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º EXAME DE ORDEM/2008
PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL
Direito do Tributário
QUESTÃO 1
Espera-se que o(a) examinando(a) afirme que a União não deve cobrar o ITR em razão da incidência da
imunidade tributária prevista no art. 153, § 4.º, da Constituição. “Art. 2.º Nos termos do art. 153, § 4.º, in fine, da
Constituição, o imposto não incide sobre pequenas glebas rurais, quando as explore, só ou com sua família, o
proprietário que não possua outro imóvel. Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, pequenas glebas rurais
são os imóveis com área igual ou inferior a : I 100 ha, se localizado em município compreendido na Amazônia
Ocidental ou no Pantanal mato-grossense e sul-mato-grossense; II 50 ha, se localizado em município
compreendido no Polígono das Secas ou na Amazônia Oriental; III 30 ha, se localizado em qualquer outro
município”(Lei n. 9393/96). Imunidade – técnica legislativa constitucional que qualifica situações que não podem
ser atingidas por alguns ou por qualquer tipo de tributo, em vista de especificações eleitas pelo constituinte como
de proteção objetiva ou subjetiva do alcance de normas tributárias, com objetivo de deixá-las fora do campo em
que se autoriza a instituição de tributos.
Isenção – trata-se de caso de desoneração tributária prevista em lei.
Não incidência tributária – situação em que a regra jurídica de tributação não incide porque não se realiza
a sua hipótese de incidência, ou, em outras palavras, não se configura o seu suporte fático – MACHADO, Hugo
de Brito. Curso de direito tributário. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 242.
QUESTÃO 2
Espera-se que o(a) examinando(a) afirme que se trata do instituto da denúncia espontânea, previsto no
art. 138 do CTN, que apenas exclui a incidência de multa: “Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia
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espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou
do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de
apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer
procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração”. Segundo Leandro
Paulsen ( Direito tributário. Constituição e código tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 10.ª Ed.
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008, p. 962 e 965), “O objetivo da norma é estimular o contribuinte infrator
a colocar-se em situação de regularidade, resgatando as pendências deixadas e ainda desconhecidas por parte
do Fisco, com o que este recebe o que lhe deveria ter sido pago e cuja satisfação, não fosse a iniciativa do
contribuinte, talvez jamais ocorresse (...) Correção monetária e juros moratórios. A correção monetária integra o
valor do tributo devido. O pagamento dos juros moratórios, por sua vez, está previsto no próprio caput do art.
138 como requisito para a exclusão da responsabilidade pelas infrações. Não são, pois, afastados pela denúncia
espontânea”.
QUESTÃO 3
Espera-se que o(a) examinando(a) afirme que a taxa de fiscalização do ar é inconstitucional, por afronta
ao princípio da irretroatividade tributária (Art. 150 da , CF: “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] III cobrar tributos: a) em
relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;”). A
taxa de fiscalização do ar é taxa de polícia (Art. 77 do CTN: “As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo
Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o
exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e
divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Parágrafo único. A taxa não pode ter base de
cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das
empresas”) e somente o efetivo poder de polícia enseja taxa de polícia (“Interpretando essa norma, assim como
as que a precederam, seja na Constituição anterior, seja no Código Tributário Nacional, a jurisprudência do STF
firmou-se no sentido de que só o exercício efetivo, por órgão administrativo, do poder de polícia, na primeira
hipótese, ou a prestação de serviços, efetiva ou potencial, pelo Poder Público, ao contribuinte, na segunda
hipótese, é que legitimam a cobrança de taxas, como a de que se trata neste Recurso: taxa de localização e
funcionamento” – RREE 140.278). Por fim, a taxa não pode ser calculada em função do capital das empresas
(Parágrafo único do art. 77 do CTN, in fine).
QUESTÃO 4
Espera-se que o(a) examinando(a) responda com base no § 4.º do art. 3.º da Lei Complementar n.o123,
de 14 de dezembro de 2006, ou seja, que conclua que Ronaldo poderá ser sócio de Alfa, desde que a receita
bruta anual de Alfa seja inferior a R$ 1.900.000,00, no caso de Alfa ser beneficiária do regime do “simples
nacional” ou, não sendo beneficiária deste regime, que Ronaldo adquira menos de 10% do capital de Alfa.
o
Art. 3.º da Lei Complementar n. 123/2006.
Art. 3.º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno
porte a sociedade empresária, a sociedade simples e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei n.º 10.406,
QUESTÃO 5
Espera-se que o(a) examinando(a) responda com base nos artigos 186, 187 e 188 do Código Tributário
Nacional, deixando claro que a cobrança dos créditos tributários será efetivada por intermédio de ação
específica, sem a necessidade de habilitação na falência. Em relação ao segundo questionamento, o candidato
deverá discorrer que o pagamento será feito com preferência dos créditos tributários da União sobre os demais,
e em relação aos créditos de titularidade do estado e município de São Paulo, conjuntamente e pro rata, ou seja,
o saldo remanescente será distribuído entre tais entes, em conjunto e partes iguais. No tocante aos créditos
extraconcursais, estes preferem sobre os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos antes do
decreto falimentar.
Art. 186. O crédito tributário prefere a qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o tempo de sua
constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou do acidente de trabalho (Redação
dada pela Lcp n.º 118, de 2005).
Parágrafo único. Na falência: (Incluído pela Lcp n.º 118, de 2005)
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I o crédito tributário não prefere aos créditos extraconcursais ou às importâncias passíveis de restituição,
nos termos da lei falimentar, nem aos créditos com garantia real, no limite do valor do bem gravado; (Incluído
pela Lcp n.º 118, de 2005)
II a lei poderá estabelecer limites e condições para a preferência dos créditos decorrentes da legislação
do trabalho; e (Incluído pela Lcp n.º 118, de 2005)
III a multa tributária prefere apenas aos créditos subordinados. (Incluído pela Lcp n.º 118, de 2005)
Art. 187. A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em
falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento. (Redação dada pela Lcp n.º 118, de 2005)
Parágrafo único. O concurso de preferência somente se verifica entre pessoas jurídicas de direito público,
na seguinte ordem:
I União;
II Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró rata;
III Municípios, conjuntamente e pró rata.
Art. 188. São extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos no curso do
processo de falência. (Redação dada pela Lcp n.º 118, de 2005).