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Cosit

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Coordenação-Geral de Tributação

Solução de Divergência nº 25 - Cosit


Data 17 de outubro de 2013
Processo
Interessado
CNPJ/CPF

ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS


CESSÃO DE MÃO DE OBRA. OBRAS DE FUNDAÇÕES (CNAE
4391-6/00). NÃO SUJEIÇÃO AO INSTITUTO DA RETENÇÃO DE
11% (ONZE POR CENTO).
As atividades de engenharia civil classificadas como prestação de serviços
de sondagens de solo e de fundações especiais, assim como as obras de
fundações (compreendida a execução de obra de fundações diversas para
edifícios e outras obras de engenharia civil, inclusive a cravação de
estacas) não estão sujeitas à retenção das contribuições previdenciárias na
forma do art. 31 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, conforme
disposição do Anexo VII, combinado com o art. 142, III, e art. 143, XVI,
da IN RFB nº 971, de 2009.
Dispositivos Legais: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, art. 31; Decreto
nº 3.048, de 6 de maio de 1999, art. 219, §2º, III, e §3º; Instrução
Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, arts. 142, 143, 160 e
Anexo VII.

Relatório

Trata-se de Representação de Divergência apresentada pelo Auditor-Fiscal da


Receita Federal do Brasil (AFRFB) xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, na qual informa a existência de
divergência entre as Soluções de Consultas nº 159/2012, da 9ª Região Fiscal, e nº 137/2010, da
6ª Região Fiscal.

2. Segundo o autor há divergência entre as conclusões das Soluções citadas em


relação à retenção de 11% (onze por cento) prevista no art. 31 da Lei nº 8.212, de 1991, para
obras de fundações que não se enquadram na categoria de especiais. Enquanto na 9ª Região
Fiscal prevalece o entendimento de que a execução de fundações para obras de engenharia civil

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(não classificadas como especiais) está sujeita à retenção previdenciária de 11% (onze por
cento) prevista no art. 31 da Lei nº 8.212, de 1991, na 6ª Região Fiscal o entendimento é o de
que as atividades de fundações diversas para edifícios não estão sujeitas à retenção
previdenciária, conforme ementas transcritas abaixo:
Solução de Consulta SRRF09/Disit nº 159, de 2 de agosto de 2012

RETENÇÃO. OBRAS DE FUNDAÇÕES. ENGENHARIA CIVIL.

A execução de fundações para obras de engenharia civil estão sujeitas à retenção


previdenciária de 11% (onze por cento) prevista no art.31 da Lei nº 8.212, de
1991, exceto quando estas fundações forem classificadas pela Engenharia Civil
como especiais.

Solução de Consulta SRRF06Disit nº 137, de 26 de novembro de 2010

RETENÇÃO. CESSÃO DE MÃO DE OBRA. SONDAGENS DE SOLO.


FUNDAÇÕES.

As atividades de engenharia civil de sondagens de solo, fundações especiais e


fundações diversas para edifícios, inclusive cravação de estacas, não estão
sujeitas ao instituto da retenção imposto para a prestação de serviços mediante
cessão de mão de obra.

Fundamentos

3. A retenção de contribuições previdenciárias pela empresa contratante de


serviços executados mediante cessão de mão de obra está prevista no art. 31 da Lei nº 8.212, de
24 de julho de 1991, com alteração introduzida pela Lei nº 9.711, de 20 de novembro de 1998.
Dispõe a lei que a retenção será efetuada no percentual de 11% (onze por cento) sobre o valor
bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, este valor deverá estar destacado no
corpo do documento fiscal e será recolhido pela empresa contratante no nome da empresa
contratada (art. 31, caput e §1º). A lei prevê expressamente alguns serviços que estão sujeitos à
sistemática da retenção, enquanto os demais estão previstos no regulamento, conforme
disposição legal (art. 31, §4º):
Art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão de
obra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento)
do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher, em nome da
empresa cedente da mão de obra, a importância retida até o dia 20 (vinte) do mês
subsequente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, ou até o dia útil
imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia, observado o
disposto no § 5o do art. 33 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.933, de 2009).
(Produção de efeitos).
§ 1º O valor retido de que trata o caput, que deverá ser destacado na nota fiscal ou
fatura de prestação de serviços, será compensado pelo respectivo estabelecimento da
empresa cedente da mão-de-obra, quando do recolhimento das contribuições

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destinadas à Seguridade Social devidas sobre a folha de pagamento dos segurados a


seu serviço. (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998).
...
§ 4o Enquadram-se na situação prevista no parágrafo anterior, além de outros
estabelecidos em regulamento, os seguintes serviços: (Redação dada pela Lei nº 9.711,
de 1998).
I - limpeza, conservação e zeladoria; (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998).
II - vigilância e segurança; (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998).
III - empreitada de mão-de-obra; (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998).
IV - contratação de trabalho temporário na forma da Lei no 6.019, de 3 de janeiro de
1974. (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998).

4. O Decreto nº 3.048, de 06 de maio de 1999, que aprova o Regulamento da


Previdência Social, estabeleceu que os serviços de construção civil realizados mediante cessão
de mão de obra e empreitada estão sujeitos à retenção previdenciária de 11% (onze por cento)
(art. 219, §2º, III, e §3º):
Art.219. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão ou empreitada
de mão-de-obra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter onze por
cento do valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços e recolher
a importância retida em nome da empresa contratada, observado o disposto no § 5º do
art. 216. (Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de 9/06/2003)
...
2º Enquadram-se na situação prevista no caput os seguintes serviços realizados
mediante cessão de mão-de-obra:
...
III - construção civil;
...
§ 3º Os serviços relacionados nos incisos I a V também estão sujeitos à retenção de que
trata o caput quando contratados mediante empreitada de mão-de-obra.

5. Por sua vez, a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009,


disciplina, em seus arts. 142 e 143, a retenção na construção civil:

Art. 142. Na construção civil, sujeita-se à retenção de que trata o art. 112, observado o
disposto no art. 145:

I - a prestação de serviços mediante contrato de empreitada parcial, conforme definição


contida na alínea "b" do inciso XXVII do art. 322;

II - a prestação de serviços mediante contrato de subempreitada, conforme definição


contida no inciso XXVIII do art. 322;

III - a prestação de serviços tais como os discriminados no Anexo VII; e

IV - a reforma de pequeno valor, conforme definida no inciso V do art. 322.

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Art. 143. Não se sujeita à retenção, a prestação de serviços de:

...

XVI - fundações especiais. (grifos nossos)

5.1. No mesmo sentido, assim disciplina o art. 160 do referido ato normativo:

Art. 160. Excluem-se da responsabilidade solidária, sujeitando-se à retenção prevista


no art. 112 e, conforme o caso, no art. 145:

I - as demais formas de contratação de empreitada de obra de construção civil não-


enquadradas no inciso I do art. 154, observado o disposto no inciso IV do § 2º do art.
151;

II - os serviços de construção civil tais como os discriminados no Anexo VII,


observado o disposto no art. 143 e no inciso III do § 2º do art. 151.

5.2. Destaque-se que, em regra, a prestação de serviços na construção civil está


sujeita à retenção. Entretanto o art. 143 expressamente exclui da incidência da retenção
previdenciária diversos serviços, dentre eles os de fundações especiais. Portanto, sobre esses
serviços resta claro não haver retenção, inexistindo divergência entre os posicionamentos
apontados nas Soluções de Consulta apresentadas.

5.3. Com relação ao art. 142, III, e o art. 160, II, da IN RFB nº 971, de 2009, que
determinam que os “serviços” previstos no Anexo VII da IN, estão sujeitos à retenção, convém
lembrar que este Anexo trata de discriminar as obras e os serviços de construção civil, em
conformidade com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE).

5.4. Assim, para fins de determinar se há ou não retenção deverá ser verificada se a
atividade classifica-se como obra ou como serviço. Classificando-se como obra, haverá a
retenção caso a contratação seja na forma de empreitada parcial ou subempreitada;
classificando-se como serviço haverá a retenção.

5.5. No caso das atividades de fundações diversas para edifícios, elas estão
classificadas no Anexo VII como OBRAS, na subclasse 4391-6/00 (OBRAS DE
FUNDAÇÕES):

ANEXO VII
DISCRIMINAÇÃO DE OBRAS E SERVIÇOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL

...

43.91-6 OBRAS DE FUNDAÇÕES

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4391-6/00 OBRAS DE FUNDAÇÕES

Esta Subclasse compreende:

- a execução de fundações diversas para edifícios e outras obras de engenharia civil,


inclusive a cravação de estacas (OBRA);

- a execução de reforço de fundações para edifícios e outras obras de engenharia civil


(OBRA);

- o aluguel, com operador, de equipamentos para execução de fundações (SERVIÇO).

5.6. Além disso, o art. 143, XVI, dispõe que os serviços de fundações especiais não
se sujeitam à retenção previdenciária de 11% (onze por cento) prevista no art. 31 da Lei nº
8.212, de 1991, o que permite concluir que não haverá retenção no caso de contratação de
serviços de fundações.

Conclusão

6. Conclui-se que não estão sujeitas à retenção previdenciária prevista no art. 31 da


Lei nº 8.212, de 1991, as atividades de execução de fundações diversas para edifícios e outras obras
de engenharia civil, inclusive a cravação de estacas, por serem classificadas como obras, e não
como serviços, nos termos do Anexo VII, combinado com o art. 142, III, e art. 143, XVI, da IN
RFB nº 971, de 2009.

6.1. Propõe-se a reforma da Solução de Consulta nº 159, de 2 de agosto de 2012, da


Divisão de Tributação da Superintendência Regional da Receita Federal na 9ª Região Fiscal, a
fim de adequá-la às conclusões acima.

6.2. Retifique-se a Solução de Divergência nº 14, de 12 de setembro de 2012.

À consideração superior.

(ASSINADO DIGITALMENTE)
ANDRÉA BROSE ADOLFO
Auditora-Fiscal da Receita Federal do Brasil (RFB)

De acordo. Encaminhe-se à Coordenadora da Copen.

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(ASSINADO DIGITALMENTE)
CARMEM DA SILVA ARAÚJO
Auditora-Fiscal da RFB – Chefe da Ditri

De acordo. Encaminhe-se ao Coordenador-Geral de Tributação.

(ASSINADO DIGITALMENTE)
MIRZA MENDES REIS
Auditora-Fiscal da RFB - Coordenadora da Copen

Ordem de Intimação

1. Aprovo esta Solução de Divergência.

2. Fica reformada a Solução de Consulta nº 159, de 2 de agosto de 2012, da


Divisão de Tributação da Superintendência Regional da Receita Federal na 9ª Região Fiscal

3. Encaminhe-se à Disit da SRRF09 para cientificar o recorrente desta Solução


de Divergência e o consulente da reforma da Solução de Consulta nº 159, de 2012.

4. Substitua-se a Solução de Divergência nº 14, de 12 de setembro de 2012, por


esta Solução de Divergência na Internet.

5. Publique-se esta Solução de Divergência no Diário Oficial da União.

(ASSINADO DIGITALMENTE)
FERNANDO MOMBELLI
Auditor-Fiscal da RFB - Coordenador-Geral de Tributação

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