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“Melhor estar preparado para uma oportunidade e não ter nenhuma do que ter uma e não

estar preparado”. - Whitney Younh Júnior

I. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS: DIREITOS SOCIAIS

>> Prestações Positivas


Os direitos sociais encontram-se previstos a partir do artigo 6o até o artigo 11 da
Constituição Federal.

São normas que se concretizam por meio de prestações positivas por parte do Estado,
haja vista objetivarem reduzir as desigualdades sociais.

Deve-se dar destaque para o artigo 6o que foi alterado recentemente pela EC 64/2010 e
que possivelmente será objeto de questionamento em concurso público:

Art. 6o São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o


lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

Perceba que boa parte dos direitos aqui previstos necessita de recursos financeiros para
serem implementados, o que acaba por dificultar sua plena eficácia.

Mas antes de avançarmos nesta parte da matéria, se faz necessário te dizer que
costumam ser cobradas questões de provas que abordam apenas o texto puro da
Constituição Federal.

Minha orientação, portanto, é que você se dedique a leitura da Constituição Federal, mais
precisamente, do artigo 7o que possui vários dispositivos que podem ser trabalhados em
prova.

>> Reserva do possível


Seria possível exigir do Estado a concessão de um direito social quando tal direito não
fosse assegurado de forma condizente com sua previsão constitucional? A título de
exemplo, vamos dar uma olhada em um dispositivo dos direitos sociais dos trabalhadores:

IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas


necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação,
saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim.

Observe que a Constituição garante que o salário mínimo deve atender as necessidades
vitais básicas do trabalhador e de sua família com moradia, alimentação, educação,
saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social.

Para você que é trabalhador ou que já ganhou um salário mínimo no Brasil deve
perceber que o valor pago atualmente, nem de longe, garante o que prevê o texto
constitucional.

Entendendo que os direitos sociais são espécies de direitos fundamentais e, analisando-


os sob o dispositivo previsto no parágrafo 1o do artigo 5o que diz
que “as normas definidoras de direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata”,
eu te pergunto:
seria possível entrar com uma ação visando garantir o disposto no inciso IV que está
sendo analisado?

Certamente que não. Para se garantir tudo o que está previsto no referido inciso, seria
necessário que o salário mínimo valesse em média uns R$ 3.000,00. Agora imagina se
algum trabalhador conseguisse este benefício por meio de uma decisão judicial, o que
não fariam todos os demais trabalhadores do país.

Se o Estado fosse obrigado a pagar este valor para todos os trabalhadores, os cofres
públicos rapidamente quebrariam.

Para se garantir esta estabilidade foi desenvolvida a teoria da Reserva do Possível, por
meio do qual o Estado pode alegar esta impossibilidade financeira para atender algumas
demandas, como, por exemplo, o aumento do salário mínimo. Quando o poder público for
demandado para garantir algum benefício de ordem social, poderá ser alegado,
previamente a impossibilidade financeira para concretização do direito sob o argumento
da reserva do possível.

>> Mínimo Existencial


Por causa da reserva do possível, o Estado passou a se esconder atrás desta teoria
eximindo-se da sua obrigação social de garantia dos direitos tutelados na Constituição
Federal.

Tudo o que era pedido para o Estado era negado sob o argumento de que “não era
possível”. Para trazer um pouco de equilíbrio a esta relação, foi desenvolvida outra teoria
chamada de Mínimo Existencial. Esta teoria permite que os poderes públicos deixem de
atender algumas demandas em razão da reserva do possível, mas exige que seja
garantido o mínimo existencial.

>> Proibição de retrocesso


Uma regra interessante que funciona com caráter de segurança jurídica é a Proibição do
Retrocesso.

Este dispositivo proíbe que os direitos sociais já conquistados sejam esvaziados ou


perdidos sob pena de desestruturação social do País.

Salário mínimo
Feitas algumas considerações iniciais sobre a doutrina social, passemos a análise de
alguns dispositivos constitucionais que se encontram no artigo 7o:

Art. 7o São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social:

I - Relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos
termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros
direitos;

II - Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;

IV - Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas


necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação,
saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;

Vários pontos são relevantes neste inciso. Primeiro gostaria de comentar o trecho “fixado
em lei”. Segundo o texto constitucional, o salário mínimo só poderá ser fixado em lei,
entretanto, no dia 25 de fevereiro de 2011 foi publicada a lei 12.382 que prevê a
possibilidade de fixação do salário mínimo por meio de Decreto do Poder Executivo.
Vamos esperar que isso vai cair nos próximos concursos. Enquanto isso, já tramita no
STF uma Ação Direta de Inconstitucionalidade questionando esta atribuição.

Outro ponto interessante diz respeito ao salário mínimo ser nacionalmente unificado.
Muitos acham que alguns estados da federação fixam valores referentes ao salário
mínimo maiores do que o fixado nacionalmente. O STF já afirmou que os Estados não
podem fixar salário mínimo diferente do nacionalmente unificado. O que cada Estado
pode fixar é o piso salarial da categoria de trabalhadores com valor maior que o salário
mínimo.

Temos ainda a proibição de vinculação do salário mínimo para qualquer fim. Em fevereiro
de 2011 este tema foi enfrentado pelo STF que determinou a desvinculação dos salários
dos técnicos em radiologia do salário mínimo como estava previsto na lei 7.394/85.

Algumas súmulas vinculantes do STF são importantes para sua prova, pois se referem ao
salário mínimo:

Súmula Vinculante 4 - Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não
pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou
de empregado, nem ser substituído por decisão judicial.

Súmula Vinculante 6 - Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior


ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.

Súmula Vinculante 15 - O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor público


não incide sobre o abono utilizado para se atingir o salário mínimo.

Súmula Vinculante 16 - Os artigos 7o, IV, e 39, § 3o (redação da EC 19/98), da


Constituição, referem-se ao total da remuneração percebida pelo servidor público.

I. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS: DIREITOS SOCIAIS

>> Prescrição trabalhista

Um dos dispositivos previstos no artigo 7o mais cobrados em prova é o inciso XXIX:

XXIX - Ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo
prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois
anos após a extinção do contrato de trabalho;

Este inciso prevê as chamadas regras de prescrição trabalhista. Como se pode


depreender do inciso existem dois tipos de prescrição:

uma de 2 anos e outra de 5 anos. Importa distinguir a aplicação destes prazos.


O período de 2 anos refere-se ao prazo que o trabalhador possui para ingressar com uma
ação trabalhista reivindicando seus direitos. Este prazo inicia sua contagem a partir do dia
em que houve a rescisão do contrato de trabalho.

O período de 5 anos diz respeito aos anos de verbas trabalhistas vencias que o
empregado terá direito quando entrar com a ação a contar do momento em que se entra
com a ação.

TÓPICO ESQUEMATIZADO

Exemplificando: imaginemos um trabalhador que trabalhou 20 anos em uma empresa.


Sua função era exercida no período noturno, contudo, durante todos estes anos de
trabalho ele não recebeu nenhum dia de adicional noturno.
Ora, ao ter seu contrato de trabalho rescindido, ele poderá ingressar em juízo pleiteando
as verbas trabalhistas não pagas.

Tendo em vista a existência de prazo prescricional para reaver seus direitos o


trabalhador terá o prazo de 2 anos para entrar com a ação. E só terá direito aos últimos 5
anos de adicional noturno.

Ressalte-se que estes 5 anos contam-se a partir do dia em que entrou com a ação.
Se ele entra com a ação no último dia do prazo de 2 anos só terá direito à 3 anos de
adicional noturno.

Neste exemplo, se o trabalhador entra com a ação no dia 01/01/2011, receberá os últimos
5 anos de adicional noturno, ou seja, até o dia 01/01/2006. Mas se o trabalhador entrar
com a ação no dia 01/01/2013, último dia do prazo prescricional de 2 anos, ele terá direito
aos últimos 5 anos de adicional noturno a contar do dia em que entrou com a ação. Isto
significa que receberá o adicional noturno até o dia 01/01/2008. Perceba que, se o
trabalhador demorar em entrar com a ação ele perde os direitos trabalhistas anteriores ao
prazo dos últimos 5 anos.
>> Proibição do Trabalho Noturno, Perigoso e Insalubre

Este inciso também é muito legal para ser cobrado em sua prova. Leia ele que em
seguida te farei uma pergunta e você entenderá o porquê dele ser tão cobrado em prova:

XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de


qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir
de quatorze anos;

A pergunta é muito simples: a partir de qual idade pode se trabalhar no Brasil? Imagino
que você esteja em dúvida entre 16 e 14 anos.

Isso é o que acontece com a maioria dos candidatos. Mas se você quer passar em um
concurso, não pode andar com a maioria. Você precisa fazer a diferença. Você precisa
ser a diferença. Então nunca mais esqueça: se eu tenho uma regra e essa regra está
acompanhada de uma exceção, eu tenho então, uma possibilidade.

Ora, se a Constituição disse que é proibido o trabalho para os menores de 16 e em


seguida excepciona esta regra dizendo que é possível a partir dos 14, na condição de
aprendiz, ela quis dizer que o trabalho no Brasil se inicia aos 14 anos. Este entendimento
se fortalece a luz do artigo 227, § 3o, I:

Art. 227, § 3o - O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:

I. Idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no


art. 7o, XXXIII;

>> Direitos dos Empregados Domésticos


Esta é uma questão que exige sua capacidade de memorização. Veja parágrafo único do
artigo 7o:
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos
previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV, bem como a sua
integração à previdência social.

O que eles poderão perguntar em sua prova: quais os direitos dos trabalhadores que são
garantidos aos empregados domésticos? Segue a lista abaixo:

1. Salário mínimo
2. Irredutibilidade do salário
3. Décimo terceiro salário
4. Descanso Semanal Remunerado
5. Férias anuais
6. Licença a gestante
7. Licença a paternidade
8. Aviso prévio
9. Aposentadoria
10. Integração à previdência social

>> Direitos Coletivos dos Trabalhadores


São basicamente os direitos relacionados à criação e organização das associações e
sindicatos que estão previstos no artigo 8o.

Princípio da Unicidade Sindical


O primeiro direito coletivo refere-se ao principio da unicidade sindical. Este dispositivo
proíbe a criação de mais de uma organização sindical, representativa de categoria
profissional ou econômica, em uma mesma base territorial:

II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau,


representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que
será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser
inferior à área de um Município;

Em cada base territorial (federal, estadual, municipal ou distrital) só pode existir um


sindicato representante da mesma categoria, lembrando que a base territorial mínima
refere-se à área de um município.

Exemplificando: Só pode existir um sindicato municipal de pescadores no município de


Cascavel. Só pode existir um sindicato estadual de pescadores no estado do Paraná. Só
pode existir um sindicato federal de pescadores no Brasil. Contudo, é possível existir
vários sindicatos municipais de pescadores no Estado do Paraná.

>>Contribuição confederativa e sindical


Esta questão é daquele tipo em que os melhores candidatos erram. Vejamos o que diz a
Constituição Federal no artigo 8o, IV:

IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional,


será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação
sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;

A primeira coisa que eu quero que você perceba é a existência de duas contribuições
neste inciso.
Uma chamada de Contribuição Confederativa a outra de Contribuição Sindical.

A Contribuição Confederativa é a prevista neste inciso, fixada pela assembleia geral,


descontada em folha para custear o sistema confederativo. Esta é aquela paga às
organizações sindicais e que só é obrigada aos filiados aos sindicatos.

Não possui natureza tributária, por isso obriga apenas as pessoas que voluntariamente se
filiam a uma entidade sindical.

A Contribuição Sindical, que é a contribuição prevista em lei, mais precisamente na


Consolidação das Leis trabalhistas (Dec. Lei 5.452/43) deve ser paga por todos os
trabalhadores ainda que profissionais liberais. Sua natureza é tributária não possuindo
caráter facultativo.

TÓPICO ESQUEMATIZADO

Liberdade de associação
Este inciso costuma ser cobrado em prova devido às inúmeras possibilidades de se
modificar o seu texto:

V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;

É a liberdade de associação que permite aos trabalhadores escolher se desejam ou não


se filiar a um
determinado sindicato. Ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado.

Participação do aposentado no sindicato


Este inciso também possui aplicação semelhante ao anterior, portanto sugiro uma leitura
atenta aos detalhes que podem ser modificados em prova:

VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;

Estabilidade sindical
A estabilidade sindical constitui norma de proteção aos dirigentes sindicais e que possui
grande utilidade ao evitar o cometimento de arbitrariedades por partes das empresas em
retaliação aos representantes dos empregados:

VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura


a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano
após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.

O importante aqui é entender o período de proteção que a Constituição garantiu aos


dirigentes sindicais.
A estabilidade se inicia com o registro da candidatura e permanece, com o candidato
eleito, até um ano após o término do seu mandato. Ressalte-se que esta proteção contra
despedida arbitrária não prospera diante do cometimento de falta grave.

I. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS: DIREITOS DE NACIONALIDADE

Introdução
A nacionalidade é um vínculo jurídico existente entre um indivíduo e o um Estado. Este
vínculo jurídico é a ligação existente capaz de gerar direitos e obrigações entre a pessoa
e o Estado.

A aquisição da nacionalidade decorre do nascimento ou da manifestação de vontade.

Quando a nacionalidade é adquirida pelo nascimento estamos diante da chamada


Nacionalidade Originária. Mas se for adquirida por meio da manifestação de vontade,
estamos diante de uma nacionalidade secundária.

Nacionalidade Originária
A Nacionalidade Originária, também chamada de aquisição de nacionalidade primária é
aquela involuntária.

Decorre do nascimento desde que preenchidos os requisitos previstos na legislação. Um


brasileiro que adquire nacionalidade originária é chamado de nato.

Nacionalidade Secundária
A nacionalidade secundária ou adquirida é a aquisição que depende de uma
manifestação de vontade.

É voluntária e, quem a adquire, possui a qualificação de naturalizado.

Critérios para fixação da nacionalidade originária Dois critérios foram utilizados em nossa
Constituição para se conferir a nacionalidade originária:

1. Ius solis – este é critério do solo, critério territorial.

Serão considerados brasileiros natos as pessoas que nascerem no território nacional.

2. Ius sanguinis – este é o critério do sangue. Serão considerados brasileiros natos os


descendentes de brasileiros, ou seja, aqueles que possuem o sangue brasileiro.

Conflito de nacionalidade
Alguns países adotavam apenas o critério ius sanguinis, outros somente o critério ius solis
e isso gerou alguns problemas que a doutrina nominou de Conflito de Nacionalidade. O
Conflito de Nacionalidade pode ser de duas formas:

1. Conflito Positivo – ocorre quando o indivíduo adquire várias nacionalidades. Ele será
chamado de polipátrida.

2. Conflito Negativo – ocorre quando o indivíduo não adquire qualquer nacionalidade. Este
será chamado de apátrida (heimatlos).
Para evitar a ocorrência destes tipos de conflito, os países têm adotado critérios mistos de
aquisição de nacionalidade originária, a exemplo do próprio Brasil.

Agora vamos analisar as várias hipóteses previstas no artigo 12 da Constituição Federal


de aquisição de nacionalidade tanto originária quanto secundária.

Nacionalidade Originária
As hipóteses de aquisição da nacionalidade originária estão previstas no artigo 12, I da
Constituição Federal, e
são:

Art. 12. São brasileiros:


I - natos:

a) Os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde


que estes não estejam a serviço de seu país;

b) Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer


deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

c) Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam


registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República
Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
nacionalidade brasileira.

A primeira hipótese prevista na alínea “a” adotou para aquisição o critério ius solis, ou
seja, serão considerados brasileiros natos aqueles que nascerem no país ainda que de
pais estrangeiros, desde que, os pais não estejam a
serviço do seu país.

Para que os filhos de pais estrangeiros fiquem impedidos de adquirirem a nacionalidade


brasileira é preciso que ambos os pais sejam estrangeiros, mas basta que apenas um
deles esteja a serviço do seu país. Se os pais estrangeiros estiverem a serviço de outro
país, a doutrina tem entendido que não se aplicará a
vedação.

Já a segunda hipótese adotada na alínea “b” utilizou o critério ius sanguinis para fixação
da nacionalidade originária.

Serão brasileiros natos os nascidos fora do país, filho de pai ou mãe brasileira, desde que
qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil.

Estar a serviço do país significa estar a serviço de qualquer ente


federativo (União, Estados, Distrito Federal ou Município) incluídos os órgãos e entidades
da administração indireta
(fundações, autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista).

Na terceira hipótese prevista na alínea “c” na verdade apresenta duas possibilidades:

uma depende do registro a


outra depende da opção confirmativa.
Primeiro temos a regra aplicada aos nascidos no estrangeiro, filho de pai brasileiro ou
mãe brasileira,
condicionada a aquisição da nacionalidade ao registro em repartição brasileira
competente.

Nesta hipótese adota-se


o critério ius sanguinis acompanhado do registro em repartição brasileira.

Em seguida temos a segunda possibilidade destinada aos os nascidos no estrangeiro de


pai brasileiro ou de mãe
brasileira, que venham a residir na República Federativa do Brasil e optem (opção
confirmativa), em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade
brasileira.

Esta é a chamada nacionalidade potestativa, pois depende da manifestação de vontade


por parte do interessado.

Cuidado com a condição para a manifestação da vontade que só poder ser exercida
depois de atingida a maioridade, apesar de não possui tempo limite para o
exercício deste direito.

Nacionalidade Secundária
Agora veremos as hipóteses de aquisição de nacionalidade secundária:

II - naturalizados:

a) Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários


de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade
moral;

b) Os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do


Brasil há mais de quinze anos
ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

A primeira hipótese de naturalização prevista na alínea “a” do inciso II é a chamada


naturalização ordinária.

Esta naturalização apresenta uma forma de aquisição prevista em lei. Esta lei é a
6.815/80 que traz algumas regras para aquisição de nacionalidade as quais não serão
estudadas neste momento. O que me interessa aqui para a prova é a
segunda parte da alínea que confere um tratamento diferenciado para os originários de
países de língua portuguesa
para quem será exigida apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral.

Entende-se país de língua


portuguesa, qualquer país que possua a língua portuguesa como língua oficial (Angola,
Portugal, Timor Leste, entre outros).

Esta forma de naturalização não gera direito subjetivo ao estrangeiro, o que significa que
ele poderá pleitear sua naturalização e esta poderá ser indeferida pelo Chefe do Poder
Executivo haja vista se tratar de um ato discricionário.
A alínea “b” do inciso II apresenta a chamada naturalização extraordinária ou quinzenária.

Esta hipótese é destinada a qualquer estrangeiro e será exigida residência ininterrupta


pelo prazo de 15 anos e não existência de
condenação penal.

Nesta espécie, não há discricionariedade em conceder a naturalização, pois ela gera


direito
subjetivo ao estrangeiro que tenha preenchido os requisitos.

Bom é não esquecer que a ausência temporária da residência não quebra o vínculo
ininterrupto exigido para a naturalização no país.

Também deve ser ressaltado que não existe naturalização tácita ou automática sendo
exigido
requerimento de quem desejar se naturalizar no Brasil.

I. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS: DIREITOS DE NACIONALIDADE


Português equiparado
Vamos ler o que diz o parágrafo abaixo:

§ 1o Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em


favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos
previstos nesta Constituição.

Estamos diante do chamado português equiparado ou quase-nacional. Segundo o


dispositivo, a Constituição
assegura aos portugueses tratamento diferenciado, como se fossem brasileiros.

Mas é aos portugueses mesmo,


aqueles de Portugal. Não se trata de uma hipótese de naturalização, mas de tratamento
como se fosse brasileiro.

Esta condição depende de reciprocidade por parte de Portugal. O Brasil possui um acordo
internacional com
Portugal por meio do Decreto no 3.927/2001 que promulgou o Tratado de Cooperação,
Amizade e Consulta Brasil/Portugal.

Havendo o mesmo tratamento a um brasileiro quando estiver no país português, serão


garantidos
tratamentos diferenciados aos portugueses que aqui estiverem desde que manifestem
interesse no recebimento deste tratamento diferenciado.

Ressalte-se que para requerer este tipo de tratamento será necessária além do
requerimento, a constituição de residência permanente no Brasil.

Por fim, não esqueça de que o tratamento dado aos portugueses os equipara aos
brasileiros naturalizados.

Tratamento diferenciado entre brasileiros


O § 2o do artigo 12 proíbe o tratamento diferençado entre brasileiros natos e
naturalizados:

§ 2o - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo
nos casos previstos nesta Constituição.

Perceba que o próprio dispositivo excepciona a regra permitindo que a Constituição


Federal estabeleça
tratamento diferenciado entre brasileiros natos e naturalizados.

São 4 os tratamentos diferenciados estabelecidos


pelo texto constitucional:

1. Cargos privativos de brasileiros natos

2. Funções privativas de brasileiros natos

3. Regras de extradição

4. Propriedade de empresas de jornalística ou de radiodifusão

O § 3o apresenta a primeira hipótese de distinção dentre brasileiros natos e naturalizados:

§ 3o - São privativos de brasileiro nato os cargos:

I. De Presidente e Vice-Presidente da República;

II. De Presidente da Câmara dos Deputados;

III. De Presidente do Senado Federal;

IV. De Ministro do Supremo Tribunal Federal;

V. Da carreira diplomática;

VI. De oficial das Forças Armadas;

VII. De Ministro de Estado da Defesa.

Os cargos privativos aos brasileiros natos não costumam cair muito em prova...
DESPENCAM! Por esse motivo, sugiro que sejam memorizados.

Dois critérios foram utilizados para escolha destes cargos. O primeiro está relacionado
com os cargos que sucedem o Presidente da República (Presidente e Vice-Presidente da
República, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal e
Ministro do Supremo Tribunal Federal).

O segundo critério diz respeito à segurança nacional (carreira diplomática, oficial das
forças armadas e Ministro do Estado da Defesa).

As funções privativas de brasileiros natos estão prevista no artigo 89, VII da Constituição:
Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da
República, e dele participam:

I. O Vice-Presidente da República;

II.O Presidente da Câmara dos Deputados;

III.O Presidente do Senado Federal;

IV. Os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados;

V. Os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;

VI. O Ministro da Justiça;

VII. Seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois
nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos
pela Câmara dos Deputados, todos com mandato
de três anos, vedada a recondução.

A terceira possibilidade de tratamento diferenciado diz respeito às regras de extradição


previstas nos incisos LI e
LII do artigo 5o:

LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum,


praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião.

A quarta previsão está no artigo 222 da Constituição:

Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e


imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de
pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e
que tenham sede no País.

Perda da nacionalidade
Vamos estudar agora as hipóteses de perda da nacionalidade. Uma pergunta: brasileiro
nato pode perder a nacionalidade?

Vejamos o que diz a Constituição Federal:

§ 4o - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

I.Tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva
ao interesse nacional;

II.Adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:

a) De reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;


b) De imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em
estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o
exercício de direitos civis.

Ao analisarmos o dispositivo do caput deste parágrafo é possível concluir que as regras


são para os brasileiros natos ou naturalizados.

Mas vamos verificar cada hipótese:

1. O inciso I deixa claro que é uma hipótese aplicada apenas aos brasileiros naturalizados
(cancelamento de naturalização). Se o indivíduo tem seu vínculo com o Estado cancelado
por decisão judicial, não há que se falar
em permanência da nacionalidade brasileira;

2. O inciso II já não permite a mesma conclusão haja vista ter considerado qualquer
brasileiro.

Logo, ao brasileiro, seja ele nato ou naturalizado, que adquirir outra nacionalidade será
declarada a perda da nacionalidade, pelo
menos em regra. Esta regra possui duas exceções:

nos casos de reconhecimento de nacionalidade originária


estrangeira ou de imposição de naturalização, não será declarada a perda da
nacionalidade brasileira.

São nestas hipóteses que encontram permitidas as situações de dupla nacionalidade que
conhecemos.

Uma questão interessante surge:

seria possível a reaquisição da nacionalidade brasileira?

Uma vez perdida a nacionalidade, tem-se entendido que é possível a sua reaquisição
dependo da forma que foi perdida.

Se o indivíduo perde a nacionalidade com fundamento no inciso I, qual seja, por


cancelamento de naturalização,
só seria possível a reaquisição por meio de ação rescisória.

Caso o indivíduo perca a nacionalidade por ter adquirido outra, que revela a hipótese do
inciso II, também será possível a reaquisição por decreto presidencial (Art. 36, Lei
818/49).

Apesar da divergência doutrinária, prevalece o entendimento de que o brasileiro após a


reaquisição volta a condição anterior, ou seja, se era brasileiro nato, volta a ser nato, se
era naturalizado, volta como naturalizado.

Sofra a dor da disciplina ou sofra a dor do arrependimento.

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