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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 14

22/02/2023 PLENÁRIO

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 6.646 ALAGOAS

RELATOR : MIN. ROBERTO BARROSO


REQTE.(S) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
INTDO.(A/S) : ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO
DE ALAGOAS
ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS

Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE


INCONSTITUCIONALIDADE. CONSTITUIÇÃO ESTADUAL. AMPLIAÇÃO DO ROL
DE AUTORIDADES SUJEITAS À CONVOCAÇÃO PELA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA.
IMPUTAÇÃO DE CRIME DE RESPONSABILIDADE.
1. Ação direta de inconstitucionalidade contra dispositivos
da Constituição do Estado de Alagoas que ampliam o rol de autoridades
sujeitas à convocação e requisição pela Assembleia Legislativa,
imputando o cometimento de crime de responsabilidade nos casos de
recusa ou não atendimento de convocações ou requisições de informações
ou documentos.
2. O art. 50, caput e § 2º, da Constituição Federal, que
autoriza o Câmara dos Deputados e o Senado Federal a convocar e
requisitar informações de Ministro de Estado ou de titulares de órgãos
diretamente subordinados à Presidência da República, traduz norma de
observância obrigatória pelos Estados-membros. É, assim, vedado ao
poder constituinte derivado a ampliação do rol de autoridades sujeitas a
convocação e requisição pelo Poder Legislativo estadual. Precedentes.
3. A imputação de crime de responsabilidade pela recusa ou
não atendimento das convocações e requisições usurpa a competência
privativa da União para legislar sobre o tema (art. 22, I, CF e Súmula
Vinculante 46/STF). Precedentes.
4. Pedido julgado parcialmente procedente, com a fixação da
seguinte tese: “É vedado aos Estados-membros a ampliação do rol de
autoridades sujeitas à convocação pela Assembleia Legislativa e à sanção por
crime de responsabilidade, por afronta ao princípio da simetria (art. 50, caput e §
2º, CF) e à competência privativa da União para legislar sobre o tema (art. 22, I,

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ADI 6646 / AL

CF e SV nº 46)”.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do


Supremo Tribunal Federal, em Sessão Virtual, por unanimidade de votos,
em conhecer da ação, julgar parcialmente procedente o pedido para
declarar a inconstitucionalidade das expressões (i) “Presidentes de
Fundações e Empresas Públicas, Autarquias e Sociedades de Economia
Mista, bem como ao Tribunal de Contas do Estado”, constante do art. 73,
§ 2º, da Constituição do Estado do Alagoas; (ii) “no prazo de dez dias”,
também constante no art. 73, § 2º, para que se aplique o prazo
constitucional de 30 (trinta) dias para a prestação de informações por
escrito; (iii) “Governador do Estado” e “titulares dos órgãos da
administração descentralizada”, constantes do art. 83, § 2º, VII, da
Constituição do Estado do Alagoas, e fixar a seguinte tese: “É vedado aos
Estados membros a ampliação do rol de autoridades sujeitas à
convocação pela Assembleia Legislativa e à sanção por crime de
responsabilidade, por afronta ao princípio da simetria (art. 50, caput e § 2º,
CF) e à competência privativa da União para legislar sobre o tema (art. 22,
I, CF e Súmula Vinculante nº 46)”, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 10 a 17 de fevereiro de 2023.

Ministro LUÍS ROBERTO BARROSO - Relator

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AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 6.646 ALAGOAS

RELATOR : MIN. ROBERTO BARROSO


REQTE.(S) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
INTDO.(A/S) : ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO
DE ALAGOAS
ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS

RELATÓRIO:

O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO (Relator):

1. Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade proposta


pelo Procurador-Geral da República contra os arts. 73, caput e § 2º, e 83, §
2º, VII, da Constituição do Estado de Alagoas, que ampliam o rol de
autoridades sujeitas à imputação de crime de responsabilidade. Confira-
se o inteiro teor dos dispositivos impugnados:

Art. 73. A Assembleia Legislativa ou qualquer de suas


Comissões poderá convocar Secretário de Estado para prestar,
pessoalmente, informações sobre assunto previamente
determinado, importando crime de responsabilidade a ausência
sem justificação adequada e oportuna. (…)
§ 2º A Mesa poderá requisitar informações ou documentos
de qualquer natureza aos Secretários de Estado, Presidentes de
Fundações e Empresas Públicas, Autarquias e Sociedades de
Economia Mista, bem como ao Tribunal de Contas do Estado,
importando crime de responsabilidade a recusa ou não
atendimento no prazo de dez dias, bem como a prestação de
informações falsas.

Art. 83. A Assembleia Legislativa terá comissões


permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as
atribuições previstas no Regimento Interno ou no ato que trate
de sua criação. (…)

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§ 2º As comissões, em razão da matéria de sua


competência, cabe: (…)
VII – encaminhar ao Governador do Estado, Secretário de
Estado ou titulares dos órgãos da administração
descentralizada, conforme o caso, pedido, por escrito, de
informação sobre fato relacionado com a matéria legislativa em
tramitação ou sobre fato sujeito à fiscalização da Assembleia,
bem como requisitar documentos, importando em crime de
responsabilidade o não atendimento no prazo de 30 (trinta)
dias, assim como da prestação de informações falsas. (acrescido
pela Emenda Constitucional 19/1998). (Grifos acrescentados nos
trechos objeto da impugnação)

2. O requerente alega que os dispositivos questionados


afrontam o art. 2º (princípio da separação dos Poderes), o art. 22, I
(competência privativa da União para legislar sobre direito penal), e o art.
50, caput e § 2º, c/c o art. 25 (prerrogativa do parlamento de convocar
pessoalmente ou encaminhar pedidos de informações a titulares de
órgãos diretamente subordinados à chefia do Executivo), todos da
Constituição Federal.

3. Argumenta que o art. 50, caput e § 2º, da Constituição


confere ao parlamento as prerrogativas de convocar ministros e titulares
de órgãos subordinados diretamente ao chefe do Poder Executivo para
prestarem informações sobre assunto determinado, bem como de
requisitar informações por escrito a essas mesmas autoridades,
imputando crime de responsabilidade nos casos de ausência injustificada
à convocação, bem como de recusa, não-atendimento ou prestação de
informações falsas. Por simetria, no plano estadual, esse rol de
autoridades deve ser composto pelos secretários de estado e demais
titulares de órgãos diretamente subordinados aos governadores de
estado, sob pena de se conceder ao Legislativo estadual prerrogativas
mais amplas do que as constitucionalmente necessárias ao desempenho
de suas atribuições fiscalizatórias.

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4. Além disso, defende que, ao imputarem crime de


responsabilidade às mencionadas autoridades, as normas estaduais
usurpam a competência privativa da União para a tipificação desses
crimes e definição do seu rito de processamento e julgamento (art. 22, I,
da Constituição Federal e Súmula Vinculante nº 46).

5. Em 22.02.2021, determinei a oitiva da Assembleia


Legislativa do Estado de Alagoas, bem como a abertura de vista ao
Advogado-Geral da União (doc. 06).

6. Devidamente intimada, a Assembleia Legislativa do


Estado de Alagoas não formalizou as informações requisitadas (doc. 09).

7. O Advogado-Geral da União manifestou-se pela


procedência parcial do pedido (doc. 11). Aduz que, à luz dos arts. 50,
caput e § 2º, e 58, § 2º, III e V, da Constituição Federal, as Comissões
Permanentes das Assembleias Legislativas só podem convocar Secretários
Estaduais ou autoridades diretamente subordinadas ao Governador do
Estado. Quanto às demais autoridades, pode haver solicitação de
depoimento, o que evidencia o caráter voluntário do comparecimento.
Além disso, ao definir a ausência injustificada de comparecimento, o
desatendimento de pedido de informações e a prestação de informações
falsas como crimes de responsabilidade, a norma questionada usurpou a
competência privativa da União para legislar sobre direito penal (art. 22,
I, CF).

8. Afirma inexistir inconstitucionalidade, contudo, na


primeira parte do artigo 73 da Constituição estadual, que permite à
Assembleia Legislativa ou a qualquer de suas Comissões convocar
Secretário de Estado para prestar, pessoalmente, informações sobre
assunto previamente determinado. Da mesma forma, não vislumbra
inconstitucionalidade na autorização para que a Mesa requisite
informações por escrito ou documentos de qualquer natureza aos

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Secretários de Estado (artigos 73, § 2º; e 83, § 2º, inciso VII, do diploma
impugnado).

9. É o relatório.

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AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 6.646 ALAGOAS

VOTO:

O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO (Relator):

1. Conheço da ação, uma vez que estão presentes os


requisitos de admissibilidade. Passo ao exame do mérito.

2. Na hipótese, a controvérsia diz respeito à


constitucionalidade de artigos da Constituição do Estado de Alagoas que
autorizam (i) a Assembleia Legislativa a convocar, para a prestação de
informações, Secretário de Estado (art. 73, caput), (ii) a Mesa da
Assembleia Legislativa a requisitar informações ou documentos aos
Secretários de Estado, Presidentes de Fundações e Empresas Públicas,
Autarquias e Sociedades de Economia Mista, bem como ao Tribunal de
Contas do Estado (art. 73, § 2º, (iii) as Comissões da Assembleia a
encaminharem pedido de informações ao Governador do Estado,
Secretário de Estado ou titulares dos órgãos da administração
descentralizada (art. 83, § 2º, VII). Em todas as hipóteses, o não
atendimento à determinação configura crime de responsabilidade.

3. Ao tratar sobre o tema, o art. 50, caput e § 2º, da


Constituição Federal autoriza ao Poder Legislativo a convocar e requisitar
informações de Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos
diretamente subordinados à Presidência da República. Confira-se:

Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou


qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de
Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente
subordinados à Presidência da República para prestarem,
pessoalmente, informações sobre assunto previamente
determinado, importando crime de responsabilidade a ausência
sem justificação adequada.

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Voto - MIN. ROBERTO BARROSO

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(...)
§ 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
Federal poderão encaminhar pedidos escritos de informações a
Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no
caput deste artigo, importando em crime de responsabilidade a
recusa, ou o não - atendimento, no prazo de trinta dias, bem
como a prestação de informações falsas. (Redação dada pela
Emenda Constitucional de Revisão nº 2, de 1994).
(Grifos acrescentados)

4. Conforme jurisprudência desta Corte, trata-se de norma de


reprodução obrigatório pelos Estados-membros, sendo aplicável, por
simetria, aos Estados, de modo a limitar o exercício do poder constituinte
decorrente. Confira-se a esse respeito, e.g., ADI 6.639 (Rel. Min. Edson
Fachin); ADI 6.642, Relª. Minª. Rosa Weber); e ADI 5.300 (Rel. Min.
Alexandre de Moraes). Como resultado, a prerrogativa de convocação e
de requisição do poder legislativo estadual restringe-se aos cargos
correspondentes ao de Ministro de Estado, isto é, a Secretário de Estado
ou equivalente, bem como aos titulares de órgãos diretamente
subordinados ao Governador de Estado.

5. Portanto, viola a lógica imposta pelo art. 50, caput e § 2º, da


Constituição Federal a inclusão do Governador do Estado, de dirigentes
ou titulares das entidades da administração pública indireta (autarquias,
fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista) e do
Tribunal de Contas do Estado no rol de autoridades sujeitas a convocação
e requisição de informações.

6. Além disso, a jurisprudência consolidada neste Supremo


Tribunal Federal afirma a competência privativa da União, na forma do
art. 22, I, CF, para legislar sobre a definição dos crimes de
responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo
e julgamento (Súmula Vinculante nº 461).

1 Súmula Vinculante nº 46: A definição dos crimes de responsabilidade e o

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7. Como visto, as normas questionadas imputam a prática de


crime de responsabilidade pelo não atendimento às convocações e
requisições feitas pela Assembleia Legislativa. Em precedente de relatoria
do Min. Cezar Peluso, estabeleceu-se que o aditamento de condutas de
agentes políticos que possam vir a integrar o rol de crimes de
responsabilidade configura invasão de competência privativa da União
para legislar sobre direito penal. Transcrevo a ementa do julgado:

INCONSTITUCIONALIDADE. Ação direta. Art. 41, caput


e § 2º, da Constituição do Estado de Santa Catarina, com a
redação das ECs nº 28/2002 e nº 53/2010. Competência
legislativa. Caracterização de hipóteses de crime de
responsabilidade. Ausência injustificada de secretário de Estado
a convocação da Assembleia Legislativa. Não atendimento, pelo
governador, secretário de Estado ou titular de fundação,
empresa pública ou sociedade de economias mista, a pedido de
informações da Assembleia. Cominação de tipificação
criminosa. Inadmissibilidade. Violação a competência
legislativa exclusiva da União.
Inobservância, ademais, dos limites do modelo
constitucional federal. Confusão entre agentes políticos e
titulares de entidades da administração pública indireta. Ofensa
aos arts. 2º, 22, I, 25, 50, caput e § 2º, da CF. Ação julgada
procedente, com pronúncia de Inconstitucionalidade do art. 83,
XI, b, da Constituição estadual, por arrastamento. Precedentes.
É inconstitucional a norma de Constituição do Estado que,
como pena cominada, caracterize como crimes de
responsabilidade a ausência injustificada de secretário de
Estado a convocação da Assembleia Legislativa, bem como o
não atendimento, pelo governador, secretário de estado ou
titular de entidade da administração pública indireta, a pedido
de informações da mesma Assembleia.”

estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são da competência


legislativa privativa da União.

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(ADI 3.279, Rel. Min. Cezar Peluso - Presidente, Tribunal


Pleno)

8. Portanto, os Estados-membros não podem, por afronta aos


arts. 22, I, e 50, caput e § 2º, da Constituição Federal, ampliar o rol de
autoridades sujeitas à convocação e requisição da Assembleia Legislativa
e à sanção por crime de responsabilidade. Sobre o tema, destaco, ainda, os
seguintes precedentes:

Ementa: CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE.


DIREITO PENAL. CRIMES DE RESPONSABILIDADE. ART.
71, XXIII, DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE RONDÔNIA.
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA. CONVOCAÇÃO DE
SECRETÁRIO DE ESTADO, PROCURADORES-GERAIS DO
ESTADO E DE JUSTIÇA E DIRIGENTES DA
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA. PRINCÍPIO DA SIMETRIA.
COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO PARA LEGISLAR
SOBRE DIREITO PENAL. AÇÃO JULGADA PARCIALMENTE
PROCEDENTE.
1. A Constituição da República, em seu art. 50, caput e § 2º,
prescreve sistemática de controle do Poder Legislativo sobre o
Poder Executivo que, em razão do princípio da simetria, deve
ser observada pelos Estados-membros.
2. Por força do art. 22, I da CRFB/88, a jurisprudência deste
Supremo Tribunal Federal se consolidou no sentido de que o
Estado-membro não está autorizado a ampliar o rol de
autoridades sujeitas à fiscalização direta pelo Poder Legislativo
e à sanção por crime de responsabilidade. Precedentes.
3. Ação direta de inconstitucionalidade julgada
parcialmente procedente para declarar a inconstitucionalidade
do inciso XIX do art. 65 e para dar interpretação conforme ao
art. 31 ambos da Constituição do Estado de Rondônia a fim de
restringir a prerrogativa parlamentar de convocação aos cargos
que estejam diretamente vinculados ao Governador do Estado.”
(grifos acrescentados)
(ADI 6.639, Rel. Min. Edson Fachin, Tribunal Pleno)

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Ementa Ação direta de inconstitucionalidade. Arts. 47,


XLII, 48, caput, 49, caput, 84, XIV, e 90, V, da Constituição do
Estado de Sergipe. Autoridades sujeitas à fiscalização do
Poder Legislativo. Princípio da simetria. Impossibilidade de
ampliação. crimes de responsabilidade. Usurpação da
competência legislativa privativa da União (CF, art. 22, I).
Súmula Vinculante 46/STF. Parcial Procedência.
1. Este Supremo Tribunal Federal firmou jurisprudência
no sentido de que o caput e § 2º do art. 50 da Constituição da
República são de reprodução obrigatória, devendo ser
observado, portanto, o princípio da simetria.
2. Nos termos da jurisprudência desta Suprema Corte, as
Unidades da Federação não podem ampliar o rol de
autoridades sujeitas à fiscalização direta do Poder Legislativo.
3. Compete à União, com absoluta privatividade, legislar a
respeito de crimes de responsabilidade. Súmula Vinculante
46/STF.
4. Ação direta de inconstitucionalidade conhecida. Pedido
julgado parcialmente procedente.”
(ADI 6.642, Rel. Min. Rosa Weber, Tribunal Pleno, grifou-
se)

Ementa: Ação direta de inconstitucionalidade. 2.


Constituição do Estado do Espírito Santo. Emenda 8/1996.
3. Convocação do Procurador Geral da Justiça para
prestar informações, sob pena de crime de responsabilidade.
4. Não podem os Estados membros ampliar o rol de
autoridades sujeitas à convocação pelo Poder Legislativo e à
sanção por crime de responsabilidade, por violação ao
princípio da simetria e à competência privativa da União para
legislar sobre o tema. Precedentes.
5. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente
para declarar a inconstitucionalidade das expressões e o
Procurador-Geral da Justiça e e ao Procurador-Geral da Justiça,
no caput e no parágrafo segundo do artigo 57 da Constituição

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ADI 6646 / AL

do Estado do Espírito Santo.


(ADI 5.416, Rel. Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno,
grifou-se)

EMENTA: ADI. DISPOSITIVO DA CONSTITUIÇÃO DO


ESTADO DO AMAPÁ QUE SUBMETE O PROCURADOR-
GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO À FISCALIZAÇÃO DA
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA SOB PENA DE CRIME DE
RESPONSABILIDADE. PRINCÍPIO DA SIMETRIA E
USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO.
INCONSTITUCIONALIDADE.
1. O art. 50, caput e § 2º, da Constituição Federal traduz
norma de observância obrigatória pelos Estados-membros,
que, por imposição do princípio da simetria (art. 25, CF), não
podem ampliar o rol de autoridades sujeitas à fiscalização
direta pelo Poder Legislativo e à sanção por crime de
responsabilidade.
2. É competência privativa da União (art. 22, I, CF)
legislar sobre crime de responsabilidade. Enunciado 46 da
Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal.
3. Precedentes: ADI 3.279, Rel. Min. CEZAR PELUSO,
Tribunal Pleno, DJe 15/2/2012; ADI 4791, Rel. Min. TEORI
ZAVASCKI, Tribunal Pleno, DJe de 23/4/2015; ADI 4792, Relª.
Minª. CÁRMEN LÚCIA,Tribunal Pleno, DJe de 23/4/2015; ADI
2220, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, DJe de
07/12/2011; e ADI 1901, Rel. Min. ILMAR GALVÃO, Tribunal
Pleno, DJ 9/5/2003.
4. Ação direta julgada procedente.
(ADI 5.300, Rel. Min. Alexandre de Moraes, Tribunal
Pleno, grifou-se)

9. Por fim, a norma também padece de inconstitucionalidade


ao estipular o prazo de 10 (dez) dias para a apresentação de informações
ou documentos de qualquer natureza, em contraposição ao prazo de 30
(trinta) dias fixados pelo § 2º do art. 50 da Constituição Federal. Nesse
mesmo sentido, confira-se: ADI 6.639, Rel. Min. Edson Fachin, Tribunal, j.

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ADI 6646 / AL

em 26.09.2022; ADI 6.642 Rel. Min. Rosa Weber, j. em 14.09.2022.

10. Diante do exposto, conheço da ação e julgo parcialmente


procedente o pedido para declarar a inconstitucionalidade das expressões
(i) “Presidentes de Fundações e Empresas Públicas, Autarquias e
Sociedades de Economia Mista, bem como ao Tribunal de Contas do
Estado”, constante do art. 73, § 2º, da Constituição do Estado do Alagoas;
(ii) “no prazo de dez dias”, também constante no art. 73, § 2º, para que se
aplique o prazo constitucional de 30 (trinta) dias para a prestação de
informações por escrito; (iii) “Governador do Estado” e “titulares dos
órgãos da administração descentralizada”, constantes do art. 83, § 2º, VII,
da Constituição do Estado do Alagoas.

11. Proponho a fixação da seguinte tese: “É vedado aos Estados-


membros a ampliação do rol de autoridades sujeitas à convocação pela Assembleia
Legislativa e à sanção por crime de responsabilidade, por afronta ao princípio da
simetria (art. 50, caput e § 2º, CF) e à competência privativa da União para
legislar sobre o tema (art. 22, I, CF e Súmula Vinculante nº 46)”.

É como voto.

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Extrato de Ata - 22/02/2023

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PLENÁRIO
EXTRATO DE ATA

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 6.646


PROCED. : ALAGOAS
RELATOR : MIN. ROBERTO BARROSO
REQTE.(S) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
INTDO.(A/S) : ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE ALAGOAS
ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS

Decisão: O Tribunal, por unanimidade, conheceu da ação, julgou


parcialmente procedente o pedido para declarar a
inconstitucionalidade das expressões (i) “Presidentes de Fundações
e Empresas Públicas, Autarquias e Sociedades de Economia Mista,
bem como ao Tribunal de Contas do Estado”, constante do art. 73, §
2º, da Constituição do Estado de Alagoas; (ii) “no prazo de dez
dias”, também constante do art. 73, § 2º, para que se aplique o
prazo constitucional de 30 (trinta) dias para a prestação de
informações por escrito; (iii) “Governador do Estado” e “titulares
dos órgãos da administração descentralizada”, constantes do art.
83, § 2º, VII, da Constituição do Estado de Alagoas, e fixou a
seguinte tese: “É vedado aos Estados-membros a ampliação do rol de
autoridades sujeitas à convocação pela Assembleia Legislativa e à
sanção por crime de responsabilidade, por afronta ao princípio da
simetria (art. 50, caput e § 2º, CF) e à competência privativa da
União para legislar sobre o tema (art. 22, I, CF e Súmula
Vinculante nº 46)”, nos termos do voto do Relator. Plenário,
Sessão Virtual de 10.2.2023 a 17.2.2023.

Composição: Ministros Rosa Weber (Presidente), Gilmar Mendes,


Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux, Roberto
Barroso, Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Nunes Marques e André
Mendonça.

Carmen Lilian Oliveira de Souza


Assessora-Chefe do Plenário

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