussão Geral – Tema 1103) (Info 1003).

Importante
Estados, Distrito Federal e Municípios podem importar vacinas?
1) Em princípio, as vacinas a serem oferecidas contra a covid-19 são aquelas incluídas no Plano
Nacional de Operacionalização da Vacinação elaborado pela União;
2) Se o plano for descumprido pela União ou se ele não atingir cobertura imunológica tempestiva e
suficiente contra a doença, os Estados, DF e Municípios poderão dispensar (conceder) à população
as vacinas que esses entes possuírem, desde que tenham sido previamente aprovadas pela Anvisa;
3) Se a Anvisa não expedir a autorização competente, no prazo de 72 horas, os Estados, DF e
Municípios poderão importar e distribuir vacinas que já tenham sido registradas nos EUA (EUA), na
União Europeia (EMA), no Japão (PMDA) ou na China (NMPA). Além disso, tais entes poderão
também importar e distribuir quaisquer outras vacinas que já tenham sido aprovadas, em caráter
emergencial (Resolução DC/ANVISA 444, de 10/12/2020), pela ANVISA.
Nas exatas palavras do STF:
Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no caso de descumprimento do Plano Nacional de
Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 ou na hipótese de cobertura imunológica
intempestiva e insuficiente, poderão dispensar às respectivas populações:
a) vacinas das quais disponham, previamente aprovadas pela Anvisa; e
b) no caso não expedição da autorização competente, no prazo de 72 horas, vacinas registradas por
pelo menos uma das autoridades sanitárias estrangeiras e liberadas para distribuição comercial nos
respectivos países, bem como quaisquer outras que vierem a ser aprovadas, em caráter emergencial.
STF. Plenário. ADPF 770 MC-Ref/DF e ACO 3451 MC-Ref/MA, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,
julgado em 24/2/2021 (Info 1006).

É dever do Poder Público elaborar e implementar plano para o enfrentamento da pandemia


COVID-19 nas comunidades quilombolas.
O STF determinou que a União elaborasse plano de combate à Covid-19 para população quilombola,
com a participação de representantes da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades
Negras Rurais Quilombolas – Conaq.
Além disso, o STF deferiu pedido para suspender os processos judiciais, notadamente ações
possessórias, reivindicatórias de propriedade, imissões na posse, anulatórias de processos
administrativos de titulação, bem como os recursos vinculados a essas ações, sem prejuízo dos
direitos territoriais das comunidades quilombolas até o término da pandemia.
STF. Plenário. ADPF 742/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Edson Fachin,
julgado em 24/2/2021 (Info 1006).

3.4. Direito de Reunião

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Importante
O que se entende por aviso prévio para os fins do direito de reunião do art. 5º, XVI, da CF/88?
O art. 5º, XVI, da CF/88 prevê o direito de reunião nos seguintes termos:
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada
para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; Qual é o sentido de
“prévio aviso” mencionado pelo dispositivo constitucional?
O STF fixou a seguinte tese:
A exigência constitucional de aviso prévio relativamente ao direito de reunião é satisfeita com a
veiculação de informação que permita ao poder público zelar para que seu exercício se dê de forma
pacífica ou para que não frustre outra reunião no mesmo local.
STF. Plenário. RE 806339/SE, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Edson Fachin,
julgado em 14/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 855) (Info 1003).

3.5. Imunidades Parlamentares

Importante
Caso Deputado Eduardo Silveira.
O Deputado Federal Eduardo Silveira publicou vídeo no YouTube no qual, além de atacar
frontalmente os Ministros do STF, por meio de diversas ameaças e ofensas, expressamente propagou
a adoção de medidas antidemocráticas contra a Corte, bem como instigou a adoção de medidas
violentas contra a vida e a segurança de seus membros, em clara afronta aos princípios democráticos,
republicanos e da separação de Poderes.
Tais condutas, além de tipificarem crimes contra a honra do Poder Judiciário e dos Ministros do STF,
são previstas como crime na Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7.170/1973).
Não é possível invocar a imunidade parlamentar material (art. 53, da CF/88), neste caso. Isso porque
a imunidade material parlamentar não deve ser utilizada para atentar frontalmente contra a própria
manutenção do Estado Democrático de Direito.
As condutas criminosas do parlamentar configuram flagrante delito, pois verifica-se, de maneira clara
e evidente, a perpetuação dos delitos acima mencionados, uma vez que o referido vídeo continuava
disponível e acessível a todos os usuários da internet.
Os crimes que, em tese, foram praticados pelo Deputado são inafiançáveis por duas razões:
1) porque foram praticados contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (art. 5º, XLIV, da
CF/88; art. 323, III, do CPP); e
2) porque, no caso concreto, estão presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão
preventiva, de sorte que estamos diante de uma situação que não admite fiança, com base no art. 324,
IV, do CPP.
Encontra-se, portanto, configurada a possibilidade constitucional de prisão em flagrante de
parlamentar pela prática de crime inafiançável, nos termos do § 2º do art. 53 da CF/88.
STF. Plenário. Inq 4781 Ref, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 17/2/2021 (Info 1006).

3.6. Poder Legislativo

Importante

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Não é possível a recondução dos presidentes das casas legislativas para o mesmo cargo na
eleição imediatamente subsequente, dentro da mesma legislatura, sendo permitido em caso de
nova legislatura.
Não é possível a recondução dos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal para o
mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente, dentro da mesma legislatura.
Por outro lado, é possível a reeleição dos Presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal
em caso de nova legislatura.
Ex: o mandato de Presidente da Câmara e de Presidente do Senado é de 2 anos. Cada legislatura tem
a duração de 4 anos. Imagine que João foi eleito Deputado Federal para a legislatura de 2013 a 2016.
Suponhamos que ele foi escolhido para ser Presidente da Câmara no período de 2013-2014. Significa
que João não poderá ser reeleito como Presidente da Câmara para o biênio de 2015-2016. Isso porque
seria uma reeleição dentro da mesma legislatura.
Ex2: Pedro foi eleito Deputado Federal para a legislatura de 2013 a 2016. Suponhamos que ele foi
escolhido para ser Presidente da Câmara no período de 2015-2016. Em 2016, ele foi reeleito Deputado
Federal para a legislatura de 2017 a 2020. Significa que Pedro poderá ser novamente Presidente da
Câmara para no biênio de 2017-2018. Isso porque seria uma reeleição para nova legislatura.
O fundamento para isso está no art. 57, § 4º da CF/88:
§ 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro
ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2
(dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente.
Havia uma tentativa de se dar interpretação conforme e dizer que o § 4º do art. 57 da CF/88 foi
derrogado pela Emenda Constitucional nº 16/97, que permitiu uma reeleição para os cargos do Poder
Executivo. O STF, contudo, não concordou com a alegação e manteve a literalidade do art. 57, § 4º.
STF. Plenário. ADI 6524, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14/12/2020 (Info 1003).

3.7. Processo Legislativo

Importante
Não é possível republicar uma lei já sancionada, promulgada e publicada para incluir novos
vetos, ainda que sob o argumento de que se trata de mera retificação da versão original.
Não se admite “novo veto” em lei já promulgada e publicada.
Manifestada a aquiescência do Poder Executivo com projeto de lei, pela aposição de sanção,
evidencia-se a ocorrência de preclusão entre as etapas do processo legislativo, sendo incabível
eventual retratação.
STF. Plenário. ADPF 714/DF, ADPF 715/DF e ADPF 718/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 13/2/2021 (Info 1005).

3.8. Sociedade de Economia Mista

Importante
É desnecessária, em regra, lei específica para inclusão de sociedade de economia mista ou de
empresa pública em programa de desestatização.
O art. 37, XIX, da CF/88 afirma que é necessária a edição de uma lei específica para se autorizar a
instituição de uma sociedade de economia mista ou uma empresa pública.

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Para que ocorra a desestatização da empresa estatal também necessária lei específica ou basta uma
autorização genérica prevista em lei que veicule programa de desestatização?
A Lei nº 9.491/97 tratou sobre o Programa Nacional de Desestatização e autorizou a desestatização
de empresas estatais. Essa lei genérica é suficiente?
Em regra, sim. É desnecessária, em regra, lei específica para inclusão de sociedade de economia mista
ou de empresa pública em programa de desestatização. Não se aplica o princípio do paralelismo das
formas.
Exceção: em alguns casos a lei que autorizou a criação da empresa estatal afirmou expressamente que
seria necessária lei específica para sua extinção ou privatização. Nesses casos, obviamente, não é
suficiente uma lei genérica (não basta a Lei nº 9.491/97), sendo necessária lei específica.
STF. Plenário. ADI 6241/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 6/2/2021 (Info 1004).

4. DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO


4.1. Execução

Importante
É inconstitucional a previsão da TR como índice de correção monetária dos débitos trabalhistas
e dos depósitos recursais no âmbito da Justiça do Trabalho.
É inadequada a aplicação da Taxa Referencial (TR) para a correção monetária de débitos trabalhistas
e de depósitos recursais no âmbito da Justiça do Trabalho.
Devem ser utilizados na Justiça Trabalhista os mesmos índices de correção monetária vigentes para
as condenações cíveis em geral: o Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-
E), na fase pré-judicial, e, a partir da citação, a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e
Custódia (SELIC).
STF. Plenário. ADC 58/DF, ADC 59/DF, ADI 5867/DF e ADI 6021/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 18/12/2020 (Info 1003).

5. DIREITO PROCESSUAL CIVIL


5.1. Execução

Importante
Impenhorabilidade de pequena propriedade rural constituída de mais de um terreno, desde
que a área total seja inferior a 4 módulos fiscais.
É impenhorável a pequena propriedade rural familiar constituída de mais de 01 (um) terreno, desde
que contínuos e com área total inferior a 04 (quatro) módulos fiscais do município de localização.
STF. Plenário. ARE 1038507, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 18/12/2020 (Repercussão Geral
– Tema 961) (Info 1003).

5.2. Precatórios

Os §§ 3º e 4º do art. 535 do CPC/2015 são constitucionais.

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Os Estados e o Distrito Federal devem observar o prazo de dois meses, previsto no art. 535, § 3º, II,
do CPC, para pagamento de obrigações de pequeno valor.
Não é razoável impedir a satisfação imediata da parte incontroversa de título judicial, devendo-se
observar, para efeito de determinação do regime de pagamento — se por precatório ou requisição de
pequeno valor —, o valor total da condenação.
STF. Plenário. ADI 5534/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/12/2020 (Info 1003).

5.3. Repercussão Geral

Não há repercussão geral na discussão sobre a validade de ato editado pelo TJ que previa a
conversão da ação individual em incidente de liquidação no bojo da execução de sentença
coletiva.
Não há repercussão geral na controvérsia em que se questiona a validade de regulamento editado por
órgão do Judiciário estadual que, com base na lei de organização judiciária local, preceitua a
convolação de ação individual em incidente de liquidação no bojo da execução de sentença coletiva
proferida em Juízo diverso do inicial.
STF. Plenário. RE 1040229/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/12/2020 (Info 1003).

6. DIREITO PROCESSUAL PENAL


6.1. Colaboração Premiada

Caso a proposta de acordo aconteça entre a sentença e o julgamento pelo Tribunal, a


homologação ocorrerá no julgamento pelo Tribunal e constará do acórdão.
A homologação de acordo de colaboração, em regra, terá que se dar perante o juízo competente para
autorizar as medidas de produção de prova e para processar e julgar os fatos delituosos cometidos
pelo colaborador.
Caso a proposta de acordo aconteça entre a sentença e o julgamento pelo órgão recursal, a
homologação ocorrerá no julgamento pelo Tribunal e constará do acórdão.
STF. 2ª Turma. HC 192063/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 2/2/2021 (Info 1004).

Importante
Cabe habeas corpus contra a decisão que não homologa ou que homologa apenas parcialmente
o acordo de colaboração premiada.
Atualmente, não existe previsão legal de recurso cabível em face de não homologação ou de
homologação parcial de acordo. Logo, deve ser possível a impetração de habeas corpus.
A homologação do acordo de colaboração premiada é etapa fundamental da sistemática negocial
regulada pela Lei nº 12.850/2013, estando diretamente relacionada com o exercício do poder punitivo
estatal, considerando que nesse acordo estão regulados os benefícios concedidos ao imputado e os
limites à persecução penal.
STF. 2ª Turma. HC 192063/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 2/2/2021 (Info 1004).
Obs: a 6ª Turma do STJ possui julgado afirmando que: a apelação criminal é o recurso adequado
para impugnar a decisão que recusa a homologação do acordo de colaboração premiada, mas ante

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a existência de dúvida objetiva é cabível a aplicação do princípio da fungibilidade (REsp 1834215-
RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 27/10/2020. Info 683).

6.2. Execução Penal

STF deferiu medida liminar em habeas corpus coletivo impetrado pela DPU para determinar
que os juízes e Tribunais do país cumpram a Recomendação 62/2020 do CNJ e adotem uma
série de medidas para evitar a propagação da Covid-19 nos estabelecimentos prisionais.
Diante da persistência do quadro pandêmico de emergência sanitária decorrente da Covid-19 e
presentes a plausibilidade jurídica do direito invocado, bem como o perigo de lesão irreparável ou de
difícil reparação a direitos fundamentais das pessoas levadas ao cárcere, admite-se — analisadas as
peculiaridades dos processos individuais pelos respectivos juízos de execução penal, e desde que
presentes os requisitos subjetivos — a adoção de medidas tendentes a evitar a infecção e a propagação
da Covid-19 em estabelecimentos prisionais, dentre as quais a progressão antecipada da pena.
STF. 2ª Turma. HC 188820 MC-Ref/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 24/2/2021 (Info 1006).

6.3. Habeas Corpus

Importante
Cabe habeas corpus contra a decisão que não homologa ou que homologa apenas parcialmente
o acordo de colaboração premiada.
Atualmente, não existe previsão legal de recurso cabível em face de não homologação ou de
homologação parcial de acordo. Logo, deve ser possível a impetração de habeas corpus.
A homologação do acordo de colaboração premiada é etapa fundamental da sistemática negocial
regulada pela Lei nº 12.850/2013, estando diretamente relacionada com o exercício do poder punitivo
estatal, considerando que nesse acordo estão regulados os benefícios concedidos ao imputado e os
limites à persecução penal.
STF. 2ª Turma. HC 192063/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 2/2/2021 (Info 1004).
Obs: a 6ª Turma do STJ possui julgado afirmando que: a apelação criminal é o recurso adequado
para impugnar a decisão que recusa a homologação do acordo de colaboração premiada, mas ante
a existência de dúvida objetiva é cabível a aplicação do princípio da fungibilidade (REsp 1834215-
RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 27/10/2020. Info 683).

6.4. Recursos

Pedido de reconsideração não suspende prazo nem impede a preclusão.


Os pedidos de reconsideração carecem de qualquer respaldo no regramento processual vigente. Eles
não constituem recursos, em sentido estrito, nem mesmo meios de impugnação atípicos. Por isso, não
suspendem prazos e tampouco impedem a preclusão.
STF. 2ª Turma. Rcl 43007 AgR/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 9/2/2021 (Info
1005).

O art. 46 da LC 75/93 atribui competência exclusiva à Procuradoria-Geral da República para


oficiar nos processos em curso perante o STF.

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O Min. Ricardo Lewandowski proferiu decisão monocrática determinando ao Juízo da 13ª Vara
Federal de Curitiba/PR que liberasse à defesa do ex-Presidente Lula acesso às provas colhidas na
“Operação Spoofing”. O Ministro autorizou que a defesa tivesse acesso, inclusive, às mensagens que
foram supostamente trocadas entre o então Juiz Sergio Moro com integrantes da força-tarefa da Lava
Jato e que estavam com hackers suspeitos de invadir celulares.
Os Procuradores da República que integram a força-tarefa da “Operação Lava Jato” ingressaram com
petição, em nome próprio e de terceiros, pedindo a reconsideração da decisão do Ministro.
O pedido não foi conhecido. O colegiado entendeu que os membros do Ministério Público de primeiro
grau não possuem legitimidade para postular na causa.
O art. 46 da LC 75/93 (Lei Orgânica do Ministério Público da União) atribui competência exclusiva
à Procuradoria-Geral da República para oficiar nos processos em curso perante o STF.
Os trechos das mensagens trocadas e que vieram a público não veicularam quaisquer comunicações
de natureza pessoal ou familiar nem expuseram a vida privada ou a intimidade de nenhum dos
interlocutores, mas apenas supostos diálogos travados por membros do Ministério Público entre si e
com Sérgio Moro acerca de investigações e ações penais em pleno exercício das respectivas
atribuições e em razão delas. Para o STF, essas conversas não estão cobertas pelo sigilo.
A questão relativa à autenticidade ou ao valor probatório de elementos colhidos pela defesa é tema a
ser resolvido no bojo dos processos nos quais venham a ser juntados, mas não na reclamação,
sabidamente de estreitos limites.
STF. 2ª Turma. Rcl 43007 AgR/DF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 9/2/2021 (Info
1005).

7. DIREITO TRIBUTÁRIO
7.1. Contribuições

ICMS integra a base de cálculo da CPRB.


É constitucional a inclusão do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS na base
de cálculo da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta – CPRB.
STF. Plenário. RE 1187264/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 24/2/2021 (Repercussão Geral – Tema 1048) (Info 1006).

7.2. ICMS

Antes da EC 87/2015, o estado de destino não podia cobrar ICMS quando a mercadoria tivesse
sido adquirida de forma não presencial, em outra unidade federativa, por consumidor final não
contribuinte do imposto.
É inconstitucional lei estadual anterior à EC nº 87/2015 que estabeleça a cobrança de ICMS pelo
Estado de destino nas operações interestaduais de circulação de mercadorias realizadas de forma não
presencial e destinadas a consumidor final não contribuinte desse imposto.
STF. Plenário. ADI 4565/PI, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 24/2/2021 (Info 1006).

7.3. Repartição de Receitas Tributárias

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O mecanismo da DRU não pode ser equiparado à criação de imposto residual pela União e,
portanto, não se aplica a ele o art. 157, II, da CF/88, que obriga o repasse de 20% dos recursos
aos Estados e DF.
A repartição de receitas prevista no art. 157, II, da Constituição Federal não se estende aos recursos
provenientes de receitas de contribuições sociais desafetadas por meio do instituto da Desvinculação
de Receitas da União (DRU) na forma do art. 76 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
(ADCT).
STF. Plenário. ADPF 523/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 6/2/2021 (Info 1004).

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