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a – TEORIA UNITÁRIA: todos são considerados autores. Essa teoria não vislumbra
a figura do partícipe, de sorte que autor é todo e qualquer causador do resultado típico,
sem distinção. Ancorada na teoria da conditio sine qua non, não é a adotada no Brasil.
TEORIA EXTENSIVA – CONCEITO EXTENSIVO DE AUTOR: não faz
qualquer diferenciação entre autor e partícipe, de sorte que todos são autores.
Entretanto, mais moderada que a corrente unitária, permite a existência de causas de
diminuição de pena, estabelecendo diferentes graus de autor e reconhecendo a figura
do cúmplice, que seria o autor menos importante. CONCEITO RESTRITIVO DE
AUTOR: Faz a distinção entre autor e partícipe. Para essa teoria, seria autor apenas
aquele que praticasse a conduta descrita no núcleo do tipo penal. Os demais que, de
alguma forma, auxiliassem-no, mas que não viessem a realizar a conduta narrada pelo
verbo do tipo penal, seriam considerados partícipes. O conceito restritivo de autor segue
atrelado a uma teoria objetiva de participação que, por sua vez, possui duas vertentes:
a) teoria objetivo-formal: somente é considerado autor aquele que pratica o verbo, ou
seja, o núcleo do tipo penal. Por sua vez, partícipe será todo aquele que, sem realizar a
conduta princial (o verbo), concorrer para o resultado. Assim, o mandante de um crime
não é considerado seu autor, visto que não lhe competiram os atos de execução do
núcleo do tipo (quem manda matar, não mata, logo, não realiza o verbo do tipo).
Igualmente, o chamado “autor intelectual”, ou seja, aquele que planeja toda a
empreitada delituosa, não é autor, mas partícipe, na medida em que não executa
materialmente a conduta típica. A principal crítica a esse critério são as dificuldades no
que dizia respeito à teoria mediata. Autor mediato é aquele que se serve de pessoas sem
discernimento para realizar por ele a conduta típica. Imaginemos o seguinte exemplo:
um médico, querendo causar a morte de seu inimigo que se encontrava internado no
hospital no qual exercia suas funções, determina a uma enfermeira que nele aplique
uma injeção, por ele preparada, contendo veneno letal. A enfermeira, atendendo ao
pedido levado a efeito pelo médico, aplica a injeção e causa a morte do paciente. Como
se percebe, o médico não realizou a conduta descrita no tipo penal do art. 121 do CP.
Na verdade, quem matou alguém, por erro determinado por terceiro, foi a enfermeira,
de sorte que o médico, como não praticou a conduta narrada no verbo do tipo, consoante
a teoria, não poderia ser considerado autor. Em que pese a corrente doutrinária no
sentido de não ser essa a melhor conclusão, outra vertente sustenta que o critério oferece
segurança jurídica e está arrimado na reserva legal; b) teoria objetivo-material:
buscou suprir os defeitos da teoria objetivo-formal, oferecendo um complemento
mediante a perspectiva da maior perigosidade que deve caracterizar a contribuição do
autor em comparação com a do cúmplice. Em outros termos, autor não é aquele que
realiza o verbo do tipo, mas a contribuição objetiva mais importante. Há entendimento
doutrinário no sentido de se tratar de critério gerador de insegurança jurídica. Isso por
conta da imprecisão em se verificar o que vem a ser contribuição objetiva mais
importante.
Jurisprudência relacionada:
Informativo nº 249 - 30 de maio a 3 de junho de 2005 - QUINTA TURMAPESSOA
JURÍDICA. CONDENAÇÃO. CRIME CONTRA MEIO-AMBIENTE - Na
hipótese, a pessoa jurídica de direito privado, juntamente com dois administradores,
foram denunciados pelo MP em razão do crime ambiental por causar poluição em leito
de um rio por meio de lançamento de resíduos de graxas, óleo, produtos químicos, areia
e lodo resultante da atividade do estabelecimento comercial (art. 54, § 2º, V, e art. 60
da Lei n. 9.605/1998 - Lei Ambiental). Note-se que o tema é controverso na doutrina e
na jurisprudência. O juiz monocrático rejeitou a denúncia em relação à empresa, ao
entendimento de que a pessoa jurídica não poderia figurar no pólo passivo da ação penal
com base no art. 43, III, do CPP, mas a recebeu em relação aos dois administradores.
Já o Tribunal a quo entendeu que o instituto da responsabilidade penal da pessoa
jurídica não poderia ser introduzido no sistema jurídico brasileiro, o que não significa
deixar de haver punição, mas esta deveria ser de natureza administrativa e civil, não
penal. A Turma proveu o recurso do MP, para determinar o recebimento da denúncia
também em relação à microempresa. O Min. Relator destacou que, apesar de alguns
obstáculos a serem superados, a responsabilidade penal da pessoa jurídica é um preceito
constitucional, não apenas como punição da conduta lesiva, mas como forma de
prevenção. Após essa opção constitucional, veio regulamentá-la a referida lei ambiental
prevendo a penalização das pessoas jurídicas por danos ao meio ambiente. Essa lei
previu para as pessoas jurídicas penas autônomas de multa, de prestação de serviços à
comunidade, restritivas de direito, liquidação forçada e desconsideração da pessoa
jurídica, todas adaptadas a sua natureza jurídica. Outrossim, a forma pela qual a pessoa
jurídica é capaz de realizar a ação com relevância penal depende da atuação de seus
administradores, se a realizaram em proveito próprio ou da empresa. A atuação em
nome e proveito da pessoa jurídica significa sua vontade. A citada lei ambiental, no
parágrafo único do art. 3º, prevê que todos os envolvidos na prática delituosa serão
responsabilizados na medida de sua culpabilidade. Em tese, são as pessoas jurídicas as
maiores responsáveis pelos danos ao meio ambiente por meio de sua atividade de
exploração comercial ou industrial. REsp 564.960-SC, Rel. Min. Gilson Dipp,
julgado em 2/6/2005
Referências bibliográficas:
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ed. – Niterói, RJ: Impetus, 2017. 984 p. ; 17 x 24 cm. Isbn: 978-85-7626-930-4 Isbn
digital: 978-85-7626-941-0 1. Direito penal. I. Título
Capez, Fernando Curso de direito penal, volume 1, parte geral : arts. 1º a 120 / Fernando
Capez. – 23. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2019. 1. Direito penal I. Título. 18-
1063
Gonçalves, Carlos Roberto Direito civil brasileiro, volume 1 : parte geral / Carlos
Roberto Gonçalves. – 16. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2018. 1. Direito civil 2.
Direito civil - Brasil I. Título