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PONTES MATOS – SOCIEDADE DE ADVOGADOS.

Parecer jurídico sobre a (in) possibilidade de Acumulação de Cargos Públicos,


Vencimentos e Dedicação Exclusiva.

Belo Horizonte, 18 de agosto de 2023.

Rua Marília de Dirceu, 226 - 8º andar - CEP: 30170-090 - Bairro Lourdes - Belo
Horizonte - MG
contato@pontesmatos.com.b (31) 3327-4721
Ao
Excelentíssimo Prefeito Raposos, Minas Gerais,
Senhor Sergio Silveira Soares.

PARECER JURÍDICO – ACUMULAÇÃO DE


CARGOS PÚBLICOS – ACUMULAÇÃO
TRÍPLICE DE VENCIMENTOS – CARGO
DEDICAÇÃO EXCLUSIVA - LIMITE CARGA
HORARIA - IMPOSSIBILIDADE –
LEGALIDADE.

Excelentíssimo Senhor Prefeito,

Em atendimento à honrosa consulta solicitada, procede-se às


seguintes considerações.

I – DELIMITAÇÃO DO OBJETO.

01. O presente parecer é fruto de consulta realizada pelo


Excelentíssimo Senhor Prefeito Municipal de Raposos Minas Gerais, Silvio Antônio Félix,
sobre a possibilidade de acumulação de cargos públicos, vencimentos e cargos de
dedicação exclusiva. pelos servidores públicos com cargos, empregos ou funções na
administração pública.

02. Tem como base o oficio Ofício-Circular nº 006/CAAP/2023,


enviado pelo Tribunal de Constas da União à Prefeitura Municipal de Raposos. Alega em
tal documento que o órgão está realizando “Acompanhamento Contínuo da Gestão de
Pessoal a partir do cruzamento de dados das informações de folha de pagamento
remetidas por meio do Sicom (MóduloFLPG) e FISCAP”, e identificaram indícios de
irregularidades e caso essas fossem confirmadas pela administração municipal,
informaram da necessidade de providenciadas e medidas corretivas até 06/11/2023.

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03. Na planilha, enviada juntamente com o oficio pelo TCE, consta 05
supostas irregularidades sendo elas, acumulação de 03 (três) cargos pela funcionária
Delia Morais Ferreira Fonseca, Acumulação de 03 (três) proventos/vencimentos pelos
funcionários Celia Antonia Soares, Janir Heronville Aurora e Sonia Silveira Soares e
Acumulação de Cargo de Dedicação Exclusiva pela funcionária Ligia Fernandes Bicalho.

04. Para melhor analise segue abaixo quadro ilustrativo referente à


planilha enviada pelo TCEMG:

05. Ab initio, insta registrar que o presente estudo trata,


exclusivamente, das questões jurídicas atinentes ao objeto sub examine,
compreendendo o posicionamento do Escritório Pontes Matos – Sociedade de
Advogados, com subsídio no entendimento jurisprudencial e administrativo pacificado
em relação ao assunto, não sendo a sua fundamentação baseada em dados contábeis,
fiscais, administrativos e de viabilidade econômico-financeira. Dessa forma, é de se
ressaltar que sua adoção é de responsabilidade exclusiva do Município consulente.

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06. Passa-se, pois, à fundamentação.

II – CARGO PÚBLICO - ACUMULO DE FUNÇÃO

07. Cargo público refere-se a uma posição ou função ocupada por


um indivíduo dentro de uma organização governamental ou instituição do setor público.
Esses cargos são geralmente estabelecidos por leis e regulamentos, e os indivíduos que
os ocupam são funcionários públicos. Eles desempenham diversas responsabilidades,
que podem variar de acordo com o cargo, mas têm em comum o objetivo de servir ao
público, administrar recursos públicos e implementar políticas governamentais.
Exemplos de cargos públicos incluem ministros, secretários, juízes, policiais, professores,
médicos e muitos outros, em diferentes níveis de governo e áreas de atuação.

08. Os cargos públicos municipais são posições ou funções ocupadas


por indivíduos dentro da administração local de um município e são estabelecidos de
acordo com as leis e regulamentos específicos de cada município e têm o propósito de
gerenciar e prestar serviços públicos direcionados à comunidade local, como por
exemplos os cargos de prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, secretários municipais,
assessores, diretores de departamentos e outros profissionais que trabalham para
atender às necessidades e demandas dos cidadãos dentro da jurisdição municipal.

09. A regra geral é que a maioria dos cargos públicos permanentes,


especialmente aqueles em órgãos e entidades da administração direta e indireta (como
ministérios, autarquias, empresas públicas e fundações), deve ser preenchida por meio
de concurso público. O concurso público é uma forma de seleção que visa garantir a
igualdade de oportunidades, a imparcialidade e a escolha dos candidatos mais
qualificados para ocupar os cargos.

10. No entanto, existem exceções a essa regra. Alguns cargos de


natureza política ou de confiança podem ser preenchidos por livre nomeação, sem a
necessidade de concurso público. Além disso, cargos temporários, funções

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comissionadas (de confiança) e contratações temporárias para situações específicas,
como substituição de servidores em licença, também podem ocorrer sem concurso
público, desde que estejam de acordo com a legislação vigente.

11. A definição do ato de acumular cargos públicos é clara e direta:


refere-se à situação em que um indivíduo possui mais de um vínculo de trabalho com o
setor público. Isso engloba contratações tanto na Administração Pública Direta quanto
na Indireta, além de abranger Sociedades controladas pelo Poder Público.

12. De maneira simplificada, pode-se entender que se a atividade


profissional está ligada ao âmbito do poder público e o acesso a ela exige a aprovação
em um concurso, então trata-se de um cargo público, mesmo que esse cargo seja
estabelecido no regime celetista.

13. Vale ressaltar que a acumulação de cargos públicos nem sempre


é permitida, pois busca-se evitar conflitos de interesse, sobreposição de funções e a
garantia de um serviço público eficiente. Existem regras específicas e limites
estabelecidos pela legislação para a acumulação de cargos, e essas normas podem variar
de acordo com a esfera governamental e a natureza das atividades desempenhadas.

14. No seu artigo 37, a Constituição Federal de 1988 aborda a


questão da acumulação de cargos públicos, caracterizando-a em geral como vedada. No
entanto, o diploma também elenca exceções à regra, quais sejam:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
e, também, ao seguinte:
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando
houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto
no inciso XI: 
a) a de dois cargos de professor; 
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; 
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com
profissões regulamentadas;   

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15. As exceções igualmente se aplicam aos Juízes, Promotores e
Defensores públicos, porém, restritas exclusivamente às funções de magistério. Em
outras palavras, a única outra atividade que lhes é permitida nesse contexto é a
docência. Nesse cenário, esses profissionais podem ministrar aulas, desde que cumpram
os requisitos e limitações previstos na legislação. Isso visa a assegurar que a dedicação
ao ensino não comprometa a qualidade e a imparcialidade das suas atividades
essenciais na administração da justiça e no serviço público.

16. Os cargos públicos de dedicação exclusiva estão regulamentados


no art. 11 e 12 da Lei nº 4.345/64, veja-se:

Art. 11. Os funcionários do Serviço Civil do Poder Executivo,


integrantes de órgãos da administração direta e das autarquias, que
exerçam atividades de magistério, técnicas, de pesquisas ou científicas,
poderão ficar sujeitos, no interesse da administração e ressalvado o
direito de opção, ao regime de tempo integral e dedicação exclusiva,
de acordo com a regulamentação a ser expedida, dentro do prazo de
60 (sessenta) dias, ficando revogados os dispositivos constando do
Capítulo XI da Lei nº 3.780, de 12 de julho de 1960.

art. 12. Considera-se regime de tempo integral o exercício da atividade


funcional sob dedicação exclusiva, ficando o funcionário proibido de
exercer cumulativamente outro cargo, função ou atividade particular
de caráter empregatício profissional ou pública de qualquer natureza. 

Parágrafo único - Não se compreendem na proibição deste artigo:

 I. o exercício em órgão de deliberação coletiva, desde que relacionado


com o cargo exercido em tempo integral;

II. as atividades que, sem caráter de emprego, se destinam à difusão e


aplicação de ideias e conhecimentos, excluídas as que impossibilitem
ou prejudiquem a execução das tarefas inerentes ao regime de tempo
integral;

III. a prestação de assistência não-remunerada a outros serviços,


visando à aplicação de conhecimentos técnicos ou científicos, quando
solicitada através da repartição a que pertence o funcionário.

17. Entende-se assim que dedicação exclusiva é uma modalidade


específica de emprego no setor público que exige um comprometimento integral por
parte do servidor. Esses cargos são frequentemente associados a atividades que

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demandam um alto grau de responsabilidade, dedicação e disponibilidade. Abaixo,
apresenta-se os principais aspectos relacionados a esse tipo de cargo:

A) Comprometimento Integral: Nos cargos de dedicação


exclusiva, o servidor é obrigado a dedicar a maior parte ou a totalidade de sua jornada
de trabalho às atividades do cargo. Isso pode incluir a proibição de exercer outras
atividades remuneradas, seja no setor público ou privado, durante o horário de
trabalho.

B) Carreiras Acadêmicas e Profissionais: Professores


universitários e pesquisadores frequentemente ocupam cargos de dedicação exclusiva,
visto que suas atividades envolvem não apenas aulas, mas também pesquisa e extensão.
Essa modalidade é projetada para permitir que esses profissionais se dediquem ao
ensino, à pesquisa e ao desenvolvimento acadêmico em sua totalidade.

C) Remuneração Específica: Os cargos de dedicação exclusiva


podem oferecer uma remuneração diferenciada, devido ao alto grau de compromisso
exigido do servidor. Essa remuneração pode incluir vantagens e benefícios adicionais,
refletindo o valor da dedicação total às atividades do cargo.

D) Restrições a Outras Atividades Remuneradas: Em muitos


casos, servidores ocupantes de cargos de dedicação exclusiva estão impedidos de
exercer atividades remuneradas fora do âmbito do cargo público, a fim de garantir que a
dedicação integral seja mantida.

E) Incentivo à Qualificação e Produção Científica: Em carreiras


acadêmicas, como a docência em universidades, a dedicação exclusiva pode estar
associada a incentivos para a produção científica, publicações e atividades de pesquisa,
contribuindo para o avanço do conhecimento em suas áreas de atuação.

F) Vedação ao Acúmulo de Cargos: Em alguns casos, a legislação


pode proibir o acúmulo de cargos de dedicação exclusiva com outros cargos públicos ou
empregos no setor privado, visando garantir a plena dedicação às atividades do cargo.

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G) Contratos e Regulamentação: Os detalhes sobre as condições
de trabalho, remuneração, restrições e outras especificidades dos cargos de dedicação
exclusiva geralmente são definidos em contratos de trabalho ou estatutos específicos de
cada categoria profissional.
18. Em suma, os cargos públicos de dedicação exclusiva visam
garantir um comprometimento máximo por parte dos servidores em atividades de
relevância social, como ensino, pesquisa, assistência médica especializada, entre outras.

III – ACUMULO DE VENCIMENTOS E CARGA HORARIA

19. Acumular cargos públicos mesmo quando a carga horária excede


60 horas semanais, desde que sejam atendidos os demais requisitos para a acumulação
de cargos, não fere a legislação.

20. A lei exige que os horários sejam compatíveis, não estabelecendo


um limite para a jornada de trabalho semanal. Portanto, não há impedimento para
acumular cargos públicos mesmo quando a carga horária ultrapassa 60 horas semanais.

21. Até o início de 2019, uma norma elaborada pela Advocacia-Geral


da União (AGU) estabelecia um teto de 60 horas semanais para a soma das jornadas ao
acumular cargos públicos. Essa regra também era seguida por vários Estados e
Municípios.

22. Contudo em 2019 o ministro Gilmar Mendes, do Supremo


Tribunal Federal (STF), julgou válida a acumulação de dois cargos públicos, com carga
horária superior a 60 horas semanais. A decisão, proferida no Recurso Ordinário em
Mandado de Segurança (RMS) 34608, reformou o acórdão do Superior Tribunal de
Justiça (STJ) que havia impedido a acumulação e negado o pedido de anulação do ato de
demissão de um dos cargos.

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23. É necessário destacar que também é possível acumular
vencimentos por lei, desde que se atendam aos requisitos estabelecidos. No caso de um
professor que tenha contribuído para mais de um regime previdenciário ao longo de sua
carreira, é viável receber duas aposentadorias.

24. Entretanto, para que isso seja viável, é necessário aderir a certas
diretrizes. Primeiramente, é imperativo que o professor receba cada aposentadoria com
base em regimes previdenciários distintos, RPPS e RGPS. Em outras palavras, se o
professor efetuou contribuições para dois regimes previdenciários diferentes, será
possível receber duas aposentadorias apenas se cada uma delas for concedida em
conformidade com um regime distinto.

25. Ademais, é essencial que o professor cumpra os pré-requisitos


para a concessão de cada uma das aposentadorias. Cada regime previdenciário
apresenta regras específicas para a obtenção da aposentadoria, tais como requisitos
quanto ao tempo de contribuição e idade mínima. O professor só terá direito a receber
duas aposentadorias se satisfizer os pré-requisitos para a concessão de ambas.

26. Sobre a possibilidade acumulação de duas aposentadorias com


novo cargo público o Supremo Tribunal de Federal já firmou entendimento no seguinte
sentido:
EMENTA DIREITO ADMINISTRATIVO. ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART.
37, XVI, “A”, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. DEFICIÊNCIA NA
DEMONSTRAÇÃO DA REPERCUSSÃO GERAL. INOBSERVÂNCIA DO ART.
1.035, §§ 1º E 2º, DO CPC/2015. REPERCUSSÃO GERAL PRESUMIDA OU
RECONHECIDA EM OUTRO RECURSO NÃO VIABILIZA APELO SEM A
PRELIMINAR FUNDAMENTADA DA REPERCUSSÃO GERAL. PENSÃO E
APOSENTADORIAS. TRÍPLICE ACUMULAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
CONSONÂNCIA DA DECISÃO RECORRIDA COM A JURISPRUDÊNCIA
CRISTALIZADA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. TEMA Nº 921.
REELABORAÇÃO DA MOLDURA FÁTICA. PROCEDIMENTO VEDADO NA
INSTÂNCIA EXTRAORDINÁRIA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO QUE NÃO
MERECE TRÂNSITO. 1. Deficiência na fundamentação, em recurso
extraordinário interposto sob a égide do CPC/2015, da existência de
repercussão geral da questão constitucional suscitada. Inobservância
do art. 1.035, §§ 1º e 2º, do CPC/2015. O preenchimento desse
requisito demanda a demonstração, no caso concreto, da existência de

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questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou
jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do processo. A
afirmação genérica da existência de repercussão geral ou a simples
indicação de tema ou precedente desta Suprema Corte são
insuficientes para o atendimento do pressuposto. 2. O entendimento
adotado no acórdão recorrido não diverge da jurisprudência firmada
no âmbito deste Supremo Tribunal Federal, no sentido de que “É
vedada a cumulação tríplice de vencimentos e/ou proventos, ainda
que a investidura nos cargos públicos tenha ocorrido anteriormente à
EC 20/1998” (Tema nº 921), razão pela qual não se divisa a alegada
ofensa ao art. 37, XVI, “a”, da Lei Maior. Compreensão diversa
demandaria a reelaboração da moldura fática delineada no acórdão de
origem, a tornar oblíqua e reflexa eventual ofensa à Constituição,
insuscetível, como tal, de viabilizar o conhecimento do recurso
extraordinário. 3. As razões do agravo não se mostram aptas a infirmar
os fundamentos que lastrearam a decisão agravada. 4. Agravo interno
conhecido e não provido.
(RE 1326348 AgR, Relator(a): ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado
em 25/10/2021, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-227 DIVULG 17-11-2021
PUBLIC 18-11-2021)

EMENTA EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO AGRAVO REGIMENTAL EM


AGRAVO DE INSTRUMENTO. DISSENSO JURISPRUDENCIAL INTERNA
CORPORIS DEMONSTRADO. DIREITO ADMINISTRATIVO E
PREVIDENCIÁRIO. PERCEPÇÃO DE PROVENTOS DE DUAS
Vedação APOSENTADORIAS CUMULADOS COM REMUNERAÇÃO DECORRENTE
Acumulação DE APROVAÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO. TRÍPLICE ACUMULAÇÃO DE
Tríplice de
REMUNERAÇÃO OU PROVENTOS ADVINDOS DOS COFRES PÚBLICOS.
Vencimentos
IMPOSSIBILIDADE. ARE 848.993-RG. TEMA Nº 921 DA SISTEMÁTICA DA
REPERCUSSÃO GERAL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA PROVIDOS PARA,
DESDE LOGO, DAR PROVIMENTO AO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
PRECEDENTES. EMBARGOS MANEJADOS SOB A VIGÊNCIA DO
Data do CPC/1973. 1. Ao julgamento do ARE 848.993-RG, Rel. Min. Gilmar
Julgamento: Mendes – Tema nº 921 da Repercussão Geral, esta Suprema Corte
03/06/2020. fixou a Tese de que “É vedada a cumulação tríplice de vencimentos
e/ou proventos, ainda que a investidura nos cargos públicos tenha
ocorrido anteriormente à EC 20/1998”. 2. Embargos de divergência
providos.
(AI 426792 AgR-EDv, Relator(a): ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado
em 20/03/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-081 DIVULG 01-04-2020
PUBLIC 02-04-2020)

EMENTA DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO.


Vedação ACUMULAÇÃO DE VENCIMENTOS DE PROFESSOR COM PROVENTOS DE
Acumulação
DUAS APOSENTADORIAS. CUMULAÇÃO TRÍPLICE. IMPOSSIBILIDADE.
Vencimentos
INAPLICÁVEL O ART. 11 DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20/98.
ACÓRDÃO RECORRIDO PUBLICADO EM 12.5.2008. O acórdão recorrido
decidiu em consonância com o entendimento deste Supremo
Tribunal Federal no sentido da impossibilidade de se acumular dois
Data do proventos de aposentadorias com vencimentos de um novo cargo
Julgamento: público, ainda que o provimento neste tenha ocorrido antes da
18/08/2014.

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vigência da EC nº 20/98. Precedentes. Agravo regimental conhecido e
não provido.
(RE 753204 AgR, Relator(a): ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em
25/06/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-156 DIVULG 13-08-2014
PUBLIC 14-08-2014).

26. A acumulação tríplice de vencimentos ainda que um decorra de


aposentadoria por regime geral de previdência social é vedada pelo o Supremo Tribunal
de Federal abaixo cópia de decisão proferida em 09 de agosto de 2023 sobre o tema:

DECISÃO: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO.


ACUMULAÇÃO TRÍPLICE DE CARGOS. IMPOSSIBILIDADE DE
CUMULAÇÃO NA ATIVA. ACÓRDÃO RECORRIDO EM HARMONIA COM
O TEMA Nº 921 DA REPERCUSSÃO GERAL (ARE Nº 848.993-RG/MG).
REEXAME DE FATOS E PROVAS: ÓBICE DO ENUNCIADO Nº 279 DA
SÚMULA DO STF. NEGATIVA DE PROVIMENTO.
1. Trata-se de recurso extraordinário interposto com base na al. a do
inc. III do art. 102 da Constituição da República contra acórdão do
Colégio Recursal de São Bernardo do Campo/SP, assim ementado:
“Tríplice cumulação de cargos. Professora aposentada que se
manteve na ativa. Aprovação em concurso público. Vedação à
acumulação tríplice de remunerações, sejam proventos ou
vencimentos, ainda que provenientes de fontes pagadoras distintas.
Entendimento firmado pelos Tribunais Superiores. Sentença mantida.
Recurso não provido”. (e-doc. 6).
Vedação 2. A recorrente aponta violação ao art. 40, §§ 5º e 10, da Constituição
Acumulação
da República. Afirma que “se aposentou pelo regime geral de
Tríplice de
Vencimentos
previdência social, exerce o cargo de professora junto ao Estado de
RGPS São Paulo não havendo, assim, a impossibilidade de assumir o novo
cargo de Orientadora Pedagógica junto a Municipalidade recorrida. À
luz do texto constitucional, cumpre perquirir a fonte dos proventos,
que, iniludivelmente, não está nos cofres públicos”. (e-doc. 8, p. 14-
15).
Data do 3. Argumenta que “não há vedação ao recebimento simultâneo de
Julgamento:
aposentadoria alcançada pelo Regime Geral de Previdência Social com
09/08/2023.
salários decorrentes do exercício do cargo público” (e-doc. 8, p. 17).
É o relatório.
Decido.
4. O recurso não merece prosperar.
5. Transcrevo, para melhor compreensão da controvérsia, os
fundamentos do acórdão recorrido:
“A interpretação dada pelos Tribunais Superiores à norma prevista no
art. 37, §10, da CF/88 é de que, em nenhuma hipótese, será possível
a cumulação de três remunerações ou proventos públicos, ainda que
provenientes de fontes pagadoras distintas.
(...)
Assim, ainda que se considere a compatibilidade de horários entre as
funções públicas exercidas pela recorrente e que se trate de fontes
pagadoras diversas, deve ser compreendido que a norma

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constitucional não autoriza a cumulação das remunerações daquelas
duas funções com o recebimento da aposentadoria.” (e-doc. 6, p. 2-3).
6. Na sentença originária consta:
“A autora [recorrente] narra na causa de pedir, em suma, que é
aposentada pelo RGPS desde 22.12.2015, porém, permanece na ativa
exercendo cargos públicos de professora nos municípios de Mauá e
São Paulo. Nessa condição, foi aprovada em concurso público
promovido pelo réu [recorrido] para o cargo de orientador pedagógico,
mas, quando de sua convocação, foi informada de que para assumir o
cargo teria de se exonerar dos cargos de professora tanto em Mauá
quanto em São Paulo, o que considera ilegal.
A descrição dos fatos aponta que a autora almeja percepção tríplice de
rendimentos, ou seja, um proveniente de sua aposentadoria e dois
referentes aos cargos de professora nos municípios de São Paulo e São
Bernardo do Campo.” (e-doc. 4, p. 1).
7. Entendo que a decisão recorrida está em consonância com o
entendimento do Supremo Tribunal Federal, que, no âmbito da
repercussão geral, ao julgar o RE nº 848.993-RG/SE, Tema RG nº 921,
reafirmando a jurisprudência, fixou orientação no sentido da vedação
à acumulação tríplice de remunerações e/ou proventos públicos. O
acórdão foi assim ementado:
“Recurso extraordinário com agravo. 2. Percepção de provento de
aposentadoria cumulado com duas remunerações decorrentes de
aprovação em concursos públicos. Anterioridade à EC 20/98.
Acumulação tríplice de remunerações e/ou proventos públicos.
Impossibilidade. Precedentes. 3. Repercussão geral reconhecida com
reafirmação da jurisprudência desta Corte. 4. Recurso extraordinário
provido” (Rel. Min. Gilmar Mendes, Pleno, j. 06/10/2016, p.
23/03/2017).
8. Nessa linha, destaco os seguintes precedentes jurisprudenciais deste
Pretório Excelso:
“EMENTA DIREITO ADMINISTRATIVO. ALEGAÇÃO DE OFENSA AO ART.
37, XVI, ‘A’, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. (...) PENSÃO E
APOSENTADORIAS. TRÍPLICE ACUMULAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
CONSONÂNCIA DA DECISÃO RECORRIDA COM A JURISPRUDÊNCIA
CRISTALIZADA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. TEMA Nº 921.
REELABORAÇÃO DA MOLDURA FÁTICA. PROCEDIMENTO VEDADO NA
INSTÂNCIA EXTRAORDINÁRIA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO QUE NÃO
MERECE TRÂNSITO.”
(RE nº 1.326.348-AgR/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, Primeira Turma, j.
25/10/2021, p. 18/11/2021).
“EMENTA: EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO AGRAVO REGIMENTAL EM
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DISSENSO JURISPRUDENCIAL INTERNA
CORPORIS DEMONSTRADO. DIREITO ADMINISTRATIVO E
PREVIDENCIÁRIO. PERCEPÇÃO DE PROVENTOS DE DUAS
APOSENTADORIAS CUMULADOS COM REMUNERAÇÃO DECORRENTE
DE APROVAÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO. TRÍPLICE ACUMULAÇÃO DE
REMUNERAÇÃO OU PROVENTOS ADVINDOS DOS COFRES PÚBLICOS.
IMPOSSIBILIDADE. ARE 848.993-RG. TEMA Nº 921 DA SISTEMÁTICA DA
REPERCUSSÃO GERAL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA PROVIDOS PARA,
DESDE LOGO, DAR PROVIMENTO AO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.

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PRECEDENTES. EMBARGOS MANEJADOS SOB A VIGÊNCIA DO
CPC/1973. 1. Ao julgamento do ARE 848.993-RG, Rel. Min. Gilmar
Mendes – Tema nº 921 da Repercussão Geral, esta Suprema Corte
fixou a Tese de que ‘É vedada a cumulação tríplice de vencimentos
e/ou proventos, ainda que a investidura nos cargos públicos tenha
ocorrido anteriormente à EC 20/1998’. 2. Embargos de divergência
providos”.
(AI nº 426.792-AgR-EDv/PR, Rel. Min. Rosa Weber, Pleno, j.
20/03/2020, p. 02/04/2020).
“Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. CUMULAÇÃO TRÍPLICE.
VENCIMENTOS E DOIS PROVENTOS. CARGOS DE MÉDICO.
IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. AGRAVO IMPROVIDO. I – O Supremo
Tribunal Federal entende que somente se admite a acumulação de
proventos e vencimentos quando se tratar de cargos, empregos ou
funções acumuláveis na atividade. II – Incabível, portanto, a
acumulação de dois proventos de inatividade com vencimentos de
cargo efetivo, uma vez que a vedação à cumulação de três cargos ou
empregos de médico já existia quando o servidor se encontrava na
ativa. III – Agravo regimental improvido”.
(RE nº 613.399-AgR/RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda
Turma, j. 14/08/2012, p. 27/08/2012).
9. No mesmo sentido as decisões monocráticas proferidas nos: RE nº
1.424.908/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 22/05/2023, p. 26/05/2023;
RE nº 1.412.907/RN, Rel. Min. Nunes Marques, j. 24/04/2023, p.
28/04/2023; e ARE nº 1.378.790, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 31/05/2022,
p. 1º/06/2022.
10. O acórdão impugnado está em sintonia com a jurisprudência deste
Supremo Tribunal Federal, considerado o decidido no ARE nº 848.993
— Tema nº 921 da Repercussão Geral.
11. Frise-se que, independentemente da fonte pagadora dos
proventos, se oriunda do RGPS ou do RPPS, resta claro que os três
vínculos originalmente eram/são públicos e, segundo a
jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal, apenas se permite a
acumulação de proventos e vencimentos quando se tratar de cargos,
funções, ou empregos acumuláveis na atividade, conforme permitido
pela Constituição.
12. Note-se que, mesmo tendo havido aposentadoria pelo Regime
Geral de Previdência Social, continua ostentando relevância a
natureza pública do cargo ou emprego ocupado antes da jubilação
para efeitos da regra de inacumulabilidade, tanto que o STF, nos autos
do RE 1.302.501-RG, julgado sob o rito da repercussão geral (Rel. Min.
LUIX FUX, DJe de 25/8/2021, Tema 1150), fixou tese no sentido de que:
“O servidor público aposentado pelo Regime Geral de Previdência
Social, com previsão de vacância do cargo em lei local, não tem direito
a ser reintegrado ao mesmo cargo no qual se aposentou ou nele
manter-se, por violação à regra do concurso público e à
impossibilidade de acumulação de proventos e remuneração não
acumuláveis em atividade”.
13. Ademais, somente a partir da apreciação dos elementos
probatórios constantes dos autos, seria possível concluir de forma

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diversa ao consignado pelo Colegiado a quo, o que é inviável no campo
extraordinário, ante o óbice do enunciado nº 279 da Súmula do STF.
Confiram-se as seguintes ementas:
“EMENTA DIREITO ADMINISTRATIVO. ACUMULAÇÃO DE CARGOS
PÚBLICOS NA ÁREA DA SAÚDE. REQUISITOS. COMPREENSÃO DIVERSA.
NECESSIDADE DE REELABORAÇÃO DA MOLDURA FÁTICA.
PROCEDIMENTO VEDADOS NA INSTÂNCIA EXTRAORDINÁRIA.
VIOLAÇÃO REFLEXA DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA NÃO DÁ ENSEJO
AO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. AGRAVO NÃO PROVIDO”.
(ARE nº 1.426.613-AgR/AL, Rel. Min. Rosa Weber, Pleno, j. 03/07/2023,
p. 25/07/2023).
“Ementa: DIREITO ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO EM RECURSO
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL
E DE RELEVÂNCIA TEMÁTICA. INTERESSE SUBJETIVO DAS PARTES.
SÚMULAS 280 E 279/STF. 1. Hipótese em que se pleiteia o
reconhecimento do direito ao acúmulo de cargos, em relação aos quais
percebe, atualmente, proventos de aposentadoria. (...) 5. Para chegar
a conclusão diversa do acórdão recorrido, seriam necessários a análise
da legislação infraconstitucional pertinente e o reexame do conjunto
fático-probatório dos autos, procedimentos inviáveis em recurso
extraordinário. Incide, no caso, o óbice das Súmulas 279 e 280/STF. 6.
Agravo interno a que se nega provimento”.
(ARE nº 1.426.070-AgR/PI, Rel. Min. Roberto Barroso, Pleno, j.
09/05/2023, p. 16/05/2023).
14. Para a espécie, inclusive, se faz válido registrar a advertência de
que, em casos de apresentação de medida recursal manifestamente
inadmissível ou improcedente, o Supremo Tribunal Federal entende
pela possibilidade de aplicação de multa, nos termos do art. 1.021, §
4º, do CPC (ARE nº 1.321.696-ED-AgR/MG, de minha relatoria, j.
06/06/2022, p. 29/06/2022; ARE nº 1.107.805-AgR/SP, Rel. Min.
Roberto Barroso, j. 13/12/2019, p. 03/02/2020; Rcl nº 45.289-AgR/DF,
Rel. Min. Dias Toffoli, j. 04/10/2021; Rcl nº 24.841-ED-AgR/SP, Rel.
Min. Luiz Fux, j. 20/04/2017, p. 11/05/2017; MS nº 37.637-AgR/DF, Rel.
Min. Roberto Barroso, j. 17/05/2021, p. 16/06/2021; e MS nº 35.272-
AgR-segundo/DF, Rel. Min. Edson Fachin, j. 16/06/2020, p.
08/10/2020).
15. Para além, consigno ainda que a apresentação de embargos de
declaração com intuito protelatório assoberba ilegitimamente a
Justiça, prejudicando a mais célere e efetiva prestação jurisdicional. A
eventual insistência na apresentação de recursos protelatórios
acarreta a possibilidade e, até mesmo, a obrigação da magistratura em
fazer incidir a multa processual prevista no art. 1.026, §§ 2º a 4º, do
CPC.
16. Do quanto exposto e apreciado, nego provimento ao recurso
extraordinário, nos termos do art. 21, § 1º, do RISTF. Considerando ter
havido fixação de honorários advocatícios pelas instâncias anteriores
(e-doc. 6, p. 5), majoro-os em 10% (dez por cento), a título de
honorários recursais, na forma do art. 85, § 11, do CPC, com a ressalva
de eventual concessão do benefício da justiça gratuita.
RE 1405137 / SP - SÃO PAULO- RECURSO EXTRAORDINÁRIO- Relator(a):
Min. ANDRÉ MENDONÇA- Julgamento: 09/08/2023 - Publicação:

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10/08/2023 – Publicação - PROCESSO ELETRÔNICO DJe-s/n DIVULG
09/08/2023 PUBLIC 10/08/2023- Partes - RECTE.(S) : ROSANE ARAGAO
ARANTES ADV.(A/S) : ELENICE MARIA FERREIRA ADV.(A/S) : MARINA
LEMOS SOARES PIVA RECDO.(A/S) : MUNICIPIO DE SAO BERNARDO DO
CAMPO ADV.(A/S) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE SÃO
BERNARDO DO CAMPO. Brasília, 9 de agosto de 2023. Ministro ANDRÉ
MENDONÇA, Relator.

28. Nesse Sentido a Jurisprudência do Tribunal de Justiça de Minas


Gerais diz o seguinte:

EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO. RECURSO VOLUNTÁRIO. DIREITO


CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. CUMULAÇÃO TRÍPLICE.
CARGOS DE PROFESSOR. LICENÇA SEM REMUNERAÇÃO.
Acumulação de POSSIBILIDADE. CONCESSÃO DA SEGURANÇA.
Cargos Públicos I. A vedação de acumulação de dois ou mais cargos públicos, segundo
o disposto no art. 37, inciso XVI, da CR/88, é somente quando há
remuneração. Portanto, se não há percepção de vencimento, não
incide a regra constitucional proibitiva.
II. Caso em que a impetrante encontra-se em gozo de licença sem
Data do
vencimento em seus dois cargos efetivos, não havendo qualquer
Julgamento: impedimento para que ela exerça o cargo em caráter precário no
08/02/2022. Estado de Minas Gerais. (TJMG - Ap Cível/Rem Necessária
1.0441.18.003706-7/001, Relator(a): Des.(a) Washington Ferreira , 1ª
CÂMARA CÍVEL, julgamento em 08/02/2022, publicação da súmula em
14/02/2022). (Grifa-se).

29. Entende-se assim que já é tema pacificado do Supremo Tribunal


de Federal a impossibilidade da cumulação tríplice de vencimentos, logo para que um
funcionário público no exercício de duas funções ou aposentados em dois regimes,
possa exercer um terceiro cargo na administração pública direta ou indireta é necessário
que essa nova função não seja, remunerada.

IV – CONCLUSÃO.

30. O presente parecer abordou diversas questões relacionadas à


acumulação de cargos públicos, levando em consideração as normas legais,
regulamentos e entendimentos jurisprudenciais pertinentes. Inicialmente, foi
apresentado um documento do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-
MG), que trouxe à tona indícios de irregularidades na gestão de pessoal da Prefeitura

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Municipal de Raposos. O documento alertou sobre a necessidade de providenciar
medidas corretivas em relação a essas possíveis irregularidades.

31. A análise detalhada prosseguiu destacando a definição de cargo


público e a importância dos princípios que norteiam a administração pública. Foi
esclarecido que os cargos públicos são posições ocupadas por indivíduos dentro de
órgãos governamentais ou instituições do setor público, e que o preenchimento desses
cargos geralmente ocorre por meio de concursos públicos, buscando garantir igualdade
de oportunidades e qualificação.

32. A acumulação de cargos públicos foi abordada de forma extensa,


esclarecendo que a regra geral é a vedação dessa prática, mas existem exceções
estabelecidas na Constituição Federal, como a acumulação de cargos de professor,
cargos técnico-científicos ou cargos de profissionais de saúde com profissões
regulamentadas, desde que haja compatibilidade de horários.

33. Adicionalmente, foi destacado o entendimento jurisprudencial


sobre a acumulação de aposentadorias/vencimentos e cargos públicos, apontando que,
de acordo com decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), a cumulação tríplice de
vencimentos ou proventos advindos dos cofres públicos não é permitida, mesmo para
cargos ocupados antes da Emenda Constitucional nº 20/1998.

34. No que diz respeito aos cargos de dedicação exclusiva, foram


explicadas suas características, incluindo o comprometimento integral do servidor com
suas atividades, as restrições a outras atividades remuneradas e os incentivos à
qualificação e produção científica.

35. Por fim, o parecer enfatizou que, em função das recentes


decisões do STF, a acumulação de cargos públicos, mesmo quando a carga horária
ultrapassa 60 horas semanais, é válida desde que cumpridos os requisitos legais e a

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compatibilidade de horários. No entanto, a cumulação tríplice de vencimentos ou
proventos advindos dos cofres públicos permanece vedada.

36. Diante disso, entende-se que é necessário observar


rigorosamente as normas vigentes e as decisões judiciais pertinentes para garantir a
legalidade e a conformidade das práticas de acumulação de cargos e vencimentos no
âmbito da administração pública municipal de Raposos, Minas Gerais, sob pena de
aplicação de sanções previstas na Lei Complementar Estadual nº 102/2008, bem como
responsabilização do gestor municipal por improbidade administrativa caso as supostas
ilegalidades persistam.

37. É entendimento do Escritório Pontes Matos Sociedade de


Advogados, a necessidade da prefeitura de raposos apurar se os funcionários Delia
Morais Ferreira Fonseca, Celia Antonia Soares, Janir Heronville Aurora, Sonia Silveira
Soares e Ligia Fernandes Bicalho, se encontram situação irregular como alegado pelo
TCEMG, em caso positivo, recomenda-se sanar as ilegalidades e em caso negativo,
responder ao oficio fundamentando o porquê de não haver erros a serem sanados.

38. Faz-se necessário, ainda, explicitar, que o presente parecer


trata, única e exclusivamente das questões jurídicas atinentes ao presente caso, não
sendo feito nesta ocasião qualquer avaliação contábil, fiscal e de viabilidade
econômico-financeira.

Esse é o parecer.
Belo Horizonte, 21 de agosto de 2023.

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Aéliton Matos Caroline A. de Freitas Maciel Pereira
OAB/MG 176.397 OAB/MG 183.202

Ariel Ferreira de Lacerda


OAB/MG 197.799

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