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PONTES MATOS – SOCIEDADE DE ADVOGADOS.

Parecer jurídico sobre a possibilidade de acréscimo de 20,07% (vinte virgula zero sete
por cento) no contrato administrativo referente a prestação de serviços de assessoria
em comunicação, enquadrados como atividades materiais acessórias, a fim de atender o
Município de Nepomuceno Minas Gerais.

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Belo Horizonte, 22 de agosto de 2023.

À
Excelentíssima Prefeita Municipal de Nepomuceno,
Senhora Luiza Maria Lima Menezes.

PARECER JURÍDICO – PREGÃO PRESENCIAL


– CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
– ACRÉSCIMO – (IN) POSSIBILIDADE.

I – RELATÓRIO.

01. O presente parecer jurídico é fruto de consulta realizada pela


Ilustríssima Senhora Prefeita do Município de Nepomuceno Minas Gerais, Luiza Maria
Lima Menezes, e objetiva a análise da possibilidade de acréscimo de 20,07% (vinte
virgula zero sete por cento), no instrumento contratual de prestação de serviço de
assessoria em comunicação, tendo em vista a necessidade de aumento dos serviços
prestados pela Empresa Reis & Scalioni LTDA.

02. No ofício nº 054/2023, é solicitado um aumento de R$ 2.500,00


(dois mil e quinhentos reais) mensais ao setor responsável, que no entendimento do
município seria equivalente a 20,07% (vinte virgula zero sete por cento) de acréscimo no
instrumento contratual.

03. Ocorre que o valor total do contrato de prestação de serviços nº


015/2022, equivale ao montante de R$ 144.000,00 (cento e quarenta e quatro mil
reais), que chegou ao fim em fevereiro de 2023 e foi prorrogado através do 1º aditivo
contratual, no importe de R$ 149.458,80 (cento e quarenta e nove mil, quatrocentos e

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cinquenta e oito reais e oitenta centavos), parcelados em 12 (doze) vezes de R$
12.454,90 (doze mil, quatrocentos e cinquenta e quatro reais e noventa centavos),
tendo como termo final fevereiro de 2024.

04. Entende-se que a porcentagem informada no ofício equivale às


parcelas pagas mensalmente de acordo com o aditivo contratual e não ao valor total do
contrato, pois, 20,07% (vinte virgula zero sete por cento) de R$ 12.454,90 (doze mil,
quatrocentos e cinquenta e quatro reais e noventa centavos), corresponde aos R$
2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), informados no ofício.

05. Levando em consideração que faltam 06 (seis) meses para o fim


do aditivo contratual o valor correto que se pretende acrescer é 10,04% (dez virgula
zero quatro por cento), sobre o valor total do 1º ADITIVO AO CONTRATO DE PRESTAÇÃO
DE SERVIÇOS Nº 015/2022.

06. Ab initio, insta destacar que o presente estudo trata,


exclusivamente, do posicionamento jurídico do escritório Pontes Matos – Sociedade de
Advogados – em relação ao tema proposto, não levando em consideração questões
contábeis ou administrativas. Assim, é de se ressaltar que sua adoção é de
responsabilidade exclusiva do consulente.

07. Passa-se, pois, ao objeto de análise.

II – FUNDAMENTOS.

II.1 – LICITAÇÃO E CONTRATAÇÃO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

08. O pregão é uma modalidade de licitação, utilizada para aquisição


de bens e serviços comuns, como aqueles que possuem características padronizadas e
ampla disponibilidade no mercado. Ele é regido pela Lei n.º 10.520/2002, mas também
pode ter regulamentações específicas em níveis estaduais e municipais. Aqui estão os

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principais passos envolvidos em um processo licitatório na modalidade pregão para a
formalização de um contrato de prestação de serviço:

a) Planejamento: Nesta fase, a entidade que deseja contratar o


serviço define suas necessidades e requisitos detalhados. O objeto do pregão (serviço a
ser contratado) deve ser bem especificado para garantir que os participantes possam
compreender claramente o que está sendo solicitado.

b) Edital: O edital do pregão é publicado contendo todas as


informações necessárias, como a descrição do serviço, critérios de habilitação, critérios
de julgamento das propostas, prazo, local e forma de apresentação das propostas, entre
outros.

c) Sessão Pública: A sessão pública é realizada na data e horário


estipulados no edital. Os licitantes interessados em participar do pregão se reúnem para
apresentar suas propostas e lances de forma presencial ou eletrônica, dependendo da
modalidade do pregão.

d) Habilitação: Inicialmente, são analisados os documentos de


habilitação dos licitantes, como comprovantes de regularidade fiscal, documentos
societários, entre outros. Aqueles que não atenderem aos requisitos de habilitação
serão inabilitados e não participarão das próximas etapas.

e) Fase de Lances: Os licitantes habilitados participam da fase de


lances, na qual apresentam propostas de preços mais vantajosas. Os lances devem ser
feitos em ordem crescente e devem ser realizados até que não haja mais interesse dos
licitantes em ofertar lances.

f) Julgamento e Vencedor: Após a fase de lances, a proposta que


oferecer o menor preço ou a mais vantajosa conforme os critérios estabelecidos no

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edital é declarada vencedora. Caso haja empate de preços, são aplicados critérios de
desempate, como sorteio.

g) Adjudicação: Uma vez definido o vencedor, a entidade


adjudica o objeto do pregão ao licitante selecionado, ou seja, confirma a escolha do
fornecedor que será contratado.

h) Homologação: Após a adjudicação, a autoridade competente


homologa o resultado do pregão, ratificando a escolha do vencedor.

i) Contratação: Após a homologação, é formalizado o contrato


de prestação de serviço com o licitante vencedor. O contrato deve conter todos os
detalhes acordados durante o processo licitatório.

09. Nesse interim, a contratação pela administração pública de


serviços de publicidade é regida pela lei nº 12.232/10, que estabelece normas gerais
sobre licitações e contratações pelo Executivo por intermédio de agências de
publicidade e propaganda.

10. Em seu art. 6º, inciso III e 7º, inciso IV, diz o seguinte:

Art. 6º A elaboração do instrumento convocatório das licitações


previstas nesta Lei obedecerá às exigências do art. 40 da Lei no 8.666,
de 21 de junho de 1993, com exceção das previstas nos incisos I e II do
seu § 2o, e às seguintes:
(...)
III - a proposta técnica será composta de um plano de comunicação
publicitária, pertinente às informações expressas no briefing, e de um
conjunto de informações referentes ao proponente; (Grifa-se).
(...)

Art. 7º O plano de comunicação publicitária de que trata o inciso III do


art. 6º desta Lei será composto dos seguintes quesitos:
(...)
IV - estratégia de mídia e não mídia, em que o proponente explicitará e
justificará a estratégia e as táticas recomendadas, em consonância com
a estratégia de comunicação publicitária por ela sugerida e em função

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da verba disponível indicada no instrumento convocatório,
apresentada sob a forma de textos, tabelas, gráficos, planilhas e por
quadro resumo que identificará as peças a serem veiculadas ou
distribuídas e suas respectivas quantidades, inserções e custos
nominais de produção e de veiculação. (Grifa-se).

11. Para a agência de propaganda participar do certame público, é


necessário que esta envie ao Executivo, um plano de comunicação publicitária, devendo
constar os serviços que serão realizados e suas respectivas quantidades, para que se
possa avaliar a capacidade de atendimento do licitante, nos termos do art. 8º da lei nº
12.232/10.1

12. Entende-se assim, que é fundamental seguir as regras e


procedimentos estabelecidos pela legislação para garantir a lisura, a transparência e a
legalidade do processo licitatório na modalidade pregão.

II.2 – ALTERAÇÃO DO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.

13. É permitido que a Administração Pública altere os contratos, seja


de forma consensual ou por determinação unilateral desta, nos termos do inciso I, do
art. 65 da lei 8.666/93.

14. Cumpre destacar que a legislação estabelece limites para as


alterações unilaterais, como não mudar o objeto da contratação.

15. Este limite também tem caráter constitucional, visto que o artigo
37, XXI, da Constituição Federal estabelece que as aquisições realizadas pelo setor
público, devem ser precedidas por processos de licitação, ou, de contratação direta.
Caso uma modificação contratual resulte em uma mudança significativa no objeto
original do contrato, a Administração estará, em essência, recebendo algo que não
passou pelo processo licitatório.
1
Art. 8º O conjunto de informações a que se refere o inciso III do art. 6º desta Lei será composto de
quesitos destinados a avaliar a capacidade de atendimento do proponente e o nível dos trabalhos por ele
realizados para seus clientes.

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16. Vale ressaltar, mesmo a Lei mencionando que as "alterações
unilaterais" não podem alterar substancialmente o objeto, é fundamental interpretar
essa disposição segundo a Constituição. Logo, é evidente que as modificações
contratuais acordadas entre as partes também não podem descaracterizar o objeto da
contratação.

17. O §1º e 2º do art. 65 da lei 8.666/93 versa o seguinte:

Art. 65.  Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com
as devidas justificativas, nos seguintes casos:
§ 1.º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições
contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras,
serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial
atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou
de equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por cento) para os
seus acréscimos.
§ 2.º Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os limites
estabelecidos no parágrafo anterior, salvo:
II - as supressões resultantes de acordo celebrado entre os
contratantes.

18. Pelo regime da Lei n.º 8.666/93, então, as alterações unilaterais


e as alterações consensuais (ressalvada a exceção legal) estão submetidas aos limites
percentuais delimitados.

19. É importante destacar que a MP 1.167/2023, prorrogou a


validade da Lei n.º 8.666/93 e Lei 10.520/02 até 30 de dezembro de 2023. Logo, a lei
14.133/21, que unifica a legislação, ainda não está em vigor. Contudo é importante
pontuar que na nova legislação é restringido os limites percentuais apenas às alterações
unilaterais em relação ao valor original atualizado do contrato. Não existe uma regra
equivalente à do artigo 65, § 2º da Lei n.º 8.666/93.

20. O contrato administrativo sob análise apresenta uma natureza


distinta da ata que, conforme a nomenclatura indica, registra os quantitativos e preços,
abrangendo o compromisso do fornecedor para com as necessidades da administração

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que surgirem ao longo do período de validade pertinente. Ao contrário disso, o contrato
é um acordo jurídico de caráter obrigatório e ostenta atributos próprios, regulados pelas
normas legais e pelas cláusulas exorbitantes.

21. Nessa linha de raciocínio, traz-se à colação um trecho do acórdão


emitido pelo TJMG no âmbito da Apelação Cível n.º 1.0040.16.011314-4/001, que
abordou a questão referente à viabilidade de aditamentos em contratos
administrativos. Destaca-se.

Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as


devidas justificativas, nos seguintes casos: I - unilateralmente pela
Administração: (...) b) quando necessária a modificação do valor
contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de
seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei; (...) § 1.º O contratado
fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os
acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou
compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado
Acréscimo
do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou de
Unilateral,
equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por cento) para os seus
Contrato
Administrativo acréscimos. - destaquei. Na hipótese dos autos, a contratação da
empresa Instituto Químico Bacteriológico e Vacinoterápico LTDA. foi
precedida de licitação por pregão presencial, modalidade adequada
para a aquisição de bens e serviços comuns, nos termos da Lei n.
10.520/2003. O contrato administrativo foi celebrado em 24 de junho
de 2013, cujo objeto consistia "na prestação de serviços de exames
Data do laboratoriais de análises clínicas para atender o pronto atendimento
Julgamento: municipal", com prazo de duração de 12 (doze) meses (documento n.
09/08/2021.
03 - pp. 110/117). Antes do término do ajuste, em 05 de junho de
2014, o apelante aprovou a prorrogação do prazo inicialmente
contratado por mais 01 (um) ano, passando a contratação a viger até
23/06/2015, com acréscimo de 25% (vinte e cinco por cento) do valor
contratual "visto as justificativas de necessidade apresentada pela
secretaria responsável pela execução dos contratos e com parecer
favorável da Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos" (documento
n. 03 - p. 140). A prorrogação e o aditivo em questão foram solicitados
pela Secretária Municipal de Saúdem com a finalidade de anteder a
demanda da pasta, sendo realizada a consulta jurídica prévia à
Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos, a qual deu parecer
asseverando que: "Visto os motivos apresentados pela Secretaria
requisitante, não vemos óbice na concretização do aditamento
proposto, por estar de acordo com o permissivo previsto na legislação
pertinente de Licitações e Contratos" (documento n. 03 -p. 139). (TJMG
- Apelação Cível 1.0040.16.011314-4/001, Relator(a): Des.(a) Edilson
Olímpio Fernandes, 6ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 03/08/2021,
publicação da súmula em 09/08/2021). (Grifa-se).

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22. Também é entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU) a
possibilidade de acréscimo, de forma unilateral pela administração pública, desde que
respeitado os limites imposto pela legislação, sob pena de multa:

Como regra geral, para atendimento dos limites definidos no art. 65,
Acréscimo §§ 1º e 2º, da Lei 8.666/1993, os acréscimos ou supressões nos
Unilateral, montantes dos contratos firmados pelos órgãos e entidades da
Contrato ADM Administração Pública devem ser considerados de forma isolada,
sendo calculados sobre o valor original do contrato, vedada a
compensação entre acréscimos e supressões. Acórdão 1536/2016-
Plenário | Relator: BRUNO DANTAS ÁREA: Contrato Administrativo |
TEMA: Aditivo | SUBTEMA: Limite Outros indexadores: Vedação,
Acréscimo, Compensação, Consulta, Supressão-Publicado: - Boletim de
Jurisprudência nº 132 de 04/07/2016. (Grifa-se).

Acréscimo É cabível a responsabilização do gestor pela autorização de acréscimo


Unilateral, contratual superior aos permitidos em lei (art.65, §§1 e 2º, Lei nº
Contrato ADM 8.666/1993) . Acórdão 4702/2014-Primeira Câmara | Relator: JOSÉ
MUCIO MONTEIRO - ÁREA: Responsabilidade | TEMA: Contrato
administrativo | SUBTEMA: Aditivo - Outros indexadores: Limite
máximo, Acréscimo. (Grifa-se).

23. Traz-se à luz a lição de Carlos Ari Sundfeld sobre a matéria:

É perfeitamente natural ao contrato administrativo a faculdade de o


Estado introduzir alterações contratuais. Trata-se de instrumentá-lo
com os poderes indispensáveis à persecução do interesse público. Caso
a administração ficasse totalmente vinculada pelo que avençou, com o
correlato direto de o particular exigir a integral observância do pacto,
eventuais alterações do interesse público – decorrentes de fatos
supervenientes ao contrato – não teriam como ser atendidas. Em
suma, a possibilidade de o Poder Público modificar unilateralmente o
vínculo constituído é corolário da prioridade do interesse público em
relação ao privado, bem assim de sua indisponibilidade. (Grifa-se).

24. Com base no ofício de n.º 054/2023 enviado ao setor de


licitações da Prefeitura Municipal de Nepomuceno, entende-se, que se trata de um
acréscimo contratual que possibilitará a continuação dos serviços (observância da
continuidade do serviço público), não afetará os administrados (princípio do interesse

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público), bem como seguirá as cláusulas contratuais vigentes ao tempo da assinatura
(vantajosidade administrativa).

25. Todavia, no que tange a vantajosidade administrativa, em que


pese estar implicitamente demonstrada, sua comprovação deverá ser atestada por meio
de pesquisa de mercado, isto é, análise dos valores cobrados para a prestação do
serviço objeto do contrato que se pretende aumentar.

26. Nessa toada, tem-se entendimento exarado pelo Tribunal de


Contas do Estado de São Paulo (TCE/SP), proferido no bojo do processo n.º TC –
000192/006/11, em sessão de 28/03/2018, segundo o qual, a vantajosidade
administrativa se comprova por meio de pesquisa de mercado. Cita-se.

Vantajosidade Compete à Administração, no intento de prorrogar a avença com


pesquisa de fulcro no referido dispositivo legal, demonstrar que o valor
mercado contratado está em consonância com os praticados no mercado, o
que se efetiva por meio de pesquisa de preços realizada com
empresas do ramo. Demais disso, tratando-se de produtos e serviços
de informática, há de se esperar que avanços tecnológicos constantes
Data do e aumento da concorrência reflitam positivamente na redução dos
Julgamento: seus preços, o que reforça a necessidade de comprovação da
28/03/2018. vantajosidade da dilação do ajuste. (Grifa-se)

27. O TCU, de igual forma entende pela necessidade da pesquisa de mercado,


para caracterizar a vantajosidade nas contratações do executivo. Veja-se.

Todas contratações, inclusive as realizadas por meio de adesões a


Pesquisa de atas de registro de preço, devem ser precedidas de ampla pesquisa
mercado, de mercado, visando caracterizar sua vantajosidade sob os aspectos
vantajosidade técnicos, econômicos e temporais, sem prejuízo de outras etapas do
planejamento. Acórdão 1793/2011-Plenário | Relator: VALMIR
CAMPELO - ÁREA: Licitação | TEMA: Orçamento estimativo |
SUBTEMA: Elaboração - Outros indexadores: Obrigatoriedade,
Pesquisa, Adesão à ata de registro de preços, Preço de mercado.
(Grifa-se)

28. Assim, levando-se em consideração o ofício n.º 054/2023 e tudo


que fora exposto, mostra-se necessário, para afastar qualquer dúvida quanto à

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vantajosidade no acréscimo pleiteado, que eventual autorização do Chefe do Executivo
Municipal venha aderida com pesquisa de valores de mercado.

29. Conforme exposto, a alteração dos contratos administrativos é


uma possibilidade legítima, preceito de ordem pública e, para tanto, deve observar as
condições legais para efetivação destas modificações.

30. Usualmente a doutrina classifica as modificações em qualitativas


ou quantitativas. A primeira é definida como indispensável quando houver necessidade
de modificar o projeto ou as especificações, para melhor adequação técnica aos seus
objetivos, ou seja, significa que essa alteração pretende ajustar alguma especificação,
metodologia, técnica empregada, não podendo, contudo, alterar o objeto (gênero e
espécie).

31. Nas alterações quantitativas modifica-se a dimensão do objeto,


isto é, o objeto que era inicialmente previsto em determinada quantidade, será
adquirido em maiores ou menores quantias. Admite-se que no curso da execução
contratual poderá a Administração deparar-se com a necessidade de ampliar ou
restringir o objeto do contrato, conforme determinar o interesse público. Essa alteração
envolve simples variações de quantidade do objeto.

32. É certo, conforme preconiza o caput do art. 65, da Lei n.º


8.666/93, e decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que as alterações contratuais
devem ser justificadas e que tal deve ser amparada na Lei. A rigidez do sistema conduz à
obrigatoriedade de que qualquer alteração contratual seja devidamente demonstrada.
Assim diz o Tribunal de Contas:

Entendo que havidas as devidas justificativas técnicas, o aditamento


Necessidade de contratual deve ser permitido, ainda que o regime seja por preço
justificativa para global, sem se necessitar da hipótese de fato imprevisível. No caso em
aprovação dos tela, a deficiência de configuração do projeto básico deixava aberta a
aditivos no
possibilidade de ser necessária a inclusão de serviços novos ou o
Contrato
Administrativo acréscimo de novas quantidades aos já existentes. O que não se deve

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tolerar é a aprovação de tais aditivos sem qualquer justificativa além
da exigência de adequação ao projeto executivo, ou fora dos limites
da Lei. Nas palavras de Marçal Justen Filho: “Pretende-se que a
empreitada global imporia ao particular o dever de realizar o objeto,
de modo integral, arcando com todas as variações possíveis. Vale dizer,
seriam atribuídos ao contrato os riscos por eventuais eventos
supervenientes, que pudessem elevar os custos ou importar ônus
imprevistos inicialmente. Essa concepção é equivocada. (...) Se a
Administração não definir precisamente o objeto que será executado,
cada licitante adotará interpretação própria (...) as propostas não serão
compatíveis entre si (...). Poderia imaginar-se que todos os licitantes
incluiriam em sua proposta verbas destinadas a fazer face a essas
eventualidades (...) as propostas teriam valor mais elevado. (...) Outra
alternativa é que todos ou alguns dos licitantes resolves sem correr o
risco e formulassem propostas não comportando imprevisto. Se esses
viessem a ocorrer, a execução do objeto se tornaria inviável (...) (AC –
1461-38/03-P Sessão: 01/10/03). (Grifa-se).

A alteração de contrato sem as devidas justificativas sujeita os


Justificativa no responsáveis a sanções, inclusive multa, no caso de reincidência na
Contrato
irregularidade. Acórdão 517/2011-Plenário | Relator: JOSÉ MUCIO
Administrativo
MONTEIRO - ÁREA: Contrato Administrativo | TEMA: Aditivo |
SUBTEMA: Requisito - Outros indexadores: Justificativa,
Responsabilidade. (Grifa-se).

Alterações contratuais, mesmo com efeito financeiro nulo,


desacompanhadas de justificativas técnicas e jurídicas das
Justificativa no
composições de preços novos e da demonstração da manutenção do
Contrato
Administrativo
desconto advindo da licitação caracterizam infração ao art. 65 da Lei
8.666/1993 e ao art. 3º, c/c arts. 14 e 15, do Decreto 7.983/2013 e
podem sujeitar os responsáveis a pena de multa.Acórdão 2203/2017-
Plenário | Relator: VITAL DO RÊGO- ÁREA: Responsabilidade | TEMA:
Contrato administrativo | SUBTEMA: Aditivo - Outros indexadores:
Justificativa, Manutenção, Desconto, Preço, Licitação - Publicado:-
Informativo de Licitações e Contratos nº 333 de 07/11/2017 - Boletim
de Jurisprudência nº 193 de 23/10/2017. (Grifa-se).

33. Registra-se que, para se considerar legalmente correta a


alteração, deve-se demonstrar o atendimento ao interesse Público, bem como que a
alteração contratual tenha caráter excepcional e tecnicamente justificável, além do
ganho palpável, quantitativo ou qualitativo, para a Administração Pública, nos termos
das alíneas “a” e “b” do inciso I, do art. 65 da Lei n.º 8.666/93, para comprovar a
viabilidade técnica e a econômica do acréscimo perante uma nova licitação.

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34. Ao analisar o contrato de prestação de serviços 015/2022, por
mais que em sua cláusula primeira tenha sido delimitado o objeto, a quantidade dos
serviços que seriam prestados não foi especificada, sendo esse um dos requisitos para
acréscimo de valor, nos termos do art. 65, I, alínea “b”, da lei 8.666/93.

35. Contudo, conforme exposto no parágrafo “07” deste documento,


para as agências de publicidade e propaganda participarem de licitações é necessário
que essas enviem um plano de comunicação publicitária, que deverá constar os serviços
a serem realizados, bem como suas respectivas quantidades. Logo, por mais que não
esteja estipulado no contrato de prestação de serviço a quantidade dos trabalhos, caso
estes façam parte da proposta técnica enviada à administração, será possível o
acréscimo de valores em decorrência do aumento da demanda.

36. Além da obediência ao limite legal, os cálculos dos acréscimos e


supressões deverão seguir o posicionamento do TCU apresentado em reiteradas
decisões, no sentido de que o cálculo das modificações deve ser feito de forma
individual, vedada a compensação, veja-se:

Na alteração dos valores de contratos, não pode haver compensação


entre acréscimos e decréscimos com intuito de permanecer dentro do
Alteração de
percentual permitido em lei, de 25%. Para isso, o cálculo das
valores
modificações deve ser feito de forma individual sobre o valor original
do contrato, vedada a compensação entre os valores. Neste sentido,
podemos citar os Acórdãos: 1.733/2009, 7492010, 2.059/2013,
2.157/2013, 2.064/2014 e 1.498/2015, todos do TCU.

Em caso de aditivos contratuais em que se incluam ou se suprimam


quantitativos de serviços, o conjunto de reduções e o conjunto de
Alteração de acréscimos devem ser sempre calculados sobre o valor original do
valores contrato, aplicando-se a cada um desses conjuntos, individualmente e
sem nenhum tipo de compensação entre eles, os limites de alteração
estabelecidos no art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993. Acórdão 1200/2010-
Plenário | Relator: MARCOS BEMQUERER - ÁREA: Contrato
Administrativo | TEMA: Aditivo | SUBTEMA: Limite - Outros
indexadores: Vedação, Acréscimo, Compensação, Supressão.

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37. Assim, o cálculo deve ser individual para cada alteração
unilateral e, ainda, deve considerar a base de cálculo prevista na Lei n.º 8.666/93, que é
o valor total do contrato atualizado, ou seja, o valor original do contrato acrescido de
eventuais reajustes incidentes até o momento do acréscimo ou supressão.

38. Conclui-se, portanto, que segundo o entendimento


jurisprudencial e a legislação acima reproduzida, especialmente do art. 65 da Lei n.º
8.666/93, admite-se que a dimensão do objeto contratual sofra ampliação ou redução
de forma unilateral, desde que o acréscimo ou supressão, em valor, não ultrapasse
25% (vinte e cinco por cento) do preço inicial .

III – FORMALIZAÇÃO DO TERMO ADITIVO.

39. Embora não seja necessário instaurar um novo processo para a


formalização do termo aditivo, este deve ser inserido nos autos da licitação existente,
seguindo a ordem cronológica da execução contratual, uma vez que é imperioso a
formalização das alterações contratuais.

40. O Tribunal de Contas da União, em diversas oportunidades, já se


manifestou sobre a obrigatoriedade de o Termo Aditivo ao Contrato ser formalmente
registrado, sendo considerada irregularidade grave a ausência do instrumento. Assim, o
Termo Aditivo para alteração contratual deverá ser formalizado no processo do contrato
principal e deverá conter as cláusulas mínimas necessárias para a sua compreensão e
eficácia.

41. Dessa forma, o termo aditivo para a prorrogação de vigência,


acréscimo e supressão deverá ser formalizado no processo do contrato principal. A ideia
é que o caderno processual conte a história da licitação e do contrato, de modo que os
interessados, a sociedade e os órgãos/instituições de controle possam formar cognição,
de modo fácil, claro e seguro, a respeito de toda a ação administrativa que ali se
desenvolveu.

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42. Então, não se deve iniciar um processo novo para o termo
aditivo, mas sim juntá-lo no processo já existente conforme a sequência cronológica,
acompanhado de todos os documentos pertinentes.

43. Como se pôde observar, as alterações contratuais de forma


unilateral são verdadeiras prerrogativas da Administração, sendo consequência da
presunção das chamadas cláusulas exorbitantes, de presença obrigatória nos contratos
administrativos.

44. Portanto, tem o gestor público o poder/dever de realizar as


modificações sempre que se verificar necessidades supervenientes ao objeto contratual.
Tais necessidades devem ser essenciais para a satisfação do interesse público inserido
no contrato.

IV – CONCLUSÃO.

45. Diante do aqui exposto, o parecerista entende pela possibilidade


de acréscimo de 20,07% (vinte virgula zero sete por cento) em cada parcela restante do
contrato e de 10,04% (dez virgula zero quatro por cento) sobre o valor total do 1º
aditivo contratual, ainda que de forma unilateral, por não ultrapassar o mínimo legal.
Desde que esteja previsto no plano de comunicação publicitária a quantidade dos
serviços de assessoria em comunicação que Empresa Reis & Scalioni iria prestar ao
executivo.

46. Dessa forma, sugere-se que a Municipalidade realize pesquisa de


preço, para comprovar que o acréscimo é vantajoso para o erário e os valores se
encontram em conformidade com os praticados pelo mercado.

47. Faz-se necessário, ainda, explicitar, que o presente parecer


trata, única e exclusivamente, das questões jurídicas atinentes ao presente caso, não

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sendo feito nesta ocasião qualquer avaliação contábil, fiscal e de viabilidade
econômico-financeira.

Esse é o parecer.

Belo Horizonte, 23 de agosto de 2023.

Aéliton Matos Caroline A. de Freitas Maciel Pereira


OAB/MG 176.397 OAB/MG 183.202

Ariel Ferreira de Lacerda


OAB/MG 197.799

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