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SISTEMA TRIBUTÁRIO

NACIONAL

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CONTEXTO HISTÓRICO

As primeiras manifestações tributárias foram voluntárias e feitas em forma de


presentes aos líderes tribais por seus serviços prestados à comunidade. Depois,
passaram a ser compulsórios quando os derrotados nas guerras eram forçados a
entregar a totalidade ou parte de seus bens aos vitoriosos.

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SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL

O conjunto de normas reguladoras (constitucionais e infraconstitucionais)


destinadas a regular a instituição, a cobrança, a arrecadação e a partilha de
tributos cobrados em todo o território nacional, independente da titularidade
deste ou daquele ente público.

O sistema tributário nacional está em grande parte estabelecido no Título VI, Capítulo
I, art. 145 ao 162 da CF/88, além destas normas nominalmente identificadas podemos
incluir outras previstas na Constituição , art. 194 a 195, que tratam das contribuições
para a seguridade social.

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ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO

O Estado, como sociedade política, possui um fim geral, na teoria comum a todos,
constituindo-se em meio para que os indivíduos e as demais sociedades possam
atingir seus respectivos fins particulares. O objetivo do Estado é o bem comum,
ou seja, o conjunto de todas as condições de vida social que consistam e favoreçam o
desenvolvimento integral da personalidade humana.

Por intermédio da atividade financeira, o estado desenvolve diversos atos voltados


para a obtenção, gestão e aplicação de recursos pecuniários nos fins perseguidos pelo
poder público. Os tributos são receitas derivadas, arrecadadas pelo Estado, para
financiar a despesa pública.

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De modo geral o Sistema Tributário Nacional (STN) essencialmente abrange:

 I - A discriminação de competências, inclusive o delineamento geral dos


impostos atribuídos a cada uma das pessoas políticas (divisão/repartição do
poder de tributar);

 II - Os princípios constitucionais tributários e outras limitações ao poder de


tributar e imunidades (limitações ao poder de tributar e imunidades);

 III - A repartição das receitas tributárias (parte da receita derivada que cabe a
cada ente federado).

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I - COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

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COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

A repartição da competência tributária é instituída e distribuída aos entes


políticos que possuem capacidade legislativa, a Constituição Federal de
1988 estabelece quais serão os tributos que cada um dos entes federativos
poderá instituir e cobrar, essa atribuição de competência não é delegável,
embora a capacidade ativa para cobrar o tributo possa ser
transferida.

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COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

Os tributos dividem-se de acordo com os entes tributantes: federais, estaduais e


municipais. É necessário enfatizar que o Distrito Federal acumula a competência
estadual e municipal, posto que seu poder legislativo tem caráter “híbrido”.

 UNIÃO;

 ESTADOS;

 MUNICÍPIOS;

 DISTRITO FEDERAL.
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CARACTERÍSTICAS DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

FACULTATIVA: aptidão facultativa dos entes federativos que possuem a opção de


instituir tributos (não é obrigatório).

INDELEGÁVEL: um ente não pode delegar a outro sua aptidão de criar e arrecadar
determinado tributo (diferente de capacidade tributária).

IMPRESCRITÍVEL: se o ente federativo optar por não exercer sua aptidão de criar um
determinado tributo, essa “faculdade” não se exaure, nem se encerra.

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CARACTERÍSTICAS DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

IRRENUNCIÁVEL: impossibilidade de abrir mão da aptidão dos entes


federativos de criar tributos.

INALTERÁVEL: impossibilidade dos entes federativos modificar a extensão


ou dimensão das faculdades concedidas a eles.

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CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

 COMPETÊNCIA PRIVATIVA

A competência privativa diz respeito à aptidão exclusiva de criar tributos.

Exemplos: Impostos.

 COMPETÊNCIA COMUM

Existe o compartilhamento da aptidão de instituir tributos entre dois ou mais entes federativos.

Exemplos: Taxas e contribuições de melhorias.

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CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

 COMPETÊNCIA RESIDUAL

A competência residual diz respeito à possibilidade de a União instituir impostos não


previstos na Constituição Federal, desde que o faça mediante lei complementar
conforme descrito no art. 154, inciso I, da CF.

 COMPETÊNCIA CUMULATIVA

Surge no art. 147 da CF, e se refere à aptidão da União, de criar tributos em Territórios
Federais, e à aptidão do Distrito Federal, de instituir os impostos atribuídos à
competência dos Estados e Municípios.
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CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

 COMPETÊNCIA ESPECIAL

Diz respeito a situações especiais já previstas pela Constituição Federal nos artigos 148 e
149 da CF.

Exemplos: empréstimos compulsórios e as contribuições especiais.

 COMPETÊNCIA EXTRAORDINÁRIA

É aquela conferida à União, facultando-lhe a aptidão de instituir o Imposto Extraordinário


de Guerra (IEG) conforme previsto no art. 154, inciso II da CF.
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TRIBUTOS DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO

Art. 153 (CF/88) Compete à União instituir impostos sobre:

I - importação de produtos estrangeiros (II);

II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados (IE);

III - renda e proventos de qualquer natureza (IR);

IV - produtos industrializados (IPI);

V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF);

VI - propriedade territorial rural (ITR);

VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar (ISGF).


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TRIBUTOS DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO

EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS

Art. 148 (CF/88) A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:

I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua
iminência;

II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto
no art. 150, III, "b;

Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa
que fundamentou sua instituição.

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TRIBUTOS DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO

IMPOSTOS RESIDUAIS

Art. 154 (CF/88) A União poderá instituir:

I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que
sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos
discriminados nesta Constituição;

II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários,


compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos,
gradativamente, cessadas as causas de sua criação.
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TRIBUTOS DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS - ART. 149 E 195 DA CF 88

Contribuição ao INSS;

Contribuição para o Financiamento de Seguridade Social – COFINS;

Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido – CSLL;

Contribuição para o Programa de Integração Social e Formação do Patrimônio do Servidor Público - (PIS/ Pasep);

Contribuição previdenciária dos servidores públicos federais.

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TRIBUTOS DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS - ART. 195 DA CF 88

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

[...]

§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou


expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.

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TRIBUTOS DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO

TAXAS – art. 145 inciso II da CF/88;

CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA - art. 145 inciso III da CF/88.

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TRIBUTOS DE COMPETÊNCIA DOS ESTADOS E DF

Art. 155 (CF/88) Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:

I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos (ITCMD);

II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de


transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as
prestações se iniciem no exterior (ICMS);

III - propriedade de veículos automotores (IPVA).

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TRIBUTOS DE COMPETÊNCIA DOS ESTADOS E DF

Taxas – art. 145 inciso II da CF/88;

Contribuições de Melhoria - art. 145 inciso III da CF/88;

Contribuição previdenciária dos servidores públicos estaduais – art. 149, § 1º da CF/88.

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TRIBUTOS DE COMPETÊNCIA DOS MUNICIPIOS E DF

Art. 156 (CF/88) Compete aos Municípios instituir impostos sobre:

I - propriedade predial e territorial urbana (IPTU/ITU);

II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por
natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem
como cessão de direitos a sua aquisição (ITBI);

III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei
complementar (ISSQN).

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TRIBUTOS DE COMPETÊNCIA DOS MUNICIPIOS E DF

Taxas – art. 145 inciso II da CF/88;

Contribuições de Melhoria - art. 145 inciso III da CF/88;

Contribuição previdenciária dos servidores públicos municipais – art. 149, § 1º da CF/88.

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III - REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS

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REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS

A repartição das receitas tributárias arrecadadas decorrente do poder de


tributar dos entes federados se encontra disciplinada na Constituição Federal
de 1988 em seus artigos 157 ao 162, que se submetem ao princípio do
federalismo cooperativo (ente de maior poder arrecadatório transfere
receita para os entes de menor poder).

UNIÃO $ ESTADOS $ MUNICÍPIOS

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REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS

50% - ITR – (da União, podendo ser 100%) CF, art. 158, II;
50% - IPVA – (do Estado), CF, art. 158, III;
AOS MUNICÍPIOS
25% - ICMS – (do Estado) CF, art. 158, IV;
25% - do montante recebido pelos Estados – exportações (CF, 159, § 3º).

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REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS

AOS ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS

20% - Imposto “novo” que vier a ser criado, competência residual da União para os Estados e Distrito
Federal (CF, art. 154, I, c/c 157, II).

10% do IPI - Estados e Distrito Federal - Proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de
produtos industrializados, limitado a 20% desse montante (CF, 159, II e § 2º).

100% do IR retido de seus respectivos servidores e demais pagamentos a qualquer título. Obs.: Tema
1130.

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REPARTIÇÃO DAS RECEITAS TRIBUTÁRIAS

AOS ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS

21,5% ao Fundo de Participação dos Estados e DF - FPE (CF, art. 159, I, “a”);
22,5 % ao Fundo de Participação do Município – FPM (CF, art. 159, I, “b”);
IR E IPI - 48% 3 % a programas de financiamento do setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e
Centro Oeste (CF, art. 159, I, “c”);
1% ao Fundo de Participação do Município - FPM (CF, art. 159, I, “d”).

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REPARTIÇÕES ATRAVÉS DE TRANSFERÊNCIAS DIRETAS

AOS ESTADOS E AO DF:

 100% do IR incidente na fonte sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles,
suas fundações públicas e autarquias (CF, art. 157, I);

 30% do IOF sobre ouro (CF art. 153, § 5º, I).

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REPARTIÇÕES ATRAVÉS DE TRANSFERÊNCIAS DIRETAS

AOS MUNICÍPIOS:

100% do IR incidente na fonte sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas fundações públicas
e autarquias (CF, art. 158,I);

ITR

 50%, se fiscalizado e cobrado pela União (CF, art. 158, II);

 100%, se, por opção, fiscalizado e cobrado pelo Município (CF, art. 158, II);

70% do IOF sobre ouro, ativo financeiro (CF, art. 153, § 5º, II);

50% do IPVA, veículos registrados em seu território (CF, art. 158, III);

25% do repasse da CIDE combustíveis (CF, art. 159, II e seu § 4º).


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REPARTIÇÕES ATRAVÉS DE TRANSFERÊNCIAS INDIRETAS (VIA FUNDOS)

FPE – FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS E DO DF

21,5% do IR e do IPI (CF, art. 159, I, “a”);

20% do imposto que vier a ser criado pela competência residual da União (CF, art. 154, I,
c/c 157, II);

29% da CIDE combustíveis (CF, art. 159, III).

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REPARTIÇÕES ATRAVÉS DE TRANSFERÊNCIAS INDIRETAS (VIA FUNDOS)

FPM – FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS:

22,5% do IR e do IPI (CF, art. 159, I, “b”);

25% do ICMS (CF, art. 158, IV);

25% (dos 29%) da CIDE combustíveis recebidos pelo Estado (CF, art. 159, II);

25% (dos 10%) do IPI recebidos pelo Estado (compensação por exportações de produtos industrializados)
CF, 159, § 3º.

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REPARTIÇÕES ATRAVÉS DE TRANSFERÊNCIAS INDIRETAS (VIA FUNDOS)

Fundo para os programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste
e Centro-oeste – 3% do IR e do IPI, CF, art. 159, I, “c”.

Fundo compensatório por exportações de produtos industrializados – do IPI arrecadado >


10% (entregue aos Estados e ao DF, na proporção de suas exportações) CF, 159, II e §
2º).

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