Assunto: Apuração de irregularidade referente ao pagamento de fornecimento
de alimentação
Remetente: Gerência da Auditora Interna - EMSERH.
A Comissão de Sindicância da EMSERH, composta pelos membros Christiano
Batista Mesquita, Mat. 013099, Luan Cutrim Araujo Mat. 006796, Maria Carolina Sousa Mello Mat. 010985, Lennon Franco Costa da Silva Mat. 013243 e Danielle Maria Pires da Fonseca de Britto Mat. 013462, sendo o primeiro para a presidência, tendo por base o aludido no art. 67 do Regulamento de Pessoal da Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares – EMSERH, em verificação ao processo n. 0031560/2016, desta empresa, vem, mediante orientação em despacho da Procuradoria Geral do Estado, manifestar-se sobre o que foi apurado.
RELATÓRIO:
Trata-se o presente de processo de pagamento por indenização da empresa
NUTRINDUS ALIMENTOS LTDA, portadora do CNPJ nº 03.160.100/0001-73, com endereço sito a Rua Adolfo Donato da Silva, sn – Bairro Praia Comprida –
Empresa Maranhense de Serviços Hospitalares
Av. Borborema Q - 22, casa 02A, Calhau CNPJ: 18.519.709/0001-63 CEP: 65071-360 – São Luís/MA Tel: (98) 3235-7333 São José/SC, para efetuar fornecimento de alimentação para as seguintes unidades referente ao Hospital Geral Tarquinio Lopes , no valor de R$ 297.308,72(duzentos e noventa e sete mil, trezentos e oito reais e setenta e dois centavos), pelo período de 1º de janeiro de 2016 a 31 de janeiro de 2016 .
Os autos tramitaram dentro do esperado até a satisfação do objetivo, ou seja
pagamento da referida nota fiscal do serviço prestado.
Na época, a direção financeira havia sugerido a necessidade de pagamento nos
seguintes parâmetros: Não interrupção dos serviços hospitalares; Não prejuízo à população maranhense; Competência da EMSERH em gerir as unidades hospitalares; Ademais, a Justificativa do Diretor Financeiro da EMSERH para a escolha do fornecedor foi a que o serviço já estava sendo prestado, de forma satisfatória e é de suma relevância à sociedade.
A Assessoria Jurídica da EMSERH em parecer de nº 331/2016, de 04 de março
de 2016, elencou os seguintes parâmetros: Competência da EMSERH em gerir unidades hospitalares; Necessidade imperiosa de não interrupção dos serviços hospitalares; Rompimento dos contratos de gestão com o Instituto de Cidadania e Natureza – ICN, por decisão judicial oriunda da operação da Polícia Federal “Sermão aos Peixes”; A EMSERH não estava devidamente estrutura para recepcionar os hospitais antes sob a égide do ICN; Dado o vício formal, pela contratação não precedida por ditame licitatório, cabe a Administração Pública restituir os fornecedores, sob a forma de indenização, com vistas a elidir o enriquecimento sem causa (art. 884, CC); A nulidade do contrato não impele a Administração do dever de indenizar (art. 59, parágrafo único, Lei 8.666/93).
O Parecer da Procuradoria Judicial da Saúde – PGE/MA acostado nos autos,
em apertada síntese relata que:
a. Citou que a prestação de serviço foi realizada dada a existência de nota
fiscal devidamente atestada;
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c. Indicou que Pagamento de despesas pelos órgãos públicos sem prévia
licitação ou procedimento de dispensa/inexigibilidade é prática viciada sob o aspecto formal;
d. Percebeu que a nulidade não exonera a Administração do dever de
indenizar (art. 59, parágrafo único, Lei Federal 8.666/93);
e. Expos que a liquidação de despesa, por fornecimentos feitos ou serviços
prestados, terá por base os comprovantes de entrega do material ou da prestação efetiva dos serviços (art. 63, §2º, III, Lei Federal 4.320/64);
f. Citou que houve a efetiva entrega do material e/ou prestação de serviços
à Administração (art. 63, §2º, Lei Federal 4.320/64), posto que conste no bojo do processo a nota fiscal devidamente atestada (presunção juris tantum);
g. Notou a ausência de cobertura contratual no período da prestação dos
serviços não é óbice para o adimplemento da obrigação;
h. Solicitou a apuração da responsabilidade dos que deram azo à assunção
da despesa sem o prévio procedimento licitatório (art. 82, V, Lei Estadual 8.959/09).
Ao final, a Gerência da Auditora Interna - EMSERH determinou remessa dos
autos para esta Comissão de Sindicância para análise e deliberações.
DISPOSITIVO:
Para a apuração do aqui disposto, deve-se estabelecer alguns critérios, vamos
a eles:
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A sindicância pode ser entendida como sendo a etapa preliminar de uma
investigação administrativa.
A principal finalidade da sindicância é esclarecer se houve, ou não, algum fato
ou ato irregular, mesmo que no início não haja uma pessoa a ser investigada.
Se for concluído que existe um potencial ato ilícito, é iniciado o processo
administrativo disciplinar contra o servidor responsável.
2 – SOBRE A APLICABILIDADE DO ART. 142 DA LEI 8.112/90 NO ÂMBITO
DAS EMPRESAS ESTATAIS:
Nesse viés, há se se perceber que na quando algumas lacunas existem no
aspecto de aplicação da Lei das Estatais ao caso específico em tela. Para tanto, observe-se que devido ao regime privado a que se sujeitam, aos empregados das empresas estatais não se aplicaria – via de regra - o art. 5º, inc. LV, da Constituição Federal, segundo o qual “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. Dessa forma, a aplicação de sanções disciplinares no âmbito das estatais independe de prévio processo administrativo. Contudo, é possível que referidas empresas, em seus estatutos, prevejam procedimentos prévios à imposição de penalidades, como é o caso aqui em análise e tal como explicado pelo Manual de Direito Disciplinar para Empresas Estatais editado pela Controladoria-Geral da União: “Nada impede que as citadas empresas públicas e sociedades de economia mista, que se regem pelo mesmo regime das empresas privadas, inclusive no que toca aos direitos e obrigações trabalhistas, possam editar regulamento interno em que sejam contemplados
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3 – SOBRE A PRECLUSÃO:
O limite temporal tem que ser observado, em atendimento ao que determina o
instituto da prescrição, pois ao Poder Público, suprir-se-á a prerrogativa sua pretensão de competência disciplinar se deixar escoar o prazo fixado na lei dentro do qual lhe é possível atuar.
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Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão; II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência. § 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido. Voltando o entendimento ao que já estabeleceu de parâmetro nossos tribunais pátrios quanto à preclusão de processos administrativos, resgata-se o que determina a Súmula 635 do STJ, com a seguinte redação: Súmula 635-STJ: Os prazos prescricionais previstos no art. 142 da Lei nº 8.112/1990 iniciam-se na data em que a autoridade competente para a abertura do procedimento administrativo toma conhecimento do fato, interrompem-se com o primeiro ato de instauração válido - sindicância de caráter punitivo ou processo disciplinar - e voltam a fluir por inteiro, após decorridos 140 dias desde a interrupção.
Destarte, considerando o enunciado 15/2017 da CGU, está encampado no art.
142 da lei 8112/90, resta evidente que foi decorrido o prazo legal máximo para o exercício da competência punitiva. Então, certa é a prescrição do poder disciplinar na espécie. A natureza de ordem pública dos prazos e as características conceituais que lhe são intrínsecas deixam evidente a
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Portanto, não tendo mais o que levantar e apurar, considerando a eficiência do
instituto da preclusão, pois a contagem de se deu quando do conhecimento da autoridade dos presentes autos em março de 2016, devendo os presentes ser arquivados
Salvo melhor juízo, é o parecer.
São Luís/MA, 07 de fevereiro de 2023
Christiano Batista Mesquita
Presidente da Comissão de Sindicância – EMSERH
Mat. 013099
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