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Certificação em Produtos de Investimentos

Série – 20

Módulo II

Compliance Legal, Ética e Análise do Perfil do


Investidor

(15% a 25% do exame)

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2. Compliance Legal, Ética e Análise do perfil do Investidor......................................................... 5

2.1. Risco de Imagem (Reputação) e Risco Legal (Não Cumprimento da Legislação/


Regulamentação): Implicações da não Observância dos Princípios e Regras de Compliance
Legal e Ética ............................................................................................................................... 5

2.2. Controles Internos: Resolução CMN 2.554/98, Artigo 1º .................................................. 5

2.2.1. Segregação de atividades de forma a evitar possíveis conflitos de interesses


(Chinese Wall, também conhecido como barreira de informação) e definição de
responsabilidades: Artigo 2° ................................................................................................. 5

2.2.2. Política de segurança da informação: Artigo 2º IV e VII.............................................. 7

2.3. Prevenção e Combate a Lavagem de Dinheiro ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores 7

2.3.1. Legislação e regulamentação correlata (Lei 9.613/98 e Circular Bacen 3461/09, Lei
12.683/12 e suas alterações): ............................................................................................... 7

2.3.1.1. Fases da Lavagem de Dinheiro: Colocação”, “Estratificação/Ocultação” e


“Integração” ...................................................................................................................... 7

2.3.1.2. Quem está sujeito à lei e à regulamentação: abrangência, amplitude e


responsabilidades dos profissionais e das Instituições Financeiras e Não Financeiras (Lei
9.613 cap. V, art. 9° e Circular 3.461/09) .......................................................................... 8

2.3.1.3. Identificação dos Clientes e da Manutenção de Registros (Lei 9.613, cap. VI,
art.10º e Circular 3.461/09) .............................................................................................. 9

2.3.1.4. Da comunicação de Operações Financeiras (Lei 9.613, cap. VII) ......................... 9

2.3.1.5. Políticas e procedimentos de prevenção/combate ao crime de lavagem de


dinheiro - Organismos Nacionais e de Cooperação Internacional. A Convenção de Viena
e o Decreto n.154/91 (Lei 9.613, cap. IX e Circular 3.461/09) ........................................ 10

2.3.2. Aplicação do Princípio “Conheça seu Cliente”: ......................................................... 11

2.3.2.1. Função do cadastro e implicações de um cadastro desatualizado. Análise da


capacidade financeira do Cliente .................................................................................... 11

2.3.2.2. O princípio “Conheça seu Cliente” como forma de proteção da Instituição


Financeira e do profissional ............................................................................................ 12

2.4 Normas e Padrões Éticos ................................................................................................... 12

2.4.1 Utilização Indevida de Informações Privilegiadas (contexto de negociação – mercado


primário e secundário em renda fixa e renda variável – valorização de cotas em fundos de
investimento, manipulação de preços) ............................................................................... 12

2.4.1.1. Insider Trader (Insider Trading).......................................................................... 13

2.4.1.2 Front Runner (Front Running) ............................................................................. 13

2
2.4.2 Confidencialidade ....................................................................................................... 14

2.4.3 Conflito de interesses ................................................................................................. 14

2.5 Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para a Distribuição de Produtos de


Investimento no Varejo. .......................................................................................................... 14

2.6 Análise do Perfil do Investidor - API .................................................................................. 17

2.6.1 Instrução CVM: 539 – dever de verificação da adequação dos produtos, serviços e
operações ao perfil do cliente (suitability). Finalidade e para quem se aplica a regra. ...... 17

2.6.1.1 Abrangência; perfil do cliente; categorias de produtos; vedações e obrigações;


regras, procedimentos e controles internos; atualizações e dispensas. ............................ 17

2.6.2 Adequação de produtos ofertados em função do perfil do investidor. Importância e


motivação do API para o investidor. Possibilidade de venda de um produto não adequado
ao perfil do investidor. ........................................................................................................ 18

2.6.3 Fatores Determinantes para Adequação dos Produtos de Investimento as


Necessidades dos Investidores ....................................................................................... 19

2.6.3.1 Objetivo do Investidor ......................................................................................... 19

2.6.3.2 Horizonte de Investimento e idade do investidor............................................... 19

2.6.3.3 Risco versus retorno ............................................................................................ 19

2.6.3.4 Diversificação: Vantagens e limites de redução do risco incorrido .................... 19

2.6.3.5 Finanças Pessoais ................................................................................................ 19

2.6.3.5.1 Conceitos de Orçamento Pessoal e familiar (Receitas/Despesas), fluxo de


caixa e situação financeira: ......................................................................................... 19

2.6.3.5.2 Patrimônio Líquido ....................................................................................... 22

2.6.3.6 Grau de conhecimento do mercado financeiro – experiência em matéria de


investimento ................................................................................................................... 23

2.7 Decisões do Investidor na perspectiva de Finanças Comportamentais ............................ 24

2.7.1 A decisão do investidor na perspectiva das Finanças Comportamentais. ................. 24

2.7.2 Algumas das Heurísticas (regras práticas ou atalhos mentais que orientam o
julgamento e avaliação dos investidores) e os erros que podem causar nas decisões dos
investidores (vieses) ............................................................................................................ 24

2.7.2.1 Disponibilidade (decisões influenciadas por ocorrências e eventos recentes na


memória do investidor) ................................................................................................... 25

2.7.2.2 Representatividade (decisões a partir de associações com estereótipos


formados e desprezo de informações relevantes para a tomada de decisão) ............... 26

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2.7.2.3 Ancoragem (decisões com base em informações e conhecimentos prévios ou
pré- concebidos).............................................................................................................. 26

2.7.2.4 Aversão à perda (manutenção de investimentos não lucrativos e venda de


investimentos com ganho). ............................................................................................. 27

2.7.3 Efeitos de estruturação: influência na decisão de investimento da forma como as


alternativas ou o problema é apresentado (framing) ......................................................... 27

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2. Compliance Legal, Ética e Análise do perfil do Investidor

2.1. Risco de Imagem (Reputação) e Risco Legal (Não Cumprimento da


Legislação/ Regulamentação): Implicações da não Observância dos Princípios e
Regras de Compliance Legal e Ética

Risco de Imagem (Reputação)


Possibilidade de perdas decorrentes de a instituição ter seu nome desgastado junto ao
mercado ou às autoridades, em razão de publicidade negativa, verdadeira ou não.

Exemplos: risco de imagem na lavagem de dinheiro (envolvimento do nome da instituição


financeira).

Risco Legal (Não Cumprimento da Legislação/Regulamentação): implicações da não


observância dos princípios e regras de Compliance legal e Ética

Pode ser definido como a possibilidade de perdas decorrentes de multas, penalidades ou


indenizações resultantes de ações de órgãos de supervisão e controle, bem como perdas
decorrentes de decisão desfavorável em processos judiciais ou administrativos. Também
conhecido como risco jurídico.

Ex: inobservância dos princípios éticos e regras de compliance legal das instituições
financeiras.

2.2. Controles Internos: Resolução CMN 2.554/98, Artigo 1º

Art. 1º Determinar às instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar


pelo Banco Central do Brasil a implantação e a implementação de controles internos voltados
para as atividades por elas desenvolvidas, seus sistemas de informações financeiras,
operacionais e gerenciais e o cumprimento as normas legais e regulamentares a elas
aplicáveis.
- Parágrafo 1º Os controles internos, independentemente do porte da instituição, devem ser
efetivos e consistentes com a natureza, complexidade e risco das operações por ela realizadas.
- Parágrafo 2º São de responsabilidade da diretoria da instituição:
I - a implantação e a implementação de uma estrutura de controles internos efetiva mediante
a definição de atividades de controle para todos os níveis de negócios da instituição;
II - o estabelecimento dos objetivos e procedimentos pertinentes aos mesmos
III - a verificação sistemática da adoção e do cumprimento dos procedimentos definidos em
função do disposto no inciso II.

2.2.1. Segregação de atividades de forma a evitar possíveis conflitos de


interesses (Chinese Wall, também conhecido como barreira de informação) e
definição de responsabilidades: Artigo 2°
Art. 2º Os controles internos, cujas disposições devem ser acessíveis a todos os funcionários da
instituição de forma a assegurar sejam conhecidas a respectiva função no processo e as
responsabilidades atribuídas aos diversos níveis da organização, devem prever:
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I - a definição de responsabilidades dentro da instituição;
II - a segregação das atividades atribuídas aos integrantes da instituição de forma a que seja
evitado o conflito de interesses, bem como meios de minimizar e monitorar adequadamente
áreas identificadas como de potencial conflito da espécie;
III - meios de identificar e avaliar fatores internos e externos que possam afetar adversamente
a realização dos objetivos da instituição;
IV - a existência de canais de comunicação que assegurem aos funcionários, segundo o
correspondente nível de atuação, o acesso a confiáveis, tempestivas e compreensíveis
informações consideradas relevantes para suas tarefas e responsabilidades;
V - a contínua avaliação dos diversos riscos associados às atividades da instituição;
VI - o acompanhamento sistemático das atividades desenvolvidas, de forma a que se possa
avaliar se os objetivos da instituição estão sendo alcançados, se os limites estabelecidos e as
leis e regulamentos aplicáveis estão sendo cumpridos, bem como a assegurar que quaisquer
desvios possam ser prontamente corrigidos;
VII - a existência de testes periódicos de segurança para os sistemas de informações, em
especial para os mantidos em meio eletrônico.
Parágrafo 1º Os controles internos devem ser periodicamente revisados e atualizados, de
forma a que sejam a eles incorporadas medidas relacionadas a riscos novos ou anteriormente
não abordados.
Parágrafo 2º A atividade de auditoria interna deve fazer parte do sistema de controles
internos.
Parágrafo 3º A atividade de que trata o parágrafo 2º, quando não executada por unidade
específica da própria instituição ou de instituição integrante do mesmo conglomerado
financeiro, poderá ser exercida:
I - por auditor independente devidamente registrado na Comissão de Valores Mobiliários -
CVM, desde que não aquele responsável pela auditoria das demonstrações financeiras;

II - pela auditoria da entidade ou associação de classe ou de órgão central a que filiada a


instituição;

III - por auditoria de entidade ou associação de classe de outras instituições autorizadas a


funcionar pelo Banco Central, mediante convênio, previamente aprovado por este, firmado
entre a entidade a que filiada a instituição e a entidade prestadora do serviço.

Parágrafo 4º No caso de a atividade de auditoria interna ser exercida por unidade própria,
deverá essa estar diretamente subordinada ao conselho de administração ou, na falta desse, à
diretoria da instituição.
Parágrafo 5º No caso de a atividade de auditoria interna ser exercida segundo uma das
faculdades estabelecidas no parágrafo 3º, deverá o responsável por sua execução reportar-se
diretamente ao conselho de administração ou, na falta desse, à diretoria da instituição.
Parágrafo 6º As faculdades estabelecidas no parágrafo 3º, incisos II e III, somente poderão ser
exercidas por cooperativas de crédito e por sociedades corretoras de títulos e valores
mobiliários, sociedades corretoras de câmbio e sociedades distribuidoras de títulos e valores
mobiliários não integrantes de conglomerados financeiros.

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2.2.2. Política de segurança da informação: Artigo 2º IV e VII

IV - a existência de canais de comunicação que assegurem aos funcionários, segundo o


correspondente nível de atuação, o acesso a confiáveis, tempestivas e compreensíveis
informações consideradas relevantes para suas tarefas e responsabilidades;
VII - a existência de testes periódicos de segurança para os sistemas de informações, em
especial para os mantidos em meio eletrônico.

2.3. Prevenção e Combate a Lavagem de Dinheiro ou Ocultação de Bens,


Direitos e Valores

2.3.1. Legislação e regulamentação correlata (Lei 9.613/98 e Circular Bacen


3461/09, Lei 12.683/12 e suas alterações):

É considerado como lavagem de dinheiro ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização,


disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores proveniente, direta ou
indiretamente, de crimes antecedentes, conforme abaixo:
A caracterização do crime ocorre por meio dos seguintes crimes antecedentes:

* Tráfico de drogas;

* Terrorismo e seu financiamento;

* Contrabando ou tráfico de armas;

* Extorsão mediante sequestro;

* Contra a administração pública;

* Contra o Sistema Financeiro Nacional;

* Praticado por organização criminosa;

* Praticado por particular contra a administração pública estrangeira

Toda conversão de capital ilícito em capital aparentemente lícito ou ainda dinheiro originário
do ilícito e que passa a integrar a economia formal, como dinheiro lícito também é
considerado como lavagem de dinheiro.

2.3.1.1. Fases da Lavagem de Dinheiro: Colocação”, “Estratificação/Ocultação”


e “Integração”

1. Colocação – a primeira etapa do processo é a colocação do dinheiro no sistema econômico.


Objetivando ocultar sua origem, o criminoso procura movimentar o dinheiro em países com
regras mais permissivas e naqueles que possuem um sistema financeiro liberal. A colocação se
efetua por meio de depósitos, compra de instrumentos negociáveis ou compra de bens. Para
dificultar a identificação da procedência do dinheiro, os criminosos aplicam técnicas

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sofisticadas e cada vez mais dinâmicas, tais como o fracionamento dos valores que transitam
pelo sistema financeiro e a utilização de estabelecimentos comerciais que usualmente
trabalham com dinheiro em espécie.

2. Ocultação – a segunda etapa do processo consiste em dificultar o rastreamento contábil dos


recursos ilícitos. O objetivo é quebrar a cadeia de evidências ante a possibilidade da realização
de investigações sobre a origem do dinheiro. Os criminosos buscam movimentá-lo de forma
eletrônica, transferindo os ativos para contas anônimas – preferencialmente, em países
amparados por lei de sigilo bancário – ou realizando depósitos em contas abertas em nome de
"laranjas" ou utilizando empresas fictícias ou de fachada.

3. Integração – nesta última etapa, os ativos são incorporados formalmente ao sistema


econômico. As organizações criminosas buscam investir em empreendimentos que facilitem
suas atividades – podendo tais sociedades prestarem serviços entre si. Uma vez formada a
cadeia, torna-se cada vez mais fácil legitimar o dinheiro ilegal.
Para disfarçar os lucros ilícitos sem comprometer os envolvidos, a lavagem de dinheiro realiza-
se por meio de um processo dinâmico que requer: primeiro, o distanciamento dos fundos de
sua origem, evitando uma associação direta deles com o crime; segundo, o disfarce de suas
várias movimentações para dificultar o rastreamento desses recursos; e terceiro, a
disponibilização do dinheiro novamente para os criminosos depois de ter sido suficientemente
movimentado no ciclo de lavagem e poder ser considerado "limpo".

2.3.1.2. Quem está sujeito à lei e à regulamentação: abrangência, amplitude e


responsabilidades dos profissionais e das Instituições Financeiras e Não
Financeiras (Lei 9.613 cap. V, art. 9° e Circular 3.461/09)

Sujeitam-se às obrigações da lei as pessoas jurídicas que tenham, em caráter permanente ou


eventual, como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não:

* A captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda


nacional ou estrangeira;

* A compra e venda de moeda estrangeira ou instrumento cambial;

* A custódia, emissão, distribuição, liquidação, negociação, intermediação ou administração de


títulos e valores mobiliários.

Sujeitam-se às mesmas obrigações:

* As Bolsas de Valores e de mercadorias e futuros;

* As seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de previdência complementar e


capitalização;

* As administradoras de cartões de credenciamento ou cartões de crédito, bem como


administradoras de consórcios para aquisição de bens e serviços;

* As empresas de arrendamento mercantil (leasing) e as de fomento comercial (factoring);


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* As pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que operem no Brasil como
agentes, dirigentes, procuradoras, comissionarias ou por qualquer forma representem os
interesses de estrangeiro que exerça qualquer das atividades acima;

* As pessoas jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra e venda de


bens imóveis;

* As pessoas físicas ou jurídicas que comercializem jóias, pedras e metais preciosos, objetos de
arte e antiguidades;

* As pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor ou exerçam
atividades que envolvam grande volume de recursos em espécie.

2.3.1.3. Identificação dos Clientes e da Manutenção de Registros (Lei 9.613,


cap. VI, art.10º e Circular 3.461/09)

Para a identificação dos Clientes, o cadastro deverá estar atualizado. Os registros das
transações dos Clientes deverão ser identificados em todas as operações em moeda nacional
ou estrangeira, títulos e valores mobiliários, títulos de crédito, metais ou qualquer outro ativo
passível de ser convertido em dinheiro que ultrapassar limite fixado pelas autoridades
competentes.
As instituições participantes do mercado devem manter cadastros atualizados de seus Clientes,
registros das operações pro prazo mínimo de 5 (cinco) anos a partir do ano seguinte ao
encerramento da conta ou da conclusão da operação.
As instituições devem coletar de seus clientes permanentes informações que permitam
caracterizá-los ou não como pessoas politicamente expostas e identificar a origem dos fundos
envolvidos nas transações dos clientes assim caracterizados.

Devemos dispensar especial atenção às operações que nos termos de instruções emanadas
das autoridades competentes, possam constituir-se em sérios indícios dos crimes previstos na
lei ou com eles relacionar-se, deverão comunicar, abstendo-se de dar aos Clientes ciências de
tal ato, no prazo de 24 horas às autoridades competentes.

2.3.1.4. Da comunicação de Operações Financeiras (Lei 9.613, cap. VII)

Veja o quadro abaixo:

ENTIDADE COMUNICAÇÃO AO ÓRGÃO COMPETENTE

Instituição Financeira BACEN – Banco Central do Brasil

Funcionário Órgão competente da sua Instituicão Financeira

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2.3.1.5. Políticas e procedimentos de prevenção/combate ao crime de
lavagem de dinheiro - Organismos Nacionais e de Cooperação Internacional. A
Convenção de Viena e o Decreto n.154/91 (Lei 9.613, cap. IX e Circular
3.461/09)

As instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do


Brasil devem implementar políticas e procedimentos internos de controle destinados a
prevenir sua utilização na prática dos crimes de que trata a Lei nº 9.613/98.
Tais políticas devem:

- especificar, em documento interno, as responsabilidades dos integrantes de cada nível


hierárquico da instituição;

- definir os critérios e procedimentos para seleção, treinamento e acompanhamento da


situação econômico-financeira dos empregados da instituição;

- contemplar a coleta e registro de informações sobre clientes e que permitam a identificação


dos riscos identificados na lei;

- incluir análise prévia de todo produto e serviço novo sob a ótica da lei;

- ser aprovada pelo conselho de administração da instituição;

- receber ampla divulgação interna.

Assim como os procedimentos necessários também devem confirmar todas as informações


cadastrais dos clientes e identificar os beneficiários finais das operações. Ainda devem
possibilitar a caracterização das pessoas politicamente expostas.

Obs.: Em caso de estrangeiros considera-se pessoa politicamente exposta indivíduos em


posições ou categorias que exerce ou exerceu importantes funções públicas em país
estrangeiro, tais como, chefes de estado e de governo, políticos de alto nível, altos servidores
dos poderes públicos, magistrados ou militares de alto nível, dirigentes de empresas públicas
ou de partidos políticos.

No Brasil, o organismo nacional responsável para disciplinar e aplicar penas administrativas é o


COAF e o organismo internacional é o GAFI.

O Brasil engajou-se nesta luta contra o crime organizado e em Março de 1998 deu mais um
passo em direção ao reconhecimento da necessidade de corroborar com a comunidade
internacional com atitudes internas que pudessem ter resultados eficazes.

A Lei 9.613/1998 criou o COAF, órgão no âmbito do Ministério da Fazenda, que tem como
principal tarefa promover um esforço conjunto por parte dos vários órgãos governamentais do
Brasil que cuidam da implementação de políticas nacionais voltadas para o combate aos

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crimes de lavagem de dinheiro, evitando que setores da economia continuem sendo utilizados
nessas operações ilícitas.

COAF - Conselho de Controle de Atividades Financeiras tem a finalidade de disciplinar, aplicar


penas administrativas, receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas de atividades
ilícitas previstas nesta Lei, sem prejuízo da competência de outros órgãos e entidades.
O principal organismo internacional é o GAFI - Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de
Dinheiro e Financiamento do Terrorismo.

A multa pecuniária, aplicada pelo COAF, será variável não superior:

a) ao dobro do valor da operação;


b) ao dobro do lucro real obtido ou que presumivelmente seria obtido pela realização da
operação; ou
c) ao valor de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais);

As instituições devem manter registros de todos os serviços financeiros prestados e de todas


as operações financeiras realizadas com os clientes ou em seu nome.
Atentando para os valores:
- das operações que, realizadas com uma mesma pessoa, conglomerado financeiro ou grupo,
em um mesmo mês calendário, superem, por instituição ou entidade, em seu conjunto, o valor
de R$ 10.000,00 (dez mil reais);

- das emissões de cheque administrativo, de cheque ordem de pagamento, de ordem de


pagamento, de Documento de Crédito (DOC), de TED e de outros instrumentos de
transferência de recursos, quando de valor superior a R$ 1.000,00 (mil reais);

- em recarga ou emissão de valores em um ou mais cartões pré-pagos, em montante


acumulado igual ou superior a R$ 100.000,00 (cem mil reais) ou o equivalente em moeda
estrangeira, no mês calendário;

- depósito em espécie, saque em espécie por meio de cartão pré-pago ou pedido de


provisionamento para saque, ou de qualquer outro instrumento de transferência de fundos
contra pagamento em espécie, de valor igual ou superior a R$ 100.000,00 (cem mil reais).
Todos os valores acima se referem à movimentação normal, ou seja, sem apresentar indícios
de ocultação ou dissimulação da natureza, da origem, da localização, da movimentação ou da
propriedade de bens e direitos.

2.3.2. Aplicação do Princípio “Conheça seu Cliente”:

2.3.2.1. Função do cadastro e implicações de um cadastro desatualizado.


Análise da capacidade financeira do Cliente
O procedimento de Conheça seu Cliente é uma recomendação do Comitê de Basiléia, na qual
os bancos devem estabelecer um conjunto de regras e procedimentos bem definidos com o

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objetivo de “Conhecer Seu Cliente, buscando identificar e conhecer a origem e constituição do
patrimônio e dos recursos financeiros do cliente”.

É um elemento crítico na administração dos riscos bancários e a aplicação de uma adequada


política de Conheça seu Cliente ajuda a proteger a reputação e a integridade das instituições e
do sistema bancário, reduzindo a possibilidade dos bancos se tornarem veículos ou vítimas de
crimes financeiros.

São procedimentos que devem ser realizados na forma de uma due dilligence sobre o cliente,
com o objetivo de conhecer detalhes da sua vida pessoal e profissional, dando maior
segurança às informações apresentadas pelo cliente na Ficha Cadastral.

Em algumas instituições, o Conheça seu Cliente é preparado e atualizado por um


departamento diferente ao do Cadastro. Não existe entretanto, uma determinação legal
relativa à competência/responsabilidade sobre isto, facultando-se desta forma a cada
instituição determinar seus próprios procedimentos.

Obs.: O cadastro deverá ser mantido e conservado durante o período mínimo de 5 anos
contados a partir do primeiro dia do ano seguinte ao do encerramento das contas ou
conclusão da operação.

2.3.2.2. O princípio “Conheça seu Cliente” como forma de proteção da


Instituição Financeira e do profissional

As Instituições Financeiras devem comunicar aos órgãos responsáveis qualquer indício de


lavagem de dinheiro identificado. A iniciativa de comunicação parte do profissional, que tem
um contato direto com o cliente e sua respectiva movimentação de recursos. Mantendo os
dados atualizados e realizando a comunicação aos órgãos competentes, tanto a instituição
financeira como os profissionais estão protegidos perante a lei, ficando isentos de
corresponsabilidades, pois a lei garante que as comunicações de boa-fé não acarretarão
responsabilidade civil ou administrativa.

2.4 Normas e Padrões Éticos

2.4.1 Utilização Indevida de Informações Privilegiadas (contexto de negociação


– mercado primário e secundário em renda fixa e renda variável – valorização
de cotas em fundos de investimento, manipulação de preços)

Chamado de INSIDER no Mercado de Ações, ele tem informações privilegiadas da empresa que
trabalha e passa essas informações para outros contatos ou usa para o próprio bem.

Um exemplo mais claro de INSIDER seria eu trabalhando em algum Banco, na área estratégica
e em meio a algumas reuniões decidíssemos adquirir um outro Banco. Esse tipo de informação
é muito valiosa.

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Como sou dos primeiros a saber dessa compra, posso me antecipar e comprar muitas ações do
banco que será adquirido antes da informação ser divulgada no mercado.

Certamente quando for divulgada a compra do banco, suas ações irão disparar em instantes.
Com isso realizo meu lucro absurdamente alto em um espaço de tempo curtíssimo.

Existem diferentes tipos de informações privilegiadas – as relacionadas a informações sobre


empresas e suas atividades além das relacionadas a movimentações financeiras em operações
realizadas nos mercados organizados e de balcão.

Nas situações que uma pessoa, seja ela física ou jurídica, de posse de informações antecipadas,
obtenha proveito delas em beneficio próprio ou para terceiros, caracteriza-se como utilização
de informações privilegiadas.

Estudaremos agora dois tipos distintos destas informações: o Insider Trader e o Front Runner.

2.4.1.1. Insider Trader (Insider Trading)

Somente possuir informações privilegiadas ou ter acesso a elas não caracteriza o insider
trading. É necessário que delas se faça uso no mercado de valores mobiliários em proveito
próprio ou de terceiros. É ilegal usar informações privilegiadas para obter ganhos no mercado
financeiro. Desta forma, um diretor financeiro de uma determinada empresa não pode
negociar no mercado de capitais ações da companhia que dirige com base em informações
que não sejam públicas. Em geral, o insider trading aparece ligado aos mercados de ações,
futuros e opções, justamente quando ocorre um negócio irregular feito por quem tem esta
informação privilegiada ou foi orientado por insider.

2.4.1.2 Front Runner (Front Running)

A prática de "Front running" consiste em realizar operações antecipadamente às operações


principais. Neste caso surge o chamado conflito de ordens de compra e venda de produtos de
investimento se a situação não for adequadamente administrada. Trata-se de utilização
indevida de informações privilegiadas.

Resumo

* Insider Trader

Obter conhecimento de uma informação privilegiada a ponto de influenciar o valor do ativo.

* Front Runner

Realizar operações antecipadamente de posse das informações privilegiadas.

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2.4.2 Confidencialidade

A confidencialidade e o dever de sigilo estão relacionados às informações sobre operações


realizadas pelos Clientes, bem como a informações cadastrais e movimentações financeiras.
Porém há também situações em que é possível quebrar a confidencialidade, normalmente sob
pedido judicial ou do próprio investidor.

2.4.3 Conflito de interesses

Configura um potencial um conflito como por exemplo a execução de ordens de compra ou


venda de produtos de investimento para Clientes e para a carteira própria da instituição
administradora de fundos. Aqui entra a necessidade de segregação de atividades (chinese
wall) de forma a assegurar a independência na tomada de decisões.

2.5 Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para a Distribuição de


Produtos de Investimento no Varejo.
Art. 1º. O objetivo do presente Código de Regulação e Melhores Práticas para Atividade de
Distribuição de Produtos de Investimento no Varejo (“Código”) é estabelecer, para as
instituições participantes abaixo definidas, os parâmetros relativos à atividade de Distribuição
de Produtos de Investimento no Varejo, com as seguintes finalidades:

I. Manter os mais elevados padrões éticos e consagrar a institucionalização das práticas


equitativas no mercado;

II. Estimular o adequado funcionamento da atividade de Distribuição de Produtos de


Investimento no Varejo;

III. Manter transparência no relacionamento com os investidores, de acordo com o canal


utilizado e as características do produto;

IV. Promover a qualificação das instituições e de seus profissionais envolvidos na atividade


de Distribuição de Produtos de Investimento no Varejo; e

V. Comprometer-se com a qualidade da atuação na distribuição de produtos e serviços.

CAPÍTULO II - PRINCÍPIOS GERAIS

Art. 8º. As instituições participantes devem observar os seguintes princípios e regras no


desempenho da Atividade de Distribuição de Produtos de Investimento no Varejo:

I. Adotar práticas que promovam a transparência na relação com o Investidor;

II. Cumprir todas as suas obrigações, devendo empregar, no exercício de sua atividade, o
cuidado que toda pessoa prudente e diligente costuma dispensar à administração de
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seus próprios negócios, respondendo por quaisquer infrações ou irregularidades que
venham a ser cometidas;

III. Efetuar prévia e criteriosa análise quando contratar serviços de terceiros; e

IV. Evitar práticas que possam vir a prejudicar o mercado de Distribuição de Produtos de
Investimento no Varejo.

CAPÍTULO III - EXIGÊNCIAS MÍNIMAS

Art. 9º. As instituições participantes, para desempenho da Atividade de Distribuição de


Produtos de Investimento no Varejo, devem, no mínimo:

I. Estar habilitadas para distribuir Produtos de Investimento, nos termos da


regulamentação em vigor;

II. Prestar informações adequadas sobre os Produtos de Investimento, buscando atender a


padrões mínimos de informações aos Investidores, determinados pela legislação,
regulação e autorregulação aplicáveis, visando esclarecer, no mínimo, os riscos
relacionados ao investimento;

III. Adotar procedimentos formais de “conheça seu cliente” (KYC) compatíveis com o porte,
volume de transações, natureza e complexidade dos Produtos de Investimento da
instituição participante, com o objetivo de contribuir para o aprimoramento das
melhores práticas que dispõem sobre a prevenção aos crimes de lavagem de dinheiro ou
ocultação de bens, direitos e valores (PLD), buscando o monitoramento contínuo das
transações, de modo a identificar aquelas que são suspeitas e/ou incompatíveis com o
patrimônio e/ou renda do Investidor;

IV. Adotar procedimentos formais que possibilitem verificar a adequação dos Produtos de
Investimento ao perfil do Investidor (API), nos termos do Capítulo VI deste Código;

V. Indicar profissional (ais) responsável(eis) pela atividade de distribuição de Produtos de


Investimento no varejo, especificando a respectiva área de atuação, a quem incumbirá
assegurar a estrita observação e aplicação das regras e normas previstas neste Código,
bem como as políticas internas de cada instituição participante;

VI. Possuir profissionais de atendimento dedicados à Atividade de Distribuição de Produtos


de Investimento no Varejo que sejam devidamente certificados, conforme disposto no
Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para o Programa de Certificação
Continuada;

VII. Possuir política interna de capacitação da equipe envolvida na Atividade de Distribuição


de Produtos de Investimento no Varejo, que preveja, no mínimo:

15
a. Conteúdo do Código de Ética;

b. Conteúdo das políticas de investimentos pessoais e de segurança da informação;

c. Procedimentos aplicados para PLD e para KYC, nos termos do inciso III deste artigo;

d. Regras e princípios deste Código, especialmente no que se refere aos procedimentos


formais de API previstos no Capítulo VI, bem como às demais normas aplicadas à Atividade
de Distribuição de Produtos de Investimento no Varejo; e

e. Treinamento contínuo dos seus funcionários ("Programa de Treinamento") e prazo de


atualização deste programa.

VIII. Disponibilizar aos seus funcionários e colaboradores envolvidos na Atividade de


Distribuição de Produtos de Investimento no Varejo o Código de Ética adotado pela
instituição participante;

IX. Disponibilizar aos seus funcionários e colaboradores envolvidos na Atividade de Distribuição


de Produtos de Investimento no Varejo política de investimentos pessoais;

X. Possuir política de segurança da informação, conforme critérios adotados por cada


instituição, incluindo, gerenciamento de senhas e acessos a redes, sistemas, incluindo canal
de relacionamento eletrônico com o cliente, tais como, home banking ou e-mail
criptografado;

XI. Possuir documento que contenha a metodologia utilizada para verificar os procedimentos
de API ; e

XII. Adotar Plano de Continuidade de negócios, atualizado e devidamente documentado.

§ 1º. As instituições participantes que desempenham a atividade de Distribuição de Produtos


de Investimento no Varejo devem manter área(s) ou profissional(is) responsáveis pelas
atividades de compliance, com a isenção necessária para o cumprimento do seu dever,
sendo esta atividade entendida, para fins deste Código, como as ações preventivas visando
ao cumprimento das Leis, regulamentações e princípios corporativos aplicáveis, de modo a
garantir as boas práticas de mercado e o atendimento dos requisitos constantes deste
Código.

§ 2º. As instituições participantes deverão registrar na ANBIMA, quando de sua adesão,


correspondência assinada pelo profissional responsável pela Atividade de Distribuição de
Produtos de Investimento no Varejo explicando e/ou evidenciando como a sua instituição
atende às exigências previstas nos incisos “I” a “XII” deste artigo, bem como assegurar a
disponibilidade dos documentos que atestam o atendimento destas exigências.

16
§ 3º. A instituição participante que contratar agente(s) autônomo(s) de investimento (AAI ou
AAIs) devidamente autorizado(s) pela CVM para a distribuição e mediação de valores
mobiliários, deve celebrar contrato entre as partes incluindo a obrigação ao(s) AAIs de
cumprir tais tarefas em conformidade com as disposições deste Código.

§ 4º. Caberá ao Conselho de Regulação e Melhores Práticas expedir diretrizes que deverão ser
observadas pelas instituições participantes no que se refere à contratação e manutenção
das atividades de AAI.

2.6 Análise do Perfil do Investidor - API


O mercado financeiro possui uma infinidade de ativos e produtos diferentes, cada um com
características bem particulares. O investidor vê-se diante de muitas opções e uma pergunta.
Qual é o mais indicado para si?

Os bancos e corretoras criaram uma forma de ajudar o investidor a descobrir os melhores


produtos para aplicar seus recursos. O procedimento foi batizado de Análise de Perfil do
Investidor (API). Em geral, trata-se de um questionário onde os clientes respondem sobre sua
condição financeira, idade, quantidade de recursos que disponibilizam para investir, para que
pretendem utilizar o capital que estão investindo, em quanto tempo etc.

As respostas agrupadas mostram o seu perfil de investidor e, em alguns casos, já sugerem em


quais produtos você pode alocar que fatias do seu capital. Isso dá mais segurança para o
cliente, no momento de ele investir seus recursos.

No exterior, a API é conhecida como suitability e é bastante aplicada em países onde o


mercado de investimentos é maduro.

O “Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para os Fundos de Investimento”,


divulgado em janeiro de 2008, passou a contemplar as regras de Suitability. No Brasil os
Bancos adotaram o nome de API – Análise de Perfil do Investidor.

2.6.1 Instrução CVM: 539 – dever de verificação da adequação dos produtos,


serviços e operações ao perfil do cliente (suitability). Finalidade e para quem
se aplica a regra.

2.6.1.1 Abrangência; perfil do cliente; categorias de produtos; vedações e


obrigações; regras, procedimentos e controles internos; atualizações e
dispensas.
CAPÍTULO I – ABRANGÊNCIA

Art. 1º As pessoas habilitadas a atuar como integrantes do sistema de distribuição e os


consultores de valores mobiliários não podem recomendar produtos, realizar operações ou
prestar serviços sem que verifiquem sua adequação ao perfil do cliente.

17
§ 1º As regras previstas na presente Instrução são aplicáveis às recomendações de produtos
ou serviços, direcionadas a clientes específicos, realizadas mediante contato pessoal ou com
o uso de qualquer meio de comunicação, seja sob forma oral, escrita, eletrônica ou pela rede
mundial de computadores.

§ 2º As regras previstas na presente Instrução devem ser adotadas para o cliente titular da
aplicação.

2.6.2 Adequação de produtos ofertados em função do perfil do investidor.


Importância e motivação do API para o investidor. Possibilidade de venda de
um produto não adequado ao perfil do investidor.

Fatores que determinam o perfil do investidor.


- Idade;
- Valor disponível para investir;
- Horizonte de investimento;
- Finalidade do investimento;
- Tolerância ao risco; e
- Experiência com investimentos.

Adequação de produtos em função do perfil do investidor

A Análise do Perfil do Investidor é feita por meio de um questionário, que deverá conter os
fatores que determinam o perfil de risco, que por meio de suas respostas receberá a indicação
de um dos perfis abaixo:
. Conservador
. Moderado sem Renda Variável
. Moderado com Renda Variável
. Dinâmico
. Arrojado

Cada perfil carrega consigo uma simulação de carteira que poderá estar dividida em até 3
partes, levando-se em conta a sua composição de risco.

- Produtos de Baixo Risco


- Produtos de Médio Risco
- Produtos de Alto Risco

18
2.6.3 Fatores Determinantes para Adequação dos Produtos de Investimento as
Necessidades dos Investidores

2.6.3.1 Objetivo do Investidor

2.6.3.2 Horizonte de Investimento e idade do investidor

2.6.3.3 Risco versus retorno

2.6.3.4 Diversificação: Vantagens e limites de redução do risco incorrido

Conhecimento do Cliente e suas necessidades (idade, objetivo de investimento, horizonte do


investimento, tolerância ao risco).

A classificação dos clientes ocorre em função de seus objetivos de investimento, sua situação
financeira e seu grau de conhecimento e experiência necessários para compreender os riscos
relacionados aos seus investimentos. Em relação aos objetivos de investimento, avaliamos o
horizonte de investimento, preferências quanto à assunção de risco e as finalidades de
investimento. A situação financeira é avaliada através do entendimento da renda ou receitas
periódicas, patrimônio e necessidades futuras esperadas declaradas pelo cliente. O grau de
conhecimento leva em conta a familiaridade bem como experiência dos clientes em relação
aos tipos de produtos, serviços e operações e a formação acadêmica e a experiência
profissional.

O distribuidor e/ou intermediário financeiro deve informar ou disponibilizar ao cliente, a


classificação atribuída ao seu perfil de risco oriunda do resultado obtido através do
preenchimento do questionário de suitability. É permitido a possibilidade do cliente solicitar
uma classificação diferente e, nesse caso, os responsáveis pelo relacionamento devem ainda
esclarecê-lo sobre as implicações dessa opção em relação ao nível da proteção que lhe é
conferido.

Listamos abaixo alguns itens que podem ser sondados:

* seu momento de vida: Idade, origem de seus recursos, família, objetivos, planos de
acumulação futura de riqueza, aposentadoria;

* prazo para a realização de seus objetivos: para adequar melhor a sua carteira de
investimentos versus o prazo de sua realização.

* aversão a risco: sua tolerância a riscos de investimento, verificar o grau de conhecimento


quanto as opções de investimento e sobre mercado financeiro, sua experiência passada, se
possuí alguma restrição dentre as opções existentes no mercado.

2.6.3.5 Finanças Pessoais

2.6.3.5.1 Conceitos de Orçamento Pessoal e familiar (Receitas/Despesas),


fluxo de caixa e situação financeira:

19
A educação financeira é o meio de prover esses conhecimentos e informações sobre
comportamentos básicos que contribuem para melhorar a qualidade de vida das pessoas e de
suas comunidades. É, portanto, um instrumento para promover o desenvolvimento
econômico. Afinal, a qualidade das decisões financeiras dos indivíduos influencia, no agregado,
toda a economia, por estar intimamente ligada a problemas como os níveis de endividamento
e de inadimplência das pessoas e a capacidade de investimento dos países. Consumidores bem
educados financeiramente demandam serviços e produtos adequados às suas necessidades,
incentivando a competição e desempenhando papel relevante no monitoramento do mercado,
uma vez que exigem maior transparência das instituições financeiras, contribuindo, dessa
maneira, para a solidez e para a eficiência do sistema financeiro. Como se pode perceber, a
educação financeira da população é muito importante para toda a sociedade. Por esse motivo,
o Governo Federal instituiu por meio do Decreto nº 7.397, de 22 de dezembro de 2010, a
Estratégia Nacional para Educação Financeira (Enef). Alinhado a essa estratégia, o BCB
reestruturou seu programa Cidadania Financeira, com o objetivo de capacitar o cidadão
brasileiro a administrar seus recursos financeiros de maneira consciente.

O que é orçamento?
Orçamento pode ser visto como uma ferramenta de planejamento financeiro pessoal que
contribui para a realização de sonhos e projetos. Para que se tenha um bom planejamento, é
necessário saber aonde se quer chegar; é necessário internalizar a visão de futuro trazida pela
perspectiva de realização do projeto e estabelecer metas claras e objetivas, as quais
geralmente precisam de recursos financeiros para que sejam alcançadas ou para que ajudem a
atingir objetivos maiores. Por isso, é importante que toda movimentação de recursos
financeiros, incluindo todas as receitas (rendas), todas as despesas (gastos) e todos os
investimento s, esteja anotada e organizada.

Importância do orçamento Pessoal/Familiar


O orçamento financeiro pessoal oferece uma oportunidade para você avaliar sua vida
financeira e definir prioridades que impactam sua vida pessoal. O orçamento vai ajudá-lo a:

• conhecer a sua realidade financeira;

• escolher os seus projetos;

• fazer o seu planejamento financeiro;

• definir suas prioridades;

• identificar e entender seus hábitos de consumo;

• organizar sua vida financeira e patrimonial;


20
• administrar imprevistos; • consumir de forma contínua (não travar o consumo).

O processo de elaboração
Existe mais de uma maneira de elaborar um orçamento. Vamos sugerir um método que
consiste em quatro etapas: planejamento, registro, agrupamento e avaliação.

1ª etapa: Planejamento O processo de planejamento consiste em estimar as receitas e as


despesas do período. Para isso, você pode utilizar sua rotina passada, elencando as receitas e
as despesas passadas e usando-as como base para prever as receitas e as despesas futuras.
Veja, na sequência, algumas sugestões para auxiliá-lo nesta etapa.

Diferencie receitas e despesas fixas das variáveis

Receitas fixas – Como o próprio nome diz, são receitas que não variam ou variam muito pouco,
como o valor do salário, da aposentadoria ou de rendimentos de aluguel.

Receitas variáveis – São aquelas cujos valores variam de um mês para o outro, como os ganhos
de comissões por vendas ou os ganhos com aulas particulares.

Despesas fixas – São despesas que não variam ou variam muito pouco, como o aluguel, a
prestação de um financiamento etc.

Despesas variáveis – São aquelas cujos valores variam de um mês para o outro, como a conta
de luz ou de água, que variam conforme o consumo.

• Lembre-se dos compromissos sazonais: impostos, seguros, matrículas escolares etc.

• Lembre-se dos compromissos já assumidos: cheques pré-datados ou ainda não


compensados, prestações a vencer, faturas de cartões de crédito etc.

• Utilize informações passadas de conta de luz, água, telefone etc.

Fluxo de Caixa
O fluxo de caixa é uma ferramenta financeira de utilização com grande importância, visto que
é um controle financeiro muito eficiente e que consegue produzir uma quantidade
considerável de informações para quem usa, de maneira rápida, em tempo real e de forma
abrangente, demonstrando como está o orçamento familiar.

É uma ferramenta extremamente simples de ser construída e utilizada e que produz resultados
muito importantes nos aspectos de controle financeiro e da tomada de decisões. Basicamente,
o fluxo de caixa registra as movimentações que ocorrem na sua vida pessoal, como as entradas
de dinheiro e outros recursos, e as saídas para o pagamento de despesas.

Dessa maneira, conseguimos visualizar por meio do fluxo de caixa quais são as entradas e
saídas de recursos financeiros do caixa familiar, e quais ainda irão acontecer no futuro,
21
podendo, assim, tomar as decisões pertinentes a esses aspectos, pois o fluxo de caixa oferece
os saldos financeiros que são produzidos na análise das entradas e saídas de dinheiro do caixa,
expondo qual o saldo que é produzido naquele momento.

Situação financeira

Em outras palavras, a situação financeira está relacionada ao seu caixa, ou melhor, diz respeito
aos rendimentos e às despesas que seu caixa apresenta ao longo de um período determinado,
o que constitui seu orçamento, podendo ser positivo ou negativo.

2.6.3.5.2 Patrimônio Líquido


O patrimônio líquido refere-se à diferença entre a soma de todos os seus bens menos a soma
de todas as suas dívidas e obrigações.

Ativos/Bens

Bens são todas as coisas que você possui. Sua casa e carro são bens. Suas economias da
aposentadoria e seu fundo de faculdade para as crianças também são bens. O dinheiro em sua
conta bancária, o valor em sua conta de despesas flexíveis no trabalho ou sua Conta Poupança
são todos bens. Quando você parar para pensar sobre isso, você tem um monte de bens.

Passivos/Obrigações

Suas obrigações incluem a sua hipoteca, o empréstimo de seu carro e saldos do cartão de
crédito, mesmo se você pagá-los todo mês. Se você tem uma dívida com alguém por qualquer
motivo, um saldo devedor ao dentista, um projeto de lei excepcional para um empreiteiro que
fez um trabalho na casa, qualquer coisa assim, é uma obrigação.

Cálculo do Patrimônio Líquido

Você pode calcular o seu patrimônio líquido, deduzindo o total de suas obrigações do total de
seus bens. Bens - Obrigações = Patrimônio Líquido.

Índice de Endividamento

O endividamento familiar é a incapacidade das famílias conseguirem pagar os empréstimos


que possuem, acabando por ficar sobreendividadas com o passar do tempo. Fatores como o
desemprego, doença prolongada, divórcio e maus investimentos são as principais causas do
endividamento familiar.

Sobreendividamento:

Ato ou efeito de sobre-endividar ou sobre-endividar-se = SUPERENDIVIDAMENTO

22
2.6.3.6 Grau de conhecimento do mercado financeiro – experiência em
matéria de investimento

Em agosto de 2015 a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) lançou uma pesquisa para
medir o Grau de Conhecimento do Mercado Financeiro dos brasileiros. Além de dados diversos
a pesquisa constatou que o conhecimento do Brasileiro sobre matemática básica e a
organização financeira é mediana.

Em contrapartida o assunto não vai nada bem quando falamos sobre investimentos, o
brasileiro tem um conhecimento irrisório do mercado financeiro e principalmente quando se
trata de fundos de investimentos e Bolsa de Valores. Outra grave constatação realizada é que
o brasileiro costuma se informar sobre estes assuntos com parentes e conhecidos ao invés de
conversar com um profissional da área.

A pesquisa foi realizada em nas 15 maiores regiões metropolitanas brasileiras com um público
potencial para investimento em bolsa de valores. Foram entrevistadas 2.000 pessoas e a
margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais para mais, ou para menos.

Veja os principais tópicos da pesquisa:

Grau de Planejamento Financeiro


o 47% dos entrevistados apresenta médio grau de planejamento financeiro;
o 30% dos entrevistados apresenta baixo grau de planejamento financeiro;
o Apenas 23% dos entrevistados possui um alto grau de planejamento financeiro;

Como pudemos perceber com alguns dos resultados da pesquisa acima, o Grau de
Conhecimento do Mercado Financeiro do brasileiro é baixo. Isso acarreta em um grau de
conhecimento em investimentos ainda menor. A grande parte da população ainda concentra
seus investimentos na Caderneta de Poupança e não tem conhecimentos sobre a importância
da diversificação dos investimentos.

Quando falamos em produtos de investimento a pesquisa constatou que mais de 90% dos
entrevistados possui conta corrente em banco ou conta poupança. O segundo investimento
mais conhecido, é o investimento em imóveis. Mas ainda assim apenas 43% afirmaram
conhecer esta modalidade. Quanto aos demais tipos de investimento, os índices ficam abaixo
de 40%.

23
A caderneta de poupança é tão popular que 44,4% dos entrevistados investe ou já investiu na
caderneta de poupança. Quando falamos de outros tipos de investimentos como CDB, Ações,
Fundos de Investimento, Fundos Imobiliários ou mesmo Tesouro Direto menos de 5% já
investiu em uma destas modalidades.

Confirmando o resultado da grande maioria das API (Análise de Perfil do Investidor) realizado
por instituições financeiras filiadas a ANBIMA o perfil de investimento da maioria dos
brasileiros é o conservador. O brasileiro possui tanta aversão ao risco que 37% dos
entrevistados mantei o dinheiro parado em conta corrente por medo de sofrer perdas.

Mais da metade dos brasileiros preferem investimentos com menor rentabilidade, mas que
ofereçam o menor risco possível. Entre todos os 2.000 entrevistados menos de 600
entrevistados apresentaram algum interesse em investimentos em bolsa de valores.

Mas e você? Qual o seu real conhecimento do mercado financeiro? Já tinha ouvido falar em
todos os tipos de investimentos citados acima? Já investiu em algum deles?

2.7 Decisões do Investidor na perspectiva de Finanças Comportamentais

2.7.1 A decisão do investidor na perspectiva das Finanças Comportamentais.


“Quando tomamos uma decisão, enxergamos apenas o que queremos, ignoramos
possibilidades e minimizamos riscos que enfraquecem nossas esperanças. O pior é que muitas
vezes somos confiantes mesmo quando estamos errados”- Daniel Kanheman

A sabedoria popular já dizia: “cachorro mordido por cobra tem medo até de salsicha”, um
paralelo a atitude promovida pela mente do investidor, quase que inconscientemente.

No atribulado mundo financeiro e no calor das decisões de investimentos, é comum se deparar


com as típicas atitudes de profissionais, clientes, colegas ou até mesmo de familiares,
taxativamente avessas à tomada de risco, usando como justificativa para declinar qualquer
aplicação em renda variável ou diversificação de portfólio os traumas do passado, oriundos de
perdas significativas registradas na memória desse singelo investidor.

Os indivíduos são iguais e possuem, em média, a mesma função de utilidade;

Maximizam suas decisões, preferindo sempre a escolha ótima. Dado que os recursos são
escassos, a alocação sempre tende ao nível de eficiência e racionalidade pura;

Usam todo o conjunto de informações disponíveis para tomar a melhor decisão possível;

2.7.2 Algumas das Heurísticas (regras práticas ou atalhos mentais que


orientam o julgamento e avaliação dos investidores) e os erros que podem
causar nas decisões dos investidores (vieses)

24
O que são heurísticas e vieses?

A essas respostas rápidas que costumamos dar a perguntas extremamente complexas


chamamos de heurísticas, ou seja, são atalhos mentais que facilitam a tomada de decisão.

Isoladamente as heurísticas não representam algo ruim. Pelo contrário, em contextos em que
precisamos tomar diversas decisões complexas de forma rápida as heurísticas possuem papel
fundamental, pois viabilizam escolhas adequadas, embora imperfeitas.

As heurísticas são estratégias gerais que podem conduzir a decisões adequadas. O que
ocorre é que nós, seres humanos, costumamos falhar em definir os limites dessas
estratégias, fazendo com que nem sempre a melhor decisão seja escolhida.

A utilização de heurísticas pode ocasionar vieses, ou seja, uma tendência sistemática


de violar alguma forma de racionalidade teoricamente predominante. O que acontece
é que os vieses acabam distorcendo, ou pelo menos limitando, a capacidade de
tomarmos decisões racionais (Sternberg, 2008). Estes erros são fruto de uma resposta
incompleta, que não permite que a decisão tomada seja ótima.

A lista de vieses cognitivos é extensa. Mas alguns exemplos são: efeito dotação, efeito
disposição, status quo, excesso de confiança / otimismo, aversão à perdas, entre outros.

Em outras palavras os vieses são os comportamentos que podem surgir quando uma decisão
irracional (heurística) é tomada.

2.7.2.1 Disponibilidade (decisões influenciadas por ocorrências e eventos


recentes na memória do investidor)

HEURÍSITICA DA DISPONIBILIDADE. Significa que as pessoas de formar geral julgam a


frequência ou a probabilidade de um evento pela facilidade com que exemplos ocorrem em
suas mentes (Tversky e Kahneman, 1974).

Por exemplo, um indivíduo pode calcular a probabilidade de um jovem ter problemas


cardíacos recordando quantos casos deste tipo já ocorreram com seus conhecidos.

A disponibilidade acompanha os seres humanos na vida cotidiana e de maneira geral é um


método de eficácia relativa na tomada de decisões sobre frequência (Matlin, 2004).

25
2.7.2.2 Representatividade (decisões a partir de associações com estereótipos
formados e desprezo de informações relevantes para a tomada de decisão)
HEURÍSTICA DA REPRESENTATIVIDADE. Afirma que os indivíduos avaliam a probabilidade de
um evento “B” pelo nível em que um evento “A” se assemelha de “B”. Um exemplo dado por
Tversky e Kahneman (1974) ajuda na compreensão desta heurística:

Considerando que um indivíduo é muito tímido e retraído, está sempre pronto a ajudar, porém
possui pouco interesse nas pessoas e no mundo a sua volta; é tranquilo e organizado; tem
necessidade de ordem e estrutura e uma paixão por detalhes. Além disso, podemos supor que
este indivíduo é engajado em uma profissão específica.

Dessa forma, com base nas características do indivíduo as pessoas tendem a imaginar a
possível profissão dele utilizando o estereótipo de diversas profissões (como por exemplo,
físico, matemático, bibliotecário, vendedor, médico ou fazendeiro). Contudo, utilizar esta
abordagem a julgamentos de probabilidade pode conduzir a sérios erros, pois
a similaridade (ou representatividade) não é influenciada por diversos fatores que deveriam
afetar julgamentos de probabilidade.

Em outras palavras, representatividade é a tendência em utilizar estereótipos para realizar


julgamentos. Um exemplo desta heurística no campo das finanças é crer que o desempenho
brilhante de uma organização no passado é "representativo" de um desempenho geral que a
empresa continuará a obter no futuro (Boussaidi, 2013).

2.7.2.3 Ancoragem (decisões com base em informações e conhecimentos


prévios ou pré- concebidos)

HEURÍSTICA DA ANCORAGEM. Como você sabe o quanto você deve pagar por algo? Para

descobrir isso, você precisará de algum tipo de referência. O preço só será considerado caro ou

barato se existir outra opção para criar relatividade ou servir de comparação. Imagine a

seguinte situação: você entra em uma loja e vê uma camisa, checa o preço da etiqueta que é

R$ 290,00, o vendedor o aborda e diz que a camisa agora custa apenas R$ 140,00. Você talvez

nem precise da camisa, mas um desconto de R$ 150,00 parece realmente um grande negócio.

Será mesmo? Ou o que funcionou aqui foi o efeito de ancoragem?

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Fazer uso de valores ou pedaços de informações como âncoras funciona como um atalho que

utilizamos para simplificar nossas decisões. Nossa mente é sobrecarregada de informações a

todo instante, e processar mais dados não é o que desejamos. Portanto, quando nos

deparamos com uma situação com referências ou comparações, que nos sirvam de apoio, a

usamos como âncora para simplificar e nos dizer que estamos diante de uma grande oferta.

2.7.2.4 Aversão à perda (manutenção de investimentos não lucrativos e venda


de investimentos com ganho).

A Aversão a Perda (loss aversion, em Inglês) é um viés comportamental que nos faz atribuir
maior importância às perdas do que aos ganhos, nos induzindo frequentemente a correr mais
riscos no intuito de tentar reparar eventuais prejuízos.

Alguns estudos sugerem que isso se dá porque, do ponto de vista psicológico, a dor da perda é
sentida com muito mais intensidade do que o prazer com o ganho.

Essa assimetria na forma como as perdas e ganhos são sentidos nos leva também ao medo de
desperdiçar boas oportunidades de investimento, nos deixando expostos a possíveis
armadilhas disfarçadas de “oportunidades imperdíveis”.

Além disso, a Aversão a Perda pode fazer o investidor insistir em investimentos sem
perspectiva futura de melhora, seja pelo medo da dor de realizar prejuízo, seja pela recusa em
admitir eventuais erros na escolha da aplicação.

Outro efeito potencialmente prejudicial desse viés é fazer o investidor liquidar


precipitadamente as posições lucrativas e ainda promissoras, por receio de perder o que já foi
ganho.

2.7.3 Efeitos de estruturação: influência na decisão de investimento da forma


como as alternativas ou o problema é apresentado (framing)

Framing (a importância de como uma situação é descrita)

O efeito de framing se refere ao fato que a escolha é influenciada pela forma como o
problema é expresso. Muitas vezes, as pessoas são influenciadas pelo formato do problema,
assim, elas acabam respondendo de forma diferente dependendo de como este foi
apresentado. Observa-se que esse impacto é particularmente significativo se o problema for
desenhado de forma a evidenciar ganhos ou perdas.

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Exemplo:

Um exemplo clássico do Kahneman e Tversky (1979) é sobre a forma de comunicar o impacto


de uma epidemia na cidade.

Existem dois programas para se combater determinada doença que infectou 600 pessoas e
você deve escolher entre um deles:

Caso escolha o programa A, 200 pessoas são salvas. Caso escolha o programa B, existe a
chance de um terço de se salvar 600 pessoas e a chance de dois terços de todas morrerem.
Qual programa você escolheria?

A maioria das pessoas escolhe a opção A. No entanto, se o problema for formulado como a
escolha entre o programa C, que causa a morte de 400 pessoas e o programa D, que causa a
morte de 600 com dois terços de chance e salva as 600 com um terço de chance, muitas
pessoas escolhem a opção D. O problema é o mesmo, apenas formulado de forma diferente e
isso influenciou a escolha de muitas pessoas.

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