EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RESP Nº 1805317 - AM (2019/0083053-0)
RELATOR : MINISTRO JORGE MUSSI
EMBARGANTE : SUPER TERMINAIS COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA ADVOGADOS : ROBINSON VIEIRA - SP098385 NICOLAU ABRAHÃO HADDAD NETO E OUTRO(S) - SP180747 FERNANDO CESAR DE SOUZA CUNHA E OUTRO(S) - DF031546 ERIC DINIZ CASIMIRO - DF063071 EMBARGADO : MUNICÍPIO DE MANAUS PROCURADORES : JOSÉ LUIZ FRANCO DE MOURA MATTOS JÚNIOR - AM005517 RODRIGO MONTEIRO CUSTÓDIO - AM006452 JANARY YOSHIZO KATO YOKOKURA - AM006324 DENIEL RODRIGO BENEVIDES DE QUEIROZ - AM007391
DECISÃO
Trata-se de embargos de divergência interpostos por SUPER TERMINAIS
COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA contra acórdãos da Primeira Turma, relatados pelo eminente Ministro Gurgel de Faria, ementados nos seguintes termos:
TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE
QUALQUER NATUREZA – ISSQN. ARMAZENAGEM EM TERMINAL PORTUÁRIO ALFANDEGADO. INCIDÊNCIA. 1. "O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (...) tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador" (art. 1º da LC n. 116/2003). 2. O subitem 20.01 da referida lista elenca expressamente a prestação de serviços portuários, especificando, entre eles, os de armazenagem de qualquer natureza. 3. Para o adequado desempenho da atividade de armazenamento em instalação portuária alfandegada, a empresa autorizada para explorar o terminal portuário (art. 4º, § 2º, II, "b", da Lei n. 8.630/1993 e Portaria RFB n. 3.518/2011) deve organizar as cargas recebidas em razão de sua natureza, conservar o seu estado em conformidade com os cuidados que elas exigem e guardar as mesmas sob sua vigilância, controlando por meio de monitoramento obrigatório o acesso de pessoas à área destinada para essa finalidade, sendo certo que todas essas ações encerram o cumprimento de obrigações de fazer, estando, assim, bem caracterizada a prestação de serviço tributável pelo imposto municipal. 4. Essa espécie de armazenamento não se confunde com instituto da locação, poia não há transferência da posse direta da área alfandegada ao importador/exportador, para que esse a utilize por sua conta e risco, sendo certo que a área alfandegada segregada para fins de armazenamento
Edição nº 0 - Brasília, Publicação: quarta-feira, 15 de setembro de 2021
Documento eletrônico VDA30131321 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006 Signatário(a): MINISTRO Vice-Presidente do STJ Assinado em: 14/09/2021 16:54:14 Publicação no DJe/STJ nº 3231 de 15/09/2021. Código de Controle do Documento: aae389c1-c670-4b03-8712-67289b93f00c é de acesso restrito, o que impede a cessão de seu espaço físico, competindo exclusivamente ao terminal portuário o manejo dos contêineres recebidos. 5. A distinção entre esses negócios jurídicos também se dá no campo da responsabilidade civil: na locação de espaço físico, ainda que cedido com instalações próprias para o uso almejado, eventuais danos em razão do exercício da posse direta devem ser suportados pelo próprio locatário que lhe deu causa; já no armazenamento em questão, salvo os casos de força maior, caberá à empresa que explora o terminal portuário o dever de indenizar os prejuízos causados aos proprietários por falha na prestação do serviço de armazenagem. 6. Hipótese em que o acórdão recorrido deve ser reformado, porquanto afastou a incidência do ISS mediante indevida equiparação dessa atividade de armazenamento com a locação de bem móvel (cessão de espaço físico). 7. Recurso especial provido (e-STJ fls. 1.216-1.217).
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
PRESSUPOSTOS. INEXISTÊNCIA. 1. Os embargos de declaração têm por escopo sanar decisão judicial eivada de obscuridade, contradição, omissão ou erro material (art. 1.022-CPC/2015). 2. Hipótese em que a fundamentação consignada no acórdão embargado foi suficientemente clara ao reconhecer que a atividade de armazenagem realizada por empresa que explora terminal portuário alfandegado não se confunde com a mera locação de espaço físico, visto que pressupõe o cumprimento de obrigações de fazer e, por isso, está sujeita à tributação pelo Imposto sobre Serviços (ISS), correspondente ao item 20.01 da lista anexa à LC n. 116/2003. 3. Embargos de declaração rejeitados. Prejudicado o pedido de atribuição de efeito suspensivo (e-STJ fl. 1.269).
PROCESSUAL CIVIL. SEGUNDOS EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO. VÍCIOS DE INTEGRAÇÃO. INEXISTÊNCIA. CARÁTERPROTELATÓRIO. RECONHECIMENTO. 1. Os embargos de declaração, nos termos do art. 1.022 do CPC/2015, têm ensejo quando há obscuridade, contradição, omissão ou erro material no julgado, vícios inexistentes na espécie. 2. A oposição de novos embargos de declaração para o fim de obter a manifestação sobre questões já suficientemente esclarecidas nos julgados anteriores configura expediente manifestamente protelatório, a ensejar a aplicação da multa prevista no art. 1.026, § 2º, do CPC/2015. 3. Hipótese em que o acórdão embargado foi claro ao reconhecer o prequestionamento implícito dos dispositivos de lei federal invocados no recurso especial, a natureza infraconstitucional da controvérsia nele suscitada e a incidência do ISS sobre a atividade de armazenamento realizada por empresa autorizada a explorar terminal portuário alfandegado. 4. A suposta existência da chamada contradição externa com outros julgados não configura vício de integração a macular a validade do acórdão impugnado.
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Documento eletrônico VDA30131321 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006 Signatário(a): MINISTRO Vice-Presidente do STJ Assinado em: 14/09/2021 16:54:14 Publicação no DJe/STJ nº 3231 de 15/09/2021. Código de Controle do Documento: aae389c1-c670-4b03-8712-67289b93f00c 5. Embargos de declaração rejeitados, com aplicação de multa (e-STJ fl. 1.325).
Defende a parte embargante a ocorrência de dissenso pretoriano quanto às
seguintes teses: a) inaptidão do recurso especial para desconstituir fundamento constitucional adotado no acórdão recorrido; b) exigibilidade do ISSQN sobre atividade de mera armazenagem e; c) reconhecimento do "prequestionamento ficto sem a necessidade de o recurso especial invocar a violação ao art. 1.022 do CPC" (e-STJ fl. 1.342). Para tanto, apresenta como paradigmas os acórdãos proferidos pela Segunda Turma, no julgamento do REsp n. 1.821.347/AM e do REsp n. 1.764.914/SP; e pela Terceira Turma, no REsp n. 1.639.314/MG. É o relato do necessário. A princípio está caracterizado o dissídio jurisprudencial entre os órgãos julgadores do Superior Tribunal de Justiça, cabendo a admissão destes embargos de divergência. Dê-se vista dos autos à parte embargada para, querendo, apresentar impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, nos termos do art. 267 do Regimento Interno desta Corte Superior. Após, encaminhe-se o feito ao Ministério Público Federal, pelo prazo de 20 (vinte) dias, conforme o art. 266-D, do RI/STJ. Publique-se. Intimem-se. Brasília, 14 de setembro de 2021.
MINISTRO JORGE MUSSI
Vice-Presidente
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Documento eletrônico VDA30131321 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006 Signatário(a): MINISTRO Vice-Presidente do STJ Assinado em: 14/09/2021 16:54:14 Publicação no DJe/STJ nº 3231 de 15/09/2021. Código de Controle do Documento: aae389c1-c670-4b03-8712-67289b93f00c