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Estado do Rio de Janeiro Poder Judiciário

Tribunal de Justiça
Regional de Santa Cruz 214
Cartório da 2ª Vara Criminal
Praça Olavo Bilac, s/n CEP: 23570-220 - Santa Cruz - Rio de Janeiro - RJ Tel.: 3626-8608/8618 e-mail:
scr02vcri@tjrj.jus.br

Fls.
Processo: 0297284-50.2022.8.19.0001
Processo Eletrônico
Réu preso

Classe/Assunto: Ação Penal - Procedimento Ordinário - Roubo Majorado (Art. 157, § 2º - CP);
Extorsão (Art. 158 - CP); Concurso Material (Art. 69 - Cp)

Autor: MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


Acusado: LUCIMARA RODRIGUES SACHI
Acusado: RODRIGO LUIZ ROMANO DOS SANTOS
Flagrante 036-09654/2022 18/11/2022 36ª Delegacia Policial

___________________________________________________________

Nesta data, faço os autos conclusos ao MM. Dr. Juiz


Eduardo Marques Hablitschek

Em 06/02/2023

Decisão
A Defesa Técnica da ré LUCIMARA RODRIGUES SACHI, pugnou pela REVOGAÇÃO DA PRISÃO
PREVENTIVA alegando, em síntese, que possui filho com 05 anos de idade (id.193)

O Ministério Público manifestou-se contrariamente ao pleito defensivo (id.208)

No caso em comento a ré foi presa em flagrante, junto com o correu: "No dia 18 de novembro de
2022, por volta de 0h10min, na Estrada Aterrado do Leme, bairro Santa Cruz, comarca da Capital,
os denunciados, de forma livre e consciente, em comunhão de ações e desígnios entre si,
subtraíram, para si ou para outrem, mediante grave ameaça exercida com emprego de arma
branca, consistente em uma faca, o veículo automotor de marca/modelo GM/ONIX, placa
OWZ3H71/RJ, que estava em posse da vítima Flavio Souza Silva.."

Na FAC da ré nada consta, além de ser menor de 21 anos.

Trata-se de crime grave exercido com o emprego de arma branca para ameaçar a vítima, que
merece rígida reprimenda.

Todavia, nos casos que envolvem mães presas que possuem filhos de até 10 anos de idade a 2ª
Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu no HC 143641 por determinar a substituição da prisão
preventiva pela domiciliar, in verbis:

"Decisão: A Turma, preliminarmente, por votação unânime, entendeu cabível a impetração coletiva
e, por maioria, conheceu do pedido de habeas corpus, vencidos os Ministros Dias Toffoli e Edson
Fachin, que dele conheciam em parte. Prosseguindo no julgamento, a Turma, por maioria,
concedeu a ordem para determinar a substituição da prisão preventiva pela domiciliar - sem
prejuízo da aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 do CPP - de
todas as mulheres presas, gestantes, puérperas, ou mães de crianças e deficientes sob sua
guarda, nos termos do art. 2º do ECA e da Convenção sobre Direitos das Pessoas com
Deficiências (Decreto Legislativo 186/2008 e Lei 13.146/2015), relacionadas nesse processo pelo

110 DANIELEPASCOAL
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DEPEN e outras autoridades estaduais, enquanto perdurar tal condição, excetuados os casos de
crimes praticados por elas mediante violência ou grave ameaça, contra seus descendentes ou,
ainda, em situações excepcionalíssimas, as quais deverão ser devidamente fundamentadas pelos
juízes que denegarem o benefício. Estendeu a ordem, de ofício, às demais mulheres presas,
gestantes, puérperas ou mães de crianças e de pessoas com deficiência, bem assim às
adolescentes sujeitas a medidas socioeducativas em idêntica situação no território nacional,
observadas as restrições previstas acima. Quando a detida for tecnicamente reincidente, o juiz
deverá proceder em atenção às circunstâncias do caso concreto, mas sempre tendo por norte os
princípios e as regras acima enunciadas, observando, ademais, a diretriz de excepcionalidade da
prisão. Se o juiz entender que a prisão domiciliar se mostra inviável ou inadequada em
determinadas situações, poderá substituí-la por medidas alternativas arroladas no já mencionado
art. 319 do CPP. Para apurar a situação de guardiã dos filhos da mulher presa, dever-se-á dar
credibilidade à palavra da mãe. Faculta-se ao juiz, sem prejuízo de cumprir, desde logo, a presente
determinação, requisitar a elaboração de laudo social para eventual reanálise do benefício. Caso
se constate a suspensão ou destituição do poder familiar por outros motivos que não a prisão, a
presente ordem não se aplicará. A fim de se dar cumprimento imediato a esta decisão, deverão ser
comunicados os Presidentes dos Tribunais Estaduais e Federais, inclusive da Justiça Militar
Estadual e Federal, para que prestem informações e, no prazo máximo de 60 dias a contar de sua
publicação, implementem de modo integral as determinações estabelecidas no presente
julgamento, à luz dos parâmetros ora enunciados. Com vistas a conferir maior agilidade, e sem
prejuízo da medida determinada acima, também deverá ser oficiado ao DEPEN para que
comunique aos estabelecimentos prisionais a decisão, cabendo a estes, independentemente de
outra provocação, informar aos respectivos juízos a condição de gestante ou mãe das presas
preventivas sob sua custódia. Deverá ser oficiado, igualmente, ao Conselho Nacional de Justiça -
CNJ, para que, no âmbito de atuação do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do
Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas, avalie o cabimento
de intervenção nos termos preconizados no art. 1º, § 1º, II, da Lei 12.106/2009, sem prejuízo de
outras medidas de reinserção social para as beneficiárias desta decisão. O CNJ poderá ainda, no
contexto do Projeto Saúde Prisional, atuar junto às esferas competentes para que o protocolo de
entrada no ambiente prisional seja precedido de exame apto a verificar a situação de gestante da
mulher. Tal diretriz está de acordo com o Eixo 2 do referido programa, que prioriza a saúde das
mulheres privadas de liberdade. Os juízes responsáveis pela realização das audiências de
custódia, bem como aqueles perante os quais se processam ações penais em que há mulheres
presas preventivamente, deverão proceder à análise do cabimento da prisão, à luz das diretrizes
ora firmadas, de ofício. Embora a provocação por meio de advogado não seja vedada para o
cumprimento desta decisão, ela é dispensável, pois o que se almeja é, justamente, suprir falhas
estruturais de acesso à Justiça da população presa. Cabe ao Judiciário adotar postura ativa ao dar
pleno cumprimento a esta ordem judicial. Nas hipóteses de descumprimento da presente decisão,
a ferramenta a ser utilizada é o recurso, e não a reclamação, como já explicitado na ADPF 347.
Tudo nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro Edson Fachin. Falaram: pelas pacientes, o
Dr. Carlos Eduardo Barbosa Paz, Defensor Público-Geral Federal, pelo Coletivo de Advogados em
Direitos Humanos (CADHU), as Dras. Eloisa Machado de Almeida e Nathalie Fragoso e Silva
Ferro; pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo, o Dr. Rafael Muneratti; pela Defensoria
Pública do Estado do Rio de Janeiro, o Dr. Pedro Paulo Carriello; pelo Instituto Brasileiro de
Ciências Criminais - IBCCRIM, pelo Instituto Terra Trabalho e Cidadania - ITTC e Pastoral
Carcerária, a Dra. Débora Nachmanowicz de Lima; pelo Instituto Alana, o Dr. Pedro Affonso Duarte
Hartung; pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), a Dra. Luciana Simas; e pelo
Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), a Dra. Dora Cavalcanti. Presidência do Ministro
Edson Fachin. 2ª Turma, 20.2.2018."

Diante do exposto, substituo a prisão preventiva por prisão domiciliar da ré LUCIMARA


RODRIGUES SACHI. Expeça-se Ordem de Liberação, mediante termo de compromisso de
RECOLHIMENTO DOMICILIAR INTEGRAL, com MONITORAMENTO ELETRÔNICO, mediante o

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termo de compromisso:

a) comparecer ao Juízo mensalmente e sempre que for intimada, devendo portar está decisão
para deslocamento.
b) manter o endereço atualizado.
c) comparecer, no prazo de 05 dias, contar da liberdade provisória, a Central de Instalação e
Manutenção, no Patronato Magarinos Torres, localizada na rua Célio Nascimento, s/n, Benfica -
Rio de Janeiro, no horário de 10 às 16h, para colocação da tornozeleira eletrônica.

Determino que o cartório proceda o cadastro desta decisão no e-mail


protocolomonitoracao@gmail.com, com o escopo de criar o perfil do monitorado.

Deixo de estender o benefício ao réu RODRIGO, posto que responde por outro processo por
roubo. Destarte, necessária a prisão cautelar, em tese, impedir a reiteração de crime de mesma
natureza.

O processo está regular e válido, inexistindo vício a ensejar o reconhecimento de nulidade. Estão
presentes as condições da ação e os pressupostos processuais. As questões pertinentes ao
mérito serão analisadas, oportunamente, no momento do julgamento.

Os fatos e fundamentos deduzidos na defesa escrita não afastam os indícios de autoria e


materialidade reunidos em sede extrajudicial. Impõe-se a apuração da conduta descrita na
denúncia, garantindo-se à parte ré a ampla defesa e o contraditório. Inviável, pois, o
reconhecimento da absolvição sumária, nos termos do art. 397 do Código de Processo Penal.

Ante o exposto, mantenho a audiência designada. Requisitem-se e intimem-se os que devam


comparecer.

Junte-se o documento constante no sistema DCP.

Dê-se ciência ao Ministério Público e à Defesa Técnica. Int.

Rio de Janeiro, 06/02/2023.

Eduardo Marques Hablitschek - Juiz de Direito

___________________________________________________________

Autos recebidos do MM. Dr. Juiz

Eduardo Marques Hablitschek

Em ____/____/_____

Código de Autenticação: 4L9T.SWT3.XNEU.ZTJ3


Este código pode ser verificado em: www.tjrj.jus.br – Serviços – Validação de documentos
Øþ

110 DANIELEPASCOAL

EDUARDO MARQUES HABLITSCHEK:17755 Assinado em 06/02/2023 15:07:01


Local: TJ-RJ

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