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Pede deferimento.
Salvador, 26 de abril de 2018.
Na forma das razões recursais que se seguem restará demonstrado o atendimento dos
pressupostos de admissibilidade deste especial, nos moldes preconizados pelo art. 105,
III, alínea “a”, da Constituição da República.
I – DA SÍNTESE DA DEMANDA
Foram três os fundamentos elencados pelo Douto Acórdão recorrido para declarar nulo
o Auto de Infração 00141, mantendo a sentença em sua integralidade:
Diante disso, interpõe a Municipalidade, nesta oportunidade, Recurso Especial, que tem
seu fundamento na ofensa a dispositivos de lei federal perpetrada pelo E. Tribunal de
Justiça da Bahia (alínea “a”, inc. III, do art. 105 da Constituição da República), como se
segue.
Com relação ao cabimento deste Recurso Especial, a Constituição Federal assim dispõe:
11. O presente recurso especial tem por fundamento a violação aos seguintes
dispositivos de lei federal:
(ii) CTN, art. 3º, art. 142, par. ún., art. 108, II e art. 111, I; – A
interpretação dada pelo colegiado à cláusula 3, II, do convênio
firmado viola o art. 3º e o art. 142, par. único, do CTN, que
estabelecem a atividade de cobrança tributária como vinculada,
o art. 108, II, do CTN, que exige respeito aos princípios de
direito tributário, e o art. 111, I, também do CTN, que impõe, em
casos tais, o uso da interpretação literal do texto normativo (no
caso, a norma convencional celebrada entre as partes).
(iii) CTN, art. 204, par. ún.; LEF, art. 3º, par. Ún – ônus da prova
incumbe à embargada, por lei e por convênio. Incorreta imputação do
ônus, como regra de julgamento.
O Eg. TJBA externalizou seu entendimento acerca dos três fundamentos expostos
acima, para fins de pré-questionamento, senão vejamos.
O Douto Juízo a quo entende, com relação ao primeiro fundamento (violação ao art. 392
do CPC), pela possibilidade de confissão de direito indisponível (fls. 46):
Quanto ao segundo fundamento, vejamos o enfrentamento da tese pelo Eg. TJBA (fls.
47)
Como a ação trata de crédito tributário, não há que se falar em confissão. Revela-se,
assim, a violação ao art. 392 do CPC/15.
A cláusula trata de situação em que tenha havido mais prestação de serviço do que
crédito compensado, ou seja, de situação em que o crédito da PROSIN pela prestação do
serviço (receita de serviço) é maior que o crédito tributário compensado.
A “ausência de correspondência” tanto pode significar Receita de Serviço > ISS como
Receita de Serviço < ISS. É preciso seguir na leitura para entender de qual circunstância
a cláusula trata.
Observe que esse inciso II se liga ao que diz o inciso I da mesma cláusula, que impõe à
embargada o ônus de comprovar o total da receita bruta da prestação de serviços no ano
anterior; a compensação só ocorre depois dessa constatação. Vejamos:
A cláusula não regula a situação em que houvesse saldo credor para o Município
(crédito tributário maior que débito com serviços prestados), mas sim a situação em
que houvesse saldo devedor para o Município (crédito tributário menor que débito
com serviços prestados).
Observa-se, Doutos Julgadores, que a interpretação dada pelo colegiado à cláusula 3, II,
do convênio firmado viola o art. 3º e o art. 142, par. único, do CTN, que estabelecem a
atividade de cobrança tributária como vinculada, o art. 108, II, do CTN, que exige
respeito aos princípios de direito tributário, e o art. 111, I, também do CTN, que impõe,
em casos tais, o uso da interpretação literal do texto normativo (no caso, a norma
convencional celebrada entre as partes).
Por fim, o r.acórdão afirma que o Auto de Infração n. 141/89 não teria pontuado os
atendimentos prestados, razão por que o Município não teria “demonstrado a existência
de saldo não utilizado” (fl. 47).
Sucede que, por lei e pelo convênio, esse ônus da prova era da embargada, não do
Município.
Nos termos do art. 3º, caput e parágrafo único, da LEF, e do art. 204, caput e parágrafo
único, do CTN, há uma presunção de certeza e liquidez do crédito público regularmente
inscrito (CTN, art. 204; LEF, art. 3º). O ônus de prová-lo insubsistente é do contribuinte
(CPC, art. 204, par. ún.; LEF, art. 3º, par. ún.) – não o contrário.
Portanto, quem tinha o ônus (legal e convencional) de provar o quê e quanto foi
compensado era a embargada, não o Município. Cabia a ela “comprovar, anualmente, no
prazo de 90 dias de cada ano, o total da receita bruta no exercício anterior, deduzidas as
parcelas incluídas no convênio” (cláusula 2, II, “e”, fl. 6).
V - REFORMA DO ACÓRDÃO
Por tudo o quanto exposto, requer seja conhecido o presente recurso especial e que lhe
seja dado provimento, para que seja anulado o v. acórdão do Tribunal a quo, pelas
razões expostas acima.