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DIREITO TRIBUTÁRIO I

PROF. JURACY MARTINS


SANTANA
Juracy_adv@hotmail.com
ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO

CLASSIFICAÇÃO DASRECEITAS PÚBLICAS:


 ORIGINÁRIAS OU PATRIMONIAIS (Os recursos são
obtidos com a exploração econômica do patrimônio
do estado – terras, casas, empresas, direitos, etc.)
 Nos estados pretéritos, a riqueza estava
concentrada nas mãos do soberano.
 O estado socialista detinha todos os meios de
produção.
 O estado moderno deve abster-se da exploração de
atividade econômica, a não ser nos casos previstos
em lei.
ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO

CLASSIFICAÇÃO DAS RECEITAS PÚBLICAS:


ORIGINÁRIAS OU PATRIMONIAIS
Ressalvados os casos previstos nesta
Constituição, a exploração direta de
atividade econômica pelo Estado só será
permitida quando necessária aos
imperativos da segurança nacional ou a
relevante interesse coletivo, conforme
definidos em lei. (CF/88, art. 173)
ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO

CLASSIFICAÇÃO DAS RECEITAS PÚBLICAS:


DERIVADAS OU TRIBUTÁRIAS (Os recursos são
obtidos a partir da instituição e cobrança de tributos
pelo estado)

Constitui a forma mais importante de obtenção de


receitas no estado moderno.

A carga tributária e os tipos de tributo variam de


estado para estado, conforme autorização dada pela
ordem jurídica para sua exigência
DISCRIMINAÇÃO DAS RECEITAS
TRIBUTÁRIAS

 IMPOSTOS;
 TAXAS (pela prestação de serviço pelo Estado ou
pelo exercício do poder de polícia);
 CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA (decorrente de
realização de obra pública);
 CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS (sociais, de intervenção
no domínio econômico, de categorias econômicas e
profissionais de iluminação pública e para custeio da
seguridade social);
 EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO;
O BRASIL ADOTOU O SISTEMA PENTAPARTITE!
IMPOSTOS, TAXAS E CONTRIBUIÇÃO DE
MELHORIA NA CRFB/888

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
I - impostos;
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou
pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos
específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou
postos a sua disposição;
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

TODOS OS ENTES POLÍTICOS (UNIÃO, ESTADOS, DF


E MUNICÍPIOS TÊM COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
PARA INSTITUIR TAIS TRIBUTOS
EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO NA CRFB/88

Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá


instituir empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de
calamidade pública,
de guerra externa ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de
relevante interesse nacional, observado o disposto no art.
150, III, b

SOMENTE A UNIÃO DETÉM A COMPETÊNCIA PARA


INSTITUIR EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS NA CRFB/88

Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições


sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das
categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de
sua atuação nas respectivas áreas [...]. (SOMENTE A UNIÃO)
§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão
contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em
benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40,
[...]. (CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA PARA CUSTEIO DO
RGPS: UNIÃO, ESTADOS, DF E MUNICIPIOS)

CONTRIBUIÇÃO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA


Art. 149-A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir
contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do
serviço de iluminação pública, [...]. (DF E MUNICÍPIOS)
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA
TRIBUTAÇÃO
 Inglaterra: exigência de valores para limpeza das
fossas;
 Espanha (cortes do Rei Leão – século XII): A
cobrança de impostos requeria aprovação pelos
delegados dos contribuintes;
 Portugal (século XV): Os impostos necessários eram
obtidos mediante convocação da corte de Lamengo;
 França (século XVI): Reunião dos representantes da
nobreza, clero e o povo, para obtenção dos tributos
(mas, alguns reis achavam desnecessário);
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA
TRIBUTAÇÃO
 Inglaterra (século XIII): A célebre luta dos barões contra o
rei João Sem terra resultou na Carta Magna de 1215 – a
cobrança de qualquer tributo dependia da aprovação do
conselho do reino;

 As revoluções e os tributos

 Brasil colônia: pau-brasil 20%, em espécie; mercadorias


importadas e exportadas, 10%; metais preciosos
encontrados, 20% (quinto); pescado e colheitas, 10%
(dízimo); escravização de índios, valor especificado pela
coroa portuguesa (sisa)
ESTADO E SEU PODER DE TRIBUTAR

Faculdade que o estado tem - atribuída pela


ordem jurídica ou decorrente do arbítrio do
soberano (estados absolutos) - de instituir e
exigir tributos dos particulares que estão
sujeitos a sua soberania territorial.
A origem do poder de tributar depende do
modelo de estado vigente (estado absoluto e
estado de direito).
Com a criação do estado de direito, legado pela
revolução francesa, somente a lei poderá
outorgar tal poder ao estado.
O PODER DE TRIBUTAR NO ESTADO
ABSOLUTO
A relação tributária é uma relação de poder, não
se levando em conta a finalidade de interesse
público:
O absolutismo monárquico exercia desregradamente
no campo das imposições fiscais (...) e saiam a
cobrá-las a ordem e agentes de soberanos que
precisavam de recursos para seus confortos, seus
luxos, suas ostentações, para a realização de seus
interesses dinásticos e para suas guerras de pendor
pessoal e de conquistas.
O PODER DE TRIBUTAR NO ESTADO DE
DIREITO

 O PODER DE TRIBUTAR NO ESTADO DE


DIREITO: relação tributária deixa de ser uma
relação de poder e passa a ser uma relação
jurídica)

 O PODER DE TRIBUTAR NO ESTADO


DEMOCRÁTICO DE DIREITO: o poder de tributar é
exercido pelo estado, sob delegação do povo (os
tributos são consentidos pelo contribuinte).
O PODER DE TRIBUTAR NO ESTADO DE
DIREITO

 O PODER DE TRIBUTAR NO ESTADO DE


DIREITO: relação tributária deixa de ser uma
relação de poder e passa a ser uma relação
jurídica)

 O PODER DE TRIBUTAR NO ESTADO


DEMOCRÁTICO DE DIREITO: o poder de tributar é
exercido pelo estado, sob delegação do povo (os
tributos são consentidos pelo contribuinte).
O PODER DE TRIBUTAR NO ESTADO
DEMOCRÁTICO DE DIREITO
Carrazza preleciona que “editada a lei, a
sociedade, por seus representantes imediatos
(os legisladores), se autorregula; vale dizer, se
impõe normas que cercearão a liberdade e a
propriedade de seus membros, tendo em vista o
bem comum”.
“Portanto, uma vez organizado o Estado,
através de sua Constituição, fica também
delimitado o seu poder de tributar, como todo o
poder político em geral.”
ESCORÇO HISTÓRICO DA
TRIBUTAÇÃO
 Constituição de 1824: conforme as despesas
públicas, definidas anualmente. Eram custeadas
com contribuição direta de todos;
 Constituição de 1891: criado por lei, competência da
União e dos estados. Os estados instituíam os
tributos dos respectivos municípios;
 Constituição de 1934 (inspirada na carta de Weimar):
Instituiu 3 entes tributantes – IR, II, taxas de serviços
federais (União); ITR, ITD, IVC, ITBI, IE, IPI, ISS
(estados) e IPTU, imposto sobre diversões,
contribuições de melhorias, taxas de serviços
municipais (municípios);
ESCORÇO HISTÓRICO DA
TRIBUTAÇÃO
 Constituiçãode 1937: manteve os três entes tributantes,
suprimiu alguns impostos (sobre consumo de
combustível de motor a explosão) e instituiu o repasse
dos estados para os municípios (imposto sobre industria
e profissões);
 Constituição
de 1946: modificou a competência dos
entes e aumentou o repasse (O CTN – Lei nº 5.172/66);
 Constituição
de 1967: O sistema tributário passou a ser
nacional, modificou a competência dos entes tributantes;
 Emenda nº 1 de 1969: Instituiu o empréstimo
compulsório
2 TEORIA GERAL DO DIREITO TRIBUTÁRIO

2.1 Conceito
2.2 Denominação
2.3 Taxinomia
2.4 Fontes
2. 5 Legislação Tributária:
2.6 Relação do D. Tributário com outros ramos
do Direito
2.7 Aplicação da norma tributária.
2 TEORIA GERAL DO DIREITO TRIBUTÁRIO

2.1 Conceito

Ramo do direito que se ocupa das relações


entre o fisco e as pessoas sujeitas a
imposições tributárias de qualquer espécie,
limitando o poder de tributar e protegendo o
cidadão contra os abusos desse poder
(MACHADO)
2 TEORIA GERAL DO DIREITO TRIBUTÁRIO

2.1 Conceito

O direito tributário positivo é o ramo


didaticamente autônomo do direito,
integrado pelo conjunto das proposições
jurídico-normativas que correspondam,
direta ou indiretamente, à instituição,
arrecadação e fiscalização de tributos
(CARVALHO)
2 TEORIA GERAL DO DIREITO TRIBUTÁRIO

2.1 Conceito

É o ramo do direito público que rege as


relações jurídicas entre o Estado e os
particulares, decorrentes da atividade
financeira do Estado no que se refere a
obtenção de receitas que correspondam ao
conceito de tributo (SOUZA)
2 TEORIA GERAL DO DIREITO TRIBUTÁRIO

2.2 DENOMINAÇÃO
 DIREITO FINANCEIRO (Visa a organização e
estrutura financeira do Estado);

 DIREITO FISCAL - FISCAL LAW, DROIT


FISCAL (enfatiza a atuação do fisco na
fiscalização e arrecadação dos tributos

 DIREITO DO IMPOSTO = DIREITO


IMPOSITIVO (ALEMANHA)
2 TEORIA GERAL DO DIREITO TRIBUTÁRIO

2.2 DENOMINAÇÃO
 LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA: denominação de
alcance restrito (art. 96 do CTN), adotada nos
cursos de administração, economia,
contabilidade.
 LEGISLAÇÃO FISCAL;

 DIREITO TRIBUTÁRIO
2 .3 TAXIONOMIA OU POSIÇÃO
ENCICLOPÉDICA
DIREITO PÚBLICO OU DIREITO PRIVADO?
CRITÉRIOS DISTINTVOS:
 INTERESSE PÚBLICO OU PRIVADO?;
 CONTEÚDO DAS NORMAS,
 O ESTADO COMO SUJEITO NA RELAÇÃO
JURÍDICA (RELAÇÃO DE COORDENAÇÃO OU
SUBORDINAÇÃO?)
O PODER DE IMPERIUM DO ESTADO
(vis cui resisti non potest)
2 4 AUTONOMIA DO DIREITO
TRIBUTÁRIO
 CRITÉRIOS DOUTRINÁRIOS DE APURAÇÃO
 AUTONOMIA LEGISLATIVA
 AUTONOMIA DIDÁTICA
 AUTONOMIA DOUTRINÁRIA
 AUTONOMIA JURISDICIONAL

 A AUTONOMIA CIENTÍFICA X UNIDADE DO


SISTEMA JURÍDICO
2.5 RELAÇÃO COM OS DEMAIS RAMOS
DE DIREITO

 DIREITO CONSTITUCIONAL
 DIREITO ADMINISTRATIVO
 DIREITO FINANCEIRO
 DIREITO CIVIL
 DIREITO PENAL
 DIREITO DO TRABALHO
 DIREITO EMPRESARIAL
 DIREITO INTERNACIONAL
2.6 FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO

FONTES MATERIAIS OU DE PRODUÇÃO


FONTES MEDIATAS
FATORES QUE CONDICIONAM A PRODUÇÃO
DE NORMAS TRIBUTÁRIAS:
ECONÔMICOS;
SOCIAIS;
POLÍTICOS;
GEOGRÁFICOS;
TECNOLÓGICOS
2.6 FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO

FONTES MATERIAIS OU DE PRODUÇÃO


FONTES IMEDIATAS:
O ESTADO COMO ÚNICO CENTRO DE
POSITIVAÇÃO EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA

O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE E A
INSTITUIÇÃO OU MAJORAÇÃO DE
TRIBUTOS
CF/88, ARTs. 150, I; 146; CTN, ART. 97)
Exceções: Art. 153, § 1º; 155, §2º, V; MP
2.6 FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO

FONTES FORMAIS OU DE CONHECIMENTO


CONSTITUIÇÃO FEDERAL;
LEI COMPLEMENTAR;
LEI ORDINÁRIA;
MEDIDA PROVISÓRIA;
DECRETOS (regulamentos);
RESOLUÇÕES
TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS;
NORMAS COMPLEMENTARES (LEGISLAÇÃO
DE REGÊNCIA)
2.6 FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO

FONTES FORMAIS OU DE CONHECIMENTO


CTN, ART. 96 E 97
NORMAS COMPLEMENTARES (LEGISLAÇÃO DE
REGÊNCIA – ART 100 DO CTN)
 ATOS NORMATIVOS EXPEDIDOS PELAS AUTORIDADES
ADMINISTRATIVAS;
 DECISÕES DOS ÓRGÃOS SINGULARES OU COLETIVOS
DE JURISDIÇÃO ADMINISTRATIVA;
 AS PRÁTICAS REITERADAS OBSERVADAS PELAS
AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS;
 OS CONVÊNIOS CELEBRADOS PELOS ENTES
TRIBUTANTES ENTRE SI;
2.7 APLICAÇÃO DA NORMA
TRIBUTÁRIA
VALIDADE
É VERIFICADA A PARTIR DE UMA RELAÇÃO DE
PERTENCIALIDADE A UM DETERMINADO
ORDENAMENTO JURÍDICO.

A PONÊNCIA DE NORMAS JURÍDICAS VISA A


INTRODUÇÃO DE NOVAS REGRAS; MODIFICAÇÃO OU
EXPULSÃO DAS EXISTENTES.

UMA NORMA É VÁLIDA ATÉ QUE OUTRA A EXPULSE


DO ORDENAMENTO JURÍDICO. (CF/88. ART. 52, X)
2.7 APLICAÇÃO DA NORMA
TRIBUTÁRIA
VIGÊNCIA
DIZ RESPEITO A APTIDÃO PARA PRUDUZIR EFEITOS
NO MUNDO JURÍDICO, TENDO EM VISTA O TEMPO E O
ESPAÇO.
VIGÊNCIA DAS NORMAS TRIBUTÁRIAS: REGRA
GERAL (CTN, ART. 101)
SITUAÇÕES ESPECIAIS
 EXTRATERRITORIALIDADE: (CTN, ART. 102);
 PRAZOS ESPECIAIS (CTN, ART. 103 – 104)
 APLICAÇÃO IMEDIATA AOS FATOS GERADORES
FUTUROS E PENDENTES (CTN, ART. 105)
 RETROATIVIDADE: (CTN ART. 106)
2.7 APLICAÇÃO DA NORMA
TRIBUTÁRIA
VIGÊNCIA
PRINCÍPIO
DA ANERIORIDADE E GARANTIA
NONAGESIMAL (CF/88, ART. 150, III, alíneas b, c);

MITIGAÇÃO DO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE

ESPECIFICIDADESDO PRINCÍPIO DA
ANTERIORIDADE EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA
2.7 APLICAÇÃO DA NORMA
TRIBUTÁRIA
FORMAS DE INTEGRAÇÃO- ORDEM
ANALOGIA;
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO TRIBUTÁRIO;
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PÚBLICO;
EQUIDADE;

ANALOGIA E O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE (CTN, ART.


108, § 1º);

EQUIDADE E LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO (ART. 108,


§2º)
2.7 APLICAÇÃO DA NORMA
TRIBUTÁRIA
INTERPRETAÇÃO DA NORMA TRIBUTÁRIA

INAPLICABILIDADE DOS PRNCÍPIOS DE DIREITO


PRIVADO QUANTO À DEFINIÇÃO DOS EFEITOS
TRIBUTÁRIOS (CTN, ART. 109)

INTERPRETAÇÃO LITERAL (CTN, ART. 111)

PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO CONTRIBUINTE (CTN,


ART. 112)

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