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Empresarial – Intensivo II - 2014

SUMÁRIO

Sumário ............................................................................................... 1
1 Título de crédito ............................................................................ 3
1.1 Legislação aplicável ............................................................. 3
1.2 Conceito de título de crédito ................................................ 3
1.3 Princípios cambiários ........................................................... 4
1.3.1 Princípio da cartularidade ................................................ 4
1.3.2 Princípio da literalidade ................................................... 6
1.3.3 Princípio da autonomia .................................................... 7
1.4 Características .................................................................... 10
1.5 Classificação dos títulos de crédito .................................... 12
1.5.1 Quanto ao modelo .......................................................... 12
1.5.2 Quanto a sua estrutura.................................................... 12
1.5.3 Quanto às hipóteses de emissão ..................................... 13
1.5.4 Quanto à sua circulação ................................................. 13
1.6 Letra de câmbio .................................................................. 15
1.6.1 Conceito ......................................................................... 15
1.6.2 O ato do saque................................................................ 15
1.6.3 Requisitos da letra de câmbio ........................................ 15
1.6.4 Aceite ............................................................................. 16
1.6.5 Endosso .......................................................................... 17
1.6.6 Aval ................................................................................ 20
1.6.7 Modalidades de vencimento da letra de câmbio ............ 24
1.6.8 Prazo prescricional ......................................................... 24
1.7 Nota promissória ................................................................ 24
1.7.1 Conceito: ........................................................................ 25
1.7.2 Requisitos essenciais...................................................... 25
1.7.3 Legislação aplicável ....................................................... 25
1.7.4 Não há aceite .................................................................. 26
1.7.5 Devedor principal .......................................................... 26
1.7.6 Endosso .......................................................................... 26

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1.7.7 Aval ................................................................................ 26


1.7.8 Vencimento .................................................................... 26
1.7.9 Prazo prescricional ......................................................... 27
1.8 Cheque................................................................................ 27
1.8.1 Conceito ......................................................................... 27
1.8.2 Não admite o aceite........................................................ 28
1.8.3 Endosso .......................................................................... 28
1.8.4 Aval ................................................................................ 28
1.8.5 Apresentação para o pagamento – art. 33 ...................... 28
2 Direito societário ......................................................................... 29
2.1 Introdução .......................................................................... 29
2.2 Sociedades despersonificadas / não personificadas: .......... 30
2.2.1 Sociedade em comum .................................................... 30
2.2.2 Sociedade em conta de participação .............................. 31
2.3 Sociedades personificadas ................................................. 33
2.3.1 Quadro geral................................................................... 33
2.3.2 Classificação .................................................................. 34
2.3.3 Sociedade contratual ...................................................... 37
2.3.4 Sociedade simples .......................................................... 38
2.3.5 Sociedade limitada ......................................................... 49

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Aula: 01 – Alexandre Gialluca - 08/08/2014 -

1 TÍTULO DE CRÉDITO

Manual de direito comercial – Fábio Ulhôa Coelho


Titulo de crédito – Luiz Emygdio Franco da Rosa Jr.
Curso de direito empresarial – Marlon Tomazette (Vol. 2)

1.1 Legislação aplicável

Letra de câmbio ou nota promissória – Decreto 57.663/66 (Lei


uniforme de Genebra)
Duplicata – 5474/68
Cheque – lei 7357/85
CC – é aplicado subsidiariamente por conta do art. 903, CC. Só será
aplicado quando a lei especial não tratar do assunto. (art. 887 e ss). A
aplicação do código civil é uma aplicação subsidiária.
Qualquer um pode criar um título de crédito. É um título inominado.
Neste caso deverá seguir a regra do código civil. Mas isso não vingou no
Brasil, pois já tem alguns títulos que não são usados. O projeto do código
de comércio esta possibilidade não irá ocorrer.

1.2 Conceito de título de crédito

É comum o examinador perguntar, na prova oral, qual é o conceito


de Cesare Vivante de TC. É ele:
Título de Crédito é o documento necessário para o exercício do
direito, literal e autônomo, nele mencionado.
O art. 887, CC – adota praticamente esse mesmo conceito.
Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao
exercício do direito literal e autônomo nele contido,
somente produz efeito quando preencha os requisitos
da lei.
Documento necessário – cártula.
Direto literal – só o que está escrito no título.

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1.3 Princípios cambiários

Princípio da cartularidade.
Princípio da literalidade.
Princípio da autonomia.
Abstração – alguns entendem este como subprincípio da autonomia,
e outros entendem que a própria autonomia é o princípio da abstração.

1.3.1 Princípio da cartularidade

Lembrar das três fases abaixo:


O crédito deve estar materializado/representado em um documento
(título).
Para a transferência do crédito é necessário a transferência do
documento (título).
Não há que se falar em exigibilidade do crédito sem a apresentação
do título. É a regra geral.
A expressão cartularidade vem do latim cartula que significa: em
um pequeno papel.
Se se quer transferir o crédito é necessário que se transfira o
documento.
É necessário o endosso e a entrega.
OBSERVAÇÃO: os títulos de créditos também possuem os
atributos: executividade (art. 585, I, CPC) e negociabilidade (característica
de circulação – substitui a moeda).
Atributo do TC: executividade, ou seja, o TC é, a princípio, um título
executivo extrajudicial (art. 585, I, CPC).
Pelo principio da cartularidade, em regra, não é possível ação de
execução com cópia autenticada de título.
Há uma presunção de que quem tem a posse do título é o seu credor.
Medida excepcional que a jurisprudência – STJ - vem admitindo: se
o cheque estiver fazendo parte de uma ação penal ou de um inquérito,
poderá ajuizar execução com a cópia autenticada do documento, caso

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contrário, NÃO PODERÁ entrar com ação de execução com uma cópia
autenticada, tendo em vista o princípio da cartularidade.
 Relativização/mitigação à cartularidade: duplicata virtual.
Não há uma lei falando sobre duplicata virtual. A duplicata virtual é
aquela emitida pela forma eletrônica.
Hoje existe a possibilidade do TC eletrônico, ex.: duplicata virtual
(esta duplicata tem validade? Sim, art. 889, §3º, CC, é admitido o título
eletrônico. E como essa duplicata será executada? Enunciado 461 e 462,
CNJ).
Art. 889, § 3o O título poderá ser emitido a partir dos
caracteres criados em computador ou meio técnico
equivalente e que constem da escrituração do emitente,
observados os requisitos mínimos previstos neste
artigo.

Enunciados JDC
461 – Art. 889: As duplicatas eletrônicas podem ser
protestadas por indicação e constituirão título executivo
extrajudicial mediante a exibição pelo credor do
instrumento de protesto, acompanhado do comprovante
de entrega das mercadorias ou de prestaçãodos
serviços.

462 – Art. 889, § 3º: Os títulos de crédito podem ser


emitidos, aceitos, endossados ou avalizados
eletronicamente, mediante assinatura com certificação
digital, respeitadas as exceções previstas em lei.

Petrobrás tem contrato de fornecimento com o posto de gasolina, e aí


ela tem crédito para receber, e aí ela emitiu uma duplicata virtual (R$
100.000,00), e aí ela contrata o serviço de cobrança de um banco (BB). Ela
preenche um formulário oficial do Bacen, a ser preenchido
eletronicamente. O BB emitiu um boleto bancário (serve como um
comunicado de cobrança). O posto de gasolina não pagou o boleto, e aí, o
que a Petrobrás faz?
A Petrobrás ajuíza uma ação para receber. Problema! Onde está a
duplicata se ele é eletrônica? Ela vai e protesta essa duplicata, e aí utiliza a
Lei 9492/97 (a lei de protesto), em seu art. 8º, parágrafo único – como não
tem a duplicata no papel preenche-se os dados e faz o protesto por
indicação, da indicações dessa duplicata, ex.: dia do vencimento, valor, etc.

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a finalidade do protesto aqui é comprovar que o posto está em mora. E ai a


Petrobrás junta o comprovante de entrega da mercadoria junto com o
protesto para que o posto não venha dizer que não recebeu, e que houve
enriquecimento ilícito, e também junta o boleto para mostrar que foi feita a
cobrança.
O posto no 1º grau disse que não poderia ser executada por conta do
princípio da cartularidade, e o juiz reconheceu. A Petrobrás recorreu para o
TJ, e este reformou a decisão, mitigando a cartularidade e admitindo a
duplicata virtual. Por isso o enunciado 461 fala em protesto por
indicação.
O posto recorre ao STJ e este, no informativo 0467, de março de
2011 se manifesta: REsp 1.024.691-PR, dizendo que o boleto bancário é
titulo de crédito. Para Gialluca o STJ errou, pois o boleto não tem
assinatura, e não vale como TC.
“EXECUÇÃO. DUPLICATA VIRTUAL. BOLETO BANCÁRIO.
As duplicatas virtuais – emitidas por meio magnético ou
de geração eletrônica – podem ser protestadas por
indicação (art. 13 da Lei n. 5.474/1968), não se exigindo,
para o ajuizamento da execução judicial, a exibição do
título. Logo, se o boleto bancário que serviu de
indicativo para o protesto retratar fielmente os
elementos da duplicata virtual, estiver acompanhado do
comprovante de entrega das mercadorias ou da
prestação dos serviços e não tiver seu aceite
justificadamente recusado pelo sacado, poderá suprir a
ausência física do título cambiário eletrônico e, em
princípio, constituir título executivo extrajudicial.
Assim, a Turma negou provimento ao recurso. REsp
1.024.691-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
22/3/2011.”

Pode se fazer o protesto por indicação.

1.3.2 Princípio da literalidade

Só tem eficácia para o direito cambiário o que está literalmente


escrito no TC. Só se considera e tem eficácia o que consta neste TC. Não
tem relativização.
Não existe contrato de aval. Só tem validade se o aval está no título.
Este princípio tem como objetivo assegurar certeza quanto à
natureza, conteúdo e modalidade de prestação prometida ou ordenada,
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impedindo que meros ajustes verbais possam influir no exercício do direito


ali mencionado. O que não consta no título não está no título cambiário.
Uma nota promissória paga deve ser entregue na hora do pagamento.
Não basta a mera declaração de pagamento. A quitação tem que ser dada
no título de crédito. Quem paga mal paga duas vezes. Quando se pagar o
título a quitação deve estar nele. Não há quitação em documento em
separado.
O credor de boa-fé pode preencher o título para protestá-lo.
Súmula 387, STF – “A cambial emitida ou aceita com
omissões, ou em branco, pode ser completada pelo
credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto”.

1.3.3 Princípio da autonomia

As relações jurídico-cambiais são autônomas e independentes entre


si.
OBSERVAÇÃO: o devedor não poderá opor exceções pessoais a
terceiros de boa-fé.
Ex.: Nestor quer vender o celular a Cleber por R$ 300,00, e na hora
de pagar Cleber emite uma nota promissória. Cleber é o devedor da nota, e
Nestor o credor. Essa nota vence em 25/11/14. Cleber vai usar o telefone e
vê que nada funciona, e diz que não vai pagar a Nestor. (Compra e venda =
é a causa subjacente/ causa debendi)
Nestor transfere a nota para Gialluca, terceiro de boa-fé, e este cobra
a Cleber, esta relação não está viciada e não pode se opor exceções
pessoais a este terceiro que estava de boa-fé. As relações são autônomas.
O princípio da autonomia é a grande garantia que o credor tem. Ele
se desdobra na inoponibilidade de exceções pessoais a terceiros de boa-fé.
OBS: o vício em uma das relações não compromete as demais.
Assim, o endosso ou o aval dado por pessoa incapaz não atinge as demais
obrigações assumidas no título.
O possuidor de boa-fé exercita um direito próprio que não pode ser
restringido ou destruído pelas relações ocorridas entre os possuidores
anteriores e o devedor.
 Este princípio tem dois subprincípios:
A) Abstração:

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Quando Cleber emite a NP, a causa que da origem a emissão dessa


nota foi a compra/venda do celular, chamada de causa subjacente ou causa
debendi, ou seja, a causa que deu origem a emissão de um título.
No caso há uma NP e uma CD, quando Nestor coloca em circulação
o título (transfere para Gialluca), e ao fazer isso a NP se desprende da
causa que deu origem, pois o que se transfere a Gialluca é apenas a NP e
não a compra e venda, e isso é chamado de abstração.
Abstração é quando o título se desprende da causa que lhe deu
origem. Ocorre quando o título, por meio de circulação, se desvincula
do negócio jurídico que lhe deu origem (causa subjacente).
OBS.: O que autoriza a execução é exclusivamente o título e não a
causa que o gerou.
Ao se falar em abstração há autonomia, pois ele se desvincula da
causa. Por isso, Fábio Ulhoa diz que é decorrência da autonomia, sendo um
subprincípio desta.
Nos concursos têm vindo questões igualando autonomia e abstração.
B) Inoponibilidade de exceção pessoais a terceiros de boa-fé
Ex.: João emite nota promissória em favor de Maria. Maria
transfere/endossa o título para Adrian. Adrian pede um avalista. Gialluca é
o avalista. Entretanto, Maria é incapaz, e no dia do vencimento Adrian
apresenta para receber e não recebe e executa Gialluca. Ai Gialluca diz que
não vai pagar porque Maria é incapaz, e ai é nulo. Mas em virtude do
princípio da autonomia, uma relação não depende da outra, cada relação
dessa é independente. O vício nessa relação não compromete as demais
relações, então João e Gialluca não podem se esquivar do pagamento.
Qualquer pessoa de boa-fé que adquira a condição de credora de TC,
adquire um direito novo como se fosse um credor originário, não ocupando
a posição do antigo credor. Tal princípio é uma garantia de negociabilidade
do título, na medida em que a pessoa que o adquire não precisa saber se o
credor anterior teria ou não direito de receber o valor do título. O possuidor
de boa-fé exercita um direito próprio que não pode ser restringido ou
destruído pelas relações ocorridas entre os possuidores anteriores e o
devedor.
Essa questão tem uma natureza processual.
Se for uma exceção NÃO pessoal o devedor vai poder apresentar,
mesmo para o terceiro de boa-fé.

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MP/RJ – Explique duas exceções pessoais e duas não pessoais


oponíveis a terceiro de boa-fé? Resposta objetiva e justificada.
- Exemplos de exceções pessoais: compensação e vício da relação causal.
OBS: não pode ser oponível a terceiro de boa-fé.
- Exemplos de exceções não pessoais: prescrição do título e nulidade do
título. OBS: é oponível a terceiro de boa-fé.

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 Relativização do princípio da autonomia


João para ter um crédito de cheque especial com limite de R$
20.000,00. Assina o contrato de abertura de crédito. João expede um
cheque de R$ 20.000,00 sem fundo. O Banco não poderá ajuizar uma ação
de execução, pois o contrato não é título executivo. Então o Banco pede
para o João assinar uma nota promissória em branco no valor do saldo
negativo. Só que aqui o Banco irá colocar o valor da dívida, juros,
honorários advocatícios, então a dívida passou para R$ 25.000,00. No caso
o João pode discutir o valor da promissória com o Banco (alegar que não
contratou os honorários, juros não contratados – exceções pessoais). Então
o que o banco resolve fazer: ele troca a nota promissória com outro banco.
Neste caso o João não poderia opor exceção pessoal. Porém, o STJ
verificando isso estabelece a súmula 258 STJ – relativiza a autonomia da
nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito.
Súmula 233, STJ – contrato de abertura de crédito NÃO É
TÍTULO EXECUTIVO.

STJ Súmula nº 247 - 23/05/2001 - DJ 05.06.2001


O contrato de abertura de crédito em conta-corrente,
acompanhado do demonstrativo de débito, constitui
documento hábil para o ajuizamento da ação monitória.

STJ Súmula nº 258 - 12/09/2001 - DJ 24.09.2001


A nota promissória vinculada a contrato de abertura de
crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do
título que a originou.

Esta súmula foi tomando uma proporção tão grande que hoje a nota
promissória vinculada a qualquer contrato não goza de autonomia.
O contrato de abertura não é título de crédito não é título executivo.
Mas o instrumento de confissão de dívida, ainda que seja oriundo da um
contrato de abertura de crédito, é um título executivo.

1.4 Características

É uma obrigação quesível, pois cabe ao credor dirigir-se ao devedor


para exigir o pagamento no lugar nele consignado.
Pode ser uma obrigação pro solvendo ou uma obrigação pro soluto.

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Magistratura/TJMG: O que diferencia a nota promissória emitida


em caráter pro soluto da nota promissória emitida em caráter pro solvendo?
Aponte os efeitos de cada uma delas, em decorrência da falta de
pagamento, quando emitidas em razão de compra e venda imóvel.
- Quando o título é pro solvendo significa para pagamento. Não
implica em novação no que se refere à relação causal, que subsiste junto
com a relação cambiária, porque as duas coexistem.
OBS: a relação causal só será extinta com o pagamento do título.
Ex.: compra e venda de apartamento que custa 500.000,00, pagou
200.000,00 e emite NP no valor de 300.000,00 (essa NP é pro solvendo, ela
é para pagamento, a relação causal – compra e venda de imóvel – só será
quitada depois do pagamento do título). A construtora poderá executar a
nota, caso eu não pague. Mas ela poderá também optar pela rescisão do
contrato. Só se poderá falar em extinção da obrigação de compra e venda
quando a NP for paga. Não há uma novação com o ato de entrega da NP.
Quais os efeitos da NP? Poderá ajuizar a ação de execução ou ação
de rescisão do contrato de compra e venda.
- Quando o título em pro soluto significa em pagamento, ou seja, ele
é o próprio pagamento da relação causal. Tem natureza pro soluto quando
emitido e entregue ao credor visando a extinção da obrigação que gerou a
sua criação, ou seja, quando dado em pagamento da relação causal. Neste
caso, o título opera novação, pois extingue a relação causal.
E a se NP for pro soluto, a entrega da nota já é o pagamento da
relação causal. Ela provoca a chamado novação (extinção da dívida anterior
criando-se uma nova dívida). A relação causal de compra e venda é quitada
com a entrega do título.
Gera novação e a quitação se faz com a própria entrega do título. Se
a nota não for paga a construtora poderá executar a NP, mas não poderá
rescindir o contrato. Só se pode falar em rescisão quando o contrato não
está quitado. Mas se a entrega significou o adimplemento não se pode
arguir a rescisão contratual.
Pro solvendo: não provoca a novação da relação causal. No exemplo
dado, a quitação do contrato de compra e venda só ocorrerá quando for
realizado o pagamento do título (NP). Portanto, a entrega do título não tem
o condão de extinguir a obrigação do pagamento do preço pelo comprador.
Opções do vendedor: a execução do título ou rescisão do contrato de
compra e venda.

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Pro soluto: tem natureza pro soluto quando emitido e entregue ao


credor visando a extinção da obrigação (relação causal) que a gerou. Neste
caso, o TC provoca a novação, extinguindo a relação causal originária.
Cabe ao devedor do título apenas o pagamento deste, vez que o contrato de
compra e venda foi quitado com a entrega da NP. Opção do credor: neste
caso, a única opção é a execução do título. Não se pode pedir a rescisão do
contrato porque este já está quitado.
Tem que se pensar sempre no que é mais vantajoso para o
credor, neste caso, é o pro solvendo. Assim, há uma presunção de que os
títulos são pro solvendo. Para que seja pro soluto tem que vir expresso no
título, em virtude do princípio da literalidade.

1.5 Classificação dos títulos de crédito

1.5.1 Quanto ao modelo

Vinculado – é aquele cuja forma/formatação deve ser respeitada, pois


está prevista em legislação. Ex.: cheque e duplicata.
Livre – é aquele cuja forma/formatação não está previamente exigida
na lei. Ex.: letra de câmbio e nota promissória.
Aula 02 – 11/08/2014 - Alexandre Gialluca

1.5.2 Quanto a sua estrutura

Ordem de pagamento – temos três intervenientes:


Da a ordem.
Recebe a ordem.
Tomador/beneficiário.
Ex.: Cheque, duplicata, letra de câmbio.
Promessa de pagamento – temos dois intervenientes:
Promitente
Tomador/beneficiário
Ex.: Nota promissória.

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1.5.3 Quanto às hipóteses de emissão

- Causal: é aquele que necessita de uma causa específica para ser


emitido. Ex. duplicata. Porque ela só pode ser emitida mediante a uma das
duas causas: uma compra e venda mercantil; ou, prestação de serviço.
A causa específica acompanha o título em sua circulação.
- Não-causal (abstrato): não é preciso uma causa específica para
emissão. Ex.: cheque, nota promissória.
OBS.: Abstração: Título + relação causal, mas quando o título
circula, o título se desprende da causa de origem e passa a viver sozinho. A
abstração não acontece com a duplicata, pois ela precisa de uma causa
específica para emissão, e quando circula o título circula também a relação
causal. Deste modo, ao transferi-la para um terceiro, vai o título e
juntamente a relação causal. Por isso, se diz que um título não causal é
também chamado de abstrato.
Duplicata fria é aquela que foi emitida sem que houvesse a
efetiva compra e venda ou prestação de serviços.

1.5.4 Quanto à sua circulação

Classificação tradicional: um título pode ser ao portador ou


nominativo.
‘Ao portador’ – é aquele que não identifica o beneficiário. A
circulação de um título ao portador se dá com a mera entrega/tradição.
‘Nominativo’ – é aquele que identifica o beneficiário. Pode ser à
ordem (endosso + tradição) e não à ordem (cessão + tradição).
OBS.: desde a lei 8021/90 não se admite mais títulos ao portador,
EXCETO se houver previsão expressa em lei especial, é o que diz o art.
907, CC. Ex. cheque igual ou inferior a R$ 100,00 não precisa ser nominal
- Lei 9.069/95 – art. 69.
Um título ao portador circula por mera tradição. Já o título
nominativo irá depender se ele é a ordem ou não a ordem.
Se ele é um título à ordem ele precisará do endosso + tradição. Se
ele é um título não à ordem ele precisará cessão civil + tradição.
Se for à ordem vai circular por meio de endosso, se for não à ordem
circula por meio de cessão civil. Quem transfere por endosso responde pela

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solvência, ou seja, responde pelo pagamento. O por cessão civil não


responde pela solvência, ou seja, não responde pelo pagamento.
Essa regra é encontrada em lei especial (cheque, duplicata, letra de
câmbio). Mas o Código Civil traz outra regra:
Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário,
constante do endosso, não responde o endossante pelo
cumprimento da prestação constante do título.
§ 1o Assumindo responsabilidade pelo pagamento, o
endossante se torna devedor solidário.
§ 2o Pagando o título, tem o endossante ação de regresso
contra os coobrigados anteriores.
Na prova só será considerada se o legislador for claro na utilização
do Código Civil.
OBSERVAÇÃO: Há presunção de que os títulos nominativos são à
ordem (pois é melhor para o credor, e aqui sempre tem que ver o que é
melhor para ele). Para ser não à ordem tem que vir a cláusula expressa de
“não à ordem” expressa no título.
Prova oral: o riscar a expressão ‘à ordem’ não caracteriza o título
como ‘não à ordem’, pois não há no título a expressão ‘não à ordem’.
Classificação para prova CESPE:
- ao portador;
- nominativo – nominal à ordem ou não à ordem;
- nominativo: esse nominativo é aquele que está em conformidade
com o art. 921 do CC.
Art. 921. É título nominativo o emitido em favor de
pessoa cujo nome conste no registro do emitente.
O título é emitido em favor de pessoa que conste no livro do
emitente.
Cespe/TRF/AGU: título nominativo (estão previstos no art. 921 e ss,
CC). Aqui nominativo é aquele cujo nome do beneficiário está constando
no registro do emitente, e não no título. Para emitir o título tem que ter um
livro que vai registrar todos os títulos que forem emitidos, é o chamado
livro de registro do emitente, e então, ao invés de colocar o nome do
beneficiário no título, o nome do beneficiário fica no livro. Se o
beneficiário quiser transferir o título tem que mudar no livro, e ai se faz um
termo de transferência. É algo que não tem nenhuma aplicação no dia a dia,
ninguém usa e só serve para cair em concurso. Essas bancas, ao se

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referirem a nominativo, se referem ao nominativo do CC, e o “nominativo”


da classificação acima vista é chamado de nominal.

1.6 Letra de câmbio

1.6.1 Conceito

Letra de câmbio é um título de crédito decorrente de relações de


crédito entre duas ou mais pessoas, pelo qual a designada sacador dá ordem
de pagamento pura e simples, a outrem, denominado sacado, a seu favor ou
de terceira pessoa (tomador/beneficiário), no valor e nas condições delas
constantes.
Ex1. Gialluca dá a ordem (sacador); Cléber recebe a ordem; Gialluca
é o tomador/ beneficiário.
Pode ocorrer letra de câmbio com relação de três pessoas.
Ex. 2: Gialluca dá a ordem (sacador); Cléber recebe a ordem; LFG é
o tomador/ beneficiário.

1.6.2 O ato do saque

O saque é o ato de criação/ emissão de um título de crédito.


Cria-se o título de crédito.
Quem cria o título é o sacador, é quem dá a ordem de pagamento.
Quem recebe a ordem de pagamento é o sacado.
Quem recebe o valor é o tomador/beneficiário.

1.6.3 Requisitos da letra de câmbio

a. A palavra ‘letra’ tem que constar expressamente no título.


b. Tem que ter uma ordem de pagamento de quantia determinada.
c. Tem que ter o nome do sacado.
d. Tem que ter no nome do beneficiário/tomador.
e. Tem que ter a assinatura do sacador.
f. Tem que ter a data da emissão.
g. Época de pagamento.
h. Indicação do lugar de pagamento.
i. Indicação de lugar de emissão.

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Das letras ‘a’ até ‘f’ são requisitos essenciais. Já os requisitos ‘g’ a
‘i’ são requisitos acidentais, também chamados de supríveis. Porque na
falta de indicação de pagamento lugar de pagamento ou lugar de emissão,
nós temos regras que irão suprir essas ausências.
Se não tiver data de pagamento presume-se que o pagamento é à
vista.
Se não tem lugar de pagamento presume-se que o pagamento é no
lugar do domicílio do sacado, porque ele que irá efetuar o pagamento.
Se não tem lugar de emissão presume-se que é lugar de domicílio do
sacador.
Ex.
Sacador – Gialluca
Sacado – Cléber
Tomador/beneficiário – LFG – ele tem a posse do título – princípio
ida cartularidade. Ele terá que apresentar a letra de câmbio ao Cléber para
saber se este concorda ou não com a ordem de pagamento. Surge aqui um
ato cambial chamado aceite.

1.6.4 Aceite

E o ato de concordância com uma ordem de pagamento dada.


O aceite é ato PRIVATIVO do sacado, afinal ele é o único que
recebe à ordem de pagamento.
O aceitante será o devedor principal do título.
Na letra de câmbio o aceite é facultativo.
Se o sacado der o aceito ele será o devedor principal, e o sacador será
o codevedor.
O credor pode ajuizar a ação contra um, alguns ou todos. Quem irá
escolher isso é o credor.
Se o credor ajuizar contra o codevedor este terá que pagar, mas o
sacador terá direito de regresso contra o devedor principal.
É possível a recusa do aceite. Ela provoca o vencimento antecipado
do título. É o chamado de vencimento extraordinário.

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Vencimento extraordinário – duas únicas espécies: recusa no aceite e


decretação da falência.
No caso de recusa o sacador será o devedor principal do título.
Pode ocorrer o aceite parcial. Ele também é considerado como
recusa. Quem dá o aceite parcial provoca também o vencimento
antecipado. E só fica vinculado aos termos do aceite. Mas ao sacado só
pode ser cobrado na data do vencimento ao valor que ele aceitou. Ao
sacador o vencimento é antecipado no valor de todo o título.
Pode colocar a cláusula não aceitável, e, com ela, o título não pode
ser apresentado para aceite, somente para pagamento, assim, ele só será
apresentado na data do vencimento. Esta cláusula busca impedir o
vencimento antecipado do título.
Poderá acontecer o aceite parcial, e este poderá ser:
Como se dá o aceite? A simples assinatura do sacado no anverso
(frente) do título é suficiente. Ou no verso, e ai tem que assinar e colocar
uma expressão que demonstre o aceite, que concorda com a ordem de
pagamento (aceito, concordo).
Ex.: Sabbag deu o aceite, ai ele passa a ser o devedor principal desse
título. Gialluca é o coobrigado/codevedor/corresponsável. Se Sabbag não
pagar, LFG cobrará de quem? Art. 47, dec. 57.663/66. Poderá ajuizar ação
contra Sabbag, contra Gialluca ou contra os dois. Mas Gialluca tem
regresso, pois o devedor principal é Sabbag. Se LFG entrar contra Sabbag,
este terá que pagar e não cabe direito regressivo.

1.6.5 Endosso

a) Conceito: é o ato pelo qual o credor de um título de crédito


nominativo (nominal) à ordem transmite o direito ao valor constante no
título a outra pessoa, sendo acompanhado da tradição da cártula, que
transfere a posse desta.
b) Efeitos: transferência da titularidade do crédito do endossante para
o endossatário (endossante transfere, endossatário recebe) e tonar o
endossante codevedor do título.
c) Como se dá o endosso: verso – simples assinatura; anverso –
precisa de assinatura e uma expressão identificadora do ato (ex.: endosso a
..., pague-se a ...).

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Pode se dar o endosso no anverso (frente do título)? SIM. Mas é


necessário um assinatura e uma expressão identificadora, que demonstre
que aquele ato é um ato de endosso.
d) Em preto ou em branco – quando se identifica o endossatário é em
preto, caso não se identifique será em branco.
e) É possível o endosso parcial? Não, neste caso ele é nulo, não se
admite. Art. 12 do decreto 57663.
f) Endosso póstumo ou tardio:
O endosso dado depois do vencimento continua tendo efeito de
endosso. O título vence, depois disso é possível o endosso, ainda? SIM.
Ele continua tendo efeito de endosso.
Depois de vencido e protestado ou expirado o prazo de protesto –
neste caso, ele terá efeito de cessão civil. Este é que é o endosso póstumo/
tardio. Quem dá o endosso póstumo não responde pelo pagamento do
título.
Endosso póstumo não é dado por inventariante.
g) Endosso sem data:
Há presunção que ele foi dado antes de expirado o prazo de protesto!
(art. 20, Decreto 57.6663), pois ele não seria endosso, mas sim cessão civil.
Art. 20. O endosso posterior ao vencimento tem os
mesmos efeitos que o endosso anterior. Todavia, o
endosso posterior ao protesto por falta de pagamento,
ou feito depois de expirado o prazo fixado para se fazer
o protesto, produz apenas os efeitos de uma cessão
ordinária de créditos.
Salvo prova em contrário, presume-se que um endosso
sem data foi feito antes de expirado o prazo fixado para
se fazer o protesto.

h) Cláusula proibitiva de novo endosso


Endossante pode proibir novo endosso?
Cláusula proibitiva de novo endosso: esta cláusula está no art. 15
do decreto. O endossante é codevedor do endossatário, mas não garante o
pagamento às pessoas a quem a letra for posteriormente endossada.

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Art. 15 – (...)
O endossante pode proibir um novo endosso, e, neste
caso, não garante o pagamento as pessoas a quem a letra
for posteriormente endossada.

Ela não se confunde como cláusula sem garantia


i) Cláusula sem garantia.
Está no caput do art. 15 do Decreto.
Art. 15 O endossante, salvo cláusula em contrário, é
garante tanto da aceitação como do pagamento da letra.
(...)
Quem dá endosso sem garantia tem o mesmo efeito de cessão civil.
Ou seja, não responde pelo pagamento.
j) Modalidades de endosso
 Endosso próprio: são os vistos acima. Há transferência do crédito.

 Endosso impróprio: não há transferência do crédito. Sua finalidade


é legitimar a posse de terceiro.

o Endosso mandato
Tem a figura do endossante-mandante e o endossatário-mandatário.
Há uma relação de mandato, para que possa exercer os direitos relativos ao
título. Usa-se a seguinte expressão: Endosso por procuração ou endosso
para cobrança. A procuração tem que ser dado no título. É dado para fins
de cobrança.
Não se transfere o título para o endossatário-mandatário.
OBS.: No contrato de mandato no CC, uma das causas de extinção é
a morte de uma das partes (art. 682). Art. 18 do decreto: o mandato não se
extingue por morte ou incapacidade do mandatário, morte do endossatário
não implica em extinção (??) art. 18: não haverá extinção no caso de morte
do endossatário.
Art. 18 - Quando o endosso contém a menção "valor a
cobrar" (valeur enrecouvremente), "para cobrança"
(pour encaissement), "Por procuração" (par
procuration), ou qualquer outra menção que implique
um simples mandato, o portador pode exercer todos os

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direitos emergentes da letra, mas só pode endossá-la na


qualidade de procurador.
Os co-obrigados, neste caso, só podem invocar contra o
portador as exceções que eram oponíveis ao
endossante.
O mandato que resulta de um endosso por procuração
não se extingue por morte ou sobrevinda incapacidade
legal do mandatário.

Quem responde por protesto indevido é o endossante-mandante, aí


veio a súmula 476, STJ e diz que se o endossante-mandatário extrapolar os
poderes de mandatário irá responder por danos. É uma medida excepcional.
Súmula 476
“O endossatário de título de crédito por endosso-
mandato só responde por danos decorrentes de
protesto indevido se extrapolar os poderes de
mandatário”.

o Endosso caução/pignoratício
O título de crédito é um bem móvel, e se quiser dar ele como
garantia é por meio do penhor, e aí coloca “endosso em garantia” ou
“endosso em penhor”, e fica lá para cumprimento da obrigação principal.
Aula 03 – 29/08/2014 – Alexandre Gialluca

1.6.6 Aval

A) Conceito:
Aval é o ato, pelo qual uma pessoa (avalista) se compromete a pagar
título de crédito, nas mesmas condições (equivalência obrigacional) que
um devedor ou codevedor deste título (avalizado).
O avalista é o garantidor e o avalizado é o devedor ou codevedor.
Gialluca (sacador) dá uma ordem para Cleber (sacado) pagar a LFG
(tomador), ai esse passa para Marinela (avalizada), que por sua vez passa
para Pablo. Pablo diz que só aceita se tiver um avalista, e ai Neymar é
colocado como avalista. Se Cleber não pagar ele vai poder cobrar a
Neymar.
Finalidade: reforço de pagamento.
Pode ser acionado primeiramente o avalista.
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OBSERVAÇÃO: o aval tem uma equivalência obrigacional. A


responsabilidade do avalista está diretamente relacionada a
responsabilidade do avalizado. Assim, as ações e o prazo prescricional que
o credor tem contra o avalizado terá também contra o avalista. De igual
modo, caso o avalista pague o título terá os mesmos direitos de regresso
que o seu avalizado.
Pablo é o credor, ele pode acionar judicialmente Marinela? Sim.
Então ele pode entrar contra o avalista da Marinela.
Qual o prazo para executar o avalista? Depende de quanto é o de
Marinela, pois será o mesmo que o avalizado.
Se Pablo aciona Marinela, ela é obrigada a pagar? Sim, pois quem
endossa tem que pagar, mas ela não é devedora principal, e ai ela vai poder
acionar judicialmente Cleber ou LFG. Eles são equivalentes, é a
equivalência obrigacional.
O avalista tem direito de regresso contra o avalizado e todos os
outros devedores do seu avalizado.
B) Como se dá o aval
Lembre-se do Endosso: pode ser no verso (assinatura) do título ou no
anverso (assinatura + expressão identificadora).
Aval: pode ser no anverso (assinatura) ou verso (assinatura +
expressão identificadora). É o contrário do anterior. Expressão: por aval a
..., avalizo a ... .
C) Quem pode ser avalista
Não é só a pessoa física que pode ser avalista. Mas é muito comum a
pessoa jurídica ser avalista de um título de crédito.
D) Formas de aval
Assim como o endosso, pode ser em preto ou em branco.
Aval em preto é aquele que identifica o avalizado. O aval em branco
não identifica o avalizado.
“Avalizo a Marinela”. Então, o avalizado é Marinela. Este é o aval
em preto, pois há identificação do avalizado.
“Avalizo a ...”. Não há identificação do avalizado, logo, é aval em
branco. Neymar veio e assinou na frente e não identificou ninguém.

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Se Neymar der uma simples assinatura na frente do título. É em


branco. Neste caso, quem é o avalizado? Todos? O sacado (Cleber)?
Nenhum deles, art. 31, parte final, do decreto 57.663 , logo, no aval em
branco o avalizado será o sacador (é quem criou a ordem de pagamento –
Gialluca).
Art. 31. O aval é escrito na própria letra ou numa folha
anexa.
Exprime-se pelas palavras "bom para aval" ou por
qualquer fórmula equivalente; e assinado pelo dador do
aval.
O aval considera-se como resultante da simples
assinatura do dador aposta na face anterior da letra,
salvo se se trata das assinaturas do sacado ou do
sacador.
O aval deve indicar a pessoa por quem se dá. Na falta de
indicação, entender-se-á pelo sacador.

E) Aval parcial
Decreto 57.663
Art. 30. O pagamento de uma letra pode ser no todo ou
em parte garantido por aval.
Esta garantia é dada por um terceiro ou mesmo por um
signatário da letra.

CC/02 - Art. 897. O pagamento de título de crédito, que


contenha obrigação de pagar soma determinada, pode
ser garantido por aval.
Parágrafo único. É vedado o aval parcial.

Se o valor do título é de R$ 10.000, Neymar pode garantir R$ 3.500?


Art. 30 diz que o aval pode ser total ou parcial, portanto, poderá.
OBS.: art. 897, parágrafo único, CC traz uma regra totalmente
diferente. Segundo o legislador não é possível o aval parcial, portanto, de
acordo com o CC é vedado o aval parcial.
Aplica-se o decreto, pois é lei especial (art. 903, CC)
F) Aval posterior ao vencimento / aval póstumo
Foi visto que no caso do endosso póstumo, ele passa a ser cessão
civil.

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Já o aval nunca vai mudar, ele sempre terá o efeito de aval.


CC - Art. 900. O aval posterior ao vencimento produz os
mesmos efeitos do anteriormente dado.

G) Aval simultâneo
São os avais dados por dois ou mais avalistas ao mesmo avalizado.
Ex.: Marinela é avalizada, o avalista dela é Neymar, só que ela
consegue mais um avalista que é CR, e ai poderá cobrar a totalidade de
qualquer um deles.
H) Aval sucessivo
Ocorre quando um avalista garante outro avalista. Um avalista se
torna avalista dos outros.
Ex.: Marinela está sendo avalizada pelo Neymar, só que ele arruma
outro avalista, que é o CR. CR passa a ser avalista do Neymar. CR é
avalista do avalista, ele não está assumindo a obrigação de Marinela e sim
de Neymar.
OBS.: Súmula 189, STF:
Marinela, que é avalizada, e há uma assinatura de Neymar e de CR,
mas nenhum dos dois diz quem está garantindo, são avais em branco e
superpostos. Avais em branco e superpostos são considerados sucessivos
ou simultâneos? Não é sucessivo, afinal quem está sendo garantido é
Gialluca, o aval é simultâneo, pois ambos garantem Gialluca (CR não
garante Neymar). É o que está na sumula 189, STF: “Avais em branco e
superpostos consideram-se simultâneos e não sucessivos”. No aval em
branco o avalizado é o sacador do título.
I) Aval ≠ Fiança
AVAL FIANÇA
- Só pode ser dada em TC. É uma - Só pode ser dado em contrato;
relação tipicamente cambial - É acessória;
(perdura enquanto aquele título tem - Tem benefício de ordem;
força executiva). Se o título está - Se Marinela é avalizada e Neymar
prescrito ele perde sua natureza avalista, o credor já pode
cambial, e aí desaparecem as diretamente executar o Neymar, pois
relações cambiais, e não se fala mais o aval não tem benefício de ordem.
em aval quando o título está Já no caso da fiança há benefício de
prescrito. Posso ajuizar monitória ordem, e aí a ordem tem que ser
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contra avalista? Não, pois o título seguida.


está prescrito. Não cabe monitoria Mas na prática o fiador acaba
contra avalista. Execução pode, renunciando o benefício de ordem.
mas monitoria não;
- É autônomo. (Não importa o que
acontece com o avalizado)
- OBS.: Em caso de morte, falência
ou incapacidade do avalizado, o
avalista continua responsável.
- Não tem benefício de ordem;

OBS.: Art. 1647, III, CC – é necessário a outorga do cônjuge


(todavia, no regime da separação absoluta não se aplica essa regra). Logo,
tanto para aval quanto para fiança tem que ter autorização do cônjuge,
observando-se a exceção da separação absoluta.

1.6.7 Modalidades de vencimento da letra de câmbio

 À vista – é aquele exigível de imediato, pode ser cobrado a qualquer


tempo;
 Data certa – é aquele título que tem a data fixada, ex.: 17/11/14;
 A certo termo de vista – é o numero “x” de dias contados a partir de
um marco inicial; começa a contar esse numero “x” de dias da data
do aceite.
 A certo termo de data – é o numero “x” de dias contados de um
marco inicial; começa a contar da data de emissão.

1.6.8 Prazo prescricional

Devedor principal - 3 anos; dispensa o protesto.


Codevedor / avalista – 1 anos; tem que ter protesto.
Direito de regresso – 6 meses contados do pagamento ou de quando
demandado.

1.7 Nota promissória

Legislação – Decreto 57.663/66.

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1.7.1 Conceito:

É o título de crédito pelo qual uma pessoa, denominada emitente, faz


a outra pessoa, designada beneficiário / tomador, uma promessa pura e
simples de pagamento de quantia determinada, em seu favor ou a outrem à
sua ordem, nas condições nela constantes.
Emitente/ subscritor;
Tomador/ beneficiário.

1.7.2 Requisitos essenciais

A denominação “nota promissória” inserida no título;


Promessa pura e simples de pagamento de quantia determinada;
Nome do beneficiário;
Data de emissão;
Assinatura do emitente.
Se faltar alguns desses, não teremos nota promissória.
Requisitos supríveis:
Vencimento do título (se não tiver data de vencimento, presume-se
que é à vista);
Lugar de emissão (presume-se que foi emitido do domicílio do
emitente);
Lugar de pagamento (presume-se domicílio do emitente).

1.7.3 Legislação aplicável

Decreto 57663/66 -
Art. 75 ao 78 – tratam da nota promissória.
Art. 77 – devemos aplicar o que for compatível com a letra de
câmbio.
Não tem estrutura de ordem de pagamento. O aceite é ato privativo
do sacado, mas aqui não há sacado, eu não dou ordem para ninguém pagar,
eu mesma pago.

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1.7.4 Não há aceite

Promessa de pagamento.
Tem o emitente da nota e a figura do tomador. É quem emitiu a nota
e o beneficiário da nota. Não tem que se falar em aceite. A nota
promissória, portanto, não admite a figura do aceite.
Quando o sacado dá o aceite na letra de câmbio, ele se torna o
devedor principal do titulo, como aqui não há aceite e nem sacado, só há
emitente e tomador, então, qual é o devedor principal do título? É o
emitente subscritor.

1.7.5 Devedor principal

É o emitente, também chamado de subscritor.

1.7.6 Endosso

Pode endossar, e aqui aplicamos as mesmas regras da letra de


câmbio.
Tudo que virmos na letra de câmbio sobre o endosso vai ser aplicado
na nota promissória.

1.7.7 Aval

Aplicamos as mesmas regras da letra de câmbio.


OBS.: Com relação ao aval em branco na Letra de Câmbio o
avalizado é o sacador. Na nota promissória não tem sacador, então o
avalizado é o emitente subscritor do título.

1.7.8 Vencimento

- À vista
- Data certa
- Certo termo de vista – a princípio, pensa-se que não existe essa
modalidade, já que não existe a figura do aceite, e é o que alguns autores
afirmam, entretanto, há a regra do art. 78 que reza “o termo de vista conta-
se da data do visto pelo subscritor”. Assim, vai contar da data do visto, mas
na pratica é uma hipótese muito rara.

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- Certo termo de data

1.7.9 Prazo prescricional

Será o mesmo prazo para LC e NP.


Há três prazos:
Devedor principal e seu avalista – 3 anos contados do vencimento do
título.
Codevedor e seu avalista – 1 ano contado do protesto.
Ocorre nos casos acima a equivalência obrigacional.
Direito de regresso – 6 meses contados do pagamento ou de quando
demandado.
E se o titulo estiver prescrito? Ai já não será mais execução e sim
ação monitória. Atualmente temos a súmula 504, STJ, do ano de 2014, será
o prazo de cinco anos contado do vencimento.
Súmula 504: “O prazo para ajuizamento de ação monitória em face
do emitente de nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar
do dia seguinte ao vencimento do título”.
Art. 206, parágrafo 5º, I, CC –
Lei 9.492/97 – Lei de protesto – art. 9 – não cabe ao tabelião de
protesto investigar se o título está prescrito ou não.

1.8 Cheque

Lei 7357/85

1.8.1 Conceito

É uma ordem de pagamento à vista, emitida por pessoa física ou


jurídica, em favor próprio ou de terceiro, contra instituição bancária ou
financeira que lhe seja equiparada, com a qual o emitente possui contrato
que autorize a dispor de fundos existentes em conta corrente.
Sacador – dá a ordem - correntista
Sacado – banco ou instituição financeira a ele equiparada
Tomador / beneficiário – credor

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Ver Súmula -STJ : apresentação antecipada de cheque pré-datado


gera dano moral (não é o banco que tem que pagar, mas o beneficiário).

1.8.2 Não admite o aceite

Art. 6º, da Lei de Cheque.

1.8.3 Endosso

A) Efeitos
A lei de cheques traz artigos para tratar do tema.
- transferência da titularidade do crédito do endossante para o
endossatário.
- tornar o endossante em codevedor do cheque
B) Como se dá o endosso
Tanto pode ser no verso, como também no anverso. No verso basta
uma assinatura. No anverso é necessário uma assinatura e uma expressão
identificadora: “ endosso a...”; “com endosso a ....”; “pague-se a...”.
CUIDADO: hoje já não há mais limite para a quantidade de endosso.
O limite acontecia por causa da CPMF. Não há mais motivo para se limitar
a quantidade de endosso.
C) Endosso parcial
A lei é clara no art. 18, §1º, dizendo que o endosso parcial é nulo.
D) Endosso condicionado
Não se pode ter endosso condicionado. (art.18, Lei de Cheque)

1.8.4 Aval

O cheque admite aval que pode ser total ou parcial. (art. 29 da Lei de
Cheque).

1.8.5 Apresentação para o pagamento – art. 33

O prazo que se tem para apresentar é:


- 30 dias: mesma praça; - 60 dias: praça diferente; a partir da data da
emissão. Se apresentar no prazo de 120 o banco irá pagar.
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Empresarial – Intensivo II - 2014

A finalidade do prazo serve para dar início ao prazo prescricional e


também, de acordo com o art. 47, II, permitir a execução de endossante de
cheque se apresentado dentro do prazo legal.
Súmula/STF 600.
Apresentação simultânea:
Dois cheques
Cheque R$ Cheque R$ Conta
1.000,00 200,00 corrente R$
1.100,00
Os dois foram apresentados no mesmo dia. Tem que se pagar o
cheque de data de emissão mais antiga. Se emitidos na mesma data o
segundo critério é o cheque de número inferior, não é o valor do cheque,
mas a numeração do cheque.
Súmula 388 STJ – a simples devolução indevida de cheque
caracteriza dano moral.
Assistir aula on line de + 1 hora
Prazo de prescrição – duplicata
Aula: 04 - 03/09/2014 – Alexandre Gialluca

Manual de direito comercial – Fábio Ulhoa Coelho, Ed. Saraiva.

2 DIREITO SOCIETÁRIO

2.1 Introdução

Temos hoje dois tipos de sociedade: as sociedades não-


personificadas e as sociedades personificadas. A primeira não tem
personalidade jurídica, a segunda tem personalidade jurídica.
Início da personalização: art. 985, CC – Ela adquire personalidade
jurídica quando faz o registro do ato constitutivo no órgão próprio. É aí que
se dá o inicio da personalização.
Término da personalização: se dá com o procedimento dissolutório,
que pode ter natureza judicial ou extrajudicial. Esse procedimento possui
três fases: dissolução, liquidação e partilha.
Efeitos da personalização:
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 Ela tem titularidade negocial, ou seja, capacidade de realizar


negócios jurídicos. Pode por ex. fazer contrato de locação, fazer
empréstimo bancário, realizar leasing.

 Também tem a titularidade processual, no sentido de que ela


pode demandar e ser demandada.

 Tem autonomia patrimonial, ou seja, tem patrimônio distinto


do patrimônio dos sócios.

2.2 Sociedades despersonificadas / não personificadas:

Existem dois tipos:


Sociedade em comum;
Sociedade em conta de participação.

2.2.1 Sociedade em comum

a) Art. 986, CC – é a sociedade que não foi levada a registro.


Antigamente chamava-se de irregular (tinha contrato, mas não foi
levado a registro ou de fato (não tinha contrato). Hoje, não se faz mais esta
diferenciação.
b) Responsabilidade dos sócios – ilimitada, ele responde com seu
patrimônio pessoal pelas dívidas da sociedade. E para que isso não
aconteça, ele terá que providenciar o registro.
OBS.: art. 990, CC: responsabilidade solidária e ilimitada.
Benefício de ordem – está no art. 1024, CC, segundo ele, quando
uma sociedade tem dívidas, e tem o sócio A e B, ai em primeiro lugar as
dívidas devem recair sobre os bens da sociedade, se estes não forem
suficientes para saldar a dívida, ai recairá sobre os bens pessoais do sócio,
neste segundo momento. Há uma ordem a ser seguida: primeiro os bens da
sociedade e depois os bens dos sócios. Neste caso trata-se de uma
responsabilidade subsidiária.
Regra: Como há uma ordem a ser seguida, não se pode falar em
responsabilidade solidária, e sim em subsidiária, pois os sócios vão
responder com seus bens depois da dívida recair sobre os bens da
sociedade.

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Quando vai atrás dos bens do sócio, e um tem 20% e outro 80%, ai
entre esses sócios é que a responsabilidade é solidária. A responsabilidade
solidária a que se refere o artigo é entre os sócios.
Resumo: a responsabilidade entre sócios e sociedade é subsidiária; já
a responsabilidade entre os sócios é solidária.
Exceção: Aquele que contratou pela sociedade e a sociedade, haverá
responsabilidade solidária (ex.: o sócio que emitiu uma NF em nome dele
mesmo) e responde juntamente com a sociedade desde o começo da
relação, não tendo em seu favor o benefício de ordem.
c) Patrimônio:
Patrimônio especial: art. 988, CC. Ele é chamado assim, pois a
sociedade em comum não tem autonomia patrimonial.
Ex.: sócio A colocou bens na sociedade (sofá, mesa, cadeira,
estantes) e B colocou equipamentos (computador, impressora, wifi). Estes
bens não são da sociedade, são de titularidade comum dos sócios, eles são
cotitulares dos bens, os sócios que é terão a propriedade desses bens.
1º bens da sociedade
2º bens do sócio
Mas se a sociedade não tem bens, como fica o pagamento das
dívidas? Ela não tem a titularidade dos bens, mas os bens estão sendo
utilizados pela sociedade, e ai se estes bens não forem suficientes passa
para o sócio A e sócio B, mas isso num segundo momento, pois primeiro
são os bens destinados à sociedade.
d) Prova da existência da sociedade
Ela será feita pelo sócio ou por um terceiro. O sócio só pode provar
por escrito. O terceiro pode provar por qualquer meio de prova, o mais
comum é a prova testemunhal (art. 987, CC).
e) Caso seja levada a registro
Ela passa a ser personificada, a ter personalidade jurídica (art. 985,
CC).

2.2.2 Sociedade em conta de participação

a) Estrutura: art. 991, CC


Há duas categorias de sócio: ostensivo e participante.
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O ostensivo vai exercer o objeto social, ele tem responsabilidade


exclusiva e ele vai agir em seu nome individual. O participante vai apenas
participar dos resultados.
Ex.: construtora Alpha Ltda adquire um terreno para levantar um flat
(flat Morumbi), e eu vou comprar uma unidade nesse flat. O ostensivo é a
construtora e o participante será eu. E aí erguem a sociedade flat Morumbi
SCP.
Objeto social (atividade a ser explorada por essa sociedade):
construção do flat. Este é o propósito específico (sociedade de propósito
específico – propósito: construção do flat), todavia, o tipo societário é
sociedade em conta de participação. A sociedade de propósito específico
não é um novo tipo societário, isso é só uma finalidade da sociedade.
Quem vai exercer o objeto social?
A responsabilidade é do sócio ostensivo, é da construtora neste caso.
A sociedade em conta de participação não tem personalidade
jurídica, logo, não pode contratar em nome de flat Morumbi. Nesse caso
tudo que ser faz é em nome do sócio ostensivo. Ou seja, as duplicatas, os
contratos de compra e venda, devem ser feitos em nome do sócio ostensivo.
Se acontecer algum acidente na obra, existir dívida trabalhista, será
tudo responsabilidade do sócio ostensivo.
Na sociedade da conta de participação quem é polo passivo ou ativo
da demanda? Será sempre o sócio ostensivo da sociedade em cota de
participação.
b) Responsabilidade perante terceiro
Somente o sócio ostensivo é que responde perante terceiro. A
responsabilidade dele será ilimitada. Mas aqui se aplica também a regra do
art. 1.024, CC.
Sócio participante não responde perante terceiro.
c) Sócios
Em ambos os casos pode ter mais de um. No ostensivo pode ser 1 ou
mais PF ou PJ, e o participante também, 1 ou mais e PJ ou PF.
OBS.: o sócio ostensivo queira admitir um novo sócio na sociedade.
Na sociedade em conta de participação, é necessário o consentimento
expresso dos demais sócios.

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d) Legitimidade processual: É o sócio ostensivo, ele será autor ou réu


de uma ação.
e) Prova da sociedade: É admitido qualquer meio de prova (art. 992,
CC). Até mesmo testemunhal.
f) Caso seja levada a registro
Art. 993, CC: traz uma exceção. Ainda que se faça o registro, a
sociedade continua sendo despersonificada. Na prática ninguém faz o
registro, então, não se consegue saber a composição dos sócios. Assim,
quem aparece na relação contratual é o sócio ostensivo, não tem como se
chegar ao participante, e por isso, ele é chamado de sócio oculto, pois não
aparece na relação.
g) Dissolução
A liquidação não vai seguir os padrões societários, mas sim uma
ação de prestação de contas, na forma do CPC. Quem figura no polo
passiva é o sócio ostensivo.

2.3 Sociedades personificadas

Elas possuem personalidade jurídica.

2.3.1 Quadro geral

Quanto ao objeto, natureza da atividade, ela pode ser:


A) Sociedade empresária – deve adotar tipos societários (art. 983,
CC), que pode ser:
i. Sociedade em nome coletivo.
ii. Sociedade em comandita simples.
iii. Sociedade em comandita por ações – se for sociedade por
ação, sempre será sociedade empresária.
iv. Sociedade anônima: (art. 982, parágrafo único, CC) – se for
sociedade por ação, sempre será sociedade empresária.
v. Sociedade limitada.

B) Sociedade simples – art. 983, CC

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i. Sociedade em nome coletivo


ii. Sociedade em comandita simples
iii. Sociedade limitada
iv. Cooperativa
v. Sociedade simples (é um tipo societário, art. 997, CC)
OBS.: Sociedade simples pode ser um tipo societário ou um tipo de
natureza de sociedade personificada. O tipo societário tem um capítulo
próprio no CC que se inicia no art. 996 e seguintes do CC.
As regras gerais da sociedade simples. Ou seja, as regras gerais do
direito societário estão contidas nos artigos da sociedade simples (art. 996,
1040, 1053, CC).
Sociedade empresária tem que ser registrada na Junta Comercial.
Sociedade simples tem que ser registrada no Registro Civil de Pessoa
Jurídica (cartório). Art. 1150, CC.
Exceções: 1) Sociedade de advogado – tem natureza simples, é
sociedade simples, do tipo simples, mas que é registrada na OAB. 2)
Cooperativa tem natureza simples, mas é registrada na Junta Comercial 
Lei 8934/94 – registro público das empresas mercantis (art. 32, II, a – trata
da competência da JCom para registro de cooperativa).

2.3.2 Classificação

A) Sociedade com:
i. Responsabilidade ilimitada – o sócio responderá com seu
patrimônio pessoal por dívidas da sociedade. Ex.: Sociedade em nome
coletivo (art. 1.039, CC).
ii. Responsabilidade limitada – o sócio não responde por dívidas da
sociedade. Ex.: S/A ou LTDA.
iii. Responsabilidade mista – tem sócio com responsabilidade
limitada e ilimitada. Ex.: Sociedade em comandita simples. A sociedade
tem o sócio comanditado (responsabilidade ilimitada), já o comanditário
(responsabilidade limitada).
Critério: responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais.

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B) Sociedade nacional ou sociedade estrangeira


Critério: nacionalidade da sociedade.
Sociedade com um sócio argentino e outro paraguaio. Eles montam
uma sociedade no Brasil, ela é nacional ou estrangeira? Art. 1126, CC.
“Art. 1.126. É nacional a sociedade organizada de
conformidade com a lei brasileira e que tenha no País a
sede de sua administração”.

A sede é no Brasil? Sim. Está organizada de acordo com a lei


brasileira? Sim. Então, é nacional, não importa a nacionalidade dos sócios.
Se faltar algum desses requisitos será estrangeira.
A sociedade estrangeira precisa de autorização do poder executivo
federal (art. 1134, CC). Todavia, nada impede que a sociedade estrangeira
seja sócia de sociedade anônima brasileira.
Ex.: a Henz é estrangeira, mas ela é sócia, porque comprou 80% da
Quero Alimentos LTDA, para poder atuar no Brasil.
A sede é no Brasil? Sim. Está organizada de acordo com a lei
brasileira? Sim. Então, é nacional, não importa a nacionalidade dos sócios.
Se faltar algum desses requisitos será estrangeira.
A sociedade estrangeira precisa de autorização do poder executivo
federal (art. 1134, CC). Todavia, nada impede que a sociedade estrangeira
seja sócia de sociedade anônima brasileira.
Enunciado 486, CJF: 486) Art. 1.134: A sociedade
estrangeira pode, independentemente de autorização
do Poder Executivo, ser sócia em sociedades de outros
tipos além das anônimas.

C) Sociedade contratual ou sociedade institucional


Critério: regime de constituição e dissolução do vínculo societário.
Na sociedade contratual o ato constitutivo é um contrato social, ex.:
LTDA, sociedade simples. Incide no contrato os interesses particulares dos
sócios, os princípios contratuais.
Ex. as ações só são automaticamente transferidas para o herdeiro se
houver previsão no contrato

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A sociedade institucional tem um estatuto social. No estatuto social


prevalece a Lei 6.404/76, prevalece a vontade do legislador, da lei. Ex.:
S/A e comandita por ações.
Ex. as ações são automaticamente transferidas para o herdeiro.
OBS.: nas sociedades contratuais a sociedade é constituída em
função dos interesses particulares dos sócios e a interferência do legislador
é mínima. Já nas institucionais o vínculo que une os sócios não é contratual
e decorre da vontade da instituição e da lei.
Aula 05 - 08/09/2014 – Alexandre Gialluca

D) Sociedade de pessoa ou sociedade de capital


Critério: leva-se em conta o grau de dependência da sociedade em
relação às qualidades subjetivas do sócio.
i. Sociedade de pessoas é aquela em que o sucesso da sociedade
depende das características subjetivas do sócio. Ex.: escritório de
advocacia.
ii. De capital é aquela que o sucesso não depende das características
subjetivas do sócio, o que importa é o capital investido na sociedade. Ex.
Sociedade Anônima – S/A.
O TRF da 5ª região perguntou na segunda fase sobre a exclusão de
sócio incapaz.
Exclusão do sócio por incapacidade, é possível? Art. 1030, CC –
sim, mas esta regra só se aplica para a sociedade de pessoas, afinal, nesta, a
capacidade do sócio faz diferença no tocante ao desenvolvimento da
sociedade. Na sociedade por capital a incapacidade não se justifica a
exclusão.
Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu
parágrafo único, pode o sócio ser excluído
judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos
demais sócios, por falta grave no cumprimento de suas
obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente.

Identificação: irá depender da análise do contrato social daquela


sociedade.
Sociedade de pessoa Sociedade de capital
A cessão de cotas depende de Cessão de cotas não depende de
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aprovação dos sócios. aprovação dos sócios


Não se admite ingresso de herdeiro O ingresso de terceiro é livre.
ou depende de aprovação dos
sócios.
Na omissão do contrato da sociedade limitada devemos recorrer a
regra do art. 1.057 do CC.
Na sociedade limitada a presunção é de que ela seja de pessoa, tendo
em vista o que determina o art. 1.057.
Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder
sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio,
independentemente de audiência dos outros, ou a
estranho, se não houver oposição de titulares de mais de
um quarto do capital social.

2.3.3 Sociedade contratual

Critério: regime de constituição e dissolução do vínculo societário.


i. Na sociedade contratual o ato constitutivo é um contrato social,
ex.: LTDA, sociedade simples. Incide no contrato os interesses particulares
dos sócios, os princípios contratuais.
Pode se dar por instrumento particular ou por instrumento público
(escritura pública). Em ambos os casos é indispensável o visto do advogado
– Lei 8.906/94 – art.1º, §2º (sob pena de nulidade).
Há alguém que está dispensado do visto do advogado? Sim. Quando
se tratar de microempresa e de empresa de pequeno porte. LC 123/06, art.9,
§2º.
Requesitos específicos:
1º) pluralidade de sócios:
Tem que ter dois ou mais sócios para montar sociedade contratual.
Depois que se constitui a sociedade é admitida a unipessoalidade (1
sócio só) temporária ou incidental.
Prazo 180 dias – art. 1.033, IV, CC.
Passado o prazo não tendo outro sócio haverá a dissolução total.
2º) Contribuição dos sócios para a formação do capital social
Capital social R$ 100.000,00

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Três sócios – compromisso - subscrição:


A = 40% - B = 50% - C = 10%
O ato de pagamento é a integralização.
O capital social é o dinheiro provindo da contribuição dos sócios
para o exercício da atividade empresária.
3º) Distribuição de resultados
4º) Affectio societatis
É a disposição dos sócios em formar e manter a sociedade uns com
os outros. Quando não existe ou desaparece esse ânimo a sociedade não se
constitui ou deve ser dissolvida (Fábio Ulhôa Coelho).
Enunciado 67, I JDC
67 – Arts. 1.085, 1.030 e 1.033, III: A quebra do affectio
societatis não é causa para a exclusão do sócio
minoritário, mas apenas para dissolução (parcial) da
sociedade.

A exclusão só pode ser feita se houver falta grave.

2.3.4 Sociedade simples

1. Constituição
Contratual: contrato social (art. 997, CC)
Instrumento particular ou público que deve ser levado para registro
no prazo de 30 dias (art. 998, CC). Ele será feito no cartório (Registro Civil
de Pessoa Jurídica).
E qual a ideia desse prazo?
Tem a assinatura e ai terá 30 dias para fazer o registro no RCPJ (art.
998, CC).
Ex.: fiz o registro dentro do prazo, então ele terá efeito ex tunc, e
desde o início da assinatura vai aplicar para essa sociedade as regras do tipo
societário simples.
Ex.: fiz o registro 120 dias depois do prazo, então ele terá efeito ex
nunc, e ai apenas do registro para frente que se aplica as regras da

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sociedade simples. E dali para trás não se aplica as regras de sociedade


simples, e sim as regras de sociedade em comum, que é aquele tipo
societário que não foi levado ao registro.
É preciso a pluralidade de sócios, dois ou mais sócios, e no momento
da constituição ela tem que ser necessariamente pluripessoal.
A sociedade simples não pode ser unipessoal? Na constituição não.
Porém, depois de constituída, é admitida a unipessoalidade temporária. Ou
seja, é incidental, pois ocorre depois da constituição. O prazo é de 180 dias
(art. 1033, IV, CC), durante esse tempo é possível a sociedade de um só
sócio. E se ultrapassar esse prazo? Ou se transforma em EIRELI ou terá
que encerrar as atividades com a dissolução total.
2. Cotas sociais
A) Natureza jurídica: é um direito de duplo aspecto (Rubens
Requião), pois quem tem cotas sociais possui direito patrimonial e direito
pessoal.
O direito patrimonial está identificado como um crédito consistente
na percepção de lucros durante a existência da sociedade, na transferência
de suas cotas e na partilha de corrente de dissolução parcial ou total.
É patrimonial porque a cota assegura direito de percepção de lucros.
E se eu quiser alienar minhas cotas elas terão valor de alienação. E também
nos casos de liquidação final, se sobrar dinheiro, ele será dividido entre os
sócios.
Como direito pessoal, a cota proporciona status de sócio. Nesse
sentido podemos citar o direito de influir nas decisões sociais, na
fiscalização dos atos de administração e no direito de preferência para a
subscrição de cotas sociais.
B) Quem pode ser sócio de uma sociedade simples?
Tanto PF, quanto PJ.
Incapaz? Art. 974, §3º, CC – RE 82433/SP: há quem diga que se
trata do empresário individual, não tem nada haver com a sociedade, o §3º
traz 3 requisitos cumulativos para que o incapaz possa ser sócio da
sociedade:
Devidamente assistido ou representado; Não pode exercer a
administração; Capital social integralizado.

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Art. 974. § 3o O Registro Público de Empresas Mercantis


a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos
ou alterações contratuais de sociedade que envolva
sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta,
os seguintes pressupostos: (Incluído pela Lei nº 12.399,
de 2011)
I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da
sociedade; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
II – o capital social deve ser totalmente
integralizado; (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o
absolutamente incapaz deve ser representado por seus
representantes legais. (Incluído pela Lei nº 12.399, de
2011)
O STJ já disse que o art. 794 se aplica a todas as sociedades.
- É possível sociedade entre cônjuges?
Sim, a lei admite, mas há ressalva, o art. 977, CC diz que tem dois
casos em que não se admitirá a sociedade entre cônjuges: no caso de
comunhão universal de bens e no caso de separação obrigatória.
E como ficam as sociedades constituídas antes do novo CC? Elas
permanecem como estão, tendo em vista o ato jurídico perfeito e o direito
adquirido.
Parecer nº 125/03 – DNRC
C) Formas de integralização:
Dinheiro, créditos, bens (móveis ou imóveis).
OBS. 1: Se o imóvel está no nome do SP e ele o transfere para a
sociedade, esta é que será a titular desse imóvel. Ao transferir há o
ITBI, nesse caso específico é preciso pagar o ITBI? Art. 156, II e §2º,
CF, não tem que pagar, o ITBI não vai incidir. (Caso de imunidade
tributária especial).
OBS.2: É possível a integralização com prestação de serviço? Art.
1006, CC, sim, é perfeitamente possível. Isso é possível apenas para
cooperativa e sociedade simples.
OBS.3: A prestação de serviço tem que ser apenas para a sociedade,
tem que trabalhar exclusivamente para aquele projeto na sociedade, sob
pena de ser privado dos lucros ou excluído da sociedade. Tem que se
dedicar, focar na sociedade, trabalhar focando nela (art. 1.006 do CC).

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Sócio remisso: é o sócio inadimplente, é aquele que não pagou/


integralizou total ou parcialmente suas cotas sociais. O que os demais
sócios podem fazer com esse sócio remisso? Art. 1.004, parágrafo único,
CC nos dá as seguintes opções: indenização, redução da quota, exclusão do
sócio remisso.
Art. 1.004, Parágrafo único. Verificada a mora, poderá a
maioria dos demais sócios preferir, à indenização, a
exclusão do sócio remisso, ou reduzir-lhe a quota ao
montante já realizado, aplicando-se, em ambos os casos,
o disposto no § 1o do art. 1.031.
Tem que haver a notificação do sócio remisso, para que ele efetue o
pagamento em 30 dias. É a partir daí que só poderá aplicar o art. 1.004, p.ú.
do CC.
3. Responsabilidade do sócio:
Quem define a responsabilidade é o contrato social, pode ser:
limitada ou ilimitada, e neste último caso se é solidária ou subsidiária.
E se o contrato for omisso? Como fica a responsabilidade dos
sócios? Art. 1.023, CC = “sócios respondem” (ilimitada), “pelo saldo”
(subsidiária); salvo cláusula de responsabilidade solidária expressa.
Enunciado 479 nesse mesmo sentido. LOGO, se for omisso, a
responsabilidade será ilimitada subsidiária.
Art. 1.023. Se os bens da sociedade não lhe cobrirem as
dívidas, respondem os sócios pelo saldo, na proporção
em que participem das perdas sociais, salvo cláusula de
responsabilidade solidária.

V JDC - Enunciado 479) Art. 997, VII. Na sociedade


simples pura (art. 983, parte final, do CC/2002),a
responsabilidade dos sócios depende de previsão
contratual. Em caso de omissão, será ilimitada e
subsidiária, conforme o disposto nos arts. 1.023 e 1.024
do CC/2002.

Art. 1.003, Parágrafo único. Até dois anos depois de


averbada a modificação do contrato, responde o cedente
solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e
terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio.

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Cessão de cotas: art. 1003, CC, é preciso a unanimidade. Quando se


faz cessão de cotas tem que observar a regra do art. 1003, parágrafo único,
que fala da responsabilidade por dívida, cujo prazo é de 2 anos contados
da averbação da modificação do contrato social.
Sócio que entra na sociedade: Adquirente = responde por todas as
dívidas já existentes, art. 1025, CC.
4. Direitos dos sócios
A) Participação nos lucros sociais
Lucro é a remuneração decorrente do investimento feito pelo sócio, é
diferente de prolabore. Quem trabalha em prol da sociedade, quem realiza
um trabalho nela tem direito ao prolabore, pelo seu labor.
Art. 1.008. É nula a estipulação contratual que exclua
qualquer sócio de participar dos lucros e das perdas.
Se a estipulação contratual excluir a participação nos lucros e perdas
– será nula!
Cléber tem 70% de participação; Nestor tem 30% de participação.
Em regra eles participam dos lucros na proporção de suas cotas. Mas, eles
fazem um acordo para que ambos tenham 50% nos lucros. Isso é possível
conforme art. 1.007 do CC.
Art. 1.007. Salvo estipulação em contrário, o sócio
participa dos lucros e das perdas, na proporção das
respectivas quotas, mas aquele, cuja contribuição
consiste em serviços, somente participa dos lucros na
proporção da média do valor das quotas.

Regra geral = O rateio é proporcional às quotas sociais.


ASSIM, o contrato pode sim prever a distribuição de lucros,
inclusive a distribuição desproporcional às quotas sociais. O que não pode
fazer é excluir.
A participação nos lucros é para as cotas sociais devidamente
integralizadas.
B) Participação nas deliberações sociais
A participação será na assembleia ou em reunião.

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As decisões são tomadas pela maioria do capital social. Ex.: Pont –


51% SIM, Fla 29% NÃO, Cor 20% NÃO = Art. 1.010 do CC – prevalece
aquele tem a maior do capital social. Prevalece a decisão do sim.
Art. 1010, CC: Quando, por lei ou pelo contrato social,
competir aos sócios decidir sobre os negócios da
sociedade, as deliberações serão tomadas por maioria
de votos, contados segundo o valor das quotas de cada
um.
§ 1o Para formação da maioria absoluta são necessários
votos correspondentes a mais de metade do capital.

Ex.: Pont – 50% - sim ; Fla 30% - não; Cor 20% - não = aqui há o
empate 50% sim e 50% não. Temos que usar o primeiro critério de
desempate, que é o número de sócio: 2 não, prevalece o não
Art. 1010, CC:
(...)
§ 2o Prevalece a decisão sufragada por maior número de
sócios no caso de empate, e, se este persistir, decidirá o
juiz.

Ex.: Pont – 50% - sim ; Fla 30% - não; Cor 20% - não = aqui há o
empate 50% sim e 50% não. Temos que usar o primeiro critério de
desempate, que é o número de sócio: 2 não, prevalece o não. Aí o Pon faz
uma manobra e fica com 49% e dá 1% para Pal, nesse caso empata de
novo, e aqui o segundo critério de desempate é a decisão judicial (art.
1010, §2, CC).
Exceções: são duas
Modificação do contrato social, art. 999, CC – tem que ter
unanimidade;
Art. 1015, caput: maioria de sócios
Art. 1.015. No silêncio do contrato, os administradores
podem praticar todos os atos pertinentes à gestão da
sociedade; não constituindo objeto social, a oneração ou
a venda de bens imóveis depende do que a maioria dos
sócios decidir.
OBS.: não é a maioria do capital social.
Aula 06 – 19/09/2014 – Alexandre Gialluca

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C) Direito de retirada
Art. 1.029, CC.
Dependerá do contrato, se ele tem prazo determinado ou prazo
indeterminável.
Se tiver prazo determinado só pode sair com justa causa, mas ela terá
que ser comprovada judicialmente.
Regra geral = art. 1029, CC: Além dos casos previstos na lei ou no
contrato, qualquer sócio pode retirar-se da sociedade; se de prazo
indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, com antecedência
mínima de sessenta dias; se de prazo determinado, provando judicialmente
justa causa.
Prazo determinado – ex.: monto uma barraca de cachorro quente na
festa do peão. Só pode sair da sociedade se houver justa causa. Essa justa
causa terá que ser provada judicialmente. Se não tiver justa causa, não pode
sair da sociedade.
Prazo indeterminado – não pode exigir que o sócio seja perpétuo, não
precisa de justa causa, não precisa provar nada, mas tem que notificar aos
sócios com antecedência, para que haja uma mudança saudável sem que
cause muitos problemas à sociedade. Este prazo é de no mínimo 60 dias.
5. Administração
A) Quem pode ser administrador: somente pessoa física. Pessoa
jurídica não pode ser administrador de sociedade simples. Esta conclusão
se chega lendo o art. 927, I c.c VI, CC. Só faz referencia a pessoa natural
quando se refere a administração. Pode ser sócio ou não-sócio. Art. 1.018 e
1.019, CC.
B) Nomeação do administrador: pode ser feita em contrato social ou
em ato separado.
Ex de ato separado: ata de assembleia. E em caso de omissão? Se o
contrato social não diz nada? Ex.: A tem 80%, B 15% e C 5%, quem será o
administrador? Art. 1013, CC – todos os sócios vão administrar, não é o
sócio majoritário!
C) Na omissão:
Art. 1.013. A administração da sociedade, nada dispondo
o contrato social, compete separadamente a cada um
dos sócios.

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Na omissão do contrato todos o sócios serão administradores da


sociedade.
D) Poderes do administrador (art. 1.018 / 1.019 CC)
Poderes – art. 1018 e 1019, CC
Contrato social Ato em separado
Administrador sócio Poderes irrevogáveis Poderes revogáveis
(só pode revogar por
meio de ação judicial)
Administrador não Poderes revogáveis Poderes revogáveis
sócio

Art. 1.019. São irrevogáveis os poderes do sócio


investido na administração por cláusula expressa do
contrato social, salvo justa causa, reconhecida
judicialmente, a pedido de qualquer dos sócios.
Parágrafo único. São revogáveis, a qualquer tempo, os
poderes conferidos a sócio por ato separado, ou a quem
não seja sócio.

e) Responsabilidade do administrador:
A princípio a responsabilidade é da sociedade. Pois, é o
administrador que representa a vontade da pessoa jurídica, ex.: faz compra
e venda, convoca assembleia, assina cheque, etc.
Regra geral: responsabilidade da sociedade, é a PJ que vai responder
pelos atos praticados pelo administrador, a sociedade é quem responderá. A
responsabilidade é única e exclusiva da sociedade.
Todavia, existem situações especiais em que o administrador
responderá junto, de forma solidária, com a sociedade. Os dois respondem
ao mesmo tempo. Ocorrerá quando o administrador agir com culpa no
desempenho de suas funções. Art. 1016, CC
Art. 1.016. Os administradores respondem
solidariamente perante a sociedade e os terceiros
prejudicados, por culpa no desempenho de suas funções.

Também existe a hipótese de apenas o administrador responder, a PJ


não responderá em nada. Esta situação só ocorrerá quando o administrador
agir com excesso, e tem que ocorrer uma das seguintes hipóteses do art.
1015, CC:
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Parágrafo único. O excesso por parte dos


administradores somente pode ser oposto a terceiros se
ocorrer pelo menos uma das seguintes hipóteses:
I - se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada
no registro próprio da sociedade;

A sociedade simples tem seu contrato social, com as regras da


sociedade.
Ex.: No CS está previsto que um cheque tem que ser assinado por
duas pessoas e ai o administrador emite um apenas com a assinatura dele.
Ex.: Colocar a empresa como se fosse fiadora do contrato de locação,
e o CS não permitia isso.
II - provando-se que era conhecida do terceiro;

Este caso é mais raro de acontecer, bastante raro mesmo.


No inciso I o contrato limita os poderes, neste II o contrato é omisso
em relação a isso. Mas a sociedade pode provar que aquele o terceiro tinha
conhecimento de que a sociedade não tinha poderes para realizar
determinado ato.
III - tratando-se de operação evidentemente estranha
aos negócios da sociedade.

‘Evidentemente estranha aos negócios da sociedade’ – ex.: uma


padaria que comercializa e fabrica pães e comercializa isso, então, qualquer
coisa que seja estranha a esse negócio.
Ex.: prestadora de serviço de informática, onde o administrador
chega querendo vender plano de saúde. Essa sociedade não vende plano de
saúde ela presta serviço informático, isso não tem nada haver com o objeto
da sociedade.
Este inciso III é chamado de teoria “ultra vires” por parte da
doutrina. Por esta teoria a pessoa jurídica só responde pelo atos praticados
em seu nome quando compatíveis com seu objeto. Se estranho as
finalidades da pessoa jurídica o ato deve ser imputado a pessoa física que
agiu em nome da sociedade.
Já outra parte entende que esta teoria seria para o parágrafo único
como um todo, aplicando-se aos 3 incisos.

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Isso significa além das forças, ou seja, além dos poderes. O


administrador está agindo além dos poderes que lhe foram atribuídos.
Segundo esta teoria, se o administrador celebra contrato assumindo
obrigações em nome da sociedade, em operações que não estão em
consonância com o seu objeto social, presume-se que houve excesso de
poderes. Nesse caso, o fato não é imputável à sociedade, ela não responderá
por esse ato de excesso, o administrador é quem responde por ter agido
com excesso.
Esta teoria foi criada na Inglaterra, mas hoje ela não é mais aplicada
lá. A doutrina critica a introdução desta teoria no ordenamento jurídico, ela
ocorreu a partir da vigência do CC de 2002.
Antes de 2002 se usava a teoria da aparência. Esta teoria afirma a
validade dos atos praticados em nome da sociedade, ainda que, a
possibilidade da prática desses atos não esteja prevista em contrato, desde
que, perante terceiros que contratem com a sociedade, exista uma aparência
de que as pessoas que praticaram o ato em nome da sociedade detinham
poderes para tanto. Esta teoria busca proteger a boa-fé do terceiro.
A JURISPRUDÊNCIA VEM ACOLHENDO DECISÕES QUE
OLHAM PARA A BOA-FÉ, PREVALECENDO A TEORIA DA
APARÊNCIA SOBRE A “ULTRA VIRES”.
A teoria da aparência afirma a vontade dos atos praticados em nome
da sociedade, ainda que a possibilidade da prática desses atos não esteja
prevista em contrato ou seja de fácil constatação, desde que perante
terceiros que contratem com a sociedade, exista uma aparência de que as
pessoas que praticaram o ato detinham poderes para tanto.
Enunciado 11, I Jornada de direito comercial: 11. A regra do art.
1.015, parágrafo único, do Código Civil deve ser aplicada à luz da teoria da
aparência e do primado da boa-fé objetiva, de modo a prestigiar a
segurança do tráfego negocial. As sociedades se obrigam perante terceiros
de boa-fé.
Ela poderá ser parcial ou total.
Será parcial quando um ou mais sócios saem da sociedade, mas esta
é mantida, ela continua em atividade, não provoca a extinção da sociedade.
Na dissolução total a sociedade é extinta. Ela encerra suas atividades.
 Hipóteses de dissolução parcial:
a) Vontade do sócio
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b) Direito de retirada – o sócio quer sair e os outros não querem que


ele saia, ai ele terá que exercer esse direito de retirada.
c) Morte de sócio – se João morreu, era sócio, o seu herdeiro vai
assumir seu lugar? Regra geral não é assim, vai apurar a cota do sócio e
fazer o inventário, art. 1028, CC (portanto, regra: liquidação da cota).
d) Falência do sócio:
e) Liquidação da cota a pedido do credor
f) Exclusão do sócio – art. 1030, CC. Falta grave ou incapacidade
superveniente permitem a exclusão do sócio da sociedade. Trata-se de uma
forma de exclusão judicial.
OBS.: Nesses casos poderá ter a ação de apuração de haveres pelo
sócio, se ele sair da sociedade e não receber. E como se dá isso? Tem que
observar o contrato social, se ele for omisso aplica a regra do art. 1031, CC,
fazendo-se o balanço patrimonial especial. Nesse balanço vai ser apurado
qual que é o valor patrimonial da sociedade.
 Hipóteses de dissolução total - extinção
a) Vontade dos sócios;
b) Decurso do prazo – no caso de sociedades por prazo determinado.
Caso os sócios desejem continuar com as atividades e a sociedade é
possível. Vencido o prazo e as atividades continuem há presunção que os
sócios desejam continuar, tornando-se sociedade por prazo indeterminado.
c) Falência da sociedade: art. 1.044.
d) Unipessoalidade por mais de 180 dias;
e) Irrealizabilidade / exaurimento do objeto social – significa a
ausência de mercado. Ex.: fábrica de máquina de datilografia.
f) Anulação do ato constitutivo;
g) Extinção de autorização para funcionamento – art. 1033, V,
CC.
Para a dissolução total os administradores devem providenciar a
liquidação da sociedade, ou seja, vender os bens da sociedade e receber
dinheiro. Esse dinheiro será utilizado para pagamento dos credores daquela
sociedade. O MP não participa de em nenhum momento da dissolução da
sociedade, com exceção da letra “g”, art. 1037, CC. O MP promoverá a

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liquidação quando os administradores não o fizerem no prazo de 30 dias, o


MP vai lá representar as vontades dos credores.

2.3.5 Sociedade limitada

1. Legislação aplicável:
O CC tem um capítulo próprio, arts. 1052 e ss.
No caso de omissão do capítulo, aplicam-se as regras de sociedade
simples (art. 1053, caput).
O CC autoriza cláusula contratual prevendo de forma expressa a
regência supletiva das normas de S.A. Neste caso obedece ao que se está
disposto no contrato.
Destarte, aplicam-se as regras de sociedade simples quando houver
omissão do capítulo de sociedade limitada e omissão do contrato social.
2. Características
A) Contratual.
B) Natureza: empresária ou simples.
C) Nome empresarial: pode ter tanto firma, quanto denominação (art.
1.058, CC).
D) Pluripessoal: precisa de dois ou mais sócios.
Depois que ela foi constituída ela pode ser unipessoal. Se aplicar as
regras subsidiárias da sociedade simples o prazo será de 180 dias.
Mas se aplicar as regras da S.A deve ser aplicar o art. 206, I, da Lei
6.404/76. É possível ter apenas um sócio entre uma assembleia geral
ordinária e outra é possível ter um sócio apena.
3. Responsabilidade do sócio
A responsabilidade do sócio está restrita ao valor de suas cotas, mas
todos os sócios respondem de forma solidária pelo que falta para a
integralização do capital social.
Capital social: R$ 100.000,00
Pont: 40% 40%
Cruz.: 30% 30%

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SP: 20% 20%


Cor: 10% 10%
Subscrição Integralização
(comprometimento) (pagamento)
Se eles integralizaram o capital social, acabou a responsabilidade
deles.
Divida com banco de 180.000,00. O banco executa e tem 100.000,00
do capital social. Poderá o banco cobrar 80.000,00 dos sócios? Não, pois
quando contratou com a SL ele sabia que o sócio tem a responsabilidade
restrita ao valor de sua cota. O banco fica no prejuízo.
Todavia, se o sócio assina como fiador/avalista ele será executado.
E se um sócio não integraliza o capital? Ex.: Fla não integraliza, o
CS é de 70.000,00, então o banco pode cobrar? Pode. Cobrará só do Fla?
Em princípio cobrará dele, mas se ele não pagar todos responderão
solidariamente pelo que falta para integralizar o CS. Atenção! É só o que
falta para integralizar, não pode cobrar os 80.000,00 que faltam da dívida.
Exceções: os sócios respondem de forma ilimitada, vai responder
com o patrimônio pessoal por dívida da sociedade.
a) Ausência de registro;
b) Dívida trabalhista: há diversos julgados do TST nesse sentido;
c) Desconsideração da personalidade jurídica;
d) Violação do art. 977, CC (sociedade entre cônjuges);
e) Dissolução irregular (hipótese vinculada a execução fiscal) –
súmula 435, STJ: "Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que
deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos
competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o
sócio-gerente".
Sócio gerente é o sócio que figura na condição de administrador da
sociedade.
f) Dívida tributária – art. 135, III, CTN. Quem responde é o
administrador e não o sócio, poderá até ser o sócio, se ele for o
administrador.
Sonegação x Inadimplência
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Na sonegação a sociedade tem o dinheiro, mas não paga porque faz


outra coisa com este dinheiro. Neste caso o administrador responde.
Na inadimplência a sociedade não tem recursos para o pagamento do
tributo.
g) Sócio que deliberou violando a lei ou o contrato social – art.
1.080, CC.
Ex. a lei estabelece que não é possível atividade com amianto. Um
sócio vota contra a continuar a atuando com o amianto. Os demais votam a
favor. Quem voto contra não responde pessoalmente.
4. Cotas sociais
a) As quotas sociais podem ser iguais ou desiguais (art. 1055, CC).
Ex.: capital social 10.000,00
Fred tem 30% e Ana 70%
Cotas iguais: pega o capital e divide por 10.000 cotas. E dá 1 real por
cota. Fred tem 3000 cotas no valor de 1 real e Ana tem 7000 cotas no valor
de 1 real. As cotas são iguais no que tange ao valor.
Cotas desiguais: Fred tem 1 cota no valor de R$ 3000, e Ana tem 1
cota no valor de R$ 7000.
b) Formas de integralização
Pont: 40% paga em dinheiro (dinheiro)
Fla: 30% paga com uma duplicata que
vence em 90 dias (crédito)
SP: 20% cosméticos (bens)
Cor: 10% prestação de serviços  não
pode!!!!!
Subscrição = comprometimento Integralização = pagamento
Não pode integralizar com prestação de serviços – art. 1.055, §2º,
CC.
Pode ser com dinheiro, bens (móveis e imóveis) e créditos.
- Responsabilidade pela integralização:

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Art. 1.055. O capital social divide-se em quotas, iguais ou


desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio.
§ 1o Pela exata estimação de bens conferidos ao capital
social respondem solidariamente todos os sócios, até o
prazo de cinco anos da data do registro da sociedade.

c) Quem pode ser sócio de Ltda?


Pessoa física, pessoa jurídica;
Incapaz, se preenchidos os requisitos do art. 974, §3º.
Cônjuges, desde que observada a regra do art. 977, CC.
d) Cessão de quotas sociais
Inicialmente, quem define é o contrato social.
E na omissão do contrato?
Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder
sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio,
independentemente de audiência dos outros, ou a
estranho, se não houver oposição de titulares de mais de
um quarto do capital social.

Sou sócio e estou transferindo para quem é sócio, não preciso da


autorização de ninguém. Se transfiro para um terceiro, só será possível se
não tiver oposição de mais de ¼ do capital social.
e) Penhora de cotas sociais
É possível? STJ: é possível sim!
Art. 591, CPC – responde com todos os seus bens, então se ele tem
cotas de sociedade limitada isso compõe seus bens.
649, CPC – bens absolutamente impenhoráveis, e cotas não estão ai.
655, VI CPC – não só para limitada, mas também para a sociedade
simples.
Com base nesses artigos o STJ diz ser possível a penhora de cotas.
Pode se pedir o lucro decorrente da cota.
O credor quando pede a penhora de cota ele quer a satisfação do seu
crédito. Então ele se utilizará do beneficio do art. 1.026, do CC. Ao invés
de pedir a penhora da cota é melhor pedir a penhora dos lucros da empresa.
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5. Administrador
a) Nomeação do administrador
No contrato social ou em ato separado (ex.: ata de assembleia). Art.
1060, CC.
b) Administrador (art. 1061, CC)
Pode ser sócio ou não sócio.
O não sócio dependerá de aprovação dos sócios.
O capital social está totalmente integralizado? SIM. O quórum que
deve ser observado é de 2/3 dos sócios para aprovação do administrador
não sócio. E se não estiver totalmente integralizado? Precisaremos de
unanimidade.
c) Cessação do exercício do cargo
Há cessação de três modos:
i) destituído. O quórum para destituição ficará no oficial de apoio.
ii) término do prazo;
ii) renúncia.
d) Responsabilidade
Quem responde pelos atos do administrador é a sociedade.
E se houver excesso? Aplica regra de sociedade simples ou anônima?
Se houver aplicação subsidiária das regras de sociedade simples aplicará a
teoria ultra vires. Se for sociedade anônima, ainda que o administrador
tenha agido com excesso a sociedade responderá (art. 158, LSA – lei 6404).
Aula 07 – 22/09/2014 – Alexandre Gialluca

6. Deliberações
a) Reunião/ Assembleia
Art. 1.079. Aplica-se às reuniões dos sócios, nos casos
omissos no contrato, o estabelecido nesta Seção sobre a
assembléia, obedecido o disposto no § 1o do art. 1.072.

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OBS.: O art. 1072, §1º - A deliberação em assembleia será


obrigatória se o número dos sócios for superior a dez.
Se tem 11 ou mais sócios é obrigatória assembleia.
b) Convocação – por edital de convocação. Geralmente se publica
em jornais de grande circulação, mas isso é caro, e ao tem sido feito
convocação por e-mail.
Art. 1.152, § 3o O anúncio de convocação da assembleia
de sócios será publicado por três vezes, ao menos,
devendo mediar, entre a data da primeira inserção e a
da realização da assembleia, o prazo mínimo de oito
dias, para a primeira convocação, e de cinco dias, para
as posteriores.

Se não observar o prazo será caso de nulidade.


Quórum de instalação: 1ª chamada: ¾ de capital social; 2ª chamada:
qualquer número de presentes.
c) Dispensa das formalidades
Art. 1.072, § 2o Dispensam-se as formalidades de
convocação previstas no § 3o do art. 1.152, quando todos
os sócios comparecerem ou se declararem, por escrito,
cientes do local, data, hora e ordem do dia.
Todos comparecerem ou todos declararem por escrito a ciência da
realização da assembleia.
Portanto, é possível a convocação por e-mail.
Se os sócios não puderem comparecer a reunião e já mandarem seus
votos pelo e-mail, é possível?
Art. 1.072, § 3o A reunião ou a assembleia tornam-se
dispensáveis quando todos os sócios decidirem, por
escrito, sobre a matéria que seria objeto delas.

d) Tomadas de decisões – quórum de deliberação


Por maioria do capital social.
E no caso de empate? Vai para os critérios: 1º número de sócios; 2º
decisão judicial.

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Art. 1.072. As deliberações dos sócios, obedecido o


disposto no art. 1.010, serão tomadas em reunião ou em
assembleia, conforme previsto no contrato social,
devendo ser convocadas pelos administradores nos
casos previstos em lei ou no contrato.

Utilizam-se as regras das sociedades simples:


Art. 1.010. Quando, por lei ou pelo contrato social,
competir aos sócios decidir sobre os negócios da
sociedade, as deliberações serão tomadas por maioria
de votos, contados segundo o valor das quotas de cada
um.
§ 1o Para formação da maioria absoluta são necessários
votos correspondentes a mais de metade do capital.
§ 2o Prevalece a decisão sufragada por maior número de
sócios no caso de empate, e, se este persistir, decidirá o
juiz.
§ 3o Responde por perdas e danos o sócio que, tendo em
alguma operação interesse contrário ao da sociedade,
participar da deliberação que a aprove graças a seu
voto.

Ver material de apoio.


Exceções:
i) Art. 1061, CC – administrador não sócio.
ii) Modificação do contrato social – só pode mudar o CS se obtiver
3/4 do capital social (art. 1071, V e art. 1076, I, CC).
7. Conselhos fiscal
Não é obrigatório, é órgão facultativo (art. 1.066, CC – o contrato
social pode instituir o conselho fiscal).
Funções: fiscalizar as contas da sociedade e os atos de gestão da
administração.
Composição: 3 membros com igual número de suplentes.

2.3.6 Sociedade anônima – Lei 6.404/76 (tem que ler a lei)

1. Conceito
É a sociedade cujo capital social está dividido em ações.
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2. Espécies de S/A:
Art. 4o Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta
ou fechada conforme os valores mobiliários de sua
emissão estejam ou não admitidos à negociação no
mercado de valores mobiliários. (Redação dada pela
Lei nº 10.303, de 2001)

a) Companhia aberta: seus valores imobiliários são admitidos à


negociação no mercado de valores mobiliários.
b) Companhia fechada: seus valores imobiliários não são admitidos à
negociação no mercado de valores mobiliários.
Não existe companhia mista. Há sociedade de economia mista, que é
um tipo de sociedade anônima.
3. Mercado de capitais
É o ambiente onde se efetua as diversas operações envolvendo os
valores mobiliários emitidos por uma companhia aberta.
3.1. CVM - Comissão de Valores Mobiliários – Lei 6.385/76
É um ente estatal especifico de controle. Há três competências:
a) regulamentar: regra geral do mercado de capital.
b) autorizante: ela autoriza a constituição das companhias abertas.
c) fiscalizatória: fiscaliza as transações no mercado de capitais.
3.2. Composição
a) bolsa de valores: são locais que oferecem condições e sistemas
necessários para a realização de negociação de compra e venda de títulos e
valores mobiliários. Além disso, possui competência de preservação de
elevados padrões éticos de negociação e divulgação de operações.
b) mercado de balcão: toda operação realizada fora da bolsa. Ex.
compra feita no banco.
4. Constituição

4.1. Requisitos preliminares

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Atendem tanto a companhia aberta, quanto a companhia fechada (art.


80).
Art. 80. A constituição da companhia depende do
cumprimento dos seguintes requisitos preliminares:
I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas
as ações em que se divide o capital social fixado no
estatuto;
Exceções:
a) A sociedade anônima poderá ser unipessoal. Isso ocorre quando de
se tratar de uma empresa pública.
b) Quando a sociedade for subsidiária integral (art. 251)
Art. 251. A companhia pode ser constituída, mediante
escritura pública, tendo como único acionista sociedade
brasileira.
§ lº A sociedade que subscrever em bens o capital de
subsidiária integral deverá aprovar o laudo de avaliação
de que trata o artigo 8º, respondendo nos termos do § 6º
do artigo 8º e do artigo 10 e seu parágrafo único.
§ 2º A companhia pode ser convertida em subsidiária
integral mediante aquisição, por sociedade brasileira,
de todas as suas ações, ou nos termos do artigo 252.

Transpetro S/A

Petrobrás Distribuidora S/A

Pré-sal S/A

Art. 80. (...)


II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no
mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em
dinheiro;
III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro
estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de
Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em
dinheiro.

Se for instituição financeira este percentual passará para 50%.

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4.2. Constituição propriamente dita


a) Cia. Aberta
Subscrição pública ou sucessiva = a companhia busca o registro de
emissão na CVM. Há uma contratação de uma iInstituição financeira que
irá intermediar a negociação dessas ações (underwrinting).
b) Cia. Fechada
Subscrição particular / simultânea.
Ou se faz uma assembleia de fundação ou se faz uma escritura
pública no tabelionato de notas.
4.3. Valores mobiliários
São títulos de investimentos emitidos por uma S/A com a finalidade
de capitar recurso.
4.4. Ações:

4.4.1. Conceito:
São frações do capital social que conferem ao seu titular direito de
sócio de uma S.A.
4.4.2. Formas de integralização
Pode ser com dinheiro, bens, créditos.
Não se admite integralização com prestação de serviços.
4.4.3. Valor das ações
a) valor nominal: é operação que resulta do valor do capital social,
dividido pelo número de ações.
Ex. capital social – R$ 100.000.000,00; 10.000.000 de ações; valor
nominal é de R$ 10,00 por ação.
b) valor patrimonial: decorre do patrimônio liquido dividido pelo
número de ações.
Ex. Patrimônio líquido R$ 200 milhões; 10 milhões de ação; valor
patrimonial de R$ 20,00 por ação.
c) preço de emissão: é o valor estipulado unilateralmente pela
companhia emissora.

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A companhia é quem irá decidir o valor é a própria companhia.


OBS.: Art. 13. É vedada a emissão de ações por preço inferior ao
seu valor nominal.
A ideia é evitar a diluição acionária.
Ex. Capital Social R$ 100.000,00
100.000 ações
Patrimônio líquido: R$ 200.000,00
Valor nominal: R$ 1,00 / ação
Valor patrimonial: R$ 2,00 / ação
Aumento de capital com a emissão de ações. Serão emitidas
50.000 ações.
Se a ação for emitida como o valor patrimonial este será
mantido o mesmo.
Se a ação for emitida com o valor de R$ 0,50 = R$ 25.000,00.
Valor patrimonial: R$ 225.000,00 dividido por 250 mil ações
= valor patrimonial por ação R$ 1,50.
d) valor de mercado: é a compra do segundo investidor. Relação
investidor x investidor.
4.4.4. Responsabilidade dos acionistas
Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o
capital dividido em ações, e a responsabilidade dos
sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão
das ações subscritas ou adquiridas.

A questão da solidariedade não se aplica na S.A para integralização


do capital social.
4.4.5. Espécies de ações
a) ordinárias (ON): direitos comuns ao acionista (ex. participação nos
lucros, fiscalização). Toda ação ordinária tem direito de voto (art. 110).
Art. 110. A cada ação ordinária corresponde 1 (um)
voto nas deliberações da assembleia-geral.

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§ 1º O estatuto pode estabelecer limitação ao


número de votos de cada acionista.
§ 2º É vedado atribuir voto plural a qualquer classe
de ações.

b) preferenciais (PN): vantagens econômicas (art. 17) ou políticas.


Quem tem ação preferencia participa no lucro com 10% mais do quem tem
ação ordinária. Tem a prioridade no pagamento (prioridade recebimento).
Art. 111. O estatuto poderá deixar de conferir às ações
preferenciais algum ou alguns dos direitos reconhecidos
às ações ordinárias, inclusive o de voto, ou conferi-lo
com restrições, observado o disposto no artigo 109.
§ 1º As ações preferenciais sem direito de voto
adquirirão o exercício desse direito se a companhia,
pelo prazo previsto no estatuto, não superior a 3 (três)
exercícios consecutivos, deixar de pagar os dividendos
fixos ou mínimos a que fizerem jus, direito que
conservarão até o pagamento, se tais dividendos não
forem cumulativos, ou até que sejam pagos os
cumulativos em atraso.
§ 2º Na mesma hipótese e sob a mesma condição do
§ 1º, as ações preferenciais com direito de voto restrito
terão suspensas as limitações ao exercício desse direito.
§ 3º O estatuto poderá estipular que o disposto nos
§§ 1º e 2º vigorará a partir do término da implantação
do empreendimento inicial da companhia.

Qual é o número de ações preferenciais sem voto que uma


companhia pode emitir? 50% do total de ações preferenciais sem voto.
c) gozo / fruição: art. 44, §5º. Amortização do acervo. Significa
antecipação de pagamento.
Quando uma S.A passa pelo processo de encerramento ela irá fazer a
liquidação. Faz a arrecadação de todos os bens para poder vendê-los. O
dinheiro que consegui com a venda ela paga os credores. O resto será
chamado de acervo. Reparte entre os acionistas.
Nunca tivemos no Brasil uma ação de gozo e fruição.

Art. 44. O estatuto ou a assembleia-geral extraordinária


pode autorizar a aplicação de lucros ou reservas no
resgate ou na amortização de ações, determinando as
condições e o modo de proceder-se à operação.
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(...)
§ 5º As ações integralmente amortizadas poderão ser
substituídas por ações de fruição, com as restrições
fixadas pelo estatuto ou pela assembleia-geral que
deliberar a amortização; em qualquer caso, ocorrendo
liquidação da companhia, as ações amortizadas só
concorrerão ao acervo líquido depois de assegurado às
ações não a amortizadas valor igual ao da amortização,
corrigido monetariamente.

4.4.6. Acionista controlador


É aquele que tem a maioria das ações com o direito de voto.
Art. 116. Entende-se por acionista controlador a pessoa,
natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas
por acordo de voto, ou sob controle comum, que:
a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem,
de modo permanente, a maioria dos votos nas
deliberações da assembleia-geral e o poder de eleger a
maioria dos administradores da companhia; e
b) usa efetivamente seu poder para dirigir as
atividades sociais e orientar o funcionamento dos
órgãos da companhia.
Parágrafo único. O acionista controlador deve usar o
poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu
objeto e cumprir sua função social, e tem deveres e
responsabilidades para com os demais acionistas da
empresa, os que nela trabalham e para com a
comunidade em que atua, cujos direitos e interesses
deve lealmente respeitar e atender.

Venda de controle:
O comprador adquire o bloco de ações que lhe assegure o controle,
ação com direito a voto.
O sócio-minoritáriao, com direito de voto, não gosta do modus
operandi do novo controlador. A lei obriga ao novo controlador a fazer
uma oferta de compra, ao minoritário com direito de voto, pelo valor de
80% das ações que lhe deram o controle da companhia. Denomina-se tag
along.
Art. 254-A. A alienação, direta ou indireta, do controle
de companhia aberta somente poderá ser contratada
sob a condição, suspensiva ou resolutiva, de que o
adquirente se obrigue a fazer oferta pública de
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aquisição das ações com direito a voto de propriedade


dos demais acionistas da companhia, de modo a lhes
assegurar o preço no mínimo igual a 80% (oitenta por
cento) do valor pago por ação com direito a voto,
integrante do bloco de controle. (Incluído pela Lei nº
10.303, de 2001)

4.4.7. Desestatização
O Estado aliena o poder de controle para a atividade privada.
Mas algumas vezes a atividade tem interesse público.
Ex. indústria bélica. O Estado emite um outro tipo de ação, que são
as preferenciais. Elas não têm direito a voto, mas poderão ter vantagens
políticas (art. 17, §7º). Denomina-se Golden share (ação dourada, ação de
ouro). Só quando se trata de desestatização.
Art. 17, § 7o Nas companhias objeto de desestatização
poderá ser criada ação preferencial de classe especial,
de propriedade exclusiva do ente desestatizante, à qual
o estatuto social poderá conferir os poderes que
especificar, inclusive o poder de veto às deliberações da
assembleia-geral nas matérias que especificar.(Incluído
pela Lei nº 10.303, de 2001)

4.4.8. Direitos essenciais do acionista (art. 309)


a) participar dos lucros. Nem estatuto, nem assembleia podem tirar
estes direitos dos acionistas.
b) participação no acervo da companhia.
c) direito de fiscalização.
d) direito de retirada.
e) direito de preferência.
OBS.: direito de voto não é essencial. Tanto é assim que há um tipo
de ação que não tem voto.
4.5. Debêntures:

4.6. Comercial paper:

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4.7. Bônus de subscrição:

4.8. Partes beneficiárias:


SERÁ GRAVADA AULA PARA O RESTANTE DA MATÉRIA.
Aula -

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