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Confira questões sobre direitos adquiridos trabalhista e

previdenciário
Por: Wesley Carrijo
 - 06/10/2020
Direito adquirido é o termo utilizado pela Constituição Federal
para evidenciar a incorporação de uma expectativa de direito (a
existência do potencial de conquista de uma vantagem legal) como
direito efetivo em favor do titular, pelo preenchimento de determinadas
circunstâncias exigidos na lei.
Embora esse termo pareça técnico e de difícil compreensão,
vamos esclarecer o que significa nas linhas a seguir.
Conquistar um direito adquirido significa dizer que hoje você já
pode exercer um direito que em momento anterior não era possível,
dada a insuficiência dos elementos legais requeridos.
Uma vez alcançado o direito adquirido, as leis posteriores não
podem afetar o titular, uma vez que nem o juiz por intermédio de
decisão judicial, assim como o Legislativo com a elaboração de uma lei
pode retirar do cidadão um direito que já foi adquirido e faz parte de seu
patrimônio material ou imaterial.
Quem tem direito adquirido?
Qualquer brasileiro envolvido em relações jurídicas que atribuam
benefício ou vantagem que requeiram completar alguns requisitos legais
será contemplado pelo direito adquirido assim que finalizar esses
requisitos.
Podemos mencionar relações tributárias, previdenciárias,
trabalhistas, todas elas interconectadas com a presença de direito
adquirido.
A regra no sistema legal brasileiro é que as novas leis exerçam
efeito futuro para que não ameacem os negócios jurídicos já
constituídos.
O artigo 5º, XXXVI, da Constituição Federal de 1988 consagra o
direito adquirido como uma garantia fundamental de segurança jurídica,
para que os cidadãos conheçam com estabilidade as consequências
jurídicas para cada ato, contrato, negócio jurídico.
Seguindo esses termos, as normas de ordem pública
(mandatórias) não podem frustrar o particular, no sentido de exigir
posturas inéditas para fatos que já se passaram sob a égide das regras
antigas, esse seria um comportamento proibido ao Poder Público em
razão da natureza contraditória.
Isso nos leva a outro importante princípio de direito: o
postulado tempus regit actum.
Ele prediz que as regras devem ser contemporâneas aos fatos
(vide súmula 359 do Supremo Tribunal Federal).
Enquanto o direito plenamente constituído não for exercido, a
Constituição Federal protege sua integridade até que o titular resolva
exercê-lo, justamente porque a relação jurídica já se completou, já se
consolidou.
A conclusão que obtemos é a de que toda pessoa em expectativa de
direito, ou seja, que tenha potencial para completar os requisitos legais
(seja elegível) poderá ser agraciada pelo fenômeno do direito adquirido.
Decisões judiciais sobre direito adquirido
Há diversas decisões judiciais brasileiras que justificam a proteção
do administrado com base no direito adquirido, ou que ainda, afastem o
direito adquirido para mitigar algum direito pleiteado no caso em
concreto.
Há uma decisão emitida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2013
(tema 334, RE 630.501), que constitui legítima lição ao explicar em qual
momento e por que o direito adquirido deva ser considerado como uma
proteção em favor do cidadão.
A decisão nos ensina sobre a natureza conflituosa na situação de
alguém preencher todas as condições para um benefício mais favorável e
ser surpreendido pela posterioridade de lei mais gravosa.
Na dúvida, segundo a análise do Supremo, devemos prestigiar o
conjunto fático-probatório mais vantajoso se ele responde às exigências
correspondentes à época dos fatos discutidos.
Pensar o contrário poderia nos levar ao extremo do acúmulo
indefinido e eterno de condições para a titularização de um direito
básico.
A temática aqui proposta levantou polêmicas em razão da
ampla reforma trabalhista trazida pela lei 13.467/2017 que suprimiu
uma série de direito válidos anteriormente.
Podemos citar dois casos ilustrativos de contenda.
No primeiro caso, discutiam-se horas in intinere  (trajeto entre
domicílio e local de trabalho considerado como tempo trabalhado).
Apesar da reforma trabalhista ter extinguido esse direito, havia
um contrato de trabalho firmado com os trabalhadores em época
anterior, que reconhecia o benefício.
A causa, discutida no processo trabalhista número 0011599-
55.2017.5.03.0090 (RO), concedeu as horas in intinere por identificar
direito adquirido sobre relações anteriores à reforma, ainda que o pedido
judicial se desse em momento posterior às mudanças.
A fundamentação se sustenta na Constituição Federal, mas
também na regra específica do artigo 912 da Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT) que basicamente protege a norma consolidada para
os contratos de trabalho em curso:
Art. 912: Os dispositivos de caráter imperativo terão aplicação
imediata às relações iniciadas, mas não consumadas, antes da vigência
desta Consolidação.
No segundo caso judicial, as empresas empregadoras foram
proibidas de acordar o regime de banco de horas por acordo individual
com os empregados contratados antes da reforma trabalhista de 2017
(origem: TRT 2ª região/ Mandado de Segurança nº 1001203-
71.2018.5.02.0000).
A proibição foi justificada pelo direito adquirido à norma
consolidada entre outros princípios decorrentes, como a irretroatividade
da lei e a segurança jurídica, pois antes da reforma, era inconcebível
negociar banco de horas por trato individual.
O mesmo se aplica a eventuais horas extras prestadas antes da
alteração legal.
Não seria razoável admitir que a reforma legislativa atinja
prestações realizadas em momento jurídico-legal não correspondente.
Em conclusão, o conjunto de leis de reforma trabalhista não deve
ser aplicado aos contratos de trabalho que já estavam em curso.
Existe direito adquirido a regime jurídico?
Não! Mas o que isso significa? Regime jurídico significa
determinado compilado de regras que regerá uma matéria específica.
Por exemplo, vamos imaginar as regras de aposentadoria do
artigo 201 da Constituição Federal.
Constantemente, a matéria é objeto de emendas sucessivas com
muitas alterações que pioram as condições anteriores de aposentadoria.
Dizer que alguém não possui direito adquirido a regime jurídico significa
que aquele que estava caminhando para atender as regras de sua
aposentadoria, mas que se depara com alterações, não terá direito a
manter-se integralmente na sistemática da regra anterior, justamente
porque o regime jurídico é uma escolha legislativa.
Não quer dizer que o particular será manifestamente prejudicado,
pois é diante desse cenário que a legislação de mudança traz as regras
de transição, para que aquele que seguia em regime anterior não seja
tão afetado quanto os novos ingressos do novo regime.
Aliás, é muito importante nos lembrarmos da recente inclusão de
dispositivo que aborda esse tema na Lei de introdução ao direito
brasileiro:
Art. 23.  A decisão  administrativa, controladora ou
judicial  que estabelecer interpretação ou orientação  nova sobre
norma  de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo
condicionamento de direito,  deverá prever regime de
transição  quando indispensável para que o novo dever ou
condicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional,
equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais.
O dispositivo acima inaugura tratamento uniforme para o
julgamento de qualquer decisão com efeitos sobre a esfera jurídica do
interessado, como faz o órgão do INSS, por exemplo.
O que antes era um parâmetro comum, mas praticamente
exclusivo das aprovações legislativas, isto é, estabelecer limites e regras
para a migração de um sistema de normas para outro, quando o
administrado puder ser afetado, se torna a regra geral de todo o sistema
jurídico decisório (extrajurisdicional ou jurisdicional).

Veja que há diferença entre direito adquirido no âmbito dos casos


trabalhistas discorridos e direito adquirido no âmbito de regime jurídico.

A manutenção integral da regra trabalhista anterior se justifica pelo


aperfeiçoamento completo do contrato trabalhista, que se estabilizou em
momento anterior à reforma.
Quando o empregado é contratado, o seu contrato estará baseado em
normas contemporâneas a ele, fixando o conjunto de regras aplicáveis.

No caso do regime jurídico ainda não houve qualquer consolidação, pois


o potencial titular somente guarda a expectativa do direito, ele está em
trânsito para a satisfação de um direito.

Se durante o trânsito do cumprimento de regras há mudança no texto


legislativo, não há que se falar em consolidação de norma anterior, pois
a possibilidade seria ainda hipotética e não real (precedentes: RE
563965, RE 597.838-AgR, STF).

Direito adquirido e previdência social


O direito adquirido é muito vocalizado nos interesses previdenciários.

A intensa e rápida alteração legislativa é típica da matéria que não deixa


a desejar quando a questão se trata de prestações continuadas no
tempo, a exemplo do auxílio-acidente e da aposentadoria.

A emenda constitucional número 103/2019, ressalvou o direito adquirido


dos beneficiários em relação às mudanças previdenciárias que
promoveu:

Art. 24

[…]

§ 4º  As restrições  previstas neste artigo [sobre pensão por


morte]  não serão aplicadas  se o direito aos benefícios  houver sido
adquirido antes da data de entrada em vigor desta Emenda
Constitucional (12/11/2019)

Simplificando, as novas alterações legais não prejudicam direito já


constituído por norma previdenciária pretérita, por isso se o beneficiário
já tiver completado os parâmetros de idade e tempo de contribuição
segundo a regra anterior, terá direito a ela, ainda que venha a requerer
o benefício em data posterior à alteração realizada.

O cenário mais comum da alteração legal, entretanto, é o do beneficiário


nos trâmites dos requisitos exigidos pela lei anterior, tendo-os
completado parcialmente.

Sendo assim, há cinco regras básicas de transição para a aposentadoria


que atenderão a melhor expectativa do segurado conforme a parcela do
que já foi completado, sem que a regra anterior continue a produzir
efeitos integrais, pois de acordo com o que vimos, não há direito
adquirido a regime jurídico.

Direito ao benefício mais favorável


O direito ao benefício mais favorável é princípio de direito previdenciário
que por diversas vezes mitigou o direito adquirido segundo a
jurisprudência nacional.

Quanto ao cálculo da renda mensal inicial previdenciária, por exemplo,


entende-se que cumpre observar o quadro mais favorável ao
beneficiário, ainda que haja queda remuneratória posterior ao
implemento das condições legais para a aposentadoria (tese definida no
RE 630.501, Tema 334).

Se há direito incorporado à esfera patrimonial de um indivíduo, por


exemplo, ou seja, direito adquirido, nova lei que revogue o direito ou
atraia forma de cálculo piorada não deverá prevalecer.

No entanto, diante da hipótese excepcional de lei posterior benéfica


atingir direito adquirido, se a nova lei for melhor do que a que concedia
o direito conquistado, em nome do benefício mais favorável o direito
adquirido pode ser mitigado.

É como se o direito adquirido fosse o mínimo que o beneficiário pudesse


receber.

Caso sobrevenham condições melhores, ele se aproveita do melhor, mas


caso sobrevenham condições piores, o patamar mínimo adquirido não
poderá ser desrespeitado.

Diante do argumento jurídico do benefício mais favorável, a


jurisprudência previdenciarista não reconhece como revisão os pedidos
que levam esse nome, mas que não requerem recálculo ou reanálise de
elementos anteriores, mas sim a apuração inédita sobre fatores
ignorados ou suprimidos em momento anterior (Apelação Cível Nº
5057476-88.2012.404.7000/PR).

Diante de elementos inéditos, faz-se necessário afastar prazos de


decadência.

Entre direito adquirido e benefício mais favorável conflitante, este último


costuma vencer.
Prazo de decadência
Primeiramente, precisamos discernir três situações jurídicas distintas:
a). a decadência do direito de revisão; b). a prescrição das prestações
vencidas; c). fundo de direito.

“A decadência prevista no artigo 103 da Lei 8.213/91 alcança questões


que não restaram resolvidas no ato administrativo que apreciou o pedido
de concessão do benefício, bem como os casos em que o segurado
pretende o reconhecimento do direito adquirido ao melhor benefício”
(TRF4, AC 5057476-88.2012.404.7000).

A decadência do direito de revisão é a perda jurídica da oportunidade de


alegar razões, envelhecidas pelo tempo, para recálculo ou revisão de
benefícios em andamento.

Já a prescrição das prestações vencidas se trata da limitação de cunho


patrimonial em relação à cobrança de um direito, é o limite no tempo
para o recebimento de valores financeiros.

É ilustrativa da prescrição a súmula número 85 do Superior Tribunal de


Justiça (STJ):

“nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a fazenda publica


figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito
reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do
qüinqüênio anterior a propositura da ação.”

Já o fundo de direito não se relaciona com o direito de pedir ou a


repercussão econômica, mas com a sustentação intelectual do direito já
realizado, se trata do fato gerador consumado de uma conquista
jurídica; que não se afeta pelo tempo, desuso ou supressão legal.

O fundo de direito é essencialmente o direito na sua forma mais pura, a


abstração legal e benfeitora que encontra as circunstâncias fáticas
adequadas para o nascimento de uma fruição real.

Observe a seguinte decisão judicial que trata ao mesmo tempo de


decadência, prescrição e fundo de direito.

1 “a decadência prevista no artigo 103 da Lei 8.213/91 não alcança


questões que não restaram resolvidas no ato administrativo que
apreciou o pedido de concessão do benefício. Isso pelo simples fato de
que,  como o prazo decadencial limita a possibilidade de controle
de legalidade do ato administrativo, não pode atingir aquilo que não
foi objeto de apreciação pela Administração”.

2 O posicionamento do STJ é o de que, quando não se tiver negado o


próprio direito reclamado  [fundo de direito],  não há falar em
decadência.  In casu, não houve indeferimento do reconhecimento
do tempo de serviço exercido em condições especiais, uma vez
que não chegou a haver discussão a respeito desse pleito.

3 Efetivamente, o prazo decadencial não poderia alcançar questões que


não foram aventadas quando do deferimento do benefício e que não
foram objeto de apreciação pela Administração. Por
conseguinte,  aplica-se apenas o prazo prescricional, e não o
decadencial. Precedentes do STJ.
(…) (AgRg no RECURSO ESPECIAL N.º 1.407.710 – PR (2013/0332024-
5)RELATOR: MINISTRO HERMAN BENJAMIN, Segunda Turma, unânime,
DJe 22.05.2014)

A segunda turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) não admite como


revisão, e, portanto, afasta o perecimento de um direito por decadência,
se a questão discutida não foi levantada anteriormente.

Não se trata de revisão porque inexistiria reanálise, por isso devemos


considerar a incidência de prescrição (prazo útil para primeira análise) e
não a decadência (prazo útil para corrigir uma análise pretérita).

É interessante, ainda, identificarmos a aplicação do jargão: “quem pode


o mais, pode o menos”, ou, ainda, sua variação: “a adequação do menor
exclui a necessidade do maior” quando da análise de decadência em
contraposição com o próprio fundo de direito.

Se o próprio fundo de direito não foi questionado/negado, ou seja, se


contra o mais difícil de ocorrer não se opuseram obstáculos, a discussão
sobre decadência se tornaria inútil, na medida em que ela ataca a
possibilidade de questionar o direito de pedir e não o direito em si
mesmo.

Questões sobre direitos adquiridos trabalhista e


previdenciário
Há uma série de dúvidas que envolva direito adquirido, estabilidade,
conflito de normas intertemporais e reforma previdenciária e trabalhista,
por isso selecionamos alguns pontos para tentar solucionar confusões
frequentes:
As últimas emendas constitucionais, como a emenda número 103
de 2019, trouxeram significativas mudanças para o segurado
servidor e para o segurado comum do INSS, como sei se tenho
direito adquirido? Devo seguir as novas regras para me
aposentar?

Terá direito adquirido aquele que cumpriu todos os requisitos da norma


anterior antes que a alteração legal ocorresse.

Para analisarmos se há direito adquirido, devemos investigar se houve


completude no padrão de normas anterior.

Se esse for seu caso até a data de 12/11/2019, isto é, se você já tiver
completado idade e tempo de contribuição até este marco, não precisará
seguir as novas regras de aposentadoria.

Se faltava pouco para completá-las, o segurado deverá optar por uma


das regras de transição, considerando não haver direito adquirido a
regime jurídico.

Se eu fui admitido em um novo emprego após a reforma


trabalhista (2017), devo seguir integralmente as novas regras?
Mesmo se prejudicarem o trabalhador?

Sim. Infelizmente o trabalhador foi muito prejudicado pela entrada em


vigor das novas regras celetistas.

Para quem tinha contrato de trabalho em andamento, as regras


anteriores, mais benéficas, são consideradas consolidadas e devem ser
atendidas.

Se o contrato, todavia, foi celebrado após a reforma, deverá segui-la


integralmente.

Se eu tomo conhecimento de nova lei a caminho, devo requerer


de imediato meu pedido de benefício antes da mudança para não
ser afetado pelas novas regras?

A data do requerimento é irrelevante se você já conquistou direito


adquirido.

Independentemente se houve alteração legal, ocorre ultratividade  da lei


revogada e o cumprimento consolidado sob a égide do arcabouço
normativo anterior deverá ser respeitado.
“O fato de o direito ter sido comprovado posteriormente não
compromete a existência do direito adquirido, pois não traz nenhum
prejuízo à Autarquia Previdenciária, tampouco confere ao segurado
vantagem que já não estava incorporada ao seu patrimônio jurídico”
(TRF4, APELREEX 5010086-22.2012.404.7001, Quinta Turma, Relator p/
Acórdão Rogerio Favreto, D.E. 14/11/2013).

A demora de um processo judicial ou de análises administrativas


podem me prejudicar de algum modo?

Jamais. A morosidade de processos alheios à vontade do interessado


não interfere na análise intertemporal de normas distintas no tempo.

O princípio tempus regit actum será seguido à risca, de modo a


considerar a lei vigente à época das circunstâncias de direito e de fato
estabilizadas.

O que fazer se eu possivelmente fui prejudicado pela aplicação


de normas desvantajosas quando na verdade poderia ter sido
contemplado com normas mais benéficas?

A questão deve ser analisada com cautela por um advogado especialista.

A depender da espécie de direito em discussão e dos contornos


tomados, o beneficiário poderá pleitear revisão ou outro instrumento de
apreciação administrativa ou, se recomendável, enfrentar a esfera
judicial.

Breves conclusões
É normal sairmos do tema “direito adquirido” com a impressão de
estarmos mais confusos do que quando entramos, mas é muito
importante nos atermos às particularidades e definições que envolvam a
matéria.

Muitas vezes é por meio do direito adquirido que se protegem situações


mais benéficas ou que se justificam o afastamento de determinados
dispositivos legais.

É altamente aconselhável a contratação de advogados especialistas para


o estudo detalhado da situação do interessado, de forma a concluir se as
alterações da lei o afetam ou se o administrado estaria resguardado.
Além disso, é importante escolher a melhor regra de transição para cada
caso analisado, afinal, poderá incidir repercussão financeira negativa
diante dessa escolha.
Saiba o que é PPR e como ele
funciona
 27 de dezembro de 2021

Se você é dono de uma empresa, saber o que é PPR é essencial. Pois, adotar
o PPR pode ser uma boa solução para o seu negócio.

Isso porque, o PPR ajuda a estimular a produtividade dos funcionários. Com


isso, a empresa pode ter resultados mais altos. 

Além disso, você terá funcionários mais comprometidos. Afinal de contas, se as


pessoas irão fazer parte dos resultados, elas irão se esforçar mais.

O que é PPR?
PPR é a sigla de Programa de Participação de Resultados. Ou seja, no PPR os
funcionários participam dos resultados da empresa.

Nesse sentido, o PPR é um instrumento de integração entre o capital e o


trabalho. Além disso, ele serve como um incentivo para que os funcionários
tenham uma maior produtividade.

Sendo assim, as empresas que adotam o PPR podem ter resultados melhores,
já que os funcionários se sentem incentivados a produzir mais, já que eles
farão parte dos resultados.

Motivar os colaboradores é um dos principais objetivos de quando uma


empresa adota o PPR, mas não é o único. Outro objetivo é a atração e
retenção de pessoas.

Ao se sentirem parte da organização, a performance e engajamento dos


colaboradores aumenta. Isso faz com que os resultados sejam melhores e os
funcionários queiram continuar na empresa.

E aí, ficou interessado em aplicar o PPR na sua empresa? Então leia todo o
texto para que você saiba quais são as regras para adoção do PPR. Isso
porque, você deve seguir as regras, para evitar problemas jurídicos.

PPR versus PPL


O PPR é o Programa de Participação dos Resultados. Já o PPL é o Programa
de Participação dos Lucros. A sigla dos dois são parecidos, mas os programas
são diferentes.

A principal diferença está nas condições de pagamento. No PPR a intenção é


premiar os funcionários com uma remuneração extra. Isso se eles conseguirem
atingir as metas estabelecidas.

Já no PPL, a remuneração depende dos lucros da empresa. Isso significa que


se a empresa não tiver lucro, a bonificação não é distribuída.
Dessa forma, no PPR a empresa é obrigada a pagar o valor combinado se as
metas forem cumpridas. Mesmo que ela não tenha registrado lucro no período,
ela tem essa obrigação.

No PPL não existe essa obrigação. Dessa forma, no PPR o recebimento


depende apenas dos esforços das equipes. Já no PPR os fatores externos
podem influenciar nos lucros da empresa.

Regras do PPR
A regulamentação do PPR é feita pela Lei 10.101/2000. Apesar de ter uma lei
que regulamenta o PPR, a adoção ao programa não é obrigatória.

Sendo que a sua adoção costuma ser negociada em acordos ou convenções


coletivas. No entanto, se o PPR for adotado, ele não pode ser aplicado em
apenas uma parte da organização.

Ou seja, ele deve abranger todos os funcionários. Não importa o nível


hierárquico, cargo ou salário, se a empresa adotar o PPR, todos farão parte do
PPR.

Um detalhe importante é que os valores distribuídos aos funcionários não têm


natureza salarial, logo, ele é isento de encargos trabalhistas para o
empregador.

Porém, para os funcionários existe o Imposto de Renda (IR) sobre a fonte, que
segue uma tabela aplicável apenas para o PPR.

Em relação a periodicidade, o pagamento deve ser feito no máximo 2 vezes por ano,
com pelo menos um intervalo trimestral. Se as regras da Lei 10.101 não forem
cumpridas, a verba pode ser descaracterizada.
Com isso, a verba passa a ter natureza salarial, o que envolve cobrança de
encargos e impostos sobre a remuneração dos funcionários. Portanto, antes de
adotar o PPR, estude a Lei 10.101 e respeite todas as regras.

Como funciona?
O PPR é uma forma dos funcionários participarem dos resultados da empresa.
Para que ele seja adotado, a empresa deve criar uma comissão partidária.

Sendo que ela deve ser composta por um número igual de representantes por
parte do empregador e dos trabalhadores. É preciso ter ainda um
representante sindical.

A comissão deve estabelecer regras claras e objetivas, com o intuito de


atender aos interesses tanto dos empregadores, quanto dos trabalhadores.

Para que isso ocorra, alguns indicadores de produtividade, qualidade e/ou


lucratividade são selecionados.

Além disso, é preciso estabelecer a elegibilidade ao programa. Alguns critérios


que podem definir o recebimento ou não do benefício são:
 Estar ativo na data fim da apuração;
 Períodos de afastamentos menores que 180 dias;
 Proporcionalidade nas demissões / admissões dentro do período de apuração.

Em relação ao pagamento do PPR, ele pode ser feito de várias formas. As


mais comuns são:

 Valor fixo: É distribuído um valor fixo a todos os funcionários. Sendo assim,


não importa qual cargo a pessoa ocupe, ela irá receber o mesmo valor que as
demais.
 Valor que varia: A distribuição pode variar de acordo com a remuneração e
cargo dos funcionários.
 Parcela fixa: Por fim, pode ocorrer ainda a distribuição de uma parcela fixa
para todos os funcionários e outra parcela proporcional de acordo com o cargo
e remuneração.

Indicadores
Os indicadores usados no PPR podem variar de acordo com o ramo de
negócio e o tempo de consolidação do programa.

Muitas empresas começam com 3 ou 4 indicadores globais e depois inserem


outros mais individualizados. Alguns indicadores são:

1- Setorial: São indicadores estabelecidos pelas metas de processos de cada


área da empresa. Isso significa que a empresa vai definir os critérios de acordo
com as particularidades de cada setor.

Por exemplo, a área de vendas tem metas diferentes da área de extração de


matéria-prima.

A área de vendas deve cumprir as metas de vendas e satisfazer os clientes. Já


na extração da matéria-prima a meta pode ser, por exemplo, minimizar
desperdícios.

2- Índice de absenteísmo: O absenteísmo é a ausência de trabalho. Sendo


que ele pode ser por faltas ou atrasos.

A companhia pode determinar que esse índice será usado para o recebimento
de PPR. Logo, os funcionários se sentem estimulados a reduzir as ausências.

3- Produtividade: A produtividade é um dos principais critérios.

Afinal de contas, quanto mais produtivos forem os trabalhadores, maiores são


as chances da empresa ter altos rendimentos. Logo, o PPR serve para
aumentar a produtividade.

Vantagens do PPR
Você já deve ter notado várias vantagens do PPR. No entanto, vamos listá-las
para que fique mais claro. Em 1º lugar temos a vantagem de que a equipe fica
mais motivada, engajada e comprometida. 
Em 2º lugar temos a vantagem da isenção de encargos trabalhistas no valor
pago na remuneração variável. A relação entre a empresa e os funcionários
também melhora.

Outra grande vantagem é o aumento da produtividade. Temos ainda a


vantagem do aumento da retenção de talentos e da satisfação dos
colaboradores.

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