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MOD.

110/A
PROVA DE AVALIAÇÃO
Aprovado: DIR

ANO LETIVO 2019/2020

TIPO DE CURSO Licenciatura x Mestrado CTSP Outro Ano 2º Diurno X Noturno x


IDENTIFICAÇÃO DO CURSO MARKETING, PUBLICIDADE E RELAÇOES PÚBLICAS
UNIDADE CURRICULAR Introdução ao Direito
Avaliação continua Recurso Épocas Especiais Outras
TIPO DE PROVA
Intermédia x Final Trab. Estud. Concl. Curso
IDENTIFICAÇÃO DA PROVA 1º Sem. x 2º Sem. fevereiro junho julho setembro
DURAÇÃO DA PROVA 2 horas
DATA E HORA 14 de novembro de 2019
DOCENTE Paula Quintas

Nota prévia:
Para demonstração do domínio dos conceitos jurídicos abordados em cada questão, deve proceder à correta
aplicação e interpretação das normas legais aplicáveis.
As respostas são legalmente fundamentadas, sob pena de desconsideração das mesmas (a mera reprodução
de textos legais não preenche nenhum dos critérios supramencionados).
Pode consultar toda a legislação e documentação disponíveis, com exceção dos casos práticos
resolvidos.

1.
O Instituto do Consumidor (IC) acaba de aplicar a coima mais elevada do Código de Publicidade
existente em Portugal: 45 mil euros. A empresa objeto de processos de contraordenação é a
Arcashop - a mesma da Arcádia, Novamundo, BS Belsana e Vitalconfort -, com sede em Valência,
Espanha. Vende produtos por correspondência, como cremes e artigos domésticos, tendo sempre
como isco um prémio em dinheiro. Mas o cheque nunca chega e os artigos são de fraca qualidade,
queixam-se os clientes.
In https://www.dn.pt/arquivo/2006/multa-de-45-mil-euros-por-publicidade-enganosa-640459.html

À luz das ordens normativas que conhece, pronuncie-se, fundamentando o seu parecer.
Preliminarmente, defina ordens normativas. – 3 valores

Proposta de resolução:
Ordens normativas: ordens que emitem comandos/normas assentes em diferentes contextos
Violação da ordem jurídica: sistema ou conjunto de normas jurídicas de um determinado país ou jurisdição que
definem o comportamento exigível a cada cidadão no interior desse território.
A ordem jurídica tem natureza coerciva, pelo que, a desobediência a este preceito conduz à aplicação de sanções.
No caso em apreço, a empresa praticou publicidade enganosa, o que é ilegal.
Violação da ordem ética: ordem do dever-ser, determinando o caráter, altruísmo e virtudes do homem, na vertente
axiológica, ou seja, atendendo aos valores em si (honestidade, transparência, lisura nos negócios).
Violação da ordem moral: a ordem moral como ordem de condutas, de comportamentos de cada cultura, visando o
aperfeiçoamento do homem, neste caso, vendo como censurável este comportamento.

2.
Na eventualidade de a coima de 45 mil euros não ser liquidada, o Estado avança com uma
execução fiscal.
Indique se está em causa a coercibilidade ou/e a coatividade, após definir os conceitos. – 3 valores

Proposta de resolução:
A coercibilidade consiste na aplicação das sanções prescritas pelo direito.

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Aprovado: DIR

A coação caracteriza-se pelo uso da força pública e legítima que acompanha o direito.
Recorre-se à coerção e à coação: coerção, pois o incumpridor é obrigado a cumprir a obrigação, por exigência judicial;
coação, atendendo a que o Estado legitimamente pode executar os bens do devedor, por dívida fiscal.

3.
Ricardo agrediu um seu vizinho no decurso de uma violenta discussão, por causa de
incumprimento de regras do condomínio.
No contexto do Princípio da Responsabilidade Civil, classifique a responsabilidade de Ricardo. – 4
valores

Proposta de resolução
Está em causa o princípio da responsabilidade civil.
Quem estiver obrigado a reparar um dano, deve reconstituir o status quo ante (art. 562º, CC), sempre que a
reconstituição natural não seja possível (art. 566º, nº 1, 2ª parte, CC), apelando-se à compensação (indemnização
pecuniária, art. 566º, nº 1, 1ª parte, CC).
No caso, trata-se de responsabilidade civil por factos ilícitos (art. 483º, CC).
São requisitos cumulativos deste tipo de responsabilidade:
- ação voluntária (comportamento positivo ou negativo);
- violadora de direito de outrem;
- imputação do facto ao lesante;
- culpa (dolo direto);
- ilicitude (comportamento desconforme o direito);
- dano (resultado) e nexo causal (relação entre a ação e o dano, causa-efeito).
Pelo que Ricardo é responsável pelo dano que provocou.
Existe, ainda, responsabilidade extracontratual dado que deriva da violação de deveres ou vínculos jurídicos gerais
(independentemente de haver qualquer relação jurídica entre as partes.

4.
Abel, menor de 17 anos, pretende adquirir um automóvel de valor elevado, invocando que, em
breve, será maior. Os pais invocam a sua incapacidade e pretendem invalidar o negócio.
a) Comente tal pretensão relativa à capacidade jurídica do menor, após ter definido a mesma.
– 3 valores

Proposta de resolução:
Personalidade jurídica (art. 66º, nº 1, CC) como valor pré-adquirido, com o nascimento completo e com vida.
Capacidade jurídica (art. 67º, CC): capacidade de ser titular de direitos e deveres.
Considera-se menor quem não tiver completado dezoito anos de idade (art. 122º, CC).
Capacidade de gozo v. capacidade de exercício (exercício pleno de direitos), obtida com a maioridade (art. 130º, CC)
ou pelo casamento (art. 132º, CC).
O ato praticado pelo valor em causa não se encontra nas exceções previstas no art. 127º, CC.
Assim, podem os pais invalidar o negócio (art. 125º, CC).
O argumento do menor é irrelevante.

b) Indique as consequências da maioridade. – 1 valor

Proposta de resolução:
A capacidade de exercício (exercício pleno de direitos), é obtida pela maioridade (art. 130º, CC), permitindo a livre
regência da pessoa do emancipado e a livre disposição do património.

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5.
Diz-se que os pareceres dos jurisconsultos são fonte de Direito.
Comente tal afirmação. Preliminarmente, refira se a mesma é mediata ou imediata e voluntária ou
involuntária. – 3 valores

Proposta de resolução:
Fonte de direito no sentido técnico-jurídico (este sentido traduz os modos de formação e revelação das normas
jurídicas): são consideradas fontes de Direito: a lei, o costume, a jurisprudência e a doutrina.
A doutrina (pareceres dos jurisconsultos) é uma fonte de direito.
Fonte mediata: pois somente influenciam o processo de formação e de revelação das normas jurídicas.
Fonte voluntária: há uma intenção de criação de normas jurídicas.

6.
Indique o momento de entrada em vigor da lei X publicada hoje, a qual omitiu a data de vigência,
desenvolvendo o seu raciocínio jurídico e apresentando o dia preciso. - 3 valores

Proposta de resolução:
De acordo com o art. 5º, nº 1, do CC, a lei só se torna obrigatória depois de publicada no jornal oficial.
Entre a publicação e a vigência da lei decorrerá o tempo que a própria lei fixar ou, na falta de fixação, o que for
determinado em legislação especial (nº 2), tal designa-se de vacatio legis.
A legislação especial a que alude o nº 2, corresponde à Lei nº 74/98, de 11 de novembro, sobre a publicação, a
identificação e o formulário dos diplomas.
Na falta de fixação do dia, os diplomas referidos no número anterior entram em vigor, em todo o território nacional e
no estrangeiro, no quinto dia após a publicação (art. 2º, nº 2, da referida Lei).
Não se procedendo à contagem do dia a quo (art. 279º, al. b), CC).
Ou seja, a lei entrou em vigor em 19 de novembro, inclusive.

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