Quanto ao interesse processual é necessário abordar, dentre outros, o
princípio da eficiência, o qual exige que toda ação administrativa deva ser exercida de forma a se prestar um bom atendimento, contudo, não basta apenas atender bem, é necessário que haja presteza e eficácia.
Dentro do princípio da eficiência, o art. 680 da Instrução Normativa 77
de 21 de janeiro de 2015, estabelece que:
As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os
requisitos legais para o reconhecimento de direito aos benefícios e serviços da Previdência Social serão realizadas pelo INSS, seja o processo constituído por meio físico ou eletrônico. Parágrafo único. O não cumprimento de um dos requisitos legais para o reconhecimento de direitos ao benefício ou serviço não afasta o dever do INSS de instruir o processo quanto aos demais.
As atividades de instrução obrigatórias ao servidor público se fazem
necessárias visto que, quanto à análise dos direitos dos segurados, administrativamente o Enunciado n. 5 da JR/CRPS e o art. 687 da Instrução Normativa 77 de 21 de janeiro de 2015, dispõe que:
A Previdência Social deve conceder o melhor benefício a que o segurado
fizer jus, cabendo ao servidor orientá-lo nesse sentido.
Na mesma medida dispõe o PBPS em seu art. 88, que:
Compete ao Serviço Social esclarecer junto aos beneficiários seus
direitos sociais e os meios de exercê-los e estabelecer conjuntamente com eles o processo de solução dos problemas que emergirem da sua relação com a Previdência Social, tanto no âmbito interno da instituição como na dinâmica da sociedade (...)
Em face da natureza pro misero do Direito previdenciário,
judicialmente, com base no princípio da eficiência administrativa (art. 37, caput, CF/88), cuja aplicação impõe à Administração Pública direta ou indireta uma apreciação eficiente e eficaz dos interesses dos administrados, nossos Tribunais tem “reiteradamente adotado entendimento segundo o qual a Autarquia Previdenciária tem o dever constitucional de atender ao princípio da eficiência, tornando efetiva a prestação previdenciária aos segurados, informando-os e orientando-os sobre a forma como devem proceder para ter o seu benefício concedido da maneira mais benéfica a que possam fazer jus e, se necessário, inclusive, solicitando documentos (arts. 88 e 105 da Lei n.º 8.213/91). Não tendo uma conduta positiva, com o intuito de resolver o problema do segurado quando do requerimento administrativo, a Autarquia está a violar o princípio da eficiência a que está constitucionalmente vinculada”.
Observe-se neste sentido o entendimento jurisprudencial acima
referido:
AGRAVO. PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PRÉVIO INGRESSO
ADMINISTRATIVO. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. Nas demandas visando à obtenção ou revisão de benefício previdenciário mediante cômputo de tempo de serviço especial, em que, embora tenha havido requerimento prévio de aposentadoria, não houve pedido específico, na via administrativa, de reconhecimento de tempo de serviço sob condições nocivas, não há justificativa, em princípio, para a extinção do feito sem apreciação do mérito, tendo em vista que em grande parte dos pedidos de aposentadoria é possível ao INSS vislumbrar a existência de tempo de serviço prestado em condições especiais face ao tipo de atividade exercida, razão pela qual cabe à autarquia previdenciária uma conduta positiva, de orientar o segurado no sentido de, ante a possibilidade de ser beneficiado com o reconhecimento de um acréscimo no tempo de serviço em função da especialidade, buscar a documentação necessária à sua comprovação. Tal não se dará somente naquelas situações em que, além de inexistir pedido específico da verificação da especialidade por ocasião do requerimento do benefício e documentação que a pudesse comprovar, for absolutamente inviável, em face da atividade exercida (vendedor em loja de roupas, por exemplo), a consideração prévia da possibilidade de reconhecimento da especialidade, o que não ocorre no caso dos autos. - AG nº 0003534-46.2013.404.0000, Rel. Celso Kipper, D.E. 26/08/2013. E mais recentemente: AG 5004175- 75.2015.404.0000, relatei, j. em 14/04/2015. São as razões que adoto para decidir. Nestas condições, defiro o pedido de antecipação dos efeitos da tutela recursal. Comunique-se ao Juízo de origem. Intime-se a parte agravada. Após, voltem conclusos. (TRF4, AG 5041309- 97.2019.4.04.0000, SEXTA TURMA, Relator JOÃO BATISTA PINTO SILVEIRA, juntado aos autos em 01/10/2019)
Destarte, por todo o exposto em preliminar, o direito do autor a pleitear
judicialmente a concessão do melhor benefício erroneamente instruído ou concedido pela Administração Previdenciária é patente, bem como, a efetivação dos efeitos financeiros desde a data da entrada do requerimento administrativo, respeitada a prescrição, é medida que se impõe a efetivação da Justiça.