Você está na página 1de 11

DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO PARÁ (DPE/PA)

CARGO: DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO


PROVA PRÁTICO-DISCURSIVA P2 – QUESTÃO 1
APLICAÇÃO: 5/12/2021

PADRÃO DE RESPOSTA DEFINITIVO

A teoria da transcendência dos motivos determinantes reconhece a existência de efeitos irradiantes à ratio
decidendi, ou seja, à parte da fundamentação necessária e suficiente à conclusão do julgamento. Tecnicamente, pode ser aplicada
em controle concentrado ou difuso, constituindo uma teoria de uniformização e aplicação de precedentes judiciais.
Uma vez que as decisões definitivas de mérito do Supremo Tribunal Federal proferidas em sede de controle
concentrado possuem efeitos vinculantes e erga omnes, surge a discussão de qual parte da decisão paradigma gera tais efeitos.
Sustenta a teoria da transcendência dos motivos determinantes que não só a tese fixada ou a conclusão final do julgado geram
efeitos vinculantes, mas que também as razões de decidir adotadas como fundamento do julgado geram tais efeitos irradiantes.
O STF rejeita a aplicação da teoria da transcendência dos motivos determinantes aos seus julgados (vide Rcl
4448 AgR; Rcl 9778 AgR; Rcl 6204 AgR; e Rcl 11473 AgR, entre outros). Para o STF, a “eficácia vinculante dos acórdãos
proferidos em processos de controle concentrado de constitucionalidade abrange apenas o objeto da ação” (STF, Rcl 4.454 AgR,
Rel. min. Roberto Barroso, Primeira Turma, DJe de 17/3/2015).
De fato, na forma da alínea “l” do inciso I do art. 102 da Constituição Federal de 1988, compete ao STF julgar
a reclamação constitucional para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões. Contudo, o STF
somente admite o uso de reclamação constitucional para preservar a autoridade de seus julgados nos casos em que exista relação
de estrita pertinência entre a decisão reclamada e o objeto da decisão paradigma.
OBS. 1: a expressão latina ratio decidendi pode ser substituída por expressões similares de mesmo teor, como "núcleo da
fundamentação" ou "fundamentos centrais da decisão", entre outras.
OBS. 2: será considerada a resposta que aponte que a teoria em estudo já foi admitida em decisões isoladas do STF, ou que foi
controvertida, desde que também indique que a jurisprudência atual e majoritária do STF passou a inadmitir a tese, seguindo a
jurisprudência defensiva de limitação ao conhecimento de reclamações constitucionais.

QUESITOS AVALIADOS

2.1
0 – Não explicou corretamente a teoria.
1 – Mencionou que a teoria diz respeito à ratio decidendi da decisão, mas não desenvolveu ou se limitou a uma explicação
superficial e(ou) com vários equívocos técnicos.
2 – Explicou que a teoria aborda a discussão de qual parte da decisão paradigma gera efeitos vinculantes e da possibilidade de
se dar efeitos vinculantes à ratio decidendi, porém desenvolveu de forma insuficiente e(ou) com algum equívoco.
3 – Apresentou uma explicação completa, juridicamente adequada e sem equívocos a respeito da teoria, explicando a existência
da discussão de qual parte da decisão paradigma gera efeitos vinculantes.

2.2
0 – Não indicou que o STF não adota a teoria.
1 – Indicou que o STF não acata a teoria, mas não fundamentou corretamente.
2 – Indicou que o STF não acata a teoria, mas fundamentou de forma incompleta (explicou apenas que a eficácia vinculante dos
acórdãos proferidos em processos de controle concentrado de constitucionalidade abrange apenas o objeto da ação, e não seus
fundamentos, ou apenas abordou a questão das reclamações constitucionais).
3 – Indicou que o STF não acata a teoria, explicou que a eficácia vinculante dos acórdãos proferidos em processos de controle
concentrado de constitucionalidade abrange apenas o objeto da ação, e não seus fundamentos, e abordou a questão das
reclamações constitucionais, mas apresentou algum equívoco técnico-jurídico na sua explicação.
4 – Indicou que o STF não acata a teoria, explicou que a eficácia vinculante dos acórdãos proferidos em processos de controle
DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO PARÁ (DPE/PA)
CARGO: DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO
PROVA PRÁTICO-DISCURSIVA P2 – QUESTÃO 2
APLICAÇÃO: 5/12/2021

PADRÃO DE RESPOSTA DEFINITIVO


A Constituição Federal de 1988 (art. 134, caput) cita como um dos papéis fundamentais da Defensoria Pública
a promoção dos direitos humanos. Por sua vez, a Lei Complementar n.º 80/1994 (art. 4.º, III) e a Lei Complementar n.º 54/2006
(art. 6.º, III) desmembram esse papel em funções específicas do órgão. A educação em direitos humanos é a única forma de
permitir que os(as) cidadãos(ãs) exercitem plenamente seus direitos. Contudo, o acesso a essas informações, mormente por
aqueles(as) economicamente hipossuficientes, é cercado por obstáculos. A Defensoria Pública possui a capacidade de levar esses
conhecimentos a todos(as), criar uma ponte entre aqueles(as) que vivem à margem da sociedade e o real acesso à justiça. O
acesso à justiça vai além da judicialização e, se eficaz, na verdade, evita a busca pelos tribunais. O acesso à justiça é amplo,
efetivo e garantidor da execução plena dos direitos do(a) cidadão(ã).

QUESITOS AVALIADOS

2.1
0 – Não aborda o papel da Defensoria Pública como agente educador em direitos humanos.
1 – Menciona apenas um aspecto relacionado ao papel da Defensoria Pública como agente educador em direitos humanos, sem
desenvolvê-lo e sem fundamentá-lo em nenhuma legislação pertinente.
2 – Desenvolve apenas um aspecto relacionado ao papel da Defensoria Pública como agente educador em direitos humanos, mas
não o fundamenta corretamente na legislação pertinente; ou apenas menciona aspectos relacionados ao papel da Defensoria
Pública como agente educador em direitos humanos, sem desenvolvê-los.
3 – Desenvolve e fundamenta na legislação pertinente apenas um aspecto relacionado ao papel da Defensoria Pública como
agente educador em direitos humanos.
4 – Desenvolve e fundamenta na legislação pertinente mais de um aspecto relacionado ao papel da Defensoria Pública como
agente educador em direitos humanos.

2.2
0 – Não aborda corretamente acesso aos tribunais nem acesso à justiça.
1 – Aborda corretamente apenas um dos aspectos.
2 – Aborda corretamente ambos os aspectos, mas não deixa claro o que os diferencia.
3 – Aborda corretamente ambos os aspectos, deixando claro o que os diferencia.

das reclamações constitucionais, apontando que o STF somente admite o uso de reclamação constitucional nos casos em que
exista relação de estrita pertinência entre a decisão reclamada e o objeto da decisão paradigma.
DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO PARÁ (DPE/PA)
CARGO: DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO
PROVA PRÁTICO-DISCURSIVA P2 – QUESTÃO 3
APLICAÇÃO: 5/12/2021

PADRÃO DE RESPOSTA DEFINITIVO

A norma consumerista prevê, expressamente, duas espécies de garantia: a legal e a contratual.


A garantia legal encontra previsão expressa no artigo 24 do Código de Defesa do Consumidor, sendo
conceituada da seguinte maneira: “garantia legal de adequação do produto ou serviço independente de termo expresso, vedada a
exoneração contratual do fornecedor”. Ou seja, a garantia legal independe de previsão expressa, sendo garantida a todo
consumidor na aquisição do produto. Essa garantia — legal — está expressa no artigo 26 do Código de Defesa do Consumidor,
que é diferida para bens não duráveis (30 dias) e para bens duráveis (60 dias). Os bens não duráveis são aqueles que se esgotam
no primeiro uso ou em pouco tempo após a sua aquisição. Já os bens duráveis não são necessariamente destruídos pelo consumo,
podendo ocorrer o seu desgaste natural com a utilização, portanto sua vida útil não é passageira.
Por sua vez, a garantia contratual é aquela facultada pelo fornecedor, por meio de termo expresso, em
complemento à garantia contratual, e está devidamente disposta no artigo 50 do Código de Defesa do Consumidor: “A garantia
contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito”. Dessa forma, a garantia contratual é somada à
garantia legal, compondo-se a garantia total do bem.
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem-se posicionado no sentido de que a contagem do prazo
decadencial para reclamar vício do produto tem início somente depois de expirado o prazo da garantia contratual, porque a
garantia oferecida pelo fornecedor representa um benefício extra, ou seja, a garantia contratual vem antes da legal.

PROCESSO CIVIL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR.


ALEGAÇÃO DO CONSUMIDOR DE QUE COMPROU DETERMINADO MODELO, PENSANDO
SER O MAIS LUXUOSO, E DE POSTERIOR CONSTATAÇÃO DE QUE SE TRATAVA DO MODELO
INTERMEDIÁRIO. AÇÃO PROPOSTA UM ANO APÓS A AQUISIÇÃO. DECADÊNCIA.
DESNECESSIDADE DE SE AGUARDAR O TÉRMINO DO PRAZO DE GARANTIA. ALEGADO
INADIMPLEMENTO DO DEVER DE INFORMAÇÃO, PELO VENDEDOR, QUE SE INSERE NO
ÂMBITO DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA. – O início da contagem do prazo de decadência
para a reclamação de vícios do produto (art. 26 do CDC) se dá após o encerramento da garantia contratual.
Precedentes. (...) Recurso especial conhecido e improvido. (REsp 1021261/RS, Rel. Ministra Nancy
Andrighi, Terceira Turma, julgado em 20/4/2010, DJe 6/5/2010).

RECURSO ESPECIAL. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. VEÍCULO NOVO. AQUISIÇÃO.


DEFEITOS NÃO SOLUCIONADOS DURANTE O PERÍODO DE GARANTIA. PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL DEFICIENTE. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO FABRICANTE E DO
FORNECEDOR. INCIDÊNCIA DO ART. 18 DO CDC. DECADÊNCIA. AFASTAMENTO. FLUÊNCIA
DO PRAZO A PARTIR DO TÉRMINO DA GARANTIA CONTRATUAL. (...) 2. O prazo de decadência
para a reclamação de vícios do produto (art. 26 do CDC) não corre durante o período de garantia contratual,
em cujo curso o veículo foi, desde o primeiro mês da compra, reiteradamente apresentado à concessionária
com defeitos. Precedentes. 3. Recurso especial provido para anular o acórdão recorrido. (REsp 547.794/PR,
Rel. Ministra Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado em 15/2/2011, DJe 22/2/2011).

A contagem do prazo decadencial inicia-se a partir da entrega efetiva do produto, nos termos do artigo 26, § 1º, do
Código de Defesa do Consumidor e não da emissão da nota fiscal.
A garantia contratual decorre, única e exclusivamente, da vontade/faculdade do fornecedor, razão pela qual lhe é
possível estabelecer condições, ônus e limites para o consumidor. Tais condições dependem, exclusivamente, do que tiver sido
estabelecido pelo fornecedor, portanto não há ilegalidade, tampouco abusividade, na garantia contratual que abrange apenas
algumas peças do bem, nos termos do artigo 50 do Código de Defesa do Consumidor.

QUESITOS AVALIADOS

2.1
0 – Não respondeu ou respondeu incorretamente.
1 – Respondeu corretamente, mas não justificou corretamente.
2 – Respondeu corretamente, porém justificou apenas indicando os prazos previstos na norma consumerista.
3 – Respondeu corretamente e justificou indicando os prazos previstos na norma consumerista, porém abordou apenas o aspecto
de bem durável (no caso da garantia legal), ou a liberalidade do fornecedor (no caso da garantia contratual), ou a posição do STJ
acerca do tema.
4 – Respondeu corretamente e justificou indicando os prazos previstos na norma consumerista, porém apenas abordou o aspecto
de bem durável (no caso da garantia legal) e, a liberalidade do fornecedor (no caso da garantia contratual), o início do prazo
decadencial ou apenas abordou a posição do STJ acerca do tema.
5 – Respondeu corretamente e justificou indicando os prazos previstos na norma consumerista e abordando corretamente o
aspecto de bem durável (no caso da garantia legal), o início do prazo decadencial, a liberalidade do fornecedor (no caso da
garantia contratual) e a posição do STJ acerca do tema.

2.2
0 – Não respondeu ou respondeu incorretamente.
1 – Respondeu corretamente, porém não justificou corretamente.
2 – Respondeu e justificou corretamente, porém não indicou os termos do artigo 50 do Código de Defesa do Consumidor.
3 – Respondeu e justificou corretamente, indicando os termos do artigo 50 do Código de Defesa do Consumidor.
DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO PARÁ (DPE/PA)
CARGO: DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO
PROVA PRÁTICO-DISCURSIVA P2 – QUESTÃO 4
APLICAÇÃO: 5/12/2021

PADRÃO DE RESPOSTA DEFINITIVO


2.1 Crítica ao instituto do deslocamento de competência e princípio ofendido pela federalização

Quanto às críticas levantadas no âmbito da ADIN n.º 3.486 e da ADIN n.º 3.493, o candidato pode mencionar, entre
outros aspectos, o argumento de que a possibilidade de deslocamento de competência da justiça estadual para a federal causa
prejuízos à defesa do réu, por serem poucas as cidades com varas federais, afastando-o do local onde é mais fácil produzir provas,
além de gerar discriminação contra a magistratura estadual, que parece incapaz e ineficiente para julgar esses casos.
Entre os princípios ofendidos, pode-se citar o princípio da segurança jurídica e do devido processo legal, devido ao fato
de o deslocamento do julgamento poder ser acionado em qualquer momento do inquérito pelo procurador-geral da República a
partir de um juízo meramente interpretativo (sem critérios definidos) e o julgamento de um crime pela justiça federal poder ser
solicitado até mesmo depois de eventual decisão da justiça estadual.
Outros princípios em debate, que também podem ser mencionados pelo candidato, incluem: o princípio do juiz natural,
no sentido de que se centralizam no procurador-geral da República os pedidos de deslocamento da competência e de que questões
relativas à competência estadual seguiriam para competência federal como se houvesse hierarquia entre juízes estaduais e
federais; o princípio do júri popular, a partir da possibilidade de subtrair do júri o julgamento de crimes graves contra a vida,
sejam eles de direitos humanos ou não; o princípio do pacto federativo, dada a criação de uma competência a mais para a justiça
federal que antes pertenceria à justiça estadual.

2.2 Exemplo de incidente de deslocamento de competência (IDC)

O candidato poderá apresentar qualquer um dos IDCs já julgados no âmbito do STJ, de modo que os exemplos
apresentados neste padrão não são exaustivos. Entre os exemplos de incidentes de deslocamento de competência apresentados
nesse âmbito, pode-se mencionar o pedido acerca do processo penal decorrente do assassinato da missionária Dorothy Stang,
morta em Anapu/PA em 2005 (IDC 1). O pedido de federalização foi negado pelo Tribunal Superior sob a alegação de que não
havia a comprovação de risco de descumprimento de tratados de direitos humanos por inércia, negligência ou falta de vontade
política para processamento do crime pela justiça estadual.
Outro exemplo de IDC que também pode ser mencionado pelo candidato é o caso de Manoel Mattos, apresentado ao
STJ em 2009 (IDC 2). Morto a tiros em janeiro do referido ano, o advogado e vereador denunciava grupos de extermínio com a
participação de policiais que atuavam na divisa entre Pernambuco e Paraíba. O julgamento do pedido ocorreu em outubro de
2010. No julgamento, a relatora mencionou a ocorrência de “desvio de conduta de membros do Poder Judiciário e do Ministério
Público estadual relacionado à atuação dos grupos de extermínio mencionados, bem como irregularidades na execução penal de
criminosos condenados ou em custódia cautelar, que foram flagrados circulando livremente fora dos estabelecimentos
prisionais”. Concluiu a ministra o seguinte: “[d]e fato, as circunstâncias apontam para a necessidade de ações estatais firmes e
eficientes, as quais, por muito tempo, as autoridades locais não foram capazes de adotar, até porque a zona limítrofe potencializa
as dificuldades de coordenação entre os órgãos dos dois estados”. O STJ decidiu pela federalização nesse caso, encaminhou
cópias dos autos para as corregedorias dos órgãos públicos para as providências cabíveis e recomendou ao Ministério da Justiça
a implementação de medidas protetivas para pessoas que são alvo de ameaças, especialmente aquelas indicadas pela Comissão
Interamericana de Direitos Humanos.

QUESITOS AVALIADOS

2.1
0 – Não abordou o aspecto.
1 – Mencionou somente uma crítica ou somente um princípio.
2 – Abordou uma crítica e um princípio, mas desenvolveu sua resposta de modo pouco consistente.
3 – Abordou uma crítica e um princípio, mas desenvolveu sua resposta de modo parcial.
4 – Abordou uma crítica e um princípio, desenvolvendo adequadamente sua resposta.

2.2
0 – Não abordou o aspecto.
1 – Limitou-se a apenas mencionar um exemplo de IDC, sem detalhar sua resposta.
2 – Mencionou corretamente um exemplo de IDC, mas desenvolveu sua resposta de modo parcial.
3 – Mencionou corretamente um exemplo de IDC, desenvolvendo adequadamente sua resposta.
DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO PARÁ (DPE/PA)
CARGO: DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO
PROVA PRÁTICO-DISCURSIVA P2 – QUESTÃO 5
APLICAÇÃO: 5/12/2021

PADRÃO DE RESPOSTA DEFINITIVO


De acordo com o decidido pelo STF em Repercussão Geral no RE 657.718, excepcionalmente será possível a
concessão judicial de medicamento sem o devido registro sanitário, na hipótese de demora desarrazoada da ANVISA para o
devido registro, desde que preenchidos três requisitos: (i) a existência de pedido de registro do medicamento no Brasil (salvo no
caso de medicamentos órfãos para doenças raras e ultrarraras); (ii) a existência de registro do medicamento em renomadas
agências de regulação no exterior; e (iii) a inexistência de substituto terapêutico com registro no Brasil. Nesse caso, as ações
deverão necessariamente ser propostas em face da União.
Posteriormente, no julgamento do RE 1165959, o STF definiu que, se o medicamento não possui registro na
ANVISA, mas tem a sua importação autorizada pela agência, a obrigação do Estado tem caráter excepcional e depende dos
seguintes requisitos: (i) a comprovação da incapacidade econômica do paciente; (ii) o tratamento deve ser indispensável; e (iii)
a impossibilidade de substituição por outro similar constante das listas oficiais de dispensação de medicamentos e dos protocolos
de intervenção terapêutica do SUS.
Obs.: neste padrão de resposta, a indicação do número dos precedentes tem caráter meramente informativo e não será cobrada
dos candidatos.

QUESITOS AVALIADOS

2.1
0 – Não respondeu ou respondeu incorretamente.
1 – Respondeu corretamente, porém não justificou com fundamento na jurisprudência do STF.
2 – Respondeu corretamente e justificou com fundamento na jurisprudência do STF, porém abordou somente um dos seguintes
aspectos: (i) existência de pedido de registro do medicamento no Brasil (salvo no caso de medicamentos órfãos para doenças
raras e ultrarraras); (ii) existência de registro do medicamento em renomadas agências de regulação no exterior; (iii) inexistência
de substituto terapêutico com registro no Brasil; (iv) apenas mencionou a jurisprudência do STF sem indicar ainda a legitimidade
passiva da União.
3 – Respondeu corretamente e justificou , justificando com fundamento na jurisprudência do STF, porém abordou somente dois
dos aspectos supracitados. e indicou a legitimidade passiva da União.
4 – Respondeu corretamente e justificou com fundamento na jurisprudência do STF, porém abordou somente três dos aspectos
supracitados.
5 – Respondeu corretamente e justificou com fundamento na jurisprudência do STF, porém abordou somente quatro dos aspectos
supracitados.
6 – Respondeu corretamente e justificou com fundamento na jurisprudência do STF, abordando todos os aspectos supracitados.

2.2
0 – Não respondeu ou respondeu incorretamente.
1 – Respondeu corretamente, porém não que sim, mas não indicou o caráter excepcional nem justificou com fundamento na
jurisprudência do STF.
2 – Respondeu corretamente que sim, mas apenas indicou o caráter excepcional OU apenas justificou com fundamento na
jurisprudência do STF.
2 3- Respondeu corretamente que sim e em caráter excepcional e justificou com fundamento na jurisprudência do STF.., porém
abordou somente um dos seguintes aspectos: (i) incapacidade econômica do paciente; (ii) imprescindibilidade clínica do
tratamento; (iii) impossibilidade de substituição por outro similar constante das listas oficiais de dispensação de medicamentos
e dos protocolos de intervenção terapêutica do SUS.
3 – Respondeu corretamente e justificou com fundamento na jurisprudência do STF, porém abordou somente dois dos aspectos
supracitados.
4 – Respondeu corretamente e justificou com fundamento na jurisprudência do STF, abordando todos os aspectos supracitados.
DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO PARÁ (DPE/PA)
CARGO: DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO
PROVA PRÁTICO-DISCURSIVA P2 – PEÇA TÉCNICA
APLICAÇÃO: 5/12/2021

PADRÃO DE RESPOSTA DEFINITIVO

Espera-se do candidato resposta compatível com este padrão, não se descartando outras possibilidades de respostas
que se coadunem com a apresentada a seguir. O candidato deverá elaborar recurso de apelação, que deve contemplar os tópicos
que se seguem.

2.1 Indicação da medida processual adequada ao caso e requisitos formais

A medida processual cabível à reversão da sentença que indeferiu o pedido de indenização postulado por Luísa é
o recurso de apelação.

Requisitos formais

a) Endereçamento e competência

Excelentíssimo(a) Senhor(a) Juiz(a) de Direito da Comarca X. Ao Juízo da Vara Cível da Comarca X.

b) Petição de interposição

Luísa, nos autos da ação ordinária em epígrafe, que move contra Raul e Regina, vem, no prazo legal e de acordo
com o previsto nos artigos 1.009 e 1.010 do Código de Processo Civil, interpor APELAÇÃO contra a referida sentença de fls.,
requerendo que seja o presente recurso recebido no efeito devolutivo e no efeito suspensivo, intimando-se a parte contrária para,
querendo, apresentar suas contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.
Por fim, requer a remessa dos autos para o Egrégio Tribunal de Justiça, para seu processamento e julgamento.

Nesses termos, pede deferimento.

Local, data
Defensor Público

c) Razões recursais

Deve constar vocativo, como os apresentados a seguir: Tribunal de Justiça, Turma, Seção, Câmara ou Relator.

d) Síntese dos fatos

Trata-se de ação ordinária de indenização por danos morais com pedido de pensionamento contra Raul e Regina,
considerando-se que o filho dos réus, João, adolescente, ao conduzir o veículo do casal, embriagado e em alta velocidade, perdeu
o controle do automóvel durante uma curva, colidindo com um poste, o que ocasionou a morte de Pedro, que estava de carona
no banco do passageiro.
Tais fatos foram comprovados por perícia e prova oral produzida em juízo, constatando-se, inclusive, que o uso
esporádico do veículo pelo adolescente era de conhecimento dos apelados.
Não obstante, o juiz competente julgou improcedente o pedido por não estarem configurados os requisitos
necessários para a responsabilidade civil dos pais do adolescente.
Inconformada, Luísa, mãe de Pedro, que dependia financeiramente de seu filho, apela da referida sentença,
pugnando pela reforma do julgado.

2.2 Legitimidade ativa para postular danos morais sofridos pelo de cujus

Embora a violação moral afete somente o conjunto de direitos subjetivos da vítima, o direito à respectiva
indenização transmite-se com o falecimento do titular do direito; logo, os herdeiros têm legitimidade ativa ad causam para propor
ação indenizatória por danos morais, em razão da ofensa moral suportada pelo de cujus, como é o caso da recorrente, que é a
mãe do falecido.
Tal entendimento se extrai do art. 943 do Código Civil e da Súmula n.º 642 do STJ: “O direito à indenização por
danos morais transmite-se com o falecimento do titular, possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou
prosseguir a ação indenizatória”.

Por outro lado, o STJ tem entendimento jurisprudencial pela possibilidade de os parentes da vítima, que se
encontram a essa ligados afetivamente, como pais e filhos, postularem autonomamente (como direito próprio) compensação pelo
prejuízo experimentado, conquanto sejam atingidos de forma indireta pelo ato lesivo. É o chamado dano em ricochete, que é
aquele sofrido por um terceiro em consequência de um dano inicial por outrem (vítima direta), podendo ser de natureza
patrimonial ou extrapatrimonial (STJ - REsp: 1734536 RS 2014/0315038-6, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data
de Julgamento: 06/08/2019, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 24/09/2019). Tal paradigma jurisprudencial se
amolda à hipótese dos autos.

Observa-se, portanto, que a autora, ora recorrente, era duplamente legítima para propor a demanda. Por direito
próprio (dano moral por ricochete), a teor da jurisprudência do STJ, e pela transmissão causa mortis da legitimidade para propor
a demanda indenizatória por danos morais, tal qual estabelecido pela Súmula 642 do STJ.

Obs. Ambas as fundamentações serão aceitas e pontuadas.

Além disso, os danos morais devem ser acolhidos integralmente com base no valor postulado, uma vez que levam
em conta os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade e os parâmetros da jurisprudência do STJ (STJ, REsp
710.879/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, 3.ª TURMA, DJ 19/06/2006; EDcl no REsp 959780/ ES, Rel. min. PAULO
DE TARSO SANSEVERINO, 3a Turma, DJe 06/05/2011; STJ, REsp 1415537/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO
SANSEVERINO, 3a Turma, DJe 26/11/2015; AgRg no AREsp 827783 / RJ - DJe 10/06/2016, entre outros).

2.3 Dever dos pais de indenizar danos causados por seus filhos menores

Em regra, a responsabilidade civil é individual de quem, com sua conduta ilícita, causa dano a outrem (cf. arts.
186 e 927 do Código Civil (2002)), consagrando-se o princípio da personalidade da culpa, que na doutrina é denominado
responsabilidade direta ou responsabilidade por fato próprio (cf. Sergio Cavalieri Filho. Programa de Responsabilidade Civil.
5.ª ed., São Paulo: Malheiros, 2003, p. 186).
Há situações, contudo, em que o ordenamento jurídico atribui a alguém a responsabilidade solidária por ato de
outrem, o que decorre de determinada relação jurídica entre eles (cf. arts. 932 e 933 do Código Civil (2002)). Nessas hipóteses,
configura-se a responsabilidade indireta ou responsabilidade por fato de terceiro.
É o caso dos pais que, a teor do art. 932, inc. I, do Código Civil, são responsáveis pelos atos praticados pelos filhos
menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia, de forma objetiva e solidária, porquanto sua responsabilização
age como uma garantia ou um seguro para garantir o ressarcimento das consequências danosas dos atos daqueles que lhes são
confiados, sobretudo porque, em regra, possuem melhores condições de fazê-lo.
Nesse sentido é a jurisprudência do STJ:
DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO ENVOLVENDO
MENOR. INDENIZAÇÃO AOS PAIS DO MENOR FALECIDO. ENTENDIMENTO
JURISPRUDENCIAL. REVISÃO. ART. 932, I, DO CÓDIGO CIVIL. 1. A responsabilidade dos pais por
filho menor – responsabilidade por ato ou fato de terceiro -, a partir do advento do Código Civil de 2002,
passou a embasar-se na teoria do risco para efeitos de indenização, de forma que as pessoas elencadas no
art. 932 do Código Civil respondem objetivamente, devendo-se comprovar apenas a culpa na prática do ato
ilícito daquele pelo qual são os pais responsáveis legalmente. Assim, não há que se perquirir, desse modo,
no tocante à culpa dos pais na ocorrência do evento danoso, bastando a demonstração do ato culposo
realizado pelo filho menor, como ocorreu no caso dos autos. (STJ - REsp: 1232011 SC 2011/0008175-0,
Relator: Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Data de Julgamento: 17/12/2015, T3 - TERCEIRA
TURMA, Data de Publicação: DJe 04/02/2016 RJP vol. 68 p. 160).

Assim, não há que se perquirir, desse modo, no tocante à culpa dos pais na ocorrência do evento danoso, bastando
a demonstração do ato culposo realizado pelo filho menor, como ocorreu no caso dos autos.

2.4 Responsabilidade do condutor pelo evento danoso

O transporte gratuito, assim considerado aquele de mera cortesia (carona desinteressada), não se subordina às
normas do contrato de transporte, conforme o art. 736 do Código Civil (2002). Dessa maneira, havendo acidente e dano causado
ao tomador da carona, deve ser aplicado o sistema de regras da responsabilidade aquiliana, o que significa a necessidade de
perquirir a respeito da culpa do condutor, para que seja possível lhe impor a obrigação de indenizar.
Analisando o tema, o STJ editou a Súmula n.º 145 nos seguintes termos: “no transporte desinteressado, de simples
cortesia, o transportador só será civilmente responsável por danos causados ao transportado quando incorrer em dolo ou culpa
grave”. No caso, a culpa grave ocorre quando o agente atuar com grosseira falta de cautela, com descuido injustificável ao
homem normal, impróprio ao comum dos homens.
No caso dos autos, o conjunto probatório produzido nos autos evidencia a culpa grave do menor que conduzia o
veículo, na medida em que: (i) dirigia o automóvel a 100 km/h, quando a velocidade máxima permitida no local era de 60 km/h;
(ii) ingeriu bebida alcoólica momentos antes do acidente.
Assim, devidamente comprovada a culpa grave do menor condutor do veículo no evento danoso, configura-se a
responsabilidade dos recorridos, seus pais, em indenizar os danos ocasionados ao filho da apelante, conforme jurisprudência
assente do STJ (REsp: 1637884 SC 2013/0286689-4, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 20/02/2018,
T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 23/02/2018).

2.5 Cumulação da pensão por ato ilícito com a pensão por morte previdenciária

É possível a cumulação do benefício previdenciário de pensão por morte com pensão civil ex delicto. O benefício
previdenciário é diverso e independente da indenização por danos materiais ou morais, porquanto ambos têm origens distintas:
este, pelo direito comum; aquele, assegurado pela previdência. A indenização por ato ilícito é autônoma em relação a qualquer
benefício previdenciário que a vítima receba, conforme a jurisprudência do STJ (REsp: 776338 SC 2005/0139890-4, Relator:
Ministro RAUL ARAÚJO, Data de Julgamento: 06/05/2014, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 06/06/2014).
No caso concreto, a pensão decorrente da morte do filho deve ser estimada em 2/3 do salário mínimo até os 25 anos
de idade da vítima e, após, reduzida para 1/3, haja vista a presunção de que o empregado constituiria seu próprio núcleo familiar,
até a data correspondente à expectativa de vida da vítima, segundo tabela do IBGE na data do óbito ou até o falecimento da
beneficiária, o que ocorrer primeiro (STJ - REsp: 1346320 SP 2012/0204252-7, Relator: Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, Data de Julgamento: 16/08/2016, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 05/09/2016).

2.6 Pedido e fechamento (local, data e assinatura)

Diante do exposto, a apelante requer o recebimento da presente apelação e, no mérito, a reforma da decisão apelada.

Nesses termos, pede deferimento.

Local, data
Defensor Público

QUESITOS AVALIADOS

2.1
0 – Errou a peça processual e(ou) não apresentou nenhum dos seguintes requisitos formais: endereçamento, petição de
interposição, razões recursais e síntese dos fatos.
1 – Acertou a peça processual, mas apresentou apenas um dos requisitos formais.
2 – Acertou a peça processual, mas apresentou apenas dois dos requisitos formais.
3 – Acertou a peça processual, mas apresentou apenas três dos requisitos formais.
4 – Acertou a peça processual e apresentou os quatro requisitos formais.

2.2
0 – Não abordou a legitimidade ativa da apelante para postular danos morais sofridos pelo de cujus
1 – Abordou a legitimidade ativa da apelante para postular danos morais sofridos pelo de cujus, e indicou apenas o fundamento
legal ou apenas o entendimento constante na Súmula n.º 642 do STJ. ou na jurisprudência do STJ (dano moral em ricochete).
2 – Abordou a legitimidade ativa da apelante para postular danos morais sofridos pelo de cujus, apontou o fundamento legal e o
entendimento constante na Súmula n.º 642 do STJ ou na jurisprudência do STJ (dano moral em ricochete), mas não apresentou
justificativa do valor dos danos morais com base nos parâmetros jurisprudenciais do STJ.
3 – Abordou a legitimidade ativa da apelante para postular danos morais sofridos pelo de cujus, apontou o fundamento legal e o
entendimento constante na Súmula n.º 642 do STJ ou na jurisprudência do STJ (dano moral em ricochete), bem como apresentou
justificativa do valor dos danos morais com base nos parâmetros jurisprudenciais do STJ.

2.3
0 – Não abordou o quesito ou indicou a inexistência do dever de indenizar dos pais.
1 – Indicou a existência de responsabilidade dos pais de indenizar danos causados por seus filhos menores de forma objetiva,
apontando apenas o fundamento legal (art. 932, inc. I, e art. 933 do Código Civil) ou apenas o entendimento dos tribunais
superiores sobre o tema.
2 – Indicou a existência de responsabilidade dos pais de indenizar danos causados por seus filhos menores de forma objetiva e
apontou o fundamento legal (art. 932, inc. I, e art. 933 do Código Civil) e o entendimento dos tribunais superiores sobre o tema,
mas não tratou da responsabilidade solidária.
3 – Indicou a existência de responsabilidade dos pais de indenizar danos causados por seus filhos menores de forma objetiva e
solidária e apontou o fundamento legal (art. 932, inc. I, e art. 933 do Código Civil), bem como o entendimento dos tribunais
superiores sobre o tema.

2.4
0 – Não abordou o quesito ou indicou a ausência de culpa grave pelo adolescente.
1 – Indicou que a conduta do adolescente constitui culpa grave, apontando apenas o fundamento legal (art. 736 do Código Civil)
ou apenas o entendimento constante em súmula do STJ sobre o tema.
2 – Indicou que a conduta do adolescente constitui culpa grave, apontando o fundamento legal (art. 736 do Código Civil) e o
entendimento constante em súmula do STJ sobre o tema.

2.5
0 – Não abordou nenhum aspecto ou indicou a impossibilidade de acúmulo da pensão por ato ilícito com a pensão por morte
previdenciária.
1 – Indicou a possibilidade de acúmulo da pensão por ato ilícito com a pensão por morte previdenciária, mas não mencionou o
entendimento dos tribunais superiores sobre o tema nem abordou as regras de pensionamento conforme a jurisprudência do STJ.
2 – Indicou a possibilidade de acúmulo da pensão por ato ilícito com a pensão por morte previdenciária e mencionou o
entendimento dos tribunais superiores sobre o tema, mas não abordou as regras de pensionamento conforme a jurisprudência do
STJ.
3 – Indicou a possibilidade de acúmulo da pensão por ato ilícito com a pensão por morte previdenciária, mencionou o
entendimento dos tribunais superiores sobre o tema e abordou as regras de pensionamento conforme a jurisprudência do STJ.

2.6
0 – Não realizou o pedido de reforma da sentença.
1 – Realizou o pedido de reforma da sentença, mas não apresentou fechamento da peça (local, data e assinatura).
2 – Realizou o pedido de reforma da sentença com fechamento da peça (local, data e assinatura).

Você também pode gostar