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Perguntas de esclarecimento:

1. O parágrafo 15 do Caso Hipotético indica a existência de punições para os


funcionários que descumprissem as regras da PetroEquiste Energia S.A. Quais
eram essas punições? Quais as condutas passíveis de punição? Quão frequentes
eram essas punições dentro da empresa?

A empresa PetroEquiste, de natureza privada, possui o mesmo regimento interno


desde o ano de fundação, 1950. Neste regimento interno há previsão de punições, quais
sejam: i) memorandos, que consistem em avisos enviados ao funcionário por e-mail; ii)
advertência, que ao fim, trata-se de uma suspensão do trabalho por dois dias; iii) demissão
por justa causa, decorrente da ocorrência de três advertências.
É prevista também a proibição de alimentação durante o horário de trabalho, sendo
permitido aos funcionários se alimentarem apenas durante o horário de almoço (1hr de
almoço por dia) e no intervalo diário de 15 minutos. Caso contrário, o trabalhador poderia
receber um memorando. Depois de três memorandos, haveria uma advertência.
É igualmente passível de punição o extrapolamento do limite de idas ao banheiro.
Embora não haja definição da quantidade limite, os empregadores possuem
discricionariedade para aplicar punições quando compreender que a quantidade de idas ao
banheiro extrapola a razoabilidade. Nestes casos, o funcionário recebe um memorando.
Depois de três memorandos, é aplicada uma advertência.
É válido destacar que o regulamento foi atualizado após a edição da lei nº 342/2017,
promulgada em abril de 2017, que permite a flexibilização da normativa trabalhista vigente,
deixando à critério das empresas as condições de trabalho a serem acordadas, sob justificativa
de que os trabalhadores poderiam negociar com os empregadores as questões trabalhistas e
fomentar o crescimento da economia, dando maior liberdade ao empregado.
Ainda, cabe mencionar que a empresa não realiza controle sobre a frequência de
punições. Diante disso, os colegas de trabalho de Regina Maria afirmaram que as punições
não eram constantes, contudo, aumentaram após a flexibilização das normas trabalhistas.
Por fim, os funcionários não ingressaram com nenhuma ação no ordenamento
jurídico interno.

2. Quais as normativas trabalhistas previstas na República Democrática de


Equiste? E qual o conteúdo da lei que permitiu a flexibilização destas, deixando
à critério das empresas as condições de trabalho a serem acordadas, tal como
referido no parágrafo 14?

Desde os anos 1990, existe no Estado de Equiste o Código Autônomo do Trabalho


(CAT), que consolida os princípios fundamentais dos direitos trabalhistas, quais sejam: i)
Princípio da irrenunciabilidade de direitos laborais; ii) Princípio da norma mais favorável; iii)
Princípio da igualdade e não discriminação; iv) Princípio da dignidade humana; v)
salubridade; vi) primazia da realidade; e vii) princípio da continuidade da relação de
emprego.
O Código também prevê que as jornadas de trabalho não devem ultrapassar 40 horas
semanais, devendo haver remuneração mensal que siga o salário mínimo vigente, com
previsão de direito a férias remuneradas, seguro à saúde e 13º salário. Quanto à realização de
hora extra, deverá haver remuneração pela atividade extra executada, no mínimo, superior a
50% do valor normal. Ainda, há previsão de adicional noturno para os funcionários que
trabalham no turno da noite (entre 22h e 5h). Nestes casos, deverá haver pagamento de um
acréscimo de, pelo menos, 20% no valor da hora, em relação ao valor da hora normal.
Em abril de 2017, foi promulgada a Lei nº 342/2017, alterando o Código Autônomo
do Trabalho (CAT). O dispositivo prevê que as empresas privadas e seus respectivos
funcionários possuem plena liberdade de negociar as condições de trabalho, como a jornada
de trabalho, salário, valor da remuneração a título de férias, valor da hora extra e adicional
noturno, sem levar em conta sindicatos ou negociações coletivas, desde que respeitados os
princípios fundamentais dos direitos trabalhistas. Por fim, esta lei, que alterou o CAT, é a
normativa vigente, sendo que, inclusive, estava vigente no momento da morte de Regina
Maria.

3. Com base em quais critérios os juízes de primeira e segunda instância


consideraram que que não havia provas suficientes para concluir que a indústria
petroleira PetroEquiste Energia S.A. ocasionou a morte de Regina Maria?

Os juízes de primeira e segunda instância consideraram que não haviam provas


suficientes para concluir que a indústria petroleira PetroEquiste Energia S.A ocasionou a
morte de Regina Maria, considerando as oitivas das testemunhas, isto é, os colegas de
trabalho de Regina Maria. Bem como a legislação trabalhista vigente. Não foram realizados
exames médicos na suposta vítima para constatar a causa de sua morte.
4. Quais são as fontes de alta taxa de empregabilidade que a Câmara de Cassação
pontuou e baseou a decisão proferida em segunda instância, que confirmou a
decisão de juiz de primeiro grau, nos termos da seguinte frase: [...} "se as
condições fossem tão ruins, Regina Maria deveria ter pedido demissão e buscado
outro serviço, pois Equiste dispõe de muitas vagas de emprego", elencada no
parágrafo 19. do Caso Hipotético ?

Os dados de trabalho, renda e emprego dispostos nos parágrafos 8 e 9 do caso,


utilizados como base para a decisão da Câmara de Cassação, são resultados da pesquisa
realizada pelo Instituto Nacional de Estatística de Equiste (INEE), órgão nacional cujo
objetivo é monitorar e divulgar estatísticas de desenvolvimento populacional no Estado.

5. A República de Equiste possuía em seu ordenamento jurídico, à época dos fatos,


alguma legislação que trouxesse à baila a proteção ao trabalhador, visando
reequilibrar a visão jurídica capital/trabalho (empregado x empregador), através
da tutela de parte hipossuficiente, após a aprovação da lei de flexibilização pelo
Governo Federal? Se sim, o que dispunha a legislação?

Verificar a pergunta de esclarecimento nº 2.

6. A Legislação Penal de Equiste dispõe de artigo(s) que penalizam a omissão de


socorro para aqueles que estão situados em seu território nacional? Se sim, o que
dispõe esse artigo(s)? Caso exista a norma penal supramencionada, houve algum
tipo de investigação realizada no âmbito penal e/ou administrativo para analisar
a existência de omissão de socorro por parte dos empregadores responsáveis da
PetroEquiste Energia S.A no interior do estabelecimento, diante do que dispõe
parágrafo 15. do Caso Hipotético?

O art. 209 do Código Penal do Estado de Equiste prevê pena de detenção, de um a


seis meses, por omissão de socorro, isto é, o delito de deixar de prestar assistência, quando
possível fazê-lo sem risco pessoal, à pessoa ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública.
Não foi instaurada nenhuma investigação para analisar a existência de omissão de
socorro por parte dos empregadores da PetroEquiste Energia S.A, no interior do
estabelecimento.
Ainda, Lua Maria não interpôs ação penal ou boletim de ocorrência para denunciar
omissão de socorro em prol de sua mãe. Entretanto, em 30 de julho de 2017, Lua Maria
interpôs ação trabalhista, cumulada com pedido de indenização, pleiteando a determinação de
pedido público de desculpas por parte da empresa.

7. Referente ao sistema judiciário do país, ele é considerado efetivo, independente e


garante o devido processo legal?

Verificar os fatos do caso.

8. Com referência às denúncias que obtiveram amplitude de 50% ( expostas no


parágrafo 10 e 15), houve formalização perante o Estado?

As supostas vítimas não apresentarem denúncia de trabalho análogo à escravidão,


ecocídio e desaparecimento de defensores de direitos humanos perante o Estado. Igualmente,
não houve instauração de investigação de ofício por parte do Estado acerca dessas questões.
Apenas foi instaurada por Lua Maria, em 30 de julho de 2017, ação trabalhista
cumulada com pedido de indenização, pleiteando também a determinação de pedido público
de desculpas por parte da empresa.

9. Como é a legislação trabalhista do Estado?

Verificar a pergunta de esclarecimento nº 2.

10. Quais eram as normas trabalhistas vigentes da República Democrática de


Equiste no momento da morte de Regina Maria e quais eram as normas
contratuais entre a indústria PetroEquiste Energia S.A e a suposta vítima, e
entre a indústria e o Estado?

Acerca das normas trabalhistas vigentes da República Democrática de Equiste no


momento da morte de Regina Maria, verificar a pergunta de esclarecimento nº 2.
Desde a contratação da suposta vítima, em março de 2017, o Contrato de Trabalho
entre Regina Maria e a indústria PetroEquiste Energia S.A estabelecia que as jornadas de
trabalho perfazem 8 horas diárias, com uma hora de almoço e um intervalo de 15 minutos,
sendo fixado o salário correspondente ao salário mínimo nacional. Ademais, constava que a
funcionária deveria seguir o regimento interno da empresa.
Com a promulgação da Lei nº 342/2017, que flexibilizou as normas trabalhistas, o
acordo entre a empresa e Regina Maria foi modificado mediante negociações entre ela e os
empregadores, passando a prever jornadas de trabalho de 12 horas diárias, de domingo a
domingo, sem intervalo ou folga, pela remuneração mensal de R$ 650,00, o que correspondia
a ⅓ do valor do salário mínimo vigente.
Por fim, a República Democrática de Equiste e a indústria PetroEquiste Energia S.A
não possuem qualquer contrato. Contudo, por tratar-se de uma empresa nacional e privada,
deve obedecer a legislação vigente.

11. O parágrafo 20 afirma que “Lua Maria interpôs recurso de amparo ao Tribunal
Constitucional de Equiste” e que a instituição “não está sujeita a prazos, segundo
a legislação em vigor”. Nesse sentido, qual a estrutura do sistema Judiciário da
República Democrática de Equiste, acerca dos passos, procedimentos, recursos e,
principalmente, qual é geralmente o prazo em que o Tribunal se manifesta frente
a esse tipo de procedimento extraordinário? Existem antecedentes nesse sentido?

O Sistema Judiciário da República Democrática de Equiste é composto por duas


instâncias, havendo ainda um Tribunal Constitucional, que aprecia apenas matérias que
tenham relevância constitucional.
Na seara trabalhista, a estrutura judiciária é composta pelas Varas Trabalhistas
(primeira instância), competentes para processar e julgar ações que discutem direitos laborais
e demandas de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de
trabalho.
Os recursos de apelação em face das decisões das Varas Trabalhistas devem ser
interpostos perante a Câmara de Cassação (segunda instância) dentro do prazo de 15 dias
úteis. Ante as decisões de segunda instância, é possível interpor recurso de amparo ao
Tribunal Constitucional de Equiste, última interpretadora da Constituição e do Código
Autônomo do Trabalho (CAT). O tribunal tem a possibilidade de selecionar para revisão
unicamente os casos que, em uma análise prima facie, identifique que a instância anterior
tenha falhado contra os demandantes.
O Tribunal Constitucional de Equiste não está sujeito a prazos. Embora não haja
estatísticas oficiais que identifiquem os prazos de suas manifestações, é de conhecimento
público a intervenção ativa do Tribunal em diversos assuntos.

12. Qual era o cenário econômico internacional entre os anos de 2016 a 2017, acerca
de possíveis crises financeiras, sociais ou ambientais, além de qual o impacto
desse cenário sobre a economia da República de Equiste?

Entre os anos de 2016 a 2017, o cenário econômico da América Latina foi marcado
por crises financeiras, sociais e ambientais. A partir da instalação e desenvolvimentos de
diversas indústrias no litoral da República Democrática de Equiste, houve melhora na
economia do Estado, inclusive, aumentando suas parcerias comerciais com outros Estados.

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