Você está na página 1de 36

PÍLULAS DE NOÇÕES GERAIS DO DIREITO

1) Sociologia jurídica:
- Necessidade cada vez maior de aproximação do Poder Judiciário
da população em geral, sobretudo para resgate da confiança e para
criação de uma cultura jurídica democrática.
- Utilização de linguagem mais acessível.
- Necessidade de modernização das faculdades e das escolas de
Direito, com abandono do conservadorismo e da ideia de que existe
distanciamento entre o operador do Direito e as demais pessoas.
- O profissional do Direito deve estar ciente de que sua formação não
acaba na faculdade, e de que deve procurar estudar outros assuntos
interdisciplinares, a fim de não existir apego exagerado aos códigos.
- Compreensão de que as relações jurídicas não são as únicas
formas de solução de litígios, conferindo-se maior importância às
relações sociais diversas (como religião, grupos de apoio,
associações de moradores...)
- Compreensão de que há uma mútua dependência entre Direito e
sociedade, pois onde não existe direito não existe sociedade, e
reciprocamente. Ou seja, o Direito é apenas mais uma das formas de
controle social, mas é a mais efetiva, em virtude da sua coercibilidade
e possibilidade de sanção. Ao mesmo tempo, o Direito não existe por
si só, ele existe no meio social e em razão da sociedade, pois um
indivíduo isolado não carece de Direito.
- Compreensão de que o Direito regula a sociedade, mas que é
influenciado por esta, acompanhando-a em seus avanços e em seus
retrocessos.

1.1) Resolução de conflitos: pode se dar pelo controle informal


(religião, cultura, escola, grupos de apoio, arbitragem...) ou pelo
formal (órgãos e instituições públicas, como polícia, MP e Judiciário).
O controle formal deve ser subsidiário.
Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
LEI 9.307/96 - Lei de Arbitragem

Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da


arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais
disponíveis.

§ 1o A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se


da arbitragem para dirimir conflitos relativos a direitos
patrimoniais disponíveis.

§ 2o A autoridade ou o órgão competente da administração pública


direta para a celebração de convenção de arbitragem é a mesma
para a realização de acordos ou transações.

Art. 2º A arbitragem poderá ser de direito ou de eqüidade, a


critério das partes.

§ 1º Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que


serão aplicadas na arbitragem, desde que não haja violação aos
bons costumes e à ordem pública.

§ 2º Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se


realize com base nos princípios gerais de direito, nos usos e
costumes e nas regras internacionais de comércio.

§ 3o A arbitragem que envolva a administração pública será


sempre de direito e respeitará o princípio da publicidade.

Art. 3º As partes interessadas podem submeter a solução de


seus litígios ao juízo arbitral mediante convenção de arbitragem,
assim entendida a cláusula compromissória (ANTES DO
CONFLITO) e o compromisso arbitral (DEPOIS DO CONFLITO).

Art. 4º A cláusula compromissória é a convenção através da qual as


partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os
litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato.

§ 1º A cláusula compromissória deve ser estipulada por escrito,


podendo estar inserta no próprio contrato ou em documento
apartado que a ele se refira.

Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
§ 2º Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá
eficácia se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou
concordar, expressamente, com a sua instituição, desde que por
escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto
especialmente para essa cláusula.

Art. 8º A cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato


em que estiver inserta, de tal sorte que a nulidade deste não
implica, necessariamente, a nulidade da cláusula
compromissória.

Parágrafo único. Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por


provocação das partes, as questões acerca da existência, validade e
eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a
cláusula compromissória.

Art. 9º O compromisso arbitral é a convenção através da qual as


partes submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas,
podendo ser judicial ou extrajudicial.

§ 1º O compromisso arbitral judicial celebrar-se-á por termo nos


autos, perante o juízo ou tribunal, onde tem curso a demanda.

§ 2º O compromisso arbitral extrajudicial será celebrado por


escrito particular, assinado por duas testemunhas, ou por
instrumento público.

Art. 13. Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a
confiança das partes.

§ 1º As partes nomearão um ou mais árbitros, sempre em


número ímpar, podendo nomear, também, os respectivos suplentes.

§ 2º Quando as partes nomearem árbitros em número par, estes


estão autorizados, desde logo, a nomear mais um árbitro. Não
havendo acordo, requererão as partes ao órgão do Poder Judiciário
a que tocaria, originariamente, o julgamento da causa a nomeação
do árbitro, aplicável, no que couber, o procedimento previsto no art.
7º desta Lei.

Art. 14. Estão impedidos de funcionar como árbitros as pessoas


que tenham, com as partes ou com o litígio que lhes for submetido,
Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
algumas das relações que caracterizam os casos de impedimento ou
suspeição de juízes, aplicando-se-lhes, no que couber, os mesmos
deveres e responsabilidades, conforme previsto no Código de
Processo Civil.

Art. 17. Os árbitros, quando no exercício de suas funções ou em


razão delas, ficam equiparados aos funcionários públicos, para os
efeitos da legislação penal.

Art. 18. O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que


proferir não fica sujeita a recurso ou a homologação pelo Poder
Judiciário.

Art. 22-A. Antes de instituída a arbitragem, as partes poderão


recorrer ao Poder Judiciário para a concessão de medida cautelar ou
de urgência. (Incluído pela Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência)

Parágrafo único. Cessa a eficácia da medida cautelar ou de


urgência se a parte interessada não requerer a instituição da
arbitragem no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data de efetivação
da respectiva decisão. (Incluído pela Lei nº 13.129, de
2015) (Vigência)

Art. 22-B. Instituída a arbitragem, caberá aos árbitros manter,


modificar ou revogar a medida cautelar ou de urgência concedida
pelo Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 13.129, de
2015) (Vigência)

Parágrafo único. Estando já instituída a arbitragem, a medida


cautelar ou de urgência será requerida diretamente aos árbitros.

Art. 23. A sentença arbitral será proferida no prazo estipulado


pelas partes. Nada tendo sido convencionado, o prazo para a
apresentação da sentença é de seis meses, contado da instituição
da arbitragem ou da substituição do árbitro.

§ 1o Os árbitros poderão proferir sentenças


parciais. (Incluído pela Lei nº 13.129, de
2015) (Vigência)

Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
§ 2o As partes e os árbitros, de comum acordo, poderão
prorrogar o prazo para proferir a sentença final. (Incluído
pela Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência)

§ 1º Quando forem vários os árbitros, a decisão será tomada por


maioria. Se não houver acordo majoritário, prevalecerá o voto do
presidente do tribunal arbitral.

§ 2º O árbitro que divergir da maioria poderá, querendo, declarar


seu voto em separado.

Art. 31. A sentença arbitral produz, entre as partes e seus


sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos
órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui
título executivo.

Ainda, mesmo que acionado o Poder Judiciário, deve-se dar


prevalência para as técnicas de conciliação (sem vínculo e sugere
solução) e mediação.
Conciliador: atuará preferencialmente nos casos em que não
houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções
para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de
constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem.

Mediador: atuará preferencialmente nos casos em


que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos
interessados a compreender as questões e os interesses em conflito,
de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação,
identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem
benefícios mútuos.

Art. 166. § 2o Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções,


o conciliador e o mediador, assim como os membros de suas
equipes, não poderão divulgar ou depor acerca de fatos ou
elementos oriundos da conciliação ou da mediação.

Art. 166.§ 3o Admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o


objetivo de proporcionar ambiente favorável à autocomposição.

Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
§ 4o A mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre
autonomia dos interessados, inclusive no que diz respeito à definição
das regras procedimentais.

Art. 168. § 1o O conciliador ou mediador escolhido pelas partes


poderá ou não estar cadastrado no tribunal.

Art. 167. § 5o Os conciliadores e mediadores judiciais cadastrados


na forma do caput, se advogados, estarão impedidos de exercer a
advocacia nos juízos em que desempenhem suas funções.

Art. 172. O conciliador e o mediador ficam impedidos, pelo prazo de


1 (um) ano, contado do término da última audiência em que atuaram,
de assessorar, representar ou patrocinar qualquer das partes.

1.2) Administração da Justiça: o Poder Judiciário é um subsistema


do sistema político e, como tal, recebe interferências externas (como
a opinião pública) que influenciam em suas decisões, as quais, por
sua vez, influenciam nos demais subsistemas. A principal
consequência disso é a constatação de que a ideia difundida de que
juízes são sempre imparciais e equidistantes das partes é falsa, pois
todos os membros do Judiciário tomam decisões baseados em suas
convicções pessoais.
Com isso, os juízes passaram a ser vistos como protagonistas
dentro do cenário político, e como atores fundamentais na construção
da justiça, recebendo maior atenção da Sociologia Jurídica.

Essa mudança na Sociologia Jurídica, que começa após o


fim da Segunda Guerra, segundo Boaventura, refere-se a duas
reações sociais; a primeira delas refere-se às lutas sociais por
grupos que até então não possuíam representatividade, como
os negros, os estudantes e a pequena burguesia. A ascensão
desses grupos excluídos da vida política faz com que se traga
para o centro do debate a discussão sobre a igualdade dos
cidadãos perante a lei e a igualdade da lei perante os cidadãos.

Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
A segunda condição social que contribuiu para essa
mudança de foco da Sociologia do Direito foi a chamada crise
da administração da justiça, que começa na década de 60, a
partir do Estado Social e perdura até os dias atuais. De
inclinações assistencialistas, esse modelo de Estado visava à
diminuição das desigualdades e, para isso, expandiu os direitos
sociais, gerando novas possibilidades aos trabalhadores. A
integração, entretanto, causa um aumento dos litígios
emergentes dos novos direitos sociais desses trabalhadores e
revela a incapacidade do Estado de expandir os serviços de
Administração da Justiça e dar conta dessa nova demanda
verificada.

O grande desafio, a partir do crescimento da demanda pelos


provimentos judiciais, foi se compreender como se efetivar a justiça,
diante dos inúmeros problemas que se verificavam.

Não é possível se vislumbrar uma mudança, antes da realização


de um diagnóstico do momento atual da justiça brasileira. Para se
trabalhar numa solução, é necessário que inicialmente se
identifiquem as principais causas que tornaram o sistema judiciário
brasileiro ineficiente (ABRANTES, 2014), segundo opinião não
somente da Organização das Nações Unidas, mas de grande parte
daqueles que recorrem ao Judiciário para a resolução de seus
conflitos. A verdade é que a ineficiência da prestação jurisdicional é
um tema hoje estudado, além do Direito, pela Economia, Sociologia
e Filosofia, em virtude de este ser um problema multidisciplinar.

José Luis Bolzan de Morais (2005, p. 4-5), tratando a respeito


da crise na administração da justiça brasileira, sinaliza que essa
pode ser vista por diferentes prismas: um primeiro de feição
estrutural, que se refere a suas instalações, pessoal,
equipamentos, custos, remuneração etc.; o segundo de caráter
objetivo, diz respeito à burocracia e a morosidade dos
procedimentos judiciais, bem como ao acúmulo de demandas;

Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
o terceiro de feições subjetivas, debruça-se sobre a questão dos
operadores jurídicos e sua relativa incapacidade para lidar com
as novas realidades fáticas.

É importante para a produção de melhores resultados um


sistema de controle interno que de fato funcione. Por exemplo, seria
interessante uma avaliação do atendimento ao público de cada
cartório, medindo-se a eficiência do serviço prestado, de acordo com
indicadores pré-estabelecidos. No Poder Judiciário, não se avalia o
atendimento ao público, nem premiando o empregado eficiente, nem
punindo o desidioso.

Em se tratando de controle externo do judiciário, o primeiro


órgão que se sobressai é o Conselho Nacional de Justiça. Criado
pela Emenda Constitucional nº. 45/2004, conhecida como Reforma
do Judiciário, o CNJ é instituído por duas razões principais:
estabelecer padrões para o funcionamento e organização dos
tribunais e a necessidade de existência de um controle sobre o único
dos três poderes que não se submete ao crivo do voto popular. Ao
Conselho compete o controle da atuação administrativa e financeira
Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes[4].

O controle do CNJ é importante para a realização da justiça, ele


é a consciência da condição humana dos juízes e existe não para
diminuir o poder do Judiciário, mas sim para lhe conferir mais poder,
entretanto sob uma nova complexidade. É importante que o
magistrado, peça chave para a consecução da justiça, tenha
liberdade no desempenho de sua função, entretanto esta não poderá
ser independente de limites.

Não é difícil perceber porque o magistrado é figura central para


a realização da justiça. O processo é o instrumento por excelência da
tutela do direito. O direito se realizará, ou não, através do processo.
O juiz, por sua vez, é o protagonista do processo, está em suas mãos
fazer com que a justiça seja independente, eficaz, acessível e
confiável. Como responsável pelo processo, o magistrado acaba
Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
sendo o último garantidor de um mundo mais justo e quem deve fazer
do Poder Judiciário algo confiável e cristalino (GERLERO, 2006. P.
379).

A missão do juiz, portanto, não pode esgotar-se no


processo, compreendendo hoje a defesa do regime
democrático, dos direitos fundamentais, a redução das
desigualdades sociais. O juiz possui uma função social que vai
muito além de realizar o direito entre as partes e recompor
o status quo ante. O juiz deve ter seus olhos voltados para o
futuro. A função social do juiz e os fins sociais do Direito
libertam a lei de seu texto fincado no momento de sua feitura ou
de sua promulgação. A democratização do Direito passa pela
efervescência judicial e pela ampliação funcional do Judiciário
(ROCHA, 1998).

O juiz, no contexto do Estado Democrático de Direito, não


pode mais ser aquele operador do direito inerte e passivo, o
novo modelo social não aceita mais essa postura do Poder
Judiciário, que sai da sua posição de distanciamento para
aproximar-se da sociedade. Além disso, a decisão do
magistrado em um processo não possui mais seus efeitos
restritos apenas às partes litigantes, as decisões acabam por
influenciar outras causas e outras esferas de poder, gerando
transformações na sociedade.

O Juiz, claro que sem extrapolar o marco jurídico-


constitucional, deverá procurar dirimir os conflitos do modo
socialmente mais justo, desempenhando um papel totalmente
distinto do juiz legalista-positivista criado pela Revolução
Francesa para ser la bouche de la loi, a boca da lei.

A Sociologia do Direito contribui para uma democratização da


administração da justiça, no sentido de que demonstra que uma
melhor formação dos magistrados é medida essencial para que isto
ocorra. Como já afirmou Boaventura de Sousa Santos, é preciso que
Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
se assuma o risco de uma magistratura culturalmente esclarecida[7],
pois se, por um lado, isso resultará numa maior reivindicação de
poderes, por parte dos magistrados, que se sentirão mais aptos à
análise casuística. Por outro lado, gerará decisões mais submetidas
a valores sociais e políticos do que à própria legalidade, que não deve
ser visto como um problema, mas como um processo necessário à
democratização da justiça.

2) Teoria da norma jurídica (Hans Kelsen): a norma jurídica se


diferencia da lei natural, pois, enquanto esta apenas declara as
relações existentes sem produzir efeitos, aquela se destina a
modificar o estado das coisas através de seus efeitos jurídicos.
O Direito é um conjunto de normas de conduta, entendendo-se estas
como os valores axiológicos juridicamente protegidos que
fundamentam o ordenamento legal. Por sua vez, a norma se traduz
em tudo o que se estabelece como base ou medida para a realização
ou a avaliação de algum fato. Trata-se do modelo, do padrão de
conduta e ação para o indivíduo em sociedade (dever ser),
sendo, via de regra, uma fórmula abstrata daquilo que deve ser
seguido e obedecido, em todos os fatos humanos que admitem
um juízo de valor por parte dos indivíduos.
Conforme magistério consagrado de Hans Kelsen[6], a norma
jurídica deve ser analisada sob diversos planos de estudo, o qual
passa-se a discorrer, de forma sintética.

a) existência: trata-se da verificação se a norma ingressou no


ordenamento jurídico, adquirindo vigência, mediante a obediência do
devido processo legislativo para tanto;

b) validade: cuida-se de verificar se a norma em vigor encontra-se


procedimentalmente compatível (análise formal) e com conteúdo
consonante (análise material), dentro do ordenamento jurídico
vigente, com a norma que lhe é hierarquicamente superior. Segundo
o escalonamento de normas proposto pelo catedrático austríaco
Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
susomencionado, a norma jurídica que goza de prelazia sobre as
demais é a constituição, sendo seguida pelos atos legislativos
produzidos pelo parlamento (Poder Constituído Legislativo) e, estes,
pelos atos administrativos produzidos pela administração pública
(Poder Constituído Executivo);

c) eficácia: é a qualidade e a aptidão da norma para produção de


seus regulares efeitos jurídicos, no sentido de criar vínculos
obrigacionais entre os indivíduos, gerando direitos e deveres entre
estes;

d) efetividade: trata-se da aceitação da norma no meio social em


que ela produzirá seus regulares efeitos jurídicos, traduzindo-se na
receptividade desta com seu conseqüente acolhimento entre os
indivíduos;

e) aplicabilidade: é a delimitação do campo de incidência da norma


jurídica, no sentido de se circunscrever quais são os segmentos da
sociedade que se encontram sob a égide da mesma, isto é, que se
encontram sobre o império de sua observância cogente;

f) revogação: é a retirada da norma do ordenamento jurídico,


operando efeitos no campo da existência. Observe-se que somente
uma norma de igual hierarquia é capaz de revogar outra, retirando-
lhe do campo de existência;

g) declaração de inconstitucionalidade: traduz-se no


reconhecimento de incompatibilidade formal (procedimento) e/ou
material (conteúdo) de uma norma em face daquela que lhe é
hierarquicamente superior e lhe outorga validade. Assim, uma vez
declarada inconstitucional determinado ato legislativo, constata-se
que este não possui fundamento de validade que o torne apto à
produção de seus regulares efeitos jurídicos.

Por sua vez, as normas se dividem em duas espécies, os princípios


e as regras, conforme se passa a estudar.

Princípios
Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
Os princípios são a viga mestra do direito, sendo comandos gerais
dotados de alto grau de abstração, com amplo campo de incidência
e abrangência, que orientam a produção legislativa do ordenamento
jurídico e a aplicação das regras pelo operador.

Traduzem-se, portanto, em comandos de orientação para a atividade


legislativa de produção do direito positivo, isto é, das leis escritas. Em
razão de sua função precípua, resta claro que os princípios não se
prestam, prima facie, para investir o indivíduo na titularidade de
direito subjetivo, uma vez que são normas cujo campo de
aplicabilidade não se encontram previamente definidos pelo
legislador, em face da coletividade sobre a qual incide seus efeitos.
Outrossim, os princípios podem estar ou não explícitos dentro do
ordenamento jurídico, servindo, muito mais, como instrumentos
de interpretação e de integração do direito, nesta hipótese, tão-
somente, nos casos em que ocorram vácuos legislativos, isto é,
ausência de norma específica incidente sobre o campo de
aplicabilidade para o caso sub examine.
Neste sentido, há que se ter em mente que, para o operador do
direito, a norma-princípio traduz-se em mandamento de otimização
da atividade parlamentar, servindo de diretiva para o legislador,
bem como, para o operador do direito, de parâmetro de
delimitação de aplicabilidade do direito positivo às situações
fáticas cotidianas a serem subsumidas ao direito positivo. Em
razão de seu maior campo de amplitude, os princípios admitem maior
flexibilização às situações sociais, quando da aplicação da
literalidade do texto da norma aos casos concretos.

Havendo concorrência na aplicação de princípios, está será


resolvida por meio de exercício de ponderação de interesses, na
qual, mediante um juízo axiológico, deverá se estabelecer, dentro da
hipótese em tela, qual terá primazia sobre os demais, inclusive no
que se refere à análise de casos concretos entre indivíduos sob a
tutela do Poder Público. Assim, em caso de eventual colisão
normativa entre princípios, esta será resolvida, em cada caso,
mediante exercício ponderado de interesses casuísticos,
sobrepondo-os de maneira condicionada, a fim de garantir a prelazia
do princípio que melhor se aplica à situação sub examine.
Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
Regras
As regras são comandos aplicáveis em um campo de incidência
específico, com elementos próximos ao direito comum, capazes de
investir um indivíduo na titularidade de direitos subjetivos, os
quais, por uma questão de segurança jurídica, tem de estar
previamente estabelecidos dentro do ordenamento vigente, por meio
dos atos legislativos aptos a inovar, no sentido de criar direitos,
diretamente correlacionados a deveres que lhes são inerentes.

Resta claro que, o comando normativo da regra aplica-se no


campo de ação individual de cada pessoa, sendo mais restrito
na realização de seus objetivos, quando previamente
positivados no ordenamento jurídico vigente, não admitindo
tamanha amplitude e flexibilização por parte do operador do
direito, sob pena de se violar a segurança jurídica e a separação
harmônica dos Poderes Constituídos do Estado.

O conflito de aplicabilidade entre normas regras é resolvido por


meio do exercício das técnicas de especialidade, no qual a regra
especial prevalece sobre a geral, temporariedade, no qual a
regra mais recente tem primazia sobre a mais antiga, e
hierarquia, no qual a regra oriunda de norma hierarquicamente
superior prefere a regra inferior.

3) Princípio da proporcionalidade: a maioria da doutrina usa como


sinônimo de razoabilidade. A proporcionalidade é utilizada como
uma forma de ponderação entre dois ou mais princípios
constitucionais que estejam em conflito, determinando, em cada
caso, qual deve prevalecer sobre o outro.
O princípio da proporcionalidade, que se identifica com a
razoabilidade, tem três elementos ou subprincípios:

a) adequação: o ato administrativo deve ser efetivamente capaz


de atingir os objetivos pretendidos;

Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
b) necessidade: o ato administrativo utilizado deve ser, de todos os
meios existentes, o menos restritivo aos direitos individuais;

c) proporcionalidade em sentido estrito: deve haver uma


proporção adequada entre os meios utilizados e os fins
desejados (custo-benefício). Proíbe não só o excesso (exagerada
utilização de meios em relação ao objetivo almejado), mas também
a insuficiência de proteção (os meios utilizados estão aquém do
necessário para alcançar a finalidade do ato).

4) Direito e moral:
a) Diferenças

- Direito visa ao social; moral ao aperfeiçoamento pessoal do homem.

- Direito e moral não possuem a mesma extensão: Moral regula toda


a conduta humana, individual e social, interessando-lhe o que é
puramente interno, enquanto o direito regulamenta somente certos
aspectos parciais da vida social (as relações jurídicas)

- A moral considera a conduta preferentemente de dentro para fora,


enquanto o direito de fora para dentro.

- Direito, ao contrário da moral, é atributivo, pode ser


heterônomo e é coercível.

- No direito, há sanção e previsibilidade objetiva.

- Na Moral, não há poder de exigir. Aqui temos uma bilateralidade


subjetiva, isto é, a moral determina que se faça, mas ao destinatário
do comando cabe fazer ou não.

- Já no Direito a bilateralidade é atributiva, ou seja, há uma relação


objetiva que independe das vontades dos sujeitos. Essa objetividade

Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
traz como consequência, justamente, a exigibilidade, já que, quando
uma pessoa falha, à outra a faculdade exigir o que a norma jurídica
preceitua.

- Foi Kant o primeiro pensador a trazer à luz essa nota diferenciadora


afirmando ser a Moral autônoma e o Direito heterônomo [...] Há no
Direito, um caráter de “alheidade” do individuo, com relação a regra.
Dizemos, então, que o Direito é heterônomo, visto ser posto por
terceiros aquilo que juridicamente somos obrigados a cumprir
(coercibilidade).” Já a moral é cumprida de forma espontânea.

- Por fim porque sempre haverá algo considerado lícito pelo direito
que contraria a moral.

b) Semelhanças

- Existe um campo comum entre direito e moral, uma área que


contém regras que são jurídicas e ao mesmo tempo morais.

5) Filosofia jurídica
5.1) Direito natural x Direito Positivo:
- Direito natural: é pressuposto, ou seja, superior ao Estado. É
universal (pertencente a todas as pessoas), perene, imutável e
atemporal. Sua base é de ordem abstrata, ou seja, anterior ao Direito
positivo. Também é chamado de jusnaturalismo, pode ser entendido,
em resumo, como conjunto de valores e princípios inerentes a todo
ser humano, sendo independente do Estado ou de leis, baseado
apenas na moral.
- Direito positivo: é posto pelo Estado. Determinado no tempo e no
espaço. Sua base é de ordem concreta, baseada na estabilidade da
sociedade. Em síntese, o juspositivismo pode ser entendido como o
conjunto de normas jurídicas, formalizadas pelo Estado por meio das
leis escritas.

Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
5.2 Positivismo jurídico
- Encara o direito como fato, e não como valor (como faziam os
jusnaturalistas).
- Define o direito a partir do elemento da coação.
- Trabalha com enfoque no conjunto de normas, e não apenas nas
normas isoladas, criando-se a ideia do ordenamento jurídico.
- Teoria do ordenamento jurídico de Bobbio:
. Unidade: as normas devem ser vistas como um todo, como um
sistema único que forma o ordenamento.
. Coerência: o ordenamento não pode ter normas incompatíveis
entre si (antinomias).
. Completude: o ordenamento é completo, sem lacunas, sempre
existindo uma norma aplicável ao caso concreto.
- Teoria Pura do Direito de Kelsen:
. Jurisprudência: Kelsen assinala que “a jurisprudência normativa
trata da validade do direito; a jurisprudência sociológica, da sua
eficácia” (KELSEN, Hans. A teoria pura do direito a jurisprudência
analítica. In: _____. O que é justiça. São Paulo: Martins Fontes,
2001,p. 265).

. Norma jurídica: norma é o sentido de um ato através do qual uma


conduta é prescrita, permitida ou, especialmente, facultada, no
sentido de adjudicada à competência de alguém. Neste ponto
importa salientar que a norma, como o sentido específico de um ato
intencional dirigido à conduta de outrem, é qualquer coisa de
diferente do ato de vontade cujo sentido ela constitui. Na verdade, a
norma é um dever-ser e o ato de vontade de que ela constitui o
sentido é um ser.

. Interpretação:

A interpretação autêntica é realizada pelo órgão jurídico


competente e, portanto, criadora de direito e fonte formal do mesmo.
Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
A interpretação não-autêntica é realizada individualmente por um
cidadão e, especialmente, pela ciência jurídica e não é criadora de
direito sendo assim fonte material do direito.

Segundo Kelsen as normas não são completamente precisas. Todas


possuem um certo nível de vagueza e por isso, em dado momento,
o órgão competente de direito precisa escolher uma das
possibilidades de interpretação que determinada norma possui. Em
outros palavras, Kelsen explícita que a norma superior cria uma
espécie de moldura, que limita a atuação da norma inferior, onde
existem várias possibilidades legais de aplicação do direito.

A interpretação, portanto, é responsável pela escolha de uma das


possibilidades que se inserem nessa moldura do direito. Ela pode ser
dividida em duas partes distintas. Primeiramente o intérprete se
manteria neutro, agindo única e exclusivamente através de um
ato cognoscitivo (um ato desprovido de vontade, ou seja, um ato
apenas de conhecimento). Essa interpretação cognoscitiva
serviria para definir a moldura e conhecer todas as
possibilidades de ação possíveis legalmente. Posteriormente
através de um ato de vontade o intérprete dentro das
possibilidades definidas anteriormente escolherá uma de suas
opções. É importante ressaltar que Kelsen afirma não haver uma
opção certa, sendo assim, a escolha de uma das possibilidades
é puramente subjetiva.

. Pirâmide normativa (sentido jurídico da CF):


Outra importante concepção de Constituição foi a preconizada
por Hans Kelsen, criador da Teoria Pura do Direito.

Nessa concepção, a Constituição é entendida como norma jurídica


pura (puro dever-ser), sem qualquer consideração de cunho
sociológico, político ou filosófico. Ela é a norma superior e
fundamental do Estado, que organiza e estrutura o poder político,
limita a atuação estatal e estabelece direitos e garantias individuais.

Para Kelsen, a Constituição não retira o seu fundamento de validade


dos fatores reais de poder, é dizer, sua validade não se apoia na
realidade social do Estado (mas sim em uma norma hipotética

Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
pressuposta, abstrata). Essa era, afinal, a posição defendida por
Lassale, em sua concepção sociológica de Constituição que, como é
possível perceber, se opunha fortemente à concepção kelseniana.

Para Kelsen, se a constituição já está no topo da pirâmide normativa,


servindo de fundamento para as demais normas, qual seria seu
fundamento? Seria uma norma hipotética, pressuposta e abstrata,
não positivada e não escrita, mas sim pensada.

Constituição, pois, deve poder ser entendida no sentido: a) lógico-


jurídico: norma fundamental hipotética: fundamental porque é ela
que nos dá o fundamento da Constituição; hipotética porque essa
norma não é posta pelo Estado é apenas pressuposta. Não está a
sua base no direito positivo ou posto, já que ela própria está no topo
do ordenamento; e b) jurídico-positivo: é aquela feita pelo poder
constituinte, constituição escrita, é a norma que fundamenta todo o
ordenamento jurídico.

Com o objetivo de explicar o fundamento de validade das normas,


Kelsen concebeu o ordenamento jurídico como um sistema em que
há um escalonamento hierárquico das normas (piramidal). Sob
essa ótica, as normas jurídicas inferiores (normas fundadas) sempre
retiram seu fundamento de validade das normas jurídicas superiores
(normas fundantes). Assim, um decreto retira seu fundamento de
validade das leis ordinárias; por sua vez, a validade das leis
ordinárias se apoia na Constituição.

6) Hermenêutica
6.1) Retórica e Nova Retórica: retórica é a “arte de bem falar”, é a
demonstração de eloquência diante do público, mediante uso da
argumentação para ganhar uma causa ou defender uma tese. É a
arte da persuasão por argumentos.
A retórica positivista traz a noção de argumentação científica,
matemática, racional e lógica, que não admite juízos de valor.
Segundo a ótica positivista, sempre se pode demonstrar a veracidade
de alguns fatos e de proposições lógicas e matemáticas, mas nunca
de um juízo de valor, que será sempre controvertido. Pode-se provar
Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
racionalmente que 2+2 = 4, mas não que uma determinada atitude é
mais justa do que outra.
Já a Nova Retórica, inaugurada por Perelman (um ex-positivista),
defende ser possível a inserção de juízos de valor no discurso
argumentativo racional. Essa concepção chama a atenção para a
“arte da discussão”, e não somente para a arte da persuasão. Isto é,
a Nova Retórica ou Teoria da Argumentação Jurídica afirma que a
lógica da argumentação é uma lógica dos valores, uma lógica do
razoável, do relativo, do preferível, e não uma lógica matemática e
absoluta.

6.2) Hermenêutica constitucional:


Segundo Canotilho, são métodos de interpretação constitucional: a)
jurídico ou hermenêutico-clássico; b) tópico-problemático; c)
hermenêutico-concretizador; d) científico-espiritual; e e) normativo-
estruturante.

1. Método jurídico ou hermenêutico-clássico: Parte da premissa


de que a Constituição é uma lei, devendo ser interpretada como
tal (tese da identidade entre a interpretação constitucional e
interpretação legal), dispondo o intérprete dos seguintes elementos
tradicionais ou clássicos da hermenêutica jurídica, que remontam à
Escola Histórica do Direito de Savigny, de 1840: a) gramatical (ou
literal); b) histórico; c) sistemático (ou lógico); d) teleológico (ou
racional); e e) genético.

2. Método tópico-problemático: Criado por Theodor Viehweg,


que, em 1953, publicou a sua obra Tópica e Jurisprudência. Para este
método, deve a interpretação partir da discussão do problema
concreto que se pretende resolver para, só ao final, se identificar a
norma adequada. Parte-se do problema (caso concreto) para a
Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
norma, fazendo caminho inverso dos métodos tradicionais, que
buscam a solução do caso a partir da norma.

A tópica desenvolvida por THEODOR VIEHWEG, adota os


chamados "topoi" (lugares ou premissas comuns) como norte
da atividade interpretativa. Os tópicos, por sua vez, cobram o
seu sentido sempre a partir do problema a cuja elucidação se
destinam. A interpretação deve ter um caráter prático, no qual a
discussão do problema passa a ter preferência sobre a
discussão da norma em si. GUARDE PARA SUA PROVA: como as
normas são abstratas, não abrangendo todos os casos possíveis,
não pode haver simples subsunção delas ao caso concreto. Por isso
discute-se o problema, e elegem-se os topoi, que são diretivas,
critérios e princípios para a sua solução adequada. -> parte do
problema para a norma.

3. Método hermenêutico-concretizador: Parte da ideia de que a


leitura do texto, em geral, e da Constituição, deve se iniciar pela pré-
compreensão do seu sentido através de uma atividade criativa do
intérprete. Ao contrário do método tópico-problemático,
que pressupõe o primado do problema sobre a norma, o método
concretista admite o primado da norma constitucional sobre o
problema. Considera a interpretação constitucional como
uma atividade de concretização da Constituição, circunstância que
permite ao intérprete determinar o próprio conteúdo material da
norma. Seu idealizador foi Hesse. -> parte da norma para o
problema.

4. Método científico-espiritual: Idealizado por Rudolf Smend, este


método dispõe que a interpretação constitucional deve levar em
consideração a compreensão da Constituição como uma ordem de
valores e como elemento do processo de integração. Assim, a
interpretação deve aprofundar-se na pesquisa do conteúdo
axiológico subjacente ao texto, pois só o recurso à ordem de valores
obriga a uma captação espiritual desse conteúdo axiológico último da
Constituição. -> leva em conta o espírito valorativo da CF.

5. Método normativo-estruturante: Parte da premissa de que existe


uma relação necessária entre o texto e a realidade. Foi idealizado
por Friederich Müller, que afirma que o texto é apenas a ponta do
Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
iceberg, não compreendendo a norma apenas o texto, mas também
um pedaço da realidade social. É um método também concretista,
diferenciando-se dele, porém, na medida em que a norma a ser
concretizada não está inteiramente no texto, sendo o resultado entre
este e a realidade. -> norma = texto + realidade social.

6.3) Tipos de interpretação:

1) quanto ao método:

a) literal ou gramatical: busca revelar o sentido da norma com base


em uma análise gramatical;

b) lógica ou racional: utiliza-se de raciocínios lógicos que


consideram a razão da existência da norma, sua intenção e o
momento em que foi criada;

c) sistemática: interpreta a norma tendo em conta o ordenamento a


que está inserida, considerando todos os demais dispositivos que,
direta ou indiretamente, possuam o mesmo objeto;

d) histórica: análise a norma a partir dos seus antecedentes,


verificando as circunstâncias históricas que a precederam, bem como
o seu processo legislativo;

e) finalística ou teleológica: é a que busca interpretar a finalidade


da norma de modo a atender as exigências sociais.

2) quanto à origem:

a) doutrinária: é a realizada pelos estudiosos do Direito;

b) jurisprudencial: é a realizada pelos juízes e tribunais;

c) autêntica: é a realizada pelo legislador.

Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
3) quanto aos resultados:

a) declarativa: é a que apenas declara o exato alcance da norma.

b) extensiva ou analógica: é aquela que estende o alcance da


norma (a norma disse menos do que devia dizer);

c) restritiva: é que restringe o alcance da norma (a norma disse mais


do que devia).

7) Antinomias: também chamada de “lacuna de conflito”, é a


presença de duas ou mais normas conflitantes, válidas e
emanadas de autoridade competente, sem que a lei afirme qual delas
deva ser aplicada a um caso concreto. A antinomia pode ser:
7.1) Aparentes: quando os critérios para a solução forem as normas
integrantes do próprio ordenamento jurídico. O conflito é apenas
aparente. Uma das normas será aplicada ao caso concreto, sendo
que a norma não utilizada naquele caso continua válida e existente
no sistema jurídico, podendo ser aplicada em outras
hipóteses. Critérios para solução: hierárquico, especialidade e
cronológico (anterioridade).

7.2) Reais (ou lacuna de colisão): quando não há na ordem jurídica


qualquer critério normativo para solucionar o impasse. Somente se
elimina este tipo de antinomia com a edição de uma nova norma. Na
prática, o Juiz acaba harmonizando os dispositivos ou simplesmente
eliminando uma das normas de colisão, com base nos arts. 4° e 5°
da LINDB (interpretação corretiva).
Sendo hipótese de antinomia real, dois caminhos poderiam ser
dados. O primeiro pelo Poder Legislativo com a edição de uma
terceira norma, dizendo o que deve ser aplicado. O segundo pelo
Poder Judiciário, com a adoção do “princípio máximo da justiça”,
Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
analisando cada caso concreto e optando pela mais justa. O Juiz
deve aplicar uma das duas normas, tentando solucionar o conflito
acordo com a sua livre convicção, desde que devidamente motivada,
aplicando os arts. 4° (analogia, costumes e princípios gerais de
direito) e 5° (função social da norma e exigências do bem comum),
da LINDB.

A antinomia ainda se classifica em:

1) Primeiro grau: o conflito envolve apenas um dos critérios


acima mencionados. Situações: havendo conflito entre uma
norma superior e outra inferior, aplica-se a primeira
(hierárquico); no conflito entre uma norma anterior e outra
posterior, aplica-se esta última (cronológico); no conflito entre
uma norma geral e outra especial, também se aplica esta última
(especialidade).

2) Segundo grau: o conflito envolve mais de um daqueles


critérios. Situações:

a) Concorrendo os critérios hierárquico e


anterioridade (conflito entre uma norma superior-anterior
com outra inferior-posterior): prevalece o
hierárquico (aplica-se a norma superior-anterior, pois a
hierarquia das normas é um critério mais sólido que o
temporal);

b) Concorrendo os critérios de especialidade e anterioridade


(norma especial-anterior com norma geral-posterior):
prevalece o da especialidade (aplica-se a lei especial,
ainda que ela seja mais antiga);

c) Concorrendo os critérios hierárquico e


especialidade (norma superior-geral com norma inferior-
especial): não há consenso na doutrina. A maioria entende
que não é possível aplicar um critério sobre o outro sem
contrariar a adaptabilidade do Direito, portanto não há qualquer
predominância de um critério sobre o outro. No entanto alguns
autores entendem que seria hipótese de aplicação do critério
hierárquico, principalmente quando está envolvida a
Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
Constituição Federal: uma norma constitucional geral deve
prevalecer sobre uma lei ordinária especial, pois se se
admitisse o princípio de que uma lei ordinária especial pudesse
derrogar normas constitucionais, os princípios fundamentais do
ordenamento jurídico estariam destinados a esvaziar-se,
rapidamente, de seu conteúdo.

8) Teoria da Justiça:
8.1) Platão: senso de justiça ligado a condutas benéficas à
comunidade (pólis).
8.2) Aristóteles: senso de justiça ligado ao equilíbrio, à equidade e
à noção de que justiça é um hábito, uma virtude.
8.3) Sofistas: justo é o que está na lei. O homem é a medida de
todas as coisas. Relativismo moral.
8.4): Sócrates: justo é aquilo que é ético e moral.
8.5) Kant: Todo ser dotado de razão tem capacidade moral e não
necessita de nenhum código ditado pela filosofia ou qualquer outro
sistema de regras para conhecê-la e decidir-se pelo bem ou pelo
mal. "Justa é somente a ação sob cuja máxima a liberdade de
arbítrio de cada um pode coexistir com a liberdade de todos".
8.6) Kelsen: Sustentou Kelsen que a justiça é valor constituído por
uma norma jurídica que serve como esquema de interpretação de
conduta: é justa a conduta que corresponde a essa norma, e será
injusta a que a contrariar. Kelsen acreditava que justiça não podia ser
definida cientificamente, filosoficamente ou religiosamente.
8.7) Rawls: o homem se insere primordialmente por uma posição
original na qual se encontram envoltos por um véu da ignorância,
ponto a partir do qual todas as pessoas podem ser consideradas
livres e iguais. Esta é a condição para sua concepção de justiça, de
uma sociedade bem-ordenada, em outras palavras, os princípios
adotados na posição original deverão ser acessíveis a todos os
cidadãos e orientarão as instituições, a fim de ser possível se atingir
a base de legitimidade política.
Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
9) Fontes do direito
Fontes Materiais: Editadas em regra pela União;

Exceção: Estados (Delegação por Lei Complementar)

Fontes Formais: Imediatas - > CF, Leis infraconstitucionais,


Tratados Regras e Convenções de Direitos Internacionais, Súmulas
Vinculantes

Mediatas: -> Analogia, Costumes, Princípios Gerais


do Direito, Doutrina, Jurisprudência

* Costumes são fontes informais.

10) LINDB

Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em


todo o país quarenta e cinco dias (45) depois de oficialmente
publicada. -> essa regra não se aplica aos atos administrativos.

§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei


brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de
oficialmente publicada.

§ 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação


de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos
parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.

§ 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei


nova.
Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor
até que outra a modifique ou revogue.

§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o


declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule
inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. -> a revogação
pode ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogação).

§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais


a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.

§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se


restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.-> vedação da
repristinação tácita. Não confundir com efeito repristinatório, que
ocorre no controle de constitucionalidade difuso. Nada mais é do que
o retorno da vigência de uma lei que foi revogada por outro declarada
inconstitucional, em virtude do princípio da nulidade do ato
inconstitucional, que já nasce eivado de nulidade, portanto, não
poderia ter revogado nenhuma lei.

Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a


conhece.

Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo


com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.->
métodos de integração. Equidade não é forma de integração, mas
sim aplicação da justiça no caso concreto, que pode ser usada
quando expressamente prevista em lei.

Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que


ela se dirige e às exigências do bem comum.

Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o


ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa
julgada. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957).

Retroatividade máxima: prejudicará ato jurídico perfeito, coisa julgada e


direito adquirido, aplicando-se plenamente.
Retroatividade média: aplica-se aos fatos e atos passados, em relação aos
efeitos futuros de atos passados E efeitos PENDENTES. Não afeta o ato
Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
jurídico perfeito, coisa julgada e direito adquirido. Exemplo: nova taxa de
juros aplicando-se às prestações vencidas e não pagas em um contrato de
trato continuado.
Retroatividade mínima: aplica-se aos fatos e atos passados, mas apenas
em relação aos efeitos FUTUROS. Exemplo: nova taxa de juros não se
aplicando-se às prestações vencidas e não pagas, mas apenas às
vincendas.
Os dispositivos de uma nova Constituição se aplicam imediatamente,
alcançando os "efeitos futuros de fatos passados" (retroatividade mínima).
Para desconstituírem "fatos consumados" (retroatividade máxima) ou
mesmo "prestações anteriormente vencidas e não pagas" (retroatividade
média), é necessária a declaração constitucional expressa nesse sentido
(STF - AI 258.337 AgR/MG e RE 242.740/MG).

§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a


lei vigente ao tempo em que se efetuou. (Incluído pela
Lei nº 3.238, de 1957)

§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu


titular, ou alguém por êle, possa exercer, como aquêles cujo comêço
do exercício tenha têrmo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida
inalterável, a arbítrio de outrem. (Incluído pela Lei nº
3.238, de 1957)

§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial


de que já não caiba recurso. (Incluído pela Lei nº 3.238,
de 1957)

Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as
regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a
capacidade e os direitos de família. -> PERNOCADI DOMICÍLIO.

§ 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei


brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da
celebração. -> CABRA IMPEFO

§ 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante


autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os
nubentes. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957)

§ 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de


invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal.

§ 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do


país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a
do primeiro domicílio conjugal.

§ 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode,


mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato
de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a
adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os
direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente
registro. (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 1977)

§ 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os


cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de
1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de
separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação
produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas

Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior
Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá
reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas
em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio
de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos
legais. (Redação dada pela Lei nº 12.036, de 2009).

§ 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família


estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do
tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda.

§ 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á


domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se
encontre.

Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles


concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados.

§ 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o


proprietário, quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se
destinarem a transporte para outros lugares.

§ 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa,


em cuja posse se encontre a coisa apenhada.

Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei


do país em que se constituirem.

§ 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e


dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as
Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos
do ato.

§ 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituida no


lugar em que residir o proponente.

Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do


país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que
seja a natureza e a situação dos bens.

§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será


regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja
mais favorável a lei pessoal do de cujus. (Redação
dada pela Lei nº 9.047, de 1995)

§ 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a


capacidade para suceder.

Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo,


como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em
que se constituirem.

§ 1o Não poderão, entretanto ter no Brasil filiais, agências ou


estabelecimentos antes de serem os atos constitutivos aprovados
pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira.

§ 2o Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de


qualquer natureza, que eles tenham constituido, dirijam ou hajam
investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens
imóveis ou susceptiveis de desapropriação.

Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
§ 3o Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade
dos prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos ou
dos agentes consulares. (Vide Lei nº 4.331, de 1964)

Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando


for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a
obrigação.

§ 1o Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das


ações relativas a imóveis situados no Brasil.

§ 2o A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido


o exequatur e segundo a forma estabelecida pele lei brasileira, as
diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente,
observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências.

Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-


se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-
se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei
brasileira desconheça.

Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir


de quem a invoca prova do texto e da vigência.

Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no


estrangeiro, que reuna os seguintes requisitos:

a) haver sido proferida por juiz competente;

b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado


à revelia;

c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades


necessárias para a execução no lugar em que foi proferida;
Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
d) estar traduzida por intérprete autorizado;

e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. PELO


STJ. (Vide art.105, I, i da Constituição Federal).

Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 12.036,


de 2009).

Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver


de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem
considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei.-> vedação
de reenvio.

Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como


quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil,
quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons
costumes.

Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as


autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e
os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de
nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no
país da sede do Consulado. (Redação dada pela Lei nº
3.238, de 1957)

§ 1º As autoridades consulares brasileiras também poderão


celebrar a separação consensual e o divórcio consensual de
brasileiros, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e
observados os requisitos legais quanto aos prazos, devendo constar
da respectiva escritura pública as disposições relativas à descrição e
à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao
acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou
à manutenção do nome adotado quando se deu o
casamento. (Incluído pela Lei nº 12.874, de 2013) Vigência

§ 2o É indispensável a assistência de advogado, devidamente


constituído, que se dará mediante a subscrição de petição,
Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
juntamente com ambas as partes, ou com apenas uma delas, caso a
outra constitua advogado próprio, não se fazendo necessário que a
assinatura do advogado conste da escritura
pública. (Incluído pela Lei nº 12.874, de 2013) Vigência

Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo


anterior e celebrados pelos cônsules brasileiros na vigência
do Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, desde que
satisfaçam todos os requisitos legais. (Incluído pela Lei
nº 3.238, de 1957)

Parágrafo único. No caso em que a celebração dêsses atos tiver


sido recusada pelas autoridades consulares, com fundamento no
artigo 18 do mesmo Decreto-lei, ao interessado é facultado renovar
o pedido dentro em 90 (noventa) dias contados da data da publicação
desta lei. (Incluído pela Lei nº 3.238, de 1957)

Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não


se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam
consideradas as consequências práticas da
decisão. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a


adequação da medida imposta ou da invalidação de ato, contrato,
ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das
possíveis alternativas. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora


ou judicial, decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo
ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas
consequências jurídicas e administrativas. (Incluído
pela Lei nº 13.655, de 2018)

Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo


deverá, quando for o caso, indicar as condições para que a
regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem
prejuízo aos interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos
atingidos ônus ou perdas que, em função das peculiaridades do caso,
sejam anormais ou excessivos. (Incluído pela Lei nº
13.655, de 2018)

Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão
considerados os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as
exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos
direitos dos administrados.

§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de


ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, serão
consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto,
limitado ou condicionado a ação do agente. (Incluído pela
Lei nº 13.655, de 2018)

§ 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e


a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para
a administração pública, as circunstâncias agravantes ou atenuantes
e os antecedentes do agente. (Incluído pela Lei nº 13.655,
de 2018)

§ 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta


na dosimetria das demais sanções de mesma natureza e relativas ao
mesmo fato. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que


estabelecer interpretação ou orientação nova sobre norma de
conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo
condicionamento de direito, deverá prever regime de transição
quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de
direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e
sem prejuízo aos interesses gerais.

Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou


judicial, quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou
norma administrativa cuja produção já se houver completado levará
em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com
base em mudança posterior de orientação geral, se declarem
inválidas situações plenamente constituídas. (Incluído pela
Lei nº 13.655, de 2018)

Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as


interpretações e especificações contidas em atos públicos de caráter
geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e
ainda as adotadas por prática administrativa reiterada e de amplo
conhecimento público. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
Art. 25. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.655, de
2018)

Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou


situação contenciosa na aplicação do direito público, inclusive no
caso de expedição de licença, a autoridade administrativa poderá,
após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização de
consulta pública, e presentes razões de relevante interesse geral,
celebrar compromisso com os interessados, observada a legislação
aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação
oficial. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

§ 1º O compromisso referido no caput deste


artigo: (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

I - buscará solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e


compatível com os interesses gerais; (Incluído pela Lei
nº 13.655, de 2018)

II – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.655, de


2018)

III - não poderá conferir desoneração permanente de dever ou


condicionamento de direito reconhecidos por orientação
geral; (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

IV - deverá prever com clareza as obrigações das partes, o prazo


para seu cumprimento e as sanções aplicáveis em caso de
descumprimento. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa,


controladora ou judicial, poderá impor compensação por benefícios
indevidos ou prejuízos anormais ou injustos resultantes do processo
ou da conduta dos envolvidos. (Incluído pela Lei nº
13.655, de 2018)

§ 1º A decisão sobre a compensação será motivada, ouvidas


previamente as partes sobre seu cabimento, sua forma e, se for o
caso, seu valor. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.
§ 2º Para prevenir ou regular a compensação, poderá ser
celebrado compromisso processual entre os
envolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas


decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro
grosseiro. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos


normativos por autoridade administrativa, salvo os de mera
organização interna, poderá ser precedida de consulta pública para
manifestação de interessados, preferencialmente por meio
eletrônico, a qual será considerada na decisão. (Incluído
pela Lei nº 13.655, de 2018) (Vigência)

§ 1º A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o


prazo e demais condições da consulta pública, observadas as
normas legais e regulamentares específicas, se houver. (Incluído
pela Lei nº 13.655, de 2018) (Vigência)

Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a


segurança jurídica na aplicação das normas, inclusive por meio de
regulamentos, súmulas administrativas e respostas a
consultas. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)

Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste


artigo terão caráter vinculante em relação ao órgão ou entidade a que
se destinam, até ulterior revisão. (Incluído pela Lei nº
13.655, de 2018)

Material doado por @rmayermeleo (1 lugar na prova oral Promotor MPMG 2020) e disponibilizado no
drive da @conquistando.atoga. Venda proibida.

Você também pode gostar